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GESTÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

(PPP)
Faculdade de Minas

Sumário
NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 3

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO ....................................................................... 5

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NA ESCOLA .............. 8

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO ......... 12

ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR PARA A


CONSTRUÇÃO DO PPP ......................................................................................... 15

ELABORAÇÃO DO PPP .......................................................................................... 17

DEFINIÇÃO DE UM MARCO REFERENCIAL ORIENTADOR DO PPP.................. 22

ELABORANDO UM DIAGNÓSTICO OU CONHECENDO A REALIDADE DA


ESCOLA................................................................................................................... 28

ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE AÇÃO .............................................................. 37

CONCLUSÃO .......................................................................................................... 41

REFERÊNCIA .......................................................................................................... 42

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

O Projeto Político-Pedagógico (PPP) é uma ferramenta primordial na


organização e no direcionamento do ano letivo. Administrar uma instituição escolar
requer conhecimento, tempo, colaboração e planejamento de uma série de pessoas
envolvidas com o ambiente educacional.

Em termos gerais, trata-se de um documento que norteia as bases de ações


da instituição. Ele assumirá as diretrizes da instituição como compromisso de gestão
escolar participativa. Esse documento tem uma longa história. Simultaneamente, tem
comprovada importância para o bom desenvolvimento das diretrizes de educação.

A partir da década de 1980 o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública


iniciou um processo que pudesse instituir uma gestão democrática no ensino. Isto
proporcionou uma autonomia escolar. Além de ter gerado diversas consequências
positivas, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996.

De acordo com os artigos 12 a 14 da LDB, a escola tem autonomia para


determinar qual será o seu PPP e a estrutura que será seguida. O documento é
encaminhado posteriormente para a secretaria de ensino e deverá ser revisado pela
instituição de ano em ano.

O nome se refere aos planos de ações futuros que a escola pretende executar
quanto às situações apresentadas, seja em curto, médio ou longo prazo. Outro ponto
são as diretrizes políticas, partindo do princípio que o ambiente forma cidadãos
conscientes de suas responsabilidades. E por fim com a parte acadêmica, mostrando
quais serão os recursos necessários para suprir essa demanda.

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PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Considerando o Projeto Político Pedagógico essencial para o bom


funcionamento da escola, faremos uma abordagem teórica acerca do tema, que
diante dos desafios da pós-modernidade é considerado pertinente a todos os
envolvidos no processo educacional.

O Projeto Político Pedagógico é antes de tudo a expressão de autonomia da


escola no sentido de formular e executar sua proposta de trabalho. É um documento
juridicamente reconhecido, que norteia e encaminha as atividades desenvolvidas no
espaço escolar e tem como objetivo central identificar e solucionar problemas que
interferem no processo ensino aprendizagem. Esse projeto está voltado diretamente
para o que a escola tem de mais importante “o educando” e para aquilo que os
educandos e toda a comunidade esperam da escola – uma boa aprendizagem.

O Projeto Político Pedagógico é um caminho traçado coletivamente, o qual se


deseja enveredar para alcançar um determinado objetivo. Deste modo, ele deve
existir antes de tudo porque define-se como ação que é anteriormente pensada,
idealizada. É tudo aquilo que se quer em torno de perspectiva educacional: a melhoria
da qualidade do ensino através de reestruturação da proposta curricular da escola,
de ações efetivas que priorize a qualificação profissional do educador, do

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compromisso em oportunizar ao educando um ensino voltado para o exercício da


cidadania, etc. É através de sua existência que a escola registra sua história, pois é
conhecido como “um conjunto de diretrizes e estratégias que expressam e orientam
a prática político-pedagógica de uma escola”.

É um processo inacabado, portanto contínuo, que vai se construindo ao longo


do percurso de cada instituição de ensino. O projeto se dá de forma coletiva, onde
todos os personagens direta ou indiretamente, pais, professores, alunos,
funcionários, corpo técnico-administrativo são responsáveis pelo seu êxito. Assim,
sua eficiência depende, em parte, do compromisso dos envolvidos em executá-lo.

Veiga (2001), define o Projeto Político Pedagógico assim: Etimologicamente o

termo projeto - projetare – significa prever, antecipar, projetar o futuro, lançar-se para
frente. A partir desse entendimento, construímos um projeto quando temos uma
demanda para tal, quando temos um problema. Assim, falar de projeto é pensar na
utopia não como o lugar do impossível, mas como o possível de ser realizado e não
apenas do imaginário e desmedido como apresenta inicialmente. O desejo de
mudança, a possibilidade real de existir, de É um instrumento de trabalho que mostra

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o que vai ser feito, quando, de que maneira, por quem para chegar a que resultados.
Além disso, explicita uma filosofia e harmoniza as diretrizes da educação nacional
com a realidade da escola, traduzindo sua autonomia e definindo seu compromisso
com a clientela. É a valorização da identidade da escola e um chamamento à
responsabilidade dos agentes com as racionalidades interna e externa. Esta ideia
implica a necessidade de uma relação contratual, isto é, o projeto deve ser aceito por
todos os envolvidos, daí a importância de que seja elaborado participativa e
democraticamente. (p.110) 5

O projeto é político por estar introjetado num espaço de sucessivas discussões


e decisões, pois o exercício de nossas ações está sempre permeado de relações que
envolvem debates, sugestões, opiniões, sejam elas contra ou a favor. A participação
de todos os envolvidos no Projeto Político Pedagógico da escola, as resistências, os
conflitos, as divergências são atos extremamente políticos. Logo, concordamos com
Aristóteles, quando afirma que “todo ato humano é um ato político”. O projeto é
pedagógico por implicar em situações específicas do campo educacional, por tratar
de questões referentes à prática docente, do ensino aprendizagem, da atuação e
participação dos pais nesse contexto educativo, enfim, de todas as ações que
expressam o compromisso com a melhoria da qualidade do ensino.

