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Guia de História de África

do Século XVI ao Século XVIII


Curso de Licenciatura em Ensino de História

Faculdade de Ciências Sociais e Filosóficas

Departamento de História

Universidade Pedagógica
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Programa de Formação à Distância
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e-mail: cead@up.ac.mz / up.cead@gmail.com
Ficha técnica

Autoria: Adolcido Matine

Revisão da Engenharia de EAD e Desenho Instrucional: Cristina Ribeiro Loforte

Edição Linguistica: Salomão Massingue

Edição técnica/Maquetização: Valdinácio F. Paulo

Layout da Capa: Valdinácio F. Paulo


Imagem base da Capa: Gaël Epiney

© 2018 Universidade Pedagógica

Primeira Edição

Impresso e Encadernado por

© Todos os direitos reservados. Não pode ser publicado ou reproduzido em nenhuma forma ou meio – mecânico ou
eletrónico- sem a permissão da Universidade Pedagógica.
Índice
Visão Geral do Guia 1

Ícones de Actividades 4

Unidade 1: A escravatura em África (1500- 1850): origem e evolução 9

Lição n° 1 11
Origem e evolução do tráfico de escravos ...................................................................... 11

Lição n° 2 15
O tráfico de escravos na costa oriental de África: o caso de Moçambique .................... 15

Lição n° 3 19
O comércio triangular e o tráfico de escravos na África ocidental ................................. 19

Lição n° 4 22
O TRÁFICO DE ESCRAVOS NA ÁFRICA OCIDENTAL (continuação): ................. 22
- x`xA situação dos escravos no local de partida e de chegada ...................................... 22
- As razões da escolha de África como fornecedora de escravos ................................... 22

Unidade 2: Consequências do tráfico de escravos e o abolicionismo 29

Lição n° 1 31
As consequências da escravatura em África ................................................................... 31

Lição n° 2 35
As consequências da escravatura na Europa e América ................................................. 35

Lição n° 3 38
A abolição do tráfico de escravos. .................................................................................. 38

Unidade 3: As reformas dos Estados africanos entre os séculos XVI e XVIII/XIX. 43

Lição n° 1 45
As reformas de Muhammad Ali no Egipto ..................................................................... 45

Lição n° 2 49
O califado de Sokoto e Borno ......................................................................................... 49

Lição n° 3 53
REFORMAS NA ETIÓPIA: da Abissínia ao império etíope moderno ......................... 53

Lição n° 4 57
Reformas no reino do Congo .......................................................................................... 57

Lição n° 5 61
Reforma na África do Sul: o M’pfecane ......................................................................... 61

Referências bibliográficas 67
Visão Geral do Guia

Bem-vindo ao estudo da disciplina de História de África do


século XVI ao século XVIII

Caro estudante!

O módulo de História de África do século XVI ao século XVIII é


composto por um guia de estudo, com orientações de como e o que
deve estudar, e uma colectânea de textos que servirão de base para o
seu estudo. Este guia é obrigatoriamente acompanhado por essa
colectânea. A colectânea é composta por textos extraídos dos
seguintes autores: Ki-zerbo (1972); Sengulane (2007); Ilife (1999);
e Gentili (1999), que constituem a base de estudo da 1ª e 2ª unidade
de aprendizagem. A 3ª e última unidade tem como base de estudo o
texto de Gentili (1999) e o capítulo 19 da obra de História Geral de
África-V; capítulos 5, 13 e 22 da obra de História Geral de África-
VI e o capítulo 11 do volume VII também de História Geral de
África.

As matérias que irá estudar nesta disciplina enquadram-se em duas


grandes temáticas sobre a história de África, nomeadamente: a
escravatura e as transformações das sociedades africanas durante o
período da escravatura em África. O estudo destas matérias vai
permitir o desenvolvimento de uma atitude crítica, no que concerne
a abordagens relativas à prática da escravatura em África, incluindo
a apreciação ética e moral do mesmo fenómeno.

Este guia está organizado em unidades de aprendizagem e lições.


Cada unidade é composta por uma breve introdução dos conteúdos
a serem tratados ao longo da unidade; os objectivos de

1
aprendizagem; as lições correspondentes à unidade; um conjunto de
questões de auto-avaliação da unidade e, por último, um resumo. Por
sua vez, cada lição compõe-se de uma breve introdução; objectivos
de aprendizagem a serem atingidos no final de cada lição; uma
orientação para o estudo; um conjunto de actividades de
aprendizagem e exercícios a serem realizados durante a lição; um
resumo da lição; um conjunto de questões de auto-avaliação da lição;
comentários da auto-avaliação e, por fim, a indicação da bibliografia
para leituras complementares.

Objectivos do Guia
Esperamos que ao terminar o estudo de História de África do séc.
XVI ao XVIII seja capaz de:

 Compreender a influência das visões eurocêntricas e


africanistas na Historiografia da escravatura;

 Compreender o impacto da escravatura nas sociedades


africanas;

 Conhecer as principais reformas dos Estados africanos no


período em estudo.

Estrutura do Guia
Em termos de organização das matérias, este guia de estudo da
disciplina de História de África do século XVI ao século XVIII é
composto por 3 unidades de aprendizagem, conforme o quadro
abaixo.

2
UNIDADE DE LIÇÕES HORAS DE
APRENDIZAGEM ESTUDO

1. Origem e evolução do tráfico de


UNIDADE 1: 5
escravos;
Escravatura em
2. Tráfico de escravos na África
África (1500- 1850) 7
Oriental;
3. Comércio triangular e o tráfico de 7
escravos na África ocidental;
4. Tráfico de escravos na África
7
ocidental: a situação dos escravos
nos pontos de partida e de chegada;
as razões da escolha de África
como fornecedora de escravos.
1. Consequências da escravatura para
UNIDADE 2: 5
África.
As consequências do
2. Consequências da escravatura para
tráfico de escravos e 7
Europa e América.
o abolicionismo
3. A abolição do tráfico de escravos.
5

1. As reformas de Muhammad Ali no


UNIDADE 3: 7
Egipto.
Reformas dos
2. O califado de Sokoto e Borno.
Estados africanos 7

entre os séculos XVI 3. As reformas na Etiópia: da abissínia 7


e XVIII ao império Etíope moderno.

4. As reformas no reino do Congo. 5

5. As reformas na África do Sul: o 7


M’pfecane

Mãos à obra, caro estudante. Posto isto, já pode organizar o seu


estudo semanal e preparar um caderno, ou um bloco de
apontamentos para realização das tarefas desta disciplina.

3
A quem se destina o Guia
Este guia foi concebido para o(a) estudante do curso de licenciatura
em ensino de história à no regime a distância. Mas também, pode ser
usado como material de estudo para estudantes de outros cursos que
tenham interesse pelo estudo da história de África.

Avaliação
A avaliação será efectuada tendo em conta o Regulamento de
Avaliação em vigor na Universidade Pedagógica, que preconiza um
carácter formativo, sistemático e contínuo.

Ao longo do semestre realizar-se-ão testes escritos e trabalhos de


pesquisa que serão indicados pelo tutor de especialidade. No final do
semestre deverá fazer um exame escrito ou oral.

Ícones de Actividades

Caro estudante, para lhe ajudar a orientar-se no estudo deste módulo e


facilmente foram usados marcadores de texto do tipo ícones. Os ícones
foram escolhidos pelo CEMEC (Centro de Estudos Moçambicanos e
Etnociência) da Universidade Pedagógica. Tomou-se em consideração a
diversidade cultural Moçambicana. Encontre, a seguir, a lista de ícones, o
que a figura representa e a descrição do que cada um deles indica no
módulo:

4
1. Exercício 2. Actividade 3. Auto-Avaliação

[peneira]
[colher de pau com
[enxada em actividade] alimento para provar]

4. Exemplo/estudo de 5. Debate 6. Trabalho em grupo


caso

[Jogo Ntxuva]
[fogueira] [mãos unidas]

7. Tome nota/Atenção 8. Objectivos 9. Leitura

[estrela cintilante] [livro aberto]


[batuque soando]

10. Reflexão 11. Tempo 12. Resumo

[sentados à volta da fogueira]

[sol]
[embondeiro]

5
13. Terminologia 14. Video/Plataforma 15. Comentários
Glossário

[Dicionário] [computador]
[Balão de fala]

1. Exercício (trabalho, exercitação) – A enxada relaciona-se com um


tipo de trabalho, indica que é preciso trabalhar e pôr em prática ou
aplicar o aprendido.
2. Actividade - A colher com o alimento para provar indica que é
momento de realizar uma actividade diferente da simples leitura, e
verificar como está a ocorrer a aprendizagem.
3. Auto-Avaliação – A peneira permite separar elementos, por isso
indica que existe uma proposta para verificação do que foi ou não
aprendido.
4. Exemplo/Estudo de caso – Indica que há um caso a ser resolvido
comparativamente ao jogo de Ntxuva em que cada jogo é um caso
diferente.
5. Debate – Indica a sugestão de se juntar a outros (presencialmente ou
usando a plataforma digital) para troca de experiências, para novas
aprendizagens, como é costume fazer-se à volta da fogueira.
6. Trabalho em grupo – Para a sua realização há necessidade de
entreajuda, que se apoiem uns aos outros
7. Tome nota/Atenção – Chamada de atenção
8. Objectivos – orientação para organização do seu estudo e daquilo
que deverá aprender a fazer ou a fazer melhor
9. Leitura adicional – O livro indica que é necessário obter
informações adicionais através de livros ou outras fontes.
10. Reflexão – O embondeiro é robusto e forte. Indica um momento para
fortalecer as suas ideias, para construir o seu saber.

