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INDICE

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 2
2. OS ANTECEDENTES DA CONFERENCIA DE BERLIM E A CORRIDA ..................................... 3
2.1. Teoria Económica ......................................................................................................................... 3
2.2. AS TEORIAS PSICOLÓGICAS ...................................................................................................... 5
2.2.1. O Darwinismo social ................................................................................................................. 5
2.2.2. Cristianismo evangélico ............................................................................................................ 5
2.2.3. Atavismo social ......................................................................................................................... 5
2.3. TEORIAS DIPLOMÁTICAS ....................................................................................................... 6
2.3.1. Prestígio nacional ...................................................................................................................... 6
2.3.2. Equilíbrio das Forças ................................................................................................................ 6
2.3.3. Estratégia global........................................................................................................................ 7
2.4. Teoria da dimensão Africana ........................................................................................................ 7
3. O Processo de “Roedura” do Continente. ............................................................................................. 8
4. Missionários exploradores .................................................................................................................... 8
5. INÍCIO DA CORRIDA E A CONFERÊNCIA DE BERLIM .............................................................. 8
5.1. Conferência de Berlim (1884-1885) ............................................................................................. 9
5.2. OCUPAÇÃO DE AFRICA ......................................................................................................... 10
5.2.1. A partilha de Africa e a divisão colonial (os tratados de 1885 a 1902) .................................. 10
5.2.2. Os tratados de 1885 a 1902 ................................................................................................. 10
5.2.3. A Conquista militar (1885-1902) ........................................................................................ 12

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Conferência de Berlim e a Ocupação de Africa

1. INTRODUÇÃO

O Presente trabalho atribuído na cadeira de Historia Económica e Social do Mundo visa


debruçar-se de um dos mais importantes e controversos períodos que transformaram a história de
Africa e do mundo, o trabalho que nos propomos a estudar tem como tema A conferência de
Berlim e Ocupação de Africa, conferência esta que tinha como principal agenda regular o
comercio e a navegação nas bacias do rio congo e Níger, divisão e partilha de Africa, através de
coordenação de diversos projectos de exploração e ocupação do continente Africano pelas nações
industrializadas da Europa que já tinham colonias em África e os que pretendiam pela primeira
vez ocupar terras no continente africano como os EUA e Alemanha, e desse modo prevenir
conflitos armados ou tensões entre as varias potencias que era quase que iminente naquela altura.

Como era de se esperar a conferência representava um teor claramente colonial por essa razão não
esteve presente ninguém que representasse os interesses dos reinos e ou das populações africanas.

A conferência de Berlim surgiu como consequência das transformações que o mundo atravessava
entre os períodos de 1880 e 1914, caracterizado como um período de guerras e de transformações
revolucionárias, sobejamente conhecido como o era dos impérios ou o seculo do imperialismo,
onde o mundo foi dividido entre principais potências imperialistas por conta da globalização
económica decorrente do desenvolvimento capitalista. A desenfreada concorrência económica e
comercial engendrada pelas potências imperialistas fez com que Portugal que temia perder suas
colonias tivesse a iniciativa de propor uma conferência, ideia essa aproveitada pelo Chanceler
Alemão Otto Von Bismark que a convocou depois de consulta a outras potências.

Apesar de esta conferência ter sido convocada com o objectivo de partilhar Africa através de mapas
delineadas, ela não se efectivou na conferência de Berlim, concretizou-se depois, o que se fez na
conferência de Berlim foi uma serie de conversações para se obter regras e princípios para uma
ocupação efectiva oficial. Ocupação essa que foi efectivada através de diferentes formas de
penetração, desde as companhias militares, comerciais assim como também usaram métodos de
ocupação de amizades de diplomacia e conquistas militares.

