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INTRODUÇÃO

Este trabalho de investigação científica é fruto de uma pesquisa aturada em volta


do tema: A Escravatura em áfrica, sob orientação da professora da Disciplina de
História procura-se de um modo não muito abrangente, mas de forma suscinta e
resumida para melhor entendimento do que se vai apresentar, espelhar todos os aspectos
inerentes ao tema.

É assim que traçou-se os objectivos gerais e específicos para melhor se chegar


ao conhecimento aprofundado da pesquisa que se apresenta.
Como objectivo geral, conhecer e saber sobre A Escravatura em áfrica.

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A ESCRAVATURA EM ÁFRICA

O que é Escravatura?

Escravatura é o estado de escravo (qualquer pessoa que esteja sob o domínio de


outra e que, por conseguinte, seja privada da sua liberdade). O conceito permite referir-
se a uma instituição jurídica que define a situação pessoal dos seus escravos.

Os historiadores afirmam que a escravatura surgiu com o aproveitamento da


mão-de-obra daqueles cativos pós-guerra. Em épocas mais remotas, essas pessoas eram
fuziladas embora depois tenham preferido usá-las como escravas para obter um
benefício económico ou um serviço.

O estudo do processo de escravização dos povos africanos é essencial para que


se compreenda a situação atual de desigualdade no planeta. Revela uma longa história
de exploração e subjugação de populações fragilizadas por outras, mais equipadas.
Demonstra também que a desestruturação econômica e cultural tem efeitos desastrosos
de longa duração.

Do ponto de vista econômico, a escravidão foi uma forma eficiente de


acumulação primitiva. No que diz respeito às pessoas, foi uma violência irreparável, que
pressupõe, dentre outros fatores, a existência de povos muito pobres, mão de obra
excedente que possa ser explorada em benefício de uma minoria. Assim, parte do atual
contexto socioeconômico da África de miséria e exclusão é consequência de fatos
passados.

Escravidão na África: uma antiga forma de exploração

A escravidão esteve presente no continente africano muito antes do início do


comércio de escravos com europeus na costa atlântica.

Desde por volta de 700, "prisioneiros capturados nas guerras santas que
expandiram o Islã da Arábia pelo norte da África e através da região do Golfo Pérsico"
eram vendidos e usados como escravos. Durante os três impérios medievais do norte da
África (séculos X a XV), o comércio de escravos foi largamente praticado.

Lovejoy apresenta o conceito de modo de produção escravista (de E. Terray)


como fundamental para uma compreensão mais completa do funcionamento político,
econômico e social da África - e também das colônias portuguesas nas Américas.
Segundo sua definição, o modo de produção baseado na escravidão é aquele em que
predominam a mão de obra escrava em setores essenciais da economia; a condição de
escravo no mais baixo nível da hierarquia social; e a consolidação de uma infraestrutura
política e comercial que garanta a manutenção desse tipo de exploração

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A escravização dos africanos por interesses

Hoje, a escravidão nos choca sob qualquer forma que ela se apresente, todavia, a
escravidão africana divergiu profundamente de escravidão racista nas Américas. Por
exemplo, a Carta de Curucã Fuga, a Constituição do Império do Mali veementemente
proíbe maus-tratos ao escravo em seu artigo 20. Além disso, muitos dos povos africanos
adotaram o Islã que, por sua vez, prescreve aos religiosos tratar os escravos
“generosamente” (ihsan) (IV, 36) e considera a alforria como um gesto merecedor e
uma obra de beneficência (II, 117; XC, 13).

Muitos escravos puderam, assim, alcançar posições de poder e influência. No


Egito temos o exemplo de Abul Misque Cafur, originalmente escravo de origem etíope
que se tornou regente do Egito. Em Marrocos, destaca-se o político Ibn Marjan (d.
1728), um eunuco negro encarregado da tesouraria, bem como dos servos negros no
palácio durante a vida do Mulai Ismail.

