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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

ROSA HELLEN PRUDENCIO BRUNO

DIREITOS FUNDAMENTAIS A PARTIR DO ENTENDIMENTO DO STF:


UMA ANÁLISE DAS DECISÕES DE 2015 A 2020

Florianópolis
2022
ROSA HELLEN PRUDENCIO BRUNO

DIREITOS FUNDAMENTAIS A PARTIR DO ENTENDIMENTO DO STF:


UMA ANÁLISE DAS DECISÕES DE 2015 A 2020

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Direito, da Universidade do Sul de Santa
Catarina, como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Andréia Catine Cosme, Msc.

Florianópolis
2022
ROSA HELLEN PRUDENCIO BRUNO

DIREITOS FUNDAMENTAIS A PARTIR DO ENTENDIMENTO DO STF:


UMA ANÁLISE DAS DECISÕES DE 2015 A 2020

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
Bacharel em Direito e aprovado em sua
forma final pelo Curso de Graduação em
Direito, da Universidade do Sul de Santa
Catarina.

Florianópolis, 06 de novembro de 2022.

___________________________________________________________
: Andréia Catine Cosme, Msc
Universidade do Sul de Santa Catarina

____________________________________________________________
Prof. Nome do Professor, titulação
Universidade do Sul de Santa Catarina

_____________________________________________________________
Prof. Nome do Professor, titulação
Universidade do Sul de Santa Catarina
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

DIREITOS FUNDAMENTAIS A PARTIR DO ENTENDIMENTO DO STF:


UMA ANÁLISE DAS DECISÕES DE 2015 A 2020

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade


pelo aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a
Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a
Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca deste
Trabalho de Conclusão de Curso.
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e
criminalmente em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Florianópolis, 14 de novembro de 2022.

____________________________________
ROSA HELLEN PRUDENCIO BRUNO
À minha família, pela capacidade de
acreditar em meus esforços investindo
palavras de apoio em momentos difíceis.
A minha mamãe, por ter dado assistência
e atenção que só me fortaleceu em
esperança para seguir a diante.

.
AGRADECIMENTOS

A todos que participaram, direta ou indiretamente do desenvolvimento


deste trabalho de pesquisa, enriquecendo o meu processo de aprendizado.
Não posso deixar de agradecer aos professores e instituição de ensino
Universidade do Sul de Santa Catarina, essencial no meu processo de formação
profissional, pela dedicação, e por tudo o que aprendi ao longo dos anos do
curso.
“A essência dos Direitos Humanos é direito a ter direitos. ” Hannah Arendt
RESUMO

Este trabalho apresenta uma análise sobre a evolução dos Direitos


Fundamentais tendo em foco à abordagem dos Direitos Fundamentais como
princípio e regra.; Direitos Fundamentais comparado aos Direitos Humanos e
vínculo entre os Direitos Fundamentais e os Direitos Humanos. Nesse estudo
busca proporcionar uma verificação à colisão entre os Direitos Fundamentais e
uma visão acerca da soberania dos Direitos Fundamentais na Constituição
Federal atual. Dessa maneira tem como objetivo apresentar um levantamento
bibliográfico sobre os conteúdos que buscam fundamentações acerca dos a
partir do entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) em decisões
tomadas do ano de 2015 a 2020. O tipo de pesquisa utilizado foi a bibliográfica
exploratória, como método da pesquisa se utilizou a pesquisa bibliográfica e
como análise de dados foi utilizado a qualitativa e quantitativa. Como resultado
foi apresentado de forma quantitativa os dados de ADIs por ano e algumas das
decisões do Supremo Tribunal Federal. Como conclusão, foi exposto alguns dos
entendimentos sobre os direitos fundamentais a partir do entendimento do
Supremo Tribunal Federal e como os ministros da Corte se utilizaram de
institutos internos para proporcionar impacto político entre o período de 2015 à
2020.

Palavras-chave: Direitos Fundamentais; Direitos Humanos. Constituição


Federal.
8

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................. 10
2. DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................................ 12
2.1 A ORIGEM DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS.................................. 13
2.1.1 Direitos fundamentais como princípio e regra ............................. 14
2.1.2 Diferença entre os direitos fundamentais e direitos humanos ... 17
2.1.3 Colisão entre os direitos fundamentais......................................... 21
2.2 SOBERANIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL ATUAL ............................................................................................ 23
2.2.1 Métodos de interpretação da constituição .................................... 24
3. O ENTENDIMENTO DO STF SOBRE OS DIREITOS
FUNDAMENTAIS NO BRASIL ........................................................................ 26
3.1 CONCEITOS DE COLISÃO DOS DIREITOS PELO STF ................... 26
3.1.1 Colisão com redução bilateral: ...................................................... 27
3.1.2 Colisão com redução unilateral: .................................................... 27
3.1.3 Colisão com excludente.................................................................. 28
3.2 CRITÉRIOS ....................................................................................... 29
3.3 O STF PERANTE OS DIREITOS FUNDAMENTAIS: DEFINIÇÃO LEGAL 30
3.4 DIVERGENCIAS DOUTRINARIAS DIREITOS FUNDAMENTAIS ..... 33
4. DIREITOS FUNDAMENTAIS E AS PRINCIPAIS INTERPRETAÇÕES
DO STF ENTRE OS ANOS DE 2015 A 2020. ................................................. 36
4.1 JULGAMENTOS DE 2015 A 2020 ..................................................... 39
4.2 ADIS RECEBIDAS PELO STF ENTRE OS ANOS DE 2015 À 2020............ 40
4.3 INTERPRETAÇÕES DO STF DE 2015 À 2020.......................................... 41

4.3.1 Quantitativo Processos STF em 2015 ............................................ 41


4.3.2 Algumas mediações do STF em 2015 ............................................ 41
4.3.2.1 Inconstitucionalidade por arrastamento 2015 .................................... 41
4.3.2.2 Inconstitucionalidade progressiva no tempo ou declaração de
inconstitucionalidade de lei ainda constitucional 2015 ..................................... 42
4.3.2.3 Mutação constitucional 2015 ............................................................. 43
4.3.3 Quantitativo Processos STF em 2016 ............................................ 43
4.3.4 Algumas mediações do STF em 2016 ............................................ 43
9

4.3.4.1 ADI 5.501 MC, Distribuição da “pílula do câncer” .............................. 43


4.3.4.2 ADI 5.357 MC-REF, Obrigatoriedade de as escolas particulares
promoverem a inserção de pessoas com deficiência no ensino regular
Relator 44
4.3.4.3 ADI 5.468, Corte no orçamento do Poder Judiciário ......................... 44
4.3.5 Quantitativo Processos STF em 2017 ............................................ 45
4.3.6 Algumas mediações do STF em 2017 ............................................ 45
4.3.6.1 Ação direta de inconstitucionalidade por omissão 2017 .................... 45
4.3.7 Quantitativo Processos STF em 2018 ............................................ 47
4.3.8 Algumas mediações do STF em 2018 ............................................ 47
4.3.8.1 Ações Diretas de Inconstitucionalidade 5.525 e 5.619,
Constitucionalidade das normas da Minirreforma Eleitoral (Lei 13.165/2015),
sobre novas eleições em casos de perda de mandato de candidato eleito. .... 48
4.3.9 Quantitativo Processos STF em 2019 ............................................ 48
4.3.10 Algumas mediações do STF em 2019 ............................................ 48
4.3.10.1 Incabível suspensão automática de partido por ausência de prestação
de contas. ......................................................................................................... 49
4.3.10.2 Meninas vítimas de estupro e exigência de perito legista mulher...... 49
4.3.11 Quantitativo Processos STF em 2020 ............................................ 49
4.3.12 Algumas mediações do STF em 2020 ............................................ 49
4.3.12.1 Extensão da imunidade tributária relativa às contribuições sociais para
as operações de exportação indireta, via “trading companies”. ....................... 50
4.3.12.2 Competência concorrente para assuntos de saúde pública, no
enfrentamento à pandemia de Covid-19. ......................................................... 50
5. CONCLUSÃO ................................................................................... 51
REFERÊNCIAS ................................................................................. 52
10

1. INTRODUÇÃO

Os direitos fundamentais, entendidos como direitos humanos


consagrados em constituições nacionais ou tratados e acordos internacionais
aos quais devem obedecer, têm longa história de análise, especialmente no
turbulento século XX. O objetivo essencial dos direitos fundamentais era garantir
um conjunto de direitos aos cidadãos que os podiam e podem se opor ao poder
político, que tem o dever de não os violar (dever de abstenção ou dever
negativo).
Entretanto, em sua evolução foi apresentado novas revelações ou novas
dimensões, que não estavam previstas na sua configuração tradicional,
nomeadamente os deveres positivos de provisão, imputáveis ao poder político
e, para efeitos desta exposição, a sua oponibilidade a pessoas que se privam
exclusivamente., ou aplicabilidade nas relações privadas.
Alguns conceitos até data presente parecem indiscutíveis. É o que ocorre
com a afirmação de que a Constituição Federal está no topo do ordenamento
jurídico, sua lei suprema, e a legislação constitucional, inclusive o Código Civil,
obviamente deveria estar sujeita a ela, com penalidades por
inconstitucionalidade. Mas isso nem sempre é o caso.
Até meados do século passado, a constituição era considerada uma
norma de caráter imperativo, mas um mero instrumento político destinado a
limitar o poder do Estado, mais uma sugestão de poder constitucional do que
uma obrigação real.
Os direitos fundamentais referem-se a uma composição histórica que visa
fortalecer os direitos fundamentais a fim de protegê-los de conflitos e anomalias
sociais visando ao pundonor humana e do uso excessivo da força pelo Estado.
Nesse sentido, é possível dizer que ao longo do tempo ocorrer mudanças nesses
direitos em decorrência de marcos históricos, interesses estatais e necessidades
humanos. Dessa forma essa pesquisa bibliográfica, visa explorar o entendimento
do Supremo Tribunal Federal (STF) em decisões tomadas do ano de 2015 a
2020, quanto ao tópico direitos fundamentais em determinadas circunstâncias,
aplicando o princípio da proporcionalidade à solução de conflitos finais. Busco
analisar a posição do STF diante desses conflitos.
11

Com a técnica de deliberação e ênfase no sistema de ponderação, reforce


um princípio que prevalece sobre o outro, mas sem eliminar o núcleo existencial
do princípio suprimido. Nesse cenário, para viabilizar seu desenvolvimento,
foram levantadas as seguintes questões: quais são as diferenças entre os
direitos fundamentais e direitos humanos; qual mensura o juiz poder adaptar em
um caso específico de colisão e mais, quais critérios devem ser atendidos ao
aplicar a conjectura da ponderação, baseada no princípio da proporcionalidade?
O objetivo geral dessa pesquisa bibliográfica limitou-se à avaliação da
aplicação prática da ponderação em situações de conflito de princípios
constitucionais e à aplicação do princípio da proporcionalidade como critério de
execução, conforme interpretação do Supremo Tribunal Federal (STF). E
desejosa de melhor compreensão dos leitores, proponho que o leitor se envolva
nos três capítulos dessa pesquisa. É buscado responder se houve aumento ou
diminuição das taxas de (ADIs), assim como quais foram as interpretações do
STF em algumas mediações. E para isso foi utilizado de uma pesquisa
bibliográfica e quantitativa.
O primeiro capítulo limita-se ao estudo dos direitos fundamentais e
apresenta uma breve introdução para os leitores. O segundo capítulo busca
descrever o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre os direitos
fundamentais no Brasil. O terceiro capítulo trata sobre as taxas de ADIs
executadas e quais foram as principais interpretações do STF, em anos de 2015
a 2020.
12

