Você está na página 1de 11

º Grupo

Cecília João

Pascoal Lourenço Gabriel Miandica

Sirizeno Joaquim Henriques

Tereza Alberto

Dualismo no Discurso do Género

(Licenciatura em Psicologia Social e das Organizações)

Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2023
Cecília João

Pascoal Lourenço Gabriel Miandica

Sirizeno Joaquim Henriques

Tereza Alberto

Dualismo no Discurso do Género

Trabalho de Pesquisa da Cadeira de Teoria de


Diferença de Género, a ser entregue no
Departamento de Ciências de Educação e
Psicologia, para fins avaliativos, sob orientação
da docente: Msc: Arminda António

Universidade Rovuma

Extensão de Niassa

2023
Índice

1. Introdução ............................................................................................................................. 3

1.1. Objectivos .......................................................................................................................... 3

1.1.1. Objectivo Geral: ............................................................................................................. 3

1.1.2. Objectivos Específicos: .................................................................................................. 3

1.2. Metodologia ....................................................................................................................... 3

2. O Dualismo no Discurso do Género ..................................................................................... 4

2.1. Dualismo............................................................................................................................ 4

2.2. Características do Dualismo .............................................................................................. 4

2.3. Dualismo no Discurso do Género ...................................................................................... 4

2.4. Tipos de Dualidade no Discurso de Género ...................................................................... 5

2.4.1. Primeira Dualidade ......................................................................................................... 5

2.4.2. Segunda Dualidade ......................................................................................................... 6

2.5. Diferenças de Géneros da Dualidade no Discurso de Género ........................................... 7

3. Conclusão ............................................................................................................................. 9

4. Referências Bibliográficas .................................................................................................. 10


3

1. Introdução

O presenta trabalho visa fazer a abordagem sobre o Dualismo no Discurso do Género. As


noções de masculino e feminino tem pautado os padrões pré estabelecidos pela sociedade
ocidental, na qual os géneros se tornam um protótipo ideal, uma ideia formatada de
identidade e comportamentos em que seres afins devem assumir por meio de performances
dentro das relações sociais.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral:

 Compreender a abordagem do Dualismo no Discurso do Género.

1.1.2. Objectivos Específicos:

 Conceituar o Dualismo;
 Identificar as características do dualismo; e
 Identificar e Descrever os tipos de dualismo no discurso do género.

1.2. Metodologia

Para a concretização deste trabalho utilizamos como metodologia a pesquisa bibliográfica,


esta pesquisa bibliográfica assentou-se também em manuais e internet.
4

2. O Dualismo no Discurso do Género

2.1. Dualismo

Dualismo ou binarismo de género é o sistema social ou crença cultural de que o género é


uma dualidade binária, isto é, de que existem (ou deveriam existir) só dois géneros,
masculino e feminino, com as características de cada um inerentemente relacionadas com o
sexo atribuído ao nascer.

Segundo Bunnin & Yu, (2004) dizem que o dualismo é um conceito religioso e
filosófico que admite a coexistência de dois princípios necessários, de duas posições ou de
duas realidades contrárias entre si, como o espírito e matéria, o corpo e a alma, o bem e o
mal, e que estejam um e outro em eterno conflito.

Para Abbagnano, (2007) diz que, o dualismo é uma visão filosófica que afirma que
a realidade é constituída por duas partes que não podem ser reduzidas uma à outra. O ponto
crucial do dualismo demonstra-se da seguinte maneira: caso compreenda-se ser necessária
a justificação do universo como algo compreensível, essas duas partes devem ser
reconciliadas. O dualismo é um dos elementos fundamentais da metafísica.

2.2. Características do Dualismo

As características do dualismo incluem-se expectativas de vestimenta, comportamento,


orientação sexual, nomes e pronomes, preferência de limpeza, entre outras. Estas
expectativas podem reforçar atitudes negativas, preconceitos e discriminação contra as
pessoas com expressões de género não normativas ou com identidades de género diferentes
à designada ao nascer. (Audi, 1999).

2.3. Dualismo no Discurso do Género

Um primeiro aspecto das representações do masculino e do feminino diz respeito à


estrutura cognitiva dos géneros em categorias dicotómicas, e a este nível os sexos
biológicos desempenham o papel de critérios classificativos em torno dos quais se
organizam configurações de atributos. As categorias baseadas em características físicas
permanentes constituem identificadores que os indivíduos transportam consigo, ao longo
de toda a sua vida e em todos os contextos, e cuja mudança não está plenamente ao seu
alcance.
5

Os estudos em cognição social de Fisher e Taylor (Ortner, S. & H. Whitehead.


