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Junho, 2013
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BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL – CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
ALVES, Francisco Luís
Direito dos seguros : cessação do contrato,
práticas comerciais. – (Monografias)
ISBN 978-972-40-5211-3
CDU 347
368
Em memória do meu pai
Francisco Ribeiro Alves
NOTA PRÉVIA
1.2. Revogação
1.2.1. Tendo por base o artigo 406º, nº 1, do Código Civil, retiramos a definição
de revogação ou distrate11 como sendo a extinção total ou parcial do negócio
jurídico através do uso pelas partes da liberdade contratual que lhes permitiu
criar a relação jurídica. Esta pode ser unilateral ou bilateral dependendo das
partes que levaram à vinculação. Caracterizando a revogação, atendendo à
autonomia privada, o seu exercício é livre e os efeitos em termos temporais,
apesar de por regra se referir que se projetam «apenas para o futuro»12, estão na
disponibilidade das partes13, já que por acordo as partes são livres de ajustar o
que pretenderem desde que não afetem direitos de terceiros. Como bem refere
LUÍS MENEZES LEITÃO «a revogação retroactiva deixa, no entanto, de ser
possível sempre que se tenha criado uma situação em benefício de terceiro»14.
Em termos teóricos nas relações derivadas de contratos de seguro apenas será
possível a revogação com efeito retroativo quando não haja um terceiro lesado
num sinistro ou um beneficiário que já tenha adquirido determinados direitos.
1.2.3. Quanto à forma exigida para a revogação, como bem refere ROMANO
MARTINEZ «pode resultar de declarações de vontade que possam ser
interpretadas no sentido de o vínculo ser distratado»17. Atendendo à segurança
jurídica será sempre conveniente para as partes que o façam por escrito ou que
pelo menos exista posteriormente um documento que materialize essas vontades.
O RJCS prevê para a formalização do contrato no seu artigo 32º, nº 1, que «a
validade do seguro não depende da observância de forma especial», mas de
acordo com o nº 2 «o segurador é obrigado a formalizar o contrato num
instrumento escrito…».
Revogar o contrato verbalmente poderá trazer incerteza às partes caso uma
delas se arrependa e a interpretação de declarações de vontades das partes deve-
se basear em elementos dos quais fique registo se já tiver existido algum ato de
formalização.
Assim, se uma apólice ainda não tiver sido emitida e as partes apenas tinham
contratado verbalmente, sem existir qualquer suporte duradouro com as
declarações de vontade, será suficiente o distrate verbal18.
1.3. Resolução
1.3.1. Os artigos 432º e seguintes do Código Civil estabelecem o regime para a
resolução do contrato23, desencadeando-se a sua efetivação através de
declaração unilateral enviada à outra parte24. ANTUNES VARELA refere que «a
resolução é a destruição total da relação contratual, operada por um dos
contraentes, com base num facto posterior à celebração do contrato»25. No
entanto, em termos de RJCS, em particular do artigo 118º quanto à livre
resolução, não é necessário que exista um fundamento enquanto facto jurídico
novo. Pode simplesmente corresponder a uma reflexão mais ponderada quanto à
necessidade de contratação que leve a um arrependimento26.
Como assinala a doutrina, por exemplo LUÍS MENEZES LEITÃO, «a resolução
caracteriza-se ainda por ser normalmente de exercício vinculado (e não
discricionário)»27, apoiando-se no artigo 432º, nº 1, do Código Civil, o qual
refere que a resolução se funda na lei ou em convenção28. Assim, em termos
civilistas é sempre necessário um fundamento, sendo que o mais corrente e
pacífico é o incumprimento de uma das partes com base no artigo 801º, nº 2, do
CC29. Podem ainda as partes ajustar livremente cláusulas que permitam a
resolução do contrato tanto tendo por base incumprimentos das partes como
condições que permitam a uma das partes desvincular-se por ser contrato
associado a outros nos quais deixou de ter interesse3031.
ROMANO MARTINEZ refere também com base no artigo 432º do CC que há
duas modalidades de resolução: a legal e a convencional32. Dentro da primeira
distingue a resolução fundamentada, enquanto regra geral, da resolução
imotivada, por exceção, onde entendemos de acordo com a explicação dada33
que se integra o direito ao arrependimento configurado no RJCS como livre
resolução. Autonomiza ainda a resolução baseada em alteração das
circunstâncias34.
1.3.3. Em resumo, e sobre esta matéria há que fazer a destrinça entre o regime
geral (Código Civil) e o regime especial (RJCS), a saber:
a) o CC exige fundamento para a resolução mas o RJCS pelo seu artigo 118º
permite a livre resolução;
b) o CC, por regra, condiciona o exercício da resolução à restituição do que
uma parte tiver recebido da outra (artigo 432º, nº 2), mas em contratos de
execução continuada ou periódica, como é o caso dos seguros, a resolução não
abrange as prestações já efetuadas, embora haja particularidades que obrigam a
uma análise casuística (artigo 434º);
c) tanto no CC como no RJCS são acautelados os direitos adquiridos por
terceiros de boa fé, por via do artigo 435º e 108º, respetivamente; d)é comum a
forma de tornar efetiva a resolução, ou seja, através de mera declaração enviada
à outra parte (artigo 436º do CC41) não tendo o RJCS disposição específica para
a resolução com justa causa, embora para a resolução após sucessão de sinistros
e na livre resolução (artigos 117º, nº 4, e 118º, nº 5, respetivamente) refira que
deve ser exercida por declaração escrita e o artigo 120º refira enquanto regra
geral que todas as comunicações devem revestir forma escrita ou serem
prestadas por meio de que fique registo duradouro.
1.3.4. Uma última nota para a possibilidade apontada pela doutrina, por exemplo
por VAZ SERRA e ANTUNES VARELA, de resolução por alteração das
circunstâncias42, tomando por base o artigo 437º do Código Civil, as quais
podem derivar até de alterações legislativas que tornem a relação contratual
desequilibrada43 e em que poder-se-ia admitir uma resolução meramente parcial
quando tendo um contrato de seguro várias coberturas cessassem apenas
algumas delas ou em que o prémio de seguro fosse alterado.
Com interesse para o setor segurador, por poder estar sujeito ao mesmo tipo
de problemas, é de salientar que a jurisprudência já admite que a crise financeira
justifique a alteração do contrato com fundamento em alteração das
circunstâncias. A este propósito um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa,
de 14-06-2012, refere no seu sumário que:
«I. É possível a modificação do contrato por alteração das circunstancias
sempre que se verificar uma alteração anormal das circunstancias em que as
partes fundaram a decisão de contratar, a manutenção do conteúdo
contratual afecte gravemente os princípios da boa fé e não esteja abrangida
pela álea própria do contrato e o cumprimento das obrigações impostas ao
lesado não esteja coberto pelos riscos próprios do contrato.
II. A grave, inesperada e incontornável crise económica que se vem
verificando desde 2008 alterou as circunstâncias em que as partes
convencionaram o contrato de abertura de crédito, em termos que ferem a
boa fé, não sendo normal o correspondente risco. Em tal caso justifica-se a
modificação do contrato segundo juízos de equidade, nos termos do artº
437/1, Código Civil» 44 .
1.4. Denúncia
1.4.1. A denúncia caracteriza-se por ser uma decisão unilateral comunicada à
outra parte, sendo de exercício livre pelas partes, ou seja, não precisa de
fundamento45. Por regra, o seu campo de aplicação é limitado aos contratos de
execução continuada ou duradoura como forma de possibilitar o fim do contrato
quando as partes não o tenham estipulado contratualmente. Deste modo a
denúncia não afeta os efeitos do contrato retroativamente46 e destina-se, sob
comunicação prévia e normalmente com uma determinada antecedência, a dar
previsibilidade para o futuro salvaguardando o passado47.
Aplicando-se o referido aos seguros há que notar que estes por regra têm um
prazo estabelecido e caso não tenham entende-se que é de um ano
sucessivamente prorrogado, pelo que passam a existir sucessivamente outros
prazos fixados para o fim do contrato. Por essa razão, os contratos renováveis
não terminam por caducidade e é necessário que uma das partes proceda à
denúncia para evitar a prorrogação do contrato48.
PINTO MONTEIRO sobre a necessidade de os contratos terem um fim refere que
«o art. 406º do Código Civil não prejudica o direito de livre denúncia de
contratos não regulados por lei, porque aquela norma não pode isolar-se das
demais, do art. 280º, desde logo, sendo contrário à ordem pública um contrato
que estabelecesse vínculos perpétuos, pela intolerável restrição à liberdade dos
sujeitos que isso acarretaria»49.
1.5. Caducidade
A caducidade de um contrato consiste na verificação de um facto que determina
a extinção de um vínculo sem necessidade de qualquer ato das partes para o seu
exercício em específico. Podemos apontar, em termos genéricos, diversas
situações55 que materializam a caducidade, a saber:
a) a simples decorrência do tempo56;
b)a verificação de condição resolutiva5758;
c) a morte ou extinção de uma das partes; d)a extinção do objeto do
contrato59.
3 V. a este propósito ROMANO MARTINEZ, Da cessação…, Ob. Cit., pág. 25, em que a propósito da
invalidade refere que «em sentido técnico, a extinção dos efeitos de um contrato pressupõe a sua validade,
pelo que a declaração de invalidade não se inclui entre os meios de cessação do contrato. Tal como a
invalidade, a inexistência e a ineficácia, pondo em causa o próprio negócio jurídico ab initio, não
conduzem à cessação do vínculo. Em suma, a cessação do contrato relaciona-se com situações
supervenientes surgidas após a celebração de um negócio jurídico válido e eficaz».
4 Por exemplo, a comercialização de um seguro por entidade não autorizada embora tenha como
consequência a nulidade ainda assim produz efeitos, devendo essa entidade cobrir os riscos para os quais
recebeu prémio (artigo 16º, nº 2, do RJCS).
5 V. sobre este assunto ALMEIDA COSTA, Direito das Obrigações, 12ª Edição, Almedina, Coimbra,
2009, pág. 318 e com maior detalhe INOCÊNCIO GALVÃO TELLES, Manual dos Contratos em Geral,
4ª edição, Coimbra Editora, 2002, págs. 355 a 380.
6 V., por todos, PEDRO ROMANO MARTINEZ, Da cessação do contrato, 2ª edição, Almedina
Coimbra, 2006, pág. 21.
7 Ainda que a caducidade, como veremos, tenha contornos um pouco diferentes.
8 Cfr. JOÃO DE MATOS ANTUNES VARELA, Das Obrigações em geral, Vol. II, 5ª edição,
Almedina, Coimbra, 1992, págs. 167 a 270. Sobre estas figuras jurídicas e a sua aplicação aos seguros V.
JOSÉ VASQUES, Contrato de Seguro, Coimbra Editora, 1999, págs. 375 a 377. Sobre a novação, remissão
e confusão V. igualmente PESSOA JORGE, Lições de Direito das Obrigações, 1º Volume, AAFDL,
Lisboa, 1976, págs. 681 a 690.
9 Cfr. Ob. Cit., págs. 271 a 281. Refere o autor na primeira das páginas indicadas que as relações
obrigacionais complexas ou múltiplas são compostas «de dois ou mais deveres principais de prestação e
dos correlativos direitos de crédito e de toda a corte de deveres secundários de prestação e de deveres
acessórios de conduta, que amiudadas vezes seguem aqueles».
10 Cfr. LUÍS MENEZES LEITÃO, Direito das Obrigações, volume II, 7ª edição, Almedina, Coimbra,
2010, pág. 103. A figura da «oposição à renovação» será tratada com maior detalhe a propósito da
denúncia.
11 Como refere DIAS MARQUES, a revogação plurilateral é «conhecida por distrate. Dos autores de
um contrato que posteriormente o revogam diz-se que o distratam». Cfr. DIAS MARQUES, Introdução ao
Estudo do Direito, I Parte, AAFDL, Lisboa, 1967, pág. 102.
12 V. JOÃO DE MATOS ANTUNES VARELA, Das Obrigações em geral, Vol. II, 5ª edição, Almedina,
Coimbra, 1992, pág. 277. CARLOS ALBERTO DA MOTA PINTO, ANTÓNIO PINTO MONTEIRO e
PAULO MOTA PINTO, Teoria Geral do Direito Civil, 4.ª Edição, 2ª reimpressão, Coimbra Editora,
Coimbra, 2012, pág. 629, referem as duas possibilidades (a retroativa e para o futuro).
13 Sobre a revogação retroativa V. DIAS MARQUES, Introdução ao Estudo do Direito, I Parte,
AAFDL, Lisboa, 1967, pág. 103.
14 Cfr. Ob. Cit., pág. 104.
15 Existem seguros do ramo vida com caráter financeiro onde a componente risco não tem os mesmos
contornos que estamos a abordar.
16 Sobre o que se entende por ordem pública e bons costumes V., por todos, ANTÓNIO MENEZES
CORDEIRO, Da boa fé no direito civil, Almedina, Coimbra, 2007, págs. 1197 a 1224.
17 Cfr. do autor, Da cessação…, Ob. Cit., pá. 52.
21 Cfr. Da cessação…, Ob. Cit., pág. 52. Acrescenta o autor na pág. 53 da sua obra que «a revogação
unilateral pode ter por fundamento a necessidade de um dos contraentes ponderar os termos do acordo
ajustado. A possibilidade de uma das partes revogar o contrato num período breve após a sua celebração,
porque se arrepende, é conferida para protecção de quem se considera mais fraco numa relação
contratual, nomeadamente o consumidor». Esta é precisamente a previsão do artigo 118º do RJCS que
possibilita um período de reflexão ao tomador do seguro.
22 Nestas situações de desvinculação unilateral estamos perante o direito de arrependimento típico na
proteção do consumidor. V. artigo 8º, nº 4, da Lei nº 24/96, de 31 de julho (Lei de Defesa do Consumidor).
23 PAIS DE VASCONCELOS, em Teoria Geral do Direito Civil, Ob. Cit., pág. 772, define resolução
referindo que «é uma declaração unilateral recipienda ou receptícia pela qual uma das partes, dirigindo-se
à outra, põe termo ao negócio retroactivamente, destruindo assim a relação contratual». Sobre os conceitos
de rescisão e resolução, que se equiparam, V. também ANA PRATA, Dicionário Jurídico, I Vol., 5ª Edição,
Almedina, Coimbra, 2008, págs. 1292, 1293 (para a rescisão), 1198 e 1299 (para a resolução). Sobre a
resolução V. também VAZ SERRA, Resolução do contrato, BMJ, nº 68, Lisboa, 1957, págs. 153 a 289 e
JOSÉ CARLOS BRANDÃO PROENÇA, A resolução do contrato no direito civil, reimpressão, Coimbra
Editora, Coimbra, 2006.
24 Cfr. artigo 436º do Código Civil.
25 Cfr. JOÃO DE MATOS ANTUNES VARELA, Das Obrigações …, Ob. Cit., pág. 273.
28 Como assinala Dias Marques quando distingue revogação de rescisão (entendida como resolução), «o
critério que serve para as diferenciar liga-se à liberdade de que, eventualmente dispõe o respectivo autor
ou autores. Se o acto é tal que os seus efeitos podem ser eliminados sem dependência da invocação de
quaisquer motivos, fala-se de revogação; se, pelo contrário, essa eliminação se encontra dependente da
prévia ocorrência de um certo condicionalismo justificativo, fala-se de rescisão. O acto revogatório é, pois,
um acto livre, ao passo que o acto rescisório é vinculado». Cfr. DIAS MARQUES, Introdução ao Estudo
do Direito, Vol. I, Lisboa, 1963, pág. 369.
29 Refere este último preceito que «tendo a obrigação por fonte um contrato bilateral, o credor,
independentemente do direito à indemnização, pode resolver o contrato e, se já tiver realizado a sua
prestação, exigir a restituição dela por inteiro».
30 Cfr. artigo 270º do Código Civil, o qual refere que «as partes podem subordinar a um acontecimento
futuro e incerto a produção dos efeitos do negócio jurídico ou a sua resolução: no primeiro caso diz-se
suspensiva a condição; no segundo, resolutiva».
31 Estas cláusulas podem ou não ter efeito automático, ou seja, não necessitar de uma manifestação de
uma das partes que faça operar o efeito da condição. Como refere ANTUNES VARELA, Ob. Cit., pág. 276,
«a cláusula resolutiva distingue-se da condição resolutiva, porque arrasta consigo a imediata destruição
da relação contratual, logo que o facto futuro e incerto se verifica. Ao passo que a cláusula resolutiva, uma
vez verificado o facto, apenas concede ao beneficiário o poder de resolver o contrato». Sobre esta matéria
V. também JOÃO CALVÃO DA SILVA, Cumprimento e Sanção Pecuniária Compulsória, 4ª edição,
Almedina, Coimbra, 2007, págs. 321 a 328 e Vaz Serra, Resolução do contrato, BMJ, nº 68, Lisboa, 1957,
págs. 249 a 251.
32 A convencional corresponde ao mero acordo ao abrigo da liberdade contratual através de cláusulas
pré-fixadas. Sobre a resolução convencional V. ROMANO MARTINEZ, Da Cessação…, Ob. Cit.,
págs.170 a 174.
33 V. Da cessação…, Ob. Cit., pág. 67, nota de rodapé 118.
35 Quanto aos efeitos da resolução V., por exemplo, NUNO MANUEL PINTO OLIVEIRA, Princípios
de Direito dos Contratos, Coimbra Editora, 2011, págs. 879 a 897.
36 ANÍBAL DE CASTRO, A Caducidade na Doutrina, na Lei e na Jurisprudência, 2ª edição, Livraria
Petrony, Lisboa, 1980, pág. 210, em crítica à solução legislativa defende que é «doutrinária e
cientificamente errado o recurso a um instituto tipicamente retroactivo para enquadrar situações, por
natureza não retroactivas, quando o instituto da dissolução, mediante a rescisão ou revogação seria o
adequado à respectiva subsunção».
37 A ratio genérica do legislador do CC terá sido a de reconstituir a situação anterior à contratação, daí
os efeitos fixados nos artigos 289º e 290º do CC.
38 O artigo 434º, nº 1, 2ª parte, refere que não será retroativo se contrariar a vontade das partes ou a
finalidade da resolução.
39 Cfr. PIRES DE LIMA e ANTUNES VARELA, Código Civil Anotado, Vol. I, Coimbra Editora,
1987, pág. 411, em que os autores utilizam o contrato de seguro como exemplo de um contrato de execução
continuada ou periódica.
40 Se as partes nada estipularem quanto ao tempo do contrato entende que é por um ano com
prorrogações sucessivas. Cfr. artigos 40º e 41º do RJCS.
41 Sobre este preceito V. NUNO MANUEL PINTO OLIVEIRA, Princípios de Direito dos Contratos,
Coimbra Editora, 2011, págs. 879 a 897.
42 V. MENEZES CORDEIRO, Da alteração das circunstâncias, in Separata dos Estudos em Memória
do Prof. Doutor Paulo Cunha, Lisboa, 1987; CARVALHO FERNANDES, A Teoria da imprevisão no
Direito Civil português, reimpressão, Lisboa, 2001, VAZ SERRA, Resolução ou modificação do contrato
por alteração das circunstâncias, BMJ, nº 68, 1957, págs. 293 a 384; ANTUNES VARELA, Das
Obrigações em geral, Vol. II, 5ª Ed., Almedina, Coimbra, 1992, págs.279 a 281; PEDRO ROMANO
MARTINEZ, Da cessação do contrato, 2ª edição, Almedina, Coimbra, 2006, págs. 157 a 159 e CARLOS
ALBERTO DA MOTA PINTO, ANTÓNIO PINTO MONTEIRO e PAULO MOTA PINTO, Teoria Geral
do Direito Civil, 4.ª Edição, 2ª reimpressão, Coimbra Editora, Coimbra, 2012, págs. 608 a 613.
43 No direito italiano V., por exemplo, ENRICO GABRIELLI, Contratto e Contratti, UTET, Torino,
2011, págs. 230 a 267, que trata a alteração de circunstâncias através da designação «resolução por
excessiva onerosidade» em comentário aos artigos 1467º e seguintes do Codice Civile; MARIO
BARCELLONA, Clausole generali e giustizia contrattuale, G. Giappichelli Editore, Torino, 2006, págs.
201 a 208 e Francesco Camilletti, Profili del problema dell’eequilibrio contrattuale, Giuffrè Editore,
Milano, 2004, págs. 66 a 83.
44 Cfr. em www.dgsi.pt o Proc. 187/10.4TVLSB.L2-2, com o relator Sérgio Almeida.
45 Como referem CARLOS ALBERTO DA MOTA PINTO, ANTÓNIO PINTO MONTEIRO e PAULO
MOTA PINTO, Teoria Geral do Direito Civil, 4.ª Edição, 2ª reimpressão, Coimbra Editora, Coimbra, 2012,
pág. 631, «o fundamento material desta denunciabilidade ad nutum é a tutela da liberdade dos sujeitos, que
seria comprometida por um vínculo demasiadamente duradouro». Sobre o conceito de denúncia com a
súmula de extensa doutrina V. RUI PINTO DUARTE, A denunciabilidade das obrigações contratuais
duradouras propter rem, in Revista da Ordem dos Advogados, ano 70, vols. I a IV (Janeiro-Dezembro de
2010), 2010, págs. 273 a 297.
46Sobre este assunto V., por exemplo, o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 19-03-2009, Proc.
