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ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO DE 1988

A CF/88 está basicamente estruturada em um preâmbulo, uma parte permanente que


contém uma sequência de nove títulos, que podem ou não estar divididos em capítulos, seções e
subseções; e finalmente no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, ou simplesmente
ADCT.

1-) PREÂMBULO

É o início da CF. Mas também seus princípios estão positivados no corpo da CF.
Não tem força normativa. - Não cria direitos nem deveres
Não é do plano jurídico (Direito), mas sim político - Apenas reflete uma posição
ideológica e política do constituinte.
Todos seus princípios devem ser respeitados.
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte
para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de [...] uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada
na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica
das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República
Federativa do Brasil.”
 Natureza Jurídica:
Não é componente obrigatório de uma Constituição.
Não Brasil não tem relevância jurídica. O STF já decidiu que seu conteúdo não é de
reprodução obrigatória nas Constituições Estaduais.
Representa apenas um norte interpretativo das normas constitucionais, sem qualquer
força normativa. É uma declaração de política, que consagra a ordem constitucional do Estado
Democrático de Direito.
Criticas: A citação referente a sob a proteção de Deus. Porém existe separação total
entre Estado e Igreja, sendo o Brasil um Estado laico, leigo, ou não confessional.
Entretanto, por não possuir força normativa.
O STF firmou entendimento de que a invocação de Deus no preâmbulo, além de não ser
de reprodução obrigatória, não prejudica a laicidade da República Federativa do Brasil, nem a
separação entre Estado e Igreja, decretada desde o advento do regime republicano. A liberdade
de crença e consciência, inclusive, é garantia constitucional prevista no art. 5.º, inc. VI.

2-) PARTE DOGMÁTICA

A maior parte da Constituição. Trata-se dos 250 artigos distribuídos em 9 títulos. Essa
parte carrega todas as normas essenciais da CF, como os direitos e deveres fundamentais,
estrutura do Estado Federal, competências de cada ente e sua organização, princípios
constitucionais. – Parte essencial que trata sobre a democracia e Direitos fundamentais.

3-) ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS (ADCT)

Com exceção da Constituição de 1824, todas as demais tiveram disposições


constitucionais transitórias.
É um texto assistemático, sem divisão em títulos, capítulos, seções e subseções.

CARACTERÍSTICA PRINCIPAL: São normas marcadas pela temporalidade e


transitoriedade - uma vez produzidos seus efeitos, sua eficácia é exaurida e a norma passa a ter
somente valor histórico.
Tem caráter transitório de uma ordem para outra. São conhecidas como normas
pedágios = Comuns nas reformas previdenciárias, que resguardam os efeitos passados das
normas vigentes acrescendo exigências novas para a obtenção de vantagens ou do direito
visado, considerado o futuro, porém segundo percurso de aquisição mais favorável do que o
estabelecido pelas novas normas permanentes.
Elas adequam uma nova ordem a outra, totalmente distintas a anterior (Politicas,
Jurídicas, Econômicas e Sociais).
Ruptura com a ordem jurídica e política anteriores.

FINALIDADE: A finalidade do ADCT é estabelecer regras de transição entre o


ordenamento jurídico antigo e o novo, instituído pelo poder constituinte, de forma a evitar
confronto de normas com a mesma hierarquia. Visa estabelecer regras de transição das normas
constitucionais e de hierarquia diversa, em relação à nova ordem constitucional, por meio da
recepção.
Em suma, a principal finalidade do ADCT é fazer uma transição pacífica de um
ordenamento jurídico, à luz da Constituição, para outro.

NATUREZA: Possuem natureza de Norma Constitucional – supremacia.


Em razão da natureza constitucional, as normas do ADCT ou o acréscimo de novas
regras devem ser feitos por meio de Emendas Constitucionais (EC).
As novas regras eventualmente acrescidas também se sujeitam ao controle de
constitucionalidade (podem ser objeto do controle).

Obs.: Se a norma de transição do ADCT já tiver exaurida, nesse caso, não é


possível o poder Reformador modificar o sentido, pois a norma já produziu
seus efeitos.
Se o comando de transição ainda não tiver sido realizado e a regra ainda
produz efeitos, é possível sua alteração por EC, desde que obedecido os
limites do poder de reforma (art. 60).