Sexual Meanings: the Cultural Construction of Gender and Sexuality. Cambridge:
Cambridge University Press. 1981: 130) mostram que a identificação da categoria de
pertença é uma dimensão tanto mais importante das interacções sociais (uma vez que
suscita a inferência dos atributos a ela associados) quanto mais as configurações de
atributos forem socialmente partilhadas.

Esta associação de atributos às categorias de pertença tem como base três tipos de
dualidades que podem sobrepor-se ou não (consoante a cultura num determinado espaço e
tempo) associadas ao modelo de pessoa masculina e ao modelo de pessoa feminina, sendo
que qualquer um dos tipos está fundamentado numa valoração assimétrica dos géneros.

2.4. Tipos de Dualidade no Discurso de Género

2.4.1. Primeira Dualidade

A primeira, e para alguns a mais óbvia, é a dualidade baseada na identificação da pessoa


masculina à cultura e da pessoa feminina à natureza. Lígia Amâncio (Amâncio, 1994)
defende que a biologia, para o pensamento do senso comum, é um pretexto explicativo que
surge mais claramente associado ao discurso sobre o sexo feminino, sendo por isso o
discurso sobre o sexo masculino marcado por uma explicação em termos culturais. E
Bourdieu justifica que a visão natural da condição feminina e da sua construção social é
reveladora do status inferior com que a sociedade a identifica.

A diferença entre os sexos biológicos foi construída de acordo com os princípios de


divisão de uma visão mítica do mundo, princípios que são eles mesmos o produto da
relação arbitrária de domínio dos homens sobre as mulheres, que está contido na realidade
do mundo como uma estrutura fundamental da ordem social. Daí que se construa um
discurso onde se realçam as diferenças anatómicas entre os sexos. Bourdieu compara o
sexismo ao racismo, enquanto formas de essencialismo, e como tal, as crenças, produzidas
neste contexto, são de difícil desenraizamento.

O aspecto dos corpos é utilizado como fundamento óbvio, como justificador de um


discurso que transformou um produto arbitrário da história em facto natural. Nesse sentido,
Sherry Ortner (Ortner, S. 1981) lança a hipótese de que o facto da mulher estar
especializada na reprodução aproxima-a da natureza e o homem fica, deste modo,
6

relacionado com a cultura, e de que esta aproximação da mulher à natureza nada mais é do
que uma componente simbólica do patriarcado.

2.4.2. Segunda Dualidade

A segunda dualidade baseia-se no confronto entre a razão e a emoção. Seidler apud


Badinter, (1993), sociólogo e grande contribuinte nos debates inseridos no contexto dos
men’s studies na Grã-Bretanha, afirma que a partir do Iluminismo a masculinidade tem
sido identificada com a razão, ao passo que a feminilidade é considerada como a
personificação da irracionalidade.

Desde o Iluminismo, os homens passaram a considerar a racionalidade como parte


integrante e exclusiva da sua identidade. Isto fez com que a racionalidade fosse o ponto
principal que explica a superioridade masculina na vida social, (Seidler apud Badinter,
1993),.

Rosaldo centra-se na terceira dualidade: a divisão entre público (masculino) e


privado (feminino) como uma estrutura social que escora a universal dominação
masculina. Michael D. Murphy (Murphy, M.. "Coming of Age in Seville: The Structuring
of a Rites Passage to Manhood", Journal of Anthropological Research. nº 39, 1983: 376-
92), ao analisar o caso de uma comunidade próxima de Sevilha, confirma a posição de
Rosaldo, ao comprovar que as identidades de género estão directamente ligadas ao
domínio dos espaços, onde o público pertence ao masculino e o privado ao feminino.

De acordo com as práticas desta comunidade, a formação da identidade masculina


exige que o adolescente se dissocie do espaço doméstico e se estabeleça como indivíduo
activo e autónomo no espaço público.

Lévi-Strauss conjuga as dualidades acima referidas e reporta o espaço público ao


racionalismo e o espaço privado à emoção, para afirmar que o domínio doméstico é
primariamente visto como uma entidade biológica (família biológica) onde a mulher actua
no sentido do interesse dos seus sem se preocupar com o sistema social - o que importa é a
manutenção da casa; e o domínio público, onde o homem se preocupa com o bem e a
riqueza do social como um todo.

