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11 de março de 2.019
BANCA EXAMINADORA
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Prof. Me. Paulo Roberto Cavasana Abdo
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Dedico este trabalho aos meus pais e ao meu
irmão que me deram luz e força para superar
as dificuldades perseguidas até a conclusão
deste curso.
AGRADECIMENTOS
Ao longo deste curso que foi um sonho para mim e para os meus familiares, é com
imensa gratidão que deixo esses agradecimentos a Deus pela oportunidade e pela luz enviada
nesses anos de estudo e perseverança.
Tenho como agradecimento ao meu querido pai, o sr. José Luiz da Silva Costa, que
apesar de ter estudado até a 4ª série me incentivou para que eu estudasse pois seria o único
caminho para atingir o sucesso.
A minha mãe, companheira, amiga e conselheira a sra. Edileide da Silva Costa por
tudo, pois se tenho caráter e sou quem eu sou foi pela dedicação dela.
Dentre todas as pessoas da minha vida, a minha mãe é a pessoa que sempre esteve do
meu lado e mesmo diante das dificuldades me ensinou a não desistir e acreditar que tudo era
uma fase e que no outro dia, a vida iria melhorar e que eu conseguiria atingir os meus
objetivos.
Obrigado mãe pelas palavras, pelos dias sem comer trabalhando por seus filhos e por
cada minuto que dedicou a sua vida por mim.
Tão importante quanto aos meus pais, ao meu lado eu tive o meu único irmão Diego
Bruno da Silva Costa que apesar da distância sempre me apoiou e me ajudou em todos os
momentos.
Por fim, sou imensamente grato as pessoas que passaram na minha vida diante desses
anos de faculdade e que mesmo vindo de escola púbica, morador de periferia, depositaram a
confiança em mim e sempre me ajudaram mesmo que da forma mais simples.
“Onde estiver o seu tesouro, aí também estará
o seu coração” (Mateus, 6:14)
RESUMO
O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo a explanação da ação de busca e
apreensão de veículos no âmbito do Decreto-lei nº 911 de 1969 com a alteração sofrida pela
lei nº 10.932 do ano de 2004 em que alterou significativamente os preceitos da purgação da
mora para a restituição do veículo após a apreensão e quanto aos pressupostos processuais da
ação em que pese a notificação extrajudicial enviada no endereço do devedor comprovando a
sua constituição em mora. O tema abordado visa a demonstração processual e as suas
aplicabilidades no tocante ao ambiente do Decreto-lei e ao Código de Processo Civil e as suas
pontualidades que se tratam de extrema importância no decurso do processo. Não obstante,
tem como preceito os vícios encontrados no ajuizamento e no decurso da ação na aplicação
direta dos operadores de direito.
The purpose of this work is to explain the search and exclusion of vehicles within the scope of
Decree-Law No. 911 of 1969 with an amendment suffered by Law No. 10,932 of the year
2004 that changed the meaning of the purgation precepts of the delay for the restitution of the
self-service after a seizure and for the procedural requirements of the action in which an out-
of-court notification is handled does not have a debtor's address proving that it was in default.
The object addressed is the procedural presentation and its applicability with regard to the
environment of the Decree-Law and the Code of Civil Procedure and its policies that have
been treated as extremely important in the course of the process. Nevertheless, the precepts
are not advantageous and there is no course of action in the direct application of the legal
operators.
Keywords: Search and seizure, Fiduciary Alienation, Vehicle financed, Decreto-lei 911/69.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 10
INTRODUÇÃO
1 O NEGÓCIO FIDUCIÁRIO
O negócio fiduciário tem origem da Inglaterra denominado como “trust” em que tinha
como base o uso das coisas e nisso o direito era apenas de administrar. Com a vontade de
busca desses bens por parte de quem era proprietário resultou na existência da alienação
fiduciária, assim com a evolução histórica, o Decreto-lei foi criado em razão da necessidade
de positivação dos negócios fiduciários sem proteção especifica que eram realizados antes do
ano 1965. (CHALHUB, 2017)
Em razão das inúmeras práticas comerciais sem a devida proteção, o Brasil teve como
inicio de positivação a Lei nº 4.864/65 - Lei de Estímulo à Indústria de Construção civil, sob o
conceito de cessão de crédito de forma fiduciária, sendo que no ano de 1965 denominada a
Lei de Mercado de Capitais, foi regularizada e efetivadamente criada à lei de alienação
fiduciária em garantia de bem móvel.
