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Florianópolis
2021
JEAN FABRÍCIO DA SILVA
Florianópolis
2021
JEAN FABRÍCIO DA SILVA
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Professor e orientador Hernani Luiz Sobierajski, MSc.
Universidade do Sul de Santa Catarina
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Prof. Nome do Professor, Dr./Ms./Bel./Lic
Universidade...
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Prof. Nome do Professor, Dr./Ms./Bel./Lic
Universidade do Sul de Santa Catarina
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a
Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca
Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca deste Trabalho de
Conclusão de Curso.
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em
caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.
Florianópolis, de de 2021.
____________________________________
JEAN FABRÍCIO DA SILVA
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10
2 DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL .......................................................... 12
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E FONTES .............................................. 12
2.1.1 Histórico......................................................................................................... 12
2.1.2 Fontes ............................................................................................................ 16
2.2 CAMPO DE APLICAÇÃO DO CDC ................................................................... 17
2.2.1 Quem é o consumidor .................................................................................. 18
2.2.2 Vulnerabilidade do consumidor na relação de consumo .......................... 21
2.2.3 Quem é o fornecedor .................................................................................... 22
2.2.4 Relações de consumo entre consumidores e fornecedores de produto . 24
3 RESPONSABILIDADE CIVIL .............................................................................. 27
3.1 CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA ........................................................... 27
3.2 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL ........................................ 32
3.3 CONDUTA HUMANA ........................................................................................ 33
3.4 CULPA............................................................................................................... 34
3.5 NEXO CAUSAL ................................................................................................. 35
3.6 DANO ................................................................................................................ 36
3.7 EXCLUDENTES DE ILICITUDE ........................................................................ 37
4 EFICÁCIA DA LEI Nº 12.977/2014 - LEI DO DESMONTE ................................. 39
4.1 DA ABRANGÊNCIA E DA FINALIDADE DA LEI Nº 12977/14 .......................... 39
4.2 DECISÕES JUDICIAIS A RESPEITO DO TEMA .............................................. 48
4.3 A RESPONSABILIDADE CIVIL NO CDC .......................................................... 53
4.4 A RESPONSABILIDADE DO DESMANCHE EM RELAÇÃO AO CONSUMIDOR
NA VENDA DE PEÇAS USADAS SEM A DEVIDA AUTORIZAÇÃO ........................ 54
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 58
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 60
10
1 INTRODUÇÃO
2.1.1 Histórico
1 ROCHA, Everardo. FRID, Marina. CORBO, William. O paraíso do consumo: Émile Zola, a magia e
os grandes magazines. 1. ed. Rio de Janeiro: Mauad X, 2016.
2 VIEIRA, Fernando Borges. O direito do consumidor no Brasil e sua breve história. Migalhas, 2019.
3 SANTOS, Altamiro José dos. Direitos do Consumidor. Revista do IAP. Curitiba, Instituto dos
Advogados do Paraná, n. 10, 1987. p. 79.
4 GUGLINSKI, Vitor. Breve histórico do direito do consumidor e origens do código de defesa do
como fonte imediata de direito, isto é, que utiliza as normas como fundamento para a resolução de
litígios. Esse sistema jurídico é utilizado em todos os países da Europa continental e da América
Latina e em diversos países da Ásia e da África. SIGNIFICADOS. O que é Civil Law? Direito. 2020.
Disponível em: https://www.significados.com.br/civil-law/. Acesso em: 22 out. 2021.
7 O Common Law é utilizado no Reino Unido, nos Estados Unidos e em diversos outros países que
foram colônias britânicas. Neste sistema jurídico, a fonte primária do Direito é a jurisprudência, isto é,
as decisões que foram tomadas em julgamentos anteriores. As leis escritas servem como
embasamento apenas quando a jurisprudência não é capaz de solucionar a questão.
As decisões judiciais no Common Law têm caráter ambivalente, pois além de resolverem litígios,
servirão como normas para casos futuros. Esse sistema utiliza o processo indutivo de análise. .
SIGNIFICADOS. O que é Common Law? Direito. 2020. Disponível em:
https://www.significados.com.br/civil-law/. Acesso em: 22 out. 2021.
14
uma análise do novo Código Civil. 4.ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2018. E-book.