2. DIREITOS FUNDAMENTAIS

O início dos Direitos Fundamentais é compreendido pela necessidade


social voltada à um Estado de Direito, visando uma efetiva proteção de todos os
direitos que são inerentes à pessoa humana. De acordo com Sarlet (2002), a
narrativa dos direitos fundamentais é também a narrativa que levou ao advento
do contemporâneo Estado de Direito.
A sua essência e significado reside justamente no reconhecimento e
defesa da dignidade humana e dos direitos humanitários fundamentais. Assim,
olhar para toda a legitimação voltada às concepções de cada indivíduo ante o
Estado, é considerado uma grande oportunidade. Segundo Branco (2017), os
direitos fundamentais têm um lugar permanente na sociedade quando se inverte
a relação tradicional entre o Estado e o indivíduo e quando se reconhece que o
indivíduo primeiro tem direitos, depois deveres para com o Estado, e que os
direitos que tem contra o individual se forem ordenados ao propósito de melhor
responder às necessidades dos cidadãos.
Neste viés, se analisa que tal expressão “Direitos Fundamentais” possui
uma forte ligação de origem com a França, principalmente ao que cerne ao
movimento cultural e político que acabou culminando com a Declaração
Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 (NOVELINO, 2016, p.
267).
Segundo Novelino, (2016) o mesmo conceitua que embora não haja
consenso sobre a diferença em relação aos direitos humanos, a distinção mais
comum na fé brasileira é que ambos, para proteger e promover a dignidade
humana, incluem direitos relacionados à liberdade e à igualdade., mas é positivo
em diferentes níveis. Enquanto os direitos humanos são garantidos por tratados
e convenções internacionais (nível internacional), os direitos fundamentais são
direitos humanos garantidos e declarados pelas constituições de cada país (nível
nacional), e o conteúdo e a forma desses direitos diferem de país para país.
13

2.1 A ORIGEM DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Moraes, (2017) esclarece o propósito para o qual os direitos fundamentais


foram criados, principalmente pela necessidade de afirmá-los para alcançar uma
delimitação efetiva de competências.
Tais ideias podem ser descritas nas concepções de Moraes (2017, p. 44):

Deve-se notar que a criação de uma constituição escrita está


diretamente relacionada à publicação da declaração de direitos
humanos e para definir os limites do poder político os direitos humanos
subjetivos estão fixados nas normas formais. Retira percepções e
garantias da existência de legisladores ordinários.

Ainda, pode ser compreendido que outro grande fator de cunho histórico
responsável por uma contribuição efetiva para a construção dos Direitos
Fundamentais foi, de acordo com Branco (2017, p. 128), o Bill of Rights de
Virgínia, localizada nos Estados Unidos da América. In verbis o autor coloca que:

O ponto central no desenvolvimento dos direitos fundamentais recai


sobre a segunda metade do século XVIII, especialmente com o Bill of
Rights de Virginia (1776), quando são positivados os direitos
considerados inerentes ao ser humano, que até então tinham mais um
aspecto político e filosófico do que reivindicações e normas legais
obrigatórias e legalmente aplicáveis.

No Brasil, por sua vez, a Constituição Federal de 1988 determinou, em


seu título II, os Direitos e as Garantias Fundamentais. Para tal, foi determinada
a constituição desta maneira: direitos e deveres individuais e coletivos, direitos
sociais, direitos relativos à nacionalidade, direitos políticos e os relacionados aos
partidos políticos (BRASIL, 1988).
No que diz respeito aos direitos e garantias fundamentais, deve-se notar
que eles não estão limitados pelo art. artigo 5º da constituição Federal:

Todos são iguais diante da lei, sem discriminação de qualquer espécie,


assegurando aos brasileiros e estrangeiros que residem no Brasil a
inviolabilidade do direito à vida à liberdade, à igualdade, à segurança e
à propriedade nas seguintes condições (...)

Já que, para alguns teóricos do assunto, como Lenza (2016, p. 1625), os


mesmos podem ser encontrados, assim como trazido à tona por meio de tratados
e convenções em formatos internacionais.
14

Por sua vez, Novelino (2016) e Lenza (2016) realçaram a importância do


lema da revolução Francesa no século XVIII, “Liberdade, Igualdade e
Fraternidade” na constituição dos direitos fundamentais, um fator principalmente
encorajador para a categorização desses direitos visa, em princípio, três
dimensões: 1ª, 2ª e 3ª dimensão. Por sua vez, em seu estudo Lenza (2016),
ainda acrescenta que os direitos “[...] iriam evoluir segundo a doutrina para uma
4.ª e 5.ª dimensão” (LENZA, 2016, p. 1626). Deste modo, é reconhecida a
importância de todos os Direitos Fundamentais para a atual formação do Estado
de Direito no país.

2.1.1 Direitos fundamentais como princípio e regra

Alexandrino e Paulo, (2022) afirma que a constituição de 1988 é


responsável por categorizar os direitos e garantias fundamentais em cinco
grupos: - direitos individuais e públicos, - direitos sociais, - direitos de
nacionalidade; - direitos políticos e direitos relacionados com a existência da
organização e participação em partidos políticos.
Neste cenário, Novelino (2006) afirma que existem outros direitos
fundamentais apresentados ao longo do texto constitucional, declarando que os
direitos fundamentais, mesmo que se digam estruturados sistematicamente nos
artigos 5º a 17º, não se limitam apenas aos itens listados no título II.
Pode-se compreender que existem diversos direitos construídos no
próprio texto, além de outros que podem surgir dentro do regime e até mesmo
entre os princípios que são adotados pela Constituição, assim como os de
tratados internacionais de direitos humanos que são sancionados pelo Brasil
(CF, art. 5.º, § 2.º)
Para Novelino (2016), os direitos constituídos como individuais colocam a
proteção da liberdade das pessoas como prioridade, uma vez que esta possui
diretamente uma ligação estipulada com o princípio voltado para a dignidade da
pessoa humana.
Deste modo, determinado pelo Estado, tal competência volta-se à
concretização de toda a ação, ou seja, a capacidade que visa ao ordenamento
à proteção de todos os direitos individuais que encontram-se indo contra ao
poder estatal (ALEXANDRINO; PAULO, 2022).
15

Assim, pode-se compreender que os direitos individuais acabam sendo


atribuídos aos que são particulares perante o Estado, assim como aos
particulares. Alexandrino e Paulo (2022) colocam que estes direitos acabam
estando diretamente interligados, principalmente ao direito voltado à pessoa
humana e sua própria personalidade. Dentre estes, podem ser elencados: o
direito à vida, à dignidade, à liberdade, entre outros determinados
constitucionalmente.
Por sua vez, no que cerne aos direitos coletivos a todos, estipulados nos
Capítulos I e II do Título II do texto constitucional, compreende-se que estão
resguardados todos os direitos individuais, assim como coletivos, principalmente
por possuírem fundamentos voltados aos direitos libertários clássicos, na
capacidade de proteger cada indivíduo contra os estados arbítrios (NOVELINO,
2016).
Em uma exemplificação exposta por Novelino (2016), é apontado que
podem fazer parte deste grupo todas as liberdades voltadas à reunião (CF, art.
5.º, XVI) e de associação (CF, art. 5.º, XVII a XXI). Com isso, o exercício desses
direitos acaba pressuposto à atuação das capacidades singulares e plurais de
todos os sujeitos, com titularidades que estão continuamente sendo pertinentes
às particularidades de todas as pessoas. (NOVELINO, 2016)
O autor acima afirma ainda que, no que tange aos coletivos, pode-se
compreender que estes se formam por meio de instrumentos voltados aos
exercícios e não propriamente aos sujeitos dos direitos. No próprio capítulo II, os
direitos conhecidos como sociais acabam podendo ter suas representações
direcionadas aos direitos à liberdade, que fazem associação com as profissões
e sindicatos (CF, Art. 8), direito de greve (CF, Art. 9), direito de trabalhadores e
empregadores de se associar as instituições públicas (CF, Art. 10)
empregadores (CF, Art. 11). (NOVELINO, 2016).
Deve-se salientar que Novelino (2016) coloca uma advertência voltada ao
temo direitos sociais se justifica por seu objetivo: melhorar a vida da população
em geral por meio de políticas públicas específicas e medidas de política social”.
O autor, em suas palavras, coloca uma complementação direcionando que,
“Contudo, isso não significa que os direitos sociais sejam direitos coletivos.
Como direitos públicos subjetivos, esses direitos fundamentais são individuais.
(NOVELINO, 2016, p. 302).
16

Ainda, no que se refere à quarta e à quinta dimensão voltada aos Direitos


Fundamentais, Novelino (2016), coloca que estas são de titularidade coletiva ou
difusa, direitos coletivos em sentido amplo. O mesmo, exemplificando suas
informações, apresenta determinações estipuladas no próprio texto: Trata-se do
direito do povo à autodeterminação à paz e ao progresso humano (CF, art. 4º,
III, VIM, VII e IX); direitos do consumidor e interesse público (CF, Art. 5º, XXXII
e XXXIII); do direito de comunicar (CF, art. 220 e ss.); e do direito ao meio
ambiente (CF, arts. 225 e ss.) (NOVELINO, 2016).
Ao final do século XVIII surgem as declarações dos Direitos do Homem,
no decorrer de um processo histórico contingente que levou à formação de uma
linha secular no Ocidente Moderno, (ALEXANDRINO; PAULO, 2022).
As declarações dos Direitos do Homem constituem parte fundamental da
redefinição da linha secular aliada à linha ontológica colonial que representam
as bases para uma conceptualização do sentido de humanidade na era moderna.
Nesta temática, ainda pode-se discutir os direitos sociais, de
nacionalidade, de política, assim como os direitos à existência, à organização e
à participação em partidos políticos. Dentre estes os autores Paulo e
Alexandrino, estão entre os que conceituam os direitos sociais, principalmente
no que cerne o contexto de liberdade positiva, de observância obrigatória em um
Estado Social de Direito, objetivando possíveis melhores condições voltadas à
vida aos hipossuficientes, onde pode visualizar também a concretização da
igualdade material e substancial. Estão arrolados no art. 6º e seguintes da Carta
Política, e são disciplinados em diversos outros dispositivos constitucionais (por
exemplo, direito à saúde - art. 196; direito à previdência - art. 201; direito à
educação - art. 206), (ALEXANDRINO; PAULO, 2022, p. 107).
De acordo com Santos e Martins, (2019) a busca de uma concepção
contra-hegemonica - hegemonia dos direitos humanos precisam iniciar a partir
do entendimento do itinerário histórico de como são convencionalmente
entendidos e estabelecidos, ou seja, as criações que hoje dominam, ligadas à
sua matriz liberal, individualista e ocidental e ao domínio das liberdades de
primeira geração - direitos civis e políticos.
Como menciona Samuel Moyn, é comum encontrar relatos históricos que
definem elementos tão distintos quanto o direito natural de Aristóteles e dos
filósofos estóicos, o Universalismo Cristão, o Direito Natural, a Declaração de
17

Independência dos Estados Unidos (1776), a Declaração dos Direitos do Homem


e do Cidadão (1789, França) e a Declaração Universal dos Direitos do Homem
(1948) (MOYN,2010).
Percebe-se que os direitos fundamentais inegavelmente têm uma linha
paralela com os direitos humanos, ambos com suas particularidades possuem
diferenças que devem ser vistas e entendidas para assim se compreender que
esses direitos são básicos, mas podem ser distintas.