CLASSIFICAÇÃO:
a-) PROPRIAMENTE DITAS: são as disposições típicas que regulam, de forma
transitória, determinadas relações, estabelecendo condições resolutas ou a termo.
Exemplo:
Art. 23. Até que se edite a regulamentação do art. 21, XVI, CF, os atuais ocupantes do
cargo de censor federal continuarão exercendo funções com este compatíveis, no Departamento
de Polícia Federal, observadas as disposições constitucionais. Parágrafo único. A lei referida
disporá sobre o aproveitamento dos censores federais, nos termos deste artigo.

b-) DE EFEITOS INSTANTÂNEOS E DEFINITIVOS: operam seus efeitos de forma


imediata ou no prazo estabelecido, sem o implemento de qualquer condição.
Exemplo:
Art. 13. É criado o Estado do Tocantins, pelo desmembramento da área descrita neste
artigo, dando-se sua instalação no quadragésimo sexto dia após a eleição prevista no § 3º, mas
não antes de 1º de janeiro de 1989.

c-) EFEITOS DIFERIDOS: suspendem os efeitos das normas constitucionais por prazo
determinado ou até a ocorrência de algum evento específico.
Exemplo:
art. 77 (art. que determina a data das eleições no 1.º domingo de outubro; e o 2.º turno,
se houver, no último domingo de outubro)

Obs.: Dentre as normas do ADCT, existem normas que asseguram direitos.

Ex. 1: art. 53 do ADCT estabelece direitos aos ex-combatentes da 2.ª Guerra Mundial.
Ex. 2: art. 68 do ADCT reconhece aos remanescentes das comunidades quilombolas a
propriedade definitiva das terras que estejam ocupando. Este direito, previsto como
fundamental, é considerado cláusula pétrea localizado no ADCT.
População indígena: possui o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos
lagos nelas existentes (art. 231, CF).
ADCT que garantiu o direito de propriedade (fundamental) aos quilombolas.
Assim sendo, determinados direitos abrigados do ADCT podem ser considerados
cláusulas pétreas desde que estejam relacionados no art. 60, § 4.º, inc. IV, CF/88.
- As regras não podem ser abolidas por Emenda Constitucional.

PODER CONSTITUINTE

(https://www.youtube.com/watch?v=l9GA1bXQPBQ)

Poder é uno, suas funções são divididas (Leg.Exec.Jud).


o Poder Constituinte surgiu no ápice do iluminismo, durante a revolução, como
justificação do poder popular para romper com o antigo regime. o poder não era mais
considerado uma atribuição divina outorgada por Deus, mas sim passava a repousar nas mãos
do povo. Assim como seu titular do poder, poderá reavê-lo em caso de ilegitimidade.
O poder se da por meio do Congresso Nacional – Eles são nossos representantes para
atender aos anseios sociais. Mas o povo pode apresentar projetos de leis (Atuamos de forma
direta e indireta).
O povo é o titular deste poder – quem da legitimidade é o povo.

Povo deve ser entendido como os brasileiros natos e naturalizados, definidos nos termos
do art. 12, CF/88.
PARTICIPAÇÃO INDIRETA: = Assembleia Constituinte (originário) ou Congresso
Nacional (derivado).
PARTICIPAÇÃO DIRETA = Iniciativa popular, Plebiscito, Referendo, Ação Popular.
É importante que haja participação política de toda a sociedade (maiorias e minorias) –
respeitando a pluralidade de forças culturais, políticas, sociais.
Segundo Karl Marx sobre PC:
Obs.: O poder constituído é uma manifestação do poder constituinte.

MANIFESTAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE

O HIATO CONSTITUCIONAL é quando o poder constituinte se manifesta.


Esse hiato é entendido como um momento de conflito entre o conteúdo da Constituição
vigente e a realidade social. A constituição não atende pelo apelo popular, o texto está em
conflito com a sociedade (Não há compatibilidade entre a Constituição política e os anseios da
sociedade).
É uma interrupção da dinâmica constitucional. Eventualmente, nem uma emenda é
capaz de proporcionar essa adequação entre o direito legislativo com a realidade social.
Durante o hiato constitucional, são quatro os fenômenos que podem acontecer:

1-) REFORMA CONSTITUCIONAL


A reforma constitucional corresponde a uma alteração no texto da Constituição pelo
poder constituinte derivado.
Podemos alterar a constituição sem necessariamente criar uma nova, por meio de
emendas constitucionais. Somente por meio delas é possível alterar, suprimir ou acrescentar
dispositivos constitucionais, nos exatos termos do art. 60, § 2.º.
A proposta de emenda deve ser discutida necessariamente nas duas casas do Congresso
Nacional, em dois turnos e aprovada pela votação, nesses turnos, de 3/5 dos seus membros.
Perante uma constituição rígida, este procedimento é mais dificultoso perante outras leis
(ordinárias).

