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Direito Comparado
Subturma 4TA
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Eu, Madalena Vaz Bernardo declaro que este trabalho foi feito exclusivamente por mim
e que qualquer opinião de outro(s) autor(es) está devidamente assinalado em formato
de citação. Declaro igualmente que cumpri com todas as regras científicas de autoria.
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Índice
Introdução ............................................................................................................... 4
Contrato................................................................................................................... 5
➢ O que é o contrato................................................................................................. 5
➢ Enquadramento e Origem Histórica ...................................................................... 6
A Formação do contrato em Portugal ....................................................................... 8
➢ Declarações............................................................................................................ 8
Declarações Expressas ou Tácitas ............................................................................. 8
Declarações Recipiendas e Não Recipiendas ............................................................ 9
➢ Proposta Contratual ............................................................................................ 10
Aceitação ou rejeição .............................................................................................. 11
➢ A Forma da Declaração........................................................................................ 12
Forma ad substantiam e ad probationem.............................................................. 12
A Formação do contrato em Inglaterra ................................................................... 14
➢ Oferta e Aceitação ............................................................................................... 15
➢ Consideração ....................................................................................................... 17
➢ Meeting of the Minds .......................................................................................... 17
➢ Capacidade .......................................................................................................... 18
➢ Legalidade/Forma ................................................................................................ 18
➢ Grelha Comparativa e Conclusão ..................................................................... 20
➢ Bibliografia ...................................................................................................... 22
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Introdução
Neste trabalho tenho como objetivo abordar o tema da formação dos contratos em
dois ordenamentos jurídicos distintos, o Português e o Inglês. Decidi tratar este tema,
primeiro porque direito privado é algo que me cativa, e depois porque no ano passado,
na cadeira de Teoria Geral do Direito Civil l, tratei “O Negócio Jurídico”, matéria pela
qual tive muito interesse, desejando então aprofundá-la mais com este trabalho.
Tal projeto irá consistir em perceber as diferenças e semelhanças que foram existindo
ao longo do tempo, ou que existem na doutrina, mas também na jurisprudência destes
dois sistemas jurídicos, tendo como objetivo, exatamente, fazer uma comparação entre
os dois ordenamentos, percebendo onde é que eles se aproximam e onde se distanciam.
Como o tema da formação dos contratos pode ser um objecto de estudo muito amplo,
irei focar-me, então, na parte das propostas, declarações e a sua forma, e, por
conseguinte, a sua aceitação, que tem como resultado, precisamente, o
contrato/negócio jurídico.
Irei começar por explicar o que é um contrato, seguindo-se de uma pequena origem
histórica, de onde veio e como se foi modificando, evoluindo e distanciando-se da sua
origem. Depois, com muito mais pormenor, irei analisar como se forma um contrato
primeiro no sistema jurídico português, e de seguida no inglês.
De forma a concluir o trabalho, irei fazer uma tabela comparativa entre os dois
ordenamentos, para perceber e dar a entender quais são as maiores diferenças, e
semelhanças entre os dois, ou seja, fazer uma análise comparativa.
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Contrato
➢ O que é o contrato
1
Dário Moura Vicente, Direito Comparado vol ll, [2ª edição] página 38;
2
Dário Moura Vicente, Direito Comparado vol ll [2ª edição] páginas 37-38;
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Para os romanos, a ideia de negócio jurídico era estranha, não tinham nem uma
designação especifica para este, nem uma teórica, e por isso em termos de
jurisprudência clássica, tal é escassa. Conquanto, os romanistas, entre eles faziam
negócios, e no período clássico já teria sido alcançada uma ideia base de contrato,
proveniente do mútuo consenso, prestado pelas partes3. Tal conclusão pode retirar-se
das institutiones de Gaio, que apontam como fontes de obrigações, o contrato e o delito.
Depois mais tarde, no período justinianeu, o desaparecimento de várias categorias
clássicas facilitou o processo de generalização4.