Por conseguinte como foi acima dito este breve trabalho tem como foco temático a conferência de
Berlim e a ocupação em africa, sendo assim através de uma recolha bibliográfica pretender-se-á
debater questões relacionadas com as razoes mais profundas da realização da conferência, os
objectivos a tao acirrada simpatia europeia pelo continente Africano sem se descorar do impacto
de natureza económica e politica e não só, que esta conferência teve tanto no mundo como na
africa. De forma genérica Estes são os pontos que o grupo pretende delinear nas páginas seguintes.

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Conferência de Berlim e a Ocupação de Africa

2. OS ANTECEDENTES DA CONFERENCIA DE BERLIM E A CORRIDA

Segundo o livro a Historia Geral de Africa (Africa sob domínio colonial, 1880-1935, Vol.II) a
geração de 1880-1914 assistiu a uma das mutações históricas mais significativas dos tempos
modernos. Com efeito, com efeito foi no decorrer desse período que a Africa, um continente com
cerca de trinta milhões de quilómetros quadrados, se viu retalhada, subjugada e efectivamente
ocupada pelas nações industrializadas da Europa. Os Historiadores até agora não tem a dimensão
real das consequências desastrosas, quer para o colonizado quer para o colonizador, desse período
de guerras contínuas, embora em geral sublinhem que se tratou de uma época de transformações
revolucionárias fundamentais.

A importância de fase histórica, no entanto, vai muito alem da guerra e das transformações que a
caracterizam. A Africa foi o último continente subjugado pela Europa. O que há de notável nesse
período e, do ponto de vista europeu, a rapidez e a facilidade relativa com que, mediante um
esforço coordenado, as nações ocidentais ocuparam e submeteram um continente assim tao vasto.
É um fato sem precedentes na historia.

Como explicar tal fenómeno? Ou, antes, por que a Africa foi repartida politicamente e
sistematicamente ocupada naquele exacto momento? Por que é que os Africanos forma incapazes
de por cerco a seus adversários? Tais questões tem suscitado, entre historiadores da partilha da
Africa e do novo imperialismo, explicações bastante engenhosas desde o ano de 1880, mas
nenhuma delas se mostrou totalmente aceitável, tanto assim que a história da partilha tornou-se
um dos temas mais controversos e apaixonantes do nosso tempo. O especialista vê-se assim perante
uma tarefa imensa encontrar o fio da meada no fantástico emaranhado de interpretações tao
contraditórias.

Interpretações essas sustentadas por exame de diferentes teorias para responder a partilha da Africa
a partir do novo imperialismo. Por isso chama-se aqui o bom senso para que se possa introduzir
um pouco de ordem na confusão de teorias a que essa mutação capital da história africana deu
origem. Essas teorias que tentam explicar o primórdio dessa desenfreada transformação em Africa
podem ser classificadas em teoria económica, teorias psicológicas, teorias diplomáticas e
teorias da dimensão africana.

2.1. Teoria Económica

Esta teoria conheceu vicissitudes de toda sorte, entretanto os repetidos ataques a essa teoria
apresentam hoje resultados cada vez menos concludentes. Em consequência a teoria do
imperialismo económico sob forma modificada volta a encontrar aceitação. Política de expansão

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imperialista em escala mundial também conhecida como a Weltpolitik foi proposto no congresso
anual do partido em 1900 em Mainz na Alemanha, foi la que, pela primeira vez, Rosa Luxemburgo
apresentou o imperialismo como o ultimo estágio do capitalismo. Foi la também que George
Ledebour fez observar que:

A essência da Weltpolitik era o impulso profundo que conduz todos os capitalismos a uma política
de pilhagem a qual leva o capitalismo europeu e o americano a instalarem-se no mundo inteiro.

A formulação clássica dessa teoria, no entanto – aliás, a mais clara -, é de John Atkinson Hobson.
Afirma que:

A superprodução, as excedentes de capital e o subconsumo dos países industrializados levaram-


nos a colocar uma parte crescente de seus recursos económicos fora de sua esfera política actual
e a aplicar activamente uma estratégia de expansão politica com vistas a se apossar de novos
territórios.