O surgimento do Decreto-lei 911/69 vigente foi necessidade pois as leis anteriores
apresentavam lacunas que não resolviam o direito das partes que somente foi possível a
regularização com a edição deste Decreto.
A alienação fiduciária trata-se de instrumento de garantia em que as instituições
financeiras fazem com o consumidor que tem essa obrigação um caráter possessório e
garantia real.
O Decreto-lei objeto da pesquisa tem como edição em 1º de Outubro de 1969 pelos
Ministros da Marinha de Guerra do Exército e da Aeronáutica Militar especificadamente na
era da Ditadura Militar pelo governo de Emílio Garrastazu Médici visando a proteção das
instituições bancários e os negócios jurídicos que eram realizados.
Foi criado diante de forte influencia dos bancos em que de certo modo financiavam o
movimento do país, em que mesmo diante da ditadura militar, o crescimento do PIB era
significativo tendo em vista as atividades de produção e o poder aquisitivo em mãos da classe
media.
Com essa nova era, conhecida como “milagre econômico”, as instituições financeiras
tiveram que assegurar veementemente os seus empréstimos, mantendo-se como proprietário
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Com a promulgação da Constituição Federal no ano 1988 que tem como marco
fundamental para os direitos dos indivíduos do país, visto que asseguravam direitos dos
cidadãos que não previam a legislação anterior.
O Decreto criado no ano de 1969 apesar da vigência até os dias atuais, não contém
nenhum indicio de ser revogado por outro pois ainda tem eficácia as financeiras e aos
adquirentes.
Em consoante aos entendimentos da Constituição da Republica Federativa do Brasil
de 1988, fizeram-se necessárias alterações no Decreto a fim de assegurar os novos direitos da
época e adentrar ao procedimento com ampla defesa e contraditório.
Assim, foi alterado por duas leis, sendo uma a Lei nº 10.931/2004 e a segunda pela Lei
nº 13.043/2014 – Código de Processo Civil que iniciou a vigência em 2015 imputando novas
regras no âmbito processual das ações de busca e apreensão e os aspectos defensivos.
A Lei nº 10.931/2004 trouxe à vigência o art. 3 § 2 do Decreto em que o devedor
poderá ter o seu veículo restituído livre de ônus, desde que após a apreensão do bem realize
no prazo de 5 (cinco) dias o pagamento dos valores indicados pelo credor na petição inicial,
sendo as parcelas vencidas e vincendas.
Neste dilema, por muito tempo houve discussão quanto aos valores da purgação da
mora, quais seriam o pagamento do valor das parcelas vencidas ou o pagamento do valor das
parcelas vencidas e vincendas pois anteriormente a essa nova redação, com a apreensão do
veículo, o réu poderia requerer o cálculo das parcelas em aberto até a data de apreensão e
efetuar pagamento para ter o veículo restituído e possibilitando a manutenção do contrato.
Assim, com as alterações apresentadas pela nova lei 2004 e o Código de Processo
Civil de 2015 os aspectos do procedimento da ação de busca e apreensão e do Decreto-lei
tiveram um novo patamar quanto aos aspectos defensivos e de julgamentos favorecimento em
certa parte ao proprietário do veículo.
Colocando o credor a salvo da insolvência do devedor, com sua outorga o bem dado
em garantia sujeitar-se-á, por vínculo real, ao adimplemento da obrigação contraída
pelo devedor. Tem por escopo garantir ao credor o recebimento do débito, por estar
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A relação prevista nesta legislação tem como fundamento a concessão de valores para
adquirir um veiculo mantendo-o como garantia no caso de inadimplência das parcelas.
Todavia esses contratos visam unicamente à possibilidade de entregar o veiculo ao contratante
em que ele mantém apenas a posse direta do bem, por meio de pagamento das prestações
concedidas pela instituição financeira.
