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Sumário
Direto do STF.......................................................................................................................7
Direto da Doutrina................................................................................................................7
Direto do TSE.......................................................................................................................8
Direto do STF.......................................................................................................................9
Direto do TSE.....................................................................................................................11
Direto do TSE.....................................................................................................................13
Direto do TSE.....................................................................................................................16
Direto do TSE.....................................................................................................................17
Direto da Doutrina..............................................................................................................17
Direto do TSE.....................................................................................................................18
Direto do TSE.....................................................................................................................18
Direto do TSE.....................................................................................................................20
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
Gastos Eleitorais..................................................................................................................21
Direto do TSE.....................................................................................................................25
Direto do TSE.....................................................................................................................26
Direto do TSE.....................................................................................................................27
Direto do TSE.....................................................................................................................30
Direto do TSE.....................................................................................................................31
Direto do TSE.....................................................................................................................32
Direto do TSE.....................................................................................................................33
Direto do TSE.....................................................................................................................34
Alto-Falante...........................................................................................................................35
Direto do TSE.....................................................................................................................36
Direto do TSE.....................................................................................................................37
Debates.................................................................................................................................37
Direto do TSE.....................................................................................................................39
Direto do TSE.....................................................................................................................40
Direto do TSE.....................................................................................................................41
Direto do TSE.....................................................................................................................43
3. Fundo Partidário...............................................................................................................47
Direto do TSE.....................................................................................................................47
Direto do TSE.....................................................................................................................49
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
Direto do TSE.....................................................................................................................54
Direto do STF.....................................................................................................................57
Direto do TSE.....................................................................................................................59
Direto do TSE.....................................................................................................................60
Direto do TSE.....................................................................................................................61
Bibliografia............................................................................................................................63
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
Weslei Machado
Weslei Machado é Promotor de Justiça no Ministério Público do Estado do Amazonas, Promotor Eleitoral
da 17ª Zona Eleitoral do Estado do Amazonas, Professor do Gran Cursos Online e Especialista em Direito
Constitucional – IDP. Também foi Analista Judiciário – Área Judiciária do TSE, cedido ao TJDFT, Assessor de
Desembargador no TJDFT e Professor e Assessor do curso de Direito da Universidade Católica de Brasília.
DIREITO ELEITORAL
MODIFICAÇÕES LEGISLATIVAS DE 2017/2019
Em nossa aula de hoje, trataremos das partes do Direito Eleitoral que sofreram altera-
ções nos anos de 2017 e de 2019. Nesses anos pré-eleições houve diversas modificações
legislativas, inclusive de índole constitucional. Com efeito, ocorreu a aprovação da Emenda à
Constituição n. 97/2017, com a modificação da matéria partidária para impedir a formação de
coligações para eleições majoritárias e previsão constitucional da cláusula de desempenho
para o exercício de direitos partidários.
Também, no âmbito infraconstitucional, verificaram-se importantes modificações promo-
vidas na Lei n. 9.504/1997, denominada de Lei das Eleições, para criar o Fundo Especial de
Financiamento de Campanha, modificar os prazos de domicílio eleitoral e de filiação parti-
dária, para fins de exercício do direito à elegibilidade, além de alterar regras sobre a arreca-
dação de recursos para campanhas eleitorais e sobre a prestação de contas de campanha,
entre outros.
Da mesma forma, houve a modificação da Lei n. 9.096/1995, a Lei dos Partidos Políticos,
pela Lei n. 13.488/2017, Lei n. 13.487/2017 e Lei n. 13.877/2019.
Com isso, nessa aula, vamos estudar os principais impactos dessas mudanças constitu-
cionais e legislativas nas diversas matérias do Direito Eleitoral promovidas nos anos de 2017
e de 2019. Não vamos analisar artigo por artigo, mas sim como, após as leis e a emenda
constitucional, ficaram os diversos institutos.
Vamos lá!!!
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado. A sua organização, registro
ou modificações estatutárias não dependem de autorização ou homologação de órgão estatal.
Exemplo ilustrativo relacionado ao princípio da autonomia partidária pode ser visto na
liberdade concedida a esses entes para adotar critérios de escolha e o regime de suas coli-
gações para o pleito majoritário.
Atualmente, os partidos políticos podem formar coligações com ampla liberdade, sem
a necessidade de submissão dessa deliberação à lei ou à vontade estatal. Com efeito, no
novo cenário normativo, posto pela Emenda à Constituição n. 52/2006, que acabou definitiva-
mente com a ideia de verticalização das coligações, inexiste impedimento para que partidos
formem uniões partidárias diversas nas esferas municipal, estadual/distrital e nacional.
A autonomia partidária também garante aos partidos políticos o direito de estabelecer o
cronograma de suas atividades para a realização das campanhas eleitorais. Na verdade, as
agremiações partidárias podem exercer esse direito, desde que respeitados os limites tem-
porais para a prática de atos eleitorais.
Assim, a fixação dos cronogramas de campanha somente poderá definir o período de
início das campanhas a partir do dia 15 de agosto do ano das eleições (limite legal previsto
no art. 36 a Lei n. 9.504/1997). Depois do dia 15 de agosto, o partido terá liberdade para a
fixação das datas e horários para a execução das campanhas eleitorais.
A esse respeito, veja o art. 3º, § 1º, da Lei n. 9.096/1995:
Art. 3º É assegurada, ao partido político, autonomia para definir sua estrutura interna, organização
e funcionamento.
§ 1º É assegurada aos candidatos, partidos políticos e coligações autonomia para definir o crono-
grama das atividades eleitorais de campanha e executá-lo em qualquer dia e horário, observados
os limites estabelecidos em lei. (grifo nosso)
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
DIRETO DO STF
AUTONOMIA PARTIDÁRIA. RESERVA CONSTITUCIONAL DE DISCIPLINAÇÃO ESTATU-
TÁRIA (CF, ART. 17, § 1º).
O postulado constitucional da autonomia partidária criou, em favor dos Partidos Políticos –
sempre que se tratar da definição de sua estrutura, de sua organização ou de seu interno
funcionamento – uma área de reserva estatutária absolutamente indevassável pela ação
normativa do Poder Público. Há, portanto, um domínio constitucionalmente delimitado, que
pré-exclui – por efeito de expressa cláusula constitucional (CF, art. 17, § 1º) – qualquer pos-
sibilidade de intervenção legislativa em tudo o que disser respeito à intimidade estrutural,
organizacional e operacional dos Partidos Políticos.
(ADI-MC 1407, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 24/11/2000)
Entretanto, segundo Nelson Nery Jr. (2017, p. 370), há limites ao exercício do direito de
autonomia pelas agremiações partidárias. Inadmitem-se cláusulas estatutárias que afrontem
normas constitucionais. Veja a referida lição doutrinária:
DIRETO DA DOUTRINA
De nossa parte, asseveramos que, nos partidos políticos, apesar de possuírem autonomia
para organizar sua estrutura interna (CF, art. 17, § 1º), a referida organização não poderá ser
destoante em relação aos demais preceitos constitucionais. Assim, os partidos não poderão
se estruturar de maneira não democrática, ou seja, além da atuação. A estruturação do par-
tido político deverá ser democrática, o que repercute em diversos pontos gerenciais do par-
tido, merecendo destaque a impossibilidade de expulsar membros ou filiados sem a obser-
vância do due process of law, ou então de praticar perseguição ideológica.
É mister destacar que, da mesma maneira que é importante garantir autonomia partidária
para os partidos se organizarem, também é imprescindível assegurar que o funcionamento
do partido nunca ponha em risco o correto funcionamento do Estado Democrático de Direito.
Até porque não faria sentido, sob o pretexto de garantir autonomia partidária dos partidos
políticos, que eles pudessem agir e se organizar de maneira contrária aos preceitos elemen-
tares da Constituição Federal, inclusive os insculpidos na CF.
No mesmo sentido caminhou a jurisprudência do TSE. Ao julgar o RPP 1417-96, DJE de
15/03/2016, o Ministro Henrique Neves da Silva consignou que "não há como se conceber
que em uma democracia os principais atores da representação popular não sejam, igual-
mente, democráticos. Este, inclusive, é o comando expresso no art. 17 da Constituição da
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
DIRETO DO TSE
Na linha da jurisprudência deste Tribunal, pode-se concluir que a autonomia partidária, ins-
culpida no art. 17, § 1º, da CF, não é absoluta. Ao revés, encontra limites nas balizas estabe-
lecidas no caput do art. 17 da Carta Magna, especialmente no que se refere à necessidade
de se observar o princípio democrático na organização interna dos Partidos Políticos.
(RPP 1417-96/DF, rel. designado Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, DJe de 15/03/2018)
No ponto, acrescento que esse entendimento gerou uma reação legislativa do Congresso
Nacional, que, pela Lei n. 13.831/2019, alterou o art. 3º da Lei dos Partidos Políticos, cujo
texto passou a ser o seguinte:
Art. 3º É assegurada, ao partido político, autonomia para definir sua estrutura interna, organização
e funcionamento.
(...)
§ 2º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir o prazo de duração dos mandatos
dos membros dos seus órgãos partidários permanentes ou provisórios.
§ 3º O prazo de vigência dos órgãos provisórios dos partidos políticos poderá ser de até 8 (oito) anos.
§ 4º Exaurido o prazo de vigência de um órgão partidário, ficam vedados a extinção automática do
órgão e o cancelamento de sua inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
De igual modo, delimitou o período de vigência desses órgãos, cuja composição é esco-
lhida pelas instâncias superiores do partido e não eleita, fortalecendo, por conseguinte, o
caráter democrático no seio das agremiações partidárias.
Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal fixou a ideia do exercício da autonomia
partidária limitada a preceitos constitucionais. Confira:
DIRETO DO STF
O princípio da igualdade material é prestigiado por ações afirmativas. No entanto, utilizar,
para qualquer outro fim, a diferença estabelecida com o objetivo de superar a discriminação
ofende o mesmo princípio da igualdade, que veda tratamento discriminatório fundado em cir-
cunstâncias que estão fora do controle das pessoas, como a raça, o sexo, a cor da pele ou
qualquer outra diferenciação arbitrariamente considerada.
Precedente do CEDAW.
3. A autonomia partidária não consagra regra que exima o partido do respeito incondicional
aos direitos fundamentais, pois é precisamente na artificiosa segmentação entre o público e
o privado que reside a principal forma de discriminação das mulheres.
(ADI 5617, rel. Min. Edson Fachin, DJe de 03/10/2018)
Para finalizar, vale lembrar a polêmica decisão do TSE, que novamente põe em discus-
são o princípio da autonomia partidária. Ao responder à Consulta n. 0603816-39/DF, aquele
Tribunal decidiu que “a previsão de reserva de vagas para a disputa de candidaturas propor-
cionais, inscrita no § 3º do artigo 10 da Lei n. 9.504/1997, deve ser observada para a compo-
sição das comissões executivas e diretórios nacionais, estaduais e municipais dos partidos
políticos, de suas comissões provisórias e demais órgãos equivalentes. (CTA n. 0603816-39/
DF, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 19/05/2020)”
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
Todavia, inicialmente, a Lei n. 9.096/1995 optou por instituir uma cláusula transitória, con-
tida nos seus artigos 56 e 57, válida até o ano de 2006, momento em que deveria o art. 13
(cláusula de barreira definitiva) começar a produzir efeitos.
Dessa forma, a partir de 2007, o art. 13 da Lei n. 9.096/1995 deveria, então, inaugurar a
produção de seus efeitos. Essa prescrição legal, não obstante, trazia disciplina mais severa
para a atribuição do direito ao funcionamento parlamentar e isso mitigaria o exercício desse
direito, bem como dos direitos ao acesso gratuito ao rádio e à televisão e ao recebimento do
fundo partidário da maioria dos partidos registrados no TSE.
À época, dos 27 partidos registrados, apenas 7 continuariam a exercer de forma plena
tais direitos.