Para ele estava ai a raiz económica do imperialismo. Embora admitindo que forcas de caracter não
económico desempenharam certo papel na expansão imperialista, Hobson estava convicto de que:

Mesmo que um estadista ambicioso, um negociante empreendedor pudessem sugerir ou até iniciar
uma nova etapa da expansão imperialista, ou contribuir para sensibilizar a opinião pública de
sua pátria no sentido da urgente necessidade de novas conquistas, a decisão final ficaria com o
poder financeiro.

Lenine comungava da mesma ideia com a de Rose Luxemburgo de que o imperialismo era o último
estágio do capitalismo, Lenine salientava que o novo imperialismo caracterizava-se pela transição
de um capitalismo de orientação ‘’pré monopolista, ‘’ no qual predomina a livre concorrência ‘’,
para o estágio do capitalismo monopolista intimamente ligado a intensificação da luta pela
partilha do mundo. Assim como o capitalismo de livre concorrência prosperava exportando
mercadorias, o capitalismo monopolista prosperava exportando capitais, derivados de superlucros
acumulados pelo cartel dos bancos e da indústria.

Para Lenin em contradição a Hobson a Guerra, é a consequência inevitável do imperialismo e trará


consigo a morte violenta do capitalismo.

Não obstante nem Hobson nem Lenin terem-se preocupado directamente com a Africa, está claro
que suas análises tem implicações fundamentais no estudo da partilha do continente. Ainda assim
um enorme exercito de especialistas não marxistas demoliu mais ou menos a teoria marxista do
imperialismo económico aplicada a Africa.

Um argumento mais convicente, no entanto e o de que embora a teoria clássica do imperialismo


económico seja aniquilada, isso não permite necessariamente refutar sua conclusão de que o
imperialismo, no nível mais profundo, é essencialmente económico . A luz de pesquisas mais
aprofundadas sobre a história africana desse período, parece claro que aqueles que persistem em
reduzir a importância da dimensão económica da partilha o fazem por sua conta e risco.

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2.2. AS TEORIAS PSICOLÓGICAS

Em termos psicológicos o Livro a Historia Geral de Africa destaca as teorias que se classificam
como darwinismo social, cristianismo evangélico e atavismo social, pois os seus adeptos acreditam
na supremacia da raça branca em relação as outras.

2.2.1. O Darwinismo social

Com base no livro a origem das espécies por meio de seleção natural, ou a conservação das raças
favorecidas na luta pela vida publicada em inglês novembro de 1859, onde apos o seculo XVII os
pós-Darwinismos reforçaram a ideia de que o forte domina o fraco na luta pela existência, através
do processo inelutável da seleção “natural” para eles a partilha de Africa punha em relevo esse
processo natural e inevitável ou seja se forma mais simplista as raças que não fossem brancas
estavam sujeitas ao domínio e a sobreposição natural pela raça superior branca. Mas resta aqui
concluir que o darwinismo social, aplicado a conquista da Africa, é mais uma racionalização tardia
que o móvel profundo do fenómeno.

2.2.2. Cristianismo evangélico

Refutava sobremaneira a obra sobre as origens das espécies considerando-o uma heresia diabólica
e racista. Para esta teoria a partilha de Africa deveu-se em parte a um impulso missionário, com
objectivo de “regenerar” os povos africanos. Já se afirmou, além disso que foram os missionários
que prepararam o terreno para a conquista imperialista na Africa Orienta central. Mas devido ao
seu caracter limitado essa hipótese não se sustenta como uma teoria geral do imperialismo.