2.1.2 Diferença entre os direitos fundamentais e direitos humanos

Compreende-se nos Direitos Fundamentais, principalmente aqueles que


se encontram determinados no caput do Artigo 5º da CRBF: Art. 5. odos são
iguais perante a lei, sem discriminação de qualquer espécie, que garante aos
brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade nas seguintes condições: -
O artigo III da declaração Universal dos direitos humanos também assegura os
direitos fundamentais: “Todo ser humano tem direito à vida à liberdade e à
segurança de sua pessoa”. (CF, 1988).
Com isso, é assegurada pela Carta Magna, toda a inviolabilidade do
direito à vida. Alguns autores, por sua vez, acabam considerando que este é o
direito mais importante, uma vez que a condição voltada às suas próprias
possibilidades acaba exercendo prioridade perante todos os outros direitos
(MENDES, 2017).
Há de se salientar que existe a possibilidade de não se estabelecer esta
concepção como prioridade, ou seja, não se pode dizer que o direito à vida se
concretiza como inviolável ou sendo o mais importante, mesmo que haja
exceções como: legítima defesa e situações em que o aborto é permitido
(ALEXANDRINO; PAULO, 2022).
Deve-se deixar claro que o principal direito sempre se volta para o que se
é determinado pela Constituição, ou seja, que não se forma em si ao direito à
vida, mas sim à dignidade das pessoas (BONAVIDES, 2004).
Nos direitos fundamentais, deve-se olhar para a proteção do direito à vida,
que engloba dois fatores particulares: o direito de continuar, de permanecer vivo
e o direito de ter vida digna (subsistência) (DALLARI, 2004).
18

Assim, o direito de uma permanência viva acaba englobando a proibição


da pena de morte (art. 5º, XLVII, a da CRBF); a proibição do aborto; a proibição
da eutanásia; e o direito de legítima defesa. Este mesmo direito se forma à
necessidade de prover políticas públicas de segurança pública, assim como a
proibição da justiça privada (LENZA, 2015).
No que tange à proibição da pena de morte, nas concepções de Dallari,
podem ser visualizados os seguintes termos:

No Brasil a pena de morte é proibida pela Constituição, que adota o


princípio da inviolabilidade do direito à vida. É oportuno lembrar que no
século XIX havia pena de morte no Brasil. Ela passou a ser proibida
depois de um caso escandaloso de erro judiciário. Um homem foi
acusado de ter cometido um crime violento e por isso foi condenado à
morte. Depois de executada a pena, surgiram provas de que tinha
havido um erro, pois o verdadeiro criminoso era outra pessoa, que
confessou o crime. Assim, a par de todos os vícios e inconvenientes
da pena de morte, existe mais este: se ela for executada injustamente,
não há como voltar atrás. Esse é mais um dos aspectos a serem
considerados no estudo do direito à vida e de sua proteção (DALLARI,
2004, p. 34).

Por Direitos Fundamentais, a Constituição também é responsável por


assegurar o direito voltado à integridade física (art. 5º, III); o inciso XLIX do artigo
5º também determinada que é assegurada esta integridade física aos presos e
ainda ao direito à integridade moral (art. 5º, V e X; art. 5º, XLIX) (SILVA, 2002).
Ainda se determina o direito de uma vida digna, garantindo os direitos à
um salário mínimo; a irredutibilidade do salário; o direito à saúde, à previdência,
à educação, à moradia; a irredutibilidade do salário; o direito à saúde, à
previdência, à educação, à moradia; e a proibição da tortura e das penas cruéis
e degradantes (DALLARI, 2004).
De acordo com José Afonso da Silva à tortura está criteriosamente
sentenciado no inciso III do art. nos termos do artigo 5.º da Constituição que
ninguém pode ser submetido a tortura ou tratamento desumano ou degradante.
A sentença é tão incisiva que o inciso XLIII do mesmo art. 5º estabelece que a
lei considerará o ato " tortura" como crime sem direito a fiança (cf. lei 9.455, de
7.4.1997) são responsáveis por ela.
E, no que cerne a Declaração Universal dos Direitos humanos, no seu
artigo V, pode ser visualizado: “Ninguém pode ser submetido a tortura nem a
penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.”. Relembra, com isso,
19

aquilo que foi citado pelo próprio Dallari: “Respeitar a vida de uma pessoa não é
apenas não matá-la com violência, mas também dar-lhe a garantia de que todas
as suas necessidades básicas serão atendidas.” (DALLARI, 2004, p. 36).
Ainda colocando em suas concepções, o seguinte pensamento: “Todos
os seres humanos têm o direito de exigir que respeitem sua vida. E só existe
respeito quando a vida, além de ser mantida, pode ser vivida com dignidade”
(DALLARI, 2004, p. 36). De acordo com Silva (2002), ao olhar para a
Constituição da República Federativa do Brasil, em seu caput do artigo 5º, há a
garantia à inviolabilidade do direito à liberdade, assim como a própria Declaração
Universal dos Direitos Humanos, que em seu artigo 1º acaba por garantir tal
direito.
Na busca por colocar uma melhor compreensão de todos estes direitos
básicos, é observado que a mesma determina alguns direitos como principais,
sendo eles relativos à educação, ao trabalho, à saúde e à moradia. Neste viés,
é observado que todos os seus direitos, assim como as garantias sociais estão
relacionadas à qualidade de vida das pessoas (CASTRO, 2005).
No que tange à saúde, como sendo um dos principais direitos que se
associam à qualidade de vida, sempre direcionados ao coletivo da população
brasileira, tem por finalidade o direito fundamental que se associa à vida de cada
pessoa. O mesmo é assegurado no art. 6º e nos artigos 196 a 200 da CRFB/88;
valendo ser ressaltado que esta foi a primeira Constituição brasileira que
assegurava tal direito (LENZA, 2015).
O direito à saúde, por si só, se forma como essencial à vida das pessoas
e tem sua principal correspondência voltada à preservação da saúde, assim
como sua manutenção. Compreende-se no direito à saúde, como um direito
social, toda a necessidade voltada à sua aplicabilidade em caráter imediato,
principalmente por poder ser requisitada a qualquer tempo.
De acordo com Castro (2005), a proteção do direito à saúde tem dois
aspectos - um é a preservação e o outro é a proteção. Enquanto os cuidados de
profiláticos da saúde estão associados a políticas mais amplas destinadas a
reduzir o risco de uma doença os cuidados de saúde são únicos na medida em
que são um direito individual. Da cura à recuperação de uma determinada
pessoa
20

Assim, pode-se visualizar que este é um direito direcionado a todos,


principalmente no que cerne as condições voltadas à uma vida digna; sendo
dever do Estado garantir o direito à saúde e, assim, colocar condições voltadas
ao atendimento em centros de saúde, hospitais, programas de prevenção,
medicamentos, e outros que sejam necessários a garantir o direito à saúde. Além
disso, é importante que esse serviço seja universal. Permitindo acesso a todos
que precisam e que sejam abrangentes na garantia de tudo o que uma pessoa
necessite em seus direitos a saúde. (DALLARI, 2004).
Outro grande direito humano que se encontra estipulado no artigo 6º da
CRFB/88, se forma no direito à educação, que se encontra presente também
dentro dos artigos 205, 206, 213 e 214 da CRFB/88, é um direito social basilar
da sociedade (MORAES, 2017).
Para Dallari (2004), as concepções voltadas à educação, podem ser
estipuladas como um processo voltado à aprendizagem e ao próprio
aperfeiçoamento, no qual todas as pessoas podem se preparar para a vida e,
com isso, por meio da educação serão preparados para a garantia de uma
melhor perspectiva de vida a si mesmo.
Assim, o próprio Direito às condições humanas, estipulados pela
educação, se formam em caráter de fundamental importância dentro de todos os
países, entre eles, o Brasil, uma vez que se nota que grande parte dos países
que alcançaram o topo da escala mundial, acabaram fundamentam-se nos
avanços educacionais de todas as pessoas (LENZA, 2015).
Por meio da educação, as pessoas acabam se qualificando ao mercado
profissional, ou seja, ficam aptos para exercer a sua função perante a sociedade.
A educação, como fator responsável por elevar o país às maiores potências
econômicas, assim como a garantia de um melhor pensamento de todos, se
forma como um dos maiores direitos humanos.
De acordo com Dallari (2004), esta não deve ser construída apenas como
uma educação voltada a domesticação das pessoas, mas sim à estimular o uso
da inteligência e da própria crítica de todos, reconhecendo, na criança, como um
ser humano pensante, capaz de raciocinar e que necessita de receber todas as
informações para possíveis conquistas futuras.
Assim, os Direitos Humanos, mesmo que citados aqui, em viés de
exemplificação, apenas dois, acabam sendo responsáveis por incumbir o Estado
21

de todas as garantias voltadas ao acesso das pessoas aos direitos de uma vida
digna, ao longo do exercício desses direitos à de ocorrer conflitos que devem ser
verificados seus impactos em sociedade.

2.1.3 Colisão entre os direitos fundamentais

De acordo com as concepções de Mendes, quando se analisam as


colisões existentes entre os direitos fundamentais, observa-se que ocorre um
conflito entre a própria razão entre todos os exercícios destes direitos, que são
fundamentais e voltados aos mais diversos titulares aversos. Para o mesmo
autor, esta colisão pode ocorrer a partir de alguns conflitos, como: a) direitos
individuais; b) individuais e bens jurídicos da comunidade e; c) bens jurídicos e
coletivos (BONAVIDES, 2004).
É determinado que, quando há ocorrência de conflitos, os direitos acabem
por ser mitigados, ou seja, possam vir a ser revitalizados para exercício de
determinado direito (MENDES, 2017).
Com isso, têm-se como forma autêntica, uma colisão apenas quando
determinado direito fundamental possa vir afetar de forma direta o âmbito de
proteção voltado à outro direito fundamental. Assim, deve-se caber ao legislador
estabelecer todos os limites que são adequados aos direitos e a sua própria
proteção (DALLARI, 2004).
Entende-se então, que os direitos acabam sendo submetidos a uma
reserva legal e expressiva, assim como se compete ao legislador traçar os limites
mais adequados, em busca de assegurar um exercício pacífico de todas as
faculdades que possam vir a encontrar-se em conflito (BONAVIDES, 2004).
De acordo ainda com Mendes, a colisão de direitos fundamentais é
pontuada de modo que a liberdade artística, intelectual, científica ou
comunicativa (CF, 5º, Art. IX) pode conflitar com a intimidade privacidade, honra
ou imagem das pessoas (CF, 5º, Art. X); o a liberdade de imprensa interna (artigo
38.º, n.º 2 da constituição Portuguesa), que inclui a liberdade de expressão e de
criação dos jornalistas, bem como a interferência na orientação ideológica dos
meios de comunicação social, pode entrar em conflito com o direito de
propriedade de empresas de jornalísticas.
22

Pode-se ainda observar que todas as colisões acabam sendo estipuladas


por suas categorias distintas: uma, formada em colisões de sentido estrito e a
outra em colisões voltadas a sentidos mais amplos. Mendes (2017) coloca que
as colisões em sentido estrito acabam sendo referidas como àquelas em que os
conflitos estão diretamente ligados aos direitos fundamentais. Por sua vez, as
colisões em sentido amplo acabam envolvendo os direitos fundamentais e outros
princípios ou até mesmo valores que acabam tendo por escopo a proteção de
interesses voltados à comunidade.
No que tange às colisões em sentido estrito, pode ser dito que elas
acabam subdividindo-se em colisões entre os direitos fundamentais idênticos e
colisões entre os direitos fundamentais diversos. Nas visões de Mendes (2017)
tais colisões, estipuladas dentro dos direitos fundamentais idênticos, acabam
sendo reconhecidas a partir de suas quatro classificações, sendo elas: a) colisão
de direitos fundamentais como direito liberal da defesa; b) colisão de direito de
defensoria liberal e o direito ao protecionismo, exemplo: atirar no sequestrador
com objetivo de preservar a vida do refém.
No que se pode visualizar à segunda espécie, Mendes apresenta que tais
situações encontram-se quando há conflitos entre a vida do sequestrador e da
vítima, por exemplo, que são partes mais complexas. Neste caso, tais situações
devem ser resolvidas, por aceitação às condições do sequestrador, porém, se
torna provável não considerar um terceiro elemento desta colisão, que enseja a
proteção da própria comunidade. Assim, deve-se ser capaz de evitar possíveis
atos de violência (MENDES, 2017, p. 211).
Mendes, (2017) elucida ainda que por sua vez, as outras duas
classificações podem ser consideradas: a liberdade religiosa, que envolve tanto
a prática da religião quanto o direito de não participar ou desenvolver qualquer
prática religiosa. Vale questionar por exemplo, se o Estado pode compelir a cruz
a ser colocada na sala de aula. d) conflito entre o lado jurídico dos direitos
fundamentais e o lado fático: Trata-se aqui de um debate conjunto sobre o direito
à igualdade. Se o legislador prevê a concessão de assistência aos
desfavorecidos, indaga-se a dimensão fática ou jurídica do princípio da
igualdade.
Ainda de acordo com Mendes (2017), nas colisões entre direitos
fundamentais diversos é observado um relevo peculiar entre a liberdade de
23

opinião, de imprensa ou liberdade artística, de uma parte, e do outro o direito à


honra, à privacidade e à intimidade, da outra parte.