6
11. Tempo – O sol indica o tempo aproximado que deve dedicar á
realização de uma tarefa ou actividade, estudo de uma unidade ou
lição.
12. Resumo – Representado por pessoas sentadas à volta da fogueira
como é costume fazer-se para se contar histórias. É o momento de
sumarizar ou resumir aquilo que foi tratado na lição ou na unidade.
13. Terminologia/Glossário – Representado por um livro de consulta,
indica que se apresenta a terminologia importante nessa lição ou
então que se apresenta um Glossário com os termos mais
importantes.
14. Vídeo/Plataforma – O computador indica que existe um vídeo para
ser visto ou que existe uma actividade a ser realizada na plataforma
digital de ensino e aprendizagem.
15. Balão com texto – Indica que existem comentários para lhe ajudar a
verificar as suas respostas às actividades, exercícios e questões de
auto-avaliação.

7
Conteúdos
A escravatura em
África (1500- 1850):
origem e evolução

UNIDADE
Lição n° 1 11
Origem e evolução do tráfico de escravos ........... 11

1
Lição n° 2 15
O tráfico de escravos na costa oriental de
África: o caso de Moçambique .................................. 15

Lição n° 3 19
O comércio triangular e o tráfico de escravos na
África ocidental .............................................................. 19

Lição n° 4 22
O TRÁFICO DE ESCRAVOS NA ÁFRICA OCIDENTAL
(continuação): ................................................................ 22
- x`xA situação dos escravos no local de partida
e de chegada................................................................... 22
- As razões da escolha de África como
fornecedora de escravos .......................................... 22

Pág. 10 - 28

Unidade 1: A escravatura em África (1500- 1850): origem e evolução

9
Introdução
O estudo desta temática é de capital importância, na medida em que
vai permitir uma reflexão em torno de várias questões pertinentes,
tais como: a quem cabe realmente atribuir a responsabilidade deste
tão abominável comércio de escravos? Muitas vezes é imputada aos
próprios africanos, acusados de terem vendido seus irmãos. Outra
reflexão não menos importante está relacionada com a tendência
para minimizar os efeitos negativos deste tráfico de negros africanos.
Assim, ao longo desta unidade serão desenvolvidos os seguintes
conteúdos: origem e evolução do tráfico de escravos em África; os
métodos e meios de acção utilizados pelos traficantes de escravos; o
comércio triangular e o tráfico de escravos na África ocidental e
oriental.

Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:

 Comparar a escravatura africana a escravatura europeia;


 Conhecer os métodos e meios de acção utilizados pelos
traficantes de escravos.

10
Lição n° 1
Origem e evolução do tráfico de escravos

Introdução
Bem-vindo à nossa primeira lição de História de África do século
XVI ao século XVIII. Em primeiro lugar, gostaria de lembrar que o
estudo da história permite o conhecimento do passado da
humanidade. Mas mais importante ainda, para um(a) estudante de
história, é que o acesso ou a construção desse conhecimento, só é
possível através das fontes (escritas, orais ou materiais). O
conhecimento que irá construir ao estudar o material que lhe
disponibilizamos, será baseado na leitura de documentos escritos.
Assim, esperamos que esteja apto(a) para desenvolver o gosto pela
leitura pois, até ao fim das nossas lições entrará em contacto com
vários textos de célebres autores da história de África.

Esta lição vai tratar de questões introdutórias sobre a origem e


evolução do tráfico de escravos, tais como: o tráfico de escravos foi
ou não uma operação premeditada? Como foi possível chegar ao
comércio em grande escala dos negro-africanos? Para além destas
principais questões introdutórias farão partes do desenvolvimento
desta lição, os seguintes aspectos: escravatura africana anterior à
presença europeia; origem do termo “escravo”; os métodos e meios
de acção utilizados pelos negreiros.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Explicar as origens do tráfico de escravos;


 Distinguir a escravatura africana da escravatura introduzida
pelos europeus a partir do século XVI;
 Identificar os métodos e meios de acção utilizados pelos
Objectivos
negreiros.

11
Orientação para o estudo

Para esta lição, leia o texto da obra de Ki-Zerbo (1972), nas páginas
261-272.
Atenção

1. Ao efectuar a leitura da página 262, do texto acima indicado, copie


do texto as passagens que mostram se o tráfico de escravos foi ou
Actividade 1.1 não uma operação premeditada.
2. Entre as páginas 265 e 268, o autor faz uma abordagem sobre a
responsabilidade ou não dos europeus sobre o tráfico de escravos.
Nessa abordagem, identificam-se duas posturas: uma eurocentrista e
outra africanista. Identifique, no texto, as partes que ilustram as duas
posturas e copie-as no seu caderno ou bloco de apontamentos.
3. Entre as páginas 268 e 272, identifique os métodos e meios de acção
utilizados pelos negreiros.

Na pergunta 1, tome em consideração o facto de que a escravatura não


foi premeditada. Encontre apenas as provas no texto.

Na pergunta 2, como identificar as características de cada uma das


Comentário da actividade 1.1 posturas? É simples, a postura eurocentrista recusa a responsabilidade
europeia pelo início do tráfico, assumindo-a como uma prática pré-
existente em África; e outra africanista distingue as formas de
escravatura africanas pré-existentes em África, da escravatura posterior
à presença europeia em África, refutando assim, a ideia de que o tráfico
de escravos era uma prática que nada tinha de novo com relação ao que
já faziam os africanos.

Finalmente, para a pergunta 3, verifique apenas se encontrou dois


métodos e dois meios.

12
Resumo da lição
O tráfico de escravos não foi uma acção premeditada, quando os
europeus entraram em contacto com África procuravam metais
preciosos (ouro e prata) e especiarias do oriente. Entretanto, para além
do ouro, os europeus levaram inicialmente africanos por curiosidade.
Com o decorrer do tempo foram utilizando vários métodos que
incluíram em última instância o uso da força, e meios entre os quais a
frota de navios negreiros. Antes do desenvolvimento do tráfico de
escravos, distinguiam-se em África formas de escravatura como
escravos domésticos e de guerra.

Auto-avaliação
1. Explique a origem da palavra “escravo” segundo Ki-Zerbo
(1972).
2. Explique a principal diferença entre o escravo africano
anterior à presença dos europeus em África e o escravo
africano traficado com a chegada dos europeus.
3. ˮ Pretendem alguns que os europeus mais não fizeram do que
imitar as práticas correntes em Áfricaˮ (Ki-Zerbo, 1972, p.
265). Refute esta afirmação recorrendo ao texto do próprio
autor.
4. Descreva os métodos de obtenção dos escravos utilizados
pelos negreiros.

13
Comentários da auto-avaliação
Para facilitar as respostas das questões de auto - avaliação é
importante que ao efectuar as leituras recomendadas tenha feito
as anotações, num caderno, dos principais aspectos indicados nas
actividades. Se efectuar uma leitura atenta na página 265 do texto
de (Ki-Zerbo, 1972), certamente encontrará a explicação sobre a
origem da palavra escravo. Em relação a diferença entre o
escravo africano anterior à presença europeia e o escravo
africano no contexto do tráfico negreiro, encontrará diferenças
quanto ao seu lugar na sociedade, direitos cívicos e de
propriedade. Entre as páginas 268 e 270, do mesmo texto
encontrará dois métodos e dois meios de acção utilizados pelos
negreiros.

Leituras complementares
Texto de Sengulane (2007), na página 276.

14
Lição n° 2
O tráfico de escravos na costa oriental
de África: o caso de Moçambique

Introdução
O tráfico de escravos na costa oriental de África, particularmente em
Moçambique, enquadra-se na sequência da penetração mercantil
portuguesa que inicia com o ciclo do ouro, seguindo – se o do marfim
e, por último, o dos escravos. Aquando da sua chegada, os
portugueses estabeleceram-se na costa, onde fixaram feitorias.
Inicialmente os portugueses disputaram o comércio do ouro então
dominado pelos árabes. Entretanto, quando a procura do escravo
ultrapassou a do ouro e a do marfim, no século XVIII, Moçambique
viu-se envolvido no papel económico de fornecer mão-de-obra
barata para as plantações do Índico e da América. O estudo desta
lição remete-nos a questões como: para onde eram levados os
escravos? Quem os vendia? Quem os comprava? E para que serviam
no destino?

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Localizar no tempo o tráfico de escravos em Moçambique;


 Identificar as principais etapas do tráfico de escravos em
Moçambique;
 Caracterizar as etapas do tráfico de escravos em
Objectivos
Moçambique.