2-) MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL


Surge com a manifestação do PC difuso.
Mudança na interpretação, sem alterar o texto.
Essa alteração na interpretação da norma conforme a realidade social evolutiva ocorre
informalmente, ou seja, sem qualquer previsão formal na própria Constituição - ao contrário do
que ocorre no caso de reforma constitucional (emenda constitucional).
Fruto do dinamismo das normas jurídicas, em que devem se adaptar à realidade e
valores sociais. Nele, há um leque de possibilidades, visto que “a ponta do Ice Berg são as leis e
mais ao fundo tem muitas possibilidades de interpretação.” - Base principiológica ampla.
Para ser legítima deve estar difundido por uma real demanda da coletividade.
Uma das formas de materialização da mutação constitucional ocorre por meio das
súmulas de jurisprudência do STF.
A mutação pode ocorrer em decorrência de tratado internacional de direitos humanos
internalizado pelo país ou pela própria atividade legislativa primária, quando lei
infraconstitucional é publicada dando nova regulamentação à dispositivo constitucional
(racismo).
Exemplo:
Antes: Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de preconceitos
de raça ou de cor.
Agora: Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

3-) ASSEMBLEIA CONSTITUINTE


Se forem insuficientes a mutação e emenda constitucionais, institui-se uma Assembleia
Nacional Constituinte com a atribuição de elaborar uma nova Constituição.
Exerce o poder constituinte originário em nome do povo (titular desse poder).

4-) HIATO AUTORITÁRIO


Outro possível fenômeno diante do hiato constitucional é o que a doutrina denominada
de hiato autoritário.
Nesta hipótese ocorre a outorga ilegítima e antidemocrática de uma nova Constituição.
Contudo, pela falta de legitimidade do povo, esse novo documento dente a sucumbir.
No Brasil, ocorreu durante os regimes autoritários que governaram o país: o Estado Novo e o
Ditadura Militar.
Formas de Exercício:

Há um consenso de que o poder pertence ao POVO, mas nem sempre é exercido


democraticamente. Por isso, pode se desencadear por meio de um golpe de Estado, uma
revolução ou um consenso político (consenso social e político).

PODER CONSTITUINTE DIFUSO

Chamado também de Mutação Constitucional.


O poder constituinte difuso é um poder de fato, informal e espontâneo (de alteração da
CF), exercido de forma indireta pôr em órgãos constituídos, como os Tribunais. Porém, não é
um poder ilimitado, pois lhe é vedado ferir determinados direitos e princípios estruturantes da
CF.
Poder Constituinte Derivado Reformador é a possibilidade de modificação da
Constituição, que se dá através das emendas constitucionais
Poder Constituinte Derivado decorrente é o poder investidos aos Estados Membros para
elaborar sua própria constituição. respeitada a supremacia da CF.

PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

Criação de uma nova ordem, sem limitação jurídica (porém, há autores que estipula uma
limitação mediante aos tratados internacionais e dignidade humana. Amém de território e
cultura).
A ruptura com a ordem jurídica. Seja por meio de nova Constituição, Decreto ou Ato
Institucional.
O poder constituinte é denominado originário quando rompe completamente com a
ordem jurídica anterior, instaurando outra completamente nova.
Também é chamado de:
- Inaugural/ Inicial/ Genuíno/ Poder constituinte de primeiro grau.
A nova ordem jurídica estabelecida pelo poder constituinte originário independe do
meio pelo qual se manifestou: podendo ser por meio de um movimento revolucionário ou de
uma assembleia nacional constituinte.
Surge, juridicamente, um novo Estado, a cada nova Constituição.

 CARACTERÍSTICAS DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO


1-) INICIAL: Inaugura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem
anterior para criar um novo Estado.

2-) AUTÔNOMO: Tem autonomia para estabelecer uma nova ordem jurídica (será
determinada autonomamente por quem está no exercício do poder constituinte originário).
A assembleia determina as novas regras como bem entender.