2.2 SOBERANIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO


FEDERAL ATUAL

Já exposto em parágrafos anteriores, a Carta Magna do Brasil, em suas


concepções, diz que as normas constitucionais são responsáveis por garantir os
direitos, assim como as garantias fundamentais e suas aplicações em caráter
imediato (art. 5.º, § 1.º, BRASIL, 1988).
Segundo Alexandrino e Paulo (2022), esses direitos e garantias não são
vistos como provendo de um caráter programático, mas como um preceito
voltado ao que seus aplicadores venham a garantir por direito, buscando por
meio deste dar uma aplicação iminente direcionada a uma eficácia maior,
independente da forma regulamentadora que está sendo estipulada pelo
legislador ordinário.
Por sua vez, Alexandrino e Paulo (2022) ainda colocam que pode haver
algumas exceções, já que os direitos e as garantias fundamentais não se
concretizam como auto aplicação, ou seja, acabam necessitando de
intervenções do legislativo para toda a sua eficácia, mesmo que limitada.
Os direitos sociais em sua maioria, possuem uma plena eficácia que se
encontra condicionada a uma regulamentação que é mediada por lei, como, os
incisos X, XI, XII, XX, XXI, XXIII, XXVII do art. 7º da Constituição Federa. Estes,
mesmo que com uma aplicabilidade imediata, encontram algumas previsões
voltadas às normas constitucionais de uma eficácia limitada, que acaba
dependendo da regulamentação para a produção de seus efeitos essenciais
(ALEXANDRINO; PAULO, 2022).
Seguindo o tema Lenza (2016), classifica a eficácia indireta ou mediata
como direitos fundamentais que são usadas de forma reflexiva, tanto em uma
dimensão proibitiva e dirigida ao legislador, que não pode promulgar uma lei que
viole direitos fundamentais, quanto positivamente direcionada ao legislador, para
implementar direitos fundamentais e ponderar quais devem ser aplicados. às
relações e ao efeito direto ou direto como direitos fundamentais que podem ser
24

aplicados às relações privadas sem a necessidade de mediação judicial para ser


efetivada.
Por sua vez, nas palavras de Novelino (2016), há a afirmação que todas
as normas são definidoras de direitos voltados às garantias fundamentais e estas
devem ter uma aplicação imediata, salvo em momentos que o próprio enunciado
vise ao lado normativo, exigindo uma lei regulamentadora, assim como a
omissão do legislador, por razões em caráter fático ou jurídico e que não possam
vir a ser supridas pela vida mandamental, como poderá ser descrito nos
próximos momentos estipulados no trabalho.

2.2.1 Métodos de interpretação da constituição

Em um primeiro momento deve-se compreender que todos os direitos


fundamentais possuem caráter constituído como absoluto. Estes, por sua vez,
mesmo que possuam uma enorme proteção, acabam sendo dotados de
possibilidades de visualizações relativas, podendo até mesmo ser barrados
quando possuírem uma incidência voltada aos outros direitos fundamentais
(MENDES; BRANCO, 2017).
De acordo com Filho (2019, p. 20), estes: a) os direitos fundamentais
podem conflitarem entre si, exemplo, o direito a liberdade de expressão pode
chocar-se com o direito à intimidade. b) Nenhum direito fundamental pode ser
utilizado como escudo para a realização de atividades ilícitas. De fato, os direitos
fundamentais protegem seus titulares apenas se eles se deslocar dentro dos
limites da ação legal. Isso porque seria uma contradição em termos definir o
mesmo comportamento como legítimo e ilegal.
Assim, compreende-se que este direito acaba sendo definido por sua
conduta, podendo esta ser ilícita; onde não se pode considerar aquilo que foi
justo de acordo com o sentido estipulado pelo direito fundamental, que acaba
levando a tal conduta. Em outros casos, por exemplo, não se forma em cunho
válido alegar determinada liberdade, quando sua manifestação de pensamento
for responsável por transpassar pensamentos para propagação de possíveis
ideias racistas ou discriminatórias (ALEXY, 2015).
Segundo Novelino (2016), deve ser considerado um paradoxo nesta
restrição estatal voltada aos direitos fundamentais, uma vez que se observa que
25

ao mesmo tempo estas se formam como limitações ao poder do Estado podem,


em outros casos, também ser limitadas pelo mesmo. Com isso, há sempre uma
grande importância em se analisar quais são as atividades limitadoras
estipuladas pelo Estado e, tudo aquilo que também poderá ser limitada por ele.
Com isso, é importante observar todas as possíveis limitações, embora a
Constituição não tenha uma previsão expressa, a mesma contém vários
princípios que corroboram com as suas restrições, como por exemplo: “Estado
de direito (CF, art. 1º); o princípio da legalidade e da reserva legal (CF, art. 5º,
II); o princípio da segurança jurídica (CF, art. 5º, caput e inciso XXXVI) e o
princípio da razoabilidade (CF, art. 5º, LIV)” (NOVELINO, 2016).
Neste mesmo sentido, Moraes (2017), compreende que quando houver
necessidade de analisar e interpretar dois ou mais direitos ou garantias, aquele
que estiver interpretando deverá sempre utilizar-se do princípio da concordância
prática ou até mesmo aquele direcionada à harmonização, na busca por
coordenar e combinar os bens em caráter jurídico, evitando, com isso, qualquer
situação voltada a melhorar a situação em bem de um contra o outro.
Assim, se faz necessário sempre um debate para uma compreensão
voltada às interpretações, principalmente no que tange aos limites, que são
afirmados em prol da necessidade à visão de que os direitos fundamentais
possam vir a se limitar, não devendo elevar o grau de profundidade para sua
própria importância. No próximo capítulo será feita uma abordagem sucinta
acerca do entendimento do Supremo Tribunal Federal acerca dos direitos
fundamentais dentro do Brasil, especialmente traçando uma interpretação
adequada acerca de suas interpretações e necessidades.
26

3. O ENTENDIMENTO DO STF SOBRE OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NO


BRASIL

Denominado como Supremo Tribunal Federal, a Corte Suprema teve sua


concepção em 22 de junho de 1890, sendo adotado na Constituição Provisória
através do Decreto nº 510, momentos mais tarde o Decreto nº 848 de outubro
do mesmo ano, viria organizar a Justiça Federal (ROLIM, 2001).
Por meio de seu regimento interno, é estabelecido sua composição e a
competência de cada órgão do Tribunal, tendo o dever de regular o processo e
o julgamento dos feitos que a sua competência determinam, como por exemplo
ser o guardião da Constituição (ROLIM, 2001).
Na qualidade de guardião da Constituição Federal é admissivel que em
presença de conflitos existentes entre os direitos fundamentais o Supremo
Tribunal Federal análise e na autoridade de sua competencia regule os feitos de
conflito apresentado e apresente suas definições (HERRERA, 2009).
A partir deste momento, serão descritas as principais interpretações
acerca da colisão dos direitos pelo Supremo Tribunal Federal, assim como suas
percepções no que tange as concepções que são contrárias à estes.

3.1 CONCEITOS DE COLISÃO DOS DIREITOS PELO STF

Proviniente do entendimento que não há direito fundamental absoluto, ao


examinar ocorrencias de existencias de conceitos opostos, se torna exequível a
conciliação entre elas. Esse processo pode se realizar por intermédio da regra
de proporcionalidade. (ROLIM, 2001). De acordo com Steinmetz (2001), a regra
de proprocionalidade concentira por intermédio de análises comparativas de
avaliação das predileções implicadas no caso concreto, seguir um harmonizar
por meio do jugo regular do campo de ação, concenssão bilateral ou seguir a
concenssões unilaterais quando a a bilateral for impraticável.
Deste modo, segundo Miranda; Girardi; Mota (2002), se verificar algumas
modalidades de colisão de direitos fundamentais e como solucionar diferenças
nessas interpretações. Para isso é aplicada Três regras básicas:

 Colisão com redução bilateral


27

 Colisão com redução unilateral


 Colisão com excludente

3.1.1 Colisão com redução bilateral:

A colisão com a redução bidirecional permite reduzir a carga de custos


dos dois direitos fundamentais, para que ambos os casos específicos possam
ser aplicados. Isso dá aos titulares de direitos a oportunidade de exercer ambos
os direitos. A discrição comparativa é permitida para pesar os benefícios
envolvidos em ambos os casos, ja que reconciliam reduzindo os limites de
ambos proporcionalmente. O princípio é reduzir ambos os valores de cada direito
fundamental para encontrar o equilíbrio do princípio fundamental (STEINMETZ,
2011).
O proprietário tem o direito de reparar sua casa em decorrência dos
direitos de propriedade e habitação previstos no art. 5º inciso XXII e 6º capítulos
da constituição Federal. O seu vizinho pode, no entanto, recorrer ao tribunal
invocando o embargo ao projeto sob a alegação de que o ruído resultante
perturba o sua paz durante o dia e o seu descanso à noite, infringindo os direitos
presumidos no art.. 5º, X e XI da Constituição Federal. O conflito com a redução
bilateral encontra solução neste princípio de proporcionalidade (STEINMETZ,
2011).
É possível verificar no exemplo acima que, diante do conflito de direitos,
o juiz resolveu o conflito marcando um horário para a realização da reforma,
neste caso, durante o dia, vedando o período noturno. Assim, a outra parte
respeitou seu sono, mas durante parte do dia os ruídos persistem.

3.1.2 Colisão com redução unilateral:

A colisão com a redução unilateral aplica-se quando a primeira regra é


inatingível, caso em que apenas um dos valores fundamentais ou princípios
normativos do direito fundamental é reduzido para ser efetivo. Para Steinmetz
(2011), essa regra é aplicada por meio de liminares e outras provisões de
jurisdição de emergência, exemplo à:
28

(..) efetividade da tutela jurisdicional, segundo o qual não se pode


excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de lesão a
direito (art. 5º, inciso XXXV, da Lei Fundamental), e o direito ao
contraditório e à ampla defesa“ (art. 5º, inciso LV, da Constituição de
1988) (STEINMETZ, 2011, p. 59),

É visto que a colisão com a redução unilateral ocorrerá a todo o momento


que for possível o exercício combinado dos direitos fundamentais, mediante a
relativização de apenas um deles, sem o qual o outro direito seria completamente
devastado, o mesmo não sendo necessário com a situação inversa.
Nesse aspecto, a redução unilateral em face da colisão de dois direitos
reduz proporcionalmente a aplicação de um dos direitos em conflito, sem
extingui-lo, destacando e aplicando em sua forma total o direito considerado
como o mais relevante nesse contexto factual (STEINMETZ, 2011).

