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DIREITOS FUNDAMENTAIS

Falar de Direitos constitucionais ou fundamentais em Moçambique significa rebuscar


inúmeros, aspectos da história de um País do século XX e, tentar condensá-los para justificar
o conceito, sendo assim, não se mostra tarefa fácil e muito menos algo que possa ser esgotado
numa reflexão, apenas, contudo, a necessidade de fazer este trabalho e tentar entender a real
essência de direitos e deveres em Moçambique, devido aos conturbados momentos
que marcam o quotidianomoçambicano.

Objetivos

Objetivo geral

Analisar de um modo geral as diferentes conceções jurídico-fundamentais de Moçambique.

Objetivos específicos

Falar dos Direitos fundamentais;

.Conceituar a Cidadania;

.Dizer o que é um dever Cívico;

.Elencar exemplo para cada tipo de direito.

Metodologia

Enquanto procedimento, este trabalho realizou-se por meio de observação indireta e indutiva,
porque foi partindo de uma análise documental e do seu despectivo conteúdo que obtivemos
um parecer, um ponto de vista generalizado sobre o tema em causa.
Direito é um sistema de regras de conduta social, obrigatórias para todos os membros de uma
certa comunidade, a fim de garantir no seu seio a justiça, a segurança e os Direitos Humanos,
sob a ameaça das sanções estabelecidas para quem violar tais regras.

Direitos fundamentais na Constituição Moçambicana

A Constituição Moçambicana atribui os direitos fundamentais a todos os cidadãos perante a


lei, e todos gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres. O artigo 35º e
seguintes da CRM enumeram princípios e uma série de direitos, deveres e liberdades
consignados na lei-mãe do país. Refere ainda que os direitos fundamentais consagrados na
Constituição não excluem quaisquer outros constantes das leis” (CRM, 2004).

Isto para dizer que todos os assuntos sobre os direitos fundamentais não se esgotam apenas na
Constituição, existindo outros instrumentos legais ou leis que de forma específica nos
remetem à sua consulta e apreciação.

Direito fundamental

Toda a posição jurídica subjectiva das pessoas enquanto consagrada na lei fundamental, fica
claro que será direito fundamental em sentido formal aquele que está inscrito na Constituição
formal, e será material aquele direito fundamental que não está inscrito na Constituição
formal, mas que em si, pela matéria e valor, é um direito fundamental. Daí que Jorge Miranda
afirma “Participante, por via da Constituição formal, da própria Constituição material, tal
posição jurídica subjectiva fica, só por estar inscrita na Constituição formal, dotada de
protecção a esta ligada, nomeadamente quanto à garantia da constitucionalidade e à revisão.
Assim, todos os direitos fundamentais em sentido formal são também em sentido material.
Mas o contrário nem sempre é válido. Ou seja, pode haver direitos fundamentais em sentido
material que ainda não são formais.

Nunca se devem confundir os direitos dos povos e os direitos do homem. Quando falamos
dos direitos dos povos estamos a falar do direito a autodeterminação, direito a paz, etc. São
direitos da colectividade bem definidos e em situações variáveis. Direito do homem refere-se
ao direito à vida, à liberdade, às convicções religiosas, direito ao trabalho.

Direitos fundamentais e Deveres fundamentais

Segundo MENDES direitos fundamentais são direitos de defesa que se destinam a proteger
determinadas posições subjectivas contra a intervenção do poder público.
Ainda nesta mesma linha de pensamento, o autor diz que “os direitos fundamentais do
homem são situações jurídicas objetivas esubjetivas definidas no direito positivo em prol da
dignidade, igualdade e liberdade da pessoa humana”.

Direitos fundamentais e Deveres fundamentais são situações jurídicas ou adstrição de


comportamentosimpostas constitucionalmente às pessoas, aos membros da comunidade
política. São deveres que ohomem tem perante o Estado, ou perante outros homens
enquanto cidadão e que derivam do seu estatuto básico, a Constituição, em conformidade
com os princípios que a enforma

Categorias de direitos fundamentais quanto aos sujeitos

Quanto aos sujeitos os direitos podem ser:

a) Direitos fundamentais individuais e institucionais: Enquanto os Direitos


fundamentais individuais referem-se ao direito à vida, à liberdade pessoal, à objeção de
consciência, o direitoao trabalho, direito ao ensino, etc. Os direitos fundamentais
institucionais dizem respeito porexemplo ao direito de livre organização, de confissões
religiosas, direito de antena, livre ação deassociação, associações sindicais, etc.

b) Direitos comuns e particulares: Por direitos comuns entende-se os direitos de todos


osmembros da comunidade política só por virtude dessa qualidade, por exemplo os direitos
doscônjuges, direitos de exercício do sufrágio universal.