10 VIEIRA, Fernando Borges. O direito do consumidor no Brasil e sua breve história. Migalhas, 2019.
Sul, Unidade Universitária de Dourados/MS. Revista Jurídica Direito, Sociedade e Justiça, 2013.
Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/RJDSJ/article/view/655/619. Acesso em: 7
set. 2021. p. 11.
15
Importante destacar que o CDC tem um alcance que envolve “desde relações
de compra de produtos (alimentos, roupas, brinquedos, eletrônicos), compra de bens
duráveis (terrenos, apartamentos, carros) até as contratações de serviços (plano de
saúde, telefonia móvel, conserto de eletrodomésticos)”.16 Estabelece normas de
proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social.
Ministério Público de São Paulo. Caderno Jurídico Escola Superior do Ministério Público de São
Paulo Ano 3. v.2. n.6 - janeiro/2014. Disponível em:
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Escola_Superior/Biblioteca/Cadernos_Tematicos/direito_co
nsumidor.pdf. Acesso em: 8 set. 2021.
16 FILOMENO, José Geraldo Brito. Direitos do Consumidor. 15. ed. Rev., atual. e refor. Atlas: São
Paulo, 2018.
16
2.1.2 Fontes
17 NUNES, Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. 11.ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva,
2017.
18 SÃO PAULO. Ministério Público. O direito do consumidor no 3º milênio. Escola Superior do
Ministério Público de São Paulo. Caderno Jurídico Escola Superior do Ministério Público de São
Paulo Ano 3. v.2. n.6 - janeiro/2014. Disponível em:
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Escola_Superior/Biblioteca/Cadernos_Tematicos/direito_co
nsumidor.pdf. Acesso em: 8 set. 2021.
19 SCHUSTERSCHITZ, Marcio. Fontes do direito do consumidor. Consumidor em posts, 2019.
Diante disso, considera-se o direito comparado “é uma boa luz de proa para
estabelecer a interpretação de normas de proteção do consumidor, ao importar
acepções já conferidas a relações similares, lembrando das interconexões que a
tecnologia imprime aos cidadãos mundialmente”.21
Enfrenta-se um grande desafio na relação que existe entre regulação jurídica
da proteção do consumidor e da internet, afinal, com a migração da economia para o
ambiente digital, surge nesse cenário relações de consumo dinâmicas, tendo em foco
a velocidade com que as empresas criam produtos e serviços, é necessário que as
fontes do direito que assegura essa proteção acompanhem tal velocidade.22
Neste contexto, a jurisprudência é uma excelente aliada da compreensão das
normas do CDC e também dos seus princípios, delimitados nos artigos 4º a 6º do
referido diploma legal. Portanto, quando há dilema sobre qual normativo aplicar para
a relação jurídica consumerista, em caso de inexistência de norma específica, buscar
a interpretação da relação nos princípios é um modo seguro para se proceder.23
Apesar da Lei nº 8.078/90 ser um microssistema jurídico, não deve “afastar a
aplicação de outras normas, não importando se elas são nacionais ou
internacionais”24, porém para interpretá-las é imprescindível observar o ponto de
convergência entre elas: à vulnerabilidade do consumidor, que será estudada a seguir.
Paulo, 2018.
24 GANDOLFE, Lucas Teoria do diálogo das fontes na relação de consumo e o seu reconhecimento
dialética disputa entre finalistas e maximalistas. In: Anais Do Congresso Brasileiro de Processo
Coletivo e Cidadania, n. 3, p.441-457, out. 2015. Disponível em:
hhttps://revistas.unaerp.br/cbpcc/article/download/68/627/338. Acesso em: 14 set. 2021.
28 ROCHA, Thiago dos Santos. Dos conceitos de consumidor, fornecedor, produto e serviço no CDC.
Por outro lado, para escola maximalista a definição do art. 2º deve ser
interpretada o mais extensamente possível, para que as normas do CDC possam ser
aplicadas a um número cada vez maior de relações no mercado. Consideram que a
definição do art. 2º “é puramente objetiva, não importando se a pessoa física ou
jurídica tem ou não tem lucro quando adquire um produto ou utiliza um serviço.
