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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

DIRETORIA DE GRADUAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

ALEXANDRE MONTEIRO DE AQUINO

ENTENDENDO E APLICANDO O CONCEITO DE


PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

SÃO BERNARDO DO CAMPO

2020
2

ALEXANDRE MONTEIRO DE AQUINO

ENTENDENDO E APLICANDO O CONCEITO DE


PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Monografia apresentada á Universidade


de São Paulo. Curso de Pedagogia,
como requisito parcial para conclusão
do curso de pedagogia.

Orientação: Prof.ª Patrícia Sosa Melo

SÃO BERNARDO DO CAMPO

2020
3

Dedico este trabalho á todos os Colegas


do Colégio Integrado por todo apoio,
dedicação e entrega em prol da
apaixonante e desafiadora Missão de
Ensinar e Aprender.
4

“O Homem não é nada além daquilo que


a educação faz dele”

Immanuel Kant
5

Resumo

Estudo e pesquisa com o objetivo de apresentar o Projeto Político-Pedagógico


como possibilidade de um documento de ação norteadora da práxis pedagógica e
gestão escolar. Orientar sua aplicação, de modo a refletir as individualidades e
necessidades de cada organização educacional no tocante a atingir seus valores,
visão e missão. Organizar as praticas e espaços educacionais otimizando recursos
humanos e financeiros. Possibilitar melhores experiências, projetos que sejam
significativos no processo de ensino-aprendizagem. Que engaje a comunidade
escolar para reconhecer a Educação e a Ética como agente transformador da
realidade individual e coletiva. Conscientizar a comunidade escolar da importância
da ação participativa para compreender, fiscalizar e participar e decidir sobre
políticas públicas á nível regional e nacional. Esse trabalho visa fortalecer as
práticas educacionais de nossas instituições de Ensino através da participação,
pertencimento e engajamento com o objetivo de diminuir as diferenças sociais
através da melhoria do processo de formação de nossas crianças e adolescentes,
oferecendo oportunidades de crescimento e desenvolvimento social, econômico e
ambiental em suas vidas adultas. Contribuindo para uma sociedade mais justa,
equilibrada e sustentável.

Palavras Chaves: Projeto Político-Pedagógico. Gestão escolar. Comunidade


escolar.
6

ABSTRACT

Study and research with the objective of presenting the Political-Pedagogical Project
as a possibility of a document of action guiding the pedagogical praxis and school
management. Guide its application in order to reflect the individualities and needs of
each educational organization in terms of achieving its values, vision and mission.
Organize educational practices and spaces, optimizing human and financial
resources. Enable better experiences, projects that are significant in the teaching-
learning process. That engages the school community to recognize Education and
Ethics as an agent that transforms individual and collective reality. Make the school
community aware of the importance of participatory action to understand, monitor,
participate and decide on public policies at regional and national level. This work
aims to strengthen the educational practices of our educational institutions through
participation, belonging and engagement with the aim of reducing social differences
by improving the training process of our children and adolescents, offering
opportunities for growth social, economic and environment development in their adult
lives. Contributing to a more just, balanced and sustainable society.

Keywords: Political-Pedagogical Project. School management. School community.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................08
2 PROJETO POÍTICO PEDAGÓGICO.................................................................10
2.1 Projeto (O primeiro P)...................................................................................12
2.2 Político (O segundo P) .................................................................................15
2.3 Pedagógico (O terceiro P) ...............................................................................18
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................20
4 REFERÊNCIAS ......................................................................................................21
8

1 Introdução

O conhecimento científico, sistematizado e organizado proporciona


interpretarmos e nos apropriarmos da produção cultural, artística e científica
elaborada pela humanidade e aplicá-lo para solucionarmos problemas
extremamente complexos e corriqueiros do nosso cotidiano, além da criação de
linguagens e expressões artísticas e estéticas. Planejar, executar e aperfeiçoar tem
sido a pratica de nossa espécie por milhares de anos.