A dimensão política, a forma social é a forma coletiva, na qual alunos,


professores, supervisores, orientadores, funcionários e responsáveis por alunos
discutem o Projeto Político Pedagógico. Todos nós planejamos nosso dia-a-dia,
sistematicamente ou não. É através das discussões e das necessidades individuais,
tornadas coletivas, que o Projeto Político Pedagógico passa a ser desenhado na
cabeça das pessoas. Ao referir-se a essas dimensões política e pedagógica do
Projeto, encontramos em Marques apud Silva (2000), apoio, quando expressa: O
projeto político pedagógico tem um caráter dinâmico e não acontece porque assim
desejam os administradores, mas porque nos preocupamos com o destino das
nossas crianças, da escola e da sociedade e ansiamos por mudanças.

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A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO


PEDAGÓGICO NA ESCOLA

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A construção do Projeto Político Pedagógico surge a partir da necessidade de


organizar e planejar a vida escolar, quando o improviso, as ações espontâneas e
casuais acabam por desperdiçar tempo e recursos, os quais já são irrisórios. Sendo
o Projeto Político Pedagógico a marca original da escola, ele pode propor oferta de
uma educação de qualidade, definindo ou aprimorando seu modelo de avaliação
levando em consideração os principais problemas que interferem no bom
desempenho dos alunos; estabelecer e aperfeiçoar o currículo voltado para o contexto
sociocultural dos educandos; apontar metas de trabalho referentes à situação
pedagógica, principalmente no que se refere às experiências com metodologias
criativas e alternativas. Em função disso, é que se considera importante estruturar os
princípios que norteiam as práticas educacionais.

O projeto deve ser construído tendo por base tarefas simples, passíveis de
serem executadas no dia a dia da escola. Mas ele não dispensa o planejamento
cuidadoso, a imaginação criadora e o espírito de equipe.

Entretanto, o mais importante para a escola, não é apenas construir um Projeto


Político Pedagógico, mas o fazer educativo, a sua aplicabilidade. Não se realiza o
Projeto Político Pedagógico somente porque os órgãos superiores o solicitam à
escola, mas porque a comunidade escolar dá um basta à mesmice, à organização
burocrática, à condução autoritária e centralizadora das decisões.

Mas, sabemos que não é uma tarefa fácil, o processo exige ruptura,
continuidade, sequência, interligação, do antes, do durante e do depois, é um 7
avançar continuado. São mudanças que muitas vezes não são bem aceitas pela
comunidade escolar, porque dá ideia de mais trabalho, mais tempo, mais custos, daí
o porquê da resistência de alguns. Referindo-se a essa ideia, exprime Gadotti e Demo
(1998), comenta que o Projeto Político Pedagógico é como um farol de mudanças,
pois define pontos importantes para a educação básica como “A instrumentalização
pública mais efetiva da cidadania e da mudança qualitativa na sociedade e na
economia”. Para ele, esses aspectos são primordiais no sentido de oportunizar a
formação do sujeito competente e viabilizar uma educação centrada na construção

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da qualidade, considerando que a escola é um espaço adequado onde se processa


a capacidade de manejar e produzir conhecimento, pois dela se espera construir o
conhecimento, em vez de apenas reproduzir.

O Projeto Político Pedagógico é um meio eficaz para a superação da ação


fragmentada tanto na educação quanto na escola, motivando e reanimando o ânimo
de toda a comunidade escolar, onde cada um tenha o sentido da pertença, sentido-
se co-responsáveis pelo crescimento e pela melhoria do ensino. O compromisso do
professor é grande, podendo contribuir para que a escola seja um lugar de
crescimento e humanização. Assim, é importante primar pela sua atualização
constante, buscando referências e apoios didáticos que servirão de subsídios para
inovar sua prática docente; trabalhar coletivamente, priorizar espaço onde possa
vivenciar e fazer troca de experiências, revisando sempre sua formação. Ao elaborar
e executar o seu PPP a escola deverá destacar os fins e objetivos do trabalho
pedagógico, buscando:

• A garantia da igualdade de tratamento,do respeito às diferenças,da


qualidade do atendimento e da liberdade de expressão

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• A concepção de criança, jovem e adulto, seu desenvolvimento e


aprendizagem;

• As características da população a ser atendida e da comunidade na qual se


insere;

• O regime de funcionamento;

• A descrição do espaço físico, das instalações e dos equipamentos;

• A relação de profissionais, especificando cargos, funções,habilitação e níveis


de formação;

• Os parâmetros de organização de grupos e relação professor/ aluno;

• A organização do cotidiano de trabalho com as crianças, jovens e adultos;

• A proposta de articulação da escola com a família e a comunidade;

• O processo de avaliação, explicitando suas práticas, instrumentos e registros;

• O processo de planejamento geral.

• Trazer anexos como: a Matriz Curricular vigente e Projetos Especiais a serem


desenvolvidos.

