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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, SOCIAIS

E HUMANAS

TRABALHO INVESTIGATIVO

TEMA:
CONTRATOS INTERNACIONAIS DO COMÉRCIO

GRUPO Nº 4

PROFESSOR: Amélia Ruth

BENGUELA, 2024
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, SOCIAIS
E HUMANAS

TRABALHO INVESTIGATIVO

TEMA
CONTRATOS INTERNACIONAIS DO COMÉRCIO

NOMES/PMS
Ernesto Defino Salivongue -------------------------------------------------------------316092
Maria Imaculada de Jesus Cámia Londjala-----------------------------------------316895
Márcio das Neves Manuel Paulino-----------------------------------------------------317922
Julio Metelo Sarmento Vales---------------------------------------------------------318196
Wilson Suares Ferreira Bumba--------------------------------------------------------
Edson AntónioChaves Januário----------------------------------------------------315656

BENGUELA, 2024
INTRODUÇÃO

Atualmente vem sendo questionado o surgimento de novas formas de direitos eobrigações, inclusive
nos contratos internacionais do comércio. Como resultado, percebeuse o crescimento de controvérsias
internacionais e um movimento em prol da utilização daarbitragem sobre movimentos estrangeiros.
Em muitos contratos internacionais do comércio, o Estado vem atuando como umparticular, como um
agente econômico direto. Isso pode ser presumido principalmente emduas situações, a) tanto na compra e
venda nos mercados mundiais, decorrendo-se da suaparticipação ou de suas entidades e,b) quando figura
como Estado-hospedeiro com oinvestidor privado,por atuar nestas duas situações, tivemos a
internacionalização dos“Contratos com o Estado”.
A partir da Segunda Guerra Mundial, ocorrida entre 1939 a 1945, o Estado começo a atuar como um
agente empreendedor, entendendo a importância do financiamento orientado edos contratos públicos,
sendo capaz de assumir riscos e criar um sistema altamente articuladoque aproveitasse o melhor do setor
privado para o bem nacional em um horizonte demédio e longo prazo.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, uma nova configuração mundial surgiu e ocapitalismo se
estendeu por praticamente todo o mundo. Como resultado, hoje o Estado nãoestá mais condicionado a
somente “questões de interesse público”, como a instituição detributos e a organização de infraestrutura,
da saúde e das comunicações, mas também aquestões relacionadas às atuações como agente econômico
direto, realizando parceriaspúblico privadas, através de acordos bilaterais de investimento. Com a
internacionalização da lei aplicável, intensificou-se a dificuldade da sinalização da Ordem Jurídica
utilizada nocontrato internacional do comércio com o Estado, situando-se a problemática de qualsistema
(ou sistemas) devem ser utilizados.
DESENVOLVIMENTO

De acordo com Irineu Strenger, “o contrato internacional é consequência do intercâmbio entre Estados
e pessoas, cujas características são diversificadoras dos mecanismos conhecidos e usualmente utilizados
pelos comerciantes circunscritos a um único território, e os transterritoriais”. Cabe-se dizer que apesar do
Direito do Comércio Internacional não ser uma disciplina autônoma, ainda assim, tem como base os usos
e costumes comerciais.

Por uma visão simplória da matéria, pode entender-se que a diferença entre os contratos internos e
contratos internacionais, depende, unicamente de fatores geográficos, espaciais, ou elementos nacionais
ou estrangeiros, seja pela via das conexões domiciliares e suas ramificações ou pela via da nacionalidade.

Todavia, no entendimento de alguns autores que se dedicaram a estudar o tema, como no caso de
Amin Ferraz, quando os elementos constitutivos do contrato (partes, objeto, lugar onde se pactua a
obrigação, lugar onde deverão surgir seus efeitos), se originam e realizam dentro dos limites geográficos
de um único Estado, estaremos diante de um contrato interno. Já nos casos em que os contratantes tenham
nacionalidadesdiversas ou domicílio em países distintos, quando a mercadoria ou serviço seja entregue ou
prestado em Estado diverso, ou quando os lugares de celebração e execução das obrigações também não
coincidirem, estaremos diante de um contrato internacional.