Quanto maior o conhecimento individual e coletivo de uma


comunidade, mais pacífica, colaborativa, sustentável e próspera tende a ser a
relação social entre as pessoas e seus espaços de convívio.

Nosso País é considerado um dos mais desiguais e violentos do mundo,


dentre os que não estão em conflito armado declarado.

Parte da explicação para este problema está na desigualdade de


oportunidades, fruto da diferenças de econômicas e sociais, que já de saída
impactam na defasagem de aprendizados, criando empregos de baixa qualificação e
remuneração no mundo do trabalho, gerando um ciclo de pobreza, exploração e
violência, que se faz visível por todas as regiões do País.

A escola é o espaço inicial onde esses conhecimentos são compartilhados


através de práticas pedagógicas que possibilitem o desenvolvimento cognitivo e
emocional de nossas crianças e adolescentes.

Este trabalho aborda o Projeto Político-Pedagógico, também representado pela sigla


PPP, como instrumento de Gestão Escolar, capaz de oferecer uma análise real e
peculiar de uma instituição de ensino, revelando o ponto onde se encontra e criando
possibilidades e planos de ação para onde se quer chegar, através de um
compromisso coletivo e participativo entre todos os agentes do processo.

Seu objetivo é explorar e identificar as possibilidades que uma gestão


participativa, coletiva, usando metodologia de coleta de dados, interpretação,
diagnóstico e plano de ação, pode trazer em termos de melhorias no ambiente
9

organizacional. Melhorar os processos de ensino-aprendizagem e engajar os alunos


e famílias a se comprometerem com a execução desses objetivos.

A expectativa deste trabalho é discutir as dificuldades e possibilidades de se


elaborar um plano desta magnitude de forma participativa que traga resultados que
impactem numa formação melhor e a conseqüente geração de oportunidades para a
formação de uma sociedade de bem estar geral.
10

2 Projeto Político Pedagógico

O tema é abordado por diversas publicações em função de sua previsão


legal. O Plano Nacional de Educação (PNE), as Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCNs) e a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), são documentos que
orientam e organizam as práticas e espaços escolares, no ciclo de educação básica.

Estes documentos determinam objetivos formativos, metas, metodologias de


ensino, conteúdos curriculares, organizam o tempo escolar de maneira a atender a
proposta da Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional que propõe a educação universal e de qualidade como um
direito do cidadão e um dever do estado e da família, promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade.

Isso representa um ganho enorme em termos de gestão, pois retira do Estado


á tutela exclusiva sobre a Educação, dividindo essa incumbência com a sociedade,
criando planos de médio e longo prazo, tanto de custeio como de objetivos
qualitativos.

O Regimento Escolar e o Projeto Político Pedagógico são documentos que


orientam e regulam internamente a Escola na execução dos processos de formação,
das etapas do ciclo de ensino básico, elaborado pelo nosso sistema de educação
nos âmbitos federais, estaduais e municipais.

O Projeto Político-Pedagógico, ganha espaço e importância neste cenário


pelo fato de ser um instrumento democrático que pode refletir a realidade local de
cada escola, proporcionando uma interação com a cultura, o aspecto sócio-
econômico e ambiental e propondo a participação individual e coletiva nos
processos de decisão, estabelecendo caminhos para o comprometimento no
alcance de metas que possam ser acompanhadas e revisadas quando necessário.

Nossa proposta para apresentação e orientação para implantação do Projeto


Político-Pedagógico está baseada na reflexão de estudos apresentados por autores
e estudiosos do tema como, Cipriano Carlos Luckesi, Dermeval Saviani, Ilma Passos
11

Alencastro Veiga, José Gimeno Sacristàn, Jussara Maria Lerch Hoffmann, Moacir
Gadotti, Paulo Freire, Paulo Roberto Padilha. Além de outras contribuições das
ciências da Psicologia, Filosofia, Política, Sociologia e Administração.