Tem por estudo e procedimento administrativo a aprovação do crédito admitindo a
aquisição do bem mediante pagamento de parcelas fixas, sendo que figurado como
consumidor o particular com Cadastro de Pessoa Física, bem como as pessoas jurídicas
cadastradas por meio de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica.
Nestes termos, o contrato de alienação fiduciária entre as partes tem como objeto o
veículo que é dado em posse ao outro como garantia real indivisível que poderá ser cobrado
no caso de inadimplemento das parcelas pactuadas em razão de ser o contrato característico
de uma garantia real que é o veículo.
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2.3 Liminar
A ação de busca e apreensão tem como objetivo retomar o veículo para a sua posse a
fim de realizar a venda e aplicar o valor da venda no saldo em aberto do devedor, visto que
diante da primeira parcela inadimplida, as parcelas subsequentes vencem conforme a lei.
Para atingir o fim destas ações, se faz necessário de forma liminar o pedido de tutela
provisória buscando com o ajuizamento da ação conseguir a apreensão do veículo antes de
que o devedor tome ciência da ação e por tratar-se de bem móvel, locuplete o bem
impossibilitando o credor de retomar para a sua posse.
Desta forma, para ver o direito aplicado assegura o Código de Processo Civil as tutelas
provisórias que poderão ser requeridas com o intuito de conceder efeitos antes da sentença
final de mérito possibilitando a realização da apreensão do bem atingindo o direito imposto no
contrato.
Todavia, esse direito tanto é assegurado pelo art. 3º do Decreto-lei como
complementado pelo art. 300 do Código de Processo Civil.
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir
caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir
a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la.
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Neste mesmo seguimento, paralelo ao fumus bonis iuris utiliza-se o periculum in mora a
fim de demonstrar o direito para o deferimento da liminar e a necessidade da apreensão do
veículo em caráter de urgência e preliminar.
Trata-se de requisitos indispensáveis para o deferimento da liminar que sem demonstrar
a evidência ao juízo, impossibilitará de retomar o bem objeto da ação que visa apenas a
garantia.
O tema abordado tem como fundamento o perigo da demora que nada mais é do que a
demora da decisão poderá ensejar dano irreparável ao credor que neste caso verifica-se a
perda de vista do veículo bem como as avarias que poderão ocorrer se o veículo se manter na
posse do devedor.
A relação quando se atende ao Decreto-lei 911/69 para as liminares tem como razão no
periculum in mora a imediata retomada da garantia real do contrato, pois com a demora da
decisão final de mérito do processo, poderá o devedor esconder o veículo ou até mesmo a
depreciação do bem.
No entanto, ainda que a princípio o dano seja irreparável, a natureza da ação e a
retomada da garantia, não obstante, se restar impossível de retomar o bem, o Decreto-lei
admite a conversão da ação de busca e apreensão em ação de execução de título extrajudicial.
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Portanto, deve demonstrar ao juízo o dano que será causado quando o a liminar não for
deferida e assim poderá com a demora perder o bom estado físico do bem em razão da
depreciação.
Quanto ao exposto nos tópicos acima, adentramos nas questões das liminares quando as
tutelas provisórias são indeferidas por fatores externos a vontade do credor que por vezes não
consegue demonstrar ao juízo todos os pressupostos processuais válidos.
A liminar visa a retomada do veículo de forma preliminar a fim de evitar que o devedor
tenha conhecimento da ação e esconda o bem impossibilitando a apreensão, bem como
depreciar o bem no momento da sua apreensão.
Contudo, para o deferimento há a necessidade de preenchimento dos requisitos de
periculum in mora e fumus bonis iuris, porquanto serão analisados pelo Juízo que assim irá
deferir a tutela se os pressupostos estiverem preenchidos.
Não obstante, além desses requisitos, há como regra a informação de documentos dos
quais o Decreto-lei prevê para o deferimento da medida, pois não só demonstrar o perigo da
mora e a probabilidade de danos, deverá demonstrar a constituição em mora, o gravame, o
contrato e o documento de transferência.
Ocorre que por vezes não é possível a regularização dessas documentações.