3.1.3 Colisão com excludente

A colisão de exclusão é aquela em que, para que ocorra a efetivação de


um direito fundamental, o outro deve ser cancelado, comprovando seu valor em
detrimento do outro, esta é a ideia do peso de seu valor. De acordo com
Canotilho (1999), essa regra limita ou estreita o alcance da efetiva ocorrência da
norma que acolhe, estreita a essência protegida pelos dispositivos
constitucionais e interfere diretamente no conteúdo dos direitos fundamentais
que a norma procura proteger.
Existem ainda as restrições stricto sensu que são as restrições expressas
na própria Constituição ou, em algumas hipóteses as autorizadas pela
constituição mediadas por lei subconstitucional. Já as restrições internas não
estão expressamente previstas na constituição, mas se originam de um conceito
do sistema constitucional, que são chamadas de restrições inerentes aos direitos
fundamentais (CANOTILHO, 1999).
Esse entendimento cria o sistema de limitações dos valores
constitucionais, excluindo um direito em detrimento de outro de maior valor, mas
depende da aplicação em cada caso concreto. Para Steinmetz (2011), o
procedimento de restrição de direitos fundamentais deve consistir em três etapas
consecutivas:
29

 Estabelecimento do âmbito de proteção das normas da


constituição possibilitando verificar quais direitos estão protegidos
e qual a extensão dessa proteção constitucional;
 Identificação do tipo, natureza e finalidade da medida legal
restritiva;
 Controle da limitação permitida pela constituição uma vez que a
intervenção restritiva do legislador só se justifica quando houver
confronto de pelo menos um valor constitucional e um direito
fundamental, o que acarreta o requisito de limitação deste, que só
pode ser realizado no caso concreto.

Assim, o intérprete e aplicador da lei em um caso específico não permitirá


o embate de valores fundamentais, excluindo aquele de menor carga avaliativa.

3.2 CRITÉRIOS

As normas para as atividades de interpretação e aplicação das normas


constitucionais existem no ordenamento jurídico nacional. Nesses termos, a
substância da Teoria da Constituição se apresenta como uma inovação
mediante presença das posturas positivistas passadas e presentes, pois toda a
constituição se funda nos valores que estão estipulados em seus princípios
constitucionais que a regem, principalmente no que refere à dignidade da pessoa
humana, dando uma dimensão axiológica e teleológica ao constitucionalismo
moderno. (SOARES, 2010, p. 123).
Para o cumprimento dessas funções, a doutrina jurídica se torna muito
importante na tomada de decisões que venham tratar dos princípios
estabelecidos na Constituição Brasileira de 1988 (SERAFIM; VIANA. 2014).
A ideia de uma nova interpretação constitucional está ligada ao
desenvolvimento de algumas fórmulas originais para realizar a vontade da
constituição. Não se trata de desconsiderar ou abandonar o método clássico - o
subjuntivo baseado na aplicação de regras - ou os elementos tradicionais da
hermenêutica: gramatical, histórico, sistemático e teleológico. Pelo contrário,
continuam a desempenhar um papel relevante na descoberta do sentido das
30

normas e na resolução de casos concretos relacionado, mas nem sempre


suficiente (BARROSO, 2004).
Mesmo no quadro da doutrina jurídica tradicional determinados princípios
de interpretação constitucional são sistematizados e capaz de superar as
limitações das interpretações jurídicas tradicionais. Principalmente, quando
entendido a partir da perspectiva da lei dentro da constituição e o direito civil
(BARROSO, 2014).
A grande virada na interpretação constitucional se deu pela difusão de
uma conclusão que, além de simples, não é sequer original: a crença de que os
normas jurídicos em geral e as normas constitucionais em particular, trazem
sempre em si um único objetivo, a lógica, que se aplica a todas as situações em
que ela possa ser empregada (BARROSO, 2014).
E assim, caber ao intérprete simplesmente revelar o conteúdo pré-
existente no padrão sem desempenhar nenhum papel criativo em sua
implementação. De fato, os técnicos jurídicos ao longo do século 20 começaram
a usar sentenças cada vez mais abertas ou conceitos provisórios como: danos
não patrimoniais, justa indenização, ordem pública, interesse superior do menor,
boa-fé (BARROSO, 2004).
Com essa fórmula, o ordenamento jurídico traspassou a transferir parte
do poder decisório do legislador para o intérprete. A lei provê critérios, mas é
somente à luz do caso concreto, dos elementos subjetivos e objetivos a ele
relacionados, percebidos pelo titular da aplicação da lei, que será possível
determinar a vontade jurídica. O magistrado passou a desempenhar um papel
importante na integração da norma complementado por sua própria avaliação.

3.3 O STF PERANTE OS DIREITOS FUNDAMENTAIS: DEFINIÇÃO LEGAL

De acordo com Cappelletti (1999), todo sistema jurídico civilizado


procurou estabelecer e impor certos limites à liberdade judicial, tanto processual
quanto material. E, materialmente é obvio que as características da realidade
atual e as conclusões sobre os contornos sociológicos da comunidade devem
ser levadas em conta.
Dessa maneira se tem o entendimento dos direitos naturais que são
direitos inerentes à natureza humana. São direitos positivos que se baseiam nas
31

relações sociais e materiais de cada período da história (SILVA, 2013). Por outro
lado, existe os direitos humanos, vocábulo privilegiado em documentos
internacionais, ou direitos humanos, como ensina Mazzuoli:

Direitos humanos é uma manifestação da natureza da lei natural que


representa uma série de direitos naturais (O que ainda não foi
confirmado) que podem fornecer proteção a indivíduos em todo o
mundo e são eficazes em todos os momentos. São direitos que
teoricamente não estão consagrados em textos constitucionais ou
tratados internacionais de proteção. No entanto, hoje em dia, além de
raros exemplos, é muito difícil ter uma gama significativa de direitos
reconhecíveis que ainda não estejam contidos em nenhum documento
redigido, seja nacional ou internacional (MAZZUOLI, 2018, p.31).

Os direitos individuais são considerados isolados. A doutrina não gosta


muito dessa palavra e tendem a não usá-la. Mas ainda é usado para denotar
grupos básicos de direitos consistentes com direitos civis como vida, igualdade,
liberdade, segurança e propriedade (SILVA, 2013).
Por fim, os direitos humanos fundamentais aqui estão as expressões mais
apropriadas postas neste estudo. Mazzuoli deu as seguintes ideias:

Direitos fundamentais esta é uma expressão que se refere à proteção


interna dos direitos civis. que se relaciona com a natureza
constitucional ou matiz de proteção no sentido de que já estão
consagrados na carta constitucional moderna. São direitos garantidos
e limitados no tempo e no espaço, objetivamente efetivos em um
ordenamento jurídico específico. Tais direitos devem constar em todos
os textos da constituição (MAZZUOLI, 2018).

Portanto, é importante distinguir pequenas diferenças entre os termos,


visto, embora sejam semelhantes e muitas vezes confundidos eles não se
referem ao mesmo conceito.
A importância desta classificação se revela, por óbvio, em razão de ser a
adotada pelo constituinte de 1988 que, como esclarece Silva (2013), separa os
direitos fundamentais em cinco conjuntos, de conformidade com seu conteúdo:
direitos à nacionalidade (art. 12), direitos individuais (art. 5º), direitos sociais
(arts. 6º e 193 e ss.), direitos políticos (art. 14 a 17), direitos coletivos (art. 5º) e
direitos solidários (arts. 3º e 225).
No art. 5º estão expressos os direitos individuais, ou direitos fundamentais
do homem-indivíduo e os direitos coletivos. Os direitos individuais “são aqueles
que reconhecem autonomia aos particulares, garantindo a iniciativa e
32

independência aos indivíduos diante dos demais membros da sociedade política


e do próprio Estado” (Silva, 2013 p. 194).
Silva (2013, p. 195) aponta que pontuados direitos coletivos são na
verdade “direitos individuais de expressão coletiva como a liberdade de reunião
e associação” e não direitos coletivos propriamente ditos. Também especifica
que a maioria dos direitos coletivos listados no texto da constituição são
qualificados como direitos sociais, como a liberdade de formar associações
profissionais e sindicatos (artigos 3 e 45). 8º e 37º, VIM o direito de greve (art. 9º
e 37, VII), o direito de assalariados e empregadores de participar de instituições
públicas (artigo 10), e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (
artigo 225).
Sujeito ao título de direitos coletivos e, portanto, à liberdade exclusiva de
reunião e associação (art. 5º, 16-XX), o direito das entidades sindicais de figurar
suas subsidiárias (art. Interesse (art. 5º, 33) e direito de petição (art. 5º, XXXI;
art. 5º, art. XXXIII, inciso A) (SILVA, 2013).
Desta forma, faz-se uma distinção entre direitos coletivos e direitos
sociais, pois visam garantir aos indivíduos condições substanciais de igualdade
essenciais para o efetivo exercício de seus direitos, que consistem
principalmente em benefícios estatais. Estão presentes no artigo 6º da CF/88 e
em outras partes do texto constitucional, incluindo os direitos decorrentes do
regime e os princípios da constituição da república bem como os direitos
previstos em tratados internacionais (SILVA, 2013).
O direito à nacionalidade está relacionado aos pressupostos que o
indivíduo deve atender para ser considerado cidadão de nacionalidade brasileira,
o que pode ocorrer por nascimento ou por naturalização. Dependendo dessas
condições, não é direito de todos, mas apenas daqueles que atendem a essas
condições (SARLET, 2012).
Quando essas diferenças são separadas A nomenclatura mais correta é
um direito fundamental especialmente no estado de direito da democracia e da
sociedade e é o termo utilizado pela constituição Federal de 1988 (SARLET,
2012).
33