09A0334, relator Fonseca Ramos, em www.dgsi.pt, o qual refere que:
«V) – Se a Seguradora/ré comunica ao segurado que “face às presentes circunstâncias do mercado
segurador, não procederemos à renovação automática da vigência da apólice”, tal declaração negocial
deveráser entendida – segundo as regras da hermenêutica negocial – como denúncia do contrato,
impedindo a renovação automática.
VI) – A denúncia é um direito potestativo, assente numa declaração unilateral recipienda, que produz o
efeito extintivo de uma relação jurídica, em regra duradoura, tendo eficácia apenas em relação ao futuro, e
não efeito retroactivo, como sucede com a resolução».
47 Como veremos também se integra na denúncia a proposta de alteração do contrato. Refere ROMANO
MARTINEZ que «por vezes, a denúncia resulta de uma proposta de alteração do contrato; se uma das
partes envia à outra uma declaração, afirmando que o contrato só pode manter-se se for alterado
determinado aspecto, por exemplo o valor da contraprestação, a recusa do destinatário quanto a tal
modificação leva a concluir que a proposta de alteração contratual vale como denúncia». Cfr. do autor, Da
Cessação..., Ob. Cit., pág. 117.
48 Cfr. artigos 40º, 41º, nº 1, e 112º do RJCS.
49 Cfr. PINTO MONTEIRO, Anotação ao Acórdão do Tribunal da Relação do Porto de 27 de junho
de 1995, in Revista de Legislação e de Jurisprudência, Ano 130, nº 3877, pág. 123. Com apoio em extensa
doutrina PAULO ALBERTO VIDEIRA HENRIQUES também considera que a admissibilidade de
denúncia em relações contratuais de duração indeterminada constitui um princípio geral do nosso direito.
Para maiores pormenores V., do autor, A desvinculação unilateral Ad Nutum nos contratos civis de
sociedade e de mandato, nº 54, Studia Iuridica, Coimbra Editora, Coimbra, 2001, págs. 210 e 211. Com
algumas particularidades, admitindo vinculações perpétuas, V. RUI PINTO DUARTE, A denunciabilidade
das obrigações contratuais propter rem, Revista da Ordem dos Advogados, Ano 70, Jan. / Dez. 2010, pág.
285, onde refere que o Direito não repele «toda e qualquer vinculação perpétua, mas a vinculação perpétua
sem contrapartida ou com uma contrapartida perdida no tempo. Quando essa vinculação surge associada a
um direito – pelo menos, a um direito real, mormente ao de propriedade – o Direito admite-a». Assim,
podemos concluir que o contrato de seguro não preenche esta exceção, sendo suposto que tenha um fim,
ainda que o contrato de seguro possa ser transmitido por morte do tomador, como veremos, já que tendo o
contrato duração indeterminada o RJCS prevê expressamente a possibilidade de denúncia.
50 Cfr. LUÍS MENEZES LEITÃO, Direito das Obrigações, Ob. Cit., pág. 109 e 110.
51 Cfr. MENEZES CORDEIRO, Tratado de Direito Civil Português, II, Tomo IV, Almedina, Coimbra,
2010, pág. 342, onde refere que «a denúncia deve distinguir-se da oposição à renovação, instituto pelo qual
as partes, em contratos a prazo de renovação automática, podem obstar unilateralmente a que tal suceda.
Na oposição não se verifica, logicamente, a supressão de um contrato com a consequente extinção de
obrigações, mas tão só a não continuação de idênticas situações obrigacionais».
52V. ALMEIDA COSTA, Direito das Obrigações, 12.ª ed., Almedina, Coimbra, 2009, pág. 322.
60 Cfr. para maiores detalhes do autor, Direito dos Seguros, Almedina, Coimbra, 2013, págs. 714 e 715.
Parte II
2.2.2. Com bastante relevância temos também a sanção para o caso de existirem
omissões por parte do tomador. O artigo 25º, nº 1, do RJCS, refere que as
omissões dolosas tornam o contrato anulável69, pelo que está dependente de uma
ação do segurador a exercer em três meses a contar do conhecimento do
incumprimento do dever de informar do tomador.
O contrato com esse incumprimento pode ou não produzir efeitos
dependendo do exercício do direito de anulação pelo segurador, sendo certo que
enquanto não decorra esse prazo não terá que cobrir nenhum sinistro nos termos
do artigo 25º, nº 3. Em termos práticos o contrato apenas começa a produzir
efeitos após o decurso do prazo de três meses, caso o segurador não remeta
declaração ao tomador considerando o contrato anulado.
O artigo 26º, nº 1, alínea b), faz menção de que o segurador nas omissões
negligentes70 pode fazer cessar o contrato, demonstrando que, em caso algum,
celebra contratos para a cobertura de riscos relacionados com o facto omitido ou
declarado inexatamente.
Se houver sinistro antes de o segurador conhecer a omissão ou cessar o
contrato, prevê o nº 4 sobre as opções de que dispõe, a saber:
a) cobre o sinistro na proporção da diferença entre o prémio pago e o prémio
que seria devido como se na celebração do contrato tivesse conhecido o facto
omitido ou declarado inexatamente [alínea a)];
b)não cobre o sinistro demonstrando que em caso algum teria celebrado o
contrato se tivesse conhecido a omissão ou inexatidão.
2.2.5. Por último, cabe fazer referência à faculdade de cessar o contrato nos
termos referidos pelo regime das práticas comerciais desleais77, constante do
Decreto-Lei nº 57/2008, de 26 de março, que no seu artigo 14º, nº 1, prevê que
«os contratos celebrados sob a influência de alguma prática comercial desleal
são anuláveis a pedido do consumidor, nos termos do artigo 287º do Código
Civil».
Esta é uma faculdade à disposição do consumidor entre outras, as quais não
obedecem a qualquer hierarquia. A escolha é livre, pelo que pode o mesmo ainda
«requerer a modificação do contrato segundo juízos de equidade» (nº 2) ou
reduzir o contrato ao seu conteúdo válido anulando-se as restantes cláusulas (nº
3).
2.3 Ineficácia
Há algumas situações que o RJCS apenas dispõe sobre os efeitos, referindo que
o contrato não tem eficácia78 embora possa ter sido celebrado. Nestas situações
pode o contrato produzir efeitos relativamente a algumas pessoas e não
relativamente a outras. Para as que não chega a produzir efeitos não se pode
chegar a falar em cessação do contrato porque a condição para um efeito findar é
o de se ter iniciado.
No que se refere à representação do tomador o artigo 17º, nº 2, menciona que
a falta de ratificação do contrato de seguro leva à falta de eficácia para o
tomador, mas nos termos do nº 3 pode produzir efeitos para o representante. Não
existindo ratificação o contrato inicia-se, mas não retroage os seus efeitos nem
vincula o potencial representado.
Para a representação do segurador dispõe o artigo 30º mencionando a
possibilidade de o contrato ser celebrado por mediador de seguros agindo em
nome do segurador. No entanto, não existindo poderes específicos para tal, o
contrato é ineficaz originariamente79 em relação ao representado até que o
ratifique.
Três situações:
i. segurador nunca chega a conhecer o contrato e não fica vinculado;
ii. segurador conhece o contrato e não manifesta oposição no prazo de cinco
dias a contar do conhecimento, o que o vincula (art. 30º, nº 2);
iii. existem razões ponderosas que justificam a confiança do tomador do
seguro de boa fé na existência e validade do contrato devido ao facto de o
próprio segurador ter contribuído para gerar a confiança.
Assim, quando não chega a existir formalmente contrato por falta de poderes
de representação ou ratificação, o mesmo não chega a cessar. Se ocorrer a última
situação já existe vinculação e efeitos jurídicos.
Os não mencionados são entendidos como riscos de massa, como seja o ramo
«acidentes» ou «doença», os quais merecem tipicamente uma preocupação
superior do legislador para proteção dos tomadores, segurados, beneficiários e
lesados.
5. Tipos de classificação
5.1. Formas originárias e supervenientes
5.1.1. No RJCS tal como no Código Civil podemos verificar que existem
impossibilidades originárias e supervenientes88, que como veremos se
relacionam com a invalidade a que já fizemos menção. Enquanto a primeira é
anterior ao contrato já existindo no momento da celebração do contrato a
impossibilidade superveniente surge após o vínculo das partes perante certos
pressupostos que se alteram.
A impossibilidade pode ser total ou parcial e, colocando em causa a
subsistência da relação contratual no futuro, deverá ser absoluta e definitiva.
O Código Civil distingue a impossibilidade originária da superveniente,
através dos seguintes preceitos:
a) impossibilidade originária – artigos 280º, 286º e 289º a 294º;
b)impossibilidade superveniente – artigos 790º e seguintes e 801º e seguintes.
68 Cfr. CARLOS ALBERTO DA MOTA PINTO, ANTÓNIO PINTO MONTEIRO e PAULO MOTA
PINTO, Teoria Geral do Direito Civil, 4.ª Edição, 2ª reimpressão, Coimbra Editora, Coimbra, 2012, pág.
627.
69 MENEZES CORDEIRO, com base no regime alemão, aborda a possibilidade de a lei ter optado pela
resolução do contrato. Cfr. Direito dos Seguros, Almedina, Coimbra, 2013, pág. 584. Refere ainda o autor
na pág. 586 que em termos de cessação de contrato estamos perante uma «anulação sui generis, total ou
parcial».
70 A omissão negligente pressupõe a não conformidade com a diligência e deveres de cuidado que
seriam exigíveis.
71 Caso não ocorra sinistro os prazos a respeitar para a cessação ou proposta de alteração constam do
artigo 26º, nº 2.
72 Neste sentido V. PIRES DE LIMA e ANTUNES VARELA, Código Civil Anotado, Vol. I, Coimbra
Editora, 1987, pág. 263.
73 Sobre a importância das cláusulas contratuais gerais refere-se JOÃO CALVÃO DA SILVA no sentido
em que «permitem a racionalização da contratação em massa com milhares de pessoas, ganhando tempo e
poupando incomodidades aos clientes que desejam ser atendidos depressa e bem». Cfr. Do autor, Banca
Bolsa e Seguros, Tomo I, 2ª Ed., Almedina, Coimbra, 2007, págs.162 e 163. Para maior detalhe sobre o
tema V. também do mesmo autor págs. 159 e segs.; ALMENO DE SÁ, Cláusulas contratuais gerais e
Directiva sobre cláusulas abusivas, 2ª ed. Revista e aumentada, Almedina, Coimbra, 2005; MENEZES
CORDEIRO, Manual de DireitoBancário, 3ª ed., Almedina, Coimbra, 2006, págs. 363 a 403; MENEZES
CORDEIRO, Tratado de Direito Civil Português, Parte Geral, Tomo I, Almedina, Coimbra, 2005, págs.
613 a 652; OLIVEIRA ASCENSÃO, Cláusulas contratuais gerais, cláusulas abusivas e boa fé, in Revista
da Ordem dos Advogados, ano 60, II, Lisboa, 2000, págs. 573 e segs.; OLIVEIRA ASCENSÃO, Cláusulas
contratuais gerais, cláusulas abusivas e o novo Código Civil, 2003, em http://
www.fd.ul.pt/Portals/0/Docs/Institutos/ICJ/LusCommune/AscensaoJoseOliveira6.pdf (acedido em
novembro de 2012); CARLOS FERREIRA DE ALMEIDA, Contratos I, 4ª Ed., Almedina, Coimbra, 2008,
págs. 175 a 200; JOAQUIM DE SOUSA RIBEIRO, O Problema do Contrato– As Cláusulas Contratuais
Gerais e o Princípio da Liberdade Contratual, Almedina, Coimbra, 1999; JOSÉ ENGRÁCIA ANTUNES,
Contratos Comerciais – Noções fundamentais, in Direito e Justiça – Revista da Faculdade de Direito da
Universidade Católica Portuguesa, Lisboa, 2007, págs. 131 a 152; ANA PRATA, Contratos de adesão e
cláusulas contratuais gerais : anotação ao Decreto-Lei nº 446/85, de 25 de Outubro, Almedina, Coimbra,
2010, JOÃO BOTELHO, Cláusulas contratuais gerais – notas de jurisprudência, Livraria Petrony,
Lisboa, 2010; JOSÉ MANUEL DE ARAÚJO BARROS, Cláusulas Contratuais Gerais, Coimbra Editora,
Coimbra, 2010.
74 Sobre as cláusulas contratuais em específico no contrato de seguro, V. ANTÓNIO MENEZES
CORDEIRO, Direito dos Seguros, Almedina, Coimbra, 2013, págs. 587 a 639; MOITINHO DE
ALMEIDA, Contrato de Seguro – Estudos, Coimbra Editora, 2009, págs. 77 a 113; MOITINHO DE
ALMEIDA, O regime comunitário das cláusulas abusivas e o contrato de seguro, in Congresso Luso-
Hispano de Direito dos Seguros, Almedina, Coimbra, 2009, págs. 193 a 222; PEDRO PAIS DE
VASCONCELOS, Cláusulas iníquas ou abusivas no contrato de seguro, in Congresso Luso-Hispano de
Direito dos Seguros, Almedina, Coimbra, 2009, págs. 159 a 172; ARNALDO OLIVEIRA, Contratos de
seguro face ao regime das cláusulas contratuais gerais, in BMJ, nº 448, 1995, págs. 69 a 85 e ARNALDO
OLIVEIRA, Cláusulas abusivas e o contrato de seguro, in Congresso Luso-Hispano de Direito dos
Seguros, Almedina, Coimbra, 2009, págs. 223 a 242.
75 O artigo 16º da LCCG refere que para apreciação das cláusulas que sejam contrárias à boa fé «devem
ponderar-se os valores fundamentais do direito, relevantes em face da situação considerada, e,
especialmente: a) A confiança suscitada, nas partes, pelo sentido global das cláusulas contratuais em
causa, pelo processo de formação do contrato singular celebrado, pelo teor deste e ainda por quaisquer
outros elementos atendíveis; b) O objectivo que as partes visam atingir negocialmente, procurando-se a sua
efectivação à luz do tipo de contrato utilizado».
76 V. arts. 17º a 22º.
77 Sobre a forma de cessar o contrato afetado por uma prática comercial desleal e o regime jurídico em
geral aplicável aos seguros V. o segundo estudo na presente obra.
78 Sobre a eficácia V., por exemplo, Dias Marques, Introdução ao Estudo do Direito, I Parte, AAFDL,
Lisboa, 1967, págs. 99 a 101.
79 V. a distinção entre ineficácia originária e superveniente em ANÍBAL DE CASTRO, A Caducidade
na Doutrina, na Lei e na Jurisprudência, 2ª edição, Livraria Petrony, Lisboa, 1980, pág. 206.
80 Para maior facilidade de compreensão procede-se à transcrição.
«Artigo 12º
Imperatividade absoluta
1 – São absolutamente imperativas, não admitindo convenção em sentido diverso, as disposições constantes
da presente secção e dos artigos 16º, 32º, 34º, 36º, 43º, 44º, 54º, nº 1, 59º, 61º, 80º, n.os 2 e 3, 117º, nº 3, e
119º.
2 – Nos seguros de grandes riscos admite-se convenção em sentido diverso relativamente às disposições
constantes dos artigos 59º e 61º.
Artigo 13º
Imperatividade relativa
1 – São imperativas, podendo ser estabelecido um regime mais favorável ao tomador do seguro, ao
segurado ou ao beneficiário da prestação de seguro, as disposições constantes dos artigos 17º a 26º, 27º,
33º, 35º, 37º, 46º, 60º, 78º, 79º, 86º, 87º a 90º, 91º, 92º, nº 1, 93º, 94º, 100º a 104º, 107º nºs 1, 4 e 5, 111º, nº
2, 112º, 114º, 115º, 118º, 126º, 127º, 132º, 133º, 139º, nº 3,146º, 147º, 170º, 178º, 185º, 186º, 188º, nº 1,
189º, 202º e 217º.
2 – Nos seguros de grandes riscos não são imperativas as disposições referidas no número anterior.».
81 Sobre o fundamento da imperatividade V. as anotações de PEDRO ROMANO MARTINEZ aos
artigos 12º e 13º em AAVV, Lei do Contrato de Seguro Anotada, 2ª Edição, Almedina, Coimbra, 2011,
págs. 66 a 70 e com bastante detalhe, no direito espanhol, FERNANDO SÁNCHEZ CALERO, Ley de
Contrato de Seguro – Comentarios à la Ley 50/1980, de 8 de octubre, y sus modificaciones, Cuarta
Edición, Aranzadi, Cizur Menor, 2010, págs. 79 a 104.
82 Sobre a imperatividade relativa V. em especifico as págs. 90 a 95 da obra dirigida por FERNANDO
SÁNCHEZ CALERO, Idem.
83 Tendo presente que a divisão já provem das diretivas comunitárias (por exemplo, a Segunda Diretiva
do Conselho de 22 de junho de 1988, a 88/357/CEE), V. FRANCESCO SEATZU, Insurance in Private
International Law, Hart Publishing, Portland, 2003, págs. 12, 13, 131 e 132. No direito belga na divisão
entre seguros de grandes riscos e riscos de massa V. JEAN-LUC FAGNART, Traité Pratique de Droit
Commercial, Tome 3 (2e édition), Kluwer, Waterloo, 2011, págs. 32 a 34; HÉLÈNE DE RODE, Le contrat
d’assurance en général, Larcier, Bruxelles, 2012, pág. 51 e MARCEL FONTAINE, Droit des Assurances,
Quatrième édition, Larcier, Bruxelles, 2010, págs. 65 e 66.
84 Sobre a necessidade de tutela do tomador de seguro nos seguros de massa versus os de grandes riscos
V. também MARIA ELISABETE GOMES RAMOS, O Seguro de Responsabilidade Civil dos
Administradores, Almedina, Coimbra, 2010, págs. 389 a 391.
85 V. com maior detalhe GERALDINE IFRÁN e ANDREA SIGNORINO BARBAT, El Seguro de
Grandes Riesgos, in Temas Relevantes del Derecho de Seguros Contemporáneo, Fundación Mapfre,
Madrid, 2008, págs. 412 e 413.
86 V. ALBERTO JAVIER TAPIA HERMIDA, El Seguro de Grandes Riesgos, in Temas Relevantes del
Derecho de Seguros Contemporáneo, Fundación Mapfre, Madrid, 2008, pág. 438. Sobre o regime
imperativo e os seguros de grandes riscos pode-se consultar também do mesmo autor, Manual de Derecho
de Seguros y Fondos de Pensiones, Thomson, Cizur Menor, 2006, págs. 159 e 160 e com maiores
desenvolvimentos PEIRANGELO CELLE, I Contratti di Assicurazione Grandi Rischi nel Diritto
Internazionale Privato, CEDAM, Padova, 2000.
87 Ainda que derivado da legislação comunitária.
92 Sobre a caducidade por perda do objeto V. PAUL ALAIN FORIERS, La caducité des obligations
contrattueles par disparation d’un élément essentiel à leur formation, Bruylant, Bruxelles, 1998, págs. 53
a 69.
93 Este preceito prevê a situação da morte do tomador do seguro, podendo o contrato prever que a
posição contratual se transmite para o segurado ou para terceiro interessado. Sendo esta uma disposição
supletiva e remetendo o próprio preceito para o contrato entendemos que caso nada esteja previsto a este
propósito, genericamente, o contrato cessa com a morte, salvo se os herdeiros ou beneficiários tenham
interesse na manutenção do mesmo não estando o seguro ligado à própria pessoa falecida, sendo, por isso,
indiferente o nome do tomador, nem tão pouco sendo relevante para a apreciação do risco.
Assim, quando o risco seja independente das características do tomador ou segurado pode o mesmo manter-
se. Num seguro de incêndio pode o mesmo transferir-se para os herdeiros que adquirem o imóvel por
sucessão.
94 Tipica da nulidade, já que até de conhecimento oficioso de um juiz.
97 Recorde-se que nos termos do artigo 55º do RJCS o terceiro interessado pode proceder ao pagamento
do prémio em contrato que tenha interesse. V. também o artigo 199º, nº 4, do RJCS.
98 Diploma que aprova o regime do sistema do seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel.
100 V. por todos ANTÓNIO MENEZES CORDEIRO, Tratado de Direito Civil Português, II, Tomo II,
Almedina, Coimbra, 2010, págs. 273 a 280 e ALMEIDA COSTA, Direito das Obrigações, 12ª Edição,
Almedina, Coimbra, 2009, págs. 377 a 379.
101 Cfr. acórdão de 09-06-2009, Proc. 9818/2008-1, com o relator JOSÉ AUGUSTO RAMOS. V. Cfr.
acórdão de 09-06-2009, Proc. 9818/2008-1, com o relator José Augusto Ramos. V. 01-2008, com o relator
TÁVORA VITOR, em que é referido que «Estamos em presença da figura da “união de contratos”
quando se reúnem dois ou mais mantendo cada negócio maior ou menor autonomia. Tal união pode ser
extrínseca, extrínseca com dependência e alternativa».
102 O artigo 3º, nº 2, fornece também a definição de união de contratos nos seguintes termos:
«Considera-se que existe união de contratos se ambos os contratos constituírem objectivamente uma
unidade económica, designadamente se o contrato de seguro de vida for proposto pela instituição de
crédito ou, no caso de o contrato de seguro de vida ser proposto por terceiro, se a seguradora tiver
recorrido à instituição de crédito para preparar ou celebrar o contrato de seguro de vida ou se o contrato
de seguro de vida estiver expressamente mencionado no contrato de concessão de crédito à habitação ou,
ainda, se a instituição de crédito fizer depender a celebração do contrato de crédito à habitação da
celebração de um contrato de seguro de vida».