Assim, sem a comprovação dos documentos, a liminar é indeferida e o réu pode ser
citado ou a ação ser extinta sem resolução do mérito por ausência de pressupostos conforme
prevê o Código de Processo Civil.
Tão importante quanto a formalização dos instrumentos em anexo ao recurso, devem ter
em conta de que quando o processo da primeira instância for físico, deverá o recorrente
comprovar em até 3 dias úteis ao juízo a interposição do agravo de instrumento no segundo
grau, sob pena de não conhecimento.
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Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia
da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da
relação dos documentos que instruíram o recurso.
§ 2o Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no
caput, no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento.
§ 3o O descumprimento da exigência de que trata o § 2o, desde que arguido e
provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento.
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos
arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o
julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a
emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou
completado.
A legislação dos contratos de alienação fiduciária tem como intuito a proteção das
instituições financeiras pois como todo o exposto neste trabalho, as medidas impostas são
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A obrigação de fazer da qual é a restituição do veículo, por não conter prazo pré-
fixado em lei e ficar a cargo da proporcionalidade e da razoabilidade com base na decisão do
juiz, o Código de Processo Civil de 2.015 prevê o instituto de multa diária quando não for
cumprida a obrigação de fazer.
A multa diária reconhecida com a denominação de astreintes tem origem do direito
francês e tem caráter coercitivo a fim de coagir o devedor da obrigação a cumpri-la no prazo
informado.
Este meio de forçar a cumprir a obrigação não se confunde com punição e sim num
meio de dar efetividade nas decisões judiciais quando não são cumpridas demonstrando o
poder do judiciário.
O valor da multa é revertido para parte contraria e deve ser proporcional ao valor do
processo e o detrimento da obrigação imposta pois não poderá ultrapassar o valor integral da
obrigação que deveria ter sido realizada.
O legislador prevê a multa diária como um meio acessório, pois sem a obrigação
principal não haveria como fixar.
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Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase
de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde
que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável
para cumprimento do preceito.
§ 1º - O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a
periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que:
I - se tornou insuficiente ou excessiva;
II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa
causa para o descumprimento.
(...)
§ 4º - A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da
decisão e incidirá enquanto não for cumprida a decisão que a tiver cominado.
Da analise dos dispositivos legais desta medida, trata-se de imposição que pode ser
realizada tanto no cumprimento de sentença quando não são reconhecidos os direitos dos
credores, como na fase de conhecimento, que não foram restituídos os veículos.
Compete ainda ressaltar que o instituto das astreintes não são apenas da restituição dos
veículos, pois podem adentrar a questões dos pertences que foram apreendidos nos veículos
que não fazem parte do bem e devem ser restituídos.
A fixação das multas podem ser de oficio pelo juiz sendo dispensável o requerimento
da parte contrária para a incidência, bem como para quando realizadas em valor exorbitante,
poderá ser reduzido.
Por fim, tão quão importante quanto a imposição das astreintes, o Superior Tribunal de
Justiça prevê que deverá ser realizado a intimação pessoal do devedor da obrigação para que
possa ser cobrado o valor das multas.
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Portanto, neste tópico adentra-se à restituição do veículo por não ter prazo fixo,
compreendendo-se na proporcionalidade e na razoabilidade, no entanto, quando não restituído
poderá o juízo de oficio requerer a imposição de multa pelo descumprimento desde que tenha
sido realizado a intimação pessoal do devedor da obrigação para cumprir a determinação do
juízo no prazo. Todavia embora fixado o valor pecuniário, o juiz poderá reduzir se entender
como exorbitante.
3.6 Da contestação
Concluso portanto que a contestação exposta no Código de Processo Civil deve ser
atendida na ação de busca e apreensão, independente de sua tempestividade, pois o trazido no
Decreto-lei é imposto somente quando o veículo foi apreendido, enquanto pode ser
apresentada e discutida antes mesmo da apreensão conforme consolidado pelo Superior
Tribunal de Justiça mesmo que ainda alguns magistrados entendam como impertinentes o
recebimento da contestação fora do prazo do decreto-lei.