O Objetivo é descrever, problematizar, avaliar os ganhos e as dificuldades e


orientar caminhos para a implantação do Projeto Político Pedagógico, apresentando
e analisando seu aspecto no âmbito de projeto, político e pedagógico
separadamente e como um todo.

As iniciativas mencionadas no início do texto trouxeram muitos avanços no


combate ao analfabetismo e evasão escolar, porém o desafio ainda é grande como
nos mostram os dados abaixo:

Com um percentual de 7,6% para o país, a evasão dos


adolescentes atingia 9,2% no Norte e Nordeste e era menor no
Sudeste (6%). O fenômeno era maior na zona rural (11,5%) do
que na urbana (6,8%), entre homens (8,1%) do que mulheres
(7%) e era maior entre pretos ou pardos (8,4%) do que brancos
(6,1%).
Fonte:https://agenciadenoticias.ibge.gov.br 19/11/2019

No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de


Domicílios Contínua (PNAD Contínua) 2019, a taxa
de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foi
estimada em 6,6% (11 milhões de analfabetos).

Fonte:https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/
populacao/18317-educacao.html
12

2.1 Projeto (o primeiro P)

O PPP assume caráter de “projeto” por sua característica de planejamento, ou


seja, partir de uma realidade presente (concreta) para uma realidade futura,
(abstrata). Este componente presente no cotidiano humano orienta nossas ações,
das mais simples as mais complexas transformando idéias em ações.

[...] o projeto político-pedagógico vai além de um simples grupamento


de planos de ensino e de atividades diversas. O projeto não é algo que
é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às autoridades
educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. Ele
é construído e vivenciado em todos os momentos por todos os
envolvidos com o processo educativo da escola.
Veiga (1995, p. 12):
O processo de educação ocorre no espaço-tempo. O espaço é a Escola, em
sua instância física e instalações. O tempo decorre de um processo de
organização, que têm início no âmbito federal com as políticas públicas, passa
pelas secretárias e órgãos de educação, gestão escolar, sala de aula, famílias e
termina no tecido social. Sua execução é extremamente complexa, levando-se em
conta a dimensão do nosso sistema educacional, sua territorialidade, suas
diferenças regionais e sócio-econômicas.

A gestão educacional é a responsável pela administração dos recursos


orçamentários, administrativos, pedagógicos e sua aplicação prática na obtenção
de resultados em aprendizagem, que em educação, muitas vezes são subjetivos.

Os instrumentos que a ciência da Administração utiliza são pertinentes a


coleta de dados, tratamento e análise das informações, problematização, soluções
possíveis e decisão. Retroalimentado um processo circular, que coleta novamente
informações e refaz o processo, sempre buscando melhorias e melhor aplicação
dos recursos disponíveis.

Não se constrói um projeto sem uma direção política, um norte, um


rumo. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é também político.
O projeto pedagógico da escola é por isso mesmo, sempre um
processo inconcluso, uma etapa em direção a uma finalidade que
permanece como horizonte da escola.
13

(Gadotti & Romão 1997).

Daí que para a elaboração de bons projetos é necessário acesso a


informações qualitativas, quantitativas, metodologias de análise através de
processos que exigem disciplina, continuidade, transparência, recursos financeiros,
humanos e tecnológicos. A falta de qualidade nas informações pode trazer
dificuldades para os projetos baseando-se em informações incorretas ou
imprecisas ou às vezes, serem muito audaciosos e pouco práticos ou ainda
necessitarem de recursos financeiros elevados inviabilizando-se.

É necessária muita atenção ao aspecto comportamental. É natural que as


pessoas se sintam desconfortáveis e não consigam manter um distanciamento
entre o fato e a pessoalidade, podendo ter atitudes refratárias, adotando uma
postura defensiva pelo fato de sentirem seu trabalho exposto e sujeito a
julgamentos ou em caso de suas idéias não predominarem.