Parte III
7. Efeitos da cessação
O artigo 106º prevê genericamente quais os efeitos que podem decorrer da
cessação do contrato, distinguindo o nº 1 dois tipos de situações.
a) Regra: a cessação do contrato determina a extinção das obrigações do
segurador e do tomador do seguro enunciadas no artigo 1º;
b)Exceção: a existência de disposições que estatuam a eficácia de deveres
contratuais depois do termo do vínculo, casos em que se deverá atender ao
conteúdo dessas disposições.
10. Caducidade
10.1. A figura jurídica da caducidade mencionada no artigo 109º funciona, por
regra, como nos termos gerais, ou seja, no termo do período de vigência
estipulado.
O artigo 41º, nº 2, prevê a cessação por caducidade na data de vencimento se
o contrato de seguro for celebrado por um período inicial inferior ou superior a
um ano. A regra da renovação automática prevista no artigo 41º, nº 1, leva a que
o contrato se renove automaticamente, não existindo cessação pela mera
decorrência do prazo do contrato. Esta é uma disposição supletiva que apenas
funciona em caso de ausência de previsão contratual, pelo que pode o contrato
prever que o contrato cessa na data de vencimento sem possibilidade de
renovação. Ainda assim, mesmo havendo denúncia o efeito é o da caducidade
fazendo com o que o contrato termine pela decorrência do tempo pré-fixado,
sendo que a denúncia apenas evitou a renovação automática.
10.3. Quanto à perda de interesse teremos que atender ao artigo 43º, pelo que
quando desaparece esse interesse desaparece a razão para existir o contrato. A
perda de risco é definida pelo artigo 110º, nº 2, entendendo-se «que há extinção
do risco nomeadamente em caso de morte da pessoa segura, de perda total do
bem seguro e de cessação da actividade objecto do seguro»115.
11. Revogação
O artigo 111º, nº 1, permite que o segurador e o tomador façam cessar, por
acordo, o contrato de seguro em qualquer período do mesmo118. Esta revogação
convencional é uma mera consagração do princípio da liberdade contratual.
Ajustando as partes livremente a celebração de um contrato também o podem
dissolver do mesmo modo.
Embora o RJCS limite a revogação ao acordo das partes e por essa via à
bilateralidade, poderemos também pensar em algumas situações em que o
contrato pode cessar através de revogação unilateral, nomeadamente se o ato
gerador de negócio jurídico foi também unilateral. Imagine-se o proponente que
revoga a proposta antes da aceitação pelo segurador ou vice-versa, ainda que o
contrato ainda não estivesse válido e a produzir efeitos por ser necessário que
ambas as partes dessem o seu acordo.
Como refere MENEZES CORDEIRO, « a revogação é também possível reunidas
determinadas condições, em relação aos actos unilaterais», sendo assim
«possível em relação a propostas contratuais (230º), a aceitações e rejeições de
propostas contratuais (235º) e a promessas públicas (461º/1)»119.
O nº 2 do artigo 111º faz ainda uma ressalva destinada a proteger terceiros
referindo que «com excepção do seguro de grupo e das especificidades previstas
em sede de seguro de vida, não coincidindo o tomador do seguro com o
segurado identificado na apólice, a revogação carece do consentimento deste».
Sobre esta matéria refere PEDRO ROMANO MARTINEZ que se pretende evitar
conluios em que a revogação prejudicasse terceiros beneficiários como num
seguro de obra obrigatório, mas que esse conluio será menos provável num
seguro de grupo, razão pela qual se torna necessário o consentimento do
segurado120.
12. Denúncia
12.1. O regime da denúncia é entre as formas de cessação das que apresenta
maior complexidade fixando o artigo 112º um regime comum. O nº 1 fixa a regra
geral de que o contrato deve ser denunciado por qualquer das partes para evitar a
prorrogação quando exista renovação automática. Habitualmente os contratos
têm a duração de um ano e se as partes não fixarem prazo também o artigo 40º
determina que o contrato de seguro vigora pelo prazo de um ano. Determinado a
continuidade da relação jurídica o artigo 41º, nº 1, prescreve a renovação
automática dos contratos com prazo de um ano, a não ser que haja disposição
contratual em contrário.
Deste modo, a previsão do nº 2 relativa aos contratos celebrados sem duração
determinada, em que a denúncia é permitida a todo o tempo, serão raros e com
previsível reduzida exequibilidade. Existirá contrato enquanto o mesmo seja útil
às partes, sendo certo que logo que o segurador tenha prejuízo com o contrato o
poderá fazer cessar, desde que respeitados os limites do artigo 114º.
Tal não impede, nos termos do nº 3, que seja ajustado um direito de denúncia
do tomador que lhe seja mais favorável ou que nos seguros de grandes riscos,
conforme prevê o nº 4, a liberdade de denúncia seja livremente ajustada121.
12.2. O artigo 113º rege a situação dos contratos com duração inferior a cinco
anos e com prorrogação automática, cuja liberdade de denúncia não é afetada
pelas limitações previstas no artigo 114º122.
Este último preceito trata dos seguros sem duração determinada e dos seguros
com uma vigência inicial igual ou superior a cinco anos123, não devendo existir
denúncia quando ocorra uma das seguintes situações:
a) a livre desvinculação se oponha à natureza do vínculo ou à finalidade
prosseguida (nº 1, 1ª parte);
b)exista uma atitude abusiva (nº 1, 2ª parte);
c) a natureza do vínculo imponha a manutenção do contrato, como quando o
contrato seja celebrado para perdurar até à verificação de determinado facto, ou
seja, quando haveria possibilidade de ocorrer um sinistro (nº 2)124;
d)a finalidade do contrato pelo contrato inviabilize a denúncia,
nomeadamente nos seguros em que o decurso do tempo agrave o risco (nº 3).
12.3. A denúncia para ser feita deve ocorrer também em determinados prazos e
formalidades, prevendo o artigo 115º, nº 1, que a «denúncia deve ser feita por
declaração escrita enviada ao destinatário com uma antecedência mínima de 30
dias relativamente à data da prorrogação do contrato». Este prazo sobe para os
90 dias nos seguros sem duração determinada ou com duração igual ou superior
a cinco anos126.
O mesmo raciocínio quanto aos efeitos deve ser feito caso o segurador
pretenda retirar algumas coberturas a meio do contrato embora este permaneça
válido. Os efeitos da denúncia apenas se repercutem para a prorrogação, situação
em que estaríamos perante uma denúncia parcial, de que falaremos em seguida.
Caso ocorra uma sucessão de sinistros, aí será admissível retirar apenas algumas
coberturas dentro dos condicionalismos previstos no artigo 117º, podendo
também desaparecer as mesmas a meio do contrato por ter-se esgotado o capital
e o mesmo não ter sido reposto.
12.4. Uma nota final para o facto de a denúncia ter sido a forma de cessação com
mais impacto para o consumidor a partir da entrada em vigor do novo RJCS face
ao que estava anteriormente regulamentado127.
As apólices uniformes continham um preceito para a redução e resolução que
referia que «O tomador de seguro pode, a todo o tempo, reduzir ou resolver o
contrato, mediante correio registado, ou por outro meio do qual fique registo
escrito, com a antecedência mínima de 30 dias em relação à data em que a
redução ou resolução produz efeitos»128. Assim, era possível ao tomador, de
forma livre, finalizar o contrato antes do prazo acordado e não apenas marcar o
contrato para não ser objeto de renovação automática.
Embora esta possibilidade, que era dada apenas ao tomador, fosse
configurada como resolução parece-nos que encaixa melhor na figura da
denúncia, nos conceitos adotados pelo RJCS, já que fazendo uso do aviso prévio
fixava a data de fim do contrato tal como acontece atualmente na denúncia em
contratos sem duração determinada (artigo 112º, nº 2, e artigo 115º, nº 2, do
RJCS). Nem tão pouco poderíamos ligar esta anterior previsão com a atual livre
resolução prevista no artigo 118º, a qual tem contornos diferentes relacionados
com o direito de arrependimento a exercer no início do contrato.
Atendendo ao peso que as apólices de seguro automóvel, incêndio e acidentes
de trabalho têm no mercado segurador era natural que existisse uma
uniformização nos clausulados não uniformes com regras semelhantes. Por esta
via, teve que existir alguma adequação dos hábitos dos tomadores de modo a
estarem certos do que contratavam, devido à impossibilidade de se
desvincularem antes do fim do contrato. Há um escape na lei, que analisaremos,
para os seguros previstos no artigo 58º do RJCS ou quando as partes o
convencionem, através do não pagamento de uma fração do prémio (existindo
fracionamento), que leva à cessação antecipada do contrato.
Entendemos que todas estas situações devem estar destacadas nas denúncias,
mas por razões de respeito pela concorrência deveria existir uniformidade dos
seguradores nesta prática.
Desta forma, a relação entre segurador e tomador será mais transparente,
reforçando a confiança, e apesar de a denúncia ser livre caso seja utilizada
alguma fundamentação tal poderá ajudar à compreensão do tomador com a
consequente manutenção do contrato.
13.2. A denúncia e a proposta de modificação
13.2.1. Quando se altera o valor do prémio ou qualquer outro elemento
contratual está a ocorrer uma denúncia e ao mesmo tempo uma proposta de nova
inserção no contrato, nem que seja de um novo valor de prémio.
PINTO MONTEIRO refere-se a esta situação como uma «denúncia seguida ou
acompanhada de modificação» em que «o contrato só se extingue, por
denúncia, se a modificação não for aceite»131, pressupondo-se uma continuidade
do mesmo contrato e não um novo após uma denúncia que teria produzido
efeitos.
A jurisprudência também se pronuncia sobre o tema, referindo que «a figura
da denúncia-modificação ou denúncia salvo modificação ocorre quando o seu
apresentante tem o direito potestativo de propor ou determinar a alteração do
contrato, sob cláusula, expressa ou tácita, de, no caso de a mesma não ser
aceite pela outra parte, a relação contratual se extinguir»132.
Daqui resultam duas opções para o tomador do seguro ou segurado:
a) aceita a alteração, que não precisa de ser expressa, e há uma continuidade
do contrato na linha do previsto no artigo 41º, nº 3, do RJCS;
b)rejeita a continuidade do contrato com a alteração proposta e disso dá
conhecimento ao segurador, expressamente ou através de comportamento
concludente nesse sentido.
14. A resolução
14.1. Resolução com justa causa
14.4.1. O artigo 116º menciona que o contrato de seguro pode ser resolvido a
todo o tempo pelas partes desde que haja justa causa. Não se concretiza este
último conceito, referindo-se apenas que se processa nos termos gerais, o que faz
com que também possa existir direito a indemnização153.
Tal remissão parece-nos que poderá, em algumas situações, trazer alguma
insegurança154 jurídica por não existir nenhum elenco, pelo menos
exemplificativo155, ou uma sistematização de situações que se enquadram na
justa causa, tal como acontece no Código do Trabalho156.
Segundo BAPTISTA MACHADO «o conceito de “justa causa” é um conceito
indeterminado cuja aplicação exige necessariamente uma apreciação valorativa
do caso concreto. Será uma “justa causa” ou um “fundamento importante”
qualquer circunstância, facto ou situação em face da qual, e segundo a boa fé,
não seja exigível a uma das partes a continuação da relação contratual; todo o
facto capaz de fazer perigar o fim do contrato ou de dificultar a obtenção desse
fim, qualquer conduta que possa fazer desaparecer pressupostos, pessoais ou
reais, essenciais ao desenvolvimento da relação, designadamente qualquer
conduta contrária ao dever de correcção e lealdade (ou ao dever de fidelidade
na relação associativa)»157.
ROMANO MARTINEZ entende que a justa causa está «associada à fundada
perda de confiança»158, devendo a relação de confiança ser apreciada segundo
um juízo de prognose quanto à justificação da subsistência do vínculo contratual,
pelo que a desconfiança terá que ser objetivada e relacionada com a situação
concreta.
Quando se remete para a situação concreta poderá estar em causa um
conjunto de incumprimentos, ou seja, terá que se observar a relação contratual
no seu todo. Nos seguros, dependendo da tipologia em causa e periodicidade de
sinistros poderemos ter duas hipóteses, a saber:
a) um incumprimento, por exemplo na regularização de um sinistro com
fraude ou excessivamente prolongada (cuja verificação é rara ou poderá até
nunca ocorrer), poderá ser determinante para afetar a confiança de uma parte
relativamente à outra;
b)vários pequenos incumprimentos, por exemplo com sinistros de reembolsos
de consultas médicas no âmbito do seguro de saúde, constituem um histórico em
que um único incumprimento se dissipa após vários cumprimentos pontuais do
contrato e que ajudaram a fundar a confiança das partes.
Assim, poderemos considerar que embora a resolução por justa causa seja um
exercício livre, sujeito à ponderação dos factos e à confiança afetada, poderá ter
um exercício tendencialmente vinculado ao incumprimento161 de alguma das
disposições previstas na lei162 ou no contrato163.
Sobre esta matéria já nos tínhamos pronunciado referindo que «o
incumprimento das condições contratuais por parte do segurador quando
possam colocar em causa a utilidade do próprio contrato164, dependendo da
situação concreta, poderá constituir justa causa para a resolução, mas não
sendo essa uma situação aceite pelo segurador, o tomador só conseguirá o
estorno do prémio já pago através da utilização das vias judiciais ou instâncias
de resolução alternativa de litígios, como é o caso dos Julgados de Paz»165.
Tal como referimos, em termos de equilíbrio entre as partes parece-nos que o
conceito de justa causa não terá sido a área em que a lei mais pautou a proteção
do tomador, pois se a justa causa for invocada pelo segurador, este deixa de
prestar as garantias do contrato, mas se for invocada pelo tomador, como o
prémio nos seguros é em regra pago antecipadamente, apenas pode solicitar o
estorno do prémio, que será ou não processado, dependendo do juízo efetuado
pelo segurador. Assim, em situações de discordância relativamente à existência
de justa causa o tomador fica numa posição mais débil166.
No entanto, esta é uma debilidade que decorre da própria natureza dos
seguros e do princípio no premium no risk, que apenas se antevê que pudesse ser
atenuada através da previsão de critérios objetivos que são sempre de difícil
concretização devido à prova que deve ser produzida e apreciada em cada
situação concreta e que poderá gerar consenso entre as partes.
Da parte do tomador, quando estejam em causa valores de prémio pouco
elevados, não se justificará a interposição de ações judiciais ou arbitrais167 para
recuperar o estorno a que teria direito. Nestas situações, o fracionamento do
prémio nos termos do artigo 61º, nº 3, alínea a), será mais vantajoso para o
tomador, já que a falta de pagamento determina a resolução automática do
contrato.
14.4.2. Quanto à forma e prazo para exercício da resolução com justa causa, não
existindo previsão específica e mencionando o artigo 116º que o contrato pode
ser resolvido «nos termos gerais» então entendemos que será de acolher, tal
como anteriormente abordámos a propósito da resolução no Código Civil, o
regime incorporado no seu artigo 436º.
A resolução pode fazer-se mediante declaração enviada à outra parte (artigo
436º, nº 1), embora de acordo com uma interpretação atualista e adequada ao
RJCS, entendamos que poderá ser utilizado qualquer meio do qual fique registo
ou «suporte duradouro»168. Nos seguros obrigatórios regulamentados pelo
Instituto de Seguros de Portugal, que deram origem à aprovação de condições
uniformes, a solução passou por ser prevista a obrigatoriedade de ser enviada
uma carta registada à outra parte, devendo essa carta prever um prazo razoável
de dilação de eficácia da declaração de resolução do contrato169.
Não havendo prazo estabelecido no contrato, pode a outra parte fixar ao
titular do direito de resolução um prazo razoável para que o exerça170, sob pena
de caducidade (art. 436º, nº 2, do CC). Atendendo a que o artigo 117º, nº 4, fixa
o prazo de 30 dias para o seu exercício no âmbito da sucessão de sinistros, esse
poderá ser o prazo razoável que o legislador entendeu que poderá ser adequado.
Inexistindo exercício do direito de resolução da parte que tivesse fundamento
para a exercer e existindo comportamentos das partes, como o pagamento do
prémio pelo tomador e a sua aceitação pelo segurador sem colocar objeções,
então as partes podem ter a convicção de que o contrato se manteve válido e em
execução. A este propósito refere ROMANO MARTINEZ que «quando a parte que
pode resolver o contrato não exerce esse direito e a contraparte, legitimamente,
confia na manutenção do vínculo, o exercício do direito de resolver o contrato
pode constituir um «venire contra factum proprium», sendo, então, ilícito por
constituir abuso de direito»171.
14.4.3. Por fim, a lei não esclarece quais os efeitos relativamente ao prémio
quando tenha existido resolução com justa causa, admitindo-se que o estorno do
prémio pro rata temporis poderá não reconstituir o equilíbrio contratual e que tal
princípio poderá não ser aplicável aos seguros de vida, às operações de
capitalização e aos seguros de doença de longa duração172.
Estão aqui em causa duas situações, a saber:
a) o direito ao prémio total quando haja resolução por iniciativa do segurador;
b)o direito ao estorno de todo o prémio, caso não se pudesse retirar do caso
concreto a cobertura do risco em momento anterior à resolução.
14.5.2. Cabe, ainda, pela sua relevância fazer menção ao regime da falta de
pagamento nos seguros de vida217, não decorrendo do RJCS que deva existir
resolução automática por falta de pagamento nem que a validade do seguro
dependa do pagamento do prémio218.
O artigo 203º quanto à falta de pagamento do prémio nos seguros de vida,
coloca o enfoque naquilo que seja acordado entre as partes.
Refere o nº 1 deste preceito que «a falta de pagamento do prémio na data de
vencimento confere ao segurador consoante a situação e o convencionado, o
direito à resolução do contrato, com o consequente resgate obrigatório, o direito
à redução do contrato ou à transformação do seguro num contrato sem prémio».
Aqui a resolução do contrato consta como um direito cujo exercício é uma mera
possibilidade para o segurador, parecendo poder admitir-se, ainda que não seja
claro219, que apenas terá efeitos automáticos caso o contrato o preveja, o que não
é habitual.
A prática seguradora enraizou-se no revogado artigo 33º do Decreto de 1907,
de 21 de outubro, que esteve em vigor até ao final de 2008. Dispunha este
preceito que «O contrato de seguro de vidas somente poderá considerar-se
insubsistente por falta de pagamento do prémio quando o segurado, depois de
avisado por meio de carta registada, não satisfaça a quantia em dívida no prazo
de oito dias ou noutro, nunca inferior a este, que porventura se ache estipulado
na apólice»220.
Atendendo a que haveria sempre necessidade de interpelação do devedor para
resolver o contrato por incumprimento do pagamento do prémio, situação em
que existia cobertura até ao final do prazo fixado pelo segurador, referiu o
Supremo Tribunal de Justiça em processo em que existiu sinistro enquanto o
tomador do seguro estava em incumprimento que «a simples falta de pagamento
de prémio de contrato temporário de seguro de vida não confere só por si à
instituição seguradora o direito de resolução do contrato, a qual depende ainda
da conversão da mora em incumprimento definitivo, designadamente mediante
notificação admonitória nos termos do artigo 808º do Código Civil»221.
Uma última nota para o facto de que, quando exista terceiro beneficiário que
conste do contrato e exista resolução do contrato por incumprimento do tomador
no pagamento do prémio, pode o terceiro pagar o prémio no prazo de 30 dias,
originando a reposição em vigor do contrato. Se ocorrer um sinistro durante esse
período a regra é a da não cobertura222, mas as partes podem inicialmente
convencionar a cobertura para esse período223. Esta situação será mais corrente
quando o beneficiário é uma entidade de crédito que impõe a contratação do
seguro nesses termos como condição para a concessão do crédito.
110Idem, pág. 397. Como assinala o autor, será intenção do legislador evitar cobranças judiciais de
prémios ou frações em mora.
111 Idem, pág. 398.
112 O que permite uma maior acomodação aos sinistros evolutivos, como sejam os de responsabilidade
civil ambiental, profissional, do produtor ou do seguro de saúde. V. para maior detalhe o comentário de
ARNALDO OLIVEIRA, em Lei do Contrato de Seguro Anotada, 2ª ed., Almedina, Coimbra, pág. 375.
113 Sobre a matéria do sinistro abrangido e a sua participação, bem como as tipicamente denominadas
claims made, action commited e loss ocurrence basis V., por exemplo, as anotações de ARNALDO
OLIVEIRA, ROMANO MARTINEZ e JOSÉ VASQUES em Lei do contrato de Seguro Anotada, 2ª ed.,
Almedina, Coimbra, 2011, págs. 373 a 385 e 478 a 480; RITA GONÇALVES FERREIRA DA SILVA, Do
Contrato de Seguro de Responsabilidade Civil Geral, Coimbra Editora, Coimbra, 2007, págs. 208 a 213;
MURIEL CHAGNY e LOUIS PERDRIX, Droit des Assurances, LGDJ, Paris, 2009, págs. 228 a 238;
DANIELE DE STROBEL, La vicenda del «claims made», in Diritto ed Economia Dell’Assicurazione, nº
2, Giuffrè, 2006, pág. 531 a 547; FRANCESCO CESERANI, Anco nuvole di vaghezza attorno alla
calausola claims made: alcune necessarie puntualizzazioni, in Diritto ed Economia Dell’Assicurazione, nº
2, Giuffrè, 2011, pág.s 501 a 538; LOUIS FERNANDO REGLERO CAMPOS, Le Causole claim made nel
diritto spagnolo, in Diritto ed Economia Dell’Assicurazione, nº 1, Giuffrè, 2007, págs. 139 a 168;
CESERANI FRANCESCO, Origine e sviluppi della clausola claims made nei mercati internazionli, in
Diritto ed Economia Dell’Assicurazione, nºs 3-4, Giuffrè, 2007, págs. 799 a 838; FLAVIO PECCENINI,
Assicurazione, Zanichelli Editore, Bologna, 2011, págs. 182 a 187; CRISTINA MENICHINO, La clausola
claims made nel contrato di assicurazione, in Clausole a rischio di nulliità (a cura di Giorgio de Nova),
Cedam, Padova, 2011, págs. 5 a 19.