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O PPP e o Regimento Escolar das unidades escolares deverão estar:

• Consonantes com as leis vigentes ( Lei 9394/96;11.274/06; Estatuto da


Criança e do Adolescente,Resoluções do CME 002/98; 03/99 e 06/99;Diretrizes
Nacionais para a Educação Infantil , para o Ensino Fundamental de Nove Anos, a
Educação de Jovens e Adultos - EJA,Diretrizes Municipais para a Inclusão da História
e Cultura Afro Brasileira e Africana no Sistema Municipal de Ensino de Salvador, Lei
10639/03 e as Diretrizes Municipais do Meio Ambiente.

• Disponíveis para a comunidade escolar, as autoridades competentes e para


os pais dos alunos interessados em conhecer os documentos.

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO


POLÍTICO PEDAGÓGICO

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1. Apresentação ou Introdução (nela devem constar dados sobre o espaço


físico, instalações e equipamentos, relação de recursos humanos, especificando
cargos e funções; habilitações e níveis de escolaridade de cada profissional que
presta serviço na instituição.

2. Breve histórico da unidade escolar

3. Eixo norteador da escola ( é o que a diferencia das demais, a sua identidade


e função no meio social onde está inserida ).

4. Valores e Missão da escola 5. O que queremos? ( marco doutrinal).É a busca


de um posicionamento:

••• Político - visão ideal de sociedade e de homem

••• Pedagógico – definição sobre a ação educativa e sobre as características


que deve ter a instituição que planeja.

Ou seja:

- os princípios

- as teorias de aprendizagem

- o sistema de avaliação

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6. O que somos? (marco situacional) O diagnóstico da realidade da escola. É


a busca das necessidades a partir da análise da realidade e/ou juízo sobre a realidade
da escola ,comparação com o que se deseja ser).

7. O que faremos? (marco operativo) Programação do que deve ser feito


concretamente para suprir as faltas. É a proposta de ação. Que mediações
(conteúdos, metodologias e recursos ) serão necessários para diminuir a distância
entre o que vem sendo a instituição e o que deverá ser. Ou seja, a Proposta Curricular
- organização da escola - organização do trabalho - processos de avaliação

A proposta curricular deve estar diretamente relacionada aos pressupostos


teóricos estabelecidos pela instituição, sem perder o foco nos objetivos, conteúdos e
avaliação por segmento e área de conhecimento.

8. Anexos

- matriz curricular

-marcos de aprendizagem

-projetos especiais -outros

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ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE


ESCOLAR PARA A CONSTRUÇÃO DO PPP

Para mobilizarmos a comunidade escolar para a construção coletiva do PPP é


necessária a utilização de um conjunto de ações articuladas entre si, o que significa
a necessidade de uma vinculação estreita entre objetivos da mobilização e meios
usados para tal fim.

O coletivo de organização da mobilização para a construção do PPP na escola


deve procurar planejar sua ação com base em algumas referências:

* qual a melhor maneira de mobilizarmos as famílias? Os estudantes? E os


“pequenos” estudantes? Os funcionários? E os professores?

* qual a melhor forma de comunicação a ser utilizada? * qual o conteúdo dessa


comunicação?

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* poderemos usar a mesma estratégia para todos os segmentos da


comunidade escolar?

* que recursos iremos utilizar? A escola dispõe desses recursos?

* a campanha de mobilização durará quanto tempo?

* envolverá outros segmentos organizados da comunidade do entorno da


escola?

Mobilizar, como anteriormente já apresentamos, implica conjugar


multiplicidades em torno de um objetivo comum. Implica também a difícil tarefa de
negociar, buscar concordâncias, o que não significa, por sua vez, anular diferenças.
Nesse sentido, pode facilitar o trabalho de mobilização se esse for coordenado por 12
um coletivo – representantes dos professores, de estudantes (grêmio ou colegas
indicados), representantes das famílias. Outra sugestão, nas escolas em que houver
conselho escolar atuante que possa se responsabilizar ou colaborar na coordenação
dessa tarefa, a presença dos diferentes segmentos da comunidade escolar pode
facilitar na escolha das melhores estratégias para se chegar a cada um deles.

 Algumas estratégias para a mobilização da comunidade escolar:

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 elaboração de um livreto ou jornal (com imagens e diálogos) sobre o


PPP, sua importância para a escola e necessidade da participação de
todos (podese, por exemplo, mobilizar estudantes para sua elaboração)
 elaboração de carta-convite, com explicações sobre o PPP 
“panfletagem” na escola, mobilizando para um dia de discussões sobre
o PPP  Dia de Mobilização para a construção do PPP da escola 
promoção de palestras, seminários de troca de experiências com outras
unidades escolares que estejam ou já tenham elaborado seu PPP 
utilização de meios virtuais para divulgação da mobilização,
especialmente entre os estudantes  criação de canais virtuais, espaços
de discussão e jornal voltados para os estudantes  divulgação por meio
de jornais comunitários, associação de moradores ou outros espaços 
debates em salas de aula, organização de atividades culturais centradas
na discussão sobre a importância da participação da comunidade na
construção do PPP.

As sugestões acima são algumas possibilidades; cada escola, de acordo com


sua “cultura local”, deve definir quais caminhos utilizará para chamar a comunidade
escolar para participar da elaboração do seu Projeto Político-Pedagógico.