15
Orientação para o estudo

Para esta lição, leia o texto de Sengulane (2007), nas páginas 268-
273.
Atenção

1. Efectue a leitura do texto e anote os seguintes aspectos: as


feitorias portuguesas em Moçambique, o destino dos escravos
capturados em Moçambique e os principais compradores.
Actividade 1.2 2. Releia o texto e anote a data do início do tráfico de escravos em
Moçambique (ver página 272 do texto indicado e a página 79 do
texto da obra do Departamento de História da UEM (2000),
recomendado nas leituras complementares).
3. De acordo com o texto indicado, o tráfico de escravos em
Moçambique divide-se em três etapas. Seguindo o exemplo do
quadro abaixo (sobre as etapas e características do trafico em
Moçambique), faça um quadro semelhante no seu caderno e
preencha os espaços correspondentes às características em falta.

Etapas do tráfico de Características de cada etapa


escravos em Moçambique
1ª Etapa Corresponde aos momentos em que os
escravos eram levados para as plantações de
cana-de-açúcar, café, cacau, baunilha das
ilhas francesas do oceano Índico:
Madagáscar, Comores, Reunião, Seychelles e
Anjuan.

2ª Etapa
3ª Etapa

16
É importante que, ao efectuar as leituras e anotações recomendadas
nesta actividade, respeite os aspectos destacados a ter em conta. Ao
preencher o quadro (2ª e 3ª etapas) identifique o destino dos escravos,

Comentário da actividade 1.2 assim como os intervenientes (os traficantes).

Resumo da lição
Faça um breve resumo (de 15 à 20 linhas) sobre o tráfico de escravos
em Moçambique. Verifique se no seu resumo indicou os seguintes
aspectos: as três etapas do tráfico de escravos em Moçambique; os
compradores dos escravos; os vendedores dos escravos em
Moçambique; o destino dos escravos; as principais zonas de captura dos
escravos em Moçambique. Caso não o tenha feito, o resumo não está
completo. Por isso, volte a ler o texto atentamente e complete os
aspectos em falta.

Auto-avaliação
1. Indique as feitorias portuguesas ao longo das regiões
costeiras banhadas pelo oceano Índico no século XVI.
2. Para que lugares concretos do Oceano Índico eram levados
os escravos moçambicanos?
3. Caracterize a terceira fase do tráfico de escravos em
Moçambique, considere os intervenientes locais, de quem
os negreiros adquiriam os escravos e a denominação que os
mesmos passaram a ter nesta fase.

17
Comentários da auto-avaliação
As feitorias portuguesas no oceano dividem-se entre a costa
asiática e oriental africana, Diu e Goa na Índia; Sofala, ilha de
Moçambique, são apenas alguns exemplos. Sugiro que através
das leituras recomendadas indique outros exemplos. De um
modo geral, no oceano indico, os escravos eram levados para as
ilhas francesas. Com uma leitura atenta poderá identificar tais
ilhas. Segundo o texto da nossa lição, a terceira fase do tráfico
de escravos em Moçambique corresponde ao período do tráfico
clandestino.

Leituras complementares
Texto da obra de Mbokolo (2003), nas páginas 300-309.

Texto do Departamento de história da UEM (2000), nas páginas


79-86

18
Lição n° 3
O comércio triangular e o tráfico de
escravos na África ocidental

Introdução
O comércio de escravos na África Ocidental ganha importância na
sequência da necessidade em mão de obra nas colónias americanas,
provocada essencialmente pelas seguintes razões: a diminuição da
população índia (indígenas americanos) devido ao peso do trabalho
compulsório a que estavam sujeitos e a varíola, ou ainda, por alegada
fraca robustez dos indígenas americanos. Assim, iniciou-se o tráfico
de escravos na África Ocidental no contexto do chamado comércio
triangular. Nesta lição trataremos de aspectos como: métodos de
obtenção dos escravos, principais áreas de captura de escravos na
África Ocidental, os principais portos de escoamento, bem como a
explicitação do conceito de comércio triangular.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Descrever os métodos de obtenção dos escravos;


 Identificar as principais áreas de captura de escravos;
 Explicar o conceito de comércio triangular.

Objectivos

Orientação para o estudo

Para esta lição, leia o texto de Sengulane (2007), nas páginas 275-
278.
Atenção

19
A partir do texto indicado, faça uma ficha de leitura. Em seguida
verifique se, através da tua ficha de leitura, consegue responder às
seguintes questões:
Actividade 1.3
1. Os indígenas americanos, sob dominação espanhola, foram
submetidos a duas formas de trabalho compulsório: a mita e a
encomienda. Para que serviam estas formas antes da dominação
espanhola?
2. Como eram obtidos os escravos?
3. De acordo com o texto indicado, em que região do continente
africano eram fundamentalmente capturados os escravos?
4. Identifique os continentes envolvidos no comércio triangular.

A mita e a encomienda eram utilizadas para viabilizar obras públicas,


mas passaram a ser utilizadas pela colonização espanhola para explorar
os indígenas.

Comentário da actividade Quanto aos métodos de obtenção de escravos distinguem-se dois.

1.3 Efectue uma leitura atenta e identifique-as. Grosso modo, os escravos


eram capturados na costa ocidental de África.

O comércio triangular envolvia três continentes, um dos quais é a


América. Complete a sua resposta identificando outros dois.

Resumo da lição
O escravo africano foi introduzido no sistema de exploração das
colónias americanas em substituição dos índios americanos, por
alegada fraca robustez e mortalidade aliada à varíola. Mas, conforme
vai poder constatar na próxima lição, foram razões de ordem económica
que ditaram, em grande medida, a escolha do africano para escravo.
Durante o comércio de escravos, acreditava-se que cada região da costa

20
ocidental fornecia um tipo determinado de escravo, desde os bons aos
maus. Este tráfico de escravos integra-se num grande circuito de
comércio, chamado comércio triangular que envolvia três continentes,
dispostos geograficamente em forma de triângulo: a Europa, de onde os
negreiros traziam para África produtos manufacturados; África, de onde
saia, principalmente, o escravo para a América; e América, de onde se
extraiam matérias-primas para a Europa.

Auto-avaliação
1. Mencione as principais áreas de obtenção de escravos na África
ocidental.
2. Descreva os principais métodos de obtenção de escravos.
3. Preencha o esquema sobre o comércio triangular, indicando,
de acordo com as setas, os produtos do comércio em
circulação.

Comentários da auto-avaliação
Caro estudante, para certificar-se do sucesso na resolução das
questões de auto-avaliação, verifique os seguintes aspectos: em
relação às áreas de obtenção de escravos na África ocidental,
deve indicar sete. Quanto aos métodos de obtenção dos escravos,
estes deverão ser dois. No que concerne ao comércio triangular,
identifique 8 produtos oriundos da Europa, 5 produtos de África
e igualmente 5 da América.

21
Lição n° 4
O TRÁFICO DE ESCRAVOS NA ÁFRICA OCIDENTAL (continuação):
- x`xA situação dos escravos no local de partida e de chegada
- As razões da escolha de África como fornecedora de escravos

Introdução
Não há dúvidas de que o tráfico de escravos (comércio de seres
humanos) em especial dos africanos constituiu um mal perpetrado
contra os negros africanos. Com este comércio, o negro africano
torna-se uma mercadoria e não gente, desprovido de qualquer direito
como humano. Torna-se um produto de comércio que podia ser
comprado a um determinado preço. Portanto, nesta lição, para além
do custo ou preço dos escravos, serão tratados outros aspectos que
caracterizaram este hediondo comércio de seres humanos, tais como:
o mau tratamento a que os escravos foram sujeitos (a situação do
escravo no ponto de partida - África e de chegada- América), bem
como os fundamentos económicos da escolha de África como
fornecedora de escravos.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Descrever o custo dos escravos em África;


 Descrever a situação dos escravos no local de partida e de
chegada;
 Explicar as razões da escolha de África como fornecedora
Objectivos
de escravos.

22
Orientação para o estudo

Para esta lição, leia o texto de Sengulane (2007), nas páginas 278-
280 e de Ki-Zerbo (1972), nas páginas 272-277. A leitura do texto
de Sengulane (Op cit.) vai oferecer um panorama geral sobre o tema
desta lição. Com a leitura do texto de Ki-Zerbo poderá entrar em
contacto com descrições exaustivas sobre alguns aspectos como: os
Atenção
produtos europeus com os quais se adquiriam os escravos, os maus
tractos a que estavam sujeitos os escravos nas mãos dos negreiros.

1. O custo do escravo em África estava estabelecido por


equivalências. Leia na página 278 do texto recomendado e aliste
quanto valiam: três crianças de oito a quinze anos; duas crianças
Actividade 1.4 de três a sete anos; uma mãe e seu filho.
2. Em seguida desenhe, no seu caderno de actividades, e preencha o
quadro seguinte. Para melhor preencher o quadro leia também a
nota de roda pé 71 da página 279:

Situação do escravo no Situação do escravo no Indique segundo o texto


local de partida (África), local de chegada
de Ki-Zerbo, os produtos
segundo o texto de (América), segundo o
europeus com os quais se
Sengulane texto de Sengulane
adquiriam os escravos

3. Explique as razões económicas que levaram à escolha de África


como fornecedora de escravos, em detrimento da utilização dos
indígenas americanos.

23
Quanto à pergunta 1, relativa ao custo dos escravos, o texto recomendado
é bastante claro, basta uma leitura atenta. Já em relação ao
preenchimento do quadro da pergunta 2, o texto recomendado é
igualmente claro, verifique apenas se encontrou pelo menos 4 aspectos.
Comentário da actividade
Para a pergunta 3, uma das razões é que a retirada da mão-de-obra de
1.4
África não comprometia a economia da Europa já que a América
produzia a matéria – prima de que necessitava a indústria europeia.