2.2.3. Atavismo social

Para Joseph Schumpeter o primeiro a explicar o novo imperialismo em termos sociológicos. Para
ele o imperialismo seria a consequência de certos elementos psicológicos imponderáveis e não de
pressões económicas, o seu raciocino funda-se em termos humanistas e não a preponderância a
supremacia racial europeia, para ele é um desejo natural do homem em dominar o próximo pelo
prazer de domina-lo. Essa pulsação agressiva inata seria comandada pelo desejo de apropriação,
próprio do ser humano. O imperialismo seria portanto um egoísmo nacional colectivo: “a
disposição, desprovida de objectivos que um Estado manifesta de expandir-se ilimitadamente pela
força. O novo imperialismo por conseguinte seria de caracter atávico14, quer dizer, manifestaria
uma regressão aos instintos políticos e sociais primitivos do homem, que certamente se justifiquem
em termos antigos mas certamente não no mundo moderno.
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As teorias psicológicas, embora possam conter algumas verdades que ajudam a compreender a
partilha de Africa, não conseguem explicar por que essa partilha se deu num determinado momento
histórico.

2.3. TEORIAS DIPLOMÁTICAS

Essas teorias oferecem a explicação puramente política da partilha e talvez a mais comumente
aceita. Mas é interessentíssimo – fornecem suporte específico e concreto as teorias psicológicas.
Permitem. Permitem ver os egoísmos nacionais dos Estados europeus, seja em conflito uns com
os outros, seja agindo em acordo para de defenderem, seja de maneira decisiva contra as forças
dos nacionalistas africanos radicais. Propomos assim, tratar essas teorias abordando
sucessivamente o prestígio nacional, o equilíbrio das forcas e a estratégia global.

2.3.1. Prestígio nacional

O principal defensor desta teoria é Charlton Hayes, que fundamentalmente afirma que o novo
imperialismo era um fenómeno nacionalista, e que os seus defensores tinham sede ardente de
prestigio nacional, por exemplo a frança procurava uma compensação para as perdas na Europa
com ganhos no ultramar, O reino Unido aspirava compensar seu isolamento na Europa
engradecendo e exaltando o império britânico, A Rússia, bloqueada nos Balcãs voltava.se de novo
para a Asia, A Alemanha e a Itália queriam mostrar ao mundo que tinham o direito de realçar o
prestigio, obtido a forca na Europa por façanhas imperiais em outros continentes. E é mais um que
conclui que a partilha de Africa não foi um fenómeno económico.

2.3.2. Equilíbrio das Forças

De acordo com F.H.Hinsley17 o desejo de Paz e de estabilidade dos Estados europeus foi a causa
da partilha da Africa., segundo diz a data decisiva, de verdadeira passagem para a era
extraeuropeia. A era do imperialismo foi 1878. A partir dai no congresso de Berlim, a rivalidade
russo – Britânica nos Balcãs e no império Otomano quase que levou as nações europeias a um
conflito generalizado. Mas os estadistas conseguiram evitar essa crise na política de poder. Quando
os conflitos de interesses na Africa ameaçaram a paz na Europa, as potências europeias não tiveram
outra escolha senão retalhar Africa. Era o processo para salvaguardar o equilíbrio diplomático
europeu, estabilizado nos anos 1880.

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2.3.3. Estratégia global

Uma terceira escola sustenta que o interesse da Europa pela Africa, o qual provocou a invasão e a
partilha, era de facto ditado por uma estratégia global e não pela economia, Ronald e Robinson
defensores dessa teoria atribuem responsabilidade da partilha de Africa a influencia dos
movimentos atávicos “protonacionalistas” na Africa que ameaçavam os interesses globais das
nações europeias. Portanto a Africa teria sido ocupada, não porque tivesse riquezas materiais a
oferecer aos europeus, pois então não tinham valor de ponto de vista económico, mas porque
ameaçava os interesses dos europeus alhures.