ELABORAÇÃO DO PPP

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Documentar as ações e os projetos da escola em que você está inserido,


contando com o apoio de professores, coordenadores, alunos e famílias: essa é uma
das funções do projeto político-pedagógico. O PPP escolar, como também é
conhecido, é essencial para a elaboração e o controle das atividades escolares a
curto, médio e longo prazo.

Neste texto, apresentaremos a utilidade do PPP tanto para a comunidade


escolar quanto para os pais — na hora de escolher a melhor instituição de ensino
para os filhos.

 O que é o projeto político-pedagógico?


O projeto político-pedagógico escolar é a síntese de todos os objetivos que
uma instituição de ensino deseja alcançar, incluindo princípios, diretrizes, metas
estabelecidas pela comunidade acadêmica, visando à qualidade do ensino e à
aprendizagem de seus alunos. O projeto pedagógico serve como guia para as
atividades que acontecem durante todo o ano letivo.

O ideal é que, a princípio, esse documento seja elaborado a partir da coleta de


informações junto à comunidade externa (fornecedores, vizinhos, parceiros etc.) e
interna à escola (alunos, pais e funcionários). Ao mesmo tempo que é formal, deve

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ser também de fácil acesso para os membros da comunidade em que a instituição


está inserida.

Como se vê, o projeto político-pedagógico envolve várias etapas do processo


escolar: planejamento de atividades, execução do que foi previsto, avaliação e
reavaliação mediante as mudanças. Ele estipula, de forma geral, as principais metas
da escola e como isso será realizado. O PPP deve ser feito de forma personalizada,
já que cada instituição de ensino tem diferentes pontos a serem desenvolvidos.

 Minha escola precisa ter projeto político-pedagógico?


Todas as instituições de ensino do país precisam elaborar um projeto político-
pedagógico. A obrigatoriedade foi criada ainda nos anos 90, por meio da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A principal intenção do projeto é tornar a
educação cada vez mais democrática, a fim de que todos os anos sejam formados
novos cidadãos perspicazes e envolvidos.

 O PPP escolar é responsabilidade de quem?


É interessante que o projeto pedagógico seja elaborado com sinergia. O
importante é que cada escola encontre maneiras de envolver a comunidade durante
a elaboração do documento. Diversas vozes podem ser ouvidas. Experimente formar
um conselho de educação na sua comunidade. A versão final e formal do projeto
costuma ser redigida e divulgada pelo diretor da escola.

 Quais informações são essenciais para o projeto?

O projeto político-pedagógico ideal traz uma visão completa da instituição de


ensino, citando as particularidades e os diferenciais da escola. Deve ser citado,
também, como a qualidade do ensino será desenvolvida nos próximos meses,
juntamente com a capacitação dos alunos. O projeto político-pedagógico completo
apresenta, entre outras informações:

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 identificação da escola;
 missão da instituição;
 comunidade e público-alvo;
 plano de ação;
 informações sobre o andamento dos projetos de aprendizagem;
 diretrizes pedagógicas;
 o relacionamento com as famílias;
 questões financeiro-administrativas.
O projeto político-pedagógico envolve órgãos do governo. A Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional prevê, também, o cumprimento da carga horária
estabelecida, o acesso a meios para a recuperação de alunos com rendimento
inferior, a articulação com famílias e comunidade e a notificação ao conselho tutelar,
ao juiz e ao Ministério Público acerca dos alunos faltantes que excederem 50% do
percentual permitido.

 práticas imprescindíveis para um projeto político-pedagógico


efetivo

Definir a missão da escola

Cada instituição de ensino tem suas particularidades e pontos que ainda precisam se
desenvolver. Por isso, a missão da escola deve ser constantemente revista e
atualizada. Antes de elaborar o projeto político-pedagógico, vale a pena reunir uma
equipe empenhada em definir a missão da escola hoje. A partir disso ficará muito
mais fácil criar um plano de ação.

Envolver toda a comunidade

Integrar os diversos personagens em torno de um objetivo comum. Esse é um dos


principais objetivos para a construção de um projeto político-pedagógico efetivo. Com
a participação de todos os envolvidos, é possível elaborar um projeto pedagógico com
identidade definida, e com toda a equipe participando das tomadas de decisão.

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Se cada uma das partes agir como multiplicador, ao final do processo serão vários
colaboradores, que se somarão ao documento, com sugestões e opiniões. Críticas
também devem ser bem-vindas, já que ajudam no processo de elaboração do projeto
pedagógico. Quanto mais pessoas se envolverem nessa criação, mais completo e
personalizado o projeto será.

Conviver com seus alunos

O PPP é direcionado principalmente aos alunos da sua escola. Portanto, conheça-os.


Busque compreender do que gostam e o que sonham. Os alunos não elaboram o
projeto político-pedagógico, mas este deve ser de total interesse deles. Quando o
plano é atraente, os alunos melhoram sua relação com a família e a com a
comunidade. Assim, se desenvolvem também como pessoas.

Estipular as diretrizes pedagógicas

As diretrizes dão forma ao currículo escolar e contêm: a maneira de trabalho da


instituição, os objetivos educacionais, as didáticas usadas, as metas de
aprendizagem, entre outras informações. São fundamentais para que todos
os docentes possam elaborar seus projetos de ensino seguindo o mesmo rumo. As
diretrizes devem ser baseadas, principalmente, nos dados de aprendizagem da
escola.