114 Cfr. ANÍBAL DE CASTRO, A Caducidade na Doutrina, na Lei e na Jurisprudência, 2ª edição,
Livraria Petrony, Lisboa, 1980, pág. 218.
115 PEDRO ROMANO MARTINEZ entende que este nº 2 é exemplificativo e que vicissitudes como a
morte da pessoa segura determinam a caducidade do contrato quando implique o pagamento da prestação.
Acrescenta que «como resulta do nº 2 do art. 106º a cessação do contrato pode ser concomitante com a
verificação do sinistro, por isso, com a morte da pessoa segura caduca o contrato e o segurador, se for
caso disso, paga a prestação». Cfr., do autor, Lei do Contrato de Seguro Anotada…, pág. 400.
116 Não existe, assim, uma obrigação do segurado que vá além do capital remanescente.
118 A revogação produzirá efeitos imediatos, a não ser que as partes ajustem efeitos diversos. Neste
sentido V., por exemplo, PEDRO ROMANO MARTINEZ, Da Cessação…, Ob. Cit., pág. 113.
119 Cfr. MENEZES CORDEIRO, Tratado de Direito Civil Português, II, Tomo IV, Almedina, Coimbra,
2010, pág. 339.
120 Cfr. do autor Lei do Contrato de Seguro Anotada…, pág. 400. Acrescenta ainda na pág. 401 que
«exige-se o consentimento do segurado para a revogação porque se trata de uma cessação imotivada do
contrato; tal exigência já não se justifica na denúncia que impede a prorrogação do contrato, nem na
resolução que é motivada».
121 Nestes casos até pode ser mais favorável ao segurador.
122 Tal como salienta MENEZES CORDEIRO as regras do artigo 114º já resultariam dos artigos 15º e
16º da LCCG mas a clarificação ficou favorecida. V. do autor, Direito dos Seguros, Ob. Cit., pág. 718.
123 Cfr. artigo 114º, nº 5.
124 PEDRO ROMANO MARTINEZ dá o exemplo da renda vitalícia em que a livre desvinculação se
opõe à natureza do contrato. Cfr. do autor Lei do Contrato de Seguro Anotada…, pág. 404.
125 Cfr. do autor, Teoria geral do Direito Civil, 6ª edição, Almedina, Coimbra, 2010, pág. 774.
Acrescenta ainda que a avaliação deve ser casuística ao referir que «a concretização do agir de boa fé deve
ser feita de acordo com a natureza das coisas. No quadro negocial e circunstancial da relação contratual
em questão, a parte que pretende denunciar o contrato deve colocar-se na posição da outra, e discernir
assim quais os danos que a denúncia lhe poderá causar e que se deve esforçar por evitar».
126 Cfr. artigo 115º, nº 2 e 3. Nestas situações o contrato cessa decorrido o prazo do aviso prévio ou no
termo do período em que se encontre pago o prémio, o que leva a que não exista estorno.
127 V. para uma visão global das apólices uniformes a republicação feita pela Norma Regulamentar
emitida pelo ISP nº 13/2005-R, de 18 de novembro, que alterou as seguintes apólices:
a) apólice uniforme seguro obrigatório de acidentes de trabalho para trabalhadores por conta de outrem;
b) apólice uniforme seguro obrigatório de acidentes de trabalho para trabalhadores independentes;
c) apólice uniforme seguro obrigatório de responsabilidade civil caçadores;
d) apólice uniforme seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel;
e) apólice uniforme seguro obrigatório de incêndio.
128 V., por exemplo, artigo 7º, nº 2, da revogada Norma Regulamentar nº 18/2000R, de 21 de dezembro,
com as alterações introduzidas pela Norma Regulamentar nº 13/2005-R, de 18 de novembro (apólice
uniforme para o seguro de incêndio obrigatório).
129 PEDRO ROMANO MARTINEZ refere ser possível uma cessação parcial dependendo da natureza
do contrato e do teor da declaração de denúncia. Cfr. do autor, Da cessação do contrato, 2ª Edição,
Almedina, Coimbra, 2006, pág. 122.
130 Cfr. VAZ SERRA, Tempo da prestação – denúncia, Boletim do Ministério da Justiça, nº 50, 1955,
Lisboa, págs. 191 e 192.
131 V. Ob. Cit., pág. 125.
132 Cfr. acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra, de 05-11-2002, Proc. 2218/02, relator Hélder
Roque, acessível em www.dgsi.pt. Sobre a denúncia modificação V. também os acórdãos do Supremo
Tribunal de Justiça, de 04-02-2003, Proc. 02A744, relator Silva Paixão e o acórdão de 13-05-2004, Proc.
04A381, relator Nuno Cameira, também acessíveis em www.dgsi.pt.
133 Sobre o equilíbrio contratual e as alterações que levam à necessidade de revisão do mesmo V.
GERARDO MARASCO, La rinegoziazione del contratto – Strumenti legali e convenzionali a tutela
dell’equilibrio negoziale, CEDAM, Padova, 2006, págs. 29 a 59 e JEAN BIGOT; PHILIPPE
BAILLOT, JÉRÔME KULLMANN e LUC MAYAUX, Les assurances de personnes, Tome 4, LGDJ,
Paris, 2007, págs. 909 e 910.
134 Relacionado com algum elemento concreto de apreciação do risco específico do tomador ou
segurado em causa, como a ocorrência de sinistros na anterior anuidade.
135 Note-se, no entanto, que o aumento pode decorrer do que já se encontra previsto no contrato, como
o aumento da idade da pessoa segura, de acordo com uma tabela onde seja possível perceber a percentagem
de aumento do prémio face ao aumento da idade.
136 Segue o princípio da manutenção dos negócios jurídicos abordado na jurisprudência, por exemplo,
no acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 15-10-1991, Proc. 080567, com o relator Rui Brito e que tem
afloramentos no CC em artigos como o 292º e 293º.
137 Tanto o artigo 60º como o artigo 202º fazem parte do elenco de disposições imperativas relativas
mencionadas no artigo 13º.
138 Os prazos de aviso de pagamento têm sido alterados nas sucessivas leis. Por exemplo, o Decreto-Lei
nº 162/84, de 18 de maio, estabelecia 10 dias antes do prazo em que o prémio ou fração do mesmo são
devidos enquanto o Decreto-Lei nº 142/2000, de 15 de julho, com a alteração decorrente do Decreto-Lei nº
122/2005, de 29 de julho, fixava o prazo de antecedência do aviso em 60 dias.
139 Que também poderão ser 30 dias no caso previsto do artigo 88º, nº 1, do RJCS, para os seguros de
grupo.
140 Embora se admita a cobertura perante terceiros lesados de boa fé caso tenha existido a emissão de
documentação comprovativa da existência do seguro. V., por exemplo, o artigo 29º, nº 10, do Decreto-Lei nº
291/2007, de 21 de agosto.
141 Existirá, então, uma declaração de vontade do tomador ou segurado que o vincula. Sobre a distinção
entre declarações expressas e tácitas pronuncia-se CARLOS ALBERTO DA MOTA PINTO, ANTÓNIO
PINTO MONTEIRO e PAULO MOTA PINTO, referindo que «o critério de distinção entre declaração
tácita e declaração expressa consagrada pela lei (art. 217º) é o proposto pela teoria subjectiva: a
declaração é expressa quando feita por palavras, escrito ou quaisquer outros meios directos, frontais,
imediatos de expressão da vontade e é tácita quando do seu conteúdo directo se infere um outro, isto é,
quando se destina a um certo fim, mas implica e torna cognoscível, a latere, um auto-regulamento sobre
outro ponto – em via oblíqua, imediata e lateral (“quando se deduz de factos que, com toda a
probabilidade, a revelam”)». Cfr. dos autores, Teoria Geral do Direito Civil, 4.ª Edição, 2ª reimpressão,
Coimbra Editora, Coimbra, 2012, pág. 422.
142 O que normalmente ocorre através da assinatura na proposta, ainda que nos termos do artigo 32º, nº
1, do RJCS não seja exigível forma especial.
143 O acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, de 08-11-2012, Proc. 428/11.0TVLSB.L1-2, relator
Pedro Martins, pronuncia-se sobre a declaração tácita em seguro de vida referindo que «a concludência de
uma declaração tácita “baseia-se num nexo lógico-experimental em que factores de tipicidade social e
factores jurídicos são também importantes”. “Trata-se […] de, num contexto prático de interacção,
determinar o significado de um comportamento, de acordo com os […] critérios gerais” de interpretação».
V. o acórdão em www.dgsi.pt.
144 Sobre esta matéria refere PEDRO PAIS DE VASCONCELOS que «o silêncio não deve ser
confundido com a declaração negocial tácita. Nesta última, existe um comportamento negocial que tem um
sentido que é juridicamente relevante. (…) O silêncio é a ausência de uma acção, é pura omissão». Cfr. do
autor, Teoria Geral do Direito Civil, 6ª Edição, Almedina, Coimbra, 2010, pág. 464. Sobre o valor
declarativo do silêncio V. PAULO MOTA PINTO, Declaração tácita e comportamento concludente no
negócio jurídico, Almedina, Coimbra, 1995, págs. 631 a 717 e JOSÉ ALBERTO VIEIRA, Negócio
Jurídico – Anotação aos artigos 217º a 295º do Código Civil, Coimbra Editora, 2009, págs. 18 a 21.
145 V. artigos 218º e 234º do CC, referindo este último que poderá existir dispensa de declaração de
aceitação «quando a proposta, a própria natureza ou circunstâncias do negócio, ou os usos tornem
dispensável a declaração de aceitação, tem-se o contrato por concluído logo que a conduta da outra parte
mostre a intenção de aceitar a proposta».
146 V. com maior detalhe a propósito da enunciação tácita CARLOS FERREIRA DE ALMEIDA, Texto
e Enunciado na Teoria do Negócio Jurídico, Almedina, Coimbra, 1992, págs. 714 e 715, referindo nesta
última página que «nem todo o calar é silêncio» e acrescenta que o silêncio «não deixa por isso de ser um
comportamento, ainda que passivo, negativo ou abstentivo, porque a inactividade, quando possa ser
valorada juridicamente, tem de ser comparada com a acção concreta que se omitiu».
147 Cfr. do autor, Ob. Cit., pág. 717.
152 Sobre a admissibilidade da aceitação da alteração do contrato de forma expressa ou tácita no direito
francês V. JÉRÔME BONNARD, Droit des Assurances, 3e édition, LexisNexis, Paris, 2009, págs. 88 e 89.
153 Sobre a possibilidade de indemnização em caso de resolução V., por exemplo, JORGE RIBEIRO
DE FARIA, A natureza da indemnização no caso de resolução do contrato – novamente a questão, in
Estudos em Comemoração dos cinco anos (1995-2000) da Faculdade de Direito da Universidade do Porto,
Coimbra Editora, 2001, págs. 11 a 62.
154 Devido à utilização de um conceito indeterminado que KARL ENGISCH define como «um conceito
cujo conteúdo e extensão são em larga medida incertos», embora o autor afirme que «os conceitos jurídicos
são predominantemente indeterminados, pelo menos em parte». Cfr. KARL ENGISCH, Introdução ao
pensamento jurídico, 9ª edição, tradução de Baptista Machado, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa,
2004, págs. 208 e 209.
155 Uma das situações que não poderá constituir justa causa é a de outro segurador ter um seguro com
as mesmas coberturas e prémios mais baixos. É algo que leva a alguma litigiosidade e descontentamento
dos tomadores atendendo à tradição regulamentar das apólices uniformes emitidas pelo ISP que permitiam a
resolução do contrato durante a sua execução sem justa causa. Sobre esta matéria, atendendo a que estão em
causa pequenos valores mosem justa causa. Sobre esta matéria, atendendo a que estão em causa pequenos
valores mo-2009, Proc. 81/2009-JP, Relator Filomena Santos, em que considerou que não existia justa causa
para a resolução apenas por outro segurador ter prémios inferiores.
156 Cfr. artigo 351º do Código do Trabalho.
157 Cfr. do autor Pressupostos da resolução por incumprimento, in «Obra Dispersa», vol. I, Scientia
Iuridica, Braga, 1991, pág. 143.
158 Cfr. Lei do Contrato de Seguro Anotada…, pág. 406.
Sobre o conceito de justa causa V. igualmente ANA PRATA, Ob. Cit., pág. 851, ao referir que a justa causa
é um «conceito indeterminado utilizado frequentemente pela lei, em especial como fundamento da
resolução de um contrato ou da cessação de uma função.
Quando, nos termos da lei ou de convenção, um contrato possa ser resolvido com justa causa, tal significa
qualquer facto susceptível de pôr em risco a continuação da relação contratual ou a obtenção do fim
contratual, tanto podendo consubstanciar-se numa conduta da contraparte como num facto alheio às
partes; as mais das vezes, porém, a justa causa consiste num comportamento da outra parte, violador dos
deveres contratuais, que torna intolerável e inexigível para o adimplente a manutenção da relação
contratual».
159 V. sobre a caracterização da expressão «sinistros sucessivos» FRANCISCO LUÍS ALVES, O
regime do contrato de seguro de saúde no direito português, in Revista Portuguesa de Direito do
Consumo, nº 66, 2011, pág. 36.
160 V. para maior detalhe, BAPTISTA MACHADO, Pressupostos…, Ob. Cit., pág. 139.
161 Tal como referem PETER MACDONALD EGGERS, SIMON PICKEN e PATRICK FOSS, o
incumprimento liga-se à boa fé, sendo que a quebra desta deve ter tal dimensão que dá direito à outra parte
de terminar o contrato de seguro. V. dos autores, para maiores pormenores, Good Faith and Insurance
Contracts, Third Edition, Lloyd’s List, London, 2010, págs. 484 e 485. Concordamos com JOSÉ CARLOS
BRANDÃO PROENÇA, A desvinculação não motivada nos contratos de consumo, in Revista da Ordem
dos Advogados, Ano 70, Lisboa, Jan. / Dez. 2010, pág. 222, o qual liga a resolução fundamentada ao
incumprimento referindo que «é possível conceber a resolução como o poder unilateral de pôr termo a um
contrato válido em virtude de circunstâncias posteriores à sua celebração, frustrantes do interesse de
cumprimento, desequilibradoras da relação de equivalência entre as prestações – atente-se no efeito
resolutivo da alteração anormal das circunstâncias (atinente à chamada cláusula de hardship do comércio
internacional) face à opção modificação/renegociação contratual – ou tornando inexigível a manutenção
do contrato, como sucede noutros casos legais de objectivação do fundamento resolutivo».
162 Mesmo que não seja lei que se refira diretamente a seguros mas que afete o normal desenvolvimento
da relação contratual. Imagine-se as regras de higiene e de segurança do trabalho que não sendo cumpridas
poderão afetar a relação estabelecida a propósito do seguro de acidentes de trabalho.
163 Sobre a relação da justa causa com o incumprimento refere BAPTISTA MACHADO que «”a justa
causa” representará, em regra, uma violação dos deveres contratuais (e, portanto, um ”incumprimento”):
será aquela violação contratual que dificulta, torna insuportável ou inexigível para a parte não
inadimplente a continuação da relação contratual». Cfr. BAPTISTA MACHADO, Pressupostos…, Ob.
Cit., pág. 144.
164 Por exemplo, a ausência de resposta a sucessivos pedidos de pré-autorização para uma operação
urgente abrangida pelas coberturas de contrato de seguro de saúde, bem como atos ou omissões que de uma
forma geral possam afetar de forma grave a saúde do segurado.
165 Cfr. FRANCISCO LUÍS ALVES, O regime do contrato de seguro de saúde no direito português,
Revista Fórum, nº 27, 2009, pág. 27.
166 Cfr. FRANCISCO LUÍS ALVES, O regime do contrato de seguro de saúde…, pág. 28.
167 Quanto à arbitragem o artigo 122º do RJCS, por razões didáticas, enuncia a possibilidade de dirimir
conflitos derivados do contrato de seguro através dessa via.
168 V., por exemplo, artigo 35º do RJCS.
169 V., a título exemplificativo a cláusula 16.ª da Apólice de Seguro Obrigatório de Incêndio anexa à
Norma Regulamentar nº 16/2008-R, de 18 de dezembro, sendo que as condições contratuais de cada seguro
deverão prever desde logo o prazo de dilação para eficácia da declaração de resolução.
170 Sobre esta solução V. VAZ SERRA, Resolução do contrato, BMJ, nº 68, Lisboa, 1957, pág. 256.
173 O artigo 101º menciona também a perda de cobertura em caso de incumprimento doloso pelo
tomador ou segurado.
174 Acrescente-se que também poderá dar direito, no caso de fracionamento, ao pagamento total das
frações vincendas.
175 Na verdade a expressão mais adequada seria «resolução após sucessão de sinistros».
176 Ainda que, como salienta JEAN BIGOT, o segurador não esteja interessado, do ponto de vista
comercial, em perder um cliente que até poderá ter outros seguros. V. para maiores pormenores do autor,
Traité de Droit des Assurances, Tome 3, LGDJ, Paris, 2002, pág. 542.
177 Sobre esta forma de resolução V. MOITINHO DE ALMEIDA, Contrato de Seguro – Estudos,
Coimbra Editora, Coimbra, 2009, págs. 22 e 23; CATHERINE PARIS e JEAN-LUC FAGNART,
Actualités législatives et jurisprudentielles dans les assurances en général, in Actualités en Droit des
Assurances (Sous la direction de Catherine Paris et Bernard Dubuisson), Anthemis, Liége, 2008, pág. 98.
ARNALDO OLIVEIRA considera que a faculdade de o segurador resolver o contrato após sinistro é uma
possibilidade do mesmo «sair de relações contratuais toldadas pela suspeita de fraude não comprovável,
possibilitando assim a preservação dos contornos da álea que a levaram a aceitar o contrato». Cfr. do
autor, Cláusulas abusivas e o contrato de seguro, in Congresso Luso-Hispano de Direito dos Seguros,
Almedina, Coimbra, 2009, págs. 232 e 233. MOITINHO DE ALMEIDA, Estudo sobre o contrato de
seguro, Parte I, Grémio dos Seguradores, 1970, pág. 48, fundamentou esta figura no facto de a realização
do sinistro poder denunciar ao segurador que o risco é mais intenso do que imaginava.
178 É comum no mercado apólices que têm limites de sinistros acionáveis anualmente. Um exemplo
disso é a cobertura de assistência em viagem automóvel.
179 V. artigo 4º do Decreto-Lei nº 291/2007, de 21 de agosto.
181 V. o ponto 1.3. da parte introdutória deste estudo relativamente à resolução. Sobre a natureza deste
direito e a preferência por outra expressão como «direito de retractação» ou «direito de revogação» em vez
de «livre resolução» V. JOSÉ CARLOS BRANDÃO PROENÇA, A desvinculação não motivada nos
contratos de consumo, in Revista da Ordem dos Advogados, Ano 70, Lisboa, Jan./Dez. 2010, págs. 219 a
270. Na página 257 o autor fornece o conceito de «livre resolução» referindo que «tem como características
dominantes o ser um poder potestativo, unilateral, exercido com discricionariedade absoluta, no exclusivo
interesse do consumidor (um verdadeiro direito contra si mesmo) e após informação da sua existência,
sujeito a prazos curtos de caducidade e à exigência de um certo formalismo, com natureza imperativa e
com um efeito liberatório e (eventualmente) recuperatório, mas sempre sem implicar penalizações ou
indemnizações». Acrescenta ainda o autor, em complemento ao conceito, na pág. 259, que «o chamado
“direito de livre resolução”, tendo como legitimado um contraente tido por parte mais frágil, visa, como já
fomos dizendo, evitar desvinculações precipitadas, pressionadas, irreflectidas, derivadas das metodologias
que presidiram à contratação e da natureza complexa do conteúdo dos contratos significativos (de seguro
de crédito, de aquisição de direitos de habitação periódica, etc)».
182 São seguros em que rege a liberdade contratual máxima quanto ao âmbito de cobertura, pelo que a
análise das condições contratuais, muitas vezes extensas, devem poder posteriormente ser analisadas pelo
tomador ou segurado, que perante as mesmas poderá alterar a sua posição quanto à utilidade do contrato
face às suas necessidades.
183 V. a norma revogatória constante do artigo 6º, nº 2, alínea d), do Decreto-Lei nº 72/2008, de 16 de
abril.
184 No direito francês é essa a denominação utilizada no artigo L. 112-9 du Code des Assurances. V.
sobre o assunto BERNARD BEIGNIER, Droit des Assurances, Montchrestien, Paris, 2011, págs. 332 a
336.
185 Referia este preceito o seguinte:
«Artigo 182º
Direito de renúncia
1 — O tomador de um contrato de seguro ou de qualquer operação do ramo «Vida» previstas no artigo
124º dispõe de um prazo de 30 dias, a contar da recepção da apólice, para expedir a carta renunciando aos
efeitos do contrato ou operação.