Além disso, entende-se que outros contratos sejam internacionais por natureza, sendo eles os contratos
que envolvem empresas de países diversos; uma das partes desenvolva a matéria do objeto no contexto
internacional; aquelas que afetariam Estados envolvidos diretamente na função que instrumentalizam e
nos outros países que integram a área dos bens e serviços aos quais se referem; aqueles que põem em jogo
outras empresas que se dedicam à mesma área do objeto do contrato e ainda àqueles que não possuem
forma própria, mas são constituídos por técnicas especiais de negociação e formação mais ou menos
homogêneas.

1- QUALIFICAÇÃO DO CONTRATO COMO COMERCIAL


Há, pois, considerados os critérios, geográfico e econômico, mais de um caminho para que um
contrato seja qualificado como internacional, pois basta que qualquer de seus elementos exponha o seu
disciplinamento a um segundo ou terceiro direito.
O critério geográfico (ser o contrato celebrado por partes estabelecidas em países distintos, por
exemplo) não é de ser o único determinante para a qualificação de um contrato como internacional,
podendo restarem as partes (comprador e vendedor) em um mesmo país, e a relação contratual ser
internacional (v.g., quando pactua-se que o bem será entregue em outro país).
A qualificação internacional de um contrato sob o prisma de critério econômico já havia sido
realizada pela Corte de Cassação francesa, que, em 1934, entendeu não depender o caráter internacional
do contrato, necessariamente, do domicílio das partes e do lugar de execução, mas de elementos “que
entram em linha de conta para imprimir aos movimentos de fundos que ela comporta um caráter que
ultrapassa o quadro da economia interna”.
Assim o define a Convenção Interamericana sobre Direito Aplicável aos Contratos Internacionais (5a
Conferência Especializada Interamericana sobre Direito Internacional Privado, da Organização dos
Estados Americanos, México, 1994 — CIDIP V): “entendese que um contrato é internacional, se as
partes contratantes tem a sua residência habitual ou estabelecimentos em diferentes Estados Partes ou se o
contrato tem laços objetivos com mais de um Estado Parte.”
Isto faz com que o caráter internacional do contrato deva ser apurado de forma casuística, uma vez
que a importância relativa do elemento estrangeiro na relação, dos pontos de vista econômico e jurídico, é
que determinará, ou não, o caráter internacional. Muitas vezes, um elemento formal influi na identificação
de um contrato como internacional: sua redação e estilo, certas cláusulas típicas podem servir como
elementos objetivos dessa qualidade, como adverte Luiz Olavo Batista.
É certo que, relativamente à lei aplicável às obrigações, há elementos de conexão que dizem respeito à
capacidade das partes, e os relacionados a aspectos extrínsecos e intrínsecos ou de fundo.
Aqui se procede um corte, por interessar tão somente o que respeita à substância ou o conteúdo dos
contratos.
Das questões que respeitam aos contratos internacionais duas são sobremaneira relevantes, o foro (lex
fori) e a lei aplicável (lex causae), sendo esta o objeto da presente análise, mais adiante estreitada, num
segundo corte, para o âmbito dos países que integram o MERCOSUL.

2- AUTONOMIA DE VONTADE NOS CONTRATOS INTERNACIONAIS

A vontade pode ser debatida através de vários aspectos: teológicos, filosóficos, psicológicos e jurídicos
são algum deles. Para Santo Agostinho e Descartes, por exemplo, transitando entre a teologia e a
filosofia, vontade e liberdade possuem o mesmo significado: a faculdade através da qual o ser humano é
digno de louvor, quando escolhe o bom, e digno de reprovação quando escolhe o mau. O fato de nós
termos vontade nos torna responsáveis pelas nossas decisões e ações.

Este conceito de responsabilidade adquirida através da vontade é facilmente aplicada no direito.