Cumprir os combinados e estar aberto a cobranças

Os coordenadores do projeto pedagógico devem oficializar os combinados, agendar


as etapas e arcar com os compromissos. Com uma agenda clara e transparente, os
participantes perceberão a intenção do documento e a seriedade com que está sendo
conduzido. Cobranças sempre existirão. Porém, com um projeto político-pedagógico
organizado, aos poucos, as pessoas confiarão mais nos organizadores ao longo do
processo.

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Permitir que o documento esteja sempre acessível a todos

Nada de engavetar o documento como se ele fosse propriedade de um pequeno


grupo. O documento deve estar em um local onde as pessoas podem acessá-lo
quando lhes convier. Assim, o processo torna-se mais democrático e fácil de lidar. A
ideia principal do projeto político-pedagógico é, justamente, envolver todos na
educação. Usar linguagem simples também ajuda na democratização das
informações.

O PPP escolar não pode ser publicado e depois esquecido! A partir do


momento em que está em vigência, os diretores e coordenadores da escola precisam
monitorar atentamente seu retorno. Se for o caso, o projeto pedagógico pode, ainda,
ser alterado durante o ano letivo. Os pontos positivos podem ser ampliados enquanto
outros são adaptados.

DEFINIÇÃO DE UM MARCO REFERENCIAL


ORIENTADOR DO PPP

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Definir um marco referencial significa definir o conjunto de referências teóricas,


políticas, filosóficas que balizará o trabalho da escola. Trata-se da explicitação das
ideias, das concepções, teorias que orientarão a prática educativa da escola. Para
que isso seja possível, é preciso compreender as relações existentes entre a escola
e a realidade em que está inserida, realidade não apenas local, mas nacional e
mundial.

Significa compreender o sentido histórico da educação e da escola pública,


compreendendo suas transformações atuais, à luz dos processos históricos que a
determinam. Dessa relação entre o global, o nacional e o local podem-se então
compreender a “realidade” da escola em sua singularidade, compreendida,
entretanto, como resultante dessas relações mais amplas.

Essa análise pode nos lançar na definição e explicitação sobre as finalidades


sociais da educação e da escola, levando-nos a interrogar sobre o tipo de sociedade
com o qual a escola se compromete ou deseja se comprometer, que tipo de sujeitos
pretende formar, qual sua intencionalidade, compreendida esta em suas dimensões
política, cultural e educativa.

De acordo com Veiga (2000, p. 23), “a escola persegue finalidades”, por isso é
preciso ter clareza das mesmas. Ao ressaltar a importância da reflexão sobre as
finalidades e os objetivos da escola, a autora afirma o caráter dialético desse

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movimento, ao destacar que as questões levantadas geram respostas que, por sua
vez, levam a novas interrogações; esse esforço possibilita a identificação das
finalidades da escola, de quais precisam ser reforçadas, quais estão sendo relegadas
ao segundo plano.

Esse trabalho de interrogar-se sobre suas finalidades faz com que a escola se
volte para uma de suas principais tarefas, qual seja, aquela de refletir sobre sua
intencionalidade educativa (VEIGA, 2000). A clareza da finalidade social da escola
possibilita à comunidade escolar definir, também com mais pertinência, critérios e
projetar sua ação em termos do que deseja para as dimensões pedagógica,
administrativa e democrática.

Gandin (1994), ao discutir o “marco referencial”, apresenta três eixos para a


discussão: a) marco situacional; b) marco doutrinal e c) marco operativo. O marco
situacional refere-se à reflexão sobre as relações da educação, da escola em sua
inserção histórica, e suas relações com contextos sociais mais amplos; trata-se de
problematizar a educação relacionando-a com outras dimensões da realidade, não
apenas em nível local, mas também nacional e mundial. Procura-se compreender os
nexos e as relações dos problemas locais compreendendo-os como parte desse
contexto mais amplo.

O ponto de partida é a realidade local da comunidade em que se insere a


escola, os modos de vida dos sujeitos que compõem seu coletivo, as formas
organizativas e comunitárias, as culturas locais, a ocupação e organização dos
espaços comunitários etc.

A discussão desses elementos possibilita apreender as mudanças em seu


caráter histórico, discutir valores, conhecer as representações do grupo sobre a
sociedade brasileira, sobre sua comunidade, identificar satisfações e insatisfações,
expectativas.

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A discussão do marco situacional desencadeia processos de reflexão


relacionados aos valores sociais e políticos relacionados à sociedade e à educação
que levam ao debate e ao estabelecimento do marco doutrinal do Projeto Político-
Pedagógico, ou seja, da explicitação dos fundamentos teóricos, políticos e sociais
que o fundamentam. Doutrinal, nesse caso, não se refere à doutrina, dogmatismo,
mas à discussão da base teórica que sustentará o PPP da escola, que dará norte às
suas ações. Procura-se discutir, nesse eixo, o tipo de sociedade que queremos
construir, qual a formação social e cultural que queremos para nossas crianças e
nossos jovens. Quais os valores que queremos desenvolver, qual a função social da
escola nos processos de formação dos sujeitos humanos etc. Discute-se nesse eixo
o “dever-ser” da educação, horizonte necessário para que se possa se projetar um
futuro melhor.