3.4 DIVERGENCIAS DOUTRINARIAS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os direitos fundamentais podem entrar em conflito entre si, quando se é


apresentado conflitos do direito à vida x liberdade de crença; direito à intimidade
x liberdade de informação jornalística. Nesses casos de conflito, não é possível
explicar em abstrato qual lei deve prevalecer, só por meio de uma analise do
caso de modo aprofundado será possível com base no critério da
proporcionalidade (transferência recíproca), definir qual lei deve prevalecer.
Mesmo assim, se deve buscar uma solução de “consenso” que, no
balanço, ceda o máximo efeito possível aos dois direitos conflitantes, é valido
observar que não se deve sacrificar completamente nenhum dos direitos
conflitantes. A divergência entre direitos fundamentais pode e deve ser
solucionado pela aplicação de determinados princípios e/ou critérios,
dependendo da natureza jurídica das normas em conflito.
O Supremo Tribunal Federal (STF) segue a orientação dos tribunais
constitucionais da Alemanha, Italia, França, Espanha, Portugal e Estados
Unidos, notando que é impossível elevar o patamar dos direitos fundamentais,
levando isso em conta, em caso de conflito entre direitos fundamentais e danos
principio lógicos, o equilíbrio de interesses foi julgado pela aplicação do princípio
da proporcionalidade (DAMACENO, 2014).
Como exemplo, o princípio da ponderação/razão, pode ser utilizado como
requisito para a resolução de conflitos sobre direitos fundamentais nos seguintes
jugamentos: HC 115613/SP; ADI 4650/DF; HC 89544/RN; ARE 801676 AgR/PE;
HC 79512/RJ; HC 82424/RS; HC 71373/RS; HC 94477/PR; ADPF 347 MC/DF;
RE 592581/RS/ ADI 4815/ DF; RE 658312/SC; RE 636941/SC, dentre outros.
Ressalte-se que o excelente tribunal, além de aplicar o método da
ponderação e o princípio da proporcionalidade no conflito de direitos, deve se
basear, conforme sinaliza a constituição Federal, no princípio do pundonor da
pessoa humana, portanto, não basta apenas para resolver o conflito a solução
deve ser digno e garantir o núcleo essencial dos princípios em conflito,
assumindo que este princípio, de grande importância no confronto entre direitos
fundamentais, destaca o estudioso Gilmar Ferreira Mendes sobre o assunto.
No direito brasileiro o princípio da dignidade humana ganhou um
significado específico no processo de resolução do processo de equilíbrio de
34

colocações conflitantes. Também é correto que o Tribunal de Justiça Federal


aplique deliberadamente o princípio da proporcionalidade como uma “lei de
equilíbrio” e rejeita a intervenção com ônus desproporcional e desproporcional
aos titulares dos dados (MENDES, 2018).
O jurista Sarlet apresenta muito bem esta posição do Supremo ao aplicar
a conjectura do equilíbrio, que se baseia nos princípios da proporcionalidade e
da diginidader da pessoa humana ao relatar sobre a doutrina e a jurisprudência
em especial o STF, embora adotem a tese do posicionamento preferencial da
liberdade de expressão, reconhecem que não se fala de uma jurisprudência
absolutamente isento de limitações e restrições, desde que qualquer restrição
seja de natureza excepcional, promovido por lei e/ou determinação judiciária (já
que toda censura administrativa é proibida) e se baseia na defesa da dignidade
do indivíduo (que aqui opera tanto como limite quanto como limite dos direitos
fundamentais) e da personalidade individual e jurídica. fundamentos direitos
coletivos e direitos constitucionais, observados os critérios de proporcionalidade
e a conservação do núcleo indispensável dos direitos em conflito (SARLET,
2018).
De acordo com Silva (2002), o STJ aplica o princípio da proporcionalidade,
mas o faz com menos prudência do que deveria, pois a invocação da
proporcionalidade é muitas vezes um singelo recurso a uma das vértices de
natureza estritamente retórica e assistemática. Em muitas resoluções que deseja
tratar uma ação inadequada tendem a aplicar a formula do princípio da
proporcionalidade ou razoabilidade. Entretanto, essa formula deveria ser
considerada inconstitucional, visto não ser feita nenhuma referência a algum
processo racional e estruturado de controle da proporcionalidade do ato
questionado, nem mesmo um real cotejo entre os fins almejados e os meios
utilizados (SILVA, 2002).
Os tribunais brasileiros, especialmente a Suprema Tribunal Federal,
aplicam os padrões aqui examinados, especialmente o da ponderação e o da
proporcionalidade, nos conflitos entre as normas de direitos fundamentais, e
sempre analisam a natureza jurídica das normas conflitantes nos casos. Tendo
esse estudo o foco direitos fundamentais a partir do entendimentos do STF, faz-
se essencial analisar alguns casos em que o conflito de direitos fundamentais foi
35

solucionado por meio da técnica da ponderação e do princípio da


proporcionalidade, como será explanado no terceiro capítulo.
36

4. DIREITOS FUNDAMENTAIS E AS PRINCIPAIS INTERPRETAÇÕES DO STF


ENTRE OS ANOS DE 2015 A 2020.

Neste capítulo, é apresentado as quantidades de Ações Diretas de


Inconstitucionalidade (ADIs). Recebidas, baixadas e taxa de aumento ou
redução do período dos anos de 2015 a 2020, se apresentara a este estudo
algumas das principais interpretações do Supremo Tribunal Federal referente
Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) entre os anos apresentados.
É da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), que o tratamento
apropriado aos desfavorecidos, se agrega no rol dos deveres do Estado,
entretanto essa responsabilidade é solidária dos entes federados.
Sendo a divergência entre direitos fundamentais pode e deve ser
solucionado pela aplicação de determinados princípios e/ou critérios,
dependendo da natureza jurídica das normas em conflito. O Supremo Tribunal
Federal (STF) segue a orientação dos tribunais constitucionais da Alemanha,
Itália, França, Espanha, Portugal e Estados Unidos, notando que é impossível
elevar o patamar dos direitos fundamentais (DAMACENO, 2014), levando isso
em conta, em caso de conflito entre direitos fundamentais e danos princípio
lógicos, o equilíbrio de interesses foi julgado pela aplicação do princípio da
proporcionalidade.
No decorrer desse capitulo será destacado alguns dados para ilustrar
decisões e movimentações da Corte, tendo como intuito a proteção da Carta
Magna do Brasil, elucidando dúvidas e solucionando a legalidade mediante sua
competência. Algumas modalidades das competências conhecidas estão:

I - Ações Diretas de Inconstitucionalidade - ADIs;


II - Ações Declaratórias de Constitucionalidade – ADCs1;

1 É impetrada no Supremo Tribunal Federal, visando à declaração de constitucionalidade


de lei ou ato normativo federal. As decisões definitivas de mérito sobre essa ação têm eficácia
contra todos e efeito vinculante no âmbito dos demais órgãos do Judiciário e do Executivo. Pode
ser proposta pelo presidente da República, pelas Mesas do Senado e da Câmara e pelo
procurador-geral da República. Fonte: Agência Senado- Ação Declaratória de
Constitucionalidade (ADC) Secom – S/D – Disponível em: < https://www12.senado.leg.br/
noticias/glossario-legislativo/acao-declaratoria-de-constitucionalidadeadc#:~:text=%C3%89%20
impetrada%20no%20Supremo%20Tribunal,do%20Judici%C3%A1rio%20e%20do%20Executio.
>. Visitado em: 03 de novembro de 2022.
37

III- Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – DPF2.

De acordo com o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), as


Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) são ferramentas que permitem ao
Supremo Tribunal Federal a verificação da inconstitucionalidade de leis ou atos
normativos. É realizado a apresentação ao Supremo Tribunal Federal assim que
percebido a inconstitucionalidade de norma ou ato normativo federal ou estadual
diante da Constituição Federal. Ou será proposição mediante os Tribunais de
Justiça dos Estados ao lidar com o método inconstitucional diante das normas
ou atos normativos estaduais ou municipais perante as Constituições Estaduais.
Se for julgada improcedente, a Corte declarará a constitucionalidade da norma
ou ato.
A atividade medida indica quanta ADI o STF recebeu durante o período
de revisão. No entanto, sua quantidade difere das ações efetivamente
canceladas no mesmo período, pois entre 2015 e 2020 o STF pôde julgar tanto
as ações consideradas no período quanto as ações já desenvolvidas pela
diretoria antes de 2015. O número de ações canceladas será diferente do
número de ações concedidas entre 2015 e 2020, pois nem todas as ações
encerradas foram canceladas durante o mesmo período.
De acordo com levantamento no portal de transparência do STF (2022),
entre o ano de 2015 a 2020, foram baixados de seu sistema um total de 1.765
ADIs resultando na taxa de redução do acervo. Esse montante representou 23,1
% das ações de controle concentradas canceladas no período.
De acordo com Paz (2020), o STF, no início de 2020, a ação de controle
da constitucionalidade representava 84,26% do total de 2059 ações
processadas. As ações processadas no Supremo entre 2015 e 2020 mostram
um total de tramitação no valor de 1429 ações.
Segundo Paz (2020), em sua análise sobre os números de ações
autuadas, pendentes e baixadas no STF, é permissivo sugerir que a diferença

2 Ação proposta ao Supremo Tribunal Federal com o objetivo de evitar ou reparar lesão

a preceito fundamental resultante de ato do poder público. A ADPF não pode ser usada para
questionar a constitucionalidade de lei, exceto as municipais ou anteriores à Constituição de
1988. Pode ser proposta pelos mesmos legitimados a ajuizar a Ação Direta de
Inconstitucionalidade. Fonte: Agência Senado - Manual de Comunicação da Secom – S/D –
Disponível em: < https://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/guia-juridico/arguicao-de-
descumprimento-de-preceito-fundamental-adpf>. Visitado em: 03 de novembro de 2022.
38

apontada entre ações autuadas e baixadas apontam para um possível grau de


ineficiência do órgão. Visto, entre 2015 e 2020 processar um acúmulo de ações
na média de 16,8 pontos percentuais.
Paz (2020), continua seu estudo informando que o STF tem atuado entre
2017 a 2020 para aumentar o número de ações que foram feitas e baixadas do
sistema do órgão. O número de ações baixas aumentou significativamente nos
últimos anos. Isso pode indicar que o tribunal tem buscado aumentar sua
eficiência no processamento e rebaixamento de ações em seu sistema.
O estudo realizado por Paz (2020), ressalta que o Presidente da
República, Senado Federal, Câmara e Assembleias Legislativas Estaduais
raramente utilizaram as ADIs para controle político, somando apenas 0,85% do
número de requerentes. Os requerentes que tiveram um número menos
padronizado de inscrições no período foram partidos políticos (15,33), PGR
(25,31), associações (20,18) e governador de estado (10,02).
As normas estaduais são em maioria as mais questionadas através das
ADIs, totalizando 1.038 ações. As normas de origem federal totalizam 647 dos
de regulamentos questionados, sendo 34,48% do total. Nota-se também que
pelo desvio padrão, as normas que menos seguiram um padrão quantitativo
definido foram as leis estaduais (PAZ, 2020).
As normas mais questionadas nas ADIs foram de origem estadual como
forma de controle das Assembleias Legislativas e dos atos dos governadores.
Os partidos políticos utilizaram as ADIs para controlar a maioria legislativa e os
atos do governo quando não possuíam coligação para impedir a aprovação de
normas e atos. As matérias mais questionadas foram as de natureza de Direito
Público, com destaque para as de Direito Administrativo e de Direito Tributário
(PAZ, 2020).
Associações e federações têm usado o ADI largamente para proteger
seus interesses relacionados em face de regras e regulamentos estaduais ou
federais. A Procuradoria Geral da República (PGR) utilizou a ADI para discutir
questões da burocracia estatal, questionar normas e atos administrativos sobre
questões empresariais e da administração pública em geral (PAZ, 2020).
Os partidos políticos usam a ADI para controlar a maioria legislativa e a
ação do governo quando não há coalizão para impedir a aprovação regulatória.
Já os governadores usam as ADI para controlar as decisões de sua própria
39

legislatura e de outras legislaturas estaduais quando aprovavam leis contra os


próprios interesses de Entidade (PAZ, 2020).
As normas da ADI mais questionáveis eram de origem nacional como
forma de controlar as ações do legislativo e dos governadores. Já as normas
federais questionadas pela ADI descrevem as decisões políticas da Assembleia
Nacional e a forma como as medidas provisórias são aplicadas pelos poderes
legislativo e executivo do governo (PAZ, 2020).
As ementas de que trata a ADI são questões de direito público
especialmente a questão do direito administrativo e do direito tributário. Estadual
ou federal Ele nomeou o Supremo Tribunal Federal como o tribunal
administrativo do estado brasileiro na última década (PAZ, 2020).
Essas constatações provisórias sinalizam que, por meio do
questionamento de questões políticas nas ADIs consideradas no período de
2015 e 2020, provoca-se o deslocamento de decisões políticas para o Supremo
Tribunal de Justiça por diversos partidos legitimados com objetivos e interesses
político-políticos. No entanto, para ampliar a compreensão do fenômeno, é
necessário examinar o modelo de percepção do STF na Diretoria Executiva de
Administração (DGA) durante o período considerado (PAZ, 2020).