Direitos e Deveres Cívicos

Deveres cívicos são um conjunto de deveres que se impõem ao cidadão para uma justa e
salutar convivência em sociedade. Os direitos cívicos correspondem aos valores
fundamentais dos seres humanos. Por exemplo, o direito à vida, a constituir família, a
escolher livremente o emprego e a religião, o direito à liberdade e defesa em tribunal e o
direito à liberdade de expressão.

A Importância Constitucional dos Direitos Fundamentais

A protecção constitucional da pessoa pelos direitos fundamentais

I. O Direito Constitucional dos Direitos Fundamentais é o primeiro núcleo temático que, ao


nível da especialidade, se impõe esclarecer, logo a seguir à apresentação geral da CRM que
se tornou possível através dos seus princípios constitucionais e das suas regras acerca da
nacionalidade moçambicana.

Isto quer dizer que é esta vertente do Direito Constitucional que tem a finalidade de proteger
a pessoa humana, ao mais alto nível e com todas as garantias que são apanágio da força deste
domínio jurídico.

Em nenhum outro lugar do Direito Positivo estadual se pode dar, nestes termos de máxima
efetividade, tanta proteção à pessoa como pela consagração de direitos fundamentais.

II. Contudo, tal não significa que a pessoa humana seja apenas defendida pelo Direito
Constitucional dos Direitos Fundamentais, sendo legítimo salientar que este propósito é
levado a cabo por outros setores jurídicos:

– o Direito Penal, ao punir com as penas mais graves os crimes contra as pessoas e os seus
mais elevados valores, como é o caso da vida, intrauterina e extrauterina, da integridade
pessoal ou da honra;

– o Direito Internacional Público, tendo ultimamente desenvolvido o cada vez mais


sofisticado Direito Internacional dos Direitos do Homem, ao abrigo dos sistemas de proteção
de direitos humanos que se têm multiplicado e aperfeiçoado, sem esquecer ainda as respetivas
características específicas;

– o Direito Civil, quando se encabeça pelos direitos da personalidade, os quais se relacionam


com a proteção da pessoa na atividade jurídico-privada.

III. Pela sua importância, de todos estes, os direitos humanos ganham uma especial acuidade,
porque diretamente comunicam com o Direito Constitucional, sendo até, de alguma sorte, o
seu natural prolongamento.

Os direitos fundamentais, no século XIX, começaram por ser uma criação específica do
Direito Constitucional, cujos textos passaram a positivar posições de garantia do indivíduo
em relação ao Estado.

A partir do momento em que as relações internacionais se intensificaram, e a sociedade


internacional passou a regular diretamente múltiplos setores da atividade humana, aqueles
direitos fundamentais foram replicados ao nível do Direito Internacional Público, numa
superior instância de defesa contra os abusos cometidos pelas autoridades estaduais.
O mais curioso é notar, porém, que os direitos humanos, autonomamente consagrados num
outro ramo do Direito (o Direito Internacional Público), acabaram por se cruzar com a
positivação constitucional dos direitos fundamentais, externamente acelerando um conjunto
de soluções que internamente chegariam primeiro.

IV. É assim que, com a Revolução Constitucionalista e Liberal, foram concebidos os direitos
fundamentais, representando a atribuição às pessoas de posições subjetivas de vantagem,
numa relação direta com o Estado-Poder,
dentro de uma perceção total inovadora para a época, com as seguintes marcas definidoras:

– direitos fundamentais de fundamento jusracionalista, já que o Estado deveria apenas


declarar – e não criar – tais direitos, estes se apresentando, por seu lado, como o produto da
natureza humana, descoberta pela “razão raciocinante”, com base nas conceções
contratualistas então triunfantes;

– direitos fundamentais de feição negativa, na medida em que correspondiam a posições de


distanciamento, de autonomia, de separação e de liberdade das pessoas contra o poder
político;

– direitos fundamentais de força constitucional, pois que os mesmos deveriam ser


consagrados ao nível dos textos constitucionais formais, com isso se proscrevendo a fonte
costumeira e alçando-se os mesmos ao nível supremo da Ordem Jurídica Estadual;

– direitos fundamentais de cunho individual, uma vez que cada indivíduo, segundo a doutrina
do liberalismo político então reinante, representaria uma necessidade de proteção perante o
poder público.

