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O SIGNIFICADO DO ESTADO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

A expressão “Estado de direito” significa que o exercício do poder público está submetido a
normas e procedimentos jurídicos (procedimentos legislativos, administrativos, judiciais) que
permitem ao cidadão acompanhar e eventualmente contestar a legitimidade (i.e, a
constitucionalidade, a legalidade, a regularidade) das decisões tomadas pelas autoridades
públicas.

A ideia de separação de poderes é fundamental para se dizer que vivemos num estado de
direito.

Um estado de dtos fundamentais é um estado com um conjunto de regras e princípios que


tem que ser vividos e respeitados por todos. É também um estado com vista à defesa dos
valores e interesses mais relevantes que assistem às pessoas singulares.

O estado estado esta obrigado a respeitar esse direito e de tomar medidas para os concretizar
através de leis, regulamentos,etc.

CONCEITO DE DTOS FUNDAMENTAIS

Direitos fundamentais caracterizam-se por serem fatos da vida social que o Estado, por meio
de seu ordenamento jurídico, reconhece como direitos tão importantes que lhes atribui um
estado superior devido a sua essencialidade no mundo jurídico.

Os direitos fundamentais acabam por caracterizarem-se como sendo a descrição do


relacionamento entre os homens e o Estado. Através da delineação de tais relações consegue-
se obter respostas sobre o que se deve considerar como sendo “ameaças fundamentais”, além
de “respostas a necessidades fundamentais do ser humano”

O QUE NÃO SÃO DIREITOS FUNDAMENTAIS?

Direitos fundamentais e dtos de personalidade

Os dtos de personalidade são :

• Posições jurídicas fundamentais que o homem tem pelo facto de nascer e viver
• Aspectos imediatos da exigência de integração do homem ou da subjectividade
• Condições essenciais ao seu ser e dever
• Revelam o conteúdo necessário da personalidade humana em si
• São direitos de exigir de outrem o respeito da própria personalidade
• Têm por objeto modos de ser físicos e morais da pessoa ou bens da personalidade
física, moral e jurídica ou manifestações fraccionárias da personalidade humana ou
a defesa da própria dignidade.

Os direitos fundamentais pressupõem relações de poder já os de personalidade relações de


igualdade.

Os dtos fundamentais tem uma incidência publicista imediata, ainda quando ocorram efeitos
nas relações entre particulares e os dtos de personalidade uma incidência privatística ainda
que sobreposta às dos dtos fundamentais
Os dtos fundamentais pertencem ao domínio do dto constitucional e os de personalidade ao
do dto civil.

SITUAÇÕES FUNCIONAIS

Situações ativas e passivas, são atribuídas às pessoas em razão da função que desempenham
( facto de serem pessoas).

Situações jurídicas ativas e passivas dos titulares dos órgãos e de certos agentes do estado e de
quaisquer entidades publicas

Artigos: 113.º nº3, 117.º nº2, 130.º, 154.º, 155 nº2, 157.º, 158.º, 159.º, 196.º, 216.º e 233 n.º2.

As situações funcionais distinguem-se dos dtos fundamentais e dos poderes funcionais

Distinguem-se dos dtos fundamentais pelo facto de os mesmos implicarem diferenciação,


separação ou exterioridade diante do estado.

As situações funcionais são situações jurídicas de membro do estado-poder ou estado-


aparelho a passo que os direitos fundamentais são situações jurídicas de membros do estado-
comunidade, das pessoas que o constituem

As situações funcionais constituem consequências da prossecução do interesse publico e este


prevalece sempre sobre o interesse dos titulares , os dtos fundamentais so existem onde haja
interesse das pessoas, autónomo e diferenciado.

Os dtos fundamentais são de carater livre já as situações funcionais são de carater obrigatório
quanto ao seu exercício ou da invocação .

INTERESSES DIFUSOS

Manifestação da existência ou do alargamento de necessidades colectivas individualmente


sentidas.