Nesse contexto, o art. 13 da Lei n. 9.096/1995 foi declarado inconstitucional pelo Supremo
Tribunal Federal por violar o pluripartidarismo, o pluralismo político, a isonomia e a propor-
cionalidade/razoabilidade. Veja o julgado do Supremo Tribunal Federal que reconheceu a
incompatibilidade desse dispositivo com a Constituição Federal:
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DIRETO DO TSE
PARTIDO POLÍTICO. FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR. PROPAGANDA PARTIDÁRIA
GRATUITA. FUNDO PARTIDÁRIO.
Surge conflitante com a Constituição Federal lei que, em face da gradação de votos obtidos
por partido político, afasta o funcionamento parlamentar e reduz, substancialmente, o tempo
de propaganda partidária gratuita e a participação no rateio do Fundo Partidário.
(ADI n. 1.351, rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 30/03/2007)
Atente-se para o fato de que o Supremo Tribunal Federal não declarou a inconstitucionali-
dade da cláusula de barreira, pois a cláusula de barreira é uma exigência constitucional para
o exercício do direito ao funcionamento parlamentar.
Na verdade, a suprema Corte declarou a inconstitucionalidade apenas do teor do art. 13
da Lei n. 9.096/1995.
Diante dessa decisão e para solucionar a situação de ausência de norma, o Supremo
Tribunal Federal determinou que, até a criação de novos requisitos legais, deveriam ser apli-
cadas as regras de transição contidas nos artigos 56 e 57 da Lei dos Partidos Políticos, os
quais, contudo, foram revogados pela Lei n. 13.165/2015.
Atualmente, as disposições normativas relativas às cláusulas de barreira podem ser
encontradas no art. 17, § 3º da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda à
Constituição n. 97/2017, nos seguintes termos:
Art. 17. Omissis.
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão,
na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 97, de 2017)
I – obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos
votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo
de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela Emenda Constitu-
cional nº 97, de 2017)
II – tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço
das unidades da Federação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
Logo, para que uma agremiação partidária tenha direito a participar da distribuição dos
recursos do fundo partidário ou ter acesso a tempo gratuito no rádio e na televisão para a
transmissão de propaganda eleitoral (a propaganda partidária foi extinta), foram criados dois
blocos de requisitos, os quais são alternativos.
Preenchidos um dos requisitos constantes do art. 17 da CF/1988, as agremiações parti-
dárias terão o direito de acessar gratuitamente o rádio e a televisão na propaganda eleitoral
e de receber os recursos do fundo partidário.
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
Outra novidade trazida pela EC 97 foi a de assegurar o mandato ao candidato eleito por
partido que não preencher a cláusula de barreira, facultando-lhe a filiação a outro partido que
a tenha atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos recursos
do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão.
Quanto ao funcionamento parlamentar, em razão da declaração da inconstitucionalidade
do art. 13 e da revogação dos artigos 56 e 57, ambos da Lei n. 9.096/1995, inexiste, nesse
momento, uma cláusula de barreira. Para ser preenchida essa lacuna normativa, aguarda-se
a atuação legislativa do Congresso Nacional acerca da matéria.
Destaque-se, ainda, que a Lei das Eleições, nas disposições gerais, trata do direito de os
partidos políticos participarem das eleições e lançarem candidatos a cargos eletivos.
Especificamente em relação aos direitos titularizados pelas agremiações partidárias, o
registro no Tribunal Superior Eleitoral, de acordo com a Constituição Federal e com a Lei dos
Partidos Políticos, confere os seguintes direitos:
a) direito de participar do rateio dos recursos do fundo partidário;
b) direito de acesso gratuito ao rádio e à televisão, também denominado de direito
de antena;
c) exclusividade da sigla, denominação e dos símbolos.
Além desses direitos, o registro do partido político no Tribunal Superior Eleitoral constitui
requisito indispensável para que participe das eleições e possa lançar candidatos. Nesse
ponto, para participar das eleições, o partido político tem que ter registro deferido no TSE
pelo prazo de, pelo menos, seis meses antes da data das eleições.
Contudo, há, ainda, a exigência de que, além do registro no TSE, o partido político cons-
titua órgão de direção constituído na circunscrição do cargo, ou seja, para participar das elei-
ções para o cargo de Prefeito do Município de Barreirinha/AM, o partido tem que, até a data
da convenção partidária (20 de julho a 5 de agosto do ano das eleições), ter constituído o seu
diretório municipal.
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
Em regra, para concorrer a cargos eletivos, o cidadão deve estar filiado, pelo prazo
mínimo de seis meses antes da data das eleições, ao partido político pelo qual deseja con-
correr. A esse respeito, veja a previsão contida no art. 9º da Lei n. 9.504/1997:
Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva
circunscrição pelo prazo de seis meses e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo
prazo. (Redação dada pela Lei n. 13.488, de 2017)
Parágrafo único. Havendo fusão ou incorporação de partidos após o prazo estipulado no ca-
put, será considerada, para efeito de filiação partidária, a data de filiação do candidato ao partido
de origem.
Essa disposição legal, todavia, não impede que as agremiações estabeleçam em seus
estatutos prazos mais longos de filiação para que o cidadão possa por elas concorrer a
cargos eletivos. Uma vez estabelecido esse prazo no estatuto do partido, ele não poderá ser
aumentado no ano da eleição, nos termos do art. 20, parágrafo único, da Lei n. 9.096/1995.
Pode, nesse período, ser diminuído, mas, neste caso, limitado ao mínimo estabelecido
em lei – 6 meses antes do pleito. Nesse sentido:
DIRETO DO TSE
O art. 20 da Lei n. 9.096/1995 somente veda, em ano eleitoral, que se proceda, por alteração
estatutária, ao aumento do prazo mínimo de filiação, mas não à sua redução. Pet n. 403-04/
DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 08/09/2016.
(Pet n. 403-04/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, DJE de 30/09/2016).
Aliás, ressalte-se que, se o partido ao qual o cidadão é filiado participar de fusão ou incor-
poração, o prazo de filiação para fins de exercício do direito à elegibilidade será contado da
data da filiação ao partido originário, e não àquele resultante do processo da união partidária.
Aqui vale a pena abrir parênteses apenas para explicitar em que momento a filiação par-
tidária ganha realce na análise pela Justiça Eleitoral.
A filiação partidária é condição essencial para que o cidadão seja candidato, condição de
elegibilidade prevista no art. 14, § 3º, inciso V, da CF/1988. Essa condição de elegibilidade
deve ser informada nos autos do processo de requerimento de registro de candidatura.
A partir da reforma legislativa promovida pela Lei n. 13.877/2019, a filiação partidária
será comprovada a partir dos dados constantes em sistema da Justiça Eleitoral, alimentado
pelos partidos políticos, por seu órgão nacional, estadual ou municipal, após o deferimento
de pedido de filiação partidária.
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
Com a inscrição partidária inserida no sistema da Justiça Eleitoral, há o envio das infor-
mações aos juízes eleitorais, os quais devem arquivar e publicar a filiação partidária. Nesse
particular, ao receber a informação enviada pela Justiça Eleitoral, o juiz eleitoral deve arqui-
var e publicar a relação dos nomes de todos os seus filiados, da qual constará a data de filia-
ção, o número dos títulos eleitorais e das seções em que estão inscritos.
Atente-se para o fato de que essa relação publicada pela Justiça Eleitoral, que contém a
data de filiação, o número dos títulos eleitorais e a seção em que o filiado está inscrito será
o meio utilizado para a comprovação do tempo de filiação partidária para fins de exercício do
direito à elegibilidade.
Destaque-se, ainda, que, a partir da reforma eleitoral promovida pela Lei n. 13.877/2019,
inexiste a necessidade de envio de relações de filiados pelos partidos políticos, nos meses de
abril e outubro, para a Justiça Eleitoral. A partir dessa novidade, a Justiça Eleitoral, com base
nas informações constantes em seus sistemas informáticos, por meio de ato do juiz eleitoral,
publicará a relação dos filiados às agremiações partidárias.
Nos termos da jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, com a adaptação à reforma
legislativa, a filiação partidária deve ser atestada, em regra, mediante a relação de filiados
publicada pela Justiça Eleitoral, nos termos do art. 19 da Lei n. 9.096/1995, com a redação
dada pela Lei n. 13.877/2019 (AgR-REspe n. 2009-15/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, PSESS
de 11/11/2014).
Contudo, nos termos do Enunciado 20 da Súmula do TSE, "a prova de filiação partidária
daquele cujo nome não constou da relação de filiados de que trata o art. 19 da Lei 9.096/1995
pode ser realizada por outros elementos de convicção, salvo quando se tratar de documentos
produzidos unilateralmente, destituídos de fé pública" (adaptada à reforma legislativa).
Pode ocorrer, todavia, que a questão acerca da existência do vínculo de filiação partidária
do cidadão com o partido tenha sido objeto de processo específico, sendo discutido exaus-
tivamente o tema. Uma vez exaurida a discussão em processo específico sobre a filiação
partidária, não cabe nos autos do processo de pedido de registro de candidatura examinar
o acerto ou desacerto da decisão que a examinou, conforme estabelece o Enunciado 52 da
Súmula do TSE.
Não comprovada a filiação, o pedido de registro de candidatura deve ser indeferido pela
Justiça Eleitoral.
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DIREITO ELEITORAL
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DIRETO DO TSE
A distribuição dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC),
previsto nos artigos 16-C e 16-D, da Lei das Eleições, e do tempo de propaganda eleitoral
gratuita no rádio e na televisão, regulamentada nos arts. 47 e seguintes do mesmo diploma
legal, deve observar os percentuais mínimos de candidatura por gênero, nos termos do art.
10, § 3º, da Lei n. 9.504/1997, na linha da orientação firmada na Suprema Corte ao exame da
ADI 5617. No caso de percentual superior de candidaturas, impõe-se o acréscimo de recur-
sos do FEFC e do tempo de propaganda na mesma proporção.
(CTA n. 0600252-18, rel. Min. Rosa Weber, DJe de 15/08/2018)
Nessa linha, não podem ser custeadas despesas de candidaturas masculinas com recur-
sos destinados às femininas, sendo, contudo, permitido o pagamento de despesas comuns
com candidatos do gênero masculino e a transferência ao órgão partidário de verbas desti-
nadas ao custeio da sua cota-parte em despesas coletivas, bem como outros usos regulares
dos recursos provenientes da cota de gênero, desde que, em todos os casos, haja benefício
para campanhas femininas.
Inexistindo candidatura própria ou em coligação na circunscrição, é vedado o repasse
dos recursos do FEFC para outros partidos políticos ou para candidaturas desses mesmos
partidos. Ou seja, se numa eleição federal o partido X não lançar candidato, sozinho ou coli-
gado, o valor correspondente a sua cota do FEFC não pode ser redistribuído para os demais.
Por esse motivo, a exemplo do que ocorre com os recursos do Fundo Partidário, também
é vedado o repasse de recursos do FEFC, dentro ou fora da circunscrição, por partidos polí-
ticos ou candidatos a outros:
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DIREITO ELEITORAL
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DIRETO DO TSE
A proibição da destinação de recursos públicos para o financiamento da campanha de par-
tidos não coligados com a grei doadora não constitui situação nova no entendimento do
TSE, pois o § 1º do art. 19 da Res.–TSE 23.553 prevê, quanto aos valores distribuídos aos
diretórios nacionais, que, "inexistindo candidatura própria ou em coligação na circunscrição,
é vedada a distribuição dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha
(FEFC) para outros partidos políticos ou candidaturas desses mesmos partidos".
(REspe n. 0601193-81/AP, rel. Min. Sérgio Silveira Banhos, DJe de 12/12/2019)
Os recursos provenientes do FECF que não forem utilizados nas campanhas eleitorais
deverão ser devolvidos ao Tesouro Nacional, integralmente, por meio de Guia de Recolhi-
mento da União (GRU), no momento da apresentação da respectiva prestação de contas,
consoante estabelece o art. 11 da Res.–TSE n. 23.568/2018.
