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• Num sentido material, pode falar-se de direito constitucional desde que houve
normas escritas ou consuetudinárias especialmente dedicadas à organização do
poder político.
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• Por um lado, no sentido normativo o Direito Constitucional é aquilo que está nas
constituições e demais fontes de direito constitucional. Por outro lado, no sentido
de disciplina ou ramo de saber jurídico, o Direito Constitucional é “aquilo que os
constitucionalistas fazem”, designadamente o estudo dos princípios e normas
constitucionais, a sua interpretação, integração, sistematização, explicação.
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5. Princípio da legalidade, pelo qual o governo só poderia atuar com base e no respeito
das leis do parlamento;
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• Face ao exposto conclui-se que pode não haver coincidência entre Constituição
formal e Constituição material. A Constituição formal só existe nos Estados
possuidores de uma Constituição escrita. Já a Constituição material existe em
qualquer Estado mesmo que não possua Constituição formal.
• Por outro lado, pode suceder que nem todas as normas escritas na Constituição
tenham dignidade constitucional. Inversamente, pode haver normas fora da
Constituição que devam ser consideradas materialmente constitucionais, dada a sua
importância e relevância para a ordem fundamental da coletividade.
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➢ Constituição económica;
➢ Sistema normativo;
b) As constituições autocráticas: em que o poder político não tem essa origem (ex:
oligarquias tradicionais, ditaduras militares, regimes de partido único, etc.).
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a) O poder constituinte está limitado pelo seu próprio objeto, pela sua própria
motivação. Se o seu objeto é a limitação do poder político, não se vê como ele
próprio pode ser ilimitado, o que seria uma incongruência.
a) Fase pré-constituinte:
• Antes da elaboração da Constituição podem ocorrer as chamadas decisões pré-
constituintes.
b) Fase constituinte:
• A fase constituinte propriamente dita consiste na elaboração e aprovação da
Constituição, segundo um determinado procedimento constituinte.
c) Compromisso constituinte:
• A Constituição, por via de regra, resulta de compromissos entre forças e ideias
divergentes. Isto é assim geral, nas constituições elaboradas por assembleias
constituintes pluripartidárias, em o que a Constituição resulta do debate
deliberativo entre as diversas forças políticas.
a) Revisão constitucional:
• Cabe ao poder constituinte definir os termos em que a Constituição pode ser
modificada. O poder de revisão constitucional, ou poder constituinte derivado,
também é um poder constituído.
• Em geral, a Constituição não pode ser livremente modificada a todo o tempo, como
as leis ordinárias, exigindo, por via de regra, um procedimento de revisão especial.
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• O texto constitucional não pode, nem deve ser considerado como simples estatuto
jurídico de repartição do poder do Estado e de garantia dos direitos e liberdades. A
força normativa da constituição expande-se até aos assuntos da ordem económica
e social. Por conseguinte, a Constituição tanto é Lei Fundamental dos direitos,
liberdades e garantias, como dos direitos económicos, sociais e culturais.
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• Como todas as leis, também a Constituição inclui normas em sentido estrito (regras)
e princípios. As normas são regras de conduta, autorizando, impondo ou proibindo
certas ações. Os princípios, por sua vez, não são regras de conduta, mas antes linhas
informadoras da ordem constitucional, dando-lhe sentido e consistência.
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1. Normas que visam a realização dos direitos económicos, sociais e culturais, que
implicam obrigações de prestação;
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• Por outro lado, na ordem constitucional interna, a Constituição é a lei suprema, pelo
que na falta de uma exceção expressa, o direito da União não goza de nenhuma
imunidade perante a Constituição. Até à revisão constitucional de 2004, os tribunais
portugueses podiam recusar-se a aplicar normas de direito da União, em caso de
incompatibilidade com a Constituição. Desta forma, o único meio de evitar o
incumprimento por parte da União contra Portugal era, obviamente, alterar a
Constituição para eliminar essa incompatibilidade.
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• Com efeito, embora a União Europeia não seja um Estado nem uma federação de
Estados, apresenta traços estatais e federais. Entre os primeiros contam-se as
atribuições próprias, os poderes legislativo, executivo e judicial, a moeda própria, a
pertença a organizações internacionais. Entre os segundos contam-se a divisão
vertical de atribuições entre a União e os Estados-membros, o efeito direto e a
supremacia do direito da União na ordem interna dos Estados-membros, a codecisão
legislativa de tipo federal, com a intervenção de dois órgãos legislativos, ou seja, o
Parlamento Europeu, que representa os povos da União, e o Conselho, que
representa os Estados-membros.