Destinatário final seria o destinatário fático do produto, aquele que o retira do mercado
e o utiliza, o consome”.30
Assim, os maximalistas creem que “também são abrangidos pela proteção
dada ao consumidor, aqueles que adquirem os produtos ou os usam
profissionalmente, desde que, claro, não seja para revenda”.31 Zapolla e Cardoso
advertem que para tal corrente, “pouco importa a utilização do bem ou serviço
consumido, se este será utilizado para fins profissionais ou não profissionais, sendo
relevante apenas o ato do consumo, ou seja, é mais ampla do que a finalista, a qual
considera o uso de tal bem ou serviço”.32
Dessa forma, Almeida assevera que ao passo que na teoria finalista “o grande
questionamento reside na impossibilidade de inclusão de pessoa jurídica no conceito
de consumidor, na maximalista há uma preocupação em definir em quais casos esta
deve ser considerada como tal”.33 Logo, o CDC seria o Diploma apropriado para tutelar
toda e qualquer relação de mercado, de maneira independente do sujeito que a
desenvolve, seja pessoa física ou não.
Cabe destaque a opinião de Martins: “Na jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça (STJ), o Direito do Consumidor é uma das mais desafiadoras disciplinas
que a Corte debate em seus julgamentos e, dos pontos mais complexos está na
definição do que seja consumidor”.34
dialética disputa entre finalistas e maximalistas. In: Anais Do Congresso Brasileiro de Processo
Coletivo e Cidadania, n. 3, p.441-457, out. 2015. Disponível em:
hhttps://revistas.unaerp.br/cbpcc/article/download/68/627/338. Acesso em: 14 set. 2021.
33 ALMEIDA, Fabrício Bolzan de. Direito do Consumidor Esquematizado. São Paulo: Saraiva,
2018. p. 62.
34 MARTINS, Humberto. Relações de consumo na visão do Superior Tribunal de Justiça (Parte 1).
2017. p. 153.
21
85.
49 ROCHA, Thiago dos Santos. Dos conceitos de consumidor, fornecedor, produto e serviço no CDC.
2018.
24
2017. p.171.
53 LAGES, Leandro. Código de Defesa do Consumidor. A lei, a jurisprudência e o cotidiano. 2.ed.
54 PAIVA, Clarissa Teixeira. O que caracteriza a relação de consumo. Revista Jus Navigandi. ano
20, n. 4401, 20 jul. 2015.. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/34128/o-que-caracteriza-uma-
relacao-de-consumo. Acesso em: 18 set. 2021.
55 MARTINS, Humberto. Relações de consumo na visão do Superior Tribunal de Justiça (Parte 1).
58 NUNES, Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. 11.ed. rev. e atual. - São Paulo: Saraiva,
2017. p.172.
59 MACIEL, Igor. Direito do Consumidor. Resumo do CDC. 2018. Disponível em:
3 RESPONSABILIDADE CIVIL
64 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 4. Responsabilidade civil.13. ed. São
Paulo: Saraiva Educação, 2018. p. 15.
65 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Responsabilidade Civil - v. 7. São Paulo:
Saraiva, 2016.
66 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 12. ed. São Paulo: Atlas,
2015.
67 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 4. Responsabilidade civil.13. ed. São
ser humano. Entretanto, era importante intervir na sociedade, para que então, fosse
possível organizar um poder público que regulasse formas de reparação de danos.68
Nessa perspectiva, a vingança privada passou a ser normalizada com
fundamento no princípio da Lei do Talião, da retribuição do mal pelo mal, conhecido
até hoje pela expressão ‘olho por olho, dente por dente’. Embora a reação contra o
mal injusto, era necessário que o poder público intervisse, pois por meio dele era
determinado quando e como a vítima da agressão teria o direito de retaliação, dando
a esta o direito de lesar o agressor inicial, de forma análoga a que tivesse sofrido.69
Em verdade, “para coibir abusos, o poder público intervinha apenas para
declarar quando e como a vítima poderia ter o direito de retaliação, produzindo na
pessoa do lesante dano idêntico ao que experimentou”.70 Não havendo, portanto,
distinção entre a responsabilidade civil e responsabilidade penal, pois tudo era
compreendido como pena imposta ao agressor.
Facilmente se observa que a responsabilidade era tida como objetiva no
período mais antigo, isto é, não dependia de uma comprovação de dolo ou culpa.