Vicente Rao salienta a vontade como sendo matéria básica da teoria do direito e da realidade jurídica,
possuindo uma enorme força criadora, sendo esta manifestada ou apenas declarada.
Segundo o autor, a vontade, através de fatos disciplinados pela norma é que determina a atividade
jurídica das pessoas, principalmente no que tange à criação, modificação e extinção de obrigações.
A autonomia da vontade não age apenas como um elemento da liberdade em geral. Ela também age
como suporte da liberdade jurídica, materializado-se através de um princípio. Costuma-se sintetizar o
princípio da autonomia da vontade, no modelo liberal, pela assertiva de que o contrato é lei entre as partes
(Pacta sunt servanda).

2.1- Limitação da Autonomia da Vontade na Elaboração de um Contrato Internacional

A autonomia da vontade tem encontrado limitações no que se refere às leis imperativas, à fraude à lei,
à boa-fé e principalmente à chamada Ordem Pública. No que se referem às leis imperativas, estas são
normas de aplicação obrigatória que devem ser seguidas para proteger a organização política, social ou
econômica do país.
O limite relacionado à fraude à lei busca evitar a aplicação de uma norma por meio de uma atividade
fraudulenta do interessado, para obter-se o resultado desejado e escapar das disposições do ordenamento
vigente.
Já o princípio contratual da boa-fé prevê que as partes devem agir conforme o previsto, a fim de não
ludibriar a outra parte. Este princípio pretende obrigar as partes a agirem com lealdade e ética, mantendo
a relação de confiançanecessária em um negócio.
Em relação à ordem pública, o código de Napoleão já dispunha sobre a impossibilidade de derrogar
por convenções particulares as leis que interessam a ordem pública e aos bons costumes. Essa limitação é
defendida por muitos autores, como Silvio Rodrigues, que analisando a participação do indivíduo na
experiência jurídica, considera que a autonomia da vontade só encontra limite na noção de ordem pública.
Ordem pública, conceituada por Irineu Strenger, é “o conjunto de normas e princípios que, em um
momento histórico determinado, refletem o esquema de valores essenciais, cuja tutela atende de maneira
especial cada ordenamento jurídico concreto”. Ou seja, a ordem pública pode ser entendia como a moral,
os valores de uma sociedade de uma determinada época.

2.2 A Autonomia da Vontade e a Lex Mercatoria

Para avaliarmos se a Lex Mercatoria pode ser aceita como lei aplicável, temos que analisá-la de
diversos pontos de vista. Se levarmos em consideração que as normas de conflito servem para delimitar a
competência legislativa estadual, a Lex Mercatoria jamais poderá ser aplicada, mesma consequência se
considerarmos que o Direito Internacional Privado tem a função de coordenar as diferentes ordens
jurídicas, já que a Lex Mercatoria não deriva de um Estado solo.
No entanto, seguindo o pensamento de Berthold Goldman, como será analisado no próximo capítulo,
a Lex Mercatoria pode ser considerada um sistema jurídico autônomo, e assim esta pode ser objeto de
escolha pelas partes com lei aplicável aos contratos.
Esse ordenamento nasce espontaneamente dos usos e costumes praticados pelos operadores do
comércio internacional, que buscam suprir as lacunas dos sistemas jurídicos nacionais e do próprio direito
internacional. Schmitthoff defende a admissibilidade da Lex Mercatoria, baseada na autonomia da
vontade interna, e argumenta ainda que os Estados dão plena autonomia às partes ao demonstrar
desinteresse por regular o comércio internacional.
O sistema de Direito Internacional Privado nos permite estabelecer uma cláusula de escolha do
direito a aplicar, no que diz respeito aos contratos. No entanto, devemos levar em consideração as duas
correntes sobre a autonomia da vontade: se visto pela perspectiva da doutrina objetiva, a autonomia da
vontade é limitada pela lei, sendo aliberdade de escolha moderada. Seguindo a corrente subjetiva, temos
que o direito nasce espontaneamente da vontade dos operadores do comércio internacional, e por os
negócios serem transnacionais, exigem um afastamento da sociedade política, já que este não é seu
fundamento. Seguindo esta última corrente, diante da maior autonomia das partes, a Lex Mercatoria
poderia ser escolhida como lei aplicável aos contratos, caso seja de vontade das partes.
A pressão do comércio internacional tem feito com que Estados se direcionem no sentido de
aceitar a cláusula de eleição da lei aplicável nos contratos internacionais e mesmo que o princípio da
autonomia da vontade nos contratos internacionais encontre ainda obstáculo na ordem pública, já existe
uma atenuação desse impedimento.