Resumo da lição
Faça um resumo da lição no máximo de 10 linhas. Destaque os
seguintes aspectos: o custo dos escravos na fonte (África); a situação
dos escravos nos locais de partida e de chagada; e as razões da escolha
de África para o fornecimento de mão-de-obra escrava.

Auto-avaliação
1. Dê três exemplos de como era estabelecido o custo dos
escravos na fonte.
2. O que era feito dos escravos nos locais de partida, depois
de serem escolhidos, antes do embarque?
3. Que tratamento era indispensável aos escravos nos locais
de chegada, antes de serem levados ao mercado?
4. Como se explica a escolha de África como fonte de mão-
de-obra barata para as plantações e a mineração
americanas?
5. Com que produtos eram comprados os escravos em África
pelos negreiros?

24
Comentários da auto-avaliação
O que achou da sua auto-avaliação? Encontrou alguma
dificuldade? Em caso de eventuais dificuldades, sugiro que volte
a ler o texto indicado para a lição e tome em consideração os
seguintes aspectos que lhe ajudarão a encontrar as respostas
certas às questões colocadas: o custo do escravo era fixado na
base de uma equivalência correspondente a vários valores
conforme o tipo de escravo; o escravo sofria maus tractos no
ponto de partida, extensivos ao logo da viagem, sessando
ligeiramente no ponto de chegada (América) especialmente no
momento que precedia a sua colocação no mercado. Quanto à
escolha de África para fornecedora de mão-de-obra, segundo o
texto de Sengulane (2007) a escolha de África tem uma
explicação essencialmente económica. Portanto, recorrendo a
uma leitura atenta certamente irá compreender o fundamento
económico da escolha de África. O mesmo autor quando faz
referência aos produtos em circulação no comércio triangular,
assim como ao custo do escravo, permite identificar com que
produto era trocado o escravo em África.

25
Auto-avaliação da Unidade 1
1. Descreva a escravatura africana anterior à presença
europeia. Considere o lugar dos respectivos escravos na
sociedade africana.
2. “Pretendem alguns que os europeus mais não fizeram do
que imitar as práticas correntes em Áfricaˮ (Ki-Zerbo,
1972, p. 265). Refute esta afirmação recorrendo ao texto do
próprio autor.
3. Descreva os métodos de obtenção dos escravos, utilizados
pelos negreiros.
4. Que razões explicam a substituição do indígena americano
pelo escravo africano?
5. Descreva as características do tipo de escravos
denominados “peças da Índia”.
6. Descreva o circuito do comércio triangular, indicando o
conjunto dos produtos que saíam de cada lugar e o seu
destino.
7. Por que os escravos eram submetidos ao processo de
engorda antes de serem revendidos na América?
8. Como se explica a escolha de África como fonte de mão-
de-obra barata para as plantações e a mineração
americanas?

26
Comentários da auto-avaliação da Unidade 1
Para a pergunta 1, considere os seguintes aspectos: entre os
escravos africanos distinguem-se os domésticos e os de guerra,
este escravo era tomado como membro adoptivo da família.

Em geral, em África, o escravo era muito rapidamente integrado


na família. O escravo africano tinha direitos cívicos e de
propriedade. Se mencionou uma destas características para a
resposta da pergunta 2, então está correcto.

Para responder à pergunta 3, considere as propagandas e o


recurso ao uso da força como métodos de obtenção de escravos.

Uma das razões da substituição do indígena americano pelo


escravo africano foi a diminuição desta população por conta da
varíola. Mas, sugiro que leia as páginas 275-278 do texto de
Sengulane (2007), para obter outras razões.

“Peças da Índia” referem-se a escravos jovens, saudáveis e sem


qualquer deficiência, numa faixa etária específica que espero
que você possa identificar ao longo das suas leituras.

Quanto ao circuito do comércio triangular, importa referir que,


no geral, de África saíam escravos; da Europa os
manufacturados; e da América as matérias-primas. Complete a
resposta indicando exemplos de matérias-primas saídas da
América assim como exemplos dos manufacturados da Europa.

Por último, África foi escolhida para fornecer mão-de-obra por


motivos de ordem meramente económica.

27
Resumo geral da Unidade 1
Na unidade 1, intitulada escravatura em África (1500-1850), aprendeu
como a escravatura iniciou em África e se desenvolveu até a emergência
do chamado comércio triangular que constitui o auge do tráfico de
escravos, ao longo do período em estudo. Chegados ao fim desta
unidade é importante recordar alguns dos principais assuntos tratados
durante as lições que compuseram a unidade.

Um dos aspectos fundamentais estudados logo na lição introdutória foi


o facto de que o tráfico de escravos praticado pelos europeus em África
a partir do séc. XV, nada tinha em comum com a escravatura africana
anterior a este séc. o escravo africano anterior ao século XV, constituía
um membro postiço da família e possuía direitos cívicos e de
propriedade. Inicialmente eram utilizadas as propagandas como
métodos de obtenção deste escravo. Mas, rapidamente o uso da força
mostrou ser o método mais eficaz. Com o crescimento deste comércio,
os negreiros utilizaram as frotas e as companhias como meios para
viabilizar o comércio. Numa fase bem avançada, a costa ocidental de
África constituía a principal área de obtenção do escravo quando se
constituiu o chamado comércio triangular, por ter envolvido três
continentes (África, América e Europa). Um aspecto não menos
importante nesta abordagem é o facto de que os escravos eram tratados
de forma desumana. Portanto, estes eram acorrentados, despidos para a
inspecção e pouco alimentados.

É importante efectuar uma revisão de todas as actividades e auto-


avaliações para consolidar seus conhecimentos.

28
Conteúdos
Consequências do
tráfico de escravos
e o abolicionismo

UNIDADE
2
Lição n° 1 31
As consequências da escravatura em África ..... 31

Lição n° 2 35
As consequências da escravatura na Europa e
América............................................................................. 35

Lição n° 3 38
A abolição do tráfico de escravos. ........................ 38

Pág. 30 - 42

Unidade 2: Consequências do tráfico de escravos e o abolicionismo

29
Introdução
Certamente a escravatura constitui um dos acontecimentos
marcantes na história de África, se não mesmo na história da
humanidade, cujas consequências evidenciam o quão negativa foi
para este continente. Deste modo, não seria impertinente questionar
se o tráfico de escravos teria produzido algum impacto positivo
particularmente para África. Por outro lado, considerando ter sido
uma má experiência para África, pode - se então questionar: de onde
teria vindo a iniciativa de pôr fim ao tráfico de escravos? Ou ainda,
o que realmente motivou o fim do tráfico de escravos? Como vê, são
questões que carecem de uma reflexão profunda. Ora, as respostas a
estas questões podem parecer simples ou óbvias, mas não. Daí que,
para permitir um juízo de valores com maior fundamento, nesta
unidade vai estudar, de forma detalhada, as consequências e o
processo abolicionista do tráfico de escravos. A abordagem vai
abranger a análise dos efeitos sociais, políticos e económicos do
tráfico de escravos, sobretudo em África, mas também, na Europa e
América, bem como as origens ou causas do abolicionismo.

Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:
 Explicar as consequências sociais, políticas e económicas
da escravatura em África;
 Explicar as consequências da escravatura para a Europa e
América;
 Explicar as razões da abolição do tráfico de escravos.

30
Lição n° 1
As consequências da escravatura em África

Introdução
A venda e posterior utilização do homem africano como mão-de-
obra escrava nas Américas trouxeram enormes consequências para o
continente africano. Nesta lição tratar-se-á de estudar as
consequências do tráfico de escravos do ponto de vista social,
político e económico para África. Sobre esta matéria, vários autores
concordam no facto de que, de um modo geral, o tráfico de escravos
trouxe consequências negativas, embora alguns indiquem a
introdução de novas culturas agrícolas como consequência positiva.
Como se pode notar, o tema remete a uma reflexão e emissão de
juízo de valores. Assim, é convidado a esta lição que lhe permitirá
avaliar até que ponto o tráfico de escravos teve ou não consequências
positivas.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Explicar as consequências do tráfico de escravos para


África, Europa e América.

Objectivos

Orientação para o estudo

Para estudar esta lição vai basear-se no texto da obra de Ki-Zerbo


(1972), nas páginas 279-289.
Atenção

31
1. A escravatura foi ou não uma boa prática para a África e o seu
povo? Considere tudo que já aprendeu sobre a escravatura nas
lições anteriores. Registe, em cinco (5) linhas, toda sua reflexão
Actividade 2.1 numa folha.
2. Em seguida, leia as páginas 280 a 282, do texto recomendado e
anote no seu caderno de actividade nove consequências da
escravatura. Por último, compare a sua reflexão às notas tomadas.

Em relação a pergunta 1, apenas coloque suas ideias baseando-se no que


já apreendeu nas classes anteriores.

Na pergunta 2, se indicou introdução de novas culturas como milho,


Comentário da actividade mandioca; despovoamento, guerras entre tribos; mortalidade infantil;

2.1 perda do melhor extracto da população (jovens, vigorosos e os mais


sãos); separação de mães e filhos menores; traumatismo moral e
ideológico; arranque económico da europa; desenvolvimento de novo
género musical (o jazz), muito bem, está correcto.