“Mais tarde, e representando essa mudança uma verdadeira evolução ou progresso,
abandonou-se a ideia de vingança e passou-se à pesquisa da culpa do autor do
dano.71
Então, compreendeu-se que seria mais vantajoso e racional, substituir a pena
de Talião pela compensação econômica. Por isso, no novo sistema o autor da
agressão reparava o mal que causou à vítima, realizando uma compensação com
pagamento de uma determinada quantia em dinheiro ou bens. Desse modo, a
vingança passou a ser substituída por uma composição econômica.72
Sob a égide do Estado, surgiu a composição legal ou tarifada. Ao contrário da
econômica, que partia da vontade da vítima, a nova composição passou a ser
obrigatória e tarifada, permitindo que o Estado determinasse o valor da pena a ser
68 GAGLIANO, Pablo Stolze.; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil:
Responsabilidade Civil. 15. ed. v. 3. São Paulo: Saraiva, 2017.
69 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Responsabilidade Civil - v. 7. São Paulo:
Saraiva, 2016.
70 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Responsabilidade Civil - v. 7. São Paulo:
paga em inferência dos casos concretos, surgindo a Lex Aquilia de damno, ou seja, a
Lei Aquília.73
Instituída a referida lei, nota-se uma evolução sobre o tema Responsabilidade
Civil, iniciando-se um princípio norteador de compensação de dano, Venosa sustenta
que a Lei Aquiliana foi “um plebiscito aprovado provavelmente em fins do século III ou
início do século II a.C., que possibilitou atribuir ao titular de bens o direito de obter o
pagamento de uma penalidade em dinheiro de quem tivesse destruído ou deteriorado
seus bem”.74
Complementa ainda o mesmo autor que desse novo sistema extrai-se que: “O
princípio pelo qual se pune a culpa por danos injustamente provocados, independente
de relação obrigacional preexistente”.75
Este princípio tornou-se o ponto basilar da responsabilidade extracontratual,
não derivada de contrato e, por isso, denominada de responsabilidade aquiliana.
Certifica-se, portanto, que o nascimento da estrutura jurídica da responsabilidade
extracontratual, ocorreu no Direito Romano, inserindo-se a culpa como elemento
essencial ao direito de reparação do dano.76
Lima defende que é incontestável que a evolução do instituto da
responsabilidade extracontratual ou aquiliana se operou no direito romano, no sentido
de:
Incorporar o elemento subjetivo da culpa, contra o objetivismo do direito
primitivo, extinguindo-se do direito a ideia de pena, para substituí-la pela
reparação do dano sofrido. [...] A função da pena transformou-se, tendo por
fim indenizar, como nas ações reipersecutórias, embora o modo de calcular
a pena ainda fosse inspirado na função primitiva da vingança. 77
73 SOUZA, Wendell Lopes Barbosa de. A perspectiva histórica da responsabilidade civil. Obras
Jurídicas. TJSP, 2016. Disponível em:
https://www.tjsp.jus.br/download/EPM/Publicacoes/ObrasJuridicas/rc1.pdf?d=636680468024086265.
Acesso em: 25 set. 2021.
74 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Responsabilidade Civil. v.4. São Paulo: Atlas, 2016. p. 21.
75 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Responsabilidade Civil. v.4. São Paulo: Atlas, 2016. p. 21.
76 SANTANA, Felipe de Carvalho. A responsabilidade civil extracontratual e os seus pressupostos.
78 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 31. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
79 BRASIL. Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l3071.htm. Acesso em: 26 set. 2021.
80 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Presidência
Acerca disso, novidade interessante trouxe a nova lei civil, “na exata medida
em que adotou dois sistemas de responsabilidade, quais sejam, a responsabilidade
subjetiva e a responsabilidade objetiva, mantendo-se a primeira (subjetiva) como
regra geral do nosso código, sustentada na teoria da culpa”.83
Em verdade, trata-se a responsabilidade civil do dever, da obrigação do
ofensor em restituir, restaurar o patrimônio (moral ou material) do ofendido, fazendo
voltar (ou que se aproxime ao máximo) ao estado quo ante da ação ou omissão
causadora do dano.84
Diante disso, para configurar a existência da responsabilidade civil, é preciso
que estejam presentes seus pressupostos, elementos caracterizadores, que serão
verificados a seguir.