Foi assim que nasceu, na Teoria do Direito Constitucional, a problemática dos direitos
fundamentais, a qual depois se foi expandindo em múltiplas direções.

A configuração conceptual dos direitos fundamentais

I. O conceito de direitos fundamentais, de acordo com esta perspetiva específica, implicou


que ao Direito Constitucional, como estalão supremo da Ordem Jurídica, se entregasse a
incumbência singular de proteção da pessoa humana.
Assim, os direitos fundamentais são as posições jurídicas ativas das pessoas integradas no
Estado-Sociedade, exercidas por contraposição ao Estado-Poder, positivadas na Constituição,
daqui se descortinando três elementos constitutivos:

– um elemento subjetivo: as pessoas integradas no Estado-Sociedade, os titulares dos direitos,


que podem ser exercidos em contraponto ao Estado-Poder;

– um elemento objetivo: a cobertura de um conjunto de vantagens inerentes aos objetos e aos


conteúdos protegidos por cada direito fundamental;

– um elemento formal: a consagração dessas posições de vantagem ao nível da Constituição,


o estalão supremo do Ordenamento Jurídico.

Vejamos em pormenor cada um destes elementos, melhor se compreendendo os respetivos


aspetos caracterizadores.

II. O elemento subjetivo prende-se com as pessoas jurídicas a quem os direitos fundamentais
respeitam, no contexto da titularidade dos mesmos, sendo certo que são posições subjetivas
insuscetíveis de titularidade por parte de todo e qualquer indiferenciado sujeito jurídico.

A fronteira que se deve estabelecer – e que também dá a necessária consistência aos direitos
fundamentais no Estado Constitucional – repousa no facto de os direitos fundamentais
ganharem sentido a benefício de quem pretende enfrentar o poder estadual, ou qualquer outro
poder público.

Os direitos fundamentais, na sua génese, evolução e função, não se explicam senão num
contexto dicotómico entre o Poder e a Sociedade, devendo por isso somente ser titulados por
pessoas que se integram na Sociedade e que em relação ao Poder se possam contrapor.

Deste modo, é de afastar os direitos fundamentais que estejam na titularidade das estruturas
dotadas de poder público, não fazendo sentido que entre estas se exerçam espaços de
autonomia, já que não se vê como seja logicamente possível que alguém no poder se defenda
do próprio poder.

III. O elemento objetivo explicita a existência de vantagens, patrimoniais e não patrimoniais,


em favor do titular dos direitos fundamentais, inscrevendo-se num conjunto das situações
jurídicas ativas porque portadoras de benefícios.
Não é possível ser mais rigoroso, numa ótica juscivilística, a respeito do recorte dessas
situações de vantagem: elas são de muitas diversas índoles, não tendo necessariamente de
respeitar o conceito específico de direito subjetivo, podendo oferecer outros contornos.

Os efeitos jurídicos que traduzem a situação de vantagem projetam-se sobre as realidades


materiais que afetam, em favor do titular do direito, bens jurídicos que se tornam, por essa
via, constitucionalmente relevantes.

A apreciação do objeto dos direitos fundamentais permite individualizar diferentes


conceções, desde prestações a outros tipos de vantagens atribuídas ao titular do direito
fundamental.

IV. O elemento formal dá-nos conta da necessidade de os direitos fundamentais se


consagrarem no nível máximo da Ordem Jurídico-Estadual Positiva, que é o nível jurídico-
constitucional.

Classificações e figuras afins dos direitos fundamentais

I. Os direitos fundamentais podem ser igualmente perspetivados segundo diversas


classificações, em aplicação de outros tantos critérios, sendo de dissociar os seguintes grupos
classificatórios:

– as classificações subjetivas;
– as classificações materiais;
– as classificações formais; e
– as classificações regimentais.