Resumo da lição
Copie para o seu caderno de exercícios o quadro abaixo e preencha-o
de forma resumida. Mas, atenção: ao longo das suas leituras encontrará
consequências não estritamente sociais, políticas ou económicas, mas
por vezes consequências socioculturais, psicossociais, sociopolíticas ou
socioeconómicas. Nesses casos, deve enquadrá-las nos três principais
grupos (social, político e económico). O texto de Ki-zerbo não faz uma
distinção explícita das três categorias propostas na tabela. Portanto, veja
o exemplo apresentado pelo texto de Ilife (1999), proposto nas leituras
complementares.

32
Tráfico de escravos:

Consequências Consequências Consequências


sociais políticas económicas

Auto-avaliação
1. Do ponto de vista sócio-demográfico, o tráfico de escravos
efectuou uma separação, levando o que havia de melhor na
população africana. Explicite esta afirmação.
2. O tráfico de escravos provocou um traumatismo moral e
ideológico em numerosos africanos. Justifique esta afirmação.
3. De que modo o tráfico de escravos contribuiu para um
agravamento da mortalidade infantil?

Alguns Estados africanos desagregaram-se durante o período


do tráfico de escravos. Dê dois exemplos, baseie-se no texto
de Ilife (1999).

Comentários da auto-avaliação
Para a pergunta 1, verifique se, na sua explicação, mencionou
que o tráfico de escravos tirou de África gente jovem, cheia de
energia necessária ao desenvolvimento de África, incluindo
gente culta. Se sim muito bem, está de parabéns!

Quanto à pergunta 2, importa destacar que o traumatismo moral


e ideológico resume-se no facto de que os africanos, com o
tráfico de escravos, passam a encarar os seus irmãos como
mercadoria.

33
Para a pergunta 3, se respondeu que sim, muito bem, está
correcto. O facto é que o tráfico de escravos separou mães de
seus filhos menores.

Para a pergunta 4, se indicou reino do Congo e Oyo, muito bem,


acertou e está de parabéns!

Leituras complementares
Ilife (1999), páginas 179-192. Esta leitura vai permitir o
enriquecimento de seus conhecimentos acerca das
consequências do tráfico de escravo e ajudá-lo-á, igualmente, a
resolver algumas questões de auto-avaliação.

34
Lição n° 2
As consequências da escravatura na Europa e América

Introdução
Se em África, de um modo geral, não se pode falar em benefícios da
escravatura, o que dizer da Europa e América? Certamente que na
Europa e América, a escravatura trouxe algum benefício, sobretudo,
de ordem económica, se tomarmos em conta o papel destes dois
continentes no quadro do comércio triangular. Lembre-se que África
apenas fornecia mão-de-obra escrava para as plantações e mineração
americanas, e de lá saíam matérias-primas para a indústria Europeia.
Por último, da Europa para África saiam quinquilharias, aguardente,
mosquetes obsoletos (uma arma de fogo antiga, usada no século XVI
pela infantaria das potências europeias), etc. Nesta lição vai estudar
as consequências da escravatura na Europa e América.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Descrever as consequências da escravatura na Europa e


América.

Objectivos

Orientação para o estudo

Para estudar esta lição basear-se-á no texto da obra de Ki-Zerbo


(1972), nas páginas 282-289.
Atenção

35
1. Copie para o seu caderno de actividades e, de forma resumida,
preencha o quadro abaixo. Para realizar esta actividade, baseie-
se na leitura do texto recomendado acima.
Actividade 2.2
Consequências da Consequências da
escravatura na Europa escravatura na América

Ao preencher o quadro, certifique-se de que mencionou aspectos


relativos à indústria europeia, bem como o papel do escravo africano
na economia europeia. Para a América considere: o nascimento de

Comentário da actividade repúblicas negras e o desenvolvimento de manifestações culturais de

2.2 raiz africana.

Resumo da lição
O tráfico de escravos beneficiou economicamente tanto a Europa
como a América. Na Europa, de um modo geral, a indústria conheceu
um grande impulso, na medida em que serviu-se da mão-de-obra
escrava na produção de matérias-primas. Na América, também se
assistiu a um impulsionamento da sua economia com o trabalho
escravo. Na América, porque é lá para onde iam os escravos, durante
a sua convivência acabaram difundindo aspectos da sua cultura. Por
outro lado, a revolta dos escravos gerou consequências políticas como
a formação da primeira república negra.

36
Auto-avaliação
1. Dê um exemplo de consequências culturais da escravatura na
América.
2. Segundo Ki-zerbo (1972) o tráfico de escravos, para a Europa,
contribuiu para uma acumulação de riqueza, levando África a
participar do arranque económico da Europa. Explicite.
3. Explique o significado de QUILOMBO e dê dois exemplos.

Comentários da auto-avaliação
Para a pergunta 1, se mencionou o surgimento de géneros
musicais como o jazz, está de parabéns, acertou. Mas, leia as
páginas 283, 284, 285 e 286, do texto de Ki-zerbo, acima
indicado, para obter outros exemplos.

Para a pergunta 2, o importante é destacar o papel do trabalho


escravo para a economia europeia.

Quanto ao significado de quilombo, sugiro que leia a página 285


do texto de Ki-zerbo, ai está uma explicação acompanhada de
exemplos.

37
Lição n° 3
A abolição do tráfico de escravos.

Introdução
A abolição do tráfico de escravos será a última abordagem sobre a
grande temática (o trafico de escravos). Ao longo das lições
anteriores estudou das origens às consequências. Agora é chegado o
momento de compreender como finalmente chegou ao fim o tão
hediondo comércio de seres humanos.

Curiosamente, a iniciativa da abolição veio do mesmo lugar de onde


tinha vindo o interesse de utilizar a mão-de-obra escrava, portanto,
da Europa. Como se explica este facto? Para responder à esta e outras
questões relativas à abolição, serão tratados nesta lição aspectos
como: as origens do movimento abolicionista; as motivações ou
fundamentos do abolicionismo.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Descrever as origens do abolicionismo;


 Explicar as razões do abolicionismo;
 Descrever acções concretas de abolição da escravatura.

Objectivos

Orientação para o estudo

O desenvolvimento desta lição tem como base de leitura, dos textos


da obra de Ki-Zerbo (1972), nas páginas 277- 278; e de Sengulane
(2007), na página 281.
Atenção

38
1. Primeiro leia o texto de Ki-Zerbo (1972), nas páginas indicadas
e anote no seu caderno de actividades os seguintes aspectos: o
continente e os países de onde veio a iniciativa abolicionista; as
Actividade 2.3 personalidades ou figuras e as organizações ou associações que
se empenharam no abolicionismo; bem como as acções
abolicionistas concretas.
2. A partir do texto de Sengulane (2007), nas páginas acima
indicadas, anote as razões da abolição da escravatura, assim
como algumas medidas abolicionistas concretas.

A solução para a pergunta 2 encontra-se bem descrita no texto de


Sengulane (2007), acima mencionado.

Comentário da actividade
2.3

Resumo da lição
A partir do século XVIII, certos europeus começaram a comover-se
com o sofrimento dos escravos. Assim, filósofos e outras
personalidades europeias, assim como associações e organizações
religiosas engajaram-se no protesto contra a escravatura. Finalmente,
a Inglaterra, movida por razões económicas, concedeu em 1834, a
liberdade a todos os escravos do seu império.

39
Auto-avaliação
1. Indique o nome de um filósofo europeu, uma associação,
uma organização religiosa, engajados nas primeiras
manifestações dos movimentos abolicionistas.
2. Explique as motivações económicas do abolicionismo.
3. Descreva as medidas tomadas pela Inglaterra no combate
contra a escravatura.

Comentários da auto-avaliação
Como certificar-se da correcção das respostas que deu às
questões de auto-avaliação? Ora, importa referir que a auto-
avaliação permite avaliar o grau de assimilação do conteúdo
apresentado nas lições, pelo que se respondeu correctamente está
de parabéns! Entretanto, se não, verifique os seguintes aspectos
no conjunto das respostas que deu: de acordo com o texto
recomendado na lição, o filósofo em causa é de origem francesa;
quanto à associação, o texto apresenta apenas uma e em relação
a organizações religiosas, este indica duas. No que respeita a
motivos económicos do abolicionismo, verifique se a sua
resposta faz menção a revolução industrial.

40
Auto-avaliação da Unidade 2
1. Descreva as consequências políticas da escravatura para
África.
2. Entre as principais consequências da escravatura para a
Europa, destacam-se as de natureza económica. Justifique
a afirmação.
3. Uma das razões da abolição do tráfico de escravos foi de
ordem filantrópica. Identifique duas figuras que,
influenciadas por este sentimento filantrópico, engajaram-
se no movimento abolicionista.
4. Explique a relação entre a revolução industrial e a abolição
do tráfico de escravos.
5. Em Inglaterra foi o despertar de correntes religiosas que
facilitou o movimento contra a escravatura. Mencione dois
exemplos segundo Ki-zerbo.