2 — O tomador pode também exercer o direito de renúncia nos termos referidos no número anterior sempre
que as condições do contrato ou operação não estejam em conformidade com as informações referidas nos
artigos 179º a 181º.
3 — Sob pena de ineficácia, a comunicação da renúncia referida nos números anteriores deve ser
notificada, por carta registada, enviada para o endereço da sede social ou da sucursal da empresa de
seguros que celebrou o contrato.».
186 Nesse caso refere ainda o nº 2 que «o consumidor está obrigado a pagar ao prestador, no mais curto
prazo possível, o valor dos serviços efectivamente prestados em montante não superior ao valor
proporcional dos mesmos no quadro das operações contratadas».
187 A referência a suporte duradouro surge na linha do também referido no artigo 34º, nº 2, o qual refere
que «quando convencionado, pode o segurador entregar a apólice ao tomador do seguro em suporte
electrónico duradouro» e do também referido no artigo 120º, nº 1, a propósito do envio de comunicações,
as quais podem ser remetidas sem ser por escrito desde sejam «prestadas por outro meio de que fique
registo duradouro». Quanto ao que se entende por suporte duradouro o RJCS não fornece qualquer
conceito, mas o Decreto-Lei nº 95/2006, de 29 de maio, no seu artigo 11º, nº 2, refere que «considera-se
suporte duradouro aquele que permita armazenar a informação dirigida pessoalmente ao consumidor,
possibilitando no futuro, durante o período de tempo adequado aos fins a que a informação se destina, um
acesso fácil à mesma e a sua reprodução inalterada». Sobre «suporte duradouro» sugere-se a leitura das
anotações de JOSÉ VASQUES e PEDRO ROMANO MARTINEZ, em Lei do Contrato de Seguro
Anotada, 2ª edição, Almedina, Coimbra, 2011, págs. 221 a 224.
188 Cfr. artigo 72º do Código do Procedimento Administrativo que se transcreve.
«Artigo 72º Contagem dos prazos
1. – À contagem dos prazos são aplicáveis as seguintes regras:
a) Não se inclui na contagem o dia em que ocorrer o evento a partir do qual o prazo começa a correr; b) O
prazo começa a correr independentemente de quaisquer formalidades e suspende-se nos sábados,
domingos e feriados;
c) O termo do prazo que caia em dia em que o serviço perante o qual deva ser praticado o acto não esteja
aberto ao público, ou não funcione durante o período normal, transfere-se para o primeiro dia útil
seguinte.
2. – Na contagem dos prazos legalmente fixados em mais de seis meses incluem-se os sábados, domingos e
feriados».
189 Relativamente às regras de início de vigência das publicações em Diário da República refere a Lei
nº 74/98, de 11 de novembro, com a última alteração e republicação pela Lei nº 42/2007, de 24 de agosto,
no seu artigo 2º, nº 1, que o início da vigência nunca poderá ser o do próprio dia da publicação.
190 A sanção para o segurador caso incumpra é a de o tomador poder resolver o contrato, tendo a
cessação efeito retroativo e o tomador direito à devolução do prémio pago (artigo 34º, nº 6).
191 A vinculação atendendo à LCCG – art. 21º, alínea e).
192 A este propósito poderia discutir-se sobre a validade para efeitos de prova desta menção no contrato
atendendo ao disposto no artigo 21º, alínea e) do Decreto-Lei nº 446/85, de 25 de outubro (Lei das
Cláusulas Contratuais Gerais), que embora possa ser suscetível de uma análise mais detalhada e outras
conclusões, parece-nos que o segurador não poderá ser confrontado com a prova impossível quanto à
prestação das informações a que está obrigado antes da contratação. Para facilidade de leitura transcreve-se
o artigo 21º, com a epígrafe «cláusulas absolutamente proibidas», o qual refere que «São em absoluto
proibidas, designadamente, as cláusulas contratuais gerais que:
(…) e) Atestem conhecimentos das partes relativos ao contrato, quer em aspectos jurídicos, quer em
questões materiais;».
193 Sobre o conceito de «celebração do contrato» V. ANA PRATA, Dicionário Jurídico, Vol. I, 5ª
Edição, Almedina, Coimbra, 2008, pág. 253.
194 Sobre o silêncio V. as referências anteriores e GUIDO ALPA, Corso di Diritto Contrattuale,
CEDAM, Padova, 2006, págs. 27 e 28.
195 Refere ainda este preceito que a proposta deve ser feita «em impresso próprio do segurador,
devidamente preenchido, acompanhado dos documentos que o segurador tenha indicado como necessários
e entregado ou recebido no local indicado pelo segurador».
196 Apesar de a livre resolução, como vimos, não se aplicar aos seguros de grupo, o artigo 88º, nº 1,
dispõe sobre o silêncio referindo que quanto à adesão ao contrato de seguro de grupo contributivo em que o
segurado seja pessoa singular, que a mesma se considera efetuada «se, decorridos 30 dias após a recepção
da proposta de adesão pelo tomador do seguro que seja simultaneamente mediador de seguros com poderes
de representação, o segurador não tiver notificado o proponente da recusa ou da necessidade de recolher
informações essenciais para a avaliação do risco».
197 Sobre a forma de exercício da livre resolução V. os entendimentos do Instituto de Seguros de
Portugal publicados no Relatório de Regulação e Supervisão da Conduta de Mercado – 2008, Lisboa,
2009, pág. 64.
198 A este propósito V. o artigo 3º, alínea g), do Decreto-Lei nº 134/2009, de 2 de junho (alterado pelo
Decreto-Lei nº 72-A/2010, de 18 de junho), define «Suporte durável» como «qualquer instrumento que
permita ao consumidor armazenar informações de um modo permanente e acessível para referência futura
e que não permita que as partes contratantes manipulem unilateralmente as informações armazenadas».
199 A gravação, quando se esteja em contactos de call center, deixou de ser obrigatória mas é
conveniente. Essa obrigatoriedade constava do revogado artigo 9º do Decreto-Lei nº 134/ /2009, de 2 de
junho, mas a possibilidade de gravação e manutenção do registo, em termos abstratos, pelo período de 90
dias decorre da Deliberação nº 629/2010 da Comissão Nacional de Protecção de Dados.
200 Refere ainda o nº 8 que «nos primeiros 90 dias contados da prestação do serviço, o ónus da prova
do cumprimento das obrigações previstas no presente artigo cabe ao profissional».
201 Remetendo para o contrato parece-nos que seria desnecessária esta menção, que apenas se
compreende por uma questão didática e por o artigo 118º fazer parte do elenco de preceitos cuja aplicação é
imperativa relativa (artigo 13º do RJCS).
202 Os custos de desinvestimento têm sentido relativamente a seguros do ramo vida. Esta menção já
constava do revogado artigo 183º, nº 3, do Decreto-Lei nº 94-B/98, de 17 de abril, apenas aplicável aos
seguros do ramo vida.
203 A expressão utilizada pelo legislador na parte final do artigo 118º, nº 7, é a seguinte «(…) excepto no
caso de início de cobertura do seguro antes do termo do prazo de livre resolução do contrato a pedido do
tomador do seguro».
204 Refere o preceito que «O direito de rescisão não é aplicável: (…) c) Aos contratos integralmente
cumpridos por ambas as partes a pedido expresso do consumidor antes de este exercer o direito de
rescisão».
205 Refere esta disposição que: «Exceptuam-se os casos em que o consumidor tenha pedido o início da
execução do contrato antes do termo do prazo de livre resolução, caso em que o consumidor está obrigado
a pagar ao prestador, no mais curto prazo possível, o valor dos serviços efectivamente prestados em
montante não superior ao valor proporcional dos mesmos no quadro das operações contratadas».
206 V. artigos 28º, 29º e 83º do Decreto-Lei nº 291/2007, de 21 de agosto, quanto aos documentos
comprovativos de seguro automóvel.
207 V. as referências bibliográficas já mencionadas a propósito da alteração de circunstâncias.
208 Não se deve confundir com o regime do risco previsto no artigo 796º, o qual se refere à
transferência do domínio sobre certa coisa ou que constituam ou transfiram um direito real.
209 Para o agravamento do risco também pode relevar a insolvência do tomador do seguro ou do
segurado, sendo que o artigo 98º do RJCS determina que a regra é a de que o seguro subsiste a não ser que
as partes tenham acordado solução diversa (nº 1). No entanto, o nº 2 prevê que nos seguros de credito e
caução presume-se que a declaração de insolvência constitui um fator de agravamento do risco.
210 Como é o caso típico dos seguros de vida e poderá ser ajustado em seguros de grandes riscos.
212 Sobre esta matéria V. em específico MANUEL DA COSTA MARTINS, Regime jurídico do
pagamento de prémios de seguro, in III Congresso Nacional de Direito dos Seguros, Almedina, Coimbra,
2003, págs. 295 a 307.
213 Apesar de entendermos estes preceitos como o regime geral, na verdade o RJCS integra-os como
regime especial, ficando o regime da mora como geral. Atendendo a que a maioria dos seguros
comercializados se integram nas previsões do artigo 58º e seguintes, teria sido preferível configurar esse
regime como geral. No mesmo sentido V. MARGARIDA LIMA REGO, Contrato de Seguro e Terceiros,
Coimbra Editora, Coimbra, 2010, pág. 314 e 315; e JOSÉ LUÍS BONIFÁCIO RAMOS, O pagamento do
prémio na Lei do Contrato de Seguro, in Cadernos de Direito Privado, nº 39, Braga, 2012, págs. 10 a 12.
214 Discordando da solução da resolução automática pronuncia-se JOSÉ LUÍS BONIFÁCIO RAMOS
referindo que «independentemente do âmbito do mecanismo resolutivo, entendemos que a resoslução
imediata e automática sem a precedência de um período moratório» contraria as tendências atuais no que
respeita ao pagamento do prémio. V. do autor, Ob. Cit., pág. 19.
215 V. MARGARIDA LIMA REGO, Contrato de Seguro e Terceiros, Coimbra Editora, Coimbra, 2010,
pág. 317. Acrescenta a autora que «poderia dizer-se que este é um caso em que a lei confere o valor de
declaração negocial, não ao silêncio, mas a um acto omissivo, sem possibilidade de prova em contrário. No
entanto, quer se trate de falta de pagamento de prémio ou fracção, inicial ou subsequente, estamos sempre
perante um caso de caducidade, por simples decurso do prazo».
216 Lembramos que a resolução automática do contrato surge com o Decreto-Lei nº 122/ /2005, de 29
de julho, como forma de diminuir os litígios pendentes em tribunal. Referia o preâmbulo do diploma legal
que «O presente diploma vem, pois, alterar o Decreto-Lei nº 142/2000, de 15 de Julho, com o principal
objectivo de diminuir o número de litígios relacionados com o pagamento de prémios de seguro. Para
atingir este propósito, importa aplicar em toda a sua extensão o princípio que já resultava da versão
originária do diploma, segundo o qual o contrato de seguro só deve produzir os seus efeitos com o
pagamento do prémio ou fracção por parte do tomador de seguro».
217 V. sobre o tema do pagamento de prémios de seguro de vida MARIA INÊS DE OLIVEIRA
MARTINS, O seguro de vida enquanto tipo contratual legal, Coimbra Editora, 2010, págs. 321 a 326.
218 Cfr. acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, de 22-04-2008, Proc. 866/2008-7, Relator LUÍS
ESPÍRITO SANTO, onde é referido que «Nos contratos de seguro do “ramo vida“ o pagamento inicial do
competente prémio (ou de fracção dele) não constitui elemento da eficácia do negócio, em termos de se
estabelecer um nexo jurídico de indissociável dependência entre a cobertura contratual do risco e a prática
desse acto».
219 Atendendo ao regime que historicamente o seguro de vida tem tido, a presente redação parece
constituir uma inovação ao remeter para o que as partes tenham acordado quanto à resolução, onde
naturalmente a resolução é uma hipótese legal como qualquer outra.
220 Refere o restante preceito que «§ único. O prazo a que se refere o presente artigo contar-se-á da
data do registo da carta, a qual será dirigida para a última residência do segurado, que conste dos registos
e documentos da sociedade seguradora».
221 V. acórdão do STJ de 10-02-2005, Proc. 04B4775, relator Lucas Coelho, em www.dgsi.pt.
222 V. artigo 55º, nº 4, do RJCS, o qual refere que «o segurador não cobre sinistro ocorrido entre a data
do vencimento e a data do pagamento do prémio de que o beneficiário tivesse conhecimento».
223 V. artigo 55º, nº 3, do RJCS.
224 JOHN LOWRY e PHILIP RAWLINGS, Insurance Law – Doctrines and Principles, second
edition, Hart Publishing, Portland, 2005, pág. 143, bem como MALCOM CLARKE, Policies and
Perceptions of Insurance Law in the Twenty-First Century, Oxford University Press, New York, 2009,
págs. 133 e 134 e JOHN BIRD, Bird’s Modern Insurance Law, Eighth Edition, Sweet & Maxwell, 2010,
págs. 102 e 103; ROBERT E. KEETON e ALAN I. WIDISS, Insurance Law – a guide to fundamental
principles, legal doctrines, and commercial pratices, West Publishing Co., St. Paulo, Minn, 1988, pág.
603; NICHOLAS LEGH-JONES, JOHN BIRDS e DAVID OWEN, MacGillivray on Insurance Law,
Tenth Edition, Sweet And Maxwell, London, 2003, págs. 179 a 181 mencionam que um contrato de seguro
pode expressamente prever dias para pagamento que denominam de «days of grace» durante os quais a
cobertura do contrato se prolonga. Referem que tal prática é comum em seguros de vida, tal como acontece
no mercado português através da tradição que remonta pelo menos desde a entrada em vigor do artigo 33º
do Decreto de 1907. Sobre o conceito de «grace period» V. também HARVEY W. RUBIN, Dictionary of
Insurance Terms, Fifth Edition, Barron’s, 2008, pág. 205.
225 Em termos mais simples o tomador paga o prémio depois de ter conhecimento que teve um sinistro
e quando já foi avisado dos efeitos da falta de pagamento.
226 Cfr. JOSÉ LUÍS BONIFÁCIO RAMOS, O pagamento do prémio na Lei do Contrato de Seguro, in
Cadernos de Direito Privado, nº 39, Braga, 2012, págs. 9 e 10.
227 V. dos autores, Do Regime Jurídico do Pagamento dos Prémios de Seguro, Dislivro, Lisboa, 2007,
pág. 44.
228 Cfr. do autor, Da Cessação…, Ob. Cit., págs. 105 e 106.
231 Sobre a declaração tácita V., por exemplo, PAULO MOTA PINTO, Declaração tácita e
comportamento concludente no negócio jurídico, Almedina, Coimbra, 1995 e RUI DE ALARCÃO,
Declarações expressas e declarações tácitas – o silêncio, BMJ, nº 86, 1959, págs. 233 a 241.
232 V. o princípio decorrente do artigo 32º, nº 1, do RJCS.
235 Sobre a tutela da confiança e das expetativas das partes V. com interesse a tese de doutoramento de
MANUEL CARNEIRO DA FRADA, Teoria da Confiança e Responsabilidade Civil, Almedina, Coimbra,
2007 e o artigo de JOÃO BAPTISTA MACHADO, Tutela de Confiança e “Venire contra factum
proprium”, in Obra Dispersa, Vol. I Scientia Iuridica, Braga, 1991, págs. 345 a 423.
Parte IV
Deste modo, pese o artigo 2º do RJCS refira que as normas aí previstas são
também de aplicar aos regimes especiais, tal tem como condição que não sejam
incompatíveis com esses regimes. Daqui resulta que o artigo 22º do Decreto-Lei
nº 291/2007, atendendo ao propósito de proteger terceiros no âmbito de um
seguro obrigatório, que merece superior tutela devido ao interesse público que
lhe subjaz, tem uma aplicação que é mais restritiva do que aquela que resulta do
RJCS e por essa via tende a ser mais abrangente na sua proteção.
Assim, esta é uma matéria em que, por via daquilo que têm sido as decisões
dos tribunais264, torna-se de superior relevância determinar a natureza jurídica
do que pode levar à cessação do contrato, para por essa via se apurar a
responsabilidade que cabe ao segurador e ao tomador. Na situação típica que tem
sido dirimida pelos tribunais, das omissões ou inexatidões quanto à declaração
do condutor habitual, caberá ao segurador pagar a totalidade da indemnização ao
lesado e solicitar posteriormente ao tomador a diferença do que não lhe caberia
prestar devido ao prémio que não chegou a receber para o risco em causa265.
16. A cessação do contrato e adesão nos seguros de grupo
16.1. Os seguros de grupo têm algumas particularidades que se encontram
autonomizadas em capítulo próprio266 e em que se distingue a cessação do
contrato da cessação da adesão sem que isso prejudique a continuidade do
contrato267. No entanto, deve-se desde já deixar frisado que os preceitos
relativos à cessação, em particular os artigos 82º a 84º, têm caráter supletivo, já
que não fazem parte do elenco de disposições imperativas.
Nesse sentido, e sem prejuízo de convenção contrária, nos preceitos relativos
aos seguros de grupo verificamos que o artigo 82º, nº 1, do RJCS268, prevê a
possibilidade de denúncia pelo segurado devido a alterações ao contrato de
seguro de grupo. Corresponde ao princípio que já abordámos de que o tomador
tem o direito de se desvincular do contrato caso existam alterações que
coloquem em causa a própria utilidade do mesmo, enquanto unidade jurídica,
cujo juízo, no caso do seguro de grupo, pertence ao segurado269.
Há, no entanto, a exceção que consta da parte final do nº 1, ou seja, a
denúncia não será possível «nos casos de adesão obrigatória270 em virtude de
relação estabelecida com o tomador do seguro», ainda que se deva observar os
limites da LCCG para que não haja exigências abusivas e se obrigue o segurado
a manter-se numa relação profundamente desequilibrada. Esta exceção relativa à
adesão obrigatória explica-se por serem situações em que em princípio não
haverá obrigações por parte do segurado, nomeadamente o pagamento do
prémio. Assim, se o segurado não tem gastos na prática também não seria lógico
denunciar algo que só lhe dá vantagens, ainda que diminuam ao longo do
tempo271.
Como temos vindo a fazer menção, a alteração de condições de um seguro
para a renovação dá direito tanto ao tomador como ao segurado, dependendo de
a quem as obrigações alteradas respeitem, de denunciar o contrato existindo uma
denúncia parcial de uma das partes seguida de proposta de modificação. O artigo
82º segue uma linha didática que alguns preceitos do RJCS272 contêm de
elucidar que existem determinados direitos que são aplicáveis não apenas ao
tomador mas também ao segurado, por ser a parte afetada pela alteração.
16.2. O artigo 83º prevê ainda as situações em que não sendo afetado o contrato
entre segurador e tomador, pode ser excluído um segurado, nomeadamente em
caso de:
a) cessação do vínculo com o tomador;
b)não pagamento do prémio ao tomador;
c) atos fraudulentos em prejuízo do segurador ou tomador.
240 V., por exemplo, a Diretiva Solvência II, 2009/138/CE, de 25 de novembro de 2009, do Parlamento
europeu e do Conselho, que no seu artigo 39º, nº 6, § 3 refere que «O disposto nos primeiro e segundo
parágrafos não prejudica o direito de os Estados-Membros preverem a possibilidade de os tomadores de
seguros rescindirem o contrato durante um determinado prazo a contar da transferência».
241Relativamente à transferência de carteira V. ARNALDO OLIVEIRA, A protecção dos credores de
seguros na liquidação de seguradoras, Almedina, Coimbra, 2000, págs. 178 e 179 e JOSÉ VASQUES,
Direito dos Seguros, Coimbra Editora, 2005, págs. 225 a 234. A possibilidade de resolução também é
válida em caso de liquidação da empresa de seguros, questão que não autonomizamos por crermos não ser
tão frequente. Sobre essa situação V. ARNALDO OLIVEIRA, Resumo da situação legal da liquidação de
empresas de seguros em Portugal, Revista Fórum, nº 11, Ano IV, Lisboa, 2000, pág. 24.
242 MOITINHO DE ALMEIDA distingue as reservas matemáticas das reservas individuais, sendo estas
que conferem o direito ao resgate. Cfr. do autor, O contrato de Seguro no direito Português e Comparado,
Livraria Sá da Costa Editora, Lisboa, 1971, págs. 325 e 326.
243 V. artigo 106º, nº 3, o qual refere que «Nos seguros com provisões matemáticas, em relação aos
quais o resgate seja permitido, a cessação do contrato que não dê lugar à realização da prestação determina
a obrigação de o segurador prestar o montante dessa provisão, deduzindo os custos de aquisição ainda não
amortizados, adicionando-se, se a ela houver lugar, o montante da participação nos resultados calculado pro
rata temporis».
244 O preâmbulo do Decreto-Lei nº 72/2008, de 16 de abril, contém uma referência a resgate. No breve
trecho sobre esta matéria pode-se ler que «Em matéria do chamado “resgate” — entendido tão-só como
meio jurídico de percepção de uma quantia pecuniária e não como forma de dissolução do vínculo subsiste
a regra da liberdade contratual das partes, permitindo aos seguradores a criatividade necessária ao bom
funcionamento do mercado. Mas a posição do tomador do seguro ou do segurado é integralmente
protegida através da atribuição ao segurador do dever de tornar possível à contraparte, a qualquer
momento, calcular o montante que pode haver através do resgate». Sobre o resgate enquanto forma de
cessação V. ROMANO MARTINEZ, Da Cessação…, Ob. Cit., pág. 89.