83 GAGLIANO, Pablo Stolze.; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil:
Responsabilidade Civil. 15. ed. v. 3. São Paulo: Saraiva, 2017.p.72.
84 MORAES, Rodrigo Jorge. A responsabilidade civil subjetiva e objetiva. Contextualização histórico-
2015. p.40.
33
3.4 CULPA
A culpa tem dois sentidos: o amplo (lato sensu) e o estrito (stricto sensu). No
primeiro, a culpa compreende o dolo, ou seja, a intenção de prejudicar outrem, a ação
ou omissão voluntária delimitada no art. 186 do CC, a saber: “Art. 186 Aquele que, por
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 91
Ao passo que, a culpa de sentido estrito, em outras palavras, é o desrespeito a
um dever precedente ou a violação de um direito subjetivo alheio, pela fuga de um
padrão geral de conduta. Tanto no artigo supracitado quanto no art. 159 do CC/16, a
culpa em sentido estrito é relacionada a três modelos jurídicos, sendo eles, a
imprudência, a negligência e a imperícia.92
Analisando a culpa strictu sensu:
É a falta de diligência na observância da norma de conduta, isto é, o
desprezo, por parte do agente, do esforço necessário para observá-la, com
resultado não objetivado, mas previsível, desde que o agente se detivesse na
consideração das consequências eventuais de sua atitude. 93
89 GAGLIANO, Pablo Stolze.; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil:
Responsabilidade Civil. 15. ed. v. 3. São Paulo: Saraiva, 2017. p.77-78.
90 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 4. Responsabilidade civil.13. ed. São
94 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Responsabilidade Civil - v. 7. São Paulo:
Saraiva, 2016.
95 MARCHI, Cristiane. A culpa e o surgimento da responsabilidade objetiva: evolução histórica,
noções gerais e hipóteses previstas no Código Civil. Revista dos Tribunais, 2017. Disponível em:
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_
produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RTrib_n.964.08.PDF. Acesso em: 29 set. 2021.
96 MARCHI, Cristiane. A culpa e o surgimento da responsabilidade objetiva: evolução histórica,
noções gerais e hipóteses previstas no Código Civil. Revista dos Tribunais, 2017. Disponível em:
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_
produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RTrib_n.964.08.PDF. Acesso em: 29 set. 2021.
97 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 4. Responsabilidade civil.13. ed. São
e, por meio de exame da relação causal é que se conclui quem foi o causador do
dano.98
Trata-se de elemento indispensável. A determinação do nexo causal é uma
situação de fato a ser avaliada no caso concreto, não sendo proveitoso enunciar uma
regra absoluta. Constitui o elemento imaterial ou virtual da responsabilidade civil,
estabelecendo “a relação de causa e efeito entre a conduta culposa ou o risco criado
e o dano suportado por alguém”. Por esse motivo, nota-se que o nexo de causalidade
como um elo entre a conduta e o fato danoso.99
O vínculo entre o prejuízo e a ação designa-se nexo causal, de modo que:
O fato lesivo deverá ser oriundo da ação, diretamente ou como sua
consequência previsível. Tal nexo representa, portanto, uma relação
necessária entre o evento danoso e a ação que o produziu, de tal sorte que
esta é considerada como sua causa.100
3.6 DANO
98 LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: obrigações e reponsabilidade civil. v.2. São
Paulo, Saraiva, 2017
99 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Responsabilidade Civil. v.4. São Paulo: Atlas, 2016.
100 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Responsabilidade Civil - v. 7. São Paulo:
102 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. Responsabilidade Civil - v. 7. São Paulo:
Saraiva, 2016.p.76.
103 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 12. ed. São Paulo: Atlas,
2015.
104 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Responsabilidade Civil. v.4. São Paulo: Atlas, 2016.
105 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Presidência
E, por fim, o art. 393, do CC: “Art. 393. O devedor não responde pelos
prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se
houver por eles responsabilizado”.108
Colhe-se desse entendimento que dano é lesão a um interesse jurídico
tutelado, patrimonial ou não, causado por ação ou omissão do sujeito infrator.
Tecida uma abordagem que englobou os elementos necessários a
compreensão da origem e do corpo do instituto, é chegado o momento de se
aprofundar no exame acerca do objetivo central do presente estudo, cujo olhar ficará
a cargo do capítulo seguinte.