II. As classificações subjetivas dizem respeito ao modo como os direitos fundamentais se


relacionam com os respetivos titulares, variando em razão da sua contextura:

– os direitos fundamentais individuais e os direitos fundamentais institucionais, consoante os


direitos sejam titulados por pessoas físicas e por pessoas coletivas, ainda podendo dar-se o
caso de direitos fundamentais simultaneamente individuais e institucionais;

– os direitos fundamentais comuns e os direitos fundamentais particulares, consoante os


direitos sejam pertinentes a todas as pessoas ou respeitem a certas categorias de sujeitos, em
função de várias situações, como a cidadania.
III. As classificações materiais implicam a consideração dos seus objeto e conteúdo, sendo de
dividir entre as seguintes modalidades:

– os direitos fundamentais gerais e os direitos fundamentais especiais, consoante a


possibilidade de os mesmos se mostrarem pertinentes em qualquer circunstância da vida,
sendo de certa sorte “direitos permanentes ou constantes” de cada pessoa, ou no caso de
serem pertinentes em situações limitadas ou mesmo pontuais, direitos que nem sempre são
automaticamente inerentes à pessoa humana, variando conforme múltiplos critérios de idade,
condição corporal ou inserção social;

– os direitos fundamentais pessoais, os direitos fundamentais políticos, os direitos


fundamentais laborais e os direitos fundamentais sociais, consoante o âmbito de vida
relevante, em nome de valores pessoais, de trabalho,
de participação política ou de inserção na sociedade.

IV. As classificações formais relacionam-se com traços que peculiarmente definem os


direitos fundamentais no tocante à sua estrutura formal, sendo de destrinçar entre:

– Os direitos, as liberdades e as garantias, conforme as posições subjetivas tenham a estrutura


de direito subjectivo, correspondam ao aproveitamento de um espaço de autonomia ou surjam
equacionadas num contexto de proteção de outro direito fundamental principal, mostrando-se
acessoriamente ligados aos mesmos;

– o status negativus (liberdades negativas), o status activus (liberdades positivas), o status


positivus (direitos a prestações) e o status activae processualis (direitos procedimentais),
classificação celebrizada por Georg Jellinek e que dá conta da relação da pessoa com o
Estado e com o tipo de exigência que ao mesmo se impõe.

V. As classificações regimentais procedem à separação das categorias de direitos


fundamentais pela aplicação de diversas regras do respetivo regime, sendo de distinguir, entre
dois grupos que cortam simetricamente o respetivo universo:

– Os direitos, liberdades e garantias, com um regime reforçado; e


– os direitos económicos, sociais e culturais, com um regime enfraquecido.

Em contrapartida, não parece que faça sentido apreciar os direitos fundamentais em função da
sua pertença ou não à Constituição – como sucederia com a contraposição entre direitos
fundamentais “materiais” e formais” – porque lhes é essencial a respetiva inserção
constitucional e, assim sendo, sempre ficando dotados de força constitucional.

VI. O esclarecimento teorético acerca dos direitos fundamentais completa-se com a


apresentação das respetivas figuras afins, que paralelamente recortam aquele âmbito:

– as garantias institucionais;
– os interesses difusos;
– as situações funcionais;
– os deveres fundamentais;
– os direitos dos povos.

As garantias institucionais representam o reconhecimento de instituições da realidade social e


económica que, pela sua importância, merecem uma proteção constitucional, mas em que não
se assinala qualquer dimensão subjetiva, antes uma dimensão unicamente objetiva: são
instituições que cumpre proteger, através da imposição ao poder público de um dever de as
defender, ainda que nalguns casos as garantias institucionais se possam subjetivar por se
mostrarem acessórias do cumprimento de direitos fundamentais proprio sensu, podendo nesse
caso comungar do respetivo regime.

Os interesses difusos são posições jurídicas que não adquirem um suficiente grau de
densificação subjetiva a ponto de por eles se permitir o aproveitamento específico do
respetivo bem e unicamente facultam intervenções procedimentais e processuais por parte do
respetivo titular, clamando pela tutela pública no sentido da prevenção e da reparação de
danos. Um dos domínios mais conhecidos dos interesses difusos é o da problemática
ambiental, ainda que tal perspetiva tenha vindo a alargar-se a outros aspetos, como a saúde
pública ou a defesa do património cultural.

