DIREITO MATUTINO 4 PERÍODO AUTONOMIA DA VONTADE À LUZ DA CONSTITUCIONALIZAÇÃO DAS RELAÇÕES PRIVADAS. De acordo com a teoria dos direitos fundamentais, a chamada primeira dimensão dos direitos fundamentais surgiu a partir do surgimento do estado livre, é sobre direitos civis e políticos direitos com status negativo porque existem para limitar as ações do Estado, baseadas na não intervenção, constituem a salvaguarda do indivíduo no exercício do poder público, portanto, a liberdade é o elemento principal da primeira dimensão dos direitos fundamentais, por sua vez, os direitos bidimensionais são baseados na igualdade eles decorrem do surgimento do estado de bem-estar social no século XX e abrangem direitos sociais, culturais e econômicos, além de direitos coletivos eles têm um status positivo porque são direitos que exigem ação do estado. Atualmente, diz-se que a liberdade é um dos pré-requisitos e realização imediata da dignidade humana, pois inclui a autonomia para escolher o caminho de sua existência, nas palavras de Ingo Wolfgang Sarlet, “Sem liberdade (negativa e positiva) não há dignidade, ou, pelo menos, isso não é reconhecido e garantido”. Arnaldo Vasconcelos, por sua vez, associa a liberdade ao princípio de todas as coisas, explicando que é pré- requisito para a formação do direito e da democracia, portanto, não há como negar a relevância desse direito e a necessidade de sua proteção e efetivação, é importante atentar para o direito à liberdade, arraigado no caput do art. 5o e diversos outros artigos da Constituição Federal de 1988, abrange diversas formas de atuação, há discussões sobre liberdade de movimento, liberdade de pensamento, liberdade de expressão, liberdade de associação, liberdade de ação profissional, liberdade econômica, liberdade de contrato, etc, no âmbito do exercício deste direito de liberdade, encontram-se os princípios básicos e os princípios orientadores do direito civil contratual, o princípio da autonomia da vontade estabelece a possibilidade e a capacidade de os indivíduos chegarem a um acordo sem interferência do Estado e é a base da liberdade contratual, é preciso esclarecer que os princípios da liberdade contratual e da autonomia da vontade não são completos e absolutos, por exemplo, não se pode permitir que essas ações justifiquem arbitrariedades e violações dos direitos e dignidade de outros, ou que se sobreponham aos interesses da comunidade, então as pessoas falam sobre a relativização ou limitação desses valores para garantir um ordenamento jurídico justo, coerente com a igualdade. Os direitos constitucionais fundamentais, tem-se, portanto, a era da constitucionalização das relações privadas ou a formação de um Direito Civil Constitucional, dentre as consequências da evolução da doutrina civilista, apontam-se as seguintes: a unificação da ordem jurídica, com as normas constitucionais atuando como fundamento dos demais ramos do direito e a relativização da dicotomia entre Direito Público e Privado; e a simplificação do ordenamento jurídico, a partir da adoção da Constituição como referência para interpretação e aplicação das diferentes normas vigentes, não se pretende, contudo, afirmar que o Direito Civil perdeu a importância ou que as regras do Código Civil não mais possuem eficácia, apenas se defende a uniformidade do ordenamento, uma coerência axiológica e a interpretação das normas de Direito Privado conforme os valores constitucionais explícitos ou implícitos na constituição, a liberdade e a autonomia da vontade face à constitucionalização das relações a Constituição Federal de 1988 priorizou a proteção à dignidade da pessoa humana, à sua personalidade e elencou inúmeros direitos e garantias fundamentais, sabe-se que os princípios e direitos lá consagrados devem ser aplicados em todas as esferas de atuação jurídica, Em outras palavras, tem-se “a irradiação dos efeitos das normas (ou valores) constitucionais aos outros ramos do direito”. As normas civilistas, portanto, devem ser harmonizadas conforme os ditames da Carta Magna, nesse caso, as relações pessoais não podem ser respeitadas sem a expressão de valores, princípios e regras constitucionais, por exemplo, propriedade, negócios, família e contratos não devem considerar apenas aspectos individualistas e hereditários como no passado. Os contratos sempre foram a principal ferramenta de transferência de bens de valor econômico, mas por muito tempo foram guiados apenas pelo princípio da proteção individual das partes. A princípio, o instrumento era visto como uma carta obrigatória, estabelecendo a lei entre as partes. Em seguida, atuar como estabilizador de direitos, garantindo que seu efeito vincule apenas partes do acordo. Ainda assim, as consequências de um acordo muitas vezes recaem sobre terceiros desinteressados, ou desproporcionalmente sobre um deles. Em suma, o ordenamento jurídico brasileiro sofreu muitas mudanças ao longo dos anos para refletir a lei, atender aos objetivos da Carta Suprema, limitar os interesses privados, sempre respeitar os interesses públicos sobre os privados, de modo que o espírito da Convenção , cumpre regularmente fins sociais, beneficia toda a sociedade. Por tudo isso, conclui-se que é necessário estudar a interpretação da nova ordem constitucional, especialmente nas relações públicas e privadas. Afastar-se de meros ideais liberais e reafirmar a liberdade dos indivíduos de contratarem com outros perfis, de acordo com as garantias e direitos fundamentais consagrados na Constituição Federal. No entanto, para os contratos celebrados entre pessoas físicas e jurídicas, nem sempre é do interesse das partes submeter seus atos à tutela jurisdicional e buscar solução alternativa de conflitos para dirimir eventuais divergências ao longo do contrato. O Tribunal Arbitral está vinculado à Lei no 9.307/1996, e em seu artigo 1o estabelece que "A pessoa apta a celebrar um contrato pode recorrer à arbitragem para resolver disputas relativas a direitos patrimoniais disponíveis". A ênfase está na vontade livre e consciente dos empreiteiros competentes para poder dispor dos direitos relacionados com o património. O direito de celebrar contrato e a forma de sua execução é praticamente livre, desde que as partes estejam em pé de igualdade, mas sempre pautado por dispositivos constitucionais e legais, de modo que o consentimento das partes cria obrigações, muitas vezes de forma atípica, desconhecido do ordenamento jurídico. Mesmo na esfera privada, o interesse público não pode ser desviado porque ambos partilham o propósito comum de promover o bem-estar social dos indivíduos, nomeadamente a obrigação de proteger as relações privadas através da regulamentação legislativa através de regras vinculativas. Para evitar inconsistências quando os indivíduos coexistem. Nesse caso, o Estado intervém por meio de regras coercitivas na relação entre os indivíduos que exploram ou não a atividade econômica, impondo restrições legais e administrativas no interesse público da Constituição Federal. Para usá-lo como base de seu decreto, isso significava uma séria atenção aos limites de seus poderes. Concluo de forma pessimista que a repersonalização do direito privado merece respaldo em nosso ordenamento jurídico, porém, é preciso ter cuidado com essas intervenções, que podem causar tantos danos quanto a inexistência, e por isso exigir que o Estado seja Cuidado especial é tomado ao usar os valores dos princípios constitucionais como base para suas ações.