O objectivo tanto das teorias diplomáticas como psicológicas é de acabar com a ideia de que a
partilha de Africa se deve a motivos económicos, no que tange ao prestigio nacional enquadrada
na teoria diplomática essa mostra-se pouco convincente, segundo Carlton Hayes o que
desencadeou a corrida económica para o continente Africano não foi tanto a superprodução dos
bens manufaturados na Europa como uma escassez de matérias-primas, mas uma forma de evitar
que o mundo fosse monopolizada pela Franca, Itália e Alemanha, ou seja com a elevação do
neomercantilismo emerge também rivalidades entre os imperialistas.

2.4. Teoria da dimensão Africana

As teorias que antecedem a esta, enquadram a Africa como uma extensão europeia, o que segundo
os que defendem esta teoria é um grave erro. Portanto é necessário, fundamental mesmo, examinar
a partilha da Africa da perspectiva histórica africana.
The partition of Africa, de J.S. Keltie, obra notável publicada em 1893, veio enriquecer a
historiografia africana sobre a partilha de Africa, embora admitisse de passagem motivos
económicos ela assinalava com muita argucia que a corrida de 1880 foi consequência logica da
roedura progressiva do continente, iniciada a trezentos anos. A exemplo de Keltie, embora
afirmasse que a causa imediata fosse as rivalidades económicas entre os países industrializados ela
constituía ao mesmo tempo uma fase determinante nas relações de longa data entre Europa e
Africa.

Durante um período essas análises não tiveram repercussão nenhuma, mas em 1956 com a
publicação da obra de K. Onwuka Dike, Trade and politics in the Niger Delta, a dimensão africana
da partilha foi retomada, encorajando vários outros historiadores, com destaque para A.G.Hopkins
que traz uma reinterpretação africana do imperialismo na Africa Ocidental. Ele admite que foram
motivos de ordem essencialmente económicos que animaram os europeus, que a resistência
africana á invasão crescente da Europa precipitou a conquista militar efectiva.

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3. O Processo de “Roedura” do Continente.

O processo de roedura da Africa teve um começo anterior a conferência de Berlim, com a estada
dos portugueses por volta de 1430, devido a necessidade de manutenção do reino de Portugal, em
primeiro momento pela busca de cereais para reabastecer a economia de subsistência e em
segundo, a intenção de chegada as índias, que pelo caminho, favoreceu a um comércio de
especiarias e metais preciosos. Portanto o processo de roedura começa a esboçar-se com os
portugueses, a espoliação africana, tanto nas riquezas quanto a dos negros, demonstra em certo
modo uma economia baseada na apropriação ou até um pré-imperialismo, embora os portugueses
não fossem imperialistas.

4. Missionários exploradores

Foi com o desempenho dos missionários e exploradores que o continente começou a ser
efectivamente rasgado. Os primeiros em especial a partir de 1830, eram anglicanos, metodistas,
baptistas e presbiterianos a serviço da Grã-Bretanha.

Sob argumento de que era preciso “salvar almas dos selvagens” e “por termo ao massacre dos
negros”, escondia-se a ideia da conquista da Africa pela Europa. Portanto é inegável a contribuição
do trabalho do missionário na abertura do continente, os exploradores carregavam um espirito
aventureiro despertado pelo imaginário sobre a Africa, formado pelos relatos de monstros e noutra
vertente vigorava a ideia da existência de reinos riquíssimos e misteriosos.

5. INÍCIO DA CORRIDA E A CONFERÊNCIA DE BERLIM

No final do terceiro quartel do seculo XIX, as potencias Francesas, Portuguesas, Ingleses e


Alemães exerciam uma considerável influencia bem como detinham os interesses comerciais em
diferentes regiões da Africa e seu controle político era muito reduzido.

No início da década de 1880, no auge da partilha dos territórios, Portugal receando ser alijado da
Africa, propôs a convocação de uma conferência internacional com o fito de resolver os litígios
territoriais na Africa Central, contradizendo as afirmações de Robinson e Gallagher que referiam
de que foi a ocupação inglesa de 1882 do Egipto que desencadeou a corrida, mas sim os
acontecimentos que se desenrolaram em diferentes partes da Africa entre 1876 e 1880.