O emprego ilícito de recursos do FEFC, inclusive na hipótese de desvio de finalidade,
sujeitará os responsáveis e beneficiários às sanções do art. 30-A da Lei n. 9.504/1997 – cas-
sação do diploma –, sem prejuízo das demais cominações legais cabíveis, tais como o reco-
lhimento ao Tesouro do valor aplicado irregularmente.
As doações de pessoas físicas podem ser em dinheiro ou em bens e/ou serviços estimá-
veis em dinheiro. Não são aceitas doações em moedas virtuais, tais como bitcoin, ethereum,
litecoin, entre outras, consoante dispõe o art. 21, § 6º, da Res.–TSE n. 23.607/2019.
Como informa Olivar Coneglian (2018, p. 166):
DIRETO DA DOUTRINA
Em suma, pode-se doar qualquer coisa que tenha valor: dólar, iên, real, quadro de artista,
uso de uma linha telefônica por três meses, aluguel do prédio do comitê, pagamento de
tantos dias de refeição para o pessoal de apoio, pagamento do salário de três serventes,
tantos litros de água mineral, tantos litros de combustível, uma bicicleta, aparelho de som
do carro de som, o empréstimo do carro de som, cinco mil santinhos, três passagens de
avião etc.
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
Os bens e/ou serviços estimáveis em dinheiro doados por pessoas físicas devem cons-
tituir produto de seu próprio serviço, de suas atividades econômicas e, no caso dos bens,
devem integrar seu patrimônio. Nessa linha, confira:
DIRETO DO TSE
Não comprovação de receitas estimáveis (R$ 9.000,00). A ausência de comprovação de que
o doador do imóvel cedido à campanha era seu proprietário ou seu possuidor viola o art. 45,
III, da Res.–TSE n. 23.406/2014, que exige comprovação de que o bem integra o patrimônio
do doador, e dificulta a aferição da origem dos recursos.
(PC n. 977-95/DF, rel. Min. Luís Roberto Barroso, DJe de 16/12/2019)
DIRETO DO TSE
Por rendimento bruto deve-se compreender todas as rendas ou ganhos auferidos pelo
doador, tributáveis ou não tributáveis (como os rendimentos isentos – ex.: caderneta de
poupança). Porém, nesse conceito não se incluem empréstimos.
Caso seja ultrapassado esse limite, o doador fica sujeito a uma representação por
doação acima do limite legal cuja sanção é o pagamento de multa de 100% da quantia
em excesso, nos termos do art. 23, §3º, da Lei das Eleições.
No cômputo desse limite de 10% não se aplicam:
• As doações estimáveis em dinheiro relativas à utilização de bens móveis ou imóveis
de propriedade do doador ou à prestação de serviços próprios, desde que o valor esti-
mado não ultrapasse R$ 40.000,00 reais, nos termos do art. 23, § 7º, da Lei das Elei-
ções. Assim, se uma pessoa física ceder uma casa de sua propriedade, no valor de R$
30.000,00, para um candidato utilizá-la como seu comitê de campanha, esse valor não
será computado para fins de cálculo do limite de doação de 10%.
• As doações de pessoas físicas, candidatos ou partidos para custear honorários pela
prestação de serviços advocatícios e de contabilidade, nos termos do art. 23, § 10, da
Lei das Eleições.
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
Essa regra limitativa de depósitos em espécie em valor superior a R$ 1.064,00 deve ser
observada, inclusive, na hipótese de doações sucessivas realizadas por um mesmo doador
em um mesmo dia. Assim, é vedado a um mesmo doador, no mesmo dia, fazer, após dois
depósitos bancários de R$ 500,00 em dinheiro, um terceiro neste mesmo valor, pois o valor
diário para depósito bancário terá sido ultrapassado.
Destaco que, com a finalidade de apoiar candidato de sua preferência, qualquer elei-
tor pode realizar pessoalmente gastos totais até o valor de R$ 1.064,10 (mil e sessenta e
quatro reais e dez centavos), não sujeitos à contabilização, desde que não reembolsados,
nos termos do art. 27 da Lei das Eleições.
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
Nesse caso, não se trata de doação em dinheiro ao candidato para que este realize des-
pesas, pois, ainda que o valor esteja dentro desse limite, ele não deverá ser contabilizado
como doação, mas sim no pagamento direto de despesas do candidato pelo cidadão, tais
como, o salário da recepcionista do comitê do candidato, o valor devido a um cabo eleito-
ral pelo serviço de distribuição de santinho, o combustível para realização de uma carreata,
entre outras.
Ademais, esse valor não poderá ser reembolsado por fonte alguma e não será contabili-
zado na prestação de contas do candidato, nem na declaração de renda do cidadão.
Cumpre informar, por fim, que não se sujeita a esse limite de 10% o pagamento direto do
cidadão de honorários decorrentes da prestação de serviços advocatícios e de contabilidade,
relacionados às campanhas eleitorais e em favor destas, os quais não são considerados
gastos eleitorais, de modo que o cidadão poderá desembolsar para esses gastos valores
significativos.
De acordo com o art. 23, § 2-A, da Lei das Eleições, introduzido pela recentíssima Lei n.
13.878/2019, o candidato poderá usar recursos próprios em sua campanha até o total
de 10% dos limites previstos para gastos de campanha no cargo em que concorrer
(mais adiante vamos estudar os limites de gastos de campanha).
Desse modo, os candidatos mais ricos não poderão financiar exclusivamente com recur-
sos próprios suas campanhas eleitorais, como ocorreu nas eleições de 2018. Naquela opor-
tunidade, o único limite para o uso de recursos próprios era o próprio teto de gastos de cam-
panha. Confira um exemplo didático:
DIRETO DO TSE
Imagine, por hipótese, que FULANO é candidato ao cargo de prefeito no pleito de 2020.
Nos termos da sistemática adotada no art. 18-C da Lei das Eleições (que estudaremos
adiante), o teto de gastos para o cargo em disputa é de R$ 100.000,00. Nesse caso, FU-
LANO somente poderá injetar recursos próprios na sua campanha no valor máximo de R$
10.000,00. O restante, R$ 90.000,00 somente poderá advir de outras fontes, como doa-
ções recebidas de terceiros, de partidos, de outros candidatos, entre outras fontes.
É preciso que fique claro que a utilização de recursos próprios se constitui, na prática,
em uma doação do candidato para si mesmo, realizada na conta bancária específica de sua
campanha, pela qual transitam obrigatoriamente todos os valores financeiros arrecadados.
Nessa acepção, essas transferências também se sujeitam as regras estabelecidas no art. 23,
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
§ 4º da Lei das Eleições, ou seja, doações acima de R$ 1.064,00 reais devem ser realizadas
via transferência bancária ou cheque nominal cruzado, a fim de possibilitar a identificação da
origem dos recursos doados.
Os bens próprios do candidato somente podem ser utilizados na campanha eleitoral
quando demonstrado que já integravam seu patrimônio em período anterior ao pedido de
registro da respectiva candidatura.
Os partidos e candidatos podem aportar na campanha eleitoral, a título de recursos pró-
prios, valores obtidos mediante empréstimo junto a instituições bancárias autorizadas a fun-
cionar pelo Banco Central do Brasil.
No caso de candidatos, o art. 16 da Res.–TSE n. 23.607/2019, que cuida da prestação
de contas de campanha eleitoral, exige que:
• O empréstimo seja realizado mediante caução por bem integrante do seu patrimônio
no momento do registro de candidatura;
• Sua integral quitação em relação aos recursos aplicados em campanha.
GASTOS ELEITORAIS
O art. 26 da Lei das Eleições apresenta um rol exemplificativo daquilo que pode ser
considerado gasto eleitoral e, portanto, ser custeado com recursos arrecadados na campa-
nha, a saber:
Art. 26. São considerados gastos eleitorais, sujeitos a registro e aos limites fixados nesta Lei:
(Redação dada pela Lei nº 11.300, de 2006)
I – confecção de material impresso de qualquer natureza e tamanho, observado o disposto no § 3º
do art. 38 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013)
II – propaganda e publicidade direta ou indireta, por qualquer meio de divulgação, destinada a
conquistar votos;
III – aluguel de locais para a promoção de atos de campanha eleitoral;
IV – despesas com transporte ou deslocamento de candidato e de pessoal a serviço das can-
didaturas, observadas as exceções previstas no § 3º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
13.488, de 2017)
V – correspondência e despesas postais;
VI – despesas de instalação, organização e funcionamento de Comitês e serviços necessários
às eleições;
VII – remuneração ou gratificação de qualquer espécie a pessoal que preste serviços às candida-
turas ou aos comitês eleitorais;
VIII – montagem e operação de carros de som, de propaganda e assemelhados;
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Modificações Legislativas de 2017/2019
No que se refere aos incisos revogados do art. 26 da Lei das Eleições, cumpre informar
o seguinte:
• O inciso XI admitia o pagamento de cachê de artistas ou animadores de eventos rela-
cionados a campanha eleitoral. Esses pagamentos eram realizados pelos serviços
prestados nos chamados showmícios eleitorais, proibidos pelo art. 39, § 7º, da Lei
das Eleições.
• O inciso XII previa a confecção, aquisição e distribuição de camisetas, chaveiros e
outros brindes de campanha. Todavia, essa prática foi expressamente vedada pela Lei
n. 11.300/2006, que introduziu o § 6º no art. 39 da Lei das Eleições.
• Já o inciso XIV afirmava a possibilidade de aluguel de bens particulares para veicu-
lação, por qualquer meio, de propaganda eleitoral. Todavia, não se pode mais pagar
pelo espaço, em bens particulares, cedidos para a realização de propaganda eleitoral,
consoante informa o art. 37, § 8º, da Lei das Eleições.
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
panha serem transferidos como sobras de campanha: (i) ao Tesouro Nacional se utili-
zados recursos do FEFC; (ii) ao partido político, via conta Fundo Partidário ou Outros
Recursos, a depender da origem dos recursos.
• Apesar do inciso XVI incluir nos gastos eleitorais multas aplicadas a partidos e candi-
datos por infração à legislação eleitoral, José Jairo Gomes (2017, p. 442) nos lembra
“que não se admite o uso de recursos do Fundo Partidário para sua quitação”. Acres-
centamos que também os recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campa-
nha – FEFC não podem ser utilizados para essa finalidade.
O § 1º do art. 26 da Lei das Eleições estabelece ainda parâmetros a serem observados
no custeio de gastos eleitorais, quais sejam:
Art. 26. Omissis.
§ 1º São estabelecidos os seguintes limites com relação ao total do gasto da campanha: (Redação
dada pela Lei nº 13.488, de 2017)
I - alimentação do pessoal que presta serviços às candidaturas ou aos comitês eleitorais: 10% (dez
por cento); (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)
II - aluguel de veículos automotores: 20% (vinte por cento). (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)
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Modificações Legislativas de 2017/2019
Também não são considerados gastos eleitorais as multas aplicadas por propaganda
antecipada, as quais deverão ser arcadas pelos responsáveis, ainda que aplicadas a quem
venha a se tornar candidato, conforme determina o art. 37, parágrafo único da Res.–TSE n.
23.607/2019.
Em regra, os recursos arrecadados durante a campanha devem ser gastos no período
eleitoral.
Esses gastos se efetivam na data da sua contratação, independentemente da realiza-
ção do seu pagamento, e devem ser registrados na prestação de contas no ato da sua
contratação.
A realização de gastos eleitorais somente pode ocorrer a partir da data da con-
venção partidária e desde que o candidato ou partido já tenha procedido, cumulativa-
mente, ao pedido de registro de candidatura e à abertura de conta bancária específica
de campanha.
Contudo, excepcionam-se os gastos destinados à preparação da campanha e à insta-
lação física ou de página de internet de comitês de campanha de candidatos e de partidos
políticos, que poderão ser contratados a partir da data efetiva da realização da respectiva
convenção partidária, desde que o desembolso financeiro ocorra apenas depois da aber-
tura da conta bancária específica de campanha, ou no caso de doações estimáveis em
dinheiro, da emissão de recibos eleitorais, consoante estabelece o art. 36, § 2º da Res.–
TSE n. 23.607/2019.