• Apesar de não ter uma constituição propriamente dita, a União Europeia não pode
deixar de ser interpretada em termos constitucionais, sobretudo depois do Tratado
de Maastricht que ocorreu no ano de 1992, que ampliou substancialmente as
atribuições da União e criou a cidadania europeia; da aprovação da Carta dos
Direitos Fundamentais da União Europeia, em Nice no ano de 2000, que antecipa a
dotação da União de um bill of rights, de recorte genuinamente constitucional; por
último do Tratado de Lisboa, que ampliou as tarefas da União e tornou regra geral
o procedimento legislativo de tipo federal.
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a) Interpretação objetiva:
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b) Interpretação intrínseca:
c) Interpretação sistemática:
• Em relação à constituição, o legislador não está numa situação privilegiada face aos
restantes destinatários das normas constitucionais. De «interpretação autêntica» da
constituição só poderá falar-se quando, em sede de revisão constitucional, se
procura precisar o sentido duvidoso de certa norma (o que frequentemente ocorre).
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• Este princípio significa que a Constituição deve ser interpretada de forma a evitar
contradições entre normas. Pode haver normas especiais ou exceções face a regras
gerais, o que não pode haver é incompatibilidades entre duas normas
constitucionais.
• Lacuna constitucional existe apenas quando certo problema, que deveria ter solução
constitucional, a não tem explícita na constituição. Indícios da existência de uma
lacuna constitucional são, designadamente, o facto de casos semelhantes estarem
previstos na constituição ou o facto de a matéria a que a questão omissa pertence
ter uma disciplina constitucional abrangente e pormenorizada.
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2. Segundo, não existe uma constituição escrita, constante de um texto único, visto
que a maior parte das regras sobre a organização do poder político é de origem
consuetudinária e outras têm a forma de legislação comum avulsa.
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• No século XIX foi muito importante o Reform Act, pelo qual se alargou o direito de
voto, marcando o início da perda de importância da Câmara dos Lordes em proveito
da Câmara dos Comuns.
• A Câmara dos Lordes é composta pelo Lord Chanceler, pelos “pares temporais” e
pelos lordes espirituais. As suas funções são essencialmente legislativas auxiliares,
possuem o direito ao veto ou emenda dos projetos legislativos da Câmara dos
Comuns; têm, ainda, a possibilidade de discutir propostas e projetos de lei relativos
a matéria judicial.
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principal. Desta forma, têm o direito de “passar” leis mesmo contra o voto dos
Lordes e podem, inclusive, controlar politicamente o Governo.
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• Apesar da autonomia de cada Estado, havia entre eles fortes fatores de união que
motivaram a constituição de uma Confederação em 1781, pela aprovação dos
Articles of Confederation.
• De referir que, a Constituição dos Estados Unidos é um dos mais curtos textos
constitucionais existentes, tendo apenas sete longos artigos, e é reputada como um
dos mais bem escritos. Sendo a mais antiga Constituição em vigor, a Constituição
dos Estados Unidos revelou uma grande plasticidade e capacidade de adaptação às
diferentes épocas históricas.
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a) Federalismo:
2. E o Senado, que representa os estados federados, para o qual cada Estado elege dois
senadores (independentemente da sua maior ou menor dimensão geográfica) por
um mandato de seis anos.
b) Republicanismo:
c) Presidencialismo:
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• Estes dois órgãos são independentes entre si, assim, o Presidente não responde
politicamente perante o Congresso, que o não pode demitir, nem este pode ser
dissolvido pelo Presidente.
d) Judicial review:
• Judicial review designa o poder de controlo dos tribunais sobre a validade
constitucional da legislação, impedindo a aplicação das disposições legais que
contradigam as normas e os princípios constitucionais (fiscalização da
constitucionalidade pelos órgãos judiciais). Este instituto, que viria mais tarde a ser
consagrado também por outros sistemas constitucionais, teve a sua origem nos
Estados Unidos.
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4.3. França
4.3.1. Mais de dois séculos de revoluções e constituições:
a) Estado unitário:
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• A conceção da lei como expressão da vontade geral do povo afastou, desde cedo, a
possibilidade de outro poder questionar a conformidade das leis com a Constituição.
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maioria absoluta (se necessário com uma 2ª volta) e o sistema eleitoral de maioria
absoluta para os deputados.
4.4. Alemanha
4.4.1. Da unificação alemã de 1871 à reunificação de 1990:
• Na versão alemã da monarquia constitucional, o rei continuou a ser o titular do
poder soberano, aceitando limitar o seu poder mediante a outorga de uma
Constituição.
4.5. Espanha
4.5.1. Revoluções e constituições:
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a) O constitucionalismo liberal:
• A Constituição de Cádis é a primeira constituição de Espanha, elaborada e
proclamada em 1812, pelas Cortes Constituintes convocadas para o efeito;
declarada nula em 1814 pelo poder monárquico restaurado, foi restabelecida,
novamente, em 1820.
b) O constitucionalíssimo democrático:
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d) A Constituição de 1978:
• A Constituição de 1978 consagra um regime de monarquia constitucional
democrática, com um sistema de governo de tipo parlamentar “racionalizado”, à
maneira alemã. Os traços fundamentais desta Constituição são os seguintes:
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• Porém, antes disso, ocorreu, em 1807, uma “Súplica” de uma constituição de um rei
constitucional dirigida ao Imperador francês em nome de uma “Junta de três estados
do Reino”. Baseada na Constituição francesa de 1799, contudo, a suplicação não
teve seguimento.