3-) ILIMITADO JURIDICAMENTE: Não encontra limites nas normas


constitucionais anteriores.
A doutrina jusnaturalista considera esse poder limitado pelo direito natural. Porém, a
doutrina positivista, adotada no Brasil, considera o poder originário PRÉ-JURÍDICO (sem
vínculo com outra constituição), pois a nova ordem jurídica constitucional começa com a
criação do novo Estado por meio da nova constituição.
ATENÇÃO: não significa que o poder constituinte originário seja absoluto ou
arbitrário. A doutrina moderna entende que existe uma LIMITAÇÃO POLÍTICA.
Se é a expressão da vontade política, encontra limites em valores morais, religiosos,
históricos e sociais de uma determinada sociedade. Assim, deve obedecer a padrões de conduta
incutidos na consciência coletiva da sociedade em que se manifesta.
 CONCLUSÃO: o poder constituinte originário é pré-jurídico e ilimitado
juridicamente (não obedece à ordem jurídica/constitucional anterior); mas possui limitação
política: a nova constituição deve materializar a vontade do povo. Para ser legítimo, não pode
afrontar valores refletidos em princípios supralegais de justiça, como, por ex., os direitos
humanos e a cultura de um povo (além da limitação espacial, decorrente do conceito de
soberania).
4-) INCONDICIONADO e SOBERANO: Em relação às suas decisões, sem qualquer
forma prefixada de manifestação. – Ele decide tudo.

5-) PODER DE FATO, POLÍTICO e SOCIAL: Proveniente de uma força social e


política, de natureza pré-jurídica (poder real da sociedade).

6-) PERMANENTE: Não se esgota após a nova Constituição. Este poder, titularizado
pelo povo, é expressão da liberdade humana de rever suas decisões e mudá-las a qualquer
momento.

Embora não se manifeste a todo o tempo, o que causaria insegurança jurídica, o poder
constituinte originário permanece latente até a superveniência de “momento constituinte”, que
justifique a RUPTURA da ordem jurídica vigente.
Nesse sentido, está apto a se manifestar a qualquer momento, quando, por exemplo,
convoca-se uma nova assembleia nacional constituinte.

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Slide 74 (Slide 05)


A NOVA CONSTITUIÇÃO E A ORDEM JURÍDICA ANTERIOR

(https://www.youtube.com/watch?v=KQx-nIGoa3U)

Quando ocorre um hiato o poder constituinte se manifesta, ocorre uma ruptura com a
ordem anterior. Ao inaugurar uma nova ordem, há a possibilidade das leis complementares,
ordinárias etc (as normas infraconstitucionais da constituição anterior) ainda vigorarem na nova
constituição não violam qualquer lei da atual.
Contudo, quando uma constituição enquanto norma fundamental for criada, todas as leis
que forem incompatíveis com a nova ordem jurídica serão automaticamente revogadas. Trata-se
do fenômeno da não recepção.

RECEPÇÃO DAS NORMAS PRÉ-CONSTITUCIONAIS

As normas pré-constitucionais (ordenamento jurídico infraconstitucional – abaixo da


CF), que não contrariarem os dispositivos da nova Constituição, continuam a ter validade,
sendo, portanto, recepcionadas pelo novo ordenamento jurídico.
 Em relação à recepção de NORMAS CONSTITUCIONAL, fala-se em RECEPÇÃO
MATERIAL exclusivamente das normas infraconstitucionais.
 Independe da FORMA.
 Compatibilidade com a MATERIA, independentemente da FORMA.
É impossível criar leis para uma constituição inteira, por isso utilizasse as leis anteriores
que não violem os direitos fundamentais, leis e regras da nova ordem constitucional. Nesse
caso, é realizada analises e estudos.
Para uma norma infraconstitucional ser recepcionada deve-se respeitar as seguintes
regras:
 1- A primeira condição é que a norma esteja EM VIGOR, na ordem anterior,
no momento do advento da nova Constituição.
 2- A norma não pode ter sido declarada inconstitucional sob a vigência da
Constituição anterior (deve ser compatível com Constituição anterior, formal e materialmente).
- Uma vez inconstitucional, mesmo que se adequa a nova ordem, não é possível torna-la
novamente constitucional
- O Brasil adota a TEORIA DA NULIDADE
 3- A última condição é a compatibilidade material com a Constituição
promulgada.
- Não importa a forma que a norma foi criada, pois só continuarão em vigor caso não
violem a matéria. A nova ordem revoga a constituição anterior, mas não necessariamente todas
as leis infraconstitucionais.
- Exemplo é o Código Penal (Decreto Lei n.º 2.848/1940). O Decreto Lei é um ato
normativo que não tem previsão na CF/88 – no entanto, foi recepcionado perante a ordem
constitucional 1988 como Lei Ordinária.
Ou seja, é admitida a recepção de uma Lei Ordinária, por exemplo da CF anterior,
como Lei Complementar no novo ordenamento. Foi publicada como lei ordinária, mas
recepcionada como lei complementar.