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 10. ed., rev. e ampl. São
106
108BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Presidência
da República, 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso
em: 23 out. 2020.
39
109 SILVA, Manoel Alves da. Lei nº 12.977/2104 (Lei do desmanche): minimização das ocorrências
relativas a roubos, furtos e receptações de veículos para desmanche. Revista Jus Navigandi,
Teresina, ano 20, n. 4390, 9 jul. 2015. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/33123. Acesso em: 20
out. 2021.
110 BRASIL. Lei nº 12.977, de 20 de maio de 2014. Regula e disciplina a atividade de desmontagem
de veículos automotores terrestres; altera o art. 126 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 -
Código de Trânsito Brasileiro; e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12977.htm. Acesso em: 20 out. 2021.
111 BRASIL. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro.
de veículos automotores terrestres; altera o art. 126 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 -
Código de Trânsito Brasileiro; e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12977.htm. Acesso em: 22 out. 2021.
114 CÓDIGO BRASILEIRO DE TRÂNSITO. CTB Digital. 2020. Disponível em:
116 CERUTTI, Federico. Os roubos de carros representam mais de 70% dos atos criminosos no Brasil.
Jornal do Vale do Itapocu. 2021. Disponível em: https://www.jdv.com.br/os-roubos-de-carros-
representam-mais-de-70-dos-atos-criminosos-no-brasil/. Acesso em: 21 out. 2021.
117 CERUTTI, Federico. Os roubos de carros representam mais de 70% dos atos criminosos no Brasil.
Fonte: Secretarias Estaduais de Segurança Pública e/ou Defesa Social; Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, 2021.118
119 Os DETRAN são os órgãos executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, responsáveis
por realizar a formação de condutores, aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão dos mesmos;
realizar vistorias de segurança em veículos, emplacar, registrar e licenciar veículos; realizar a
fiscalização de trânsito, autuar e aplicar as medidas administrativas e penalidades previstas no CTB,
exceto no caso dos incisos VI e VIII do art. 24, em que a competência para tal é de outros órgãos.
120 BRASIL. Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966. Dispõe sôbre o Sistema Nacional de
124 BRASIL. Lei nº 12.977, de 20 de maio de 2014. Regula e disciplina a atividade de desmontagem
de veículos automotores terrestres; altera o art. 126 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 -
Código de Trânsito Brasileiro; e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12977.htm. Acesso em: 26 out. 2021.
125 BRASIL. Lei nº 12.977, de 20 de maio de 2014. Regula e disciplina a atividade de desmontagem
de veículos automotores terrestres; altera o art. 126 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 -
Código de Trânsito Brasileiro; e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12977.htm. Acesso em: 26 out. 2021.
126 SILVA, Manoel Alves da. Lei nº 12.977/2104 (Lei do desmanche): minimização das ocorrências
relativas a roubos, furtos e receptações de veículos para desmanche. Revista Jus Navigandi,
Teresina, ano 20, n. 4390, 9 jul. 2015. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/33123. Acesso em: 26
out. 2021.
127 BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá
45
https://www.direitocom.com/codigo-de-defesa-do-consumidor-comentado/titulo-i-dos-direitos-do-
consumidor/capitulo-iv-da-qualidade-de-produtos-e-servicos-da-prevencao-e-da-reparacao-dos-
danos/artigo-21-4. Acesso em: 8 nov. 2021.
129 BRASIL. Lei nº 12.977, de 20 de maio de 2014. Regula e disciplina a atividade de desmontagem
de veículos automotores terrestres; altera o art. 126 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 -
Código de Trânsito Brasileiro; e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12977.htm. Acesso em: 26 out. 2021.
130 BRASIL. Lei nº 12.977, de 20 de maio de 2014. Regula e disciplina a atividade de desmontagem
de veículos automotores terrestres; altera o art. 126 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 -
Código de Trânsito Brasileiro; e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12977.htm. Acesso em: 26 out. 2021.
131 CÂMARA DOS DEPUTADOS. Regras para desmontagem de automóveis entram em vigor em
Logo, essas peças inadequadas podem ser vendidas causando danos que
podem chegar até mesmo a um acidente de carro com consequência de morte.
