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1 INTRODUÇÃO
barulho feito pelos próprios internos, os altos níveis de reincidência, cerca de 92%, e a ação
conjunta de entidades de defesa dos direitos humanos e da imprensa, revelando à sociedade a
gravidade da situação,levou o Estado a repensar a política, criando uma nova lei, a de nº
8069/90 que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil – ECA.
O ECA é fundado numa concepção política de desenvolvimento social voltado para
todo o conjunto da população infanto-juvenil e não apenas à criança pobre, garantindo
proteção àquelas consideradas em risco social e pessoal.
Para Pereira (2009, p. 4), “a visão do ECA não é mais a de menor, que por ser pobre já
seria considerado um quase delinqüente e sim, de criança e adolescente sujeito de direito e
pessoa em condição peculiar de desenvolvimento”. Observa-se que o termo menor, pelo
próprio significado já diminuía a criança e o adolescente, sobremaneira os pobres, ferindo
letalmente o