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Intrinsecamente relacionado a esses dois eixos, temos então o terceiro, o


marco operativo, relacionado às relações da escola com a sociedade; trata-se aqui
de uma discussão vinculada ao contexto local, com aquilo que é específico da escola
como instituição social e, de modo particular, da escola em que se trabalha, se estuda;
o marco operativo se refere, então, à realidade local, traduz as necessidades,
expectativas, do grupo e seus anseios por mudança. Trata-se da discussão da escola
que queremos.

Conforme Gandin (1994, p. 82), o marco operativo é “também uma proposta


de utopia, no sentido que apresenta algo que se projeta para o futuro [...]”; todavia,
como alerta o autor, para que o marco operativo não se torne um palavreado vazio, é
preciso que este tenha um forte aporte teórico. O marco operativo não é o plano ou
programação de ação; ele dá base e sustenta este plano de ação; refere-se à
realidade desejada. Por isso, nos alerta Gadotti (2000), o PPP, em suas várias
dimensões de elaboração, toma sempre como ponto de partida o já instituído, aquilo
que já foi historicamente construído, não para perpetuar ou para afirmar fatalismos
(“foi sempre assim, nada mudará”), mas para criar uma nova utopia, um novo
instituinte. Baseado em Gandin, elaboramos um quadro síntese, com algumas

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questões que podem orientar os debates em cada um dos eixos do Marco Referencial
do PPP.

 MARCO REFERENCIAL DO PPP

Marco situacional
 Que aspectos da situação global (social, econômica, política, cultural,
educativa) chamam a atenção hoje no Brasil e na América Latina?
 Discutir pontos positivos e negativos do mundo atual. Discutir essas
mudanças resgatando seu caráter histórico.
 Dentre as tendências/problemas da sociedade, na atualidade, quais
chamam mais a atenção? Por que chamam a atenção?
 Quais os valores preferenciais na sociedade de hoje? Como essas
preferências se manifestam?
 Qual lhes parece ser a explicação dos males da América Latina e do
Brasil?

Marco doutrinal
 Qual o tipo de sociedade que queremos?
 No que se fundamenta uma sociedade justa, democrática e
participativa?
 Que valores devem estar presentes nessa sociedade?
 Que atitudes esperamos dos sujeitos humanos diante da sociedade?
 O que significa ser o homem sujeito da história?

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 O que motiva o ser humano a tornar-se agente de transformação?


 Como podemos contribuir para a construção de uma nova sociedade
mais justa?

Marco operativo
 Que ideal temos para nossa escola? Que significa ser o educando
sujeito do seu próprio desenvolvimento?
 Em que consiste o educar-se; em consequência, qual é o ideal para
nossa prática educativa?
 O que significa a educação voltada para a realidade?
 Como tornar a escola um espaço de mudança, de transformação
social?
 O que caracteriza a escola democrática, aberta e participativa?
 O que é qualidade de ensino?
 Que princípios devem orientar nossa prática pedagógica? Projeto
Vivencial

ELABORANDO UM DIAGNÓSTICO OU CONHECENDO


A REALIDADE DA ESCOLA

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O diagnóstico se constitui em um dos momentos mais importantes na


construção do PPP, pois é nesse momento que fazemos uma profunda análise da
situação atual da escola, observando-se todas as suas dimensões – infra-estrutura
física, equipamentos, corpo docente, trabalho pedagógico, gestão, comunidade,
qualidade da educação, processos de formação dos estudantes, etc.

Gandin (1994) começa essa discussão dizendo o que um diagnóstico não é:


a) não é uma descrição da realidade da escola e b) não é um levantamento de
problemas. Então, o que é um diagnóstico da escola? Como se elabora esse
diagnóstico? O termo diagnóstico, comumente associado às práticas médicas, tem
sua origem na palavra grega diágnósis, que significa discernimento, “conhecer
através de”.

O diagnóstico não é um fim em si mesmo, mas um processo que nos permite


obter algum conhecimento sobre uma realidade dada. Ao possibilitar conhecimentos
sobre a realidade de um determinado contexto, torna-se um importante instrumento
no planejamento de mudanças, na medida em que pode nos ajudar a identificar
“pontos fortes e frágeis” em cada realidade institucional e a ver as alternativas e
possibilidades de ação, tendo como horizonte os ideais e objetivos pretendidos. Por

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isso, o diagnóstico não é apenas uma lista de problemas “daquilo que vai mal na
escola”; supõe avaliação, comparação, juízos de valores, tudo isso tendo como ponto
de partida o que foi definido anteriormente no Marco Referencial.

Quando é elaborado de forma participativa, o diagnóstico da realidade da


escola se constitui em um fecundo espaço de aprendizagem, na medida em que
desencadeia um processo de reflexão sobre o que a escola é, aonde quer chegar,
identificando os problemas, os efeitos e as consequências destes, mas possibilita
também que se identifique o que a escola tem feito de bom, seus pontos fortes; é
ponto de partida para que se elabore, de modo fundamentado e com base nas
necessidades da escola, o Plano ou Programa de Ação.