Os gastos de natureza financeira somente podem ser realizados mediante cheque nomi-
nal ou transferência bancária. Excepcionam-se somente as despesas individuais de pequeno
valor que podem ser pagas em espécies pelo chamado “fundo de caixa” – pequena reserva
em dinheiro que o partido pode manter ao longo da campanha. Não obstante isso, todas
essas despesas devem ser contabilizadas na prestação de contas.
Até as eleições de 2014, o teto de gastos era regulado pelo art. 17-A da Lei das Eleições,
hoje já revogado. Segundo esse dispositivo legal derrogado, “a cada eleição caberia à lei,
observadas as peculiaridades locais, fixar até o dia 10 de junho de cada ano eleitoral o limite
dos gastos de campanha para os cargos em disputa; não sendo editada lei até a data esta-
belecida, caberá a cada partido político fixar o limite de gastos, comunicando à Justiça
Eleitoral, que dará a essas informações ampla publicidade.”
Considerando a inexistência da referida lei, na prática, o partido, no momento do registro
da candidatura, arbitrava o valor máximo da campanha, podendo, ao longo do processo elei-
toral, modificá-lo, desde que justificadamente.
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
A fim de primar pela igualdade de chances entre os candidatos, evitar a captura do can-
didato pelo poder econômico e, principalmente, diminuir os gastos de campanha, a Lei n.
13.165/2015 decidiu estabelecer parâmetros para definição de tetos máximos de gastos de
campanha para cada cargo, os quais deveriam ser observados nas eleições de 2016. Nesse
sentido, confira:
DIRETO DO TSE
A imposição de um limite de gastos de campanha uniforme para todos os candidatos para
cada cargo em disputa foi novidade introduzida pela Lei n. 13.165/2015, aplicada a partir das
Eleições de 2016. Até então, vigorava um sistema de autorregulação de gastos eleitorais, no
qual os próprios partidos políticos fixavam os limites a que seus candidatos estariam sujeitos.
A partir dessa alteração legislativa, os limites de gastos de campanha, regulados pelo art. 18
da Lei n. 9.504/1997, passaram a desempenhar o relevantíssimo papel de assegurar a pari-
dade de armas entre os candidatos, evitando que candidatos mais ricos ou com maior acesso
a recursos financeiros fiquem em posição de vantagem em relação aos demais competido-
res. Além disso, trata-se de medida eficaz para frear a escalada dos custos de campanha.
(REspe n. 751-46/RN, rel. Min. Admar Gonzaga, DJe de 03/08/2018)
Segundo esse normativo, o Tribunal Superior Eleitoral seria o responsável pela fixação
dos valores máximos, observados os parâmetros estabelecidos em lei específica, que, no
caso, foram veiculados, em artigos autônomos, na própria Lei n. 13.165/2015.
Para as eleições de 2018, essa sistemática foi novamente alterada. Nos termos da nova
redação dada pela Lei n. 13.488/2017 ao art. 18 da Lei das Eleições, a definição dos limi-
tes de gastos passou a ser de competência do Poder Legislativo, cabendo ao TSE apenas
divulgá-los. Na própria Lei n. 13.488/2017, art. 5º ao 7º, esses limites máximos foram esta-
belecidos. Contudo, ficou expresso que tais valores somente valeriam para o pleito de 2018,
estando esses artigos já revogados pela Lei n. 13.488/2017.
Considerando a proximidade das eleições municipais e a necessidade de fixação
de um teto de gastos para o pleito, o legislador editou a Lei n. 13.878/2019, que intro-
duziu o art. 18-C na Lei das Eleições, cuja redação é a seguinte:
Art. 18-C. O limite de gastos nas campanhas dos candidatos às eleições para prefeito e vereador,
na respectiva circunscrição, será equivalente ao limite para os respectivos cargos nas eleições de
2016, atualizado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), aferido pela Fun-
dação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou por índice que o substituir.
Parágrafo único. Nas campanhas para segundo turno das eleições para prefeito, onde houver,
o limite de gastos de cada candidato será de 40% (quarenta por cento) do limite previsto no caput
deste artigo.
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
Excetuam-se para fins de apuração desse limite – embora sejam consideradas gastos
eleitorais – as despesas com consultoria, assessoria e pagamento de honorários realizadas
em decorrência da prestação de serviços advocatícios e de contabilidade no curso das cam-
panhas eleitorais.
Consoante estabelece o art. 31 da Lei das Eleições, caso as doações de pessoas físicas
a candidatos, somadas aos recursos públicos, excedam o limite de gastos permitido para a
respectiva campanha – as chamadas sobras de campanha –, o candidato deve abster-se de
apropriar-se do excedente, conforme já mencionamos. Ao revés, deve, após o trânsito em
julgado da decisão sobre a prestação de contas, transferir o valor excedente para o órgão
diretivo do partido na circunscrição.
DIRETO DO TSE
A enumeração de ressalvas excludentes de ilicitude do art. 37 da Lei n. 9.504/97 é taxativa
e não exemplificativa.
(Ac. 16.177, rel. Min. Nelson Jobim, DJ de 16/11/1999)
Nos termos do art. 98 do Código Civil, “bens públicos são aqueles de domínio nacional
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares,
seja qual for a pessoa a que pertencerem.”
As pessoas jurídicas de direito público interno são a União, os estados, os municípios e
o Distrito Federal.
A doutrina civilista majoritária também considera, como bem público, o bem particular que
esteja afetado (sendo utilizado) para a prestação de serviços públicos.
Os bens públicos podem ser classificados quanto à destinação em:
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
• Bens de uso geral ou comum do povo – São os bens destinados à utilização do público
em geral, sem necessidade de permissão especial, tais como praças, jardins, ruas,
estradas, mares, rios, praias etc.
• Bens de uso especial – São os edifícios e terrenos utilizados (afetados) pelo Estado
para a prestação de determinado serviço público, tais como as universidades, aero-
portos, veículos oficiais etc.
• Bens dominicais ou dominiais – São os bens públicos que constituem o patrimônio
disponível e alienável da pessoa jurídica de Direito Público, tais como terrenos de
marinha, as terras devolutas, as estradas de ferro, as ilhas formadas em rios nave-
gáveis, os sítios arqueológicos, as jazidas de minerais com interesse público, o mar
territorial etc.
Ainda que se considere o conceito mais amplo de bem público do Direito Civil, que abarca
os bens particulares afetados à prestação de um serviço público, esse enquadramento é
menos abrangente que o utilizado no Direito Eleitoral.
Para o Direito Eleitoral, bens públicos são todos os reconhecidos pelo Direito Civil – bens
de uso comum, de uso especial e dominiais –, acrescidos dos bens aos quais a população
tem acesso em geral, tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, giná-
sios, ainda que de propriedade privada.
No Direito Eleitoral, portanto, o conceito de bens de uso comum não se restringe aos
bens públicos destinados à utilização do público em geral, alcançando também bens particu-
lares, desde que seja livre o acesso da população a esses locais.
Para o Direito Eleitoral, a característica principal para se identificar se um bem privado é
considerado bem público de uso comum é o livre acesso da população ao local. Assim o TSE
já decidiu:
DIRETO DO TSE
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. REPRE-
SENTAÇÃO. PROPAGANDA ELEITORAL. CARTAZ EM RESTAURANTE. BEM DE USO
COMUM PARA FINS ELEITORAIS.
Restaurante é bem de uso comum para fins eleitorais. Interpretação do artigo 37, caput, da
Lei n. 9.504/1997 (na atual redação conferida pela Lei n. 11.300/2006).
(AG n. 8652/SP, rel. Min. Eros Grau, DJ de 27/08/2008)
Com efeito, quando fizermos referência à propaganda em bens públicos, considere inclusos,
além dos bens de propriedade das pessoas jurídicas de direito público interno (União, Estados,
Distrito Federal e municípios), também aqueles de propriedade privada que estejam afetados
(destinados) à utilização de serviços públicos ou que sejam de livre acesso da população em geral.
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
Essa definição, na amplitude aqui definida, tem previsão legal no art. 37, §4º, da Lei n.
9.504/1997.
Art. 37, §4º Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pela Lei n. 10.406, de
10 de janeiro de 2002 – Código Civil – e também aqueles a que a população em geral tem acesso,
tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de
propriedade privada.
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
c) Lojas;
d) Centros comerciais;
e) Templos;
f) Ginásios;
g) Estádios (TSE, AgR-Respe n. 25.876, DJE de 01/09/2009);
h) Restaurantes
3) Que dependa de cessão ou permissão do poder público, ou seja, nos bens parti-
culares afetados à prestação de serviços públicos. Incluem-se aqui bens que, embora
sejam, a priori, de particulares, são utilizados na prestação de serviços públicos,
tais como:
a) Táxis;
b) Ônibus;
c) Escolas particulares (REspe n. 25.263, DJe de 14/10/2005);
d) Hospitais particulares;
Como exceção à regra, temos a previsão do art. 37, § 6º da Lei n. 9.504/1997, que per-
mite a colocação de mesas para a distribuição de material de campanha e bandeiras ao
longo das vias públicas, desde que os artefatos sejam móveis e não dificultem o trânsito de
pessoas e veículos. Confira o dispositivo:
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DIREITO ELEITORAL
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A mobilidade a que se refere a lei revela-se na colocação e retirada dos meios de propa-
ganda entre as seis e as vinte e duas horas, nos termos do art. 36, §7º, da Lei das Eleições.
O TSE entende que a permanência do meio propagandístico fora do horário permitido lhe
retira o caráter de mobilidade. Nesse sentido:
DIRETO DO TSE
PROPAGANDA ELEITORAL EM BENS PÚBLICOS. IMPOSIÇÃO DE MULTA.
A permanência da propaganda em via pública após as 22h afasta o caráter móvel do artefato,
a teor do § 7º do art. 37 da Lei das Eleições, e acarreta a aplicação da sanção prevista no §
1º do mesmo dispositivo legal.
[...]
Agravo regimental a que se nega provimento.
(Respe n. 3417-20/PR, rel. Min. Henrique Neves, DJe 15/12/2015)
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
DIRETO DO TSE
A distribuição de material gráfico de propaganda eleitoral em estabelecimentos comerciais
(no caso: loja de sapatos, padaria, ótica, loja de presentes, lanchonete, loja de cosméticos e
cafeteria) configura propaganda eleitoral irregular.
A despeito de o § 1º do art. 37 da Lei das Eleições condicionar a incidência de multa ao prévio
descumprimento da ordem judicial de restauração do bem em que foi veiculada a propa-
ganda, o caso vertente revela situação excepcional.
A distribuição, em bens públicos ou de uso comum, de folhetos avulsos de propaganda a
eleitores configura infração de caráter instantâneo, que afasta qualquer possibilidade de res-
tauração do bem ou retirada da publicidade e, precisamente por isso, torna-se despicienda,
para a incidência da multa do art. 37, § 1º, da Lei das Eleições, a prévia notificação do res-
ponsável. Precedente.
(REspe n. 0605160-95/SP, rel. Min. Og Fernandes, DJe de 07/08/2019)
Ao candidato que realizar propaganda eleitoral irregular em bem público a legislação elei-
toral prevê a pena de multa no valor de R$ 2.000,00 a R$ 8.000,00 nos termos do art. 37, §
1º, da Lei n. 9.504/1997.
A propaganda eleitoral pode ser realizada pelo próprio candidato em benefício de sua
candidatura, por partido/coligação ou mesmo por terceiros em prol de algum candidato.
Na hipótese de o autor e o beneficiário serem diferentes, não se exige a formação de litis-
consórcio passivo necessário entre quem praticou o ato e o candidato beneficiado, sobretudo
porque nem sempre é possível identificar o autor do ilícito.
