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INTERPRETAÇÃO
2.1 Tratados
Parte fundamental do direito das gentes, o direito dos tratados apresentava até
o romper do último século uma consistência costumeira, assentada, entretanto,
sobre certos princípios gerais, notadamente o pacta sunt servanda e o da boa
fé.
A Convenção de Viena sobre o direito dos tratados teve seu texto ultimado em
23 de maio de 1969. Sua negociação envolvera cento e dez Estados, dos quais
apenas trinta e dois firmaram, naquela data, o documento.
A produção de efeitos de direito é essencial ao tratado, que não pode ser visto
senão na sua dupla qualidade de ato jurídico e de norma. O acordo formal
entre Estados é o ato jurídico que produz a norma, e que, justamente por
produzi-la, desencadeia efeitos de direito, gera obrigações e prerrogativas,
caracteriza, enfim, na plenitude de seus dois elementos, o tratado internacional.
No que diz respeito ao número das partes (aspecto formal), diz-se bilateral o
tratado se somente duas as partes, e multilateral ou coletivo em todos os
outros casos, ou seja, se igual ou superior a três o número de pactuantes.
2.2 Costumes
O elemento material não seria bastante para dar ensejo à norma costumeira. É
necessário, para tanto, que a prática seja determinada pela opinio juris, vale
dizer, pelo entendimento, pela convicção de que assim se procede por ser
necessário, correto, justo e, pois, de bom direito.
Hoje não vale negar que aquelas outras personalidades jurídicas de direito das
gentes, as organizações internacionais, têm também qualidade para integrar o
processo de produção do direito consuetudinário.
Não se formam costumes internacionais – assim como não se celebram
tratados internacionais – por vontade unilateral. Impõe-se o consentimento e,
pois, a pluralidade, ainda que em número mínimo, de vontades singulares.
A parte que alega em seu prol certa regra costumeira deve provar sua
existência e sua oponibilidade à parte adversa: disse-o a Corte Internacional de
Justiça no julgamento do caso do direito do asilo. Busca-se, materialmente, a
prova do costume em atos estatais, não só executivos – via de regra aqueles
que compõem a prática diplomática -, mas ainda nos textos legais e nas
decisões judiciárias que disponham sobre temas de interesse do direito das
gentes.
O terceiro tópico do rol das fontes no Estatuto da Corte de Haia refere-se aos
princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas. Cumpriria
prestigiar antes de tudo os grandes princípios gerais do próprio direito das
gentes na era atual: o da não-agressão, o da solução pacífica dos litígios entre
Estados, o da autodeterminação dos povos, o da coexistência pacífica, o do
desarmamento, o da proibição de propaganda de guerra; sem prejuízo de
outros, menos conjunturais, e sempre lembrados em doutrina ocidental, como o
da continuidade do Estado.
É certo, contudo, que o ato normativo unilateral – assim chamado por promanar
da vontade de uma única soberania – pode casualmente voltar-se para o
exterior, sem seu objeto, habilitando-se à qualidade de fonte de direito
internacional na medida em que possa ser invocado por outros Estados em
abono de uma vindicação qualquer, ou como esteio da licitude de certo
procedimento. Tal é o caso das leis ou decretos com que cada Estado
determina, observados os limites próprios, a extensão de seu mar territorial ou
de sua zona econômica exclusiva, o regime de seus portos, ou ainda a franquia
de suas águas interiores à navegação estrangeira.
É certo, porém, que tal fenômeno somente ocorre no domínio das decisões
procedimentais, e outras de escasso relevo. No que concerne às decisões
importantes, estas só obrigam quando tomadas por voz unânime, e, se
majoritárias, obrigam apenas os integrantes da corrente vitoriosa, tanto sendo
verdadeiro até mesmo no âmbito das organizações européias, as que mais
longe terão levado seu nível de aprimoramento institucional.
Analogia e equidade são métodos de raciocínio jurídico: não é exato, pois, que
a segunda configure uma fonte alternativa de direito, nem que a primeira
represente um recurso de apoio hermenêutico.
Em direito das gentes não se podem construir, pelo método analógico,
restrições à soberania, nem hipóteses de submissão do Estado ao juízo
exterior, arbitral ou judiciário.
Exercícios
a) Chefes de Estado.
b) Chefes de Governo.
c) Ministro das Relações Exteriores.
d) Chefes de missão diplomática.