3
Salvatore Riccobono, La formazione della teoria generale del contractus nel periodo della giurisprudenza
classica, (1930), 123-173;
4
Menezes Cordeiro, Tratado de Direito Civil II, [4ª edição] 27-29;
5
Menezes Cordeiro, Tratado de Direito Civil ll, [4ª edição] 31;
6
Ferdinand Mackeldey, Lehrbunch, 230-231;
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7
Dário Moura Vicente, Direito Comparado vol 2, [2ª edição];
8
Menezes Cordeiro, Tratado de Direito Civil ll, [4ª edição] 32;
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➢ Declarações
Apesar de o Código Civil português não a definir, uma declaração negocial tem dois
elementos essenciais a vontade, e a comunicação, sendo que a mesma é:
De acordo com o artigo 217º nº1, a declaração é expressa quando seja feita por
palavras, escrito ou qualquer outro meio direto de manifestação de vontade; pelo
contrário, será tácita quando se deduz de factos que, com toda a probabilidade a
revelem, sendo que em relação à última, esta veio a ser depois explicada no Supremo,
no acórdão de 5 de novembro de 1997, que afirmou que tais comportamentos devem
ser “significantes”, “positivos” e “inequívocos”10. A doutrina forma então duas teorias
para explicar a distinção entre declarações expressas e tácitas:
9
Menezes Cordeiro, Tratado de Direito Civil ll, [4º edição], 122;
10
STJ de 5 de novembro de 1997;
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11
Menezes Cordeiro, Tratado de Direito Civil ll, [4º edição], 142-143;
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➢ Proposta Contratual
COMPLETA:
FIRME:
Firme pois→ deve revelar a intenção inequívoca de contratar, uma vez que a sua
simples aceitação dá lugar ao aparecimento do contrato.
FORMAL:
Emitida uma proposta contratual e tornando-se esta eficaz nos termos do artigo 224º,
pergunta-se por quanto tempo deverá ela manter-se. A duração desta pauta-se pelo
disposto no artigo 228º nº1 do Código Civil: pode ser fixado um prazo pelo próprio
proponente ou por acordo entre as partes; se não for fixado o prazo, pode o preponente
pedir resposta imediata, 228 nº1 b); e por último se nada for dito aplica-se o 228 nº c),
onde se tem de ter em conta o meio utilizado para transportar tal declaração.
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Aceitação ou rejeição
A aceitação começa a produzir os seus efeitos quando proposta já não tenha eficácia,
artigo 229º:
• A aceitação foi expedida fora do tempo útil→ o proponente nada pode fazer,
o negócio não chega a surgir, se ambas as partes quiserem realizar o negócio
terão de fazer uma nova proposta;
• A aceitação foi expedida dentro do tempo útil→ o proponente deve avisar
o aceitante de que não chegou a concluir-se qualquer contrato se pretender
o contrato, basta-lhe considerar a aceitação como eficaz.
→Uma vez emitida a aceitação esta pode ser revogada nos termos do artigo 235º nº2.
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➢ A Forma da Declaração
A forma ad substantiam é aquela que é exigida pelo Direito, e é aquele que quando
não é respeitada gera a nulidade do contrato. Já a forma ad probationem requer-se
apenas para demonstrar a existência de negócio, quando tal declaração escrita não
existe, não se consegue provar que o negócio foi realizado. Para ajudar a fazer a
distinção entre estas duas possíveis formas, o artigo 364º auxilia: quando resulta
claramente da lei que uma certa forma é apenas, ad probationem, é possível
demonstrar o negócio atingido14 «… por confissão expressa, judicial ou extrajudicial,
12
Menezes Cordeiro, Tratado de Direito Civil ll, [4ª edição], 164;
13
Ana Prata, Código Civil Anotado, Vol I;
14
Menezes Cordeiro, Tratado de Direito Civil ll, [4ª edição], 168-169;
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contanto que, neste último caso, a confissão conste de documento de igual ou superior
valor probatório».