Essa característica é um dos fatores que devem ser fortemente trabalhados


no aspecto relacional focando a colaboração e o ganho coletivo, pois muitas vezes,
o comportamento organizacional e corporativo é um impeditivo ao progresso de
mudanças. A mudança se não bem compreendida pela equipe, se torna fator de
ameaça.

Especificamente, como sugestão, para o processo de implantação do PPP


segue abaixo a sugestão de um modelo para sua implantação:

1ª Ação: comunicação.

Expor o que é o PPP e sondar o que a equipe conhece sobre o assunto,


envolver todos os colaboradores, através de reuniões com no máximo uma hora de
duração.

2ª Ação: apropriação.

Compartilhar informações sobre o PPP, identificar pessoas dispostas a


participarem dos grupos de estudo e tarefas á serem formados, criar um plano de
ação.

3ª Ação: coleta e análise de informações.


14

Coletar informações para contextualizar a comunidade escolar, a história da


escola, indicadores educacionais da instituição e da região tratar os dados e
traduzi-los em informações.

4ª Ação: apresentar informações internamente.

Utilizar-se de todos os meios possíveis para apresentar as informações


obtidas através da coleta de dados. Agendar reuniões no intuito de compartilhar as
informações e identificar aspirações, desejos, propostas que venham a oferecer
soluções e metas factíveis de se alcançarem nos prazos determinados.

5ª Ação: compartilhar e coletar informações externamente.

Convocar reuniões com os alunos e as famílias, apresentar o projeto,


compartilhar informações e aproveitar para ouvir as demandas das famílias.

6ª Ação: elaboração PPP.

Criação e aperfeiçoamento do texto através de trabalho colaborativo, por meio


de reuniões de acordo com a organização estruturada para o projeto, que pode ser
uma equipe multidisciplinar ou comitês de representação. Submeter o documento
para apreciação coletiva internamente.

7ª Ação: divulgação PPP.

Evento onde o PPP deve ser apresentado e referendado pela maioria, como
um documento que os representa e afirmar o compromisso com toda comunidade
escolar na orientação de esforços para conclusão dos objetivos e metas
estabelecidas.

8ª Ação: permanente.

É o esforço de cumprir no cotidiano escolar tudo que se estabeleceu, se


comprometer com os objetivos do documento, de forma que se avaliem
constantemente as se as ações estão de acordo com as expectativas e implantar
mudanças sempre que necessárias. Este documento deve ser revisto anualmente
ou bienalmente e readequado a nova realidade e aos novos objetivos.
15

A sugestão acima é baseada num processo real que foram extraídos do


capítulo 3 do E-book Projeto Político Pedagógico: Orientações para o gestor
escolar entender, criar e revisar o PPP Fundação Santiliana

2.2 Político (o segundo P)

O aspecto político talvez seja o mais humano de todos e o mais


imprescindível componente do PPP. Ele contempla toda a dimensão das relações
sociais como os conflitos de interesses, contradições, disputas de poder,
ideologias... novamente atenção ao aspecto comportamental e social do processo.

Em entrevista a Nova Escola Gestão Escolar O Professor da Universidade


Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em história da educação Dermeval
Saviani menciona como deveria funcionar um órgão regulador da Educação: “Seria
um espaço para que a sociedade civil avaliasse as políticas educacionais e
propusesse alterações no rumo. Apesar das discussões, perdemos a oportunidade
de incluir na LDB atual a criação de um Fórum Nacional de Educação nesses
moldes. Enquanto a Educação ficar sujeita as disputas políticas, vão acontecer
discrepâncias... A descontinuidade da política educacional é uma realidade uma
realidade histórica do Brasil...”

Porém aqui existe a maior possibilidade de ganho para a instituição, que é


agregar numa ação coletiva e mobilizar todos os esforços da comunidade escolar
para alcance de um objetivo comum a curto, médio e longo prazo. Ter um
documento norteador, independente e impessoal que visa melhorar resultados,
independentemente de quem esteja encarregado de sua execução.

Segundo Paulo Freire “é decidindo que se aprende a decidir” (1997:19).