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
Nos termos do art. 32, § 2º, da Lei das Eleições, com redação dada pela Lei n. 13.488/2017,
a propaganda eleitoral em bem particular, assim como em bem público, é, em regra, vedada.
Há, contudo, exceção, como veremos no decorrer da aula.
Como já foi dito no estudo sobre bens públicos, nem todos os bens considerados particu-
lares pelo Direito Civil são assim compreendidos pelo Direito Eleitoral.
A diferença significativa funda-se no fato de determinados bens particulares de acesso
geral à população serem considerados, para fins eleitorais, bens públicos, tais como, lojas,
cinemas, estádios etc.
Lembrando, ainda, que determinados bens de particulares afetados à prestação de ser-
viços públicos também são considerados bens públicos, a exemplo de bancas de revista,
ônibus destinado ao transporte urbano etc., de modo que incidem as regras de proibição de
propaganda em bem público para esses bens.
Assim, bens particulares são aqueles de propriedade privada que não estejam afetados à
realização de serviços públicos e o acesso seja limitado a seus proprietários ou àqueles por
eles autorizados, como, por exemplo, um condomínio fechado. Confira:
DIRETO DO TSE
A fixação de propaganda eleitoral em condomínio residencial fechado não caracteriza ofensa
ao art. 37 da Lei n. 9.504/1997, pois as áreas destinadas ao uso dos condôminos não se
equiparam às que a população em geral tem acesso.
(REspe n. 85130/MG, rel. Min. Castro Meira, DJe de 18/09/2014)
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
A legislação atual permite a propaganda eleitoral em bem particular apenas por meio de
adesivo ou em papel, com limite máximo de meio metro quadrado, nos termos do art. 37, §
2º, II, da Lei n. 9.504/1997.
A Res.–TSE n. 23.610/2019, que cuida da propaganda eleitoral para as eleições, acres-
centa que a justaposição de adesivo ou papel cuja dimensão exceda ao limite permitido con-
figura propaganda eleitoral irregular, em razão do efeito visual único, ainda que a publicidade,
individualmente, tenha respeitado o limite legal.
Segundo o TSE, é vedada a propaganda eleitoral em bem particular de artefatos pro-
pagandísticos que, embora individualmente considerados atendam ao tamanho permitido,
juntos produzam efeito visual maior do que o permitido pela lei. É o chamado “efeito visual
único”, que estudaremos com mais detalhes a seguir. Confira:
DIRETO DO TSE
Tribunal de origem, por maioria, reconheceu a existência de propaganda eleitoral irregu-
lar, em razão da veiculação de placas justapostas que formavam, no conjunto, engenho
com efeito de outdoor, com dimensão superior ao limite de 0,5 m² (meio metro quadrado),
impondo a sanção de multa prevista no art. 39, § 8º, da Lei n. 9.504/1997.
(AI n. 0601459-40/RO, rel. Min. Sérgio Silveira Banhos, DJe de 26/11/2019)
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
A situação que requer uma análise mais cautelosa refere-se aos casos em que o candi-
dato não é autor da propaganda, mas apenas seu beneficiário.
Nestes casos, a inicial deve demonstrar, ao menos, o prévio conhecimento do fato delitu-
oso pelo candidato, o que pode ser aferido com base nas circunstâncias e nas peculiaridades
do caso concreto. Com esse entendimento, veja o seguinte caso julgado pelo TSE:
DIRETO DO TSE
Nos termos do parágrafo único do art. 40-B da Lei n. 9.504/97, é possível responsabilizar
candidato beneficiado por propaganda irregular "se as circunstâncias e as peculiaridades do
caso específico revelarem a impossibilidade de o beneficiário não ter tido conhecimento da
propaganda". Precedentes.
No caso, o TRE/SE assentou o prévio conhecimento unicamente porque "a circulação de
carro pela cidade de Itabaiana contendo adesivo de campanha em dimensão bastante supe-
rior a meio metro quadrado, e em justaposição, não passaria despercebida pelo candidato
em pleno período de campanha eleitoral".
(REspe n. 0600822-08/SE, rel. Min. Jorge Mussi, 03/05/2019)
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
ALTO-FALANTE
A propaganda eleitoral pelo uso de alto-falante, fixo ou móvel, é bastante antiga e muito
comum, especialmente nas pequenas cidades.
Em termos grosseiros, alto-falante é qualquer equipamento que consiga ampliar o som.
Os de uso fixo são, intuitivamente, aqueles que são fixados em determinado local por um
período, a fim de ampliar o som para as proximidades. A legislação eleitoral permite seu uso
apenas nas sedes do partido ou de comitês. Um candidato ou cabo eleitoral não pode montar
esse tipo de equipamento em sua propriedade com o fito de divulgar propaganda eleitoral.
Já em relação ao alto-falante móvel, a legislação eleitoral preocupou-se em defini-lo com
maior precisão.
Para fins legais, nos termos do art. 39, §12, da Lei n. 9.504/1997, considera-se:
• Carro de som: veículo automotor que usa equipamento de som com potência nominal
de amplificação de, no máximo, 10.000 (dez mil) watts;
• Mini trio: veículo automotor que usa equipamento de som com potência nominal de
amplificação maior que 10.000 (dez mil) watts e até 20.000 (vinte mil) watts;
• Trio elétrico: veículo automotor que usa equipamento de som com potência nominal de
amplificação maior que 20.000 (vinte mil) watts.
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DIREITO ELEITORAL
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Logo, somente se admite a realização do comício até quinta-feira, podendo o ato ini-
ciado nesse dia se estender até as 2 horas da madrugada da sexta-feira anterior à eleição. A
título exemplificativo, no calendário eleitoral das Eleições de 2020, o Tribunal Superior Elei-
toral estabeleceu que o comício pode ocorrer até o dia 1º de outubro de 2020, quinta-feira,
podendo se prorrogar até as 2 horas da madrugada da sexta, conforme se vê na Resolução–
TSE n. 23.606/2020:
OUTUBRO DE 2020
1º de outubro - quinta-feira (3 dias antes)
3. Último dia para propaganda política mediante reuniões públicas ou promoção de comícios e
utilização de aparelhagem de sonorização fixa, entre as 8h (oito horas) e as 24h (vinte e quatro
horas), com exceção do comício de encerramento da campanha, que poderá ser prorrogado por
mais 2 (duas) horas (Código Eleitoral, art. 240, parágrafo único e Lei n° 9.504/1997, art. 39, §§ 4º).
Já a utilização do alto-falante móvel pode ocorrer entre as oito e as vinte e duas horas,
nos termos do art. 39, § 9º, da Lei n. 9.504/1997.
Ambos os tipos, fixos ou móveis, são permitidos até o dia anterior às eleições. Com esse
entendimento, veja o seguinte julgado:
DIRETO DO TSE
A permissão para propaganda eleitoral por meio de alto-falantes ou amplificadores de som até
a véspera do dia da votação não se limita aos equipamentos imóveis, abrangendo também
os móveis, ou seja, os que estejam instalados em veículos.
(MS n. 926-17/DF, rel. Min. Fernando Neves, DJ de 13/12/2002)
Observado o horário estabelecido pela lei (oito às vinte e duas horas) é permitida a cir-
culação pela cidade de carros de som e minitrios (alto-falante móvel) como meio de propa-
ganda eleitoral, desde que observado o limite de 80 (oitenta) decibéis de nível de pressão
sonora (nível de ruído), medido a 7 (sete) metros de distância do veículo, mas apenas em
carreatas, caminhadas e passeatas ou durante reuniões e comícios, conforme recente
alteração promovida pela Lei n. 13.488/2017, que alterou o § 11º da Lei n. 9.504/1997.
Todavia, é vedado, em qualquer horário, nos termos do art. 39, § 3º, da Lei n. 9.504/1997,
o uso de alto-falante, fixo ou móvel (carro de som e minitrio), em distância inferior a duzen-
tos metros:
• das sedes dos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, das sedes dos Tribunais Judiciais, e dos quartéis e outros
estabelecimentos militares;
• dos hospitais e casas de saúde;
• das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros, quando em funcionamento.
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Não existe previsão específica para sancionar a utilização indevida de alto-falante fixo ou
móvel. A esse respeito, veja o seguinte julgado:
DIRETO DO TSE
PROPAGANDA ELEITORAL. ALTO-FALANTES OU AMPLIFICADORES DE SOM. PARÁ-
GRAFO 3º DO ARTIGO 39 DA LEI N. 9.504/1997. SANÇÃO. INEXISTÊNCIA.
A transgressão ao § 3º do artigo 39 da Lei n. 9.504/1997 gera providência administrativa
para fazer cessá-la, não havendo campo para a incidência de multa, ante ausência de pre-
visão legal.
(REspe n. 42388-94/PA, rel. Min. Marco Aurélio, DJe de 14/09/2012)
Nada impede, contudo, que o juiz eleitoral, no exercício do poder de polícia, determine a
cessação do ato irregular e, em caso de descumprimento, puna o infrator por delito de deso-
bediência, previsto no art. 347 do Código Eleitoral.
No entanto, se a desobediência à norma ocorrer no dia da eleição, o ato é considerado
crime punível com detenção de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de ser-
viços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de R$5.320,50 a R$15.961,50,
nos termos do art. 39, §5º, da Lei n. 9.504/1997.
DEBATES
• Eventuais novas totalizações do resultado para a Câmara dos Deputados que ocorre-
rem até o dia 20 de julho do ano da eleição, bem como eventuais novas eleições para
o Senado Federal ocorridas até a mesma data;
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• Não poderá haver deliberação pela exclusão de candidato cuja presença seja assegu-
rada na forma da Lei; e
• Não poderá haver deliberação pela exclusão de candidato cuja participação seja facul-
tativa e que tenha sido convidado pela emissora de rádio ou de televisão.
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DIRETO DO TSE
Estando comprovado o convite para participar de debate em televisão aos dois únicos candi-
datos, se apenas um compareceu, em princípio pode o programa realizar-se, sem que fique
configurado tratamento privilegiado.
(REspe n. 19433/2002, rel. Min. Fernando Neves, DJ de 23/08/2002)
Natureza Jurídica
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Em reforço à ideia de que os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado
desvinculadas da tutela do Estado, salvo em raríssimas exceções que veremos a seguir, o
art. 17, § 1º, da CF/1988 lhes concebe autonomia para definir sua organização e funciona-
mento. Confira:
Art. 17. Omissis
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer
regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações
nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatorie-
dade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal,
devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
Não obstante ostentarem natureza jurídica de pessoa jurídica de direito privado, a conta-
bilidade anual e a relativa à eleição, referente a recursos públicos e privados, são submeti-
das à aprovação pela Justiça Eleitoral. Nesse sentido, confira julgado proferido pelo Tribunal
Superior Eleitoral:
DIRETO DO TSE
Não há distinção entre os recursos públicos e os recursos próprios do partido no que con-
cerne ao dever de prestar contas anuais. Em que pese tratar-se de pessoa jurídica de direito
privado, os partidos se submetem ao controle dessa Justiça Especializada, que deve verificar
possíveis indícios de prática financeira ilegal, recursos recebidos de origem não identificada
e de fontes vedadas e destinações ilícitas.
(PC n. 30672/DF, rel. Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, DJe de 07/05/2019)
Outra peculiaridade que importa para o nosso estudo se revela no fato de a Lei n.
12.016/2009 – Lei do Mandado de Segurança – ter equiparado os dirigentes, representantes
ou órgãos de partidos políticos a autoridades públicas, de modo que contra seus atos é cabí-
vel a impetração de Mandado de Segurança.
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DIRETO DO TSE
Para que o pedido de registro de partido seja deferido, é necessário que se cumpram os
requisitos dispostos no art. 8º da Lei n. 9.096/95. Só então é que se poderá registrar o esta-
tuto nesta Corte (art. 7º da Lei n. 9.096/1995), observando, inclusive, o § 1º do art. 7º da Lei
dos Partidos Políticos.