Em atendimento ao todo exposto, pertinente se valer de que há dois entendimentos que
seguem em vigor na prática quanto a apresentação da contestação sobre a tempestividade e
sobre as matérias apresentadas que ora podem ser acolhidas, ora outro podem não ser e o
veículo ser apreendido sem adentrar nas discussões meritórias da contestação.
Na lógica desse princípio, observa-se que o devedor poderá quando o seu veículo for
apreendido e mesmo que não houver purgação da mora apresentar a contestação impugnando
as matérias que entendem cabíveis e que devem ser fielmente analisadas pelo juízo, ainda que
não tenha nulidades processuais.
O procedimento da ação de busca e apreensão apesar de conter ato simplório que é a
retomada do veículo, na atualidade mesmo que na contestação venha com matérias que
contém entendimentos firmados pelos Tribunais que possibilitaria a descaracterização da
mora por irregularidade de claúsulas ou encargos do contrato, não são analisados e as ações
são julgadas procedentes sem tampouco atentar-se aos pedidos de forma devida requeridos na
contestação, restringindo o direito do contraditório suscintamente no processo.
Na lição de Melhim Namem (2017, p. 189) demonstra que para o ajuizamento da ação e
o seu prosseguimento válido, deve-se apresentar a notificação válida assinada por terceiro ou
pelo devedor para que o juiz defira a tutela provisória requerida e autorize a apreensão do
veículo.
Corroborando nesse seguimento, a falta desse pressuposto processual que é a
notificação, ensejará a extinção do processo que poderá ser alegado em qualquer momento
pelo réu ou ainda a conhecimento de oficio pelo juiz. (Elpídio Donizetti, 2009)
O juízo portanto ao intimar o credor para indicar novos endereços para a localização
do veículo e consequentemente realização a citação do réu age com legitimidade no §1º do
artigo 319 do Código de Processo Civil que traz a possibilidade de que caso essas
informações não sejam trazidas com veracidade ou não fossem capaz de realizar o ato, o juízo
poderá intimar a parte para completar ou indicar novo endereço.
Decorre esta relação também do princípio do impulso oficial disciplinado no art. 262
do Códex, onde deve o juiz utilizar de meios provenientes também à sua disposição para
realizar buscas de endereços.
Portanto, quando intimado para indicar novos endereços e este não tiver em mãos
novas informações, poderá requerer ao juízo para que utilize do poder judiciário para a
localização de novas informações.
As buscas realizadas pelo judiciário poderão ser realizadas por meio dos sistemas
Bacenjud, Infojud e Renajud. Desses sistemas, a bacenjud é o meio eletrônico entre o poder
judiciário e as instituições financeiras por meio do Banco Central onde é possível localizar os
dados cadastrados nos bancos, sendo ato legal conforme comunicado do Bacen n° 8.422, de 8
de maio de 2001.
Em outros sistemas, temos o Infojud que é uma parceria do Conselho Nacional de
Justiça em junho de 2007 com a Secretaria da Fazenda e a Receita Federal onde detém
informações das declarações de imposto de rendas e outras constantes nos bancos de dados.
Por fim, o sistema Renajud o magistrado poderá requerer informações ao
Departamento Nacional de Trânsito – Denatran das informações armazenadas nos bancos de
dados.
Assim, o poder judiciário colabora com a efetividade do processo quando não o
veículo não é apreendido com os endereços constantes no contrato e na inicial e assim
possibilita o autor em não ver o seu processo ser extinto por não ter mais informações
necessárias para o prosseguimento da ação.
Por vezes, a apreensão do veículo ocorre com a realização de guincho por ter sido
encontrado estacionado ou até mesmo por apreensão em razão de blitz policial. Ocorre nesses
casos que o processo não pode prosseguir sem a citação do réu mesmo que o veículo tenha
sido apreendido ou ainda mais, faz-se necessário o mesmo procedimento através do sistema
Bacenjud, Renajud e Infojud para tentar a localização de novos endereços do réu.
Por consequência lógica, com a apreensão do veículo, o devedor deveria consentir e
assim entrar em contato com a autora para se informar do procedimento, contudo, no país
onde a inadimplência é costumeira, as pessoas abandonam o veículo e as dívidas.