Saliente-se que para cada carro adquirido é preciso emitir uma nota fiscal e,
apenas com a autorização do DETRAN pode ser iniciado o desmanche do veículo.
Cerutti explica que, feito isto:
As peças são colocadas no banco de dados para obter um código de
identificação. Todas as peças devem conter uma etiqueta com o nome, o
número de seguimento e o código de barras correspondente que permita
rastrear a origem dela e que o cliente não adquira peças do mercado ilegal. 136
À vista disso, surge mais uma dificuldade que diz respeito aos impactos no meio
ambiente, já que “há riscos no manuseio de fluidos e componentes químicos presentes
132 CÂMARA DOS DEPUTADOS. Regras para desmontagem de automóveis entram em vigor em
2015. Agência Câmara Notícia. 2014. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/434360-
regras-para-desmontagem-de-automoveis-entram-em-vigor-em-2015/0. Acesso em: 27 out. 2021.
133 GIMENES, Antônia Maria et al. Logística reversa de peças e sucatas automotiva no Brasil.
137 SOUZA, Rafael Henrique Rezende de; SANTOS, Silvana. A “importância da Lei do Desmonte”.
Revista Multiatual. 2019. Disponível em: https://www.multiatual.com.br/2020/08/a-importancia-da-lei-
do-desmonte.html. Acesso em: 28 out. 2021. p.7.
138 BRASIL. Lei nº 12.977, de 20 de maio de 2014. Regula e disciplina a atividade de desmontagem
de veículos automotores terrestres; altera o art. 126 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 -
Código de Trânsito Brasileiro; e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12977.htm. Acesso em: 28 out. 2021.
139 MEIRELLES, Airton Gustavo. 99ª Operação Desmanche interdita estabelecimentos
142 FOLHA WEB. Ferros velhos encontram dificuldades para se regularizar no Detran.
2021.Disponível em: https://folhabv.com.br/noticia/CIDADES/Capital/Ferros-velhos-encontram-
dificuldades-para-se-regularizar-no-Detran/75416. Acesso em: 28 out. 2021.
49
143 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ/SC). Remessa Necessária Cível
n. 5023220-63.2019.8.24.0023, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Jaime Ramos, Terceira
Câmara de Direito Público, j. 29-06-2021. Disponível em:
https://eprocwebcon.tjsc.jus.br/consulta2g/externo_controlador.php?acao=processo_consulta_publica
&txtNumProcesso=5023220-63.2019.8.24.0023. Acesso em: 25 out. 2021.
144
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Recurso Cível, Nº
71009657339, Segunda Turma Recursal da Fazenda Pública, Turmas Recursais, Relator: Daniel
Henrique Dummer, Julgado em: 30-08-2021. Disponível em:
https://www.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_processo.php?nome_comarca=Turmas%20Recursa
is&versao=&versao_fonetica=1&tipo=1&id_comarca=700&num_processo_mask=&num_processo=71
009657339&codEmenta=7706337&temIntTeor=true. Acesso em: 25 out. 2021.
50
145RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do rio Grande do Sul (TJ/RS). Apelação Cível, Nº
70083610451, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Niwton Carpes da Silva,
Julgado em: 30-04-2020. Disponível em:
https://www.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_processo.php?nome_comarca=Tribunal%20de%20
Justi%C3%A7a%20do%20RS&versao=&versao_fonetica=1&tipo=1&id_comarca=700&num_processo
_mask=&num_processo=70083610451&codEmenta=7706337&temIntTeor=true. Acesso em: 26 out.
2021.
52
146 DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. ACJ -
Apelação Cível do Juizado Especial. 20140910147346ACJ. 19/04/2016. Disponível em:
https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaosweb/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscai
ndexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexad.
apresentacao.Contr. Acesso em: 26 out. 2021.
147 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. TJSC, Apelação Criminal n. 0800115-
88.2014.8.24.0119, de Garuva, rel. Ernani Guetten de Almeida, Terceira Câmara Criminal, j. 21-05-
2019. Disponível em:
https://busca.tjsc.jus.br/jurisprudencia/html.do?q=RECEPTA%C7%C3O%20QUALIFICADA%20%20pr
ocesso%20de%20desmonte%20lei&only_ementa=&frase=&id=AABAg7AAFAAP9T2AAN&categoria=
acordao_5. Acesso em: 26 out. 2021.