2.3 Lei Aplicável aos Contratos Internacionais do Comércio

A princípio os contratos internacionais não restam subordinados a um único ordenamento jurídico, não
se submetem de forma espontânea às normas de um único Estado.
Em relação ao tema, Costa Toigo66 prevê duas situações: quando o contrato for omisso quanto ao
direito aplicável e quando as partes já fizeram a escolha da lei aplicável no contrato apoiadas no principio
da autonomia da vontade.
Em relação ao primeiro grupo, os contratos que não preveem a lei aplicável estarão sujeito às regras
de conexão positivadas do direito internacional, ou local, conforme regras dos países onde o litígio será
discutido judicialmente ou na esfera arbitral.
Em relação aos contratos que optam pela lei que será aplicada aos contratos, apesar de se apoiarem na
liberdade contratual, esta ainda pode conter algumas limitações, como por exemplo, a utilização das
normas do comércio internacional.
Strenger é um dos defensores de que a Lex Mercatoria pode ser escolhida como lei aplicável aos
contratos internacionais, desde que essa opção não esteja em oposição à ordem pública e disposições
imperativas. Acrescentamos aqui as situações de fraude à lei.
Apesar da maior aceitação dos usos e costumes do comércio internacional, sua escolha como lei
aplicável ainda é frágil, tendo em vista que alguns ordenamentos jurídicos limitam o alcance do princípio
da autonomia da vontade, como já exposto.
Existem ainda contratos que não designam a lei aplicável, mas que deixam sinais sobre sua opção e
que podem ser interpretadas por juízes e árbitros como uma escolha tácita. Para chegarem a uma
conclusão, de acordo com Strenger, os julgadores observam os seguintes comportamentos: as partes
utilizam língua que só pode ser compreendida aplicada sobre um sistema jurídico específico; existe
cláusula exprimindo a opção de escolha de um tribunal determinado, o que motivaria na escolha da lei e
por fim, se não existir nenhuma indicação, nem indícios, triunfaria as normas de Direito Internacional
Privado.
Questionando a possibilidade de um contrato ser totalmente autossuficiente, Bortolotti acredita que
esta seria uma ilusão e que as partes devem usar a autonomia da vontade para determinar contratualmente
um sistema de normas a serem aplicadas. O autor defende que neste caso podem existir dois tipos de
aproximação com as normas contratuais: o tradicional, consistente numa lei nacional aplicável, operando
dentro das normas de direito internacional privado, ou então, aplicando a Lex Mercatoria, tentando
superar as normas de conflito.
Tentando superar as normas de conflitos diante da diversidade de normas estatais, algumas entidades
privadas decidiram criar modelos universais de normas de direito internacional privado, aplicáveis aos
contratos internacionais.
Após a Convenção de Haia sobre Acordos de Eleição de Foro, a Conferência de Haia de Direito
Internacional Privado passou a estudar a viabilidade de um instrumento relativo à escolha da lei aplicável
aos contratos internacionais.
Em 2015, conclui-se o procedimento escrito e os Princípios da Escolha de Lei aplicável aos Contratos
Internacionais foram aprovados pelos Membros da Conferência. O nome de princípios foi escolhido para
diferenciar do direito positivo, por se tratar de regras não vinculantes.