(RGP n. 302/RN, rel. Min. Luiz Carlos Madeira, DJ de 05/08/2005)
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Nessa fase, os partidos em formação têm o direito de obter, no respectivo cartório eleitoral, a
lista de eleitores com informações sobre o nome, o número do título e a eventual filiação a partido
político, vedada a divulgação de outros dados, nos termos do art. 19 da Res.–TSE n. 23.571/2018.
Realizada a filiação partidária junto ao partido político, deve-se fazer sua anotação no
cadastro eleitoral. Essa anotação viabiliza a verificação do cumprimento dos prazos de filia-
ção partidária para fins de exercício do direito à elegibilidade.
Para tanto, conforme modificação promovida pela Lei n. 13.877/2019, o partido político,
por seus órgãos de direção municipais, regionais ou nacional, deverá inserir os dados do
filiado no sistema eletrônico da Justiça Eleitoral, que automaticamente ficarão à disposição
dos juízes eleitorais.
É assim que a Justiça Eleitoral toma conhecimento das filiações ocorridas no âmbito das
agremiações partidárias, nos termos do art. 19 da Lei dos Partidos Políticos:
Art. 19. Deferido internamente o pedido de filiação, o partido político, por seus órgãos de direção
municipais, regionais ou nacional, deverá inserir os dados do filiado no sistema eletrônico da Jus-
tiça Eleitoral, que automaticamente enviará aos juízes eleitorais, para arquivamento, publicação
e cumprimento dos prazos de filiação partidária para efeito de candidatura a cargos eletivos, a
relação dos nomes de todos os seus filiados, da qual constará a data de filiação, o número dos
títulos eleitorais e das seções em que estão inscritos. (Redação dada pela Lei nº 13.877, de 2019)
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Entretanto, se o partido político, por desídia ou má-fé, não se desincumbir do seu dever
de inserção da informação da filiação partidária no sistema eletrônico, os prejudicados pode-
rão requerer à Justiça Eleitoral que o obrigue a realizá-la.
De posse desses dados, os juízes promovem o procedimento de “batimento”, ou confe-
rência dos dados de filiação partidária, a fim de detectar eventuais inconsistências, como, por
exemplo, a duplicidade de filiação.
A propósito, havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá a mais recente,
devendo a Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais, conforme estabelece o
art. 22, parágrafo único da Lei n. 9.096/1995.
Em regra, para concorrer a cargos eletivos, o cidadão deve estar filiado ao partido político
pelo qual deseja concorrer pelo prazo mínimo de seis meses antes da data das eleições. A
esse respeito, veja a previsão contida no art. 9º da Lei n. 9.504/1997:
Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva
circunscrição pelo prazo de seis meses e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo
prazo. (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)
Parágrafo único. Havendo fusão ou incorporação de partidos após o prazo estipulado no caput, será
considerada, para efeito de filiação partidária, a data de filiação do candidato ao partido de origem.
Essa disposição legal, todavia, não impede que as agremiações estabeleçam em seus
estatutos prazos mais longos de filiação para que o cidadão possa por elas concorrer a
cargos eletivos. Uma vez estabelecido esse prazo no estatuto do partido, ele não poderá ser
aumentado no ano da eleição, nos termos do art. 20, parágrafo único, da Lei n. 9.096/1995.
Pode, nesse período, ser diminuído, mas, neste caso, limitado ao mínimo estabelecido
em lei – 6 meses antes do pleito. Nesse sentido:
DIRETO DO TSE
O art. 20 da Lei n. 9.096/1995 somente veda, em ano eleitoral, que se proceda, por alteração
estatutária, ao aumento do prazo mínimo de filiação, mas não à sua redução. Pet n. 403-04/
DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 08/09/2016.
(Pet n. 403-04/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, DJE de 30/09/2016).
Aliás, ressalte-se que, se o partido ao qual o cidadão é filiado participar de fusão ou incor-
poração, o prazo de filiação para fins de exercício do direito à elegibilidade será contado da
data da filiação ao partido originário, e não da data resultante do processo da união partidária.
Aqui vale a pena abrir parênteses apenas para explicitar em que momento a filiação par-
tidária ganha realce na análise pela Justiça Eleitoral.
A filiação partidária é condição essencial para que o cidadão seja candidato, condição de
elegibilidade prevista no art. 14, § 3º, inciso V, da CF/1988. Essa condição de elegibilidade
deve ser informada nos autos do processo de requerimento de registro de candidatura.
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A partir da reforma legislativa promovida pela Lei n. 13.877/2019, a filiação partidária será
comprovada a partir dos dados constantes em sistema da Justiça Eleitoral, alimentado pelo
partido político, por seu órgão nacional, estadual ou municipal, após o deferimento de pedido
de filiação partidária.
Com a inscrição partidária inserida no sistema da Justiça Eleitoral, há o envio das infor-
mações aos juízes eleitorais, os quais devem arquivar e publicar a filiação partidária. Nesse
particular, ao receber a informação enviada pela Justiça Eleitoral, o juiz eleitoral deve arqui-
var e publicar a relação dos nomes de todos os seus filiados, da qual constará a data de filia-
ção, o número dos títulos eleitorais e das seções em que estão inscritos.
Atente-se para o fato de que essa relação publicada pela Justiça Eleitoral, que contém a
data de filiação, o número dos títulos eleitorais e a seção em que o filiado está inscrito, será
o meio utilizado para a comprovação do tempo de filiação partidária para fins de exercício do
direito à elegibilidade.
Destaque-se, ainda, que, a partir da reforma eleitoral promovida pela Lei n. 13.877/2019,
inexiste a necessidade de envio de relações de filiados pelos partidos políticos, nos meses de
abril e outubro, para a Justiça Eleitoral. A partir dessa novidade, a Justiça Eleitoral, com base
nas informações constantes em seus sistemas informáticos, por meio de ato do juiz eleitoral,
publicará a relação dos filiados às agremiações partidárias.
Nos termos da jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, com a adaptação à reforma
legislativa, a filiação partidária deve ser atestada, em regra, mediante a relação de filiados
publicada pela Justiça Eleitoral, nos termos do art. 19 da Lei n. 9.096/1995, com a redação
dada pela Lei n. 13.877/2019 (AgR-REspe n. 2009-15/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, PSESS
de 11/11/2014).
Contudo, nos termos do Enunciado 20 da Súmula do TSE, "a prova de filiação partidá-
ria daquele cujo nome não constou da relação de filiados de que trata o art. 19 da Lei n.
9.096/1995 pode ser realizada por outros elementos de convicção, salvo quando se tratar
de documentos produzidos unilateralmente, destituídos de fé pública" (adaptada à reforma
legislativa).
Pode ocorrer, todavia, que a questão acerca da existência do vínculo de filiação partidária
do cidadão com o partido tenha sido objeto de processo específico, em que se tenha discu-
tido exaustivamente o tema. Uma vez exaurida a discussão em processo específico sobre a
filiação partidária, não cabe nos autos do processo de pedido de registro de candidatura exa-
minar o acerto ou desacerto da decisão que a examinou, conforme estabelece o Enunciado
52 da Súmula do TSE.
Não comprovada a filiação, o pedido de registro de candidatura deve ser indeferido pela
Justiça Eleitoral.
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Retornando à matéria, cujo protagonista é o partido político, cumpre informar que, obvia-
mente, ninguém é obrigado a filiar-se ou permanecer filiado a agremiações partidárias. Para
desligar-se do partido, o filiado faz uma comunicação escrita ao órgão de direção municipal
e ao Juiz Eleitoral da Zona em que for inscrito. Decorridos dois dias da data da entrega da
comunicação, o vínculo torna-se extinto, para todos os efeitos, conforme dispõe o art. 21 da
Lei das Eleições.
Caso seja observada a existência de dupla filiação, prevalecerá a inscrição mais recente,
devendo a Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais.
Nos termos do art. 22 da mencionada lei, o cancelamento imediato da filiação partidária
verifica-se nos casos de:
• Morte;
• Perda dos direitos políticos;
• Expulsão;
• Outras formas previstas no estatuto, com comunicação obrigatória ao atingido no prazo
de quarenta e oito horas da decisão.
• Filiação a outro partido, desde que a pessoa comunique o fato ao juiz da respectiva
Zona Eleitoral.
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3. FUNDO PARTIDÁRIO
O Fundo Partidário é um fundo constituído por dotações públicas e privadas, com vistas
a custear exclusivamente as atividades dos partidos políticos.
Esse fundo público especial é constituído das seguintes fontes:
Art. 38. O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos (Fundo Partidário) é
constituído por:
I - multas e penalidades pecuniárias aplicadas nos termos do Código Eleitoral e leis conexas;
II - recursos financeiros que lhe forem destinados por lei, em caráter permanente ou eventual;
III - doações de pessoa física ou jurídica*, efetuadas por intermédio de depósitos bancários direta-
mente na conta do Fundo Partidário;
IV - dotações orçamentárias da União em valor nunca inferior, cada ano, ao número de eleitores
inscritos em 31 de dezembro do ano anterior ao da proposta orçamentária, multiplicados por trinta
e cinco centavos de real, em valores de agosto de 1995.
*Não existe mais a possibilidade de pessoas jurídicas fazerem doações de recursos para partidos
políticos.
Os recursos públicos que aportam ao Fundo Partidário têm origem nas multas e penalida-
des aplicadas pelo descumprimento das leis eleitorais, tais como as decorrentes da realização
de propaganda eleitoral irregular, da prática de captação ilícita de sufrágio, da realização de
conduta vedada a agente público, entre outras. Ressalta-se, todavia, que as multas decorren-
tes de condenação criminal não se destinam ao Fundo Partidário, mas sim ao Fundo Peni-
tenciário Nacional (FUNPEN), conforme pacífica jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral:
DIRETO DO TSE
PROCESSO ADMINISTRATIVO. MULTAS ELEITORAIS. DESTINAÇÃO. FUNDO PARTI-
DÁRIO. MULTAS ELEITORAIS DECORRENTES DE CONDENAÇÃO CRIMINAL. FUNDO
PENITENCIÁRIO NACIONAL.
As multas decorrentes do descumprimento da legislação eleitoral são destinadas ao Fundo
Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos (Fundo Partidário), salvo aquelas
decorrentes de condenação criminal, as quais – por força da LC n. 79/1994 – devem compor
o Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN).
(PA n. 99643/PB, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe de 19/12/2011)
Em acréscimo, o Estado também aporta recursos públicos ao Fundo Partidário por meio
de dotações orçamentárias da União, previamente aprovadas pelo Congresso Nacional, cujo
valor é proporcional ao número de eleitores inscritos em 31 de dezembro do ano anterior ao
da proposta orçamentária.
Os recursos privados, por sua vez, aportam ao Fundo Partidário a partir de doações de
pessoas físicas feitas por meio de depósitos bancários.
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Uma vez constituído, os recursos do Fundo Partidário são distribuídos mensalmente aos
órgãos nacionais de partidos políticos, pelo TSE, na forma de duodécimos (1/12), na seguinte
proporção, conforme preceitua o art. 41-A da Lei n. 9.096/1995:
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Assim, quanto mais votos o partido alcançar nas eleições para a Câmara dos Deputados,
maior será o valor por ele percebido. Quanto menor a sua representação, menor será a sua
parte no bolo do Fundo Partidário.
Nessa distribuição proporcional, leva-se em consideração a proporção dos votos da
Câmara dos Deputados no dia das eleições. Com efeito, caso, após o dia das eleições, Depu-
tados Federais eleitos por uma determinada agremiação partidária mudem de partido, essa
mudança será desconsiderada para fins de distribuição dos recursos do Fundo Partidário.
Diferentemente, em caso de cancelamento ou caducidade do órgão de direção nacional
do partido, reverterá ao Fundo Partidário a quota que a este caberia.
Recebidos os recursos do Fundo Partidário, dado o caráter público desse dinheiro, exige-
-se que os depósitos e movimentações sejam feitos em estabelecimentos bancários controla-
dos pelo Poder Público Federal, pelo Poder Público Estadual ou, inexistindo estes, no banco
escolhido pelo órgão diretivo do partido.