Processos autoritários e impostos, muitas vezes não nos representam e não


possuem nenhuma significância para nosso cotidiano. Na prática escolar podemos
ver reflexos na evasão escolar. Em contrapartida abordagens pedagógicas como a
Disciplina Positiva¹, demonstram que processos inclusivos e democráticos são
mais eficientes e engajadores.
16

¹Disciplina Positiva: tem como base o senso de


pertencimento, ou seja, fazer com que a criança se
sinta conectada com o meio em que vive.

No livro Gestão Educacional da Educação Básica de Pablo Rodrigues Bes, o


autor cita Sacristán (2008, p. 47), mencionando a importância de participação de
todos os agentes de forma integrada e fazendo a seguinte crítica:

“Faltou na teoria do plano uma visão global das interações entre todos
os agentes que o realizam. Isso se deveu à falta de reconhecimento
do poder e autonomia funcional de cada âmbito e à conseqüente
derivação política: a capacidade de influir e controlar a prática está – e
acreditamos que deve estar – repartida.”

Aspectos de âmbito emocionais influenciam muito neste processo. Um deles


é a pouca habilidade ao contraditório e às divergências, muitas vezes essa falta,
nos distância de uma boa discussão que poderia nos levar a boas reflexões e
compreensões de forma impessoal e imparcial. E em determinadas situações,
aparentemente concordamos com determinadas decisões, mas na prática as
boicotamos ou muitas vezes simplesmente não praticamos ou eventualmente
fingirmos praticar, o que Sacristàn denomina de Currículo Oculto (aquele que
ocorre de forma orgânica por deliberação individual dos atores envolvidos no
processo educacional)

Segundo Paulo Freire outro risco é transformar a participação democrática


numa pratica de manipulação passiva, onde se dá a idéia de que existe
participação nos processos de decisão, mas há só demagogia.

O “saber escolar” não está embalado e estocado em depósitos e


guardado pela polícia da classe dominante. Por isso, a aprendizagem
não pode ser entendida como simples depositar de informações, mas
como uma construção coletiva. (GADOTTI, p.141, 2004)

O componente comportamental exige muita atenção, pois o quê envolve


política muitas vezes remete a questões relacionadas às políticas governamentais
ou políticas partidárias, onde o termo política assume um caráter pejorativo, no
sentido de trocas, de benefícios pessoais... É importante ressaltar que todo ato
17

humano é um ato político e o que diferencia um bom ato político de um mau ato
político é sua intencionalidade.

O PPP como projeto de natureza política tem de contemplar em suas relações


respeito às diferenças, inclusão, empatia, confiança, acolhimento, razão,
conhecimento técnico dos documentos que regulam e orientam os processos
educacionais, conhecimento pedagógico, dialogo e metodologia para sua criação e
implantação.

O PPP não deve ser aplicado no intuito de punir, de excluir, de expor e sim
como orientador, descritor da missão, valores e visão da instituição. Seu objetivo
deve ser orientar e apoiar toda comunidade escolar para o sucesso nos processos
de ensino e aprendizagem de nossos alunos.

É também um momento muito oportuno para criação de institutos de


representação como Grêmio Escolar, Conselhos de Classe, Associação de Pais e
Mestres e melhorar os processos de comunicação e decisão.

Essa participação pode ser elaborada de diversas maneiras, através de


reuniões onde os temas abordados são definidos e divulgados antecipadamente e
procurem por soluções viáveis, para serem colocados em votação e sendo
aprovados pela maioria tornarem-se praticas.

Existe a possibilidade de se trabalhar com pesquisas de opinião através de


formulários impressos, onde cada um pode manifestar sua opinião e com base
nessas informações tomarem-se decisões representativas.