3. A CONSAGRAÇÃO DA ARBITRAGEM COMO UM MÉTODO EXTRAJUDICIAL


DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS

A arbitragem é antiga. Ela teve seu surgimento como um caráter religioso, tanto noantigo Egito quanto
na Grécia, sendo tal prática muito anterior à atividade judicial, estandorelacionada à resolução de disputas
ligadas às atividades profissionais e comerciais (KULESZA, TRIPODI, 2013).
Apesar de ser antiga, a Idade Média29 não foi um período propício à continuação do desenvolvimento
da arbitragem (BAPTISTA, 2011). Com a consolidação dos Estados nacionais, ocorreu um aumento da
prestação jurisdicional, o qual se intensificou a partir das codificações napoleônicas. Não obstante, esse
período também foi marcado pela intensificação das trocas comerciais dos Estados europeus entre si e
com as terras recém descobertas, constituindo um período vantajoso para o desenvolvimento da
arbitragem no plano internacional30 (KULESZA, TRIPODI, 2013).
No período contemporâneo, a arbitragem experimentou um período de estagnação, mas após o término
da 1 ª Guerra Mundial houve a criação de Tribunais Arbitrais Mistos (criados pelos Tratados de Paz)
(CRETELLA NETO, 2016). A partir da criação deles foi consagrada a arbitragem como um método para
a solução de controvérsias, assumindo a função de promover o desenvolvimento econômico (KULESZA,
TRIPODI, 2013).
Isso nos remete às questões das práticas de mitigação de riscos não comerciais e a utilização da Lex
mercatoria, utilizadas como um sistema jurídico autônomo, bem como adefesa da corrente de
desnacionalização para a solução de controvérsias. É importanteentender que as sociedades civis ainda
relutam em aceitar que entidades transnacionais sejamequiparadas a “seus” Estados e que, eventualmente,
sejam declaradas vencedoras emdeterminado litígio comercial. Por isso que, exatamente por haver a
primitiva abordagem queentendia que o Estado não podia sujeitar-se à proteção diplomática, surgiu um
novo modelode solução de controvérsias, a arbitragem (CRETELLA NETO, 2016).
O International Centre for the Settlement of Investment Disputes – ICSID ou CIRDI, Centro
Internacional para a Arbitragem de Disputas sobre Investimentos, em português, criado por meio da
Convenção do Banco Mundial, em 1965, sediado em Washington, é hoje mundialmente reconhecido
como o melhor centro de arbitragem internacional para solucionarcontrovérsias sobre investimentos
estrangeiros (FONTAINE, 2013).
Para que a arbitragem internacional seja eficaz e cumpra com seus objetivos, ela necessita ser
devidamente reconhecida e recepcionada pelos sistemas jurídicos estatais, os únicos capazes de conferir
execução coercitiva às decisões dos árbitros. Do contrário, a arbitragem não passará de atividade privada,
sem o respaldo da esfera pública (e,consequentemente, sem a necessária vinculação (KULESZA,
TRIPODI, 2013).
Deve ser destacado que há também a tendência das mais recentes sentenças arbitraisem reconhecer
que uma a lei nacional pode ser aplicada a contratos com o Estado, exceto seela for contrária às normas
do Direito Internacional (PUCCI, 2012).
Em outras palavras, a leinacional deve ajustar-se ao Direito Internacional. Isso demonstra ser uma
evolução, porqueapesar de nos contratos com Estado poder-se aplicar a lei nacional daquele Estado, ela
sempredeverá ser interpretada de forma ampliada, isto é, levando-se em consideração os princípiosgerais
do Direito Internacional.
A Câmara de Comércio Internacional de Paris (CCI), outro importante centro dearbitragem, atua de
forma marcante porque promove a criação de modelos de contratospadrão e de normas modelo, tais como
as International Rules for Interpretation of TradeTerms, INCOTERMS.
Ainda referente ao tema da Lex mercatoria, é importante salientar que temos umacorrente de
desnacionalização, minoritária, que dispõe que as partes devem afastar qualquerdireito nacional da
intervenção nas arbitragens. Para os adeptos, deverá a Lex mercatoria serum sistema de direito
independente dos sistemas nacionais (PUCCI, 2011). Adentrando-semais a fundo sobre a discussão da sua
existência ou não daquela, e as suas implicações nacontrovérsia submetida à arbitragem internacional,
percebemos que apesar da discordância dacorrente minoritária, observa-se a tendência atual nas
arbitragens em favor da consideração, pelos árbitros, da atuação de um sistema jurídico autônomo dos
usos do comérciointernacional (PUCCI, 2011).
Percebe-se que as principais fontes de investimentos, encorajadas pelo fluxo internacional de
investimentos, necessitam de mitigação de riscos não-comerciais. Há a necessidade da mitigação desses
riscos, principalmente porque os países atraem capitais estrangeiros para financiar projetos de
desenvolvimento econômico,34 por intermédio de empresas transnacionais ou investidores privados
estrangeiros (CRETELLA NETO, 2016).
Pode-se notar, na prática, que se retomou a intensificação da arbitragem, formalizada por meio de
convenção de arbitragem, como meio de dirimir as controvérsias35. E isso é evidenciado inclusive no
último acordo internacional de arbitragem, o Acordo sobre arbitragem Comercial Internacional, firmado
em Buenos Aires, em 1998, em que admitiu-se que já não existem empecilhos para a realização de
arbitragem entre particulares dos EstadosPartes nem dificuldades para o cumprimento de sentenças
arbitrais e do processo de execuçãoem caso de não cumprimento pela parte vencedora (CRETELLA
NETO, 2016).