4.1 JULGAMENTOS DE 2015 A 2020

Nesse sub tópico será apresentado dados referente a Ações Diretas de


Inconstitucionalidade (ADIs) retirados do STF em seu Portal da Transparência
assim como a quantidade de Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs),
recebidas, baixadas e taxa de redução ou aumento do período dos anos de 2015
a 2020, trazendo e observando algumas das interpretações do Supremo Tribunal
Federal.
Visto que de acordo com o Ministro Fux (2015), a polêmica na ADI 5.105,
suscita algumas reflexões sobre a dinâmica das relações interinstitucionais em
um Estado Democrático de Direito. Uma vez que, questionar a validade jurídico-
constitucional de um conjunto de normas que implicam uma superação
legislativa frontal da interpretação específica da Constituição conferida pelo STF.
Por outro lado, a interpretação constitucional passa por um processo de
construção coordenada entre os poderes do Estado e a sociedade civil.
40

Ao estabelecer a interpretação dada pelo Tribunal o qual fornece


subsídios para reiniciar as rodadas de debates entre instituições e outros atores
da sociedade civil. É importante ressaltar que a opção por reconhecer que as
dinâmicas interinstitucionais se baseiam em uma premissa dialógica e plural de
interpretação da Constituição. Isso afasta qualquer leitura romântica e idealizada
das instituições, evitando assim o fetichismo institucional indesejado (FUX, 2015)
Se veiculada por emenda, há alteração formal do texto constitucional. A
lei que entra em conflito direto com a jurisprudência do Tribunal nasce, a meu
ver, com presunção de inconstitucionalidade. Nestas situações, conforme
referido, a nulidade da alteração só pode ocorrer, portanto, em caso de
incumprimento (FUX, 2015).

4.2 ADIS RECEBIDAS PELO STF ENTRE OS ANOS DE 2015 À 2020

Entre os anos de 2015 a 2020 a Corte do Supremo Tribunal Federal


recebeu um total de 548.948 processos. Da qual abaixo é apresentado por meio
da tabela 1, os anos em números que representam as ADIs:

Tabela 1 – Dados de ADIs por ano


Ano Recebidos Originários Tramitação Baixados
2015 230 230 56 174
2016 194 194 54 140
2017 237 237 69 168
2018 178 178 50 128
2019 241 241 83 158
2020 354 354 148 206
Fonte: Portal da Transparência, 2020.

Na comparação entre 2019 e 2020, registra-se um total de entrada de


1.435 ações de controle concentrado recebidas. O número de Ações Diretas de
Inconstitucionalidade (ADIs) peticionadas aumentou em 50 pontos percentuais
quando comparado ao ano de 2015.
41

4.3 INTERPRETAÇÕES DO STF DE 2015 À 2020

Para Puccinelli (2015), a interpretação expressa a busca por um objeto e


acrescenta que, no domínio jurídico, a interpretação visa revelar o verdadeiro
sentido e extensão de um padrão jurídico, atividade que para uns é descritiva e
para outros é por excelência componente, porque inclui esforço criativo e escolha
de sentido entre muitos possíveis”.
No entendimento de Tavares (2019), a interpretação não é uma atividade
descritiva, mas uma construção O sentido não é extraído do enunciado
normativo. A interpretação é a atribuição de conteúdo, sentido e propósito por
quem realiza a delicada tarefa hermenêutica.

4.3.1 Quantitativo Processos STF em 2015

No ano de 2015 a Corte do STF recebeu um total de 93.556 nesse total


se considera os processos originários, recursais, reautuados, retificados,
cancelados ou devolvidos por impossibilidades de processamento. Já a classe
ADIs recebidas foram no total de 230, das quais 139 foram baixadas e 56
permaneceram em tramitação. (BRASIL. STF, 2022).

4.3.2 Algumas mediações do STF em 2015

No ano de 2015, a Corte da Justiça Federal estava sendo dirigida pelo


Presidente Ricardo Lewandowski. Ano o qual a suprema corte reverteu a cultura
ativa do congresso a qual incluía o contrabando estatutário em medidas
provisórias. (BRASIL, STF, Relatório de Atividades, 2015).

4.3.2.1 Inconstitucionalidade por arrastamento 2015

De acordo com o relator Ministro Toffoli (2015), não procede a culminação


do Superior Tribunal de Justiça do Trabalho de que a promulgação de
inconstitucionalidade da expressão “equivalente a TRD” contida na seção do art.
39 da lei 8.177/1991 sucedeu "por arrastamento (ou atração, consequência,
resultante, reverberação normativa)" da determinação deste STF nos autos ADI
42

4.357 / DF e 4.425 / DF. Com efeito, a promulgação de inconstitucionalidade por


arrastamento é um instrumento cuja eficácia normativa depende da norma objeto
da promulgação de inconstitucionalidade e, assim sendo está vinculada aos
limites objetivos da autoridade da coisa julgada (SARLET; MARINONI;
MITIDIERO, 2013. p.1130).

4.3.2.2 Inconstitucionalidade progressiva no tempo ou declaração de


inconstitucionalidade de lei ainda constitucional 2015

ADI 5.127, o voto da Ministra Weber (2015), em julgamento do HC


70.154/RS teve como aplicação e a favor do STF a aplicação da técnica da lei
ainda constitucional que provem do direito constitucional germânico, o qual é
reconhecido que certos aspectos fáticos ou sociais decretam que ocorra um
reconhecimento momentâneo que seja validado mediante uma norma, não
obstante seja ela a rigor inconstitucional, para minimizar situações consideradas
anomias ou que venha a comprometer ainda mais à ordem constitucional.
Weber (2015), elucida que o leading case, no direito comparado, se retrata
sobre à lei dos casamentos mistos, publicada sob o regime nazista. O autor
ressalta ainda que referida lei, tivesse cunho discriminatório, e manifestamente
inconstitucional frente a nova Constituição da República Federal da Alemanha,
o Tribunal Constitucional, o país Alemanha foi obrigado a identifica-la como
“ainda constitucional”, visto que à certificação de que a declaração da sua
inconstitucionalidade agregaria lacunas normativas intoleráveis.
Enquanto no HC 70.154/RS, a conceituação da adoção dessa temática
no direito constitucional brasileiro, foi reconhecida pelo Supremo Tribunal
Federal de modo incidental, entretanto, constitucional a lei que garante um prazo
dobrado às defensorias públicas, ao compreender uma desorganização
administrativa das defensorias públicas, já que, naquele período as defensorias
públicas não eram presentes em grande parte dos estados da Federação,
legitimando o tratamento de desigualdade, e a elas favorável, em relação ao
Ministério Público. Nesse contexto, a lei poderia deixar de ser constitucional,
desta forma, quando as defensorias públicas atingissem um grau de organização
equivalente ao dos Ministérios Públicos (WEBER, 2015).
43

4.3.2.3 Mutação constitucional 2015

De acordo com a Corte de Magistrados a ADI 5.105, A legislação


infraconstitucional que colide diretamente com a jurisprudência leis "in your face"
emergiu com a hipótese de inconstitucionalidade, dessa forma caberá ao
legislador ordinário manifestar, de forma argumentativa, que é essencial a
retificação do precedente, ou, ainda, atestar, com o auxílio de novos argumentos,
que as premissas fáticas e axiológicas em que se baseava a posição
jurisprudencial já não subsistem, em exemplo acadêmico, a mutação
constitucional por via legislativa (FLUX, 2015).
Nesse caso, a nova legislação está sujeita a um controle de
constitucionalidade mais rigoroso, especialmente quando o precedente
suplantado se baseia em cláusulas pétreas (FLUX, 2015).

4.3.3 Quantitativo Processos STF em 2016

No ano de 2016 a Corte do STF recebeu um total de 89.971 nesse total


se considera os processos originários, recursais, reautuados, retificados,
cancelados ou devolvidos por impossibilidades de processamento. Já a classe
ADIs recebidas foram no total de 194, das quais 140 foram baixadas e 54
permaneceram em tramitação. (BRASIL, STF, 2016).

4.3.4 Algumas mediações do STF em 2016

No ano de 2016, a Corte da Justiça Federal foi dirigida pela Presidente


Cármen Lúcia, a qual além de favorecer a análise dos eventos de reconhecida
repercussão geral, trabalhou no reinício do julgamento dos processos suspensos
para revisão e, assim, facilitou a aplicação de penalidades em 52 processos
(BRASIL, STF, Relatorio de Atividades, 2016).

4.3.4.1 ADI 5.501 MC, Distribuição da “pílula do câncer”


44

O Ministro Marco Aurélio, levou ao Plenário do Supremo Tribunal Federal,


sua apreciação sobre a ADI 5.501 MC, que suspendeu a implementação da lei
13.269/2016, que permite o uso do entorpecente sintético fosfoetanolamina por
pacientes diagnosticados com tumor maligno.
As regras contestadas outorgavam que o medicamento fosse distribuído
sem controle prévio de sua adequação higiênica e sem estudos convincentes de
seus resultados adversos em humanos. No entanto, a autorização do produto
pelo Ministério da saúde é condição para a indústria, comércio e importação
comercial. O registro é uma condição para monitorar a segurança, eficácia e
qualidade terapêutica de um produto sem o qual se presuma ser ineficaz.
(BRASIL, STJ, Relatório de Atividades, 2016).

4.3.4.2 ADI 5.357 MC-REF, Obrigatoriedade de as escolas particulares


promoverem a inserção de pessoas com deficiência no ensino regular Relator

O Ministro Edson Fachin, em Plenário do Supremo Tribunal Federal


declarou, no julgamento da ADI 5.357 MC-Ref, a constitucionalidade de artigos
que estabeleçam aos colégios particulares que ofereçam serviços educacionais
adequados e inclusivos para pessoas com deficiência, sem cobrar nenhum valor
adicional às suas mensalidades, anuidades e matrículas para satisfazer essa
dever. (BRASIL, STJ, Relatório de Atividades, 2016).

4.3.4.3 ADI 5.468, Corte no orçamento do Poder Judiciário

O Ministro Luiz Fux, Salvo em situações graves e excepcionais, não


compete ao poder judiciário, sob pena de violação do princípio da separação dos
poderes intervir na função do legislador de determinar receitas e despesas da
administração pública, alterando propostas orçamentárias, se as condições
previstas no art. 166 § § 3º e 4º da constituição Federal (BRASIL. STJ, Relatório
de Atividades, 2016).
Com base nessa orientação, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, por
maioria, julgou improcedente pedido formulado na ADI 5.468 contra os cortes
promovidos pelo Congresso Nacional no orçamento do Poder Judiciário em
45

2016. O Colegiado reputou que a interferência do Poder Judiciário na definição,


pelo Legislativo, de receitas e despesas da Administração Pública somente deve
ocorrer em situações graves e excepcionais (BRASIL. STJ, Relatório de
Atividades, 2016)..

4.3.5 Quantitativo Processos STF em 2017

No ano de 2017 a Corte do STF recebeu um total de 102.210 nesse total


se considera os processos originários, recursais, reautuados, retificados,
cancelados ou devolvidos por impossibilidades de processamento. Já a classe
ADIs recebidas foram no total de 237, das quais 168 foram baixadas e 69
permaneceram em tramitação. (BRASIL. STF, 2022).