245 V. artigo 208º, nº 1, alínea b).
246 Cfr. do autor, O contrato de Seguro no direito Português e Comparado, Ob. Cit., 1971, pág. 331,
onde ainda refere que «nem sempre que um contrato de seguro de vida seja resolvido há direito ao valor de
resgate. É necessário que exista para o segurador um débito “certus an”, embora na generalidade do
casos “incertus quando”».
247 Cfr. JOSÉ VASQUES, Contrato de Seguro, Coimbra Editora, Coimbra, 1999, pág. 387.
248 Cfr. ABEL VEIGA COPO, Tratado del Contrato de Seguro, Segunda Edición, Thomson Reuters,
Cizur Menor, 2012, pág. 1632. Sobre a matéria da redução e resgate pode-se também consultar as págs.
1628 a 1642.
249 Relativamente à redução do contrato refere MOITINHO DE ALMEIDA que «a existência de
reserva matemática coloca o problema de se saber qual o seu destino na hipótese de resolução do contrato
por falta de pagamento de prémio. Costuma estabelecer-se nas apólices que nesse caso o contrato
subsistirá, com as mesmas características, mas com capital reduzido, funcionando a reserva como um
prémio único. É o que se chama a redução. Efectuada esta, a apólice fica liberada, isto é, isenta do
pagamento posterior de prémios». Cfr. do autor, O contrato de Seguro no direito Português e Comparado,
Ob. Cit., 1971, pág. 328.
250 Acessível em www.isp.pt
251 Sendo o resgate antes da data de vencimento a Circular do ISP prevê um prazo superior para o
pagamento por parte do segurador.
252 Sobre este preceito V. ARNALDO OLIVEIRA e EDUARDA RIBEIRO, Novo regime jurídico do
contrato de seguro: aspectos mais relevantes da perspectiva do seu confronto com o regime vigente,
Revista Fórum, nº 25, Lisboa, 2008, pág. 42.
253 V. FRANCISCO LUÍS ALVES, O regime do contrato de seguro de saúde no direito português,
Revista Fórum, nº 27, Instituto de Seguros de Portugal, 2009, Lisboa, pág. 26.
254 Atendendo a que o art. 217º é de imperatividade relativa (art. 13º, nº 1) pode ser estabelecido um
regime mais favorável ao tomador ou segurado, pelo que o contrato anterior pode prever a existência de
pluralidade de seguros, ficando na liberdade de escolha do tomador ou segurado qual a apólice que opta
para o pagamento das prestações de cuidados de saúde.
255 Por o artigo 99º não fazer parte do elenco de disposições imperativas dos artigos 12º e 13º.
256 Por exemplo, se alguém tem um acidente durante a vigência do contrato, mas só vai a uma consulta
médica após a sua cessação.
257 Cfr. arts. 100º, 101º e 106º, nº 2, do RJCS.
259 Cfr. Cláusula 19ª, nº 6, da Norma Regulamentar nº 14/2008-R, de 27 de novembro, que aprova a
parte uniforme das condições gerais da apólice de seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel.
260 Sobre a função social dos seguros V., por exemplo, SIMONI FORNI, Assicurazione e Impresa,
Giuffrè Editore, Milano, 2009, págs. 11 e 12 e Vincenzo Ferrari, Nuovo profili di Diritto delle
Assicurazioni, Giuffrè Editore, Milano, 2003, págs. 13 a 23.
261 Dispõe este preceito o seguinte:
«Artigo 147º
Meios de defesa
1 — O segurador apenas pode opor ao lesado os meios de defesa derivados do contrato de seguro ou de
facto do tomador do seguro ou do segurado ocorrido anteriormente ao sinistro.
2 — Para efeito do número anterior, são nomeadamente oponíveis ao lesado, como meios de defesa do
segurador, a invalidade do contrato, as condições contratuais e a cessação do contrato.». Sobre este
preceito V. a anotação de JOSÉ VASQUES em AAVV, Lei do Contrato de Seguro Anotada, Ob. Cit., págs.
495 e 496.
262 Cfr. acórdão do Tribunal da Relação de Guimarães, de 10-11-2011, Proc. 3389/09.2TBBCL-B.G1,
relatora Rita Romeira, em www.dgsi.pt.
263 Cfr. acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 31-05-2011, Proc. 2693/07.9TBMTS. P1.S1,
relator Moreira Alves, em www.dgsi.pt.
264 Os próprios acórdãos referem estar a seguir a corrente maioritária citando mais jurisprudência.
265 Aplicando-se o princípio da proporcionalidade conforme descrito no artigo 134º do RJCS relativo
ao subseguro. Também o artigo 7º, nº 1, do Decreto-Lei nº 291/2007, de 21 de agosto, relativo ao seguro de
garagista, prevê que «é inoponível ao lesado o facto de o acidente causado pelo respectivo segurado ter
sido causado pela utilização do veículo fora do âmbito da sua actividade profissional, sem prejuízo do
correspondente direito de regresso». Daqui resulta uma superior proteção a terceiros lesados, que não terão
que se envolver na discussão sobre a validade e cobertura do seguro.
266 V. Capítulo VII do RJCS.
267 Sobre a cessação do contrato de seguro de grupo V., por exemplo, MAGALI BIGOT-
GONÇALVES, Les Assurances de Groupe, Presses Universitaires d’Aix-Marseille, 2009, págs. 261 a 285
e BERNARD BEIGNIER, Droit des Assurances, Montchrestien, Paris, 2011, págs. 382 e 383. Sobre o
regime do contrato de seguro de grupo em geral no regime português com o RJCS pode-se consultar
MARGARIDA LIMA REGO, Contrato de Seguro e Terceiros, Coimbra Editora, Coimbra, 2010, págs. 777
a 867 e MARIA INÊS DE OLIVEIRA MARTINS, O seguro de vida enquanto tipo contratual legal,
Coimbra Editora, 2010, págs. 74 a 86. No regime anterior pode-se consultar PAULA RIBEIRO ALVES,
Intermediação de Seguros e Seguro de Grupo, Almedina, Coimbra, 2007, págs. 243 a 351.
268 Em sentido de que discordamos por entender que o regime especial da denúncia não se aplica aos
seguros contributivos por nesse caso se aplicar o regime geral de denúncia e não o artigo 82º, V.
MARGARIDA LIMA REGO, Seguros coletivos e de grupo, in Temas de Direito dos Seguros, Almedina,
Coimbra, 2012, pág. 314.
269 Sobre a leitura do artigo 82º refere MARGARIDA LIMA REGO que «o regime especial de
denúncia do vínculo resultante da adesão a um seguro coletivo por parte de um segurado nele consagrado
só se aplica aos seguros coletivos não contributivos que não sejam verdadeiros seguros de grupo,
aplicando-se o regime geral da cessação do contrato de seguro, quer aos verdadeiros seguros de grupo,
quer aos seguros coletivos que não sejam verdadeiros seguros de grupo mas cujos segurados suportem no
todo ou em parte, um respetivo prémio». Acrescenta ainda que «este regime não se aplica aos verdadeiro
seguros de grupo porque nesses contratos não há nenhum vínculo que os segurados possam fazer cessar».
Cfr. MARGARIDA LIMA REGO, Seguros coletivos e de grupo, Ob. Cit. pág. 313.
270 Sobre a expressão seguros de «adesão obrigatória» refere MARGARIDA LIMA REGO que «não
existe qualquer “adesão” no verdadeiro sentido do termo, muito menos qualquer “obrigação de adesão”,
querendo-se apenas dizer com a expressão que basta a pertença ao grupo seguro para conferir aos
segurados, de forma automática, a proteção do seguro coletivo celebrado pelo tomador por conta dos
segurados». Cfr. Seguros coletivos e de grupo, Ob. Cit., pág. 314.
271 Mais relevante do que ser de adesão obrigatória ou vinculativa é aferir se se constituem obrigações
para o segurado, nomeadamente de pagamento de prémio ou se ao invés a cobertura do seguro constitui
uma vantagem conferida pelo tomador.
272 V., por exemplo, o artigo 23º, nº 1, do RJCS, no sentido de que o incumprimento dos deveres de
informação pode dar lugar a responsabilidade civil nos termos gerais.
273 Sobre os requisitos para se constituir um seguro de grupo, onde o que mais releva é que as pessoas
não se devem unir apenas com o propósito de contratar um seguro de grupo, V. SWISS RE, The
fundamentals of Group Insurance, Zurich, 1993, págs. 8 a 10.
274 Ligando o seguro de grupo principalmente às relações laborais V. a noção de seguro de grupo dada
por JEAN-MARC BINON e MARIE-ANNE CRIJNS, L’Assurance Groupe en Belgique, Bruylant,
Bruxelles, 1996, pág. 13, onde referem que o seguro de grupo é um seguro coletivo subscrito por um
empregador em proveito de todos ou parte dos membros do seu pessoal e JOHN LOWRY e PHILIP
RAWLINGS, Insurance Law – Doctrines and Principles, second edition, Hart Publishing, Portland, 2005,
págs. 179 e 180. Sobre as situações típicas de quem é o tomador de um seguro de grupo V. MARIA INÊS
DE OLIVEIRA MARTINS, Seguros de vida contratado como seguros de grupo e crédito à habitação, in
Cadernos de Direito Privado, nº 39, Braga, 2012, pág. 53, onde refere que nas vestes de tomador temos o
empregador, o banco ou a ordem profissional.
275 Em sentido semelhante V. NUNO TRIGO DOS REIS, Os deveres de informação no contrato de
seguro de grupo, Relatório de Mestrado da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Lisboa, 2007,
pág. 27, quando refere que «Salvo estipulação em contrário no texto do contrato de seguro de grupo,
parece que, neste procedimento, não será necessário notificar o segurado da cessação dos efeitos do
contrato de seguro em relação a ele, porquanto este já não deverá contar com a inclusão no seguro de
grupo a partir do momento em que tem conhecimento da cessação da relação subjacente com o tomador».
276 Da mesma forma quando uma entidade bancária por motivos de concessão de um crédito é tomador
e beneficiário de um seguro de vida, caso o contrato de crédito cesse, ainda que o capital seja fixo, deixa de
existir o vínculo que fundamente a existência de um seguro de grupo.
277 MALCOM CLARKE, Policies and Perceptions of Insurance Law in the Twenty-First Century,
Oxford University Press, New York, 2009, págs. 153 a 155, aborda a matéria das razoáveis expetativas dos
segurados no sentido em que o clausulado deve refletir aquilo que é o objetivo do contrato. Da LCCG e do
RJCS também retiramos o mesmo princípio. A LCCG no seu artigo 11º, nº 1, referente a cláusulas ambíguas
determina que «as cláusulas contratuais gerais ambíguas têm o sentido que lhes daria o contratante
indeterminado normal que se limitasse a subscrevê-las ou a aceitá-las, quando colocado na posição de
aderente real», referindo ainda o nº 2 que «na dúvida, prevalece o sentido mais favorável ao aderente». Por
sua vez, o RJCS nos artigos 12º e 13º reforça a proteção do consumidor com o elenco de disposições
imperativas e o artigo 45º, nº 1, refere que «as condições especiais e particulares não podem modificar a
natureza dos riscos cobertos tendo em conta o tipo de contrato celebrado».
278 No quadro do direito francês VÉRONIQUE NICOLAS pronuncia-se sobre esta matéria referindo
que a rutura entre o tomador e o aderente não é um obstáculo a que a relação entre o segurador e o aderente
continue. Cfr. da autora, Droit des Contrats d’Assurance, Economica, Paris, 2012, pág. 342.
279 Cfr. MARGARIDA LIMA REGO, Seguros coletivos e de grupo, in Temas de Direito dos Seguros,
Almedina, Coimbra, 2012, pág. 304. Cfr. AAVV, Lei do Contrato de Seguro Anotada, 2ª edição, Almedina,
Coimbra, 2011, pág. 333.
280 Cfr. AAVV, Lei do Contrato de Seguro Anotada, 2ª edição, Almedina, Coimbra, 2011, pág. 333.
281 Em sentido contrário V. MARGARIDA LIMA REGO, Seguros coletivos e de grupo, Ob. Cit., pág.
317, referindo que «a lei não é clara mas parece resultar de uma interpretação a contrario que são só estas
as possíveis causas de exclusão individualizada de um segurado».
282 Em caso de omissões ou inexatidões as consequências estão previstas nos artigos 25º e 26º.
283 Cfr. da autora, Seguros coletivos e de grupo, Ob. Cit., pág. 322.
284 Cfr. acórdão do Tribunal da Relação do Porto, de 30-10-2012, Proc. 992/10.1TBAMT.P1, relator
Henrique Araújo, em www.dgsi.pt.
285 Caso não haja convenção que imponha ao segurado o pagamento direto ao segurador. V. artigo 80º,
nº 1, do RJCS.
286 V. artigo 80º, nº 3, do RJCS.
1. Fundamentos da Diretiva
A Diretiva 2005/29/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de maio de
2005296, relativa às práticas comerciais desleais trouxe um acervo de regras e
padrões mínimos de proteção ao consumidor a cumprir por parte das empresas e
assegurando os casos em que não exista legislação setorial específica ao nível
comunitário297.
Os objetivos da diretiva prendem-se com a harmonização máxima do seu
conteúdo em todos os países da União Europeia de modo a permitir o
desenvolvimento das atividades transfronteiriças, o bom funcionamento do
mercado interno298 e a existência de segurança jurídica. Tais objetivos
beneficiam de uma forma direta o consumidor e de uma forma indireta as
empresas299.
Com a proteção direta do consumidor pretende-se que o consumidor tome
decisões esclarecidas, tendo uma redoma à sua volta que o proteja relativamente
a influências indevidas estabelecidas na diretiva e já reconhecidas na realidade
empresarial, que é ativa e dinâmica na procura de clientes, recorrendo, em
algumas situações, a técnicas que não correspondem ao respeito dos ditames da
boa fé300.
Indiretamente protege-se também as empresas que funcionam no mercado de
forma legítima. Por essa via, criaram-se regras que visam a existência de
concorrência leal entre as empresas.
Ao nível da estrutura da diretiva as práticas comerciais desleais são divididas
em práticas comerciais enganosas (por ação e omissão) e práticas comerciais
agressivas, prevendo-se a existência de meios dissuasores para as combater.
No mesmo sentido sobre esta nova realidade jurídica também se pronuncia
ADELAIDE MENEZES LEITÃO referindo que a «nova disciplina sobre práticas
comerciais desleais não pode ser vista como puro direito do consumo de mera
proteção do consumidor, mas antes uma disciplina de ordenação do mercado
que protege directamente consumidores e indirectamente os concorrentes»301.
Por seu lado, MICHEL CANNARSA entende que a vocação generalista do regime
das práticas comerciais desleais contribui para conferir a certas partes do direito
do consumo características próprias de direito comum302.
Atendendo a que este regime, como veremos, também poderá ter
aplicabilidade em várias práticas seguradoras para além daquela em que há
expressa menção aos seguros303 existe uma receção deste direito comum
generalista304 nas especificidades tão próprias do direito dos seguros.
3.5.2.4. Relacionado com esta ação está a alínea g), a qual prevê situações em
que haja recusa de encomendas relativas ao bem ou serviço que foi publicitado
ou a sua entrega ou o fornecimento num prazo razoável, pelo que mesmo que
aqueles não estejam disponíveis, não pode o profissional recusar-se a aceitar
encomendas, tendo que cumprir aquilo que publicitou. Na mesma tipologia de
situações se inclui a prevista na alínea x) nomeadamente através da organização
de um concurso ou uma promoção com prémio sem entregar os prémios
descritos ou um equivalente razoável.
3.5.2.12. Por último, também não é permitido, nos termos da alínea aa) «Incluir
no material de promoção comercial factura ou documento equiparado
solicitando o pagamento, dando ao consumidor a impressão de já ter
encomendado o bem ou serviço comercializado, quando tal não aconteceu».
Assim, será o caso de um segurador que remeta uma apólice, com ou sem
material de promoção, solicitando o pagamento do prémio e dando a impressão
ao consumidor de estar vinculado ao contrato de seguro sem que este tenha dado
a sua aceitação.
3.6.3.2. Assente aquilo que se pode entender por consumidor e quem pode exigir
uma indemnização de um segurador ou exercer direitos contratuais, resta
analisar as duas situações previstas na alínea d), ou seja:
− obrigar o consumidor, que pretenda solicitar indemnização ao abrigo de
uma apólice de seguro, a apresentar documentos que, de acordo com os critérios
de razoabilidade, não possam ser considerados relevantes para estabelecer a
validade do pedido;
− deixar sistematicamente sem resposta a correspondência pertinente, com o
objetivo de dissuadir o consumidor do exercício dos seus direitos contratuais.
I. A omissão sistemática
A omissão sistemática pode entender-se como sendo referente à omissão
múltipla perante um conjunto de consumidores, em vários sinistros ou perante
um único consumidor desde que sejam diversas as comunicações que deixa sem
resposta.
A dificuldade estará em perceber se duas omissões de resposta podem ser
entendidas como sistemáticas ou se terão que ser muitas mais. Duas hipóteses
viáveis se colocam:
a) perante um único processo de sinistro deixar mais do que uma
comunicação sem resposta poderá ser entendido como sistemático, podendo ser
mais indiciador se tiver deixado mais de metade das comunicações sem resposta.
Assim, tal poderá ocorrer na ausência de resposta a pedidos de informação sobre
a regularização do sinistro ou na negociação de uma indemnização;
b)um segurador que tenha como prática a gestão não diligente de sinistros,
que não aceda aos pedidos dos seus clientes ou lesados por um longo período de
tempo, incumprindo a maioria dos prazos de resposta a que esteja obrigado, seja
por códigos de conduta, seja por imposição legal ou regulamentar.
Outro aspeto relevante está ligado à própria conclusão de que existe uma
omissão, ou seja, a partir de que momento é que podemos considerar que o
segurador já deveria ter dado resposta. Por certo, não serão exigíveis respostas
no próprio dia, mas também não serão aceitáveis respostas decorridos que sejam
dois anos que coloquem em causa os direitos dos consumidores.
Deste modo, terá que se recorrer aos critérios legais e contratuais que existam
para cada situação concreta em que possam estar previstos prazos ou, no limite,
quando o decurso do tempo seja de tal forma excessivo que o segurador não
poderia deixar de supor que para a sua resposta ter utilidade teria que ser mais
atempada. Em última análise terá que se atender aos prazos de prescrição e
caducidade que existam como veremos em seguida372.
O artigo 21º prevê as coimas aplicáveis e sanções acessórias que podem ser
aplicadas em função da gravidade da infração e culpa do agente por parte do
Instituto de Seguros de Portugal391.
No que se refere às coimas o nº 1 prevê que «a violação do disposto nos
artigos 4º a 12º constitui contra-ordenação punível com coima de (euro) 250 a
(euro) 3740,98, se o infractor for pessoa singular, e de (euro) 3000 a (euro) 44
891,81, se o infractor for pessoa colectiva».
O nº 2 prescreve, no que se refere às sanções acessórias que maior impacto
terão no setor segurador, o seguinte:
− interdição do exercício de profissões ou actividades cujo exercício dependa
de título público ou de autorização ou homologação de autoridade pública
[alínea b)];
− encerramento de estabelecimento [alínea c)];
− publicidade da aplicação das coimas e das sanções acessórias, a expensas
do infrator [alínea d)].
6. Conclusões
6.1. O regime das práticas comerciais desleais constante da Diretiva 2005/29/CE
e do DL 57/2008 faz menção a um vasto conjunto de matérias no relacionamento
entre os profissionais e os consumidores, em que identificamos com maior
relevância para os seguros as seguintes:
− a informação na formação ou execução de um contrato, ainda que o mesmo
não se venha a concretizar;
− a influência indevida sobre a decisão do consumidor no âmbito de um
contrato ou sinistro;
− a decisão não esclarecida do consumidor.
6.2. Entendemos por consumidor de seguros, como vimos, a pessoa singular que
seja tomador, segurado, lesado ou beneficiário de um seguro. A dificuldade no
conceito de consumidor que analisámos é a de um beneficiário ou lesado não ter
contratado diretamente o seguro, mas diremos que age, para efeitos de direito do
consumo, em representação de quem fez o contrato sob pena de o contrato de
seguro não ser acionável ou tenha aquele que o contratou que responder
diretamente pelos danos causados.
6.3. A legislação específica do setor segurador já prevê diversas obrigações de
informação e diligência entre as partes em particular, de forma mais reforçada,
para o segurador. De todo o modo, não são de ignorar os benefícios do regime
das práticas comerciais desleais, o qual agregado ao regime jurídico específico
da atividade seguradora, providencia um sistema jurídico mais compacto e
dissuasor de práticas incorretas. 6.4. Ainda assim, teremos que realçar que em
determinadas matérias a que fizemos menção o grau de utilização de conceitos
abertos e indeterminados poderá dificultar a aplicabilidade do regime
sancionatório e por essa via a total aplicabilidade do DL 57/2008. A alteração da
Diretiva e da lei nacional, de modo a providenciar alguns critérios objetivos,
permitiria a sua melhor compreensão por parte dos agentes do mercado, onde se
incluem os que atuam nos seguros e nos fundos de pensões.