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• Essa mesma constituição, por sua vez, inspirou-se nas constituições francesas de
1791 e 1795. Assim sendo, a nossa primeira constituição acabou por conservar
algumas das ideias liberais oriundas de França, nomeadamente a separação de
poderes, a soberania nacional, o regime representativo e o reconhecimento dos
direitos e deveres individuais.
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• A ausência dos atuais direitos económicos, sociais e culturais, direitos esses que
exigem prestações do Estado;
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➢ de 1822 a 1823;
➢ de 1836 a 1838.
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• Porém, D. Pedro optou por abdicar do trono português a favor da sua filha Maria da
Glória, que era ainda criança. Impôs, por isso, algumas condições: uma delas que ela
casasse com o seu tio D. Miguel e, outra condição, que a Carta Constitucional fosse
posta em vigor.
• Importa sublinhar que D. Pedro IV abdicou do trono português após ter assinado a
Carta Constitucional, que foi redigida no Rio de Janeiro, sendo lá impressa e assinada
(29 de abril de 1826), posteriormente remetida para Lisboa.
• A Carta Constitucional foi concedida à Nação pelo monarca, D. Pedro IV. Tratou-se,
pois, de um procedimento constituinte monárquico.
• Como exemplos dessas influências, aponta-se a consagração da sanção real das leis
e a existência de uma Câmara dos Pares, com membros hereditários e vitalícios
nomeados pelo monarca. Sendo, ainda, de realçar a previsão de um “poder
moderador” atribuído ao Rei, que acumulava com a chefia do poder executivo.
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• Por outro lado, a Carta Constitucional é uma forma política mista, combinando-se
uma monarquia limitada com uma monarquia representativa. Apesar de se declarar
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que o Rei era um representante da Nação, juntamente com as Cortes Gerais, ele era
mais do que isso, porque detinha a titularidade do poder soberano. Não era, porém,
uma concentração total, uma vez que as Cortes Gerais também dispunham de alguns
poderes, nomeadamente o poder de revisão constitucional e o poder legislativo.
3. de 1842 a 1911: golpe de Consta Cabral até à Implantação da República. Esta período
pode ser subdivido nos seguintes:
b) Revisões constitucionais:
• A Carta Constitucional voltou a ser colocada em vigor depois de 1842, após o fim da
Constituição setembrista de 1838, vindo a manter-se em vigor até ao fim da
monarquia. Durante esse longo período, a Carta sofreu várias alterações, que foram
atenuando os seus traços mais conservadores.
• 1885: legislatura de três anos; eletividade de uma parte dos Pares, direito de
reunião, limitação do poder de dissolução parlamentar pelo rei;
• 1895: Revisão por decreto ditatorial, posteriormente ratificado por lei de 1896:
eliminação dos pares eletivos, supressão das limitações ao poder de dissolução;
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• O poder legislativo era exercido pelas Cortes, as quais foram instituídas como um
parlamento bicameral, havendo a Câmara dos Deputados e a Câmara dos Senadores.
• O poder executivo foi atribuído ao monarca que o exercia através dos seus Ministros
e Secretários de Estado. Enquanto chefe do Executivo, o rei dispunha, entre outros,
dos seguintes poderes:
• Por último, existia o poder judicial que era atribuído aos tribunais.
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3. Princípio representativo:
• A opção por um regime representativo resulta clara do primeiro texto constitucional
republicano.
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• A vida política da I República foi muito atribulada, com uma grande instabilidade
governativa e numerosas manifestações de violência política.
• O principal objetivo era o de pôr termo à grande instabilidade política que marcou a
I República, em especial, a frequência das crises ministeriais.
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b) Princípio republicano:
• A Constituição do Estado Novo manteve fidelidade ao princípio republicano, sendo
o chefe de Estado um presidente da República, diretamente eleito. Todavia, a maior
parte dos princípios republicanos originários foram afastados ou altamente
restringidos.
c) Princípio corporativo:
• Portugal era uma república corporativa o que significa que a Nação não assentava
apenas nos indivíduos, mas, também, numa série de “corpos intermédios” dos quais
se destacam a família, a Igreja e as autarquias locais, bem como os organismos
corporativos propriamente ditos.
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d) 1969 -1974: fase final do estado Novo, sob a governação de Marcello Caetano.
• No fundo, o Estado Novo acabou por ser essencialmente caracterizado pela longa
ditadura pessoal do Chefe do Governo.
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