Destaque-se, também, que o exercício de atividades de direção, de assessoramento e as
de apoio político-partidário (conforme definidos nas normas internas do partido), nos órgãos
partidários e em suas fundações e institutos não geram vínculo de emprego e não atraem a
incidência da CLT (normas constantes da Consolidação das Leis Trabalhistas), desde que
o valor da remuneração mensal seja em valor igual ou superior a 2 (duas) vezes o limite
máximo do benefício do Regime Geral de Previdência Social.
Frise-se, ainda, que os recursos desse fundo, inclusive recebidos em exercícios anterio-
res, podem ser utilizados pelos partidos para custear campanhas eleitorais, mas somente
dos seus candidatos, lançados sozinhos ou em coligação. Assim, embora haja a possibili-
dade de serem destinados às campanhas eleitorais recursos provenientes de doações de
outros partidos políticos e de outros candidatos, isso não é possível se tais valores forem
originários do Fundo Partidário.
DIRETO DO TSE
Os arts. 44, III, da Lei n. 9.096/1995, e 21, caput, da Res.–TSE 23.553, facultam ao par-
tido político a utilização de recursos oriundos do Fundo Partidário em campanhas eleitorais,
sem especificar, de modo expresso, se tal destinação estaria limitada ao apoio aos candida-
tos próprios da legenda ou se abrangeria candidaturas promovidas por outras agremiações.
Todavia, o art. 17 da citada resolução prevê a possibilidade de serem destinados às cam-
panhas eleitorais recursos provenientes de doações de outros partidos políticos e de outros
candidatos (inc. III), assim como valores próprios das agremiações partidárias, inclusive os
provenientes do citado fundo (inc. V, a).
Conforme lição que se extrai do voto proferido pelo Ministro Fernando Neves na CTA n. 773
(Res.–TSE 21.098, DJ de 02/07/2002), "os partidos políticos recebem recursos provenientes
do Fundo Partidário e estes devem ter a destinação estipulada por lei que é a de divulgar
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Outra importante previsão legal é a de que os partidos políticos, em cada esfera, devem
destinar ao financiamento de campanhas de suas candidatas no mínimo 30% dos gastos
totais contratados nas campanhas eleitorais com recursos do Fundo Partidário.
Assim, se forem gastos R$ 100.000,00 (cem mil reais) do Fundo Partidário em campa-
nha eleitoral, R$ 30.000,00, no mínimo, devem ser relacionados às candidaturas femininas,
conforme preceitua o art. 19, § 3º, da Res.–TSE n. 23.607/2019. Entretanto, se o número de
candidaturas do sexo feminino se der em percentual superior ao mínimo de candidatos de
cada sexo (ou seja, maior que 30%), conforme prescrição contida no art. 10, §3º, da Lei n.
9.504/1997, deve o percentual de recursos destinados às campanhas femininas correspon-
der ao percentual de candidaturas de mulheres.
Por fim, a título informativo, informo que, dos 35 partidos existentes em 2019, 21 deles
preencheram as condições estabelecidas pela EC 97 e tiveram acesso aos recursos do
Fundo em 2019, cujo valor global foi de mais de 900 milhões de reais.
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Ademais, os partidos políticos não podem receber recursos de fontes não identificadas,
conforme preceitua o art. 13 da Res.–TSE n. 23.604/2019.
As doações recebidas pelos partidos políticos podem ser estimáveis em dinheiro ou em
recursos financeiros. Estas últimas devem ser, obrigatoriamente, efetuadas por cheque cru-
zado em nome do partido político, transferência eletrônica, depósito bancário diretamente na
conta do partido político, mecanismo disponível em sítio do partido na internet que permita o
uso de cartão de crédito, cartão de débito, emissão on-line de boleto bancário ou, ainda, con-
vênios de débitos em conta e outras modalidades, nos termos do art. 8º, § 1º, da Res.–TSE
n. 23.604/2009.
As doações financeiras de valor igual ou superior a R$ 1.064,10 só poderão ser realiza-
das mediante transferência eletrônica entre as contas bancárias do doador e do beneficiário
da doação ou mediante cheque cruzado e nominal.
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Obs.: Vale notar que a Justiça Eleitoral não é competente para analisar as contas das Fun-
dações. Sua análise se restringe a fiscalizar o repasse mínimo determinado em lei.
A fiscalização das contas das Fundações é atribuição do Ministério Público Estadual
(PC n. 246-65/DF, rel. Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, DJe de 12/03/2020).
De outro modo, se o órgão auxiliar for um Instituto, a fiscalização das contas perma-
nece com a Justiça Eleitoral (PC n. 27178/DF, rel. Designado Luís Felipe Salomão,
j. 28/04/2020).
Se a fundação ou instituto de pesquisa não despender a totalidade dos recursos que
lhe forem assinalados durante o exercício financeiro, a eventual sobra, desde que
observado o valor mínimo de 20% do Fundo Partidário, poderá ser revertida para
outras atividades partidárias, conforme previstas no caput deste artigo.
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da agremiação, por instituto com personalidade jurídica própria presidido pela Secre-
tária da Mulher, em nível nacional, conforme percentual que será fixado pelo órgão
nacional de direção partidária, observado o mínimo de 5% (cinco por cento) do total;
• No pagamento de mensalidades, anuidades e congêneres devidos a organismos parti-
dários internacionais que se destinem ao apoio à pesquisa, ao estudo e à doutrinação
política, aos quais seja o partido político regularmente filiado;
• No pagamento de despesas com alimentação, incluindo restaurantes e lanchonetes.
• Na contratação de serviços de consultoria contábil e advocatícia e de serviços para
atuação jurisdicional em ações de controle de constitucionalidade e em demais pro-
cessos judiciais e administrativos de interesse partidário, bem como nos litígios que
envolvam candidatos do partido, eleitos ou não, relacionados exclusivamente ao pro-
cesso eleitoral;
• Na compra ou locação de bens móveis e imóveis, bem como na edificação ou constru-
ção de sedes e afins, e na realização de reformas e outras adaptações nesses bens;
• No custeio de impulsionamento para conteúdos contratados diretamente com provedor
de aplicação de internet com sede e foro no País, incluída a priorização paga de conte-
údos resultantes de aplicações de busca na internet, mediante o pagamento por meio
de boleto bancário, de depósito identificado ou de transferência eletrônica diretamente
para conta do provedor, o qual deve manter conta bancária específica para receber
recursos dessa natureza, proibido nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores à eleição.
Embora os recursos do Fundo Partidário sejam públicos, sua utilização não se sujeita aos
ditames da Lei n. 8.666/1993, tendo os partidos políticos autonomia para contratar e realizar
despesas, conforme preceitua o art. 44, § 3º, da Lei dos Partidos Políticos.
A comprovação dos gastos, qualquer que seja sua fonte, deve ser realizada, em regra,
por meio de documento fiscal idôneo, sem emendas ou rasuras, devendo dele constar a data
de emissão, a descrição detalhada, o valor da operação e a identificação do emitente e do
destinatário ou dos contraentes pelo nome ou pela razão social, o CPF ou o CNPJ e o ende-
reço, e registrados na prestação de contas de forma concomitante à sua realização, com a
inclusão da respectiva documentação comprobatória, consoante dispõe o art. 18 da Res.–
TSE n. 23.604/2019.
De posse dessa documentação contábil anual, em que detalhadas as receitas e as des-
pesas, os partidos políticos, devidamente representados por advogados, devem submetê-la,
na forma de balanço contábil, à Justiça Eleitoral até o dia 30 de junho do ano seguinte ao
exercício findo, nos termos do art. 32 da Lei dos Partidos Políticos.
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O escopo dessa fiscalização é identificar a origem das receitas e a destinação das des-
pesas com as atividades partidárias e eleitorais, mediante o exame formal dos documentos
fiscais apresentados pelos partidos políticos, sendo vedada a análise das atividades político-
-partidárias ou qualquer interferência em sua autonomia.
Para permitir o exercício eficiente do poder fiscalizatório pela Justiça Eleitoral, criaram-se
requisitos para a elaboração desse balanço. São eles:
Na análise das contas, o art. 34, § 3º, da Lei dos Partidos Políticos, permite à Justiça
Eleitoral requisitar técnicos do Tribunal de Contas da União ou dos estados, pelo tempo que
for necessário.
Antes de 2009, o exame das contas pela Justiça Eleitoral tinha natureza administrativa.
Com a edição da Lei n. 12.034/2009, o exame passou a ter caráter jurisdicional, decorrendo
dessa alteração várias consequências processuais como, por exemplo, a incidência do insti-
tuto da preclusão nos prazos concedidos aos partidos.
Confira:
DIRETO DO TSE
É firme o entendimento desta Corte de que, "tendo em vista a natureza jurisdicional do pro-
cesso de prestação de contas, a ausência de circunstância excepcional que tenha obstado a
juntada de documentos em momento oportuno atrai a ocorrência da preclusão, em respeito
à segurança das relações jurídicas".
(AgR–AI n. 1481–19/RS, Rel. Min. Henrique Neves, DJe de 14/03/2016)
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Contudo, recentemente, a Lei n. 13.831/2019 flexibilizou essa regra para os órgãos muni-
cipais. A novel disposição legislativa determinou que os órgãos partidários municipais que
não tenham movimentado recursos financeiros ou arrecadado bens estimáveis em dinheiro
ficam desobrigados de prestar contas à Justiça Eleitoral e de enviar declarações de isenção,
declarações de débitos e créditos tributários federais ou demonstrativos contábeis à Receita
Federal do Brasil, bem como ficam dispensados da certificação digital, exigindo-se do res-
ponsável partidário, até 30 de junho do ano seguinte ao exercício findo, a apresentação de
declaração da ausência de movimentação de recursos nesse período.
Essa regra não se aplica aos órgãos estaduais/regionais e aos nacionais.
O rito a ser seguido na análise das contas está previsto no art. 31 e seguintes da Res.–
TSE n. 23.604/2019.
Segundo informa o texto regulamentar, apresentadas as contas, a Justiça Eleitoral pro-
videnciará a publicação do edital para que, no prazo de cinco dias, o Ministério Público ou
qualquer partido político possa impugná-las. Nesse prazo, sem prejuízo da continuidade da
análise das contas, qualquer partido ou o Ministério Público pode, em ação autônoma, relatar
fatos, indicar provas e pedir abertura de investigação para a apuração de qualquer ato que
viole as prescrições legais ou estatutárias a que, em matéria financeira, os partidos e seus
filiados estejam sujeitos, a qual será autuada na classe de Representação.
Apresentada impugnação às contas, o órgão partidário e os responsáveis são intimados,
na pessoa dos seus advogados, para que apresentem defesa preliminar, no prazo de 15 dias,
requerendo as provas que entenderem necessárias, sob pena de preclusão.
A propósito, devem constar na autuação do feito o presidente, o tesoureiro ou aque-
les que desempenharam funções equivalentes, bem como os ocupantes desses cargos no
momento da autuação, todos devidamente representados por advogados.
Com ou sem impugnação, o órgão técnico de contas emitirá parecer preliminar sobre a
existência ou não de documentos considerados essenciais. Faltando documentos, o partido
e os responsáveis são intimados para apresentá-los no prazo de 20 dias. Caso permaneçam
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inertes, o julgador pode, se entender que não existem elementos mínimos nos autos, consi-
derar não prestadas as contas, ou, se vislumbrar que os documentos são suficientes, deve
prosseguir na análise.
Concluída essa primeira análise, o órgão técnico emite o primeiro parecer. Na sequência,
o Ministério Público é intimado para que, sob pena de preclusão, aponte irregularidades não
identificadas pela Justiça Eleitoral, no prazo de até 30 dias.
Em seguida, o partido e os responsáveis são intimados, ocasião em poderão requerer a
produção de provas, sob pena de preclusão, no prazo improrrogável de 30 dias.