-
296 Sobre esta Diretiva V., por exemplo, LUÍS MENEZES LEITÃO, A protecção do consumidor
contra as práticas comerciais desleais e agressivas, in O Direito, anos 134 e 135, 2002-2003, Almedina,
Coimbra, 2004, págs. 69 a 85 e em Estudos de Direito do Consumidor, nº 5, Centro de Direito do Consumo,
Coimbra, 2003, págs. 163 a 206; ELSA DIAS OLIVEIRA, Práticas Comerciais Proibidas, in Estudos do
Instituto de Direito do Consumo, Vol. III, Almedina, Coimbra, 2006, págs. 147 a 173; ASSUNÇÃO
CRISTAS, Concorrências desleal e protecção do consumidor: a propósito da Directiva 2005/29/CE, in
Homenagem da Faculdade de Direito de Lisboa ao Professor Doutor Inocêncio Galvão Telles, 90 anos,
Almedina, Coimbra, 2007, págs. 141 a 162; PEGADO LIZ, A “lealdade” no comércio ou as desventuras
de uma iniciativa comunitária (análise crítica da Directiva 2005/29/CE), in Revista Portuguesa de Direito
do Consumo, nº 44, Coimbra, 2005, págs. 17 a 93; CLÁUDIA GOMES ABRUNHOSA, Práticas
comerciais desleais – Um estudo da Directiva 2005/29/CE, in Revista Portuguesa de Direito do Consumo,
nº 61, Coimbra, Março de 2010, págs. 45 a 127; LUIS GONZÁLEZ VAQUÉ, La Directiva 2005/29/CE
relativa a las prácticas comerciales desleales: entre el objetivo de una armonización total y el enfoque de
plena armonización en materia de protección de los consumidores, 2005,
“http://www.diritto.it/docs/archivio/1/20883.pdf (recolhido em janeiro de 2012); FERNANDO GÓMEZ
POMAR, The Unfair Commercial Pratices directive: A Law and Economics Perspective, InDret – Revista
para el Análisis del Derecho, nº 330, Barcelona, 2006 e www.indret.com (recolhido em março de 2012);
JOSÉ MASSAGUER FUENTES, Las práticas comerciales engañosas en la Directiva 2005/29/CE sobre
las práticas comerciales desleales, in Actualidad Jurídica – Uria Menéndez, nº 13, Dykinson, Madrid,
2006, págs. 13 a 25; JOSÉ MASSAGUER, La transposición al derecho español de la Directiva
2005/29/CE sobre práticas comerciales desleales, in Boletín de Información, Ano LX, num. 2013,
Ministerio de Justicia, Madrid, 2006, págs. 1925 a 1963; GERAINT HOWELLS, HANS W. MICKLITZ e
THOMAS WILHELMSSON, European Fair Trading Law: The Unfair Commercial Practices Directive,
Ashgate, Hampshire, 2006; STEPHEN WEATHERILL e ULF BERNITZ, The Regulation of Unfair
Commercial Practices Under EC Directive 2005/29: New Rules and New Techniques , Hart Publishing,
Oxford, 2007; MARIA ADALGISA CARUSO, Le pratiche commerciali aggresive, CEDAM, Milano,
2010; ANDREA GAGLIARDI, Pratiche commerciali scorrete, UTET, Torino, 2009; AAVV, Le
«pratiche commerciali sleali» tra imprese e consumatori – La directiva 2005/29/CE e il diritto
italiano, Giappichelli Editore, Torino, 2007; AAVV, Le pratiche commerciali sleali, Quaderni di
Giurisprudenza Commerciale nº 300, Giuffrè, Milano, 2007; EZIO GUERINONI, Le pratiche
commerciali scorrete, Giuffrè, Milano, 2010; LUIGI VIGORITI, Verso l’attuazione della Direttiva sulle
pratiche commerciali sleali, in Europa e diritto privato, nº 2/2007, Giuffrè, Milano, 2007, págs. 521 a 540;
ALESSANDRA PERA, La Direttiva sulle pratiche commerciali sleali tra tutela del consumatore e
disciplina della concorrenza, in Revista di Diritto Civile, ano LIV, nº 4 Luglio-Agosto, Padova, 2008,
págs. 485 a 521; ROSSELA INCARDONA, La Direttiva N 2005/29/CE sulle pratiche commerciali
sleali: prime valutazioni, in Diritto comunitário e degli scambi internazionali, Ano XLV, nº 2 – Aprile-
Giugno 2006, Editoriale Scientifica, Napoli, 2006, págs. 361 a 383 e LÉONARD COX e CHARLES
GHEUR, La directive sur les pratiques commerciales déloyales: Analyse critique de sa transposition
en droit belge et en droit français, in Revue européene de droit de la consommation, nº 2/2007-2008,
Larcier, Bruxelles, 2008, págs. 185 a 213.
297 ADELAIDE MENEZES LEITÃO assinala que a disciplina das práticas comerciais desleais
«configura mais um marco na “americanização” do direito privado europeu, uma vez que recorre ao modelo
das unfair trade pratices constantes da Secção 5 do Federal Trade Comission Act». Cfr. da autora, Práticas
comerciais desleais como impedimento à outorga de direitos industriais?, in Direito Industrial, Vol. VII,
Almedina, Coimbra, 2010, págs. 267 e 268. Sobre este assunto V. igualmente ROBERT LANDE,
Revitalizing Section 5 of the FCT Act Using “consumer Choice” Analysis, em
http://www.antitrustinstitute.org/files/Feb09-Lande2-26f_030320092134 pdf, fevereiro de 2009 (recolhido
em março de 2012).
298 Na base da Diretiva estão os artigos 94º e 95º do Tratado da União Europeia, que fazem menção ao
funcionamento do mercado comum e do mercado interno, bem como à proteção dos consumidores.
299 A este propósito CLÁUDIA GOMES ABRUNHOSA, Ob. Cit., pág. 55, refere que «o cidadão/
consumidor comunitário assume hoje as vestes de motor do mercado interno comunitário».
300 A propósito do direito francês e da lei 2008-3, de 3 de janeiro de 2008, que promoveu a reforma das
práticas comerciais desleais, DIDIER FERRIER aborda a matéria da concorrência como aspeto a favorecer
a baixa de preços e até que medida poderá ser excessiva. V. do autor, La reforme des pratiques
commerciales, in Recueil Dalloz, nº 7 de 2008, ano 184, Dalloz, Paris, 2008, págs. 429 a 433.
301 Cfr. Ob. Cit., pág. 272.
302 V. do autor, La reforme des pratiques commerciales déloyales par la loi Chatel – Le droit commun
à la reencontre du droit de la consonmmation, in La Semaine Juridique – Édition Générale, nº 36, Lexis
Nexis, Paris, 2008, pág. 18.
303 V. artigo 12º, alínea d).
304 A Diretiva procura ser suficientemente abrangente para tocar em todas as áreas em que o
consumidor pode ser afetado.
305 Sobre o DL 57/2008, V., por exemplo, na doutrina JORGE MORAIS DE CARVALHO, Práticas
comerciais desleais das empresas face aos consumidores, in Revista de Direito das Sociedades, Ano III, nº
1, Almedina, Coimbra, 2011, págs. 187 a 219; ADELAIDE MENEZES LEITÃO, Práticas comerciais
desleais como impedimento à outorga de direitos industriais?, in Direito Industrial, Vol. VII, Almedina,
Coimbra, 2010, págs. 265 a 283; ALEXANDRE SOVERAL MARTINS, A transposição da Directiva sobre
práticas comerciais desleais (Directiva 2005/29/CE) em Portugal pelo Decreto-Lei nº 57/2008, de 26 de
Março, in Estudos em Homenagem ao Professor Doutor Carlos Ferreira de Almeida, Vol. I, Almedina,
Coimbra, 2011, págs. 569 a 585 e LUÍS MENEZES LEITÃO, As Práticas Comerciais Desleais nas
Relações de Consumo, in Liber Amicorum Mário Frota, Almedina, Coimbra, 2012, págs. 369 a 386.
306 Cfr. Jornal Oficial das Comunidades Europeias de 09-10-2002.
307 Aqui teremos também que incluir os Regulamentos comunitários que, pela sua eficácia horizontal,
são diretamente aplicáveis sem necessidade de transposição. O Tribunal de Justiça estabeleceu no acórdão
Van Gend en Loos, proc. 26/62, o princípio do efeito direto. Não obstante, indicou como condição que as
obrigações devem ser precisas, claras, incondicionais e não devem requerer medidas complementares, de
carácter nacional ou europeu. Os regulamentos têm sempre um efeito direto. O artigo 288º do Tratado sobre
o Funcionamento da UE dispõe que os regulamentos são diretamente aplicáveis nos Estados-Membros. O
Tribunal de Justiça através do acórdão Politi de 14 de dezembro de 1971, proc. C-24/92, determina aquilo
que se considera como um efeito direto completo.
308 Os que se incluem nessas atividades, sejam pessoas singulares ou coletivas, são tidos como
profissionais. Estão ainda abrangidos os que atuem em nome ou por conta desse profissional nos termos do
artigo 3º, alínea b).
309 Sobre a problemática da extensão do conceito de consumidor V. JOÃO CALVÃO DA SILVA,
Responsabilidade Civil do Produtor, Almedina, Coimbra, 1999, págs. 58 a 64; CARLOS FERREIRA DE
ALMEIDA, Direito do Consumo, Almedina, Coimbra, 2005, págs. 44 a 58; FERNANDO BAPTISTA DE
OLIVEIRA, O Conceito de Consumidor – Perspectivas Nacional e Comunitária, Almedina, Coimbra,
2009, pág. 51 e seguintes; NATHALIE RZEPECKI, Droit de la Consomation et Théorie Générale du
Contrat, Presses Universitaires D’Aix-Marseille, Puam, 2002, págs. 297 a 318 e JUAN VILLALBA
CUÉLLAR, La noción de consumidor en el derecho comparado y en el derecho colombiano, in
Vniversitas, nº 119, Bogotá, julio-diciembre de 2009, págs. 305 a 340. Sobre as dimensões de consumidor
de seguros V. FILIPPO ROMEO, La Tutela del “Consumatore” nel contratto di assicurazione danni,
Giuffrè Editore, Milano, 2004, págs. 98 a 114.
310 Cfr. em www.dgsi.pt, no Proc. 1097/04.0TBLLE.E1.S1, tendo como relator Moreira Alves.
316 Cfr. artigos 2º, nº 3 e 9º, nº 4, do DL 57/2008. Veja-se também que o artigo 18º do RJCS refere-se a
deveres de informação ao tomador, não fazendo distinção entre pessoas singulares e coletivas. É o que
acontece por regra, salvo algumas exceções como a prevista no artigo 27º do RJCS quanto ao valor do
silêncio do segurador em que se distingue o tomador do seguro enquanto pessoa singular.
317 «Qualquer pessoa singular que, nas práticas comerciais abrangidas pelo presente decreto-lei,
(…)».
318 Alínea d) do artigo 3º.
319 V., por exemplo, quanto ao facto de o mediador ser punido pelo incumprimento dos seus deveres o
artigo 77º, alínea h) do DL 144/2006, o qual prevê como contraordenação o «incumprimento por mediador
de seguros de qualquer dos deveres para com os clientes fixados nos artigos 31º a 33º».
320 Não é o segurador o agente incumpridor.
321 Refere o nº 3 o seguinte: «O contrato de seguro que o mediador de seguros, agindo em nome do
segurador, celebre sem poderes específicos para o efeito é eficaz em relação a este se tiverem existido
razões ponderosas, objectivamente apreciadas, tendo em conta as circunstâncias do caso, que justifiquem a
confiança do tomador do seguro de boa fé na legitimidade do mediador de seguros, desde que o segurador
tenha igualmente contribuído para fundar a confiança do tomador do seguro». Sobre a representação do
segurador pelo mediador V. igualmente o regime do Decreto-Lei nº 144/2006, em particular o dever do
mediador, previsto no artigo 29º, alínea a), de «Celebrar contratos em nome da empresa de seguros apenas
quando esta lhe tenha conferido, por escrito, os necessários poderes;».
322 MENEZES CORDEIRO na sua obra Da boa fé no direito civil, Almedina, Coimbra, 2007, pág.
1229, refere que «diligência corresponde à medida de esforço ou de colaboração exigível ao devedor no
cumprimento das suas obrigações».
323 V. a alínea h) do artigo 3º, a qual refere que diligência profissional é «o padrão de competência
especializada e de cuidado que se pode razoavelmente esperar de um profissional nas suas relações com os
consumidores, avaliado de acordo com a prática honesta de mercado e ou com o princípio geral de boa fé
no âmbito da actividade profissional;».
324 Cfr. Ob. Cit., pág. 274.
325 Conforme dispõe a alínea i) do artigo 3º entende-se por «Convite a contratar» «uma comunicação
comercial que indica as características e o preço do produto de uma forma adequada aos meios utilizados
pela comunicação comercial, permitindo assim que o consumidor efectue uma aquisição;».
326 Segundo a alínea l) corresponde à «decisão tomada por um consumidor sobre a questão de saber se,
como e em que condições adquirir, pagar integral ou parcialmente, conservar ou alienar um produto ou
exercer outro direito contratual em relação ao produto, independentemente de o consumidor decidir agir ou
abster-se de agir;».
327 Cfr. do autor, A Transposição da Directiva sobre Práticas Comerciais Desleais (Directiva
2005/29/CE) em Portugal pelo Decreto-Lei nº 57/2008, de 26 de março, in Estudos em Homenagem ao
Professor Doutor Carlos Ferreira de Almeida, Coimbra, 2011, pág. 576.
328 Cfr. do autor, Práticas comerciais desleais das empresas face aos consumidores, in Revista de
Direito das Sociedades, Ano III, nº 1, Almedina, Coimbra, 2011, págs. 188 e 189.
329 Sobre esta matéria V. entre outros, Hélio Rodrigues, O conceito consumidor médio no panorama
comunitário: subsídios para a sua compreensão, in Revista Portuguesa de Direito do Consumo, nº 58,
Coimbra, 2009, págs. 15 a 42; FERNANDO BAPTISTA DE OLIVEIRA, O Conceito de Consumidor –
Perspectivas Nacional e Comunitária, Almedina, Coimbra, 2009, págs. 199 a 203; LUIS GONZÁLEZ
VAQUÉ, La noción de consumidor medio según la jurisprudencia del Tribunal de Justicia de las
Comunidades Europeas, Revista de derecho comunitario europeo, Madrid, a.8, nº 17 (Enero-Abril 2004),
págs. 47 a 81; MARIA ADALGISA CARUSO, Le pratiche commerciali aggresive, CEDAM, Milano,
2010, págs. 54 a 74; ALESSANDRO SACCOMANI, Le nozioni de consumatore e di consumatore medio
nella direttiva 2005/29/CE, in Le pratiche commerciali sleali (a cura di Enrico Minervini e Liliana Rossi
Carleo), Quaderni di Giurisprudenza Commerciale nº 300, Giuffrè, Milano, 2007, págs. 141 a 165.
330 Note-se que segundo a Diretiva o consumidor médio é normalmente informado e razoavelmente
atento, o que não deixa de redundar em apreciações subjetivas para aferir o que é normal e razoável.
331 Cfr. da autora, O consumidor de referência para avaliar a deslealdade da publicidade e de outras
práticas comerciais, in Estudos em homenagem ao Professor Doutor Carlos Ferreira de Almeida, Coimbra,
2011, pág. 535.
332 A transparência surge como um princípio base na estrutura dos contratos de consumo. Para maiores
desenvolvimentos, V. ÉLISE POILLOT, Droit Européen de la Consomation et uniformisation du Droit
des Contrats, LGDJ, Paris, 2006, págs. 211 a 233.
333 Este será o conjunto de regras destinadas a proteger os tomadores de seguros, segurados,
beneficiários ou terceiros lesados. ANTÓNIO PINTO MONTEIRO define direito do consumidor como «o
conjunto de princípios e regras destinadas à protecção do consumidor». Cfr. Sobre o direito do
consumidor em Portugal, em Estudos de Direito do Consumidor, nº 4, Centro de Direito do Consumo,
Coimbra, 2002, pág. 121, pelo que se poderá concluir que os princípios de conduta de mercado cumprem a
mesma função, ou seja, proteger o consumidor, o que para a área seguradora será uma acepção que abranja
as figuras mencionadas no Artigo 131º-C.
334 O artigo 2º, nº 1, deste diploma legal refere que «considera-se consumidor todo aquele a quem
sejam fornecidos bens, prestados serviços ou transmitidos quaisquer direitos, destinados a uso não
profissional, por pessoa que exerça com carácter profissional uma actividade económica que vise a
obtenção de benefícios». Através desta definição ficariam excluídas as pessoas singulares ou colectivas que
contratassem um seguro de responsabilidade civil profissional.
335 A identificação dos ramos que se consideram como “grandes riscos” consta no artigo 2º, nº 3, do DL
94-B/98.
336 Em princípio o prazo de resposta não deve exceder os 20 dias. V. artigo 12º, nº 2, da Norma
Regulamentar nº 10/2009-R.
337 Sobre a boa fé na gestão de um sinistro V., por exemplo, ALBERTO MONTI, Buona Fede e
Assicurazione, Giuffrè, Milano, 2002, págs. 29 a 34.
338 Aproveitamos para transcrever o texto com as recomendações em causa. «1 – Sem prejuízo da
faculdade prevista no nº 3 infra, os documentos exigíveis para efeitos de pagamento do valor de resgate e
do valor de reembolso no vencimento do contrato não deverão exceder os seguintes: a) No âmbito dos
seguros de capitalização:
(i) Tratando-se do valor de resgate: bilhete de identidade e cartão de contribuinte ou, em alternativa,
cartão de cidadão;
(ii) Tratando-se do valor de reembolso, em caso de sobrevivência: bilhete de identidade e cartão de
contribuinte ou, em alternativa, cartão de cidadão, e, adicionalmente, caso o beneficiário não se apresente
presencialmente, certidão de nascimento;
(iii) Tratando-se do valor de reembolso, em caso de morte: bilhete de identidade e cartão de contribuinte
ou, em alternativa, cartão de cidadão, documentação inerente à participação do sinistro, certidão do
assento de óbito e documento comprovativo da qualidade de herdeiro ou beneficiário.
b) No âmbito das operações de capitalização:
(i) Tratando-se do valor de resgate: bilhete de identidade e cartão de contribuinte ou, em alternativa,
cartão de cidadão, e título;
(ii) Tratando-se do valor de reembolso: bilhete de identidade e cartão de contribuinte ou, em alternativa,
cartão de cidadão, e título;
(iii) Tratando-se do valor de reembolso, em caso de morte: bilhete de identidade e cartão de contribuinte
ou, em alternativa, cartão de cidadão, título e, adicionalmente, caso este seja nominativo, certidão do
assento de óbito e documento comprovativo da qualidade de herdeiro.
2 – Sem prejuízo da faculdade prevista no número seguinte, o pagamento das quantias contratualmente
devidas deverá ser efectuado dentro dos seguintes prazos, a contar da data da recepção dos documentos
necessários para o efeito:
Circular nº 10/2009, de 20 de Agosto 5
a) Tratando-se do valor de resgate: 10 dias úteis;
b) Tratando-se do valor de reembolso, em caso de sobrevivência: 5 dias úteis;
c) Tratando-se do valor de reembolso, em caso de morte: 20 dias úteis.
3 – Os documentos exigidos e os prazos estabelecidos para o pagamento devem ser adequados à liquidez,
natureza e complexidade do produto e, bem assim, aos factos que determinam o pagamento, tendo em conta
o princípio da proporcionalidade, podendo, em situações devidamente justificadas, ser exigidos
documentos adicionais ou estabelecidos prazos mais longos, em derrogação do previsto nos dois números
anteriores.
4 – Para além das regras legais enunciadas supra, o segurador não pode fazer impender sobre o tomador
do seguro, o subscritor, o beneficiário ou o portador do título quaisquer ónus que não sejam efectivamente
indispensáveis ao pagamento do valor de resgate ou do valor de reembolso no vencimento do contrato. 5 –
O segurador deve divulgar, no respectivo sítio da Internet, as condições de pagamento do valor de resgate e
do valor de reembolso no vencimento do contrato, designadamente as diligências e documentos exigíveis e
os prazos estabelecidos para o efeito».
339 Refere este preceito que «o segurado deve ter um interesse digno de proteção legal relativamente ao
risco coberto, sob pena de nulidade do contrato».
340 Esta é a alínea mais abrangente, já que a mesma integra praticamente todo o processo de venda do
produto ou serviço e os direitos na execução do contrato. Refere a mesma o seguinte: «As características
principais do bem ou serviço, tais como a sua disponibilidade, as suas vantagens, os riscos que apresenta,
a sua execução, a sua composição, os seus acessórios, a prestação de assistência pós-venda e o tratamento
das reclamações, o modo e a data de fabrico ou de fornecimento, a entrega, a adequação ao fim a que se
destina e as garantias de conformidade, as utilizações, a quantidade, as especificações, a origem
geográfica ou comercial ou os resultados que podem ser esperados da sua utilização, ou os resultados e as
características substanciais dos testes ou controlos efectuados ao bem ou serviço;».
341 Por exemplo, o profissional informar que para usufruir de um determinado serviço precisa de
contratar um outro, o que já é vedado pelo artigo 9º, nº 6, da Lei, nº 24/96, de 31 de julho (Lei de Defesa do
Consumidor), ou o profissional indicar que a máquina adquirida terá que ter uma peça substituída bem antes
do que seria suposto sob a aparência de que a mesma poderia deixar de funcionar.
342 A alínea f ) do artigo 7º faz ainda menção às relações do profissional e os seus direitos de
propriedade industrial, comercial ou intelectual, mas consideramos que tal já se relaciona com a 1ª parte da
alínea quanto às qualificações e autorizações que o profissional tem para vender um determinado bem ou
produto.