CONCLUSÃO

O objetivo deste trabalho foi apresentar de forma prática e objetiva os diversos procedimentos dos
contratos internacionais do comércio na área do Direito Comercial Internacional e sua perspectiva em
relação a Lex Mercatoria. Não se teve a intenção de aprofundar o estudo sobre os contratos internacionais
no âmbito do direito internacional público.
A busca pela efetivação da condição de primazia do indivíduo, quer na ordem interna, quer na ordem
internacional, expõe a urgência de se protocolar o direito ao desenvolvimento socioeconômico no rol das
estruturas basilares da dignidade humana como direito fundamental.
Nesta medida, os acordos de compensação praticados internacionalmente podem ser modelados para
realizar, efetivamente, medidas compensatórias capazes de favorecer e estimular o desenvolvimento
tecnocientífico dos países em vias de desenvolvimento.
A importância do estímulo à produção de produtos manufaturados, dotados de valor
tecnológicoagregado, revela-se de caráter estratégico para o desenvolvimento da economia e para a
conquista de novos mercados. Mas isso só ocorre de fato, na medida em que ciclos virtuosos são iniciados
por polí-ticas públicas ajustadas e realistas de incentivo à inovação tecnológica e de viés industrialista,
conectando de forma sistêmica capital humano, capital inovativo e capital financeiro, por intermédio da
exploração eficaz de tecnologia de ponta.
O esforço doutrinário despendido pela literatura especializada na construção de uma base teórica
sólida e coerente para os contratos de contrapartida, particularmente para os acordos de compensação
stricto sensu, considera que sua fundamentação encontra-se lastreada na realidade fática do comércio
internacional. Portanto, a argumentação de que sua tipifica-ção resta cogente à luz dos fatos, não pode
admitir que discrepâncias administrativas ou executivas e que a falta de regulamento próprio sejam
invocadas para desqualificá-los enquanto instrumentos contratuais válidos e eficazes.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

*ARNALDO GABRIEL R. COSTA NEVES, Dos Contratos de Contrapartidas no Comércio


Internacional – Countertrade, Coimbra, Almedina, 2003.
*AVIV SHOHAM, DOROTHY A. PAUN, A Study of International Modes of Entry and Orientation
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Econômico, São Paulo, ed. UNESP, 2010, edição digital.

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