A associação dos espaços aos sexos está profundamente relacionada com a


invenção social da maternidade no século XVII, que pressagiou e deu forma concreta à
ideia de que a mãe devia desenvolver relações de afecto com a criança, de forma a dar um
7

peso específico às necessidades do filho (Giddens, 1995). Porém, no séc XIX a separação
entre casa e local de trabalho, imposta pelo novo sistema de produção provocou o declínio
do poder patriarcal dentro de casa - cresce o controlo das mulheres sobre os filhos, através
da organização da casa e da sua responsabilidade pela educação dos filhos, que é cada vez
mais valorizada à medida que as famílias se tornam mais pequenas.

Deste modo, a sociedade industrial levou a que o pai passasse a trabalhar fora de
casa e a mãe em casa. Esta nova organização do trabalho cria, de facto, uma real separação
dos sexos e dos papéis, principalmente na classe média, classe esta que cria as
representações da hegemonia masculina e que as globaliza através da educação e das
políticas do Estado.

Ao longo do século XIX, vão-se sedimentando os papéis dos dois sexos: ele, como
ganha-pão, e ela, como dona-de-casa e mãe. Consolidando assim a imagem masculina
associada ao espaço público e a feminina ao espaço privado.

2.5. Diferenças de Géneros da Dualidade no Discurso de Género

As diferenças de géneros são entendidas como dicotómicas e absolutas. Mesmo


uma análise histórica ou uma perspectiva transcultural, sob o ponto de vista essencialista,
revela traços estáveis ou comuns em relação às variações dentro de um mesmo contexto,
anulando assim as especificidades espaço-temporais onde as categorias de género não são
tidas como fixas ou universais.

A quebra, protagonizada pelas mulheres, com a noção de natural (biologia) deu-se quando
decidiram actuar fora da esfera doméstica, com a educação sexual, a legalização do aborto
e o aparecimento dos métodos contraceptivos. Todos estes factores foram condenados
como propiciadores da evasão feminina à sua verdadeira essência.

Na realidade, as diferenças psicológicas e sociais parecem ser mais um resultado da


forma como a cultura interpreta, molda e modifica as suas heranças. Pode-se nascer macho
ou fêmea, mas tornamo-nos homens ou mulheres inseridos num contexto cultural.
(Kimmel, M. & Michael, M. (org.). Men’s Lives. Boston: Allyn and Bacon, 1995) As
diferenças usualmente encontradas em termos intelectuais, temperamentais, entre outros
traços pessoais, quando aparecem são pouco significativas comparadas com as variações
dentro de cada sexo e também quando comparadas com as posições sociais de homens e
mulheres, que não devem ser tidas em conta. É o que Theodore Kemper afirma: "when
8

racist and sexist ideologies sanction certain hierarchical social arrangements on the basis of
biology, the biology is usually false." (Connell, 1995, p. 57)
9

3. Conclusão

Chegado ao fim do trabalho realizado concluímos o seguinte, do tradicional do dualismo é


comumente intitulada “dualismo cartesiano” e é um dualismo de substância. Há, no
entanto, um outro tipo de dualismo, chamado “dualismo causal”, sustentado pelo filósofo
inglês Bertrand Russell, que afirmava que o dualismo não era entre duas substâncias mas
entre dois tipos de leis: leis causais físicas e leis causais psicológicas.

Entretanto, um discurso onde se realçam as diferenças anatómicas entre os sexos. Bourdieu


compara o sexismo ao racismo, enquanto formas de essencialismo, e como tal, as crenças,
produzidas neste contexto, são de difícil desenraizamento. O aspecto dos corpos é utilizado
como fundamento óbvio, como justificador de um discurso que transformou um produto
arbitrário da história em facto natural.
10

4. Referências Bibliográficas

Abbagnano, N. (2007). Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone Castilho


Benedetti. São Paulo: Martins Fontes.

Audi, R. (1999). The Cambridge Dictionary of Philosophy. New York: Cambridge


University Press.

Bunnin, N. & Yu, J. (2004). The Blackwell Dictionary of Western Philosophy. Oxford:
Blackwell Publishing.

Kimmel, M. (2000). Inequality and difference – The social construction of gender


relations. In: The gendered society. New York: Oxford University Press.

Mcllvenny, P. (ed). 2002. Talking gender and sexuality Amsterdam: John Benjamins.

Pereira, M. G. D. (2009). A construção de discursos sócio-culturais: uma mudança de


paradigma? In: Pereira, M.G.D.; Bastos, C. R. P.; Pereira, T. C. (orgs.). Discursos
socioculturais em interação. Rio de Janeiro: Garamond. p. 541-575

Você também pode gostar