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5.1. Conferência de Berlim (1884-1885)

Segundo o Livro Segundo o livro a Historia Geral de Africa (Africa sob domínio colonial, 1880-
1935, Vol.II) a ideia de uma conferência internacional que permitisse resolver os conflitos
territoriais engendrados pelas actividades dos Países europeus na região do Congo, foi lancada por
iniciativa de Portugal, mais retomada mais tarde pelo Alemão Otto Van Bismark, que depois de
ter consultado outras potências foi encorajado a concretiza-la.

A conferencia realizou-se em Berlim, de 15 de Novembro a 26 de Fevereiro de 1985, com o


pretexto de que na agenda estavam os assuntos relacionados com o trafico de escravos e os grandes
ideias humanitários que se supunha terem inspirado a conferencia e consequentemente adotaram-
se resoluções vazias relativas a abolição de trafico de escravos e ao bem-estar dos africanos, tal
finalidade não é de todo de se estranhar na medida em que nenhum pais ou entidade foi convidado
que representasse os interesses Africanos.

A conferencia contou com a participação de 14 países, 13 pertencentes a europa dentre os quais


destaca-se a Alemanha, Áustria-Hungria, Itália, França, Portugal, Inglaterra, Holanda, Bélgica
Dinamarca, Espanha, Rússia, Suécia, Turquia, e do continente Americano os Estados Unidos de
América. Apesar dos EUA, não possuírem colonias em Africa, era um poderio que encontrava em
fase de crescimento, visando assim a conquista de novos territórios. Na mesma situação se
encontrava o pais anfitrião a Alemanha que desejava também conquistar para si algumas colonias.

Vários foram os temas abordadas durante a conferência, porem o objectivo maior era a elaboração
de um conjunto de regras que despusessem sobre a conquista da Africa pelas potências coloniais
da forma mais ordenada possível. Portanto a conferencia que não tinha como objectivo a partilha
de Africa terminou por distribuir territórios e aprovar resoluções sobre a livre navegação no Níger,
no Beno é e seus afluentes assim como estabelecimento de regras a serem observadas no futuro
em matéria de ocupação de territórios nas costas Africanas.

A conferencia discutiu seis (6) pontos Os cinco (5) primeiros pontos foram abordados sem muita
discussão, na medida que destacava um desejo comum de estabelecer um espirito de entendimento
mutuo as condições mais favoráveis ao desenvolvimento do comercio e da civilização, pois as
potencias temiam que as praticas protecionistas em vigor na europa se estendessem para Africa,
com efeito os grandes debates centraram-se no sexto capitulo com destaque para o artigo 34º e 35º.

Por forca do artigo 34 do ato de Berlim, documento assinado pelos participantes da conferencia,
toda nação europeia que dai em diante tomasse posse de um território nas costas africanas ou
assumisse ai um protetorado, deveria informa-lo aos membros signatários do Ato, para que suas
pretensões fossem ratificadas, desta feita estava criada a chamada doutrina das influencias

Por sua vez o artigo 35º estipulava que o ocupante de qualquer território costeiro devia estar
igualmente em condições de provar que exercia “ autoridade” suficiente para fazer respeitar os
direitos adquiridos e conforme o caso a liberdade de comércio e de trânsito nas condições

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estabelecidas, Esta Era a doutrina dita de ocupação efectiva, que transformaria a conquista da
Africa na aventura criminosa dos europeus.

De facto reconhecendo o Estado livre do Congo, permitindo o desenrolar de negociações


territoriais, estabelecendo as regras e modalidades de apropriação legal do território Africano, as
potências europeias se arrogavam no direito de sancionar o princípio da partilha e da conquista de
um outro continente, semelhante situação não tem precedentes na história: jamais um grupo de
Estados de um continente proclamou com tal arrogância, o direito de negociar a partilha e a
ocupação de outro continente.