No Império do Mali, Mansa Sacura (r. 1285–1300), escravo de nascimento, foi


libertado e tornou-se um general do exército de Sundiata Queita posteriormente
nomeando-se o sexto imperador do império mande. Segundo as crônicas árabes, os
regimentos negros, chamados ‘abid al-shira’ (escravos comprados), tornaram-se um
importante elemento dos exércitos fatímidas. Eles conquistaram um papel principal no
reinado do califa fatímida Almostancir do Cairo (r. 1036–1094), graças ao indefectível
apoio que lhes foi conferido pela mãe do califa, escrava sudanesa de muito caráter. No
apogeu de sua potência, eles eram 50 000. Escravos negros também alcançaram
destaque na Índia, tendo sido Malik Ambar o mais notável deles sendo referido como o
guru da guerrilha Marata.

Na África Ocidental, o jonya (do termo mande jon, que significa cativo) era um
escravo ligado a uma linhagem. Nas sociedades em que reinou esse sistema, ele
pertencia a uma categoria sociopolítica integrada a classe dominante; era então cidadão
exclusivo do Estado e pertencia a seu aparelho político. Enquanto sistema e categoria
social,o jonya desempenhou um papel considerável e original nos Estados e impérios de
Gana, Tacrur, Mali, Canem, Axânti e Iorubá. Os soberanos sudaneses também
importavam escravos. Ibne Batuta nos relatou que quando o imperador do Mali sentava
no trono em praça pública, atrás dele postavam-se cerca de 30 mercenários mamelucos,
comprados para ele no Cairo.

Também havia os worossos que eram escravos "nascidos no meio" descendentes


dos jons (escravos capturados ou comprados) sendo que ambas as classes de escravos
tinham direito de trabalhar em seu próprio benefício por determinado período. Era
possível para eles juntar sua própria propriedade pessoal havendo, inclusive, o termo
'jon ma jon' para definir o escravo pertencente a outro escravo.

O comércio de escravos foi muito importante no Império Songai. Os escravo era


muitas vezes usado como soldado, e foi muito honrado e digno de confiança. Escravos
palacianos eram chamados Arbi. Arbis trabalhavam como músicos, artesãos, ceramistas,
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e muitos outros trabalhos artísticos. Os escravos também trabalhavam em fazendas para
produzir alimentos que apoiava moradores locais. Em muitas sociedades africanas,
havia muito pouca diferença entre os camponeses livres e os camponeses vassalos
feudais. A maioria dos escravos vivia em suas próprias casas en famille. Logo, o mestre
era obrigado a prover seu escravo com alguma extensão territorial cultivável na qual ele
poderia trabalhar por conta própria, e lhe era permitido um ou dois dias livres na semana
onde ele poderia trabalhar em sua própria fazenda ou em qualquer outra ocupação
remunerada, ao invés da trabalhar na fazenda gandu de seu senhor.

Muitas tribos rivais faziam prisioneiros em conflitos e vendiam-nos para árabes


e europeus. Existia, também, a escravidão por dívidas. De fato, este foi um dos
elementos-chave responsável pela mercantilização dos povos africanos.

Nas razias, quando as comunidades eram invadidas, as pessoas eram capturados


por grupos armados e, depois de serem levadas até entrepostos no litoral africano, eram
trocadas com os traficantes por mercadorias. Os navios negreiros saíam do Brasil
provisionados com alimentos para a viagem, além dos gêneros utilizados para a troca,
como aguardente de cana, armas dos mais variados tipos, gêneros manufaturados e
alimentos.

A presença europeia na costa atlântica e o comércio de escravos

Já em meados da década de 1470 os "portugueses tinham começado a comerciar


nos golfos do Benim e frequentar o delta do rio Níger e os rios que lhe ficavam logo a
oeste", negociando escravos.

Mesmo assim, as primeiras excursões portuguesas à África subsariana foram


pacíficas (o marco da chegada foi a construção da fortaleza de São Jorge da Mina, em
Gana, em 1482). Embora houvesse a exceção do Mali. Os portugueses chegaram na
costa Senegâmbia em 1444, porém, eles não estavam vindo em paz. Usando caravelas
para lançar ataques e escravizar a população no litoral africano, os territórios vassalos
do Mali foram pegos de surpresa por ambos os navios e os de peles brancas dentro
deles.

No entanto, o Império do Mali rebateu os ataques portugueses com pequenas


embarcações. O Mandekalu (exército imperial malinês) infligiu uma série de derrotas
contra o português, devido à utilização de flechas envenenadas. As derrotas forçaram o
rei de Portugal a despachar seus cortesão Diogo Gomes em 1456 para garantir a paz. O
esforço foi bem-sucedido e concluído em 1462, e o comércio tornou-se o novo foco de
Portugal ao longo da Senegâmbia.