No livro Planejamento Dialógico, Paulo Roberto Padilha trás uma abordagem


dialógica muito rica em possibilidades e ferramentas para participação coletiva no
processo de criação e execução do PPP.
18

2.3 Pedagógico (o terceiro P)

O aspecto Pedagógico é a finalidade em si do projeto, que visa atingir os


objetivos de ensino-aprendizagem e proporcionar o máximo desenvolvimento
possível a cada aluno de acordo com suas especificidades, permitindo que esse
aluno se aproprie do conhecimento das linguagens textuais, estéticas,
matemáticas, ciências da natureza, ciências humanas, culturais, psicomotoras e
sócio-emocionais.

Dentro do componente Pedagógico os processos de avaliação devem receber


especial atenção. Ao refletir sobre a importância da avaliação escolar e sobre a
sua articulação com o projeto pedagógico das escolas, Luckesi (2011, p. 45)
comenta o seguinte: A avaliação da aprendizagem escolar adquire seu sentido na
medida em que se articula com um projeto pedagógico e com seu consequente
projeto de ensino. Deve ser prevista durante todo o processo de aprendizagem,
não somente como aspecto burocrático, talvez sua menor função, porém, a mais
atribuída. Segundo Haydt (2008) a avaliação possui três funções básicas:
diagnosticar, controlar e classificar.

Essencial como indicador coletivo e individual do processo de ensino-


aprendizagem e se os resultados expressam os objetivos propostos no PPP.

Hoffmann propõe para a realização da avaliação, na perspectiva de


construção, duas premissas fundamentais: confiança na possibilidade do aluno
construir as suas próprias verdades e valorização de suas manifestações e
interesses.
19

Esses componentes têm a possibilidade de aproximar alunos e professores,


estabelecendo uma relação de construção entre ambos. E quando isso não se
tornar viável, indicar possibilidades e caminhos para correção e apoio ao aluno
quando necessário.

O PPP pode contemplar as teorias do currículo (Tradicional, Críticas e Pós-


críticas), identificando através de suas características, aquela que melhor
representa a realidade da comunidade escolar e da Instituição, nos aspectos
sociais e culturais.

Um dos maiores benefícios do PPP para o aspecto pedagógico é


mapeamento da realidade escolar e da comunidade. Trazendo informações
relevantes para que se possa traçar um diagnóstico presente e planejar ações
futuras que estejam em consonância com as aspirações dos alunos, das famílias e
da comunidade como um todo.

Sacristán, ao se referir a esse aspecto histórico da organização curricular, faz


a seguinte crítica:

O discurso em didática sobre a prática escolar se desenvolveu


fragmentando o processo global do ensino-aprendizagem. Em primeiro
lugar, desligando conteúdos de métodos, ensinos de aprendizagem,
fenômenos de aula em relação aos contextos nos quais se produzem,
decisões técnico-pedagógicas de decisões políticas e determinantes
exteriores à escola e à aula, etc. Em segundo lugar, por depender de
determinadas metodologias de pesquisa pouco propensas à
compreensão da unidade que se manifesta na prática entre todos
estes aspectos. Sacristán (2008, p. 47)

O projeto didático deve ser transdisciplinar, transversal e complementar,


norteador das ações pedagógicas e das metodologias de ensino-aprendizagem,
classificar e mensurar investimentos necessários na estrutura física da escola, nas
necessidades de formação dos alunos tanto para suprir deficiências como para
preparar para os desafios do mundo social e do trabalho, levando em conta a
vocação econômica regional e suas qualificações, oferecer acesso tanto a cultura
regional quanto global, como outras possibilidades.

Serve também para orientar que caminho a escola deve seguir no sentido de
planejamento escolar, identificando a necessidade de profissionais com a
20

formação adequada para o desempenho de determinadas funções ou


especificidades, quais as formações são adequadas e necessárias para os
docentes que já atuam na escola. Dessa maneira qualifica melhor a equipe para
fazer frente aos desafios impostos se possível criando uma cultura de formação
contínua para atualização e aquisição de novos conhecimentos.