Comentários da auto-avaliação da Unidade 2


Quanto às consequências políticas da escravatura em África,
verifique se na sua resposta mencionou os seguintes aspectos:
violência, guerra intratribal e intertribal. Se não, então volte a
leitura e preste atenção a estes aspectos. Para responder à
pergunta 2, leia as páginas 282 e 283 do texto de Ki-zerbo e
durante a leitura preste atenção ao seguinte aspecto: arranque
económico da Europa.

Em relação à pergunta 3, de acordo com o texto de Ki-zerbo, na


página 277, entre as figuras movidas pela filantropia consta um
filósofo francês. Indique o nome deste e de outras figuras.

41
Para explicar a relação entre a revolução industrial e a abolição
do tráfico da escravatura, basta combinar dois aspectos,
nomeadamente, o facto de que a revolução industrial precisa de
mercado consumidor com o agravante de o escravo não ter
salário, logo não tem como consumir.

Em relação aos movimentos religiosos abolicionistas, se tiver


mencionado metodismo e quacres, então está de parabéns,
acertou.

Resumo geral da Unidade 2


Nesta unidade terminou a abordagem sobre a escravatura. Foram
tratados, ao longo das lições, dois principais temas nomeadamente,
as consequências do tráfico de escravos para África, América e
Europa e o abolicionismo, processo que põe fim ao tráfico de
escravos. De um modo geral, o tráfico de escravos só prejudicou o
continente com a retirada do que havia de melhor em África (gente
jovem, vigorosa, a força de trabalho necessária para o
desenvolvimento de África); fomentou guerras intertribais e
intratribais em África, apesar de se considerar a introdução de novas
culturas agrícolas (o milho e a mandioca) como resultados do tráfico
de escravos.

Quanto à abolição, os respectivos motivos constituíram o aspecto


essencial da abordagem. Entre os motivos evocados, os de natureza
económica constituem a principal explicação da abolição do tráfico
de escravos. Portanto, foi a revolução industrial cuja necessidade de
mercado consumidor ditou a substituição do escravo pelo
trabalhador assalariado capaz de consumir. A Inglaterra, mais
interessada, por ser a potência industrial mais desenvolvida da época,
envolveu-se energicamente neste processo, chegando a colocar
navios gendarmes (navios de fiscalização) para impedir a circulação
de navios negreiros.

42
Conteúdos As reformas dos
Estados africanos entre
os séculos XVI e
XVIII/XIX.

UNIDADE
Lição n° 1 45

3
As reformas de Muhammad Ali no Egipto............ 45

Lição n° 2 49
O califado de Sokoto e Borno ................................... 49

Lição n° 3 53
REFORMAS NA ETIÓPIA: da Abissínia ao império
etíope moderno.............................................................. 53

Lição n° 4 57
Reformas no reino do Congo.................................... 57

Lição n° 5 61
Reforma na África do Sul: o M’pfecane ................. 61

Pág. 44 - 65

Unidade 3: As reformas dos Estados africanos entre os séculos XVI e XVIII/XIX.

43
Introdução
As reformas de qualquer Estado levam, por vezes, a um processo de
evolução das sociedades. Por isso, o estudo das reformas dos Estados
africanos entre os séculos XVI e XVIII/XIX vai permitir compreender o
ritmo de evolução destes Estados, bem como compreender o porquê do
estágio actual de evolução das sociedades africanas. O desenvolvimento
desta unidade temática compreende o estudo das reformas ocorridas no
Egipto de Muhammad Ali; nos Estados sudaneses; no Corno de África; no
Congo e na África do Sul.

Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:
 Descrever as reformas dos Estados africanos entre os séculos
XVI e XVIII/XIX.

44
Lição n° 1
As reformas de Muhammad Ali no Egipto

Introdução
Em 1805 Muhammad Ali foi eleito graças à acção das massas populares,
da elite tradicional da época e dos notáveis das cidades, ao cargo de wali
(vice-rei). Desde então, acções reformadoras entraram em curso
conduzindo a restauração de um Estado moderno e autónomo. As reformas
de Muhammad Ali tornaram-se possíveis graças ao sentimento nacional
egípcio, cuja base de suporte vinha tanto dos centros urbanos como dos
centros islâmicos. É de destacar, também, a vontade de Muhammad Ali e
de seu filho de dar ao Egipto um governo verdadeiramente nacional,
independente tanto do sultão otomano, quanto dos europeus, e capaz de
administrar um império afro-árabe. A economia constitui um dos sectores
importantes nestas reformas.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:


 Identificar as causas das reformas no Egipto.
 Descrever as reformas de Muhammad Ali no Egipto.

Objectivos

Orientação para o estudo

O desenvolvimento desta lição tem como base de leitura, o capítulo 13 da


obra de História Geral de África – VI. Os textos desta lição são bastante
longos, por isso deve ler duas ou mais vezes, tomando notas.
Atenção

45
1. A primeira condição que permitiu Muhammad Ali empreender
efectivamente suas reformas foi a sua ascensão ao poder, à
posição de wālī (Vice -Rei). Explique os motivos das reformas
Actividade 3.1 de Ali.
2. Copie para o seu caderno e preencha o quadro abaixo. Consulte
nas páginas 379 à 389 do mesmo capítulo.

A Formação do Estado nacional moderno independente egípcio e a


acção de Muhammad ‘Alī

Data Evolução política do Egipto (destacar o papel de


Muhammad Ali)

1805

1810

1811

Entre 1831e1840

3. Faça um levantamento das principais reformas na agricultura, na


indústria e na educação. Para o efeito leia as páginas 389 à 401 do
capítulo acima indicado.

Para explicar os motivos das reformas em causa, na sua resposta deve


considerar os seguintes aspectos: movimento nacional, autonomia,
vontade de independência nacional e modernização. Para melhor
esboçar a sua resposta, leia as páginas 377 a 379 do capítulo acima
Comentário da actividade
indicado, considerando os aspectos acima indicados.
3.1
Em relação às principais reformas (pergunta 3) verifique se a sua
resposta inclui o seguinte:

 Para a indústria - desenvolvimento de uma indústria bélica e


têxtil;

46
 Para a agricultura - desenvolvimento de grande propriedade
privada;
 Para a educação - introdução de uma educação ocidental
moderna.

Resumo da lição
As reformas no Egipto, do século XIX, têm as suas raízes na actuação
de vários segmentos da própria sociedade egípcia, baseada no
sentimento nacionalista. O sentimento nacionalista levou a revoltas que
culminaram com a evacuação francesa e nomeação de Muhammad Ali
ao cargo de Wali (vice-rei). Mas, o Egipto retornou à condição de
província otomana. Uma vez no poder, Muhammad Ali conduziu uma
série de reformas na economia, buscando uma economia nacional
moderna, incidindo sobre o sector da agricultura e da indústria, mas
também, o da educação. De um modo geral as reformas empreendidas
por Muhammad Ali, a nível económico, social e cultural, tinham uma
visão nacional. Consistiam, essencialmente na transformação do
carácter tradicional destes aspectos para a sua modernização, uma
modernização que se pretendia realizar-se dentro de um Estado
independente.

47
Auto-avaliação
1. Compare o regime de propriedade de terra no Egipto de
antes e depois das reformas de Muhammad Ali.
2. Como era a educação no período de Muhammad Ali?
3. Descreva a evolução da indústria egípcia do período de
Muhammad Ali.

Comentários da auto-avaliação
Na resposta da pergunta 1, deve contrastar a grande propriedade
privada e moderna das antigas propriedades do tipo feudal de
antes das reformas.

Para a pergunta 2, se tiver indicado uma educação moderna


ocidental e nacional, então está correcto.

Quanto à pergunta 3, importa destacar que houve um grande


crescimento da indústria de vários ramos. Pode indicar alguns
exemplos para elucidar a sua resposta.

48
Lição n° 2
O califado de Sokoto e Borno

Introdução
O califado de Sokoto e Borno são apenas alguns dos Estados da região do
Sudão central. Para o estudo das reformas desta região, estes Estados são
tomados como exemplo, pelo facto de terem influenciado bastante pela sua
estrutura e evolução política, toda a história da região. As reformas levadas
a cabo tinham um carácter essencialmente religioso. Inicialmente os
reformistas tinham como objectivo difundir a educação muçulmana e a
prática do islão nos campos. Mas, em seguida, a prioridade passou para a
formação de comunidades autónomas dentro ou fora do Estado. O que terá
influenciado as reformas nestes Estados? Que transformações
caracterizaram as reformas nesta região?

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Identificar os objectivos do movimento reformista;


 Descrever as reformas do califado de Sokoto e Borno.

Objectivos

Orientação para o estudo

Para esta lição leia o capítulo 22 da obra de História Geral de


África VI.
Atenção

49
Durante a leitura encontrará obviamente um termo pouco comum, o
califado. O termo significa estado de governo islâmico.

Ao efectuar a leitura concentre a sua maior atenção na cronologia para


melhor compreender a evolução política e a as respectivas reformas.

Copie o quadro abaixo e preencha as características de cada período.

