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Objectivos específicos:
Compreender a constituição em sentido material, forma e instrumental;
Distinguir normas materialmente constitucionais e formalmente constitucionais
O poder constituinte
Poder constituinte material e poder constituinte formal
Vamos em termos breves apresentarmos o modo como se constitui ou se forma a
Constituição. O momento em que se revela o poder constituinte ou a soberania do
Estado. A fase marcante para o início de uma determinada época constitucional é
o do corte com a situação anterior, o que pode acontecer por meio de uma
revolução, a transição constitucional ou outra via, e não propriamente o da
aprovação da nova constituição. Exemplo, o momento que determinou a era
constitucional de Moçambique independente foi a própria independência de
Moçambique, que se traduziu no corte da situação constitucional vigente no
período colonial.
A independência nacional foi determinante para a aprovação da Constituição da
República Popular de Moçambique.
Por conseguinte, há-de haver sempre uma entidade responsável pelo rompimento
com a ordem preexistente, e decide pela elaboração de uma Constituição formal
que reflicta a nova era, podendo ser ela mesma a elaborar a nova Constituição,
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ou designar uma assembleia para o fazer tal entidade poderá ser força social,
política, movimento militar, etc. por exemplo, o caso moçambicano foi Movimento
de Libertação de Moçambique que liderou a libertação de Moçambique do julgo
colonial e elaborou e decretou a primeira Constituição de Moçambique
independente em 1975.
A nova Constituição é concebida tendo em conta a ideia que o grupo que
liderou o corte com a ordem anterior, tem sobre o direito. Nos dias que correm,
essa ideia direito deverá ser de democracia, o que implica que a nova
Constituição tenha de ser aprovada pelo povo, directamente ou através da
assembleia representativa. Neste caso, o órgão que vai aprovar a Constituição
formal tem plena autoridade baseada na legitimidade da Constituição material.
Isto significa que o órgão que vai aprovar a nova Constituição vai faze-lo dentro
de determinadas balizas ou limites, que implicam, por exemplo o respeito por uma
determinada organização económica e política, aos direitos fundamentais e ao
princípio democrático.
Note-se que até à aprovação da Constituição formal, o órgão encarregue para
elaborá-la é ainda órgão provisório ou transitório e os seus actos de decisão
política carecerão de convalidação ou eficácia.
As relações que se estabelecem entre o poder constituinte material e
poder constituinte formal são as seguintes:
Durante os séculos XVII e XVIII a revolução foi concebida apenas como rebelião
(revolta colectiva contra os governantes); como sendo a mudança de um governo
pelo outro. A Revolução pode realizar-se através de golpe de Estado ou de
insurreição (ou revolução stricto sensu), e pode visar como objectivos a instauração
de um regime novo, a restauração de um regime, etc.
Contudo, depois da Revolução Francesa e das Revoluções inglesa (1688) e
Portuguesa (1640) a revolução passou a ser encarada também no sentido
positivo, designadamente de criação de uma nova ordem jurídico-constitucional.
A revolução é um fenómeno constituinte, um facto ou acto normativo, pois implica o
surgimento de um novo direito, de um novo fundamento de validade do sistema
jurídico positivo do Estado.
Na revolução verifica-se uma quebra da ordem constitucional anterior e refaz-se
uma nova ordem.
A transição constitucional
Uma vez formada a ideia de direito, ou seja exercido o poder constituinte material,
segue-se o acto constituinte stricto sensu, que consiste na decretação da
Constituição formal, que no fundo trata-se de formalização da Constituição
material.
Entretanto, desde o momento da concepção da nova ideia sobre o Direito
(exercício do poder constituinte material) até à decretação da Constituição
formal, pode ocorrer um lapso de tempo mais ou menos longo. Durante esse
tempo, o órgão ou entidade encarregue de conceber a Constituição formal
estará a prepará-la.
Durante o período de concepção da Constituição formal poderá estar em vigor
uma Pré-Constituição, ou Constituição provisória ou ainda Constituição
revolucionária, que terá uma dupla finalidade:
1) Finalidade de definição do regime (termos e princípios) de elaboração da
Constituição formal;
2) Estruturação do poder político durante este período de interregno
constitucional; ou ainda de eliminação dos resquícios do antigo regime.
Terminado o processo de elaboração, ou o processo constituinte, é decretada
uma Constituição definitiva, a Constituição formal.
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Com efeito, as normas de Pré-Constituição, por reconhecer-se que
estabelecem princípios fundamentais nos quais vai se basear a
Constituição formal, durante a sua vigência têm tido um valor
reforçado, ou seja, uma força jurídica superior às demais normas,
podendo ser alteradas só com normas também de valor reforçado. É o
que aconteceu por exemplo com os Acordos de Lusaka que vigoraram
durante o período de transição em Moçambique (1974 até ao dia 24 de
Junho de 1975).
Actos constituintes unilaterais singulares