As situações funcionais são posições subjetivas, ativas e passivas, inerentes à titularidade de


um órgão público, de acordo com o cargo que é desempenhado, situações funcionais que se
adicionam aos direitos fundamentais, aquelas relacionadas com o estatuto dos governantes e
estes atinentes ao estatuto de todas as pessoas – e também dos governantes – como
governados.

Os deveres fundamentais corporizam imposições de desvantagem, que gravam os respetivos


titulares, em nome da defesa de interesses gerais, do Estado ou da Sociedade, e que podem
ser o contraponto do reconhecimento dos direitos fundamentais, deveres fundamentais que
mais se apresentam válidos na defesa nacional e no pagamento de impostos.

Os direitos dos povos abrangem posições subjetivas ativas, mas em que a sua titularidade se
mostra pertinente à proteção de uma comunidade de pessoas, grupalmente considerada em
função de um nexo de pertença – étnico, religioso, linguístico ou qualquer outro – relevando
mais do domínio do Direito Internacional Público.

I. Os direitos fundamentais, bem como o nascimento da ideia de cidadania, não se


posicionam somente numa ótica de viragem para o Estado Contemporâneo, já que do mesmo
modo se afiguram pertinentes da perspetiva do enriquecimento que proporcionaram à
evolução da Sociedade e do Estado em geral.

Essa é uma verificação que não deixa margem para hesitações quando analisamos a evolução
da positivação dos direitos fundamentais. É que por aí se percebe o eixo de ação das grandes
instituições do Direito Constitucional, assim como se pressente o seu valor para o próprio
desenvolvimento daquele setor do Direito.

Se muitas coisas aconteceram em dois séculos de Constitucionalismo, não se podem excluir


as mutações que tão substancialmente aperfeiçoaram o catálogo constitucional dos direitos
fundamentais.

Trata-se de uma apreciação que é facilitada a partir de alguns pontos de contraposição, os


quais posteriormente permitem equacionar os grandes marcos da evolução substancial na
consagração dos direitos fundamentais:

– o Liberalismo económico do século XIX transformou-se no Intervencionismo social


keynesiano no século XX;

– o Nacionalismo político do século XIX cedeu o passo ao Internacionalismo do século XX,


bem como à multiplicação das relações internacionais;

– o Individualismo filosófico do século XIX foi sensivelmente atenuado pelo Solidarismo do


século XX.

Daí que as grandes linhas de viragem dos séculos XIX e XX, que se resumem a estes
fenómenos, impliquem a necessidade de se equacionar várias alterações, que cumpre
organizar na seguinte periodificação519, também ape-
lidadas de “gerações” de direitos fundamentais segundo Karel Vasak:

– o período liberal;
– o período social;
– o período cultural.

II. O período liberal analisa-se pela consagração de uma primeira geração de direitos
fundamentais como conjunto de direitos de natureza negativa, através dos quais se tinha em
mente, em primeiro lugar, a garantia de um espaço

de autonomia e de defesa dos cidadãos em face do poder público (Abwehr-rechte).

Isso é bem visível nas principais liberdades públicas que foram então consagradas e que até
aos nossos dias, salvo algumas pontuais modificações, continuam a fazer parte de um
património irrevogável que o Constitucionalismo Liberal legou e que foi produzido pelos
pioneiros.

Por outro lado, embora revelando uma preocupação específica, essa primeira geração de
direitos fundamentais foi preenchida pelo estabelecimento de várias garantias dos âmbitos
penal e processual-penal, dessa forma se alcançando a chamada “humanização” do Direito
Penal.

III. O período social consagrou uma segunda geração de direitos fundamentais, em que se
tornou nítido o propósito de alargar os fins do Estado e de neles fazer refletir uma proteção de
natureza social.

É assim que, a partir da segunda metade do século XX, nasceram os direitos de natureza
social, assumindo-se o Estado como prestador de serviços. Criaram-se os direitos
fundamentais à educação, à proteção da saúde e à segurança social, de entre outros, sempre
exemplificações dos direitos fundamentais a prestações (Leistungsrechte).
Obviamente que esta visão social dos direitos fundamentais não pode ser desligada do sentido
do Estado Social, bem como dos conteúdos económicos das Constituições, que também
ganham neste período foros de cidade.