Necessidades comuns a conjuntos mais ou menos largos e indeterminados de indivíduos e que


somente podem ser satisfeitas numa perspetiva comunitária. São interesses dispersos por
toda a comunidade e que apenas a comunidade pode prosseguir independentemente de
determinação de sujeitos

Destinguem se dos dtos fundamentais por serem interesses colectivos e não individuais

DIREITOS LIBERDADES E GARANTIAS E DTOS ECONOMICOS SOCIAIS E CULTURAIS.

À luz da nossa Constituição, existem duas grandes categorias de direitos fundamentais: os


“direitos, liberdades e garantias” e os “direitos e deveres económicos, sociais e culturais”.

Dtos liberdades e garantias não precisam da interferência do estado, são direitos ao respeito
por uma esfera jurídica pessoal de existência de liberdade ou de açao que pressupõe uma
correlativa a abstenção, omissão e não interferência dos poderes públicos. São portanto
esferas de liberdade salvaguardadas do poder publico.
Impõem aos estado um dever de abstenção ex. dto à integridade física, dto de liberdade de
expressão…

Já os dtos económico sociais e culturais são dtos de auxilio do estado. São dtos a prestações
sociais positivas, que têm como correlato um dever de ação por parte do estado como ex
temos o dto à segurança social , dto ao subsidio de desemprego .

Nos dtos liberdades e garantias a sua ideia base é a limitação jurídica do poder e nos dto
económicos sociais e culturais tem por base a orgamização da solidariedade do estado.

REGIME ESPECIFICO DOS DTO LIBERDADES E GARANTIAS( ART 18, 165.º B) E 288.º D)

ART.18.º N.º1-APLICABILIDADE DIRETA.

Esta caraterística resulta também do art.18º nº1, mas agora já da 2º parte deste artigo da
CRP. Os direitos fundamentais nascem e desenvolvem-se como garantias concretas de
liberdade e autonomia das pessoas contra o Estado (entidades públicas em geral), evolução
que veio a desembocar na moderna sugestão de que os direitos fundamentais são trunfos
contra o Estado. É esta a ideia que resulta do art.18º nº1 quando reconhece que as entidades
públicas são as primeiras destinatárias das normas de direitos, liberdades e garantias. Assim,
os direitos, liberdades e garantias são vinculativos. Vinculam o estado e entidades públicas. A
Constituição neste artigo parece sublinhar a existência de um dever específico de respeito, de
proteção e de promoção dos direitos fundamentais. Esta força vinculativa dirige-se, em
primeiro lugar, ao legislador, ao governo/administração e aos tribunais. Ao utilizar o enunciado
linguístico “entidades públicas’’ o texto constitucional pretende, através de uma espécie de
“super-conceito” tornar claro que a decisão constitucional se deve entender no sentido de
uma vinculação explicita e principal de todas as entidades públicas. Traduz-se, portanto, num
dever de legalidade. A cláusula de vinculação de todas as entidades públicas exige, uma
vinculação sem lacunas: abrange todos os âmbitos funcionais dos sujeitos públicos e é
independente da forma jurídica através da qual as entidades públicas praticam os seus atos e
desenvolvem as suas atividades. Em termos práticos, vinculação de uma entidade pública
como, por exemplo, o legislador, significa que “vinculados’’ estão tanto os órgãos legislativos
(AR, governo e ALR) como os órgãos executivos e jurisdicionais. Registe-se, ainda, uma outra
nota justificativa do apelo ao conceito de entidades públicas: a vinculação é extensiva a todos
os poderes públicos e não apenas aos poderes estaduais, abrangendo as pessoas coletivas de
direito público, a administração direta e indireta e a administração autónoma. Pode afirmar-se
que as entidades públicas estão sob reserva de direitos, liberdades e garantias. As formas de
atuação dessas entidades podem ser extramente diversas: desde os atos normativos típicos
(leis, regulamentos) às várias medidas administrativas ou decisões judiciais, passando pelas
próprias intervenções táticas, nenhum ato das entidades públicas é “livre’’ dos direitos
fundamentais.

