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JORGE B. GOUVEIA (2014). Direito Constitucional Angolano, (pp. 29-35).
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Mauro dos Santos
Direito Constitucional
O PODER CONSTITUINTE
O poder constituinte tal como a expressão indica é o poder de constituir, criar,
positivar e elaborar normas constitucionais.
Na obra intitulada "Lições de Direito Constitucional e ciências políticas" da coautoria
do mui ilustre Dr. Marcelo Rebelo de Sousa de Sousa definiu-se o poder constituinte como
sendo o poder de elaborar normas constitucionais e como uma faculdade de um povo definir
as grandes linhas gerais do seu futuro colectivo. Em síntese entende-se por poder constituinte
a faculdade de criar uma constituição.
O autor francês Emmanuel Sieyès distingue o poder constituinte enquanto faculdade
de criar uma constituição, dos poderes constituídos de natureza judicial, legislativa e
executiva criados pela Constituição. Os poderes constituídos movem-se no quadro
constitucional, ao passo que o Poder Constituinte é o poder que cria a constituição.
Origem
O poder constituinte surgiu na idade moderna em consequência do surgimento da
doutrina do Contrato Social (teorizada e sustentada por Jean Jacques Rousseau 1762) que
influenciou a própria existência e noção de Estado, conquanto, passou-se a ter a necessidade
de regular o poder estadual através da feitura de Constituições. Devemos destacar também o
contributo do abade francês Emmanuel Sieyès que com a publicação da sua obra "O que é o
terceiro Estado" prestou subsídios relevantes para sedimentação do Poder Constituinte.
Espécies
O Poder Constituinte desdobra-se em duas grandes espécies nomeadamente:
A) Poder Constituinte Originário
B) Poder Constituinte Derivado
Vamos ater-nos ao estudo da primeira espécie deste poder, assim nesses termos:
Poder Constituinte Originário
O Poder Constituinte Originário é o poder em sede o qual se cria uma Constituição
exnova.
Este poder subdivide-se em duas modalidades:
1- Poder Constituinte Originário Histórico (aquele que se exerce quando o estado
é novo e que cria pela primeira vez na história a Constituição de um povo)
2- Poder Constituinte Originário Revolucionário (é aquele que se exerce quando o
estado já existe, mas substitui a sua Constituição por uma outra, este poder revoluciona o
estado nos seus aspectos essenciais.
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Eliminação ou supressão
CRA 2010 Lei 18/21
Art. 135, al. C Art. 135, al. C
a) V-P.R a) V-P.R
b) P.A.N b) P.A.N
c) P.T.C c) Revogado*
CRA 2010 Lei 18/21
Art. 242, al. A Art. 242, al. A
a) a)Revogado*
b) b)
Aditamento
CRA 2010 Lei 18/21
Art. 107º Art. 107°-A
CRA 2010 Lei 18/21
Art. 200 200º -A
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Funções da Constituição
1- INTEGRAÇÃO SOCIAL: Em primeiro lugar entende-se que a Constituição tem como
função primária assegurar a integração social harmoniosa de todos os indivíduos, classes e
grupos sociais, devendo funcionar como documento de todos assegurando a coexistência
pacífica através de um complexo normativo assente essencialmente na igualdade, na
universalidade, na imparcialidade, reciprocidade e vantagens mútuas (art. 22 e 23 ambos da
C.R.A).
2- PROTEÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: A Constituição enquanto Lex
Matter deve assegurar a proteção dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos
cidadãos influenciando assim todo o ordenamento jurídico a ter uma matriz assente no
princípio da dignidade da pessoa humana.
3- ORGANIZAÇÃO ESTADUAL: A orgânica do Estado e o seu respectivo
funcionamento são fixados pela Constituição que define a sua forma (federal ou unitário), o
sistema de governo (Parlamentarista, Presidencialista e Semipresidencialista), a forma de
governo (Monárquica ou Republicana), o sistema econômico (capitalista, socialista ou
comunistas), o sistema de partidos políticos (monopartidário ou pluripartidário), o sistema
administrativo (Centralização ou Descentralização), etc. Define os órgãos de soberania e
estabelece as formas de relação entre estes.
4- DIREÇÃO POLITICA: Pressupõe que é a Constituição que define as políticas
fundamentais do estado para os mais variados sectores, como cultural, social e econômico
Características das normas constitucionais
1) Autoprimazia normativa: A norma constitucional caracteriza-se pela sua superioridade
hierárquica num determinado ordenamento jurídico, pressupondo isto que a validade
das normas constitucionais não está dependente da sua conformação a uma outra lei,
elas encontram um fundamento de validade em si mesmas (art. 6 C.R.A)
2) As normas constitucionais são normas de produção: Elas determinam o procedimento
que deve ser adoptado na produção (criação, positivação) de normas jurídicas,
nomeadamente o processo legislativo ordinário comum e estabelecem a hierarquia das
fontes normativas (art. 167, 169 e 170 todos da CRA).
3) A conformação das normas constitucionais funciona como « conditio sine qua non »
de validade das leis ordinárias (art. 226 n.°1 CRA).
Características das Constituições
Quanto à estabilidade as Constituições classificam-se em:
Constituições imutáveis
Constituições rígidas
Constituições semi-rígidas
Constituições flexíveis
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