IV. O período cultural traduz a existência de uma terceira geração de direitos fundamentais,
em que se regista o aparecimento de novos direitos fundamentais, a partir do último quartel
do século XX.
De que foi grande expoente Cesare Beccaría, com o seu livro Dos Delitos e das Penas,
publicado em 1762, bastante tempo antes do Liberalismo, em que defendeu inúmeras
alterações radicais no sentido da humanização do Direito Penal e do Direito Processual
Penal, cumprindo recordar a questão da pena de morte (Cesare Beccaría, Dos Delitos e das
Penas, Rio de Janeiro, 2004, p. 76): “Não se pode julgar necessária a morte de um cidadão,
senão por dois motivos. O primeiro quando, mesmo privado de liberdade, tenha ele ainda tais
relações e tal poder, que preocupe a segurança da nação; quando sua existência possa
produzir uma resolução perigosa para a forma de governo estabelecida”.

Todavia, o que mais caracteriza esta fase não é tanto a sua unicidade, mas, pelo contrário, a
sua multidireccionalidade, tal a diferença e sobretudo a pouca proximidade que se regista
entre os novos tipos de direitos fundamentais consagrados.

O contexto em que estes direitos fundamentais se formam é mesmo tributário de várias


dimensões caracterizadoras da sociedade actual:

– Uma sociedade de risco;


– Uma sociedade global;
– Uma sociedade de informação;
– Uma sociedade multicultural.

Um primeiro grupo de propósitos aflora nas questões ambientais, área que, por força do
desenvolvimento tecnológico, se tornou inevitável como centro das políticas públicas. Vão
assim surgir diversas posições subjectivas em matéria de ambiente, daí derivando direitos
fundamentais, deveres fundamentais e interesses difusos, todos com o objectivo comum da
sua protecção.

Outro núcleo extremamente importante relaciona-se com os recentes desenvolvimentos na


investigação científica em matéria de manipulação genética, fazendo avançar o progresso
humano a níveis alarmantes para a destruição
do homem e, por junto, da própria civilização. É então indispensável que se adotem
mecanismos de segurança da identidade genética humana, em que se preserva o ser
humano de indesejáveis avanços tecnológicos e científicos.

Cumpre ainda mencionar as fortes preocupações que passaram a ser constitucionalmente


sentidas em matéria de representação das singularidades culturais dos povos, bem como do
fito de estabelecer os direitos dos grupos minoritários, numa ótica menos esmagadora da
força conformadora do princípio maioritário, que aqui encontra os seus limites.

V. Claro que o facto de ser possível frisar, em mais de duzentos anos de Constitucionalismo,
a pertinência de três períodos bem marcados na evolução dos direitos fundamentais não
pode significar que os direitos da geração anterior deixassem de obter reconhecimento.

Esta foi uma evolução acumulativa e não alternativa, por cuja ação se adicionaram novos
direitos àqueles que já pertenciam ao catálogo dos direitos fundamentais previamente
positivados nos textos constitucionais.

Igualmente não pode esconder-se que essa sobreposição de direitos exerceu uma influência
limitativa naqueles que já estavam consagrados, tal se notando mais na passagem do
período liberal ao período social.

Só que esse fenómeno deu-se aqui como em qualquer outro aspecto constitucional, a partir
do momento em que os textos constitucionais incorporaram uma cláusula social,
mostrando-se permeáveis – e já não neutrais, como no tempo liberal – à realidade
constitucional circundante.

VI. O itinerário da positivação constitucional dos direitos fundamentais identicamente não


pode desconsiderar as profundas mutações que o Direito Internacional Público conheceria
na segunda metade do século XX, as quais são directamente atinentes os valores
internamente protegidos pelos direitos fundamentais.

Estamos obviamente a falar na protecção internacional dos direitos do homem, momento


que apenas se concretizaria a seguir à II Guerra Mundial e que viria do mesmo modo a
influenciar os direitos fundamentais constitucionalmente consagrados.

A importância dos direitos humanos internacionalmente concebidos pôde também ter sido
substancial – e não apenas processual – na medida em que, a partir do plano internacional,
foi possível congeminar um conjunto de preocupações internacionais, principalmente
atinentes aos direitos fundamentais de terceira e quarta geração, quer em matéria de
ambiente, quer em matéria de direitos à protecção das minorias, quer no domínio da auto-
nomia cultural dos grupos e dos povos.