5.2. OCUPAÇÃO DE AFRICA


5.2.1. A partilha de Africa e a divisão colonial (os tratados de 1885 a 1902)

Entre 1885 e 1914, realizou-se a divisão colonial que constituiu o novo mapa Africano, mas vale
ressaltar que antes da conferência de Berlim, as potências europeias já tinham suas esferas de
influência em Africa por várias formas: mediante instalação de colonias, a exploração, a criação
de entrepostos comerciais, de estabelecimentos missionários, a ocupação de zonas estratégicas e
os tratados com dirigentes africanos, assim como a ocupação foi feita por via militar. Apos a
conferência os tratados tornaram-se os instrumentos essenciais da partilha da Africa no papel.
Eram de dois tipos esses tratados:

5.2.2. Os tratados de 1885 a 1902

Os celebrados entre Africanos e europeus, e os bilaterais, celebrados entre os próprios europeus.


Os tratados afro-europeus dividiam-se em duas categorias:

1º Houve tratados sobre o tráfico de escravos e o comércio, que foram fonte de conflitos e
provocaram a intervenção política europeia nos assuntos africanos;

2º Os tratados políticos, mediante os quais os dirigentes africanos ou eram levados a renunciar a


sua soberania em troca de protecção, ou se comprometiam a não assinar nenhum tratado com outras
nações europeias.

Esses tratados políticos estiveram muito em voga no período considerado. Eram feitos por
representantes de governos europeus ou por certas organizações privadas, que mais tarde, os
cediam a seus respectivos governos. Logo que um governo metropolitano os aceitava, os territórios
em apreço eram em geral anexados ou tidos por protetorados; por outro lado, se um governo
duvidasse da autenticidade dos tratados ou tivesse de agir com prudência por causa das vicissitudes

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da weltpolitik, utilizava então esses tratados para obter vantagens no quadro das negociações
bilaterais europeias.

Do lado dos africanos eles celebravam esses tratados por diversas razões, mas principalmente em
nome do interesse do seu povo. Em certos casos, aspiravam a estabelecer relações com os europeus
na esperança de tirar dai vantagens políticas relativamente aos seus vizinhos. As vezes, um Estado
africano em posição de fraqueza assinava um tratado com uma potência europeia esperando poder
assim libertar-se da vassalagem a outro Estado africano que lhe impunha sua soberania, ao passo
que outros assinavam com objectivo de manter a obediência de seus Estados súbditos
desobedientes.
Por fim, certos Estados Africanos imaginavam que, celebrando um tratado com um País europeu,
salvaguardariam a independência ameaçada por outras nações europeias. Fosse qual fosse o caso,
os tratados políticos afro-europeus desempenharam importante papel na fase final da partilha de
Africa.

Os tratados bilaterais europeus de partilha referenciavam que definir uma esfera de influência por
um tratado era, em geral, a etapa preliminar da ocupação de um Estado africano por uma potência
europeia. Caso não fosse contestado por nenhuma outra potencia a nação beneficiária
transformaria os direitos que ele lhe reconhecia em direitos de soberania, uma zona de influência,
nascia de uma decisão unilateral, mas só se tornava realidade uma vez aceita, ou pelo menos não
contestada por outras potências europeias. Frequentemente as esferas de influencia eram
contestadas, mas os problemas de ordem territorial e as disputas de fronteiras acabavam por
resolver através de acordos entre as duas ou mais potencias imperialistas presentes na mesma
região. Os limites de tais acertos territoriais eram determinados, com o máximo de exatidão
possível, por uma fronteira natural, ou, na sua ausência, por referência as longitudes e latitudes.
Ocasionalmente levava-se em conta as fronteiras políticas do País.