Períodos de
Actividade 1.1 evolução SOKOTO BORNO
reformista

1º Período 1820-1845 (Fase de 1820-1845 (fase da


organização) diarquia do Borno)

Características: Características:

2º Período 1845-1855 (fase de 1845-1855(fase de


transição e agitação) transição)

Características: Características:

3º Período 1855-1880 (fase de 1855-1880 (sistema


expansão político do Borno)
económica) Características:
Características:

Para preencher o quadro primeiro deve efectuar uma leitura muito


atenta do texto indicado, fazendo anotações sobre as características
relativas às reformas dos dois Estados. Para Sokoto, no 1º período
tome atenção aos seguintes aspectos: restauração da economia
Comentário da actividade
devastada pela guerra; 2º período: instabilidade do estado islâmico,
3.2
passagem do poder da geração reformista a sua sucessora; 3º
período: expansão económica, comércio e moeda nacional.

50
Em relação ao Borno, o 1º período: Borno politicamente dividido em
duas zonas; 2º período: guerra civil, novo modo de governo e por
último, o 3º período: expansão económica.

Resumo da lição
O movimento reformista contava com um considerável contributo dos
intelectuais, particularmente ligados ao islão. Com efeito,
inicialmente o movimento reformista tinha como principal objectivo,
difundir a educação muçulmana e a prática do islão nos campos.
Durante o período das reformas, diferentes grupos da região entraram
em conflitos militares, sendo elemento dominante a Djihad como
forma de luta. Na fase terminal do período de reformas no Sudão
Central verificou-se uma estabilidade política e paz no seio dos
Estados, bem como um considerável desenvolvimento da economia,
com realce para o comércio.

Auto-avaliação
1. Indique os principais objectivos do movimento reformista no
Sudão Central.
2. Compare os últimos períodos de evolução reformista dos
califados de Sokoto e Borno.

51
Comentários da auto-avaliação
Em relação à pergunta 1, se indicou a difusão da educação
muçulmana, do islão e a formação de comunidades autónomas
como objectivos do movimento reformista, muito bem, está
correcto.

Os últimos períodos da evolução reformista, nos dois Estados,


têm em comum a expansão económica com destaque para o
comércio. Leia atentamente o texto indicado para este conteúdo
e identifique algumas diferenças em especial no que se refere aos
mercadores que actuaram nos dois casos.

52
Lição n° 3
REFORMAS NA ETIÓPIA: da Abissínia ao império etíope moderno

Introdução
No século XIII o Corno de África era composto por inúmeros Estados entre
os quais, o mais conhecido era o reino cristão ortodoxo (Abissínia), do
planalto (actual Etiópia). Na segunda metade do século XIII, mais
precisamente no ano de 1270, o poder passou das mãos da dinastia ZAGWE
para a dos SOLOMÔNIDAS. Nesta lição, importa destacar que o estudo
sobre a Etiópia vai cobrir essencialmente o período que vai do século XIII
ao século XIX. Para melhor sistematizar as reformas ocorridas, este
intervalo vai ser dividido em dois períodos. O primeiro, do século XIII ao
século XVIII e, o segundo, do século XVIII ao século XIX. Que
transformações caracterizam as reformas ocorridas, ao longo destes dois
períodos? De forma breve, sobretudo no que concerne ao aspecto político,
o primeiro período, mais precisamente no século XVI, a região conheceu
um breve período de ocupação muçulmana, que só veio a cessar com a
intervenção portuguesa, interessada em impedir a hegemonia otomana no
Mar Vermelho. O segundo é um período dominado pela história de três
imperadores, nomeadamente Teodoro, Yohannes e Menelik.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Descrever as reformas do império etíope entre os séculos


XIII e XIX.

Objectivos

53
Orientação para o estudo

Desde o século XIII, a Etiópia passou por várias transformações.


Entretanto, o império etíope moderno só se formou em meados do século
XVIII. Para apreender os aspectos que caracterizaram as reformas da
Etiópia, tanto no período anterior ao século XVIII como depois, tenha
como base de leitura, o texto da obra de Gentili (1999), nas páginas 89 -
Atenção 98. É importante que ao efectuar a sua leitura separe os aspectos que
caracterizam o período anterior ao séc. XVIII dos que caracterizam o
período posterior.

1. Uma das principais características das reformas na Etiópia, entre


o século XIII e XVIII foi a disputa pela hegemonia entre o
cristianismo e o islamismo. Por outro lado, a invasão dos Oromo
Actividade 3.3 também foi um acontecimento importante neste período. Copie
do texto indicado, de forma resumida, no máximo de 4 linhas, as
consequências desta invasão.
2. Para o segundo período do nosso estudo, numa tabela, por ordem
de sucessão, indique todos os imperadores que governaram a
Etiópia ao longo do segundo período do nosso estudo. Copie e
use o exemplo abaixo.
3.
Imperador e o período de Suas realizações ou reformas ocorridas
governação durante sua governação
1º Imperador(data de Y a X)

2º Imperador (data de Y a X)

3º Imperador (data de Y a X)

54
Em relação à pergunta 1, verifique se, das anotações sobre a invasão
dos Oromo, consta o seguinte: ocupação de cerca de um terço das
terras do antigo império; os Oromo tornam-se o grupo étnico
predominante.
Comentário da actividade
3.3 Quanto à pergunta 2, se identificou Teodoro II, Yohannes e Menelik
para 1º, 2º e 3º imperadores, respectivamente, no período em estudo,
muito bem, está correcto.

Resumo da lição
O império etíope outrora designado por Abissínia (o reino cristão
do planalto), até ao fim do século XVI era o maior centro de poder
mais conhecido da região do Corno de África. No período que vai
do século XIII ao século XVIII, um acontecimento marcante foi,
primeiro, a passagem do poder das mãos da dinastia Zagwe para a
dos Salomonidas, segundo, a dominação muçulmana.

Do século XVIII ao século XIX, outros acontecimentos marcaram


a história da Etiópia e de África, entre os quais a derrota das tropas
expansionistas italianas em 1896, o que torna a Etiópia
independente da dominação colonial até 1935.

Auto-avaliação
1. Descreva o papel da religião e da igreja cristã no panorama
político etíope.
2. Identifique o imperador que introduziu as reformas que
conduziram à modernização da Etiópia. Descreva as reformas
por ele introduzidas.

55
Comentários da auto-avaliação
Para descrever o papel da religião veja a página 90 do texto
recomendado. Ao longo da sua leitura tome atenção aos
seguintes aspectos: unificação da sociedade; núcleo fundador
cristão e fundamentos do poder imperial. Ao identificar estes
aspectos estará em condições de descrever o papel da religião.

Em relação a pergunta 2, se indicou Menelik, está correcto.


Quanto às reformas, veja a página 310, capítulo 11da de História
Geral de África - VII, das leituras complementares.

Leituras complementares
História Geral de África-VII, capítulo 11, a leitura deste
capítulo vai ajudar a compreender melhor as reformas que
conduziram à modernização da Etiópia.

56
Lição n° 4
Reformas no reino do Congo

Introdução
Certamente que já ouviu falar de nomes como Nimi Lukeni e Mbaza Kongo
ao longo da sua formação, tanto no ensino secundário assim como no
primeiro ano do ensino superior. Na verdade, estes nomes remetem-nos a
não mais do que a história da origem do reino do Congo. Nimi Lukeni foi
o fundador do reino e Mbaza Kongo o nome da sua primeira capital. Desde
a origem até ao século XVI, Congo apresenta uma organização social,
política, e económica autóctone. Entretanto, a partir do século XVI,
sobretudo com a influência da presença portuguesa, o Congo conhece
algumas reformas que constituem objecto de estudo desta lição.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Descrever a origem e formação do reino do Congo.


 Descrever as reformas sociais, políticas e económicas do
Congo a partir do século XVI.

Objectivos

Orientação para o estudo

O desenvolvimento desta lição tem como base de leitura, o capítulo 19 da


obra de História Geral de África – V. Ao longo das suas leituras, preste
atenção aos seguintes aspectos: a data de formação, o processo de formão,
aspecto ideológico antes do séc. XVI, organização social, o comércio e a
Atenção
religião a partir do séc. XVI.

57
1. O que significa o nome Nimi Lukeni na história do Congo?
2. Descreva a formação do reino do Congo.
3. Inicialmente o reino do Congo tinha uma organização
Actividade 3.4 económica, social e política autóctones.
a) Quando é que esta forma de organização vai sofrer
transformações?
b) Identifique o rei do Congo cujo papel foi fundamental na
abertura do reino do Congo à influências de culturas
estrangeiras.

Em relação à pergunta 1, lembre-se que o nome remete-nos a origem


e formação do reino do Congo. Portanto, a este nome é atribuída a
fundação do reino do Congo, se respondeu assim, muito bem, resposta
correcta.
Comentário da actividade
3.4 Quanto à formação do Congo (pergunta 2), esta foi à base de alianças
e conquistas. Leia com atenção e assim poderá encontrar nomes de
alguns chefes locais com os quais Lukeni fez alianças.

Para a pergunta 3. a) Se respondeu a partir do séc. XVI, óptimo, está


correcto.

Para a pergunta 3. b) Verifique se a sua resposta inclui os seguintes


aspectos: rei Afonso I, e o papel que este desempenhou na implantação
da igreja católica no Congo.