Quebrando o paradigma do “currículo oculto” apresentado na teoria de José


Gimeno Sacristàn, que hoje representaria a sala de aula onde nada em termos de
aprendizagem acontece. Escolas que são apresentadas no documentário “Pro Dia
Nascer Feliz” do Diretor João Jardim de 2005, onde formalmente temos uma
escola, alunos matriculados, professores, gestores tudo dentro das exigências
normativas e burocráticas, porém com alcance insatisfatório de seu propósito de
ensinar e mudar a realidade individual de seus alunos e coletiva da comunidade.

Compreendendo as origens, os contextos sociais e recursos que os alunos


possuem para complementar sua educação dentro e fora da escola, o aspecto
sócio-econômico e cultural das famílias, suas intervenções e estratégias serão
mais assertivas.

Entender o processo de evasão e baixo rendimento escolar regional e local,


comparando-os e criando políticas que motivem a frequência e melhore o
desempenho dos alunos. Apoiar a família para que possam orientar acompanhar,
participar de forma efetiva e assertiva da vida escolar de seus filhos.

Adequar a Escola para ser um pólo de lazer, cultura e formação a serviço não
só de seus alunos, mas também da comunidade em seu entorno, criando vínculos
e relações de afeto e colaboração entre escolas e comunidades.
21

3 Considerações Finais

Gostaria de concluir apresentando um projeto prático que reforça toda a


crença no conteúdo e nas possibilidades de mudança e de impacto que uma
gestão escolar competente e comprometida pode realizar e como o Projeto
Político-Pedagógico pode ser uma das principais ferramentas para o início dessa
mudança.

O Projeto “(In) Disciplina Regras Claras Sempre” possibilitou ao Diretor


Escolar Diego Mohfauz Faria Lima receber o prêmio Educador Nota 10 e ser
indicado entre os 10 finalistas do Global Teacher Prize. Mas muito mais gratificante
que isso foi à transformação da Escola Municipal Darcy Ribeiro, em São José do
Rio Preto, no interior de São Paulo, de uma escola que sofria com evasão escolar
gravíssima, violência e abandono em um espaço de convivência, de aprendizagem
impactando positivamente a vida dos alunos e da comunidade como um todo,
recebendo o reconhecimento local como internacional.

Segundo matéria publicada no Portal do MEC¹, o professor Diego elenca


como quatro os pilares que possibilitaram a transformação: abrir a escola à
comunidade; dar voz e protagonismo aos alunos em seu processo de
aprendizagem; implantar uma cultura de paz e dialogo; amor e dedicação.

É um exemplo prático de que um bom projeto, um ambiente político saudável


e uma proposta pedagógica, bem planejada e executada é a mola propulsora para
alavancar resultados positivos.
22

Acredito ser uma ferramenta de gestão democrática, que tem através da


Educação tem a possibilidade de mudar a realidade de bem estar social,
econômica e ambiental do País.

¹http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/escola-darcy-ribeiro

Referências:

AMORIM, Maria Cristina Sanches. Poder e Liderança: as contribuições de


Maquiavel Gramsci Hayek e Foucault. Portugal (Revista de Ciências nº26 de
janeiro-abril. V.12 Administração), 2010.

HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação Mediadora: Uma Prática em


Construção da Pré- Escola a Universidade. Rio Grande Sul: Editora Mediação, 2019.

PADILHA, Paulo Roberto. Planejamento Dialógico: Como construir o projeto


político-pedagógico da escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001.

CEDAC. Projeto Político-pedagógico: orientação para o gestor escolar / textos


Comunidade Educativa CEDAC – São Paulo: Fundação Santiliana, 2016.
SÀCRISTAN José Gimeno. Compreender e Transformar o Ensino; tradução Ernani
F. da Fonseca Rosa – 4. ed. – Artmed, 1998.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto político-pedagógico da escola: uma


construção possível. 29. ed. São Paulo: Papiro Editora,1995.

Pro Dia Nascer Feliz. Direção de João Jardim. Rio de Janeiro: Globo Filmes,
2005.
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