Evolução dos direitos fundamentais

Do século XVIII aos nossos dias I. A importância dos direitos fundamentais, bem como o
nascimento da ideia de cidadania, não se posicionam somente numa óptica de viragem para
o Estado Constitucional Contemporâneo, já que do mesmo modo se afiguram relevantes da
perspectiva do enriquecimento que proporcionaram à evolução da sociedade e do Estado.
Essa é uma verificação que não deixa margem para hesitações quando analisamos a
evolução da positivação dos direitos fundamentais. Por aí não só se percebe o eixo de acção
das grandes instituições do Direito Constitucional, assim como se pressente o seu valor para
o próprio desenvolvimento do Direito Constitucional. II. Se muitas coisas aconteceram em
dois séculos de constitucionalismo, é de pensar primeiro na arrumação dessas mutações
que tão substancialmente vieram aperfeiçoar o catálogo constitucional dos direitos
fundamentais.

Trata-se de uma apreciação que emerge facilitada a partir de alguns pontos de


contraposição, os quais posteriormente permitem equacionar os grandes marcos de
alteração substancial na consagração dos direitos fundamentais: — o liberalismo económico
do século XIX transformou-se no intervencionismo social keynesiano no século XX; — o
nacionalismo político do século XIX cedeu o passo ao internacionalismo do século XX, bem
como à multiplicação e até proliferação das relações internacionais; — o individualismo
filosófico do século XIX foi sensivelmente atenuado pelo solidarismo do século XX. Daí que
as grandes linhas de viragem dos séculos XIX e XX, que se resumem a estes fenómenos,
podem implicar a necessidade de podermos equacionar várias alterações, de que cumpre
frisar a seguinte periodificação: — o período liberal; — o período social; — o período
cultural. III. O período liberal em matéria de protecção dos direitos fundamentais analisa-se
pela consagração de um conjunto de direitos de natureza negativa, através dos quais se
tinha em mente, em primeiro lugar, a garantia de um espaço de autonomia e de defesa dos
cidadãos em face do poder público. Isso é bem visível nas principais liberdades públicas que
foram então consagradas e que até aos nossos dias, salvo algumas pontuais alterações,
continuam a fazer parte de um património irrevogável do constitucionalismo liberal, que foi
produzido pelos pioneiros. Por outro lado, embora revelando uma preocupação específica,
essas primeira geração de direitos fundamentais é também preenchida pelo
estabelecimento de várias garantias dos âmbitos penal e processual criminal, dessa forma se
alcançando a chamada “humanização” do Direito Penal. IV. O período social consagrou uma
segunda geração de direitos fundamentais, nos quais se torna evidente o propósito de
alargar os fins do Estado e de neles fazer reflectir uma protecção de natureza social. É assim
que, a partir da segunda metade do século XX, nascem os direitos de natureza social, pelos
quais o Estado se assume um prestador de serviços. Criamse os direitos fundamentais à
educação, à protecção da saúde, à segurança social e à cultura, de entre outros.
Obviamente que esta visão social dos direitos fundamentais não pode ser desligada da visão
de Estado Social, bem como dos conteúdos económicos das Constituições, que também
ganham neste período foros de cidade, aspecto até então completamente desconhecido.
Conclusão

Contudo, pode concluir que direitos fundamentais são direitos de defesa que se destinam a
protegerdeterminadas posições subjetivas contra a intervenção do poder público. Os
direitos fundamentais dohomem são situações jurídicas objetivas e subjetivas definidas no
direito positivo em prol da dignidade,igualdade e liberdade da pessoa humana. Direitos
fundamentais e Deveres fundamentais são situações jurídicas ou adstrição de
comportamentosimpostas constitucionalmente às pessoas, aos membros da comunidade
política. São deveres que ohomem tem perante o Estado, ou perante outros homens
enquanto cidadão e que derivam do seu estatutobásico, a Constituição, em conformidade
com os princípios que a enformam.

REFERENCIA BIBLIOGRAFICA

Legislação:Constituição da Republica de Moçambique –


2004.Websites:Https://pt.wikipedia.org/wiki/CidadaniaHttp://pinguanenunes.blogspot.co
m/2014/07/o-exercicio-dos-direitos-civicos-em.htmlHttps://www.dn.pt/politica/interior/as-
manifestacoes-sao-um-exercicio-de-direitos-civicos-2910665.htm

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