Desta forma, a autora tem como consequência jurídica pedidos a serem realizados ao
juízo para validar a citação ainda que o réu não tenha sido encontrado para conseguir a
efetividade da ação por meio de sentença procedente.
A citação por hora certa também uma forma de citação ficta quando não é possível
realizar a citação real por meio de carta com aviso de recebimento ou a realizada por Oficial
de Justiça em que o réu tem a citação pessoal e por isso tem conhecimento efetivo da ação que
esta ajuizada em seu desfavor, neste caso, pelo inadimplemento da parcelas do contrato de
alienação fiduciária do qual inclusive o veículo foi retomado para a posse da credora.
Esta modalidade de citação é admissível quando atendido os requisitos legais previstos
no art. 252 do Código de Processo Civil que prevê que poderá ser realizada quando por 2
vezes o oficial de justiça tentar intimar e houver suspeita de ocultação do réu a fim de não
receber a intimação.
O procedimento previsto nesta modalidade tem forma certa que deve ser conforme o
art. 253 do Código, onde o Oficial de Justiça intimará qualquer pessoa da família ou em sua
falta, o vizinho, comunicando que voltará para realizar a citação em dia e hora marcada, cujo
caso esteja ausente, será citado em nome dos indicados neste artigo deixando contrafé
declarando o nome do recebedor.
Dentre o procedimento, o mandado deve constar expressamente que será nomeado
curador especial se houver revelia, ou seja, se não houver pronunciação no prazo legal.
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Por fim, feita a citação no prazo de 10 dias da juntada do mandado que o réu foi citado
por hora certa, diz o art. 254 que deverá ser enviado no prazo de 10 dias dando-lhe ciência de
todo o ocorrido.
Nesta hipótese, caso ocorrido a citação por hora certa deverá prosseguir a ação com a
nomeação de defensor dativo que poderá apresentar a defesa em nome da parte, sendo a
autora intimada para apresentar a réplica e em seguida será proferida à sentença.
Desta forma, a citação por edital é o meio pelo qual em que a pare autora poderá dar
como citado o réu quando não localizado diante de diversas tentativas de citação, quando está
em lugar ignorado ou incerto, bem como quando desconhecido, pondo assim validade e
prosseguimento a ação com a sentença procedente após apresentado a defesa por meio de
defensor dativo nomeado pelo juízo.
nos casos de intimações para cumprimento de atos judiciais quando exercentes como
curadores especiais não são aplicáveis, conforme precedentes Pet. 932-SP (DJU de
14.09.1994) e AG 166.716-RS (DJU de 25.05.1995).
Assim, quando é realizada a citação ficta, deverá ser nomeado curador especial
exercente taxativamente nestas hipóteses de cabimento pela Defensoria Pública que poderão
apresentar a contestação como negativa geral diferente da regra geral por justamente não
conhecer o réu e os fatos da ação, contudo esta prerrogativa foi limitada pelo quanto a exercer
o prazo em dobro no exercício de curador especial.
Neste tópico, faz-se necessário adentrar sobre a matéria de extinção do processo sem
resolução do mérito por se tratar de um ponto de extrema relevância ao direito processual e o
seguimento que este pode trazer ao processo da ação de busca e apreensão e as suas
consequências.
O art. 485 preceitua os seguintes termos:
Assim, esta ação busca o deferimento no limiar do processo com a tutela provisória
para retomar o bem da posse do devedor para que na cognição exauriente possa tornar
definitiva a tutela.
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5 CONCLUSÃO
medida que possibilitam retomar o bem que é de sua propriedade frente ao inadimplemento
das parcelas do contrato.
O juiz com base na probabilidade do direito e do perigo de dano poderá deferir ou
indeferir a tutela provisória, no entanto, nesta ação em especialmente conforme dispõe o caput
do art. 3º do Decreto-lei, a liminar poderá ser deferida desde que comprovada a mora, ou seja,
comprovado a inadimplência por meio da notificação com aviso de recebimento assinado pelo
devedor ou por terceiro, a liminar poderá ser deferida.