343 Dispõe a alínea g) que pode constituir uma ação enganosa a prestação de informações falsas sobre
«os direitos do consumidor, em particular os direitos de substituição, de reparação, de redução do preço ou
de resolução do contrato nos termos do disposto no regime aplicável à conformidade dos bens de consumo,
e os riscos a que o consumidor pode estar sujeito». Assim, quem adquira um bem novo, de acordo com o
Decreto-Lei nº 67/2003, de 8 de abril (alterado e republicado pelo Decreto-Lei nº 84/2008, de 21 de maio),
tendo automaticamente dois anos de garantia, não pode o profissional informar que o consumidor tem
apenas um ano de garantia, já que isso poderá levar a que o mesmo, por incorreta informação, não exerça os
seus direitos contratuais. Em termos de seguros, o segurador fornecer informações de prazos para resolução
do contrato contrários ou menos vantajosos para o consumidor que os previstos no artigo 118º do RJCS.
344 Para maiores pormenores consultar a informação disponibilizada pelo Instituto Português de
Qualidade em http://www.ipq.pt.
345 Cfr. artigo 566º do Código Civil e artigo 15º do DL 57/2008.
346 Atendendo aos rácios de solvência e à gestão sã e prudente que obriga o segurador a ponderar qual o
valor do prémio a cobrar atendendo à sua experiência de riscos.
347 Da mesma forma, se uma companhia aérea publicita, com restrição dos lugares disponíveis num
avião, baixos custos para os bilhetes, a oferta cessa quando o avião se encontra lotado.
348 Refere a alínea z) o seguinte: «Descrever o bem ou serviço como «grátis», «gratuito», «sem
encargos» ou equivalente se o consumidor tiver de pagar mais do que o custo indispensável para responder
à prática comercial e para ir buscar o bem ou pagar pela sua entrega;».
349 Refere esta alínea o seguinte: «Declarar que a compra ou venda de um bem ou a prestação de um
serviço é lícita ou transmitir essa impressão quando tal não corresponda à verdade;».
350 Situação diferente será a de através de um seguro de responsabilidade civil ficarem cobertos atos
dos quais possam também derivar responsabilidade criminal conforme prevê o artigo 14º, nº 2, do RJCS.
351 Uma forma de obstar à existência de prática comercial desleal é a de quando indica que tem 30 dias
para proceder à resolução mencionar que é um direito que decorre da lei.
352 A alínea ab) do artigo 8º coloca igualmente o enfoque nos enganos relativos à identificação do
profissional, particularmente nas situações em que dá a impressão de não estar a agir para fins relacionados
com a sua atividade comercial, industrial, artesanal ou profissional ou apresentar-se falsamente como
consumidor. Pretende o legislador reforçar a transparência. Sobre o facto de a Diretiva das práticas
comerciais desleais ter levado à evolução do princípio da transparência V. PIERFRANCESCO
BARTOLOMUCCI, Le pratiche commerciali sleali ed il contrato: un’evoluzione del principio di
transparenza, in Le pratiche commerciali sleali (a cura di enrico Minervini e Liliana Rossi Carleo),
Quaderni di Giurisprudenza Commerciale nº 300, Giuffrè, Milano, 2007, págs. 255 a 273.
353 Refere esta alínea o seguinte «Transmitir informações inexactas sobre as condições de mercado ou
sobre a possibilidade de encontrar o bem ou serviço com a intenção de induzir o consumidor a adquirir o
bem ou a contratar a prestação do serviço em condições menos favoráveis do que as condições normais de
mercado».
354 Sobre este nº 3, V. ALEXANDRE SOVERAL MARTINS, Ob. Cit, pág. 577, onde analisa o uso da
expressão “informação substancial” na Diretiva e as supostas diferenças na expressão utilizada na lei
nacional que se transcreveu.
355 A transparência surge como um princípio base na estrutura dos contratos de consumo. Para maiores
desenvolvimentos, V. ÉLISE POILLOT, Droit Européen de la Consomation et uniformisation du Droit
des Contrats, LGDJ, Paris, 2006, págs. 211 a 233.
356 Este diploma foi publicado posteriormente ao das práticas comerciais desleais, pelo que se
compreende a sua ausência, mas seria natural que constasse um diploma que continha diversos deveres de
informação, como seria o caso do Decreto-Lei nº 176/95, de 26 de julho (com a alteração decorrente do
Decreto-Lei nº 60/2004, de 22 de março), conhecido como a lei da transparência.
357 Estes direitos estão sujeitos a prazos para o seu exercício.
359 Por exemplo, será mais raro, atendendo aos custos monetários que acarreta para o consumidor, o
recurso aos meios judiciais para interposição de ações judiciais solicitando indemnizações. O profissional
sabe também que apenas uma minoria recorre a esses meios.
360 A prevista na alínea f ) também será aplicável, mas será analisada a propósito do artigo 13º quanto a
serviços não solicitados.
361 Quanto aos modos de efetuar o pagamento V. artigo 54º do RJCS.
362 V. artigos 12º e 13º, nº 2, do RJCS onde se dá tratamento diferente aos seguros de grandes riscos.
363 Referimos “quase” porque há situações em que a pessoa singular tem maior proteção que a pessoa
coletiva, como por exemplo no artigo 27º do RJCS relativamente ao valor do silêncio.
364 Sobre esta matéria V. ABEL VEIGA COPO, Condiciones en el contrato de seguro, 2ª Edición,
Editorial Comares, Granada, 2008, págs. 57 a 67.
365 V. por exemplo o conceito em MENEZES CORDEIRO, Da Boa fé no Direito Civil, Almedina,
Coimbra, 2007, págs. 510 a 526 e ALMEIDA COSTA, Direito das Obrigações, 12ª Edição, Almedina,
Coimbra, 2009, págs. 113 a 124.
366 Refere este preceito que «é ilegítimo o exercício de um direito, quando o titular exceda
manifestamente os limites impostos pela boa fé, pelos bons costumes ou pelo fim social ou económico desse
direito».
367 Cfr. artigo 22º, nº 1, alínea o), da LCCG, o qual refere que «1 – São proibidas, consoante o quadro
negocial padronizado, designadamente, as cláusulas contratuais gerais que: (…) o) Exijam, para a prática
de actos na vigência do contrato, formalidades que a lei não prevê ou vinculem as partes a
comportamentos supérfluos, para o exercício dos seus direitos contratuais», referindo ainda o artigo 12º
que será nula a cláusula geral proibida.
368 Um relacionamento de boa fé impõe a colaboração entre as partes na delimitação do risco e na
regularização do sinistro, mas tal não pode significar que o pagamento de uma indemnização fique pendente
da entrega de elementos de que o beneficiário não dispõe e está impossibilitado de dispor ainda que faça os
esforços razoáveis e necessários para os obter.
369 Sobre esta matéria V. o entendimento do Instituto de Seguros de Portugal, publicado no Relatório de
Regulação e Supervisão da Conduta de Mercado – 2008, Lisboa, 2009, pág. 58, onde é referido o
seguinte:
«O ónus da prova das exclusões contratuais recai sobre as empresas de seguros, obrigação que decorre do
estipulado no número 2 do artigo 342º do Código Civil.
É comum os seguradores solicitarem aos beneficiários, após a ocorrência do sinistro, dados pessoais de
saúde da pessoa segura falecida, os quais, em regra, destinam-se ao apuramento de uma eventual exclusão,
apta à desobrigação da liquidação do capital seguro.
Nessa medida, tal solicitação poderá configurar uma inversão material do ónus da prova, a qual, de resto,
é absolutamente proibida pela alínea g) do artigo 21º do regime jurídico das cláusulas contratuais gerais,
aprovado pelo Decreto-Lei nº 446/85, de 25 de Outubro.
Neste contexto, cabe também fazer alusão ao ónus jurídico da participação do sinistro, o qual, em
particular no seguro de pessoas, corre por conta dos beneficiários, mas que não deve requerer uma
densificação de dados ao ponto de ter de fundamentar as exclusões cuja demonstração impende sobre os
operadores. De facto, esse ónus, que se decompõe na explicitação das circunstâncias da verificação do
sinistro, nas eventuais causas da sua ocorrência e respectivas consequências, reivindica a diligência de um
bom pai de família (número 2 do artigo 799º e número 2 do artigo 487º, ambos do Código Civil), não
podendo, por isso, solicitar-se ao beneficiário informação à qual o mesmo poderá estar impedido de ter
acesso, atentas as disposições legais em matéria de protecção de dados e de acesso a documentos
administrativos. A este propósito, assume especial relevância a alínea d) do artigo 12º do Decreto-Lei nº
57/2008, de 26 de Março, que tipifica como prática comercial agressiva a que se traduz em obrigar o
consumidor, que pretenda solicitar indemnização ao abrigo de uma apólice de seguro, a apresentar
documentos que, de acordo com os critérios de razoabilidade, não possam ser considerados relevantes
para determinar a validade do pedido.
Não se questionando a legitimidade para atestar a causa e circunstâncias da morte da pessoa segura ou o
cumprimento com zelo e exactidão da declaração inicial do risco, parece, contudo, desadequado que as
empresas de seguros façam impender tal encargo sobre os beneficiários, no que estiver para além da
responsabilidade da participação do sinistro, antes sendo aconselhável que procurem garantir, logo no
momento da celebração do contrato, o acesso aos dados pessoais de saúde em questão».
370 Sobre esta matéria V. igualmente o entendimento do ISP sobre a utilização do conceito de serviços
clinicamente necessários nos clausulados dos contratos de seguro de doença, publicado no Relatório de
Regulação e Supervisão da Conduta de Mercado – 2009, Lisboa, 2010, págs. 50 e 51. Refere este
entendimento o seguinte:
«Em algumas apólices do seguro de doença, é possível verificar a existência de uma exclusão dos actos
clínicos que não sejam considerados pelo segurador ou pela entidade gestora do contrato como serviços
clinicamente necessários, sem que tal signifique, necessariamente, que as mesmas conferem poderes
interpretativos exclusivos ao segurador.
De facto, aquelas cláusulas devem antes ser interpretadas como uma delimitação positiva do âmbito das
coberturas do contrato, no sentido de se salvaguardar que os actos clínicos sejam necessários e adequados
às circunstâncias verificadas em cada caso em concreto.
Por outro lado, os clausulados devem dispor de uma cláusula de arbitragem que permita resolver eventuais
diferendos decorrentes da aplicação do contrato, pelo que um segurado que não concorde com o
enquadramento levado a cabo, a esse nível, face ao seu estado clínico, sempre terá a possibilidade de
recorrer àquele sistema de resolução de conflitos.
No entanto, cláusulas de tipo aberto, como as atrás mencionadas, poderão suscitar dúvidas interpretativas
quanto à concretização das situações que estarão ou não abrangidas, inibindo eventualmente o segurado
de avançar para um tratamento médico que lhe seja prescrito ou indicado pelo médico que o acompanha,
mas que seja considerado “desaconselhado” pelo segurador ou pelo gestor de serviços de saúde a que este
recorre, ou que o leve a propor o recurso à arbitragem, com a consequente demora na prestação de
cuidados de saúde eventualmente inadiáveis.
Dever-se-ão, ainda, ter presentes as consequências decorrentes da aplicação do regime constante da Lei
das Cláusulas Contratuais Gerais relativamente a algumas das cláusulas utilizadas pelo mercado
segurador com o objectivo referido.
Dado o exposto, entende-se ser mais adequado que as cláusulas daquele tipo passem a mencionar que
estão cobertos os actos clínicos considerados necessários, face ao quadro clínico do segurado e de acordo
com os protocolos e padrões reconhecidos pela comunidade médica, como, aliás, já figura em algumas
apólices de seguros de saúde.
Este entendimento é válido, de igual modo, para quaisquer outras exclusões ou cláusulas limitativas do
contrato que prevejam que cabe ao segurador ou aos seus administradores ou gestores de serviços de
saúde a definição de conceitos ou o enquadramento de situações para que uma determinada cobertura
possa ser accionada, sem que esteja prevista a exigência de um critério ou de fundamentação
explicitamente sustentados em princípios médicos».
371 Veja-se a título de exemplo a fixação de prazos excessivos para cumprimento da obrigação [artigo
19º, alínea b)], a alteração ou limitação de obrigações assumidas [artigo 21º, alínea b)] e a exigência de
formalidade que a lei não prevê ou vinculem as partes a comportamentos supérfluos para o exercício dos
seus direitos contratuais [artigo 22º, nº 1, alínea o)].
372 Veja-se, por exemplo, o prazo de prescrição de três anos previsto para a responsabilidade civil
constante no artigo 498º do Código Civil.
373 Sobre a documentação a apresentar para um reembolso ou resgate em seguros e operações de
capitalização V. a Circular do ISP nº 10/2009, de 20 de agosto, a que já fizemos menção.
374 Sobre esta matéria V. do autor, Droit des Assurances, Quatrième édition, Larcier, Bruxelles, 2010,
pág. 47.
375 V. sobre esta matéria com maior detalhe JOSÉ VASQUES, Contrato de Seguro, Coimbra Editora,
Coimbra, 1999, págs. 367 e 368.
376 Para melhor perceção transcreve-se o preceito:
«Artigo 498º (Prescrição)
1. O direito de indemnização prescreve no prazo de três anos, a contar da data em que o lesado teve
conhecimento do direito que lhe compete, embora com desconhecimento da pessoa do responsável e da
extensão integral dos danos, sem prejuízo da prescrição ordinária se tiver decorrido o respectivo prazo a
contar do facto danoso.
2. Prescreve igualmente no prazo de três anos, a contar do cumprimento, o direito de regresso entre os
responsáveis.
3. Se o facto ilícito constituir crime para o qual a lei estabeleça prescrição sujeita a prazo mais longo, é
este o prazo aplicável.
4. A prescrição do direito de indemnização não importa prescrição da acção de reivindicação nem da
acção de restituição por enriquecimento sem causa, se houver lugar a uma ou a outra».
377 Sobre o artigo 321º PIRES DE LIMA e ANTUNES VARELA pronunciam-se referindo que «1. A
impossibilidade de o credor agir no sentido da interrupção da prescrição só é atendida quando tenha lugar
nos últimos 3 meses do prazo. É o caso, por exemplo, de o credor adoecer e não poder agir por si nem por
intermédio de procurador, pedindo o cumprimento da obrigação. O titular do direito terá de fazer a prova
dessa impossibilidade durante os dias necessários para que não se tenha consumado a prescrição. (…) 2. O
nº 2 equipara ao motivo de força maior o dolo do obrigado. Nos termos do artigo 253º, haverá dolo
quando este tiver induzido ou mantido em erro o credor. Convenceu-o, por exemplo, de que o direito não
existia ou já estava extinto». Cfr. dos autores, Código Civil Anotado, Volume I, 4ª edição, Coimbra Editora,
Coimbra, 1987, pág. 289.
378 Refere o autor que «se o direito a solicitar indemnização ao abrigo de uma apólice de seguro tiver
de ser exercida dentro de certo prazo, aplicam-se as regras da caducidade (artigo 298º, nº 2, do Código
Civil), que remetem, nos casos convencionais de caducidade, para as disposições relativas à suspensão da
prescrição (artigo 330º, nº 2). Ora, esta suspende-se no decurso dos últimos 3 meses do prazo durante o
tempo em que o titular estiver impedido de fazer valer o seu direito em consequência do dolo do obrigado
(artigo 331º, nº 1 ex vi nº 2). Portanto, sempre que, nas situações previstas na alínea d) do artigo 12º do
Decreto-Lei nº 57/2008, exista dolo do profissional, suspende-se o prazo de caducidade previsto no
contrato para o exercício do direito, só voltando a correr quando cessar o comportamento doloso». Cfr. do
autor, Ob. Cit., pág. 216.
379 Refere MENEZES CORDEIRO que «são consensuais os negócios que, por não caírem sob a
estatuição de normas cominadoras de forma especial, sejam susceptíveis de conclusão por simples
consenso». Cfr. Tratado de Direito Civil Português, I – Parte Geral, Tomo I, 3ª edição, Almedina, Coimbra,
2005, pág. 465.
380 Cfr. artigo 1º do RJCS. Sobre as características do contrato de seguro V., por exemplo, C.
CACCAVIELLO, / G. MAISTO / A. PERCUOCO, Le assicurazioni: manuale teorico-pratico per
operatori legali, commercialisti e assicuratori, Edizioni Simone, Napoli, 1995, págs. 132 a 141; SIMONE
FORNI, Assicurazione e Impresa, Giuffrè Editore, Milano, 2009, págs. 8 a 11; MURIEL CHAGNY e
LOUIS PERDRIX, Droit des Assurances, LGDJ, Paris, 2009, págs. 26 a 29; Marcel Fontaine, Droit des
Assurances, Quatrième édition, Larcier, Bruxelles, 2010, págs. 120 e 132; JEAN BIGOT, Traité des
Assurances, Tome 3, LGDJ, Paris, 2002, págs. 49 a 85; YVONNE LAMBERT-FAIVRE, Droit des
Assurances, 11ª édition, Dalloz, Paris, 2001, págs. 180 a 184; ALBERTO TAPIA HERMIDA, Manual de
Derecho de Seguros y Fondos de Pensiones, Thomson, Navarra, 2006, págs. 155 a 159; JOSÉ VASQUES,
Contrato de Seguro, Coimbra Editora, 1999, pág. 103 a 111; PEDRO ROMANO MARTINEZ, Direito dos
Seguros – Apontamentos, Principia, Cascais, 2006, págs. 51 a 59; JOSÉ ENGRÁCIA ANTUNES, Direito
dos Contratos Comerciais, Almedina, Coimbra, 2009, págs. 685 a 687; MARGARIDA LIMA REGO,
Contrato de Seguro e Terceiros, Coimbra Editora, Coimbra, 2010, págs. 61 a 66 e MARIA INÊS DE
OLIVEIRA MARTINS, O seguro de vida enquanto tipo contratual legal, Coimbra Editora, 2010, págs. 52
a 56.
381 Embora sejam configuráveis situações de gestão de negócios em que alguém contrata no interesse
de outro, é necessário que exista ratificação.
382 Cfr. do autor, As Práticas Comerciais Desleais nas Relações de Consumo, in Liber Amicorum
Mário Frota, Almedina, Coimbra, 2012, pág.385.
383 Sobre a distinção entre interesse negativo e interesse positivo V. com interesse PAULO MOTA
PINTO, Interesse Contratual Positivo e Interesse Contratual Negativo, Vol. II, Coimbra Editora, Coimbra,
2008.
384 PEDRO ROMANO MARTINEZ sobre a remissão para a responsabilidade civil, nos termos gerais,
refere que a mesma «implica a aplicação das regras comuns relativas aos pressupostos da responsabilidade
civil e suas consequências. Como se trata de violação de um dever específico, mesmo que não tenha sido
celebrado o contrato ou este seja nulo e ainda quanto a quem não seja parte no contrato de seguro, como o
segurado, a responsabilidade é obrigacional, encontrando aplicação as regras especiais dos artigos 798º e ss.
do CC presumindo-se a culpa do segurador (artigo 799º, nº 1, do CC) –, bem como as regras gerais da
obrigação de indemnizar dos arts. 562º e ss. do CC». Acrescenta ainda que do artigo 23º do RGCS «resulta
que a regra é a solução por via da responsabilidade civil. Excepcionalmente, pode cumular-se com o
direito de resolução». Cfr. PEDRO ROMANO MARTINEZ e outros, Lei do Contrato de Seguro Anotada,
2ª Edição, Almedina, Coimbra, 2011, pág. 130.
385 Sobre esta matéria V., por exemplo, CLÁUDIA MADALENO, Informação e Publicidade. Em
especial, a Publicidade de Produtos Financeiros, in Liber Amicorum Mário Frota, Almedina, Coimbra,
2012, págs. 83 a 85 e FRANCESCO PINTO,I Codici Deontologici e la Direttiva 2005/29/CE, in Le
pratiche commerciali sleali (a cura di Enrico Minervini e Liliana Rossi Carleo), Quaderni di Giurisprudenza
Commerciale nº 300, Giuffrè, Milano, 2007, págs. 141 a 165.
386 Para maiores detalhes V. do autor, Codici di condotta, autodisciplina, pratiche commerciali
scorrete. Un rapporto difficile, in Revista delle Società, ano 56, fascicolo 4º, Giuffrè Editore, Milano, 2011,
pág. 688 e segs.
387 Estão situações fazem parte do elenco das características principais do bem ou serviço, consistindo
numa promessa unilateral que se destina a dar maior confiança ao consumidor levando-o à contratação.
388 Segundo o artigo 20º, nº 6, a medida tem um carácter necessariamente provisório, pelo que se
extingue «no termo do prazo nesta estipulado, caso seja anterior à decisão final proferida pela autoridade
administrativa competente no âmbito do respectivo processo de contra-ordenação, ou pelo tribunal
competente em sede de recurso».
389 Cfr. art. 20º, nº 7.
7. Efeitos da cessação
10.Caducidade
11. Revogação
12. Denúncia
14. A resolução
PARTE IV
15. Outras situações dispersas de cessação
15.1. A resolução por incumprimento de deveres de informação enquanto resolução por justa causa
15.2. A resolução por transferência de carteira
15.3. O resgate enquanto resolução
15.4. A cessação do contrato de seguro de saúde
15.5. Particularidades da cessação do seguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel
16. A cessação do contrato e adesão nos seguros de grupo
CONCLUSÕES