A opinião dos europeus quanto a validade dos tratados variavam. Alguns os achavam legítimos,
outros, como Lugard, estavam convencidos de que quase todos tinham obtidos de maneira
fraudulenta, sendo inteiramente falsos, outros sem a menor existência legal e a maior parte deles
aplicada ilegalmente.

A própria ideia de que se pudessem considerar legítimos tratados bilaterais entre nações europeias
que decidiam a sorte de territórios africanos em uma capita europeia, longe da presença e sem o
acordo daqueles com cujo futuro se jogava, somente se admitia a luz do direito positivo europeu.
Os estadistas europeus estavam perfeitamente convencidos de que a definição de uma esfera de
influência em um tratado subscrito por duas nações europeias não podia legitimamente atingir os
direitos dos soberanos africanos da região afectada. Na medida em que a influência constituía mais
um conceito político do que jurídico, determinada potencia amiga podia optar por respeitar esse
conceito, enquanto outra, inimiga, não o levaria.

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5.2.3. A Conquista militar (1885-1902)

Por diversas razoes, foram os Franceses os mais activos na consecução da política de ocupação
militar, travando varias batalhas militares e sangrentas, avançando do alto para o baixo do Níger e
saindo-se vencedor em todas elas. Na Africa Ocidental os Franceses conquistaram a Costa do
Marfim e a futura Guine Francesa, onde instalaram colonias em 1893. Iniciadas em 1890, a
conquista e a ocupação do reino do Daomé estavam concluídas em 1894, no final dos anos de 1890
os franceses tinham conquistado todo o Gabão, consolidados suas posições na Africa do Norte,
completando a conquista de Madagáscar.

A conquista britânica também foi espetaculosa e sangrenta, mas encontrou a resistência decidida
e frequentemente difícil de vencer dos africanos. Utilizando as possessões litorâneas na Costa do
ouro (actual Gana) e na Nigéria como base de operações, e também mais tarde conquistada.
Zanzibar serviu de base para a conquista do resto da Africa Oriental Britânica. O País mais
cobiçado pelo Reino Unido nessa região era Uganda. A batalha de Mengo (1892) em Buganda,
centro das operações acarretou a proclamação do protetorado sobre Uganda (1894). Estava livre
agora a conquista do resto de Uganda, concretizada quando da captura e exilio nas Seychelles, em
1899, dos reis Kabarega e Mwanga. Todavia no Quénia foram precisos quase dez anos, para que
os Britânicos impusessem efectivamente sua dominação sobre os Nandi. A derradeira guerra
britânica, no quando da partilha da Africa, foi travada contra os bóeres, na Africa do Sul, essa
guerra apresenta a interessante particularidade de envolver brancos contra brancos. Começou em
1899 e terminou em 1902.
A ocupação efectiva se revelou difícil para as outras potências. Os Alemães por exemplo
conseguiram estabelecer efectivamente sua dominação no sudoeste de Africa no final do seculo
XIX, essencialmente em função da hostilidade de mais de um seculo que impedia a união dos
Nama e dos Maherero. Em compensação a conquista da Africa Oriental Alemã foi a mais ferros e
a mais demorada de todas as guerras de ocupação efectiva, prolongando-se de 1888 a 1907.

A ocupação militar portuguesa iniciada na década de 1880, só foi completada no decorrer do séc.
XX. Embora um empreendimento bastante árduo para os portuguese, estes conseguiram afinal
consolidar a sua dominação em Moçambique, Angola e Guine (Guine Bissau). O estado livre do
congo também se viu diante de graves problemas com Portugal antes de a Bélgica levar a cabo a
ocupação militar da sua esfera de influência. Leopoldo II começou por se aliar a Árabes do Congo
que na realidade lhe eram particularmente hostis.

A Itália é que encontrou as maiores dificuldades nas guerras de ocupação efectiva. Em 1883, teve
êxito em ocupar uma parte da Eritreia. Também já obtivera a costa oriental da Somália, depois da
primeira partilha do imperio Omani

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