Não obstante, quando a tutela provisória for inferida, será passível de interposição de
recurso de agravo de instrumento nos termos do inciso I do art. 1.015 do Código de Processo
Civil. Ainda, haverá na hipótese de saneamento de vicio, poderá o juiz conceder o prazo de 15
dias para que o autor regularize o vício para que a tutela provisória possa ser deferida.
Em relação aos aspectos práticos desta ação, em preliminar a apreensão do veículo
após o deferimento da liminar segue um rito em que deve ser realizado por Oficial de Justiça
competente para a comarca e que seguirá com as diligências nos endereços informado pelo
autor.
Com a apreensão do veículo faz-se necessário juntar o auto de apreensão e a certidão
do Oficial de Justiça nos autos para ciência do juízo. Após a apreensão do veículo e com o
decurso do prazo de 5 dias sem o pagamento do réu, o veículo consolidará a posse a
propriedade em nome da autora que poderá realizar a venda do bem para terceiros para abater
o valor da venda com o valor do saldo em aberto do contrato, nos termos do §1º do artigo 3º
do Decreto-lei.
A purgação da mora prevista no §2º do art. 3º teve como discussões desde a alteração
dada pela Lei nº 10.931/2004 pois o dispositivo prevê o pagamento da integralidade da divida
em 5 dias da apreensão para que o veículo restituído, no entanto, por anos havia-se o
entendimento que corresponderia ao pagamento apenas das parcelas vencidas e não todo o
valor do contrato.
A discussão quanto aos valores permaneceram por anos até a recente decisão do
Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp: 1418593 MS 2013/0381036-4 proferido
pelo Relator Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO em 14/05/2014 que pôs fiz a discussão
determinando que o valor da purgação da mora seria no valor correspondente ao que
informado na inicial, ou seja, das parcelas vencidas e vincendas.
Embora essa discussão tenha se firmado por anos, o próprio Decreto-lei no §3º do art.
2º apontava que com o vencimento de uma parcela por inadimplência do contratante, estaria
considerada as demais vencidas.
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Por outro lado, realizada a purgação da mora como uma forma de reconhecimento do
pedido, o veículo deve ser restituído para o réu livre de ônus. Para a devolução do veículo não
há prazo expresso na lei, contudo deve o juiz se valer da razoabilidade e da proporcionalidade
para fixar o prazo, embora mesmo que fixado prazo, poderá o juiz se valer de multa
pecuniária pelo descumprimento da obrigação em atenção aos artigos 536 e 537 do Código de
Processo Civil.
Nos aspectos de defesa do réu, o Decreto prevê a possibilidade de apresentação da
contestação somente após o cumprimento da tutela provisória que apreendeu o bem, do qual
poderá o réu realizar a purgação da mora ou apresentar a contestação. Todavia, a discussão
neste tema está paralelamente atrelado ao princípio da ampla defesa e do contraditório pois
estes asseguram que o réu poderá comparecer no processo em qualquer momento quando tiver
conhecimento.
O Decreto dispõe de forma contraria ao Código de Processo Civil de 2.015 e por isso
surge os efeitos práticos da apresentação da contestação.
Como é sabido, a Constituição da Republica assegura por meio do devido processo
legal que as partes terão o direito a defesa, contudo o Decreto que é de 1969 prevê que
somente poderá apresentar após cumprida a liminar e caso fosse apresentada antes do
momento correto, não poderia ser analisada pelo juízo.
Destarte, este é o entendimento até os dias atuais de diversos juízos mesmo diante da
Constituição da Republica de 1988.
A jurisprudência majoritária entende que a contestação poderá ser analisada antes do
cumprimento da tutela provisória ou até mesmo antes da citação conforme os julgamentos do
AREsp n. 927.121/PR, Relator Ministro MARCO BUZZI, Dje 19/10/2016, AREsp n.
241.960/DF, Relatora Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, DJe 05/08/2016.
Corroborando nesse mesmo entendimento, o Código de Processo Civil no §1º do artigo 329
prêve a possibilidade do comparecimento espontâneo do réu na ação independente de ser
citado.