Portugueses muitas vezes se casavam com mulheres nativas e eram aceitos pelas
lideranças locais.

Os investimentos na navegação da costa oeste da África foram inicialmente


estimulados pela crença de que a principal fonte de lucro seria a exploração de minas de
ouro, expectativa que não se realizou. Assim, consta que o comércio de escravos que se
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estabeleceu no Atlântico entre 1450 e 1900 contabilizou a venda de cerca de 11.313.000
indivíduos.

Em torno do comércio de escravos, estabeleceu-se o comércio de outros


produtos, tais como marfim, tecido, tabaco, armas de fogo e peles . Os comerciantes
usavam como moeda pequenos objetos de cobre, manilhas e contas de vidro trazidos de
Veneza. Mas a principal fonte de riqueza obtida pelos europeus na África pode ter sido
mesmo a mão-de-obra demandada nas colônias americanas e que pareceu-lhes uma boa
justificativa para os investimentos em explorações marítimas que, especialmente os
portugueses, vinham fazendo desde o século XIV. Dessa forma, embora no século XV
os escravos fossem vendidos em Portugal e na Europa de maneira geral, foi com a
exploração das colônias americanas que o tráfico atingiu grandes proporções.

O investimento europeu em guerras geradoras de escravos modificou


profundamente a África e também as Américas. Cidades atacavam outras cidades,
escravizando a população. Paul Lovejoy faz uma descrição pormenorizada de diversos
casos de escravidão. Igualmente ele chama a atenção para o caráter de relação de
dependência inerente à escravidão, o indivíduo na situação de escravo ficava numa
situação em que não tinha autonomia alguma e que dependia do seu senhor para suas
necessidades mais fundamentais, como no caso de mulheres que se tornavam
concubinas.

Desde muito antes da chegada dos portugueses a Gana, a escravidão articulada


com a expansão do Islã sempre esteve calcada em interesses sexuais. Os árabes vendiam
os homens e ficavam com as mulheres, que eram absorvidas pelas comunidades e,
conforme incorporavam valores das sociedades de seus senhores, ganhavam maior
liberdade. Os filhos eram assimilados pela sociedade muçulmana. Além disso, as
mulheres faziam quase todo o trabalho agrícola.

A preferência dos traficantes africanos por cativos do sexo feminino foi um fator
decisivo para que, no início de seus negócios nessa área, os europeus comprassem muito
mais homens do que mulheres. Outro fator importante foi a constatação de que os
homens eram mais resistentes às péssimas condições de salubridade a que eram
submetidos nas longas viagens de travessia do oceano Atlântico em navios negreiros.
Também por isso, as populações de escravos, tanto na África como nas Américas, não
tinham como se sustentar por meio da reprodução biológica, o que gerava uma
constante substituição dos escravos por novas levas e girava a máquina dos negócios
dos traficantes. Dessa forma, "o trabalho escravo estava diretamente relacionado à
consolidação da infraestrutura comercial que era necessária para a exportação de
escravos".

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Consequências da escravidão

A partir do processo de expansão marítima empreendido pelas nações européias


e o desenvolvimento do tráfico negreiro, diversas dessas culturas foram profundamente
transformadas. No ambiente colonial, várias das tradições foram reinterpretadas à luz
das demais culturas que conviviam no continente americano.

Na África, o resultado do sistema escravagista foi devastador. Comunidades que


antes conviviam pacificamente se militarizaram e travaram guerras infindáveis.
Enquanto durou a escravidão, os escravos, assim “produzidos”, eram vendidos em feiras
e exportados. Depois, os antagonismos étnicos entre os capturados e os captores se
acentuaram, de forma que mesmo após a retirada dos últimos colonizadores, já no final
do séc. XX, as guerras continuaram ocorrendo. Houve mais interferências externas.
Outras circunstâncias contribuíram para que a África chegasse ao século XXI como o
continente mais pobre, injusto e desigual do planeta. Uma delas foi a introdução de
mercadorias estrangeiras, ainda no tempo colonial, que provocou a ruína do sistema de
produção local. Em Angola o sistema do sobado entrou em decadência com a
implantação de plantations. Outros centros comerciais próximos ao Rio Kwanza, como
o Dongo, passaram a comercializar borracha, cera, café, amendoim e outros produtos
demandados pelos europeus – em detrimento da produção de bens de subsistência
essenciais para a população.