Na sequência, o julgador pode determinar as diligências que reputar necessárias, estipu-
lando prazo de até 30 dias para o seu cumprimento.
Na hipótese de haver diligências, o julgador deve abrir vista para o partido político e os
responsáveis se manifestarem sobre o resultado do procedimento.
Após, os autos são encaminhados à unidade técnica para a emissão do parecer conclu-
sivo. A partir desse momento, não será admitida a juntada de documento, exceto se for docu-
mento novo sob a ótica do art. 435 do CPC.
Apresentado o parecer conclusivo, os autos devem ser disponibilizados ao partido polí-
tico e aos responsáveis para a apresentação de razões finais no prazo de 5 dias. Caso haja
impugnante, os autos devem ser encaminhados a este e depois ao prestador de contas para,
no mesmo prazo, colher-se a manifestação final.
Em seguida, o Ministério Público deve se manifestar como fiscal da ordem jurídica também
no prazo de 5 dias.
Finalmente, os autos devem ser conclusos ao juiz para decisão.
As contas podem ser julgadas:
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Também será cabível, em tese, a responsabilização dos dirigentes partidários. Tal res-
ponsabilização pessoal civil e criminal decorrente da desaprovação das contas partidárias
e de atos ilícitos atribuídos ao partido político somente ocorrerá se verificada irregularidade
grave e insanável resultante de conduta dolosa que importe enriquecimento ilícito e lesão ao
patrimônio do partido.
O julgamento de contas não prestadas, por sua vez, acarreta:
DIRETO DO STF
[...] defiro parcialmente a medida cautelar requerida, ad referendum do Plenário, para con-
ferir interpretação conforme a Constituição às normas do art. 47, caput e § 2º, da Res.–TSE
23432/2014; do art. 48, caput e § 2º, da Res.–TSE 23546/2017; e do art. 42, caput, da Res.–
TSE 23571/2018, afastando qualquer interpretação que permita que a sanção de suspensão
do registro ou anotação do órgão partidário regional ou municipal seja aplicada de forma
automática, como consequência da decisão que julga as contas não prestadas, e assegu-
rando que tal penalidade somente pode ser aplicada após decisão com trânsito em julgado
e decorrente de procedimento específico de suspensão de registro, nos termos deste artigo.
(STF, ADI n. 6.032, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 05/12/2019)
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Uma vez criado esse procedimento específico pelo Tribunal Superior Eleitoral, o partido
terá oportunidade de apresentar suas razões para não apresentação das contas, a fim de
impedir a suspensão da anotação do órgão partidário responsável pelas contas. Vale notar
que essa suspensão implica a impossibilidade de o órgão lançar candidatos na circunscrição
em que atua.
Essa foi a razão de o TSE ter editado a Res.–TSE n. 23.617/2020, na qual ficou decidido
que, enquanto não criado o procedimento, órgão partidário algum deve ter sua anotação sus-
pensa em razão da não apresentação das contas, devendo, inclusive, serem desconsidera-
das as suspensões já realizadas.
Sem embargo dessas penalidades, o órgão partidário de qualquer esfera que tiver as
suas contas julgadas não prestadas fica obrigado a devolver integralmente todos os recursos
provenientes do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha que
lhe forem entregues, distribuídos ou repassados.
Ainda há uma outra penalidade que, eventualmente, pode sofrer o partido político pela
não prestação de contas. Trata-se da possibilidade de cancelamento de registro do partido
político, prevista no art. 28, III, da Lei dos Partidos Políticos. Confira o dispositivo:
Art. 28. O Tribunal Superior Eleitoral, após trânsito em julgado de decisão, determina o cancela-
mento do registro civil e do estatuto do partido contra o qual fique provado:
(...)
III - não ter prestado, nos termos desta Lei, as devidas contas à Justiça Eleitoral;
Evidentemente que essa sanção não se dá de forma automática. Uma vez julgadas não
prestadas as contas, os legitimados, incluindo aqui qualquer cidadão, podem apresentar junto
ao Tribunal Superior Eleitoral uma ação para cancelar o registro civil e o estatuto do partido
político. Essa sanção somente pode ser aplicada após o trânsito em julgado de decisão que
julgar procedente o pedido, assegurando à agremiação o contraditório e a ampla defesa.
Transitada em julgado a decisão que julgar as contas não prestadas, os órgãos partidá-
rios podem requerer a regularização da situação de inadimplência para suspender as conse-
quências dela decorrentes, nos termos do art. 58 e seguintes da Res.–TSE n. 23.604/2019.
Esse pedido não tem efeito suspensivo, ou seja, não impede a execução da decisão de não
apresentação das contas.
O requerimento de regularização de contas pode ser apresentado pelo órgão partidário
condenado ou pelo hierarquicamente superior e deverá ser distribuído ao relator originário
das contas.
Embora não seja uma nova prestação de contas, nela é possível verificar irregularidades
na aplicação de recursos públicos, como os do Fundo Partidário, ou o recebimento de recur-
sos de fonte vedada. Eventual deferimento do pedido de regularização das contas somente
será possível após o recolhimento desses valores pelo partido ao Erário.
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DIRETO DO TSE
Nos termos da jurisprudência desta Corte, o recurso cabível contra decisão dos tribunais
regionais em processos de prestação de contas é o especial. Precedentes.
(AI n. 0606992-66/SP, rel. Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, DJe de 07/10/2019)
Seguindo a lógica do art. 37, § 4º da Lei n. 9.096/1995, esse recurso especial tem efeito
suspensivo automático.
Confira o dispositivo legal:
Da decisão que desaprovar total ou parcialmente a prestação de contas dos órgãos partidários ca-
berá recurso para os Tribunais Regionais Eleitorais ou para o Tribunal Superior Eleitoral, conforme
o caso, o qual deverá ser recebido com efeito suspensivo.
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DIREITO ELEITORAL
Modificações Legislativas de 2017/2019
Para finalizar esse tópico, cumpre informar que há previsão legal no art. 37, § 5º, da Lei
dos Partidos Políticos, que admite a possibilidade de o partido requerer a revisão das san-
ções aplicáveis pela desaprovação das contas.
Art. 37. Omissis.
§ 5º As prestações de contas desaprovadas pelos Tribunais Regionais e pelo Tribunal Superior po-
derão ser revistas para fins de aplicação proporcional da sanção aplicada, mediante requerimento
ofertado nos autos da prestação de contas. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
Essa possibilidade veio com a Lei n. 12.034/2009 para ser requerida em processos de
prestação de contas relativos a exercícios anteriores a sua edição. Isso porque esse mesmo
diploma legal trouxe a possibilidade de que, na própria decisão de julgamento das contas,
fosse aplicado o princípio da proporcionalidade e da razoabilidade para dosar a sanção de
suspensão de cotas do Fundo Partidário (quando existia essa sanção) pelo período de 1
a 12 meses.
Nesse sentido:
DIRETO DO TSE
O art. 37, § 5º, da Lei n. 9.096/1995, tem caráter transitório, não se aplicando às decisões de
desaprovação de contas supervenientes à Lei n. 12.034/2009, cujas sanções já foram fixa-
das com observância dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
(AgR-REspe n. 65-48, Rel. Min. Henrique Neves da Silva, j. em 03/05/2016)
O acesso gratuito a rádio e TV tinha previsão no Título IV da Lei dos Partidos Políticos.
Contudo, com a edição da Lei n. 13.487/2017, que criou o Fundo Especial de Financia-
mento de Campanhas Eleitorais – FEFC, essa matéria foi integralmente revogada. Hoje não
mais existe a chamada propaganda eleitoral partidária que era concedida “gratuitamente”
aos partidos.
A expressão gratuitamente está entre aspas porque, na verdade, essa propaganda era
paga por toda a sociedade, uma vez que os órgãos de comunicação recebiam em troca da
cessão do espaço o valor correspondente em compensações fiscais.
Pela dicção legal, uma das fontes de financiamento do FEFC vem dos recursos decor-
rentes do fim das compensações fiscais promovidas pela União em benefício das emissoras
comerciais de rádio e TV que transmitiam a extinta propaganda partidária. O valor original-
mente compensado, calculado em 2016, passou a ser atualizado monetariamente, a cada
eleição, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, ou por outro que o substituir,
consoante dispõe o art. 3º da Lei n. 13.487/2017.
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Das disposições finais da Lei dos Partidos Políticos destacam-se algumas inovações tra-
zidas pela Lei n. 13.831/2019, a saber:
Art. 55-A. Os partidos que não tenham observado a aplicação de recursos prevista no inciso V do
caput do art. 44 desta Lei nos exercícios anteriores a 2019, e que tenham utilizado esses recursos
no financiamento das candidaturas femininas até as eleições de 2018, não poderão ter suas contas
rejeitadas ou sofrer qualquer outra penalidade. (Incluído pela Lei nº 13.831, de 2019)
Art. 55-B. Os partidos que, nos termos da legislação anterior, ainda possuam saldo em conta ban-
cária específica conforme o disposto no § 5º-A do art. 44 desta Lei poderão utilizá-lo na criação e
na manutenção de programas de promoção e difusão da participação política das mulheres até o
exercício de 2020, como forma de compensação. (Incluído pela Lei nº 13.831, de 2019)
Art. 55-C. A não observância do disposto no inciso V do caput do art. 44 desta Lei até o exercício
de 2018 não ensejará a desaprovação das contas. (Incluído pela Lei nº 13.831, de 2019)
Art. 55-D. Ficam anistiadas as devoluções, as cobranças ou as transferências ao Tesouro Nacio-
nal que tenham como causa as doações ou contribuições feitas em anos anteriores por servidores
públicos que exerçam função ou cargo público de livre nomeação e exoneração, desde que filiados
a partido político. (Incluído pela Lei nº 13.831, de 2019)
O art. 55-A da Lei n. 9.096/1995 cuida da possibilidade de o partido não ter suas contas
rejeitadas ou sofrer qualquer penalidade, caso compense o valor não aplicado no fundo de
incentivo à participação feminina com a utilização desses recursos no financiamento das
candidaturas femininas até as eleições de 2018. A aplicação dessa norma exige que a agre-
miação comprove a efetiva compensação na prestação de contas em análise:
Confira:
DIRETO DO TSE
Na espécie, não se aplicam os arts. 55-A e 55-C da Lei n. 9.096/1995, incluídos pela Lei n.
13.831/2019, pois: a) a legenda não comprovou que os recursos destinados à participação
feminina na política em 2014 foram empregados no financiamento das candidaturas femini-
nas nas eleições de 2016 e 2018; e b) o art. 55-C cingiu-se a obstar o julgamento pela desa-
provação nos casos em que a irregularidade se limitar ao descumprimento do art. 44, V, da
Lei n. 9.096/1995.
(PC n. 249-20/DF, rel. Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, DJe de 27/04/2020)
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Nesse mesmo julgado, observa-se importante conclusão acerca do art. 55-C, cujo texto
legal afirma que o partido político não pode ter suas contas desaprovadas em razão da não
aplicação do percentual mínimo em programas de incentivo à participação política da mulher.
Segundo a jurisprudência do TSE, o citado artigo impede a desaprovação apenas quando
essa irregularidade for a única observada na prestação de contas. Não há impedimento, toda-
via, se ela for considerada em conjunto com outras finalidades de desaprovação das contas.
No que se refere ao art. 44, § 5-A, a que faz referência o art. 55-B, o STF, na ADI 5617,
considerou-o inconstitucional.
Finalmente, o art. 55-D cuida de norma que anistia as devoluções, as cobranças ou as
transferências ao Tesouro Nacional de valores que tenham como origem o recebimento de
fonte vedada: recursos arrecadados de servidores públicos que exerçam função ou cargo
público de livre nomeação e exoneração, desde que filiados a partido.
Embora o artigo não faça nenhum corte temporal, anistiando todos os débitos oriun-
dos da fonte citada, vale notar que a inovação legislativa relacionada aos filiados a partidos
políticos em exercício de função ou cargo público de livre exoneração só veio com a Lei n.
13.488/2017.
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