No tocante ao julgamento, a ação de busca e apreensão segue o rito especial com a
subsidiariedade do Código de Processo Civil, por isso quando o processo está em ordem, o
julgamento dessas ações não prolonga como as ações convencionais. Essa análise pode ser
vista tanto nas resoluções do mérito como nas sem resolução do mérito, como por exemplo a
ausência da notificação que é um requisito para o ajuizamento da ação e por isso poderá haver
extinção do processo nos termos do inciso IV do art. 485 do Código de Processo Civil que
poderá ser alegado a qualquer tempo pelo réu ou ser conhecido de oficio pelo juízo.
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Atentos ainda que quando o veículo foi apreendido mas o réu não tenha sido citado, o
Código de Processo Civil visando o prosseguimento da ação admite as citações fictas que são
as citação por hora certa quando o réu está se ocultando e o Oficial de Justiça consegue
perceber está ação ou no caso do réu ser desconhecido ou estar em lugar incerto que poderá
ser realizado a citação por edital. Nestas hipóteses de citação ficta, será nomeado curador
especial exercido pela Defensoria Pública na defesa do réu.
A Defensoria Pública segundo o inciso I do art. 44 da Lei Complementar nº 80/94
assegura aos seus exercícios o prazo em dobro. Embora a prerrogativa fosse em todos os
casos conforme a lei complementar, o Supremo Tribunal Federal posicionou contrário a esta
Lei dizendo que a prerrogativa do prazo em dobro quando exercentes como curadores
especiais não são aplicáveis, conforme precedentes Pet. 932-SP (DJU de 14.09.1994) e AG
166.716-RS (DJU de 25.05.1995).
Esta ação visa por meio de tutela provisória a retomada do veículo, com a confirmação
na sentença acolhendo os pedidos iniciais para que o credor possa vender o bem a terceiro a
fim de realizar o abatimento do valor da venda com o valor das parcelas em aberto do
contrato.
Nesse tramite, o réu tem o direito de ter realizado a prestação de contas em relação ao
valor do veículo e o valor que mantém de saldo remanescente para pagar do contrato
conforme o art. 2º do Decreto-lei.
Embora seja a intenção do autor a sentença procedente, o juízo pode decidir ao
contrário e declarar como improcedente os pedidos iniciais fazendo com o que o autor tenha
que restituir o veículo e condene-o em honorários advocatícios de sucumbência.
Não obstante, da sentença improcedente o autor deve restituir o veículo para o réu,
todavia quando esse comando não é respeitado, é aplicado multa de 50% do valor
originalmente financiado e mais o dever de pagamento das perdas e danos referente ao valor
do veículo conforme os §6º e 7º do art. 3º do Decreto-lei.
O Decreto é expresso a hipótese de aplicabilidade da multa de 50% do valor
originalmente financiado que são nos casos de improcedência dos pedidos iniciais do autor
quando o veículo apreendido na tutela provisória tenha sido vendido antes da sentença final,
contudo mitigando a previsão do dispositivo o Superior Tribunal de Justiça vem entendendo
conforme o julgamento proferido pela Ministra Nancy Andrighi no julgamento do REsp nº
1.715.749 – SC que nos caso de extinção do processo sem resolução do mérito é também
aplicada a multa.
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Diante de todo o exposto, a ação e busca e apreensão visa por meio de um rito especial
a retomada de veículos dados em garantia de um contrato de alienação fiduciária com a
instituição financeira, modelo este criado em razão do crescimento econômico da época que
persegue até os dias atuais. No entanto, vejamos que está ação favorece em regra a instituição
financeira pelas formas de prosseguimento do rito e pelas análises superficiais feitas pelos
juízes na análise das matérias da contestação. Essa é a razão de um país onde o
desenvolvimento é pequeno a cada ano e assim fazem com que as pessoas tenham que aderir
este modelo de contrato para que possam adquirir os seus bens e que no momento de
fragilidade econômica perde o direito do contrato e ainda ficam com valores em abeto com a
proprietária do bem. Este modelo de relação negocial por mais que vicioso e desfavorável,
não há indícios de mudanças, por isso, as pessoas manterão neste seguimento para adquirir
seus bens mesmo diante do desfavorecimento.
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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