O resultado dessa história milenar de exploração e injustiça são as guerras civis e


a extrema pobreza em que o continente chafurda até os dias atuais.
Na África, a exploração da mão-de-obra escrava, primeiro pelos árabes e depois pelos
europeus, provocou uma desestruturação de enormes proporções, que ainda não foi
superada. Guerras, doenças e pobreza devastam, até os dias atuais, grande parte do
continente, cujas riquezas naturais seguem sendo escoadas para os cofres de povos já
exageradamente ricos.

A escravatura afeta as vidas de milhões de crianças, mulheres e homens


vendidos como mercadoria, obrigados a trabalhar sem salário, à mercê dos seus dono.
Na Etiópia, muitas jovens são exportadas para os países árabes como domésticas ou
prostitutas. Na África Ocidental, dezenas de milhares de crianças com cinco ou mais
anos de idade são traficadas do Benim, Burkina Faso, Gana, Mali, Nigéria e Togo para
o Benim, Congo, Costa do Marfim, Guiné Equatorial, Gabão e Nigéria devido a fatores
econômicos e demográficos. Os pais, geralmente polígamos e idosos, vendem-nas para
pagar dívidas ou melhorar o pobre orçamento familiar. Esses miúdos fazem trabalhos
domésticos, vendem água, refrescos e outros produtos nos mercados, trabalham em
plantações agrícolas, pescas, minas, na prostituição ou como pedintes. Maltratados e
subalimentados, chegam a trabalhar até 18 horas por dia. Em 1998, uma criança do Mali
era vendida por cerca de 30 euros.
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CONCLUSÃO
Chegamos a conclusão que a escravidão existiu na Ásia, na Europa, nas
Américas e na África. Mas muitos dos povos africanos utilizavam escravos para os mais
diversos fins, e como cada povo africano tem sua própria organização política,
econômica e social, a escravidão na África se desenvolveu de muitas formas.

De uma maneira geral, partindo da história de grande parte desses


povos,podemos dizer que existia na África uma escravidão doméstica, e não uma
escravidão mercantil, ou seja, entre vários povos africanos, o escravo não era uma
mercadoria, mas sim um braço a mais na colheita, na pecuária, na mineração e na caça;
um guerreiro a mais nas campanhas militares.

Esses povos africanos preferiam as mulheres como escravas, já que eram


elas as responsáveis pela agricultura epoderiam gerar novos membros para a
comunidade. E muitas das crianças nascidas de mães escravas eram consideradas
livres pela comunidade. A grande maioria dos povos africanos eram matrilineares,
ou seja, se organizavam a partir da ascendência materna, partindo da mãe a
transmissão de nome e privilégios. Dessa forma, uma mãe escrava poderia se
tornar líder política em sua sociedade, por ter gerado oherdeiro à chefia local.

Os árabes e o tráfico de escravos africanos ao lado da escravidão doméstica


também existia o comércio de escravos. Algumas sociedades africanas viviam da
guerra para a captura de pessoas para serem vendidas a outros povos que
necessitavam de escravos. Como na África existiam várias etnias, vários grupos
políticos diferentes (os africanos não eram um único povo), as guerras entre eles
eram muito frequentes, e uma consequência disso eraescravização dos vencidos,
que podiam ser vendidos, segundo a necessidade do vencedor.

O comércio de pessoas se intensificou no século VII, quando os árabes


conquistaram o Magreb e o leste africano. Os árabes eram grandes mercadores de
escravos, e conseguiam suas mercadorias humanas em diversas regiões: Espanha,
Rússia, Oriente Médio, Índia e África. Os escravos comprados nessas regiões
eramvendidos principalmente na península Arábica, mas também podiam ser
vendidos em regiões mais distantes, como na China.

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BIBLIOGRAFIA

 História Geral da África - Volume V: África do século XVI ao XVIII.


 João de Saldanha Oliveira e Sousa (Marquês de Rio Maior), O Marquês de
Pombal e a Repressão Escravatura.
 A África e a escravidão", pp 29-56; cap 12 - "A escravidão na economia política
da África".

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