58
Resumo da lição
O reino do Congo foi fundado por Nimi Lukeni. Não se sabe ao certo
a data da sua fundação. A sua primeira capital foi Mbaza Kongo.
Este reino constituiu-se tanto por alianças com chefias locais, quanto
pela conquista de outros territórios. Quanto à organização, de início
era dividido entre uma grande cidade, a capital Mbaza Kongo e o
campo. No reino coexistiam três camadas sociais distintas: a
nobreza, aldeãos e escravos. No que tange à ideologia, existiam três
cultos importantes: o dos antepassados, o dos espíritos territoriais e
o dos sortilégios reais. Até ao século XVI, o reino do Congo
apresentava características ideológicas, económicas, sociais e
politicas autóctones. Entretanto, a partir do século XVI estes
aspectos serão influenciados pela presença portuguesa. O rei Afonso
I desempenhou um papel fundamental nas transformações que
ocorreram a partir do séc. XVI. Ao converter-se ao cristianismo,
transforma a igreja católica em religião de Estado. O comércio
internacional intensificou-se com o tráfico de escravos.

Auto-avaliação
1. Localize no tempo a origem do reino do Congo.
2. Caracterize a organização sócio-económica do reino do
Congo antes do séc. XVI.
3. Caracterize as práticas ideológicas no reino do Congo antes
do séc. XVI.
4. Indique as principais características da religião e da
economia no Congo depois do séc. XVI.

59
Comentários da auto-avaliação
Em relação à pergunta 1, não se sabe ao certo a data de fundação
do Congo, entretanto, no texto indicado avança-se um período
não posterior ao séc. XV.

Na pergunta 2, quanto à organização sócio económica considere


três camadas sociais, das quais os escravos constituem a base da
pirâmide social.

Em relação à ideologia (pergunta 3) o destaque vai para os


principais cultos no total de três, segundo o texto recomendado.
Se identificou os três muito bem, se não efectue uma leitura
atenta na página 657 do texto indicado.

Para a pergunta 4, deve considerar a introdução do cristianismo,


o papel do rei Afonso I e o tráfico de escravos.

60
Lição n° 5
Reforma na África do Sul: o M’pfecane

Introdução
Os princípios do século XIX foram marcados por uma revolução social e
política, que produziu simultaneamente a destruição e a reedificação da
organização dos Estados na África Austral de língua bantu, influenciando
a região que vai da Zululândia (Natal) até ao sul da Tanzânia. Esta
revolução é denominada M’pfecane, sobre a qual irá estudar nesta lição.
Vai estudar, igualmente, as causas bem como os efeitos políticos desta
revolução na África Austral, com enfoque particular para Moçambique.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Explicar as causas do M’pfecane;


 Descrever os efeitos do M’pfecane na África Austral.

Objectivos

Orientação para o estudo

Antes de mais precisa de compreender o conceito de M’pfecane, ou seja,


explicar o que entende por M’pfecane Para em seguida estudar as suas
causas, e assim por diante, os respectivos efeitos.

Atenção A base de consulta para esta lição será o capítulo 5 da obra de História
Geral de África – VI.

61
1. Antes de mais é importante ter uma breve noção do conceito de
M’pfecane, assim como sua origem etimológica. Para o efeito,
consulte as páginas 106 e 107 do texto acima indicado e resuma
Actividade 3.5 num máximo de 4 linhas.
2. Para analisar as origens leia sobre a estrutura da sociedade
Nguni do norte, nas páginas 111 e 153 do subcapítulo intitulado
M’pfecane. E depois compare a descrição sobre as causas do
M’pfecane patente nas duas páginas.
3. Um dos efeitos mais importantes do M’pfecane foi o surgimento
de novos Estados na África Austral, um dos quais emergiu em
Moçambique (Estado de Gaza). Descreva o processo que ditou
a sua génese. Para esta actividade consulte as páginas 121, 122,
123, do capítulo 5 da obra de História Geral de África – VI e, as
páginas 153, 154 e 155, do capítulo 6 da mesma obra.

Para a pergunta 1, relativa à definição do conceito M’pfecane,


verifique se o seu resumo a respeito deste conceito inclui os termos
revolução e transformação, se sim parabéns, o resumo está correcto.
A leitura das páginas indicadas vai conduzir igualmente a origem
Comentário da actividade
etimológico do termo M’pfecane.
3.5
Na pergunta 2, verifique se ao comparar o conteúdo das páginas
indicadas, encontrou como factor comum na origem de M’pfecane a
escassez de terra associada ao aumento demográfico, se sim óptimo
trabalho. Mas, se não fez isso, então, volte a ler atentamente.

Em relação à pergunta 3, na sua descrição sobre as origens do Estado


de Gaza devem constar os seguintes aspectos:

i) A acção de Shaka e a victória sobre os Ndwandwe.


ii) A fuga dos generais derrotados;
iii) A figura de Soshangana e a formação do Estado de Gaza.

62
Resumo da lição
Faça um resumo da lição no máximo de 10 linhas. Destaque os
seguintes aspectos: as causas do M’pfecane, o papel de Shaka, as
migrações dos grupos derrotados, e a fundação do Estado de Gaza.

Auto-avaliação
1. Explique a relação existente entre o aumento demográfico na
zululândia e o M’pfecane.
2. Descreva a proveniência do fundador do Estado de Gaza e as
circunstâncias em que este emerge no contexto do M’pfecane.

Comentários da auto-avaliação
Na resposta da pergunta 1, primeiro deve ter em conta que o
aumento demográfico vai provocar a escassez de terra, para em
seguida estabelecer a relação com a emergência do M’pfecane.
Se assim procedeu está de parabéns, a resposta está correcta.

Para a pergunta 2, lembre-se que o Estado de Gaza tem na sua


origem a figura de Sochangana. Verifique se destacou na sua
resposta o papel de Shaka no contexto do M’pfecane. caso não,
então, leia novamente o texto recomendado, pois só com o
papel de Shaka poderá compreender as circunstâncias em que
emerge Sochangana.

63
Auto-avaliação da Unidade 3
1. Descreva as reformas do Egipto desencadeadas por
Muhammad Ali no âmbito da educação e indústria egípcia.
2. Descreva o papel da religião e da igreja cristã no panorama
político etíope.
3. Descreva as realizações políticas e económicas da época do
imperador Menelik.
4. Caracterize a organização social do reino do Congo antes
do século XVI.
5. Descreva a organização político-administrativa do reino do
Congo antes do século XVI.
6. Compare a componente religiosa do Congo, de antes e
depois do século XVI.
7. Mencione duas causas do M’pfecane.
8. Relacione a formação do Estado de Gaza com o M’pfecane.

64
Comentários da auto-avaliação da unidade 3
Depois de responder às questões da auto-avaliação da unidade 3,
compare as suas respostas com as soluções aqui apresentadas. Se tiver
respondido de forma diferente consulte novamente os textos
recomendados nas lições de acordo com o tema de cada questão
colocada. Isto vai permitir que se certifique e elimine qualquer
eventual dúvida.

1. As reformas de Muhammad Ali, quanto à educação e indústria


circunscreveram-se, respectivamente, a introdução de uma
educação moderna de tipo ocidental e o desenvolvimento da
indústria bélica e têxtil.
2. A igreja constituía um dos fundamentos do poder imperial e a
religião instrumento principal de unificação da sociedade.
3. Em 1894 a Etiópia emitiu, pela primeira vez, uma moeda nacional
para maior honra e prosperidade do seu comércio.
4. Antes do séc. XVI a sociedade estava dividida em três camadas:
nobreza, aldeãos e escravos.
5. Antes do séc. XVI administrativamente o Congo estava dividido
em duas áreas distintas: a cidade capital e o campo.
6. Ideologicamente denota a prática de religião tradicional antes do
séc. XVI, mas depois deste período o cristianismo torna-se
comum.
7. O M’pfecane acontece como resultado do aumento demográfico
associado a outros factores.
8. Dos chefes derrotados por Shaka nos conflitos da Zululandia está
Sochangana o fundador do Estado de _Gaza.

65
Fecho do Guia
Os nossos parabéns por ter finalmente chegado ao término das lições
deste guia de estudo de história de África do séc. XVI-XVIII,
certamente ao longo das suas leituras encontrou abordagens
fascinantes. Como pôde notar, a base dos nossos estudos é mesmo a
leitura, por isso, esperamos que para além de ter aprendido história,
tenha também desenvolvido o gosto pela leitura.

Agora é momento de avaliar o seu percurso e o grau de aprendizagem


efectuada, mas mais do que isso, é importante a consolidação dos
conhecimentos. Por essa razão, sugerimos que faça uma revisão geral
das lições que aprendeu. Por enquanto, tendo em vista a preparação
para o exame pode realizar acções concretas como: resumir as lições,
realizar as actividades das lições e resolver as auto-avaliações. Bom
trabalho e sucessos na história de África.

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Referências bibliográficas

 DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA UEM. História de

Moçambique. Vol I. Maputo: Livraria Universitária. 2000.

 KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra I. Paris: Hatier.

1972

 M’BOKOLO, Elikia. África Negra: História e civilização até

ao Século XVIII. Tomo I. Lisboa: Colibri. 2012. 569.

 SENGULANE, Hipólito. Das primeiras economias ao

nascimento da economia-mundo. 2ª

 Edição. Maputo: Universidade Pedagógica. 2007.

 GENTILI, Anna Maria. O leão e o caçador: uma história da

África sub-sahariana dos séculos XIX e XX. Maputo: Arquivo

Histórico de Moçambique. 1998.

 ILIFFE, John. OS AFRICANOS - História dum Continente.

Lisboa: Terramar. 1999.

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