Quando não se respeita a forma no sistema jurídico português dá-se a nulidade dos
contratos por inobservância de prescrições de forma, pode ser invocada a todo o tempo,
artigo 286º, e pode ser declarada oficiosamente pelo tribunal.15
15
Dário Moura Vicente, Direito Comparado vol 2, [2ª edição];
16
Menezes Cordeiro, Tratado de Direito Civil ll, [4ª edição], 169;
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Como já foi referido, um contrato é um acordo formado por duas ou mais partes,
onde elas se prometem , expressamente ou implicitamente, a praticar, ou não,
determinados atos a pedido ou a benefício de outrem. 17.
No sistema Inglês, sob a teoria formalista do contrato, pode-se concluir que todo o
contrato deve ter seis elementos constitutivos:
✓ oferta;
✓ aceitação;
✓ consideração;
✓ meeting of the minds;
✓ capacidade;
✓ legalidade/forma.
Quanto ao objeto, nos sistemas de Common Law este apresenta contornos mais
difusos dado que o conceito de objeto contratual não se encontra autonomizado. Os
contratos que são «too indefinite» são ineficazes, mas consente-se com certa largueza
a indeterminação do valor das prestações das partes. Contudo, evidentemente que além
de determinável, o objeto do contrato tem de ser físico e juridicamente possível18.
17
Edward Jenks, The Book of English Law, 1928, [1ª Edição], 395-396;
18
Dário Moura Vicente, Direito Comparado vol 2, [2ª edição];
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➢ Oferta e Aceitação
Sir Guenter Treitel define oferta como “uma expressão de vontade de contratar sob
certos termos, feita com a intenção de que ela se torne vinculativa e assim que for aceita
pela pessoa a quem é dirigida”19. Uma oferta é uma declaração dos termos nos quais o
oferente está disposto a comprometer-se, onde existe uma intenção contratual de se
estar vinculado a um contrato com termos definidos e determinados comunicados ao
ofertado.20
Neste sistema, a oferta deve incluir os termos principais do contrato, caso contrário
não se poderá dizer que ela é a base de um contrato vinculativo, por exemplo, nos
contratos de compra e venda, uma oferta válida terá tratar pelos 4 termos: Data de
entrega da coisa; preço; data de pagamento; e a descrição detalhada do item em oferta.
Uma vez realizada a oferta por uma das partes, a outra poderá aceitá-la ou não. A
aceitação consiste numa promessa por parte do oferente, indicando uma disposição de
ficar vinculado pelos termos e condições contidos na oferta realizada por uma outra.
No sistema de Common Law, quando a declaração chega ao seu destinatário este
deve aceitá-la de forma a concluir o contrato, sendo que para a aceitar tem um certo
período fixado por aquele que fez a declaração ou pelas circunstâncias da declaração.
Até a declaração ser aceite, o declarante pode desistir da sua declaração a qualquer
momento desde que o declaratório ainda não a tenha aceitado21.
A razão pela qual o sistema de Common Law não impõe obrigações ao declarante,
tem o seu fundamento na doutrina da consideração: uma declaração só irá ter força
vinculativa quando esta está declarada num documento especial (deed), gerando nesse
caso uma obrigação. Como é raro uma declaração ser posta num deed, é rara aquela
que tem força vinculativa, ou seja, a regra geral é que o declarante, ao fazer a sua
proposta e apresentá-la ao declaratório, pode desistir desta enquanto este último ainda
nada disse em relação à mesma.
19
Treitel, GH. The Law of Contract (10th ed.). p. 8;
20
Retirado do site: https://en.wikipedia.org/wiki/Offer_and_acceptance#cite_note-1 , no dia 15/11/19
21
K. Zweigert e H.Kötz, An Introduction to Comparative Law [3ª Edição],
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Para realizar uma aceitação de acordo com o sistema, esta deve obedecer a pelo
menos dois requisitos:
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➢ Consideração
Neste sistema de Commun Law, um conceito que dele faz parte é a consideração
(consideration), sendo um dos vários requisitos do contrato.