Quando a norma pré-constitucional não é recepcionada, ou seja, é incompatível com o


ordenamento estabelecido pela nova Constituição, esta é automaticamente revogada por falta de
recepção.
Esse fenômeno não se confunde com inconstitucionalidade: só se fala em
inconstitucionalidade de ato normativo perante a Constituição sob a qual foi publicada.
- Não significa que era inconstitucional, pelo contrário, quando a ordem antiga foi
promulgada, a lei obedecia a suas regras.
Não se admite a constitucionalidade superveniente de norma pré-constitucional:
A norma inconstitucional sob a vigência da Constituição anterior, mesmo sendo
constitucional perante a nova CF, não pode ser revigorada. Isso porque a inconstitucionalidade é
causa de nulidade absoluta, desde a edição da norma (nasce com vício insanável, natimorta –
Nasce inconstitucional, não pode se transformar em constitucional).
- Teoria da Nulidade – A norma nasce nula.
- A inconstitucionalidade nasce com a norma, no momento do seu nascimento era
constitucional, foi somente revogada.

REPRISTINAÇÃO

O fenômeno da repristinação ocorre quando uma lei elaborada na vigência de uma


determinada Constituição não é recepcionada pela Constituição subsequente, recém-
promulgada. Porém, com o advento de uma terceira Constituição, a norma volta a ter validade,
já que perfeitamente compatível com esta.
Norma A está produzindo seus efeitos até que uma norma B revoga-la. Mais tarde com
a promulgação de uma nova constituição, uma norma C revoga a B, logo a norma A voltara, no
BRASIL, a ser vigente?
Em regra, não! Apenas se essa norma C prescreva uma repristinação (vigência
reestabelecida determinada no texto).
Conforme entendimento do STF e como regra geral, o Brasil adotou a impossibilidade
do fenômeno da repristinação, salvo se a nova ordem jurídica expressamente determinar.

Ex.: uma lei produzida durante a CF/46 não é recepcionada pela CF/67, por ser
incompatível. Promulgada a CF/88, a lei produzida na vigência da CF/46, passa a ser
compatível. No entanto, não voltaria a produzir efeito.

DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO

Ocorre quando normas da Constituição anterior permanecem válidas na vigência da


nova ordem constitucional, porém com status de normas infraconstitucionais. Esse fenômeno
possibilita a sobrevivência de dispositivos constitucionais que, via de regra, perdem a validade
automaticamente com a nova Constituição.
É o fenômeno pelo qual as normas da Constituição anterior, desde que compatíveis com
a nova ordem, permanecem em vigor, mas com o status de lei infraconstitucional. Assim, as
normas da Constituição anterior são recepcionadas com o status de norma infraconstitucional
pela nova ordem.
 No Brasil não se admite o fenômeno da desconstitucionalização.
Em suma é a perda de Status de Norma Constitucional e vira Status de Norma
Infraconstitucional.
No Brasil, como ex., é possível citar a previsão expressa e inequívoca da Constituição
do Estado de São Paulo de 1967, que determinava o seguinte no art. 147: “consideram-se
vigentes, com caráter de lei ordinária, os artigos da Constituição promulgada em 09 de julho de
1947 que não contrariem esta constituição.”
RECEPÇÃO MATERIAL DE NORMAS CONSTITUCIONAIS

A recepção material de normas constitucionais garante a persistência dessas normas,


com status de constitucional, quando compatíveis com o novo ordenamento constitucional. Esse
fenômeno é excepcional, somente sendo admitido diante de previsão constitucional expressa.
- As normas constitucionais só poderão manter sua seu status na nova ordem se
expressamente na nova constituição.
É diferente da RECEPÇÃO, que se refere às normas infraconstitucionais.
Em regra, a revogação das normas constitucionais anteriores ocorre com a mera
manifestação do poder constituinte originário, obedecendo à compatibilidade horizontal de
normas de mesma hierarquia, segundo a qual a norma posterior revoga a anterior, mesmo se
com aquela compatível.
A CF/88 assegurou expressamente a vigência de determinados artigos da Constituição
anterior, de 1967, no ADCT.
Porém, tal recepção se deu em caráter precário e transitório, por prazo certo, a ex. do
art. 34, caput e § 1.º do ADCT:
Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do 1.º dia do 5.º mês
seguinte ao da promulgação da CF, mantido, até então, o da CF/1967, com a redação dada pela
EC n.º 1/1969, e pelas posteriores.
§ 1.º Entrarão em vigor com a promulgação da CF/88 os arts. 148, 149, 150, 154, I, 156,
III, e 159, I, c [...].

Obs:. Quando o supremo declara uma norma inconstitucional, não impede o


poder legislativo de criar uma nova norma igual para a nova ordem.
Caso contrário, fere a harmonia dos poderes.
Pois há a possibilidade de mudança na decisão, uma vez escolhida
inconstitucional, a nova norma pode ser considerada constitucional.

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