Gandin (1994) argumenta que o diagnóstico é constituído por três elementos:


a) é um juízo, portanto, implica um julgamento, uma avaliação; b) esse juízo é feito
sobre uma prática específica (da realidade da escola) sobre a qual se planeja alguma
mudança e c) esse juízo é realizado tomando-se como referência os preceitos
estabelecidos no marco referencial. Ainda que incidam mais fortemente sobre a
dimensão operativa (marco operativo), os critérios de análise referenciam-se também
nos marcos doutrinal e situacional. Um bom começo é perguntar-se: “até que ponto
nossa prática realiza o que estabelecemos no marco operativo?” (GANDIN, 1994, p.
90)

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Tomando o diagnóstico como um dos momentos de construção do PPP, sua


função reside em promover um profundo processo de avaliação sobre como a escola
tem se organizado e realizado sua tarefa educativa, que dificuldades tem encontrado
para o cumprimento desta, que possibilidades encontra para orientar sua ação na
direção de uma escola pública democrática. As análises realizadas sobre a realidade
da escola não são neutras; elas tomam como referência certo modo de compreender
a função social da escola, como deve ser sua organização, o que inclui o trabalho
pedagógico, a gestão, as relações com os estudantes, com a comunidade etc.
Conforme Vasconcellos (1995), o diagnóstico “não é simplesmente um retrato da
realidade ou um mero levantar dificuldades; antes de tudo é um confronto entre a
situação que vivemos e a situação que desejamos viver”.

Assim, o diagnóstico não é um instrumento técnico, neutro, que pode ser


adaptado, aproveitado de outras organizações ou instituições sociais. Ele marca e se
fundamenta em uma intencionalidade, é sustentando em valores, aponta para uma
direção. Por isso, o diagnóstico da escola deve ser feito também de modo
participativo. Implica a obtenção de dados quantitativos e qualitativos que,
organizados, sistematizados, interpretados, constituem-se em indicadores
importantes para o planejamento das ações futuras voltadas à mudança na escola.
Como proceder, então, para realizar um diagnóstico da realidade da escola? Como
organizar a produção das informações que auxiliarão na elaboração posterior da
análise da realidade da escola? Se não se trata de elaborar uma lista de itens a serem
checados; então, como definir o que será analisado?

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Para elaborar um diagnóstico sobre a realidade educacional e obter


informações que possam auxiliar a elaboração de um plano de ação, é fundamental
se terem estratégias para obtenção de informações de análise que possam ajudar a
compreender os diversos fatores que favorecem ou dificultam o trabalho educativo da
escola. Como se aproximar, então, da realidade escolar, procurando identificar não
apenas os problemas aparentes, mas também as dimensões “não ditas”, as
determinações que nem sempre se dão a conhecer a um primeiro olhar?

O primeiro passo é compor uma equipe ou grupo de trabalho com


representantes dos segmentos da comunidade escolar, para coordenar essa etapa.
Esse grupo de trabalho pode então elaborar um instrumento que oriente as
discussões e facilite os registros das informações, das avaliações, das expectativas
da comunidade escolar; esse grupo pode também definir as estratégias que serão
usadas para coletar esses materiais com o coletivo da escola. Posteriormente, esses
dados deverão ser analisados e consolidados em um documento final, que representa
a formalização das discussões realizadas durante todo o processo.

A elaboração de um instrumento que oriente as discussões e obtenção de


informações ou coleta de dados deve ter como ponto de partida o marco referencial;
a partir deste, podem ser estabelecidas dimensões da organização e prática da escola

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que serão objetos de análise. É importante que cada uma das dimensões seja
discutida e bem definida, para que se possam definir eixos de análise e suas
perguntas, essas sim orientadoras do processo de discussão com a comunidade
escolar.

O estabelecimento de dimensões a serem analisadas tem um valor apenas


operativo; visa facilitar a compreensão dos diferentes níveis de funcionamento da
escola, facilitando-se a apreensão de fenômenos particulares. Não devemos,
contudo, perder de vista que a escola é uma totalidade e que essas dimensões
imbricam-se, condicionando-se mutuamente. Assim, deve-se, na análise, evitar a
compreensão fragmentada da realidade, superando perspectivas teórico
metodológicas que tendem tanto a focalizar como a responder, de modo parcial e
seletivo, problemas que são multidimensionais. Nessa perspectiva, um problema
como a evasão escolar, por exemplo, não pode ser considerado apenas do ponto de
vista dos estudantes, mas também precisa ser analisado a partir da realidade da
escola, relacionando-a com o contexto da educação nacional.

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Definidas as dimensões constitutivas do diagnóstico, pode-se derivar dessas


os eixos e perguntas que orientarão a análise a ser realizada. A seguir damos um
exemplo de um “guia” para as discussões com a comunidade escolar. A essas
dimensões e eixos podem ser acrescentados outros, relacionados com a
particularidade de cada escola. Trata-se apenas de fornecer indicativos que podem
auxiliar na elaboração de instrumentos específicos, de acordo com as necessidades
de análise de cada unidade escolar.

 Sugestões de dimensões e indicadores para análise da realidade


escolar

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Enfim, o diagnóstico implica o desafio de apreendermos analiticamente tudo


aquilo que constitui o cotidiano da escola. Para isso, precisamos evitar a mera

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transposição de conceitos ou de instrumentos de análise. Analisar a realidade da


escola supõe múltiplas tensões para aqueles que o fazem; impõem a necessidade,
muitas vezes, de abandonar pontos de vistas cristalizados, de abrir mão de interesses
pessoais em favor daqueles que representam o coletivo. Significa julgar, avaliar, emitir
juízos, valorizar, priorizar, selecionar, mesmo sabendo que a autonomia de que se
dispõe, muitas vezes, é limitada.