ART.18.º N.2 E 3. RESTRIÇÃO

A matéria da restrição encontra-se legislada no art.18º nº2 e 3 da CRP. Podemos definir


restrição como sendo a ação normativa que afeta desfavoravelmente o conteúdo ou o efeito
de proteção de um direito fundamental previamente delimitado. Os direitos têm tendência
para se sobrepor uns aos outros. Quanto mais a CRP e a lei tratam destas situações mais
afetações temos Restrições são condicionamentos, afetações, limitações. Têm as seguintes
características: A restrição é, ou pode ser, de natureza permanente. Quer dizer que, quando se
faz uma restrição, esta pode ser feita sem prazo, isto é, normalmente a restrição é feita para
um período indeterminado. A restrição tem uma natureza necessária. Porque é que se faz a
restrição? Se os direitos forem exercidos na totalidade, em toda a sua extensão, impedem a
utilização e o exercício de outros direitos. Se, por exemplo, dissermos “os direitos à liberdade
não aceita restrições” evidentemente quereria dizer que ninguém podia ser preso ou detido.
Qual seria a consequência? Ficariam em causa vários outros direitos (direito à segurança por
exemplo). Se pensarmos na liberdade de expressão é a mesma coisa. Se não houver restrições
a esta, isto significa que eu posso difamar, caluniar, insultar os outros livremente. E o direito
de associação. Se não tivesse restrições seria permitida a existência de associações criminosas,
associações para fins racistas, etc. Desta forma, é necessária a existência de restrições. Já no
nº3 referente às leis restritivas de direitos, liberdades e garantias, estas são leis em sentido
formal, portanto, têm de ser atos formalmente legislativos (leis da AR ou decretos-leis do
governo) e em termos de conteúdo, têm de ser leis em sentido material, não podendo ser atos
políticos ou atos administrativos sob a forma de lei. Têm de ter conteúdo normativo geral e
abstrato. Lei geral é aquela que se dirige a um número indeterminado ou indeterminável de
pessoas e lei abstrata é aquela que se destina a regular um número indeterminado ou
indeterminável de casos. Isso leva-nos aos requisitos das restrições: O primeiro dos requisitos
expressamente enunciados no artigo 18º, nº3, é o de que as leis restritivas têm de revestir
carácter geral e abstrato. Mais uma vez: lei geral é aquela que se dirige a um número
indeterminado ou indeterminável de pessoas e lei abstrata é aquela que se destina a regular
um número indeterminado ou indeterminável de casos. Mas uma lei, aparentemente geral e
abstrata, pode dirigir-se a círculo determinado ou determinável de pessoas, ou mesmo a uma
só pessoa. Na realidade, a determinação do alcance desta exigência feita às leis restritivas não
é isenta de dificuldades, desde logo pela ameaça de redundância em face da estreita relação
com o princípio da igualdade: o imperativo em questão parece referir-se em primeira linha ao
princípio da igualdade, enquanto manifestação do carácter universal dos direitos
fundamentais e proibição de privilégios e de discriminações e segregações arbitrárias ou
injustificadas.

Três coisas resultam no final: 1) a exigência em questão visa proibir a utilização neste domínio
de leis de natureza individual e concreta; 2) visa assegurar que através da restrição não seja
afetado o postulado de uma liberdade igual; e 3) poder eventualmente não dispensar a
consideração de outros princípios, designadamente a componente de justiça material inerente
à dimensão positiva do princípio da igualdade. Não retroatividade- as restrições não podem ser
retroativas. Não seria possível um mínimo de confiança num estado se os direitos,
liberdades e garantias pudessem ser restringidos retroativamente. A restrição é sempre
parcial- isto significa, como acima foi dito que o direito tem de continuar em vigor, ou seja,
pode ser restrito, mas não se pode diminuir o alcance e extensão do conteúdo (art.18º nº3 da
CRP). Há, portanto, uma proteção da essencialidade, tem de ser deixado o essencial do direito
sendo que as restrições devem limitar-se ao necessário.

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