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FACULDADE DE DIREITO
DIREITO CONSTITUCIONAL
1. OS DADOS DE PARTIDA.
Antes de iniciar esta nova matéria gostaria de recordar aos estudantes que o
tema que se segue é continuação da Parte I – da Introdução ao Direito
Constitucional.
Os conteúdos de que hoje vamo-nos debruçar sobre elas são uma introdução à
Parte II, do Plano Temático da disciplina de Direito Constitucional I, que temos
vindo a seguir, que tem como título, a Constituição como fenómeno jurídico.
Iremos ao longo das aulas que se irão seguir, falar da Constituição e sua
classificação e das concepções a cerca da sua natureza e de outros assuntos
que em tempo oportuno iremos anunciar.
Com esta 1.ª aula da Parte II pretendo fornecer aos estudantes os dados de
partida para a compreensão das Noções Básicas Sobre a Constituição,
matéria que a seguir terão a oportunidade de apreciar.
Vamos fazer aqui um parentis para nos recordarmos das noções sobre o Poder
político, matéria leccionada na Ciência política.
O Estado carece, para existir, de paz social interna e externa. Para o efeito,
exige-se que cada elemento humano da comunidade tenha garantida a
segurança da sua pessoa e dos seus bens.
1
Marcello Caetano, Manual de Ciência Política e Direito Constitucional, Tomo I, Coimbra, 1996, pág. 5.
2
Adriano Moreira, Ciência Política, Coimbra, 1995.
2
A paz externa pressupõe a inviolabilidade das fronteiras e a manutenção da
integridade territorial, perante as ameaças do exterior.
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O que significa que o Estado após a independência cumpria com as suas
finalidades de acordo com as concepções e técnicas existentes na época.
De notar que a sociedade, sob todas as suas formas, não passa de um meio de
realizar os interesses humanos e o poder não é mais que um instrumento da
sociedade, para impor a conduta alheia.
Não quer isto dizer que toda a vida social haja de ser subordinada aos caprichos
e apetites de cada um.
O Estado, surge assim como uma pessoa colectiva pública que, no seio da
comunidade política, desempenha funções com vista a satisfazer o interesse
comum.
3
Vide artigo 2, 5, 23 e seg. da CRM
4
Vide artigo 6 e 7 da CRM.
5
Vide artigo 2, 3, 73, 133 da CRM
4
Compreendido assim, podemos concluir que o Estado como pessoa colectiva
não se confunde com os governantes, isto é, os titulares dos cargos.
O Estado é uma organização política permanente, enquanto que os titulares são
os indivíduos que transitoriamente desempenham as funções dirigentes dessa
organização por mandato ou por comissão de serviço.
Não se confunde o Estado com outras entidade públicas, isto é, não se confunde
o Estado com as regiões autónomas, ou autarquias locais nem sequer com os
institutos públicos, Empresas públicas, etc., apesar da mais intima conexão com
tais instituições.
De notar que nem sempre foi assim, este mérito inovador deve-se as
Constituições modernas que surgem a partir do século XVIII.
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antes – pela força jurídica específica e pela forma; a função que
desempenha determina (ou determina quase sempre) uma forma própria
que pode variar consoante os tipos constitucionais e os regimes políticos;
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Os seguidores da doutrina que afirma a primazia da razão, o jusracionalismo,
ou seja, aquela doutrina segundo a qual só na razão devemos confiar e não
admitir nos dogmas religiosos senão o que ela reconhece como lógico, se
pretende descobrir o direito – válido para todos os povos com recurso à razão,
não oculta a intenção reconstrutiva: trata-se de uma nova organização colectiva
que visa estabelecer em substituição da ordem anterior.
Porém, é preciso ter o cuidado de evitar que com atitudes voluntaristas não
possamos condenar o mundo a retroceder e a deitar ao rio, todas as conquistas
da humanidade, sobretudo no campo dos direitos e garantias fundamentais dos
cidadãos.
Para finalizar diria: A Constituição é Direito e Direito que tem por objecto o
Estado, daí o subtítulo da nossa matéria, “A constituição como fenómeno
jurídico”.
6
Ordem existente com o sentido de um dever ser, em cada sociedade, destinada a estabelecer os aspectos
fundamentais da convivência e a criar condições para a realização das pessoas, e que se funda em regras
com exigência absoluta de observância. José de Oliveira Ascenção, O Direito – Introdução e Teoria Geral,
Uma perspectiva Luso-Brasileira, 10.ª ed. Revista, Almedina, Coimbra, 1997, pag. 207.
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Por outro lado, a componente política é indissociável do jurídico, considerando
que as Constituições dos Estados modernos são na sua maioria escritas e
emanadas sob forma de Lei fundamental - a Constituição da República,
instrumento pelo qual o legislador eleva para dignidade e valor jurídico superior
uma norma de direito interno.
É um poder original e próprio, na medida em que se propõe que antes dele não
existe nem de facto, nem de direito, qualquer outro direito, daí que se afirma
que é um poder inicial.
7
O mesmo que regra ou lei. As leis aqui referidas não são as leis naturais ou científicas, a que todos os
seres obedecem, inclusive o Homem, cegamente ou passivamente. São as leis que a ele si mesmo se impõe
em vista a obter determinados fins que a sua inteligência e consciência concebe como valiosos.
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De recordar que o Poder constituinte, é o poder de constituir a Constituição.
Nas normas constitucionais é costume distinguir nas normas: as que são directa
e imediatamente obra do poder constituinte daquelas que são anteriores ou
posteriores, pertencentes ao mesmo ordenamento jurídico ou, por ventura,
provenientes de outro ordenamento, que no entanto, das primeiras recebem
também força de normas jurídicas constitucionais.
9
Constitucional original por uma nova redacção correspondente ao texto ora
aprovada.
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No constitucionalismo do passado a institucionalização do poder político não
se operava da mesma forma que se opera agora.
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