53
148 BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá
outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm.
Acesso em: 2 nov. 2021.
149 DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios.
2015.p.22.
151 VILEN, Letícia. Responsabilidade objetiva no CDC: legislação, responsabilidades e exceções.
Essa opção legislativa se baseia na teoria do risco, segundo a qual aquele que
cria um risco, ou seja, o fornecedor ou prestador de serviços, deve responder por suas
consequências independentemente da existência de culpa, de modo a evitar que o
consumidor fique sem o devido amparo.152 Em suma, “A ideia fundamental da teoria
do risco pode ser simplificada ao dizer-se que, cada vez que uma pessoa, por sua
atividade, cria um risco para outrem, deveria responder por suas consequências
danosas”.153
Porém, embora o CDC tenha a preocupação de amparar os consumidores e
evitar que estes sofram danos irreparáveis, o legislador também deu atenção a
situações excepcionais em que não será aplicada a responsabilidade objetiva.
Sendo assim, conforme o § 3º do art. 12, o fornecedor não será
responsabilizado em quando:
a) Demonstrar que não colocou o produto no mercado;
b) Demonstrar que inexiste defeito;
c) Comprovar que o dano foi decorrente de fato praticado pelo
consumidor ou por terceiro, não tendo relação, portanto, com o produto
disponibilizado.154
Vale dizer que de acordo com a SUSEP “as seguradoras de veículos estão
autorizadas a utilizar peças similares e usadas no lugar das originais nos serviços de reparo”.
Entretanto, a escolha sobre qual tipo de peça será utilizada no conserto, nova ou usada,
caberá ao consumidor.156
No Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJ/DFT) o Des. Hector
Valverde, em apelação em que foi relator, manifestou entendimento sobre o art. 21 do
CDC, que torna regra o emprego de peças originais e novas, de forma que a reposição
de usados somente ocorre mediante autorização expressa do consumidor,
fundamentando-se assim:
155 O MUNDO obscuro dos desmanches. Tome cuidado ao escolher onde comprar os itens que você
precisa para não ser lesado. SINDSEGSP, 2012. Disponível em:
http://www.sindsegsp.org.br/site/noticia-texto.aspx?id=7194. Acesso em: 16 nov. 2021.n.p
156 SEGURADORAS poderão utilizar peças paralelas e usadas em reparos de veículos. G1. Auto
uscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDoc
umento=1069299. Acesso em: 8 nov. 2021.
158INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (IDEC). Código de Defesa do
162 BRASIL. Decreto Lei nº 2.848, de 7de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 16 nov. 2021.
(Grifo nosso).
163 DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Território
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BESSA, Leonardo Roscoe; MOURA, Walter José Faiad de. Ministério da Justiça.
Secretaria Nacional do Consumidor. Manual de Direito do Consumidor. 4. ed. -
Revista e Atualizada Brasília/DF, 2014. Disponível em:
https://www.defesadoconsumidor.gov.br/images/manuais/manual-do-direito-do-
consumidor.pdf. Acesso em: 10 set. 2021.
BRASIL. Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916. Código Civil dos Estados Unidos
do Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l3071.htm. Acesso
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FILOMENO, José Geraldo Brito. Direitos do Consumidor. 15. ed. Rev., atual. e
refor. Atlas: São Paulo, 2018.
LIMA, Alvino. Culpa e risco. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 1998.
63
MONTENEGRO FILHO, Misael. Ação de indenização no novo cpc. 3.ed. rev. atual. e
ampl. São Paulo: Atlas, 2016.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 31. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do rio Grande do Sul (TJ/RS). Apelação
Cível, Nº 70083610451, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Niwton Carpes da Silva, Julgado em: 30-04-2020. Disponível em:
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bunal%20de%20Justi%C3%A7a%20do%20RS&versao=&versao_fonetica=1&tipo=1
&id_comarca=700&num_processo_mask=&num_processo=70083610451&codEmen
ta=7706337&temIntTeor=true. Acesso em: 26 out. 2021.
64
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Recurso Cível,
Nº 71009657339, Segunda Turma Recursal da Fazenda Pública, Turmas Recursais,
Relator: Daniel Henrique Dummer, Julgado em: 30-08-2021. Disponível em:
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VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil. Responsabilidade Civil. v.4. São Paulo:
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