Chamamos atenção para a necessidade de captar a escola naquilo que ela é,


sem procurar enquadrá-la em categorias predefinidas que nos obrigam a ajustar
informações, a falsificar consensos. Analisar a escola em suas múltiplas dimensões
nos ajuda a compreender suas determinações para além da realidade local,
impulsionando para que se atinja a intencionalidade política proposta em seu marco
referencial.

ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE AÇÃO

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As etapas anteriores – estabelecimento de um marco referencial e elaboração


do diagnóstico da realidade escolar - culminam nesta que poderíamos considerar a
última atividade da elaboração do PPP: a construção de um plano de ações, ou seja,
de um conjunto de propostas que se desdobram em ações voltadas a provocar
mudanças na realidade da escola. O diagnóstico pode evidenciar muitas
necessidades da escola. Muitas vezes, essas são mais complexas e maiores do que
a real capacidade da escola de satisfazê-las, o que pode ser fator gerador de tensões
no coletivo.

Gandin (1994) sugere que se analise a necessidade da escola considerando


dois critérios: a) o que é necessário; e b) o que é exequível. Segundo o autor, nem
sempre o que é necessário é possível para a escolar resolver nas condições e no
tempo de duração do plano de ação. Propõe, então, o autor que a escola estabeleça
prioridades, considerando o que é mais necessário, oportuno e urgente fazer.

Seguindo ainda essa classificação entre o possível e o necessário, Gandin


sugere que o plano de ação ou a programação se organize a partir de quatro
dimensões: das ações concretas, das orientações para a ação, das determinações
gerais e das atividades permanentes. Ou seja, definidas as prioridades, passa-se a

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definir o tipo de ação necessária ao atendimento daquela necessidade. Ainda no


plano de ação, temos a dimensão temporal, que implica distribuição das
necessidades/ações de acordo com uma distribuição em curto, médio e longo prazo.

 Plano de ação

a) Ações concretas: são ações voltadas para um objetivo específico, com uma
terminalidade bem definida, sustentando-se em recursos próprios; devido às suas
características, são bem delimitadas. Contemplam ações de curo prazo. Ex.:
promoção de uma capacitação sobre um tema delimitado, para atender a uma
necessidade específica

b) Orientações para ação: não se constituem em propostas concretas, mas


dizem respeito aos valores, às atitudes; procuram modificar os comportamentos, levar
à partilha de referências comuns. Exemplo: “desenvolver o espírito crítico nos alunos

c) Atividades permanentes: dizem respeito a atividades de caráter


permanente, podendo estar vinculadas ou não à esfera administrativa; são também
denominadas rotinas

d) Determinações gerais: são orientações ou ações que atingem a todos os


segmentos da comunidade escolar; são elaboradas também a partir do diagnóstico
da escola. Exemplos: requisitos para atividades complementares, apresentação dos
planos de aula pelos professores aos alunos

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O plano de ação deve traduzir, em suas prioridades, formas de


encaminhamento e as decisões coletivas da comunidade escolar; é a esta que cabe
dizer o que é prioridade e quais os melhores meios para se alcançarem os objetivos
propostos. As prioridades devem ser escolhidas tomando-se como base o que foi
estabelecido no marco referencial – que estabelece o projeto de futuro da escola.
Assim, não cabem decisões arbitrárias ou individuais.

Podemos ainda contemplar, no plano de ação, um detalhamento das ações –


qual é a ação, o que a justifica, qual procedimento/metodologia usaremos para
realizá-la, quais as pessoas ou instâncias responsáveis por sua execução, quais
recursos serão necessários (recursos materiais, humanos, financeiros), de que forma
será acompanhada (avaliação processual). Esse detalhamento facilita a
implementação do PPP e da avaliação processual.

Na perspectiva que aqui apresentamos, o plano de ação, parte integrante do


PPP, refuta orientações tecnicistas, pois se encontra organicamente articulado às
necessidades da escola; e precisa ser flexível, pois a própria dinâmica das atividades
da escola pode levar à necessidade de redirecionamentos, de ajustes ou correções.
Assim, o planejamento é práxis, representa uma estreita articulação entre teoria e
prática, entre o previsto e o realizado.

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CONCLUSÃO
O PPP vai contemplar todo o trabalho desenvolvido na instituição ao longo do
ano letivo. Ele é o norte, a direção a seguir, e, por isso, deve ser elaborado de acordo
com a realidade da escola. Posteriormente é necessário ver a realidade da
comunidade na qual ela está inserida. O objetivo é garantir que ele seja útil e possa
servir a seu propósito.

É fundamental que o PPP seja anualmente atualizado para que possa ser
mantido vivo dentro da instituição, pois é a partir dos indicadores trazidos por ele que
a escola terá a consciência empresarial da verdadeira necessidade de determinar e
executar um plano de ação que lhe traga reais vantagens. Entretanto, infelizmente, é
comum vê-lo engavetado e tornando-se um instrumento meramente burocrático.

Uma situação comum que merece atenção é que os indicadores precisam


servir para identificar os problemas e trabalhar em soluções. Quer dizer, a escola
precisa saber o que fazer com os dados que consegue obter para chegar em melhores
resultados.

Uma escola que pretende proporcionar uma educação eficiente e de qualidade


deve ter a consciência da importância que o PPP tem. É um caminho flexível e que
se adapta às necessidades que os alunos e a própria instituição apresentam e pode
ajudar bastante na tomada de decisões estratégicas.

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