O primeiro caso onde as considerations foram definidas foi no caso Currie vs Misa,
onde o tribunal declarou que tal é um “direito, interesse, lucro, perda, ou
responsabilidade”, ou seja, uma consideração pode ser definida como uma promessa
de algo de valor dado por um promotor em troca de algo de valor por um prometido 22
Assim como no sistema jurídico português, no Inglês também tem de existir duas
partes ou mais no contrato, sendo que para chegar a um acordo deve haver um
consensus ad idem, ou como é dito em inglês “Meeting of the Minds”. Tal é considerado
um requisito em algumas jurisprudências para se formar um contrato, e consiste em
haver um entendimento comum entre as partes, que visam, entre elas, realizar um
contrato.
22
Retirado do site: https://en.wikipedia.org/wiki/Contract#Consideration ,no dia 17/11/2019
23
Retirado do site: https://en.wikipedia.org/wiki/Meeting_of_the_minds , no dia 16/11/19;
24
Edward Jenks, The Book of English Law, 1928, [1º Edição], 397;
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Este elemento não é considerado por todos como um elemento fundamental para se
dizer que existe deveras um contrato, depende da doutrina de cada jurisprudente,
conquanto, tal termo de consensus ad idem já foi em vários casos, como o de Adams vs
Lindsell (1818), um requisito para o contrato ser classificado como verdadeiramente um
contrato.
➢ Capacidade
➢ Legalidade/Forma
Nos sistemas de Commum Law a celebração de contratos por ato notarial é incomum,
salvo quando se destinem a ser invocados no estrageiro, e nestes casos existe um public
notary que se limita a autenticar o documento, não exerce qualquer função de controlo
da legalidade. Relativamente aos contratos gratuitos, estes sistemas jurídicos exigem a
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Em vários países do continente europeu, quando a forma legal não é observado dá-
se a nulidade do contrato, uma sanção grave e que opera automaticamente, não produz
qualquer efeito. Já a solução nos sistemas de Commom Law, nos casos em que o
contrato não observe os requisitos de forma aplicáveis é tido como unenforceable, ou
seja, insuscetível de execução coativa, mas não como nulo, as prestações realizadas ao
abrigo desse contrato são, por conseguinte, irrepetíveis.
25
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De forma a concluir o trabalho irei realizar uma análise comparativa destes dois
ordenamentos jurídicos, o português e o inglês.
Como foi já referido, para se formar um contrato é necessário que existam duas ou
mais partes, onde uma delas faz uma oferta/proposta e depois a outra a/o aceita. O
processo de formação dos contratos nos dois sistemas passam ambos por uma
proposta, no caso português, e oferta no caso inglês, e a sua aceitação, tendo sempre
em conta a forma requisitada pela lei; e o que eu concluí com este trabalho, é que tanto
há as suas diferenças como semelhanças, mas penso que os ordenamentos mais se
aproximam do que distanciam.
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tempestividade; tem de ser emitida dentro do tempo; e por fim caso a lei o exigi revestir
uma certa forma.
Para finalizar, tanto Inglaterra como Portugal rege-se pelo o principio da liberdade de
forma, ou seja, quando a lei nada diz à cerca desta pode-se celebrar o contrato por
qualquer uma, só que enquanto no sistema português a falta de forma leva à nulidade,
no sistema de Commun Law o negócio é tido como unenforceable, ou seja, não é nulo
mas é insuscetível de execução coativa.
Em suma, estes dois sistemas, apesar de não terem um passado histórico muito
comum, têm algumas semelhanças, só que por outro lado acabam também por se
distanciar, principalmente pois o negócio jurídico e o contrato são muito mais tratados
em Portugal, tendo um papel muito mais central, ocupado grande parte do código Civil
e nos sistemas de Commun Law, a doutrina foi e vai ditando as suas bases. A meu ver,
eu diria que ambos os ordenamentos têm como objetivo a segurança e confiança
jurídica, daí apesar de serem sistemas tão distintos, no que toca à formação dos
negócios até são semelhantes, têm uma “essência” muito parecida.
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➢ Bibliografia
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