4.3.6 Algumas mediações do STF em 2017

A Corte da Justiça Federal prossegue sob a direção da Presidente


Cármen Lúcia, a qual nesse mandato foi apresentado a corte a sentença de
atividade Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.526, que tramitava no STF
desde maio de 2016. A qual a corte decidiu pela cassação do mandato e prisão
domiciliar do senador Aécio Neves (PSDB-MG), tendo como fundamentação de
acordo com a corte o perigo eminente de o investigado gerar obstrução
resultante da arguição da delação do grupo JBS. (BRASIL, STF, Relatório de
Atividades, 2017).

4.3.6.1 Ação direta de inconstitucionalidade por omissão 2017

O ministro Mello (2017), em seu voto à Ação Direta de


Inconstitucionalidade por Omissão (ADO), descreve que a ação direta de
inconstitucionalidade por omissão, e apreciada a sua singular orientação
constitucional, procura anular os resultados lesivas derivados da falta de
normatização de normas inscritos na Carta Magna a qual consistem de
ingerência do legislador, em outras palavras a reação jurídica institucional do
vigente ordenamento político, que a estruturou como instrumento destinado a
46

impedir a sua desclassificação (BRASIL, STF, Controle de Constitucionalidade,


2022).
A situação de omissão abusiva na execução da legislação, por outro,
caracteriza-se, em face do estado de morosidade do legislador, pela superação
excessiva do prazo razoável. Trata-se do requisito condicional da declaração de
inconstitucionalidade por omissão (BRASIL, STF, Controle de
Constitucionalidade, 2022).
A ação direta por omissão deve ser vista e qualificada como instrumento
de implementação das cláusulas constitucionais frustradas, em sua eficácia, pela
inadmissível omissão do poder público, afirma. Isto significa, portanto, que a
ação direta por omissão deve ser qualificada como instrumento de
implementação de cláusulas constitucionais. (BRASIL, STF, Controle de
Constitucionalidade, 2022).
A Suprema Corte deve traduzir uma reação judicial significativa autorizada
pela Carta Política. A Carta foi forjada como instrumento para evitar o descrédito
da própria Constituição. As graves consequências que resultam do desrespeito
ao texto da Lei Fundamental, seja por ação do Estado, seja por omissão
(BRASIL, STF, Controle de Constitucionalidade, 2022).
Já o Ministro Mendes (2016), relata o problema da negligência
inconstitucional é uma das questões mais torturadas e ao mesmo tempo mais
interessantes do direito constitucional atual. Por um lado, esta a questão da
implementação constitucional pelos legisladores e todos os problemas de
desempenho relevantes, desafiam também a astúcia do jurista na resposta do
problema sob um ponto de vista estrito no processo constitucional (BRASIL, STF,
Controle de Constitucionalidade, 2022).
Quando é possível informar a definição de uma lacuna inconstitucional?
Quais são as probabilidades de adaptação desse lapso? Qual a efetividade da
declaração da corte constitucional ao declarar a inconstitucionalidade por lapso
do legislador? Quais os resultados jurídicos da sentença que confirmem a
inconstitucionalidade por lapso? Essas e outras dificuldades incitam a dogmática
jurídica (BRASIL, STF, Controle de Constitucionalidade, 2022).
O esforço que está sendo feito no Brasil para descobrir o sentido, o
conteúdo e a natureza desses institutos é salutar. Todos aqueles que, tópica ou
sistematicamente, já enfrentaram uma ou outra questão referente à omissão
47

inconstitucional, terão percebido que o problema é de importância


transcendental. (BRASIL, STF, Controle de Constitucionalidade, 2022).
É fundamental, sobretudo, para a concretização da constituição como um
todo, ou seja, para a realização do próprio Estado Democrático de
Jurisprudência, baseado na soberania, na cidadania na dignidade da pessoa
humana, nos valores sociais do trabalho, na iniciativa privada e no pluralismo
político, conforme estabelecido no art. 1 da carta Magna. Note-se também que o
exame das omissões inconstitucionais é indissociável do exame da força
normativa da constituição (BRASIL, STF, Controle de Constitucionalidade,
2022).
De acordo com o art. 103, § 2º, da Constituição Federal, a ação direta de
inconstitucionalidade por omissão visa tornar efetiva a norma constitucional,
devendo o poder competente ser informado para adotar as medidas necessárias.
O objeto deste controle abstrato de inconstitucionalidade é a mera
inconstitucionalidade prolongada dos Órgãos competentes para implementar a
norma constitucional, sejam estes órgãos legislativos ou administrativos.
(BRASIL, STF, Controle de Constitucionalidade, 2022).

4.3.7 Quantitativo Processos STF em 2018

No ano de 2018 a Corte do STF recebeu um total de 98.245 nesse total


se considera os processos originários, recursais, reautuados, retificados,
cancelados ou devolvidos por impossibilidades de processamento. Já a classe
ADIs recebidas foram no total de 178, das quais 128 foram baixadas e 50
permaneceram em tramitação. (STF, 2022).

4.3.8 Algumas mediações do STF em 2018

No ano de 2018, a Corte da Justiça Federal inicia sob a direção do


Presidente Dias Toffoli, que levou a julgamento o conjunto das Ações Diretas de
Inconstitucionalidades 5.525 e 5.619. (BRASIL, STF, Relatório de Atividades,
2016).
48

4.3.8.1 Ações Diretas de Inconstitucionalidade 5.525 e 5.619,


Constitucionalidade das normas da Minirreforma Eleitoral (Lei 13.165/2015),
sobre novas eleições em casos de perda de mandato de candidato eleito.

De acordo com o Relatório de Atividade, do STF (2018), o Ministro


Barroso, julgou em conjunto das Ações Diretas de Inconstitucionalidades 5.525
e 5.619, compreendeu que o legislador federal tem habilidades para instaurar
hipóteses de novas eleições em situações de inocupação procedente de
eliminação do mandato, devido a origens eleitorais, de cargos majoritários,
sendo proibido, precaver modelo de eleição para presidente, vice-presidente e
senador da República diversa daquela disposta na Constituição.
Da mesma forma, a maior parte dos ministros declararem a
inconstitucionalidade da expressão “após o trânsito em julgado”, previsto no § 3º
do art. 224 do Código Eleitoral, e foi conferido o entendimento mediante à
Constituição ao § 4º do mesmo artigo para dificultar a incidência derivadas de
situações de inocupações nos cargos de presidente, vice-presidente e senador
da República (BRASIL, STF, 2018).

4.3.9 Quantitativo Processos STF em 2019

No ano de 2019 a Corte do STF recebeu um total de 91.736 nesse total


se considera os processos originários, recursais, reautuados, retificados,
cancelados ou devolvidos por impossibilidades de processamento. Já a classe
ADIs recebidas foram no total de 241, das quais 158 foram baixadas e 83
permaneceram em tramitação. (STF, 2022).

4.3.10 Algumas mediações do STF em 2019

No ano de 2019, a Corte da Justiça Federal sob a direção do Presidente


Dias Toffoli, levou a julgamento as ADI 6.032, ADI 6.039 (BRASIL, STF,
Relatório de Atividades, 2019).
49

4.3.10.1 Incabível suspensão automática de partido por ausência de prestação


de contas.

ADI 6.032, afastada a esclarecimento que possibilita a sanção de


suspensão do registro ou a nota do órgão partidário regional ou municipal seja
sobreposta de modo automatizado, como resultado do parecer que julga as
contas não prestadas, garantindo que tal penalidade, apenas pode ser
estabelecida após decisão, com trânsito em julgado, procedente de
procedimentos específicos de suspensão de registro (BRASIL, STF, Controle de
Constitucionalidade, 2022).

4.3.10.2 Meninas vítimas de estupro e exigência de perito legista mulher

Diante do Controle de Constitucionalidade, STF, (2022) a ADI 6.039


MC/RJ, institui que as crianças e adolescentes do sexo feminino vitimadas por
violência deverão ser, obrigatoriamente, avaliadas por legista do sexo feminino,
desde que não importe atraso ou danos a diligência. Desta forma, foram
atribuídos efeitos excepcionais efeitos “ex tunc” à decisão, com a finalidade de
recuperar ou resguardar as perícias que possivelmente tenham sido realizadas
por profissionais do sexo masculino.

4.3.11 Quantitativo Processos STF em 2020

No ano de 2020 a Corte do STF recebeu um total de 73.210 nesse total


se considera os processos originários, recursais, reautuados, retificados,
cancelados ou devolvidos por impossibilidades de processamento. Já a classe
ADIs recebidas foram no total de 354, das quais 206 foram baixadas e 148
permaneceram em tramitação. (STF, 2010).

4.3.12 Algumas mediações do STF em 2020


50

A Corte da Justiça Federal é assumida pelo Presidente Luiz Flux, o qual


mediante as circunstâncias extraordinários de 2020 em frente a pandemia de
Covid-19, foi levado a explorar junto a Corte formas e meios para progredir em
suas atividades judiciais. Dessa maneira foi realizado alterações administrativas,
regimentais e de informáticas para permitir a extensão dos julgamentos
remotamente, incluindo a apresentação das partes no processo. Nesse esmo
ano foi julgado as ADIs: 4.735 e 6.341.

4.3.12.1 Extensão da imunidade tributária relativa às contribuições sociais para


as operações de exportação indireta, via “trading companies”.

ADI 4.735 e RE 759.244, a regra imunizante contida no inciso I do § 2º do


artigo 149 da Constituição da República abrange as receitas decorrentes de
operações indiretas de exportação, caracterizadas pela participação de empresa
exportadora intermediária nos negócios. A seguinte tese foi estabelecida para o
Tópico 674: “A regra imunizada cobria as receitas das operações indiretas de
Exportação”.

4.3.12.2 Competência concorrente para assuntos de saúde pública, no


enfrentamento à pandemia de Covid-19.

ADI 6.341 MC-REF, O Presidente da República pode dispor, mediante


decreto, sobre os serviços públicos e atividades essenciais, desde que
respeitada a atribuição de cada esfera de governo, nos termos do inciso I do art.
198 da Constituição Federal.
51

5. CONCLUSÃO

Buscando responder sobre a taxa de ADIs é visível sua multiplicação no


ano de 2020, quando comparado aos demais anos estudados. E na mesma
direção o número de baixas também tem crescido, mostrando uma maior
eficiência de resultados junto a Corte.
É dever da jurisdição constitucional assegurar, sempre e em cada caso, a
melhor harmonização possível entre a supremacia da Constituição e os
incontornáveis interesses sociais. A técnica do direito ainda constitucional se dá
quando peculiaridades fáticas ou sociais impõem a validação provisória de uma
norma estritamente inconstitucional.
Os direitos humanos são garantidos por tratados e convenções
internacionais (nível internacional), os direitos fundamentais são direitos
humanos garantidos e declarados pelas constituições de cada país (nível
nacional). O conteúdo e a forma desses direitos diferem de país para país. Deve-
se notar que a criação de uma constituição escrita está diretamente relacionada
à publicação da declaração de direitos humanos.
A constituição de 1988 é responsável por categorizar os direitos e
garantias fundamentais e os direitos evoluiriam de acordo com a doutrina. Desta
forma, a Corte reconhece-se a importância de todos os Direitos Fundamentais
para a atual formação do Estado de Direito no país.
No que se refere as mediações as associações e confederações, na
busca de proteger seus interesses, entre os anos de 2015 a 2020, acionaram
largamente o Supremo Tribunal Federal através de ADIs. Porém, a Corte do STF
atribuiu decisões finais, em sua maioria, aos processos protocolados pelos
governadores e associações, interferindo mais em assuntos políticos estaduais
e associativos que federais, partidários e confederativos. Nesse sentido,
continua válida a conclusão de Vianna et. al de perceber que o STF se preocupa
em enfrentar mais as decisões políticas provenientes dos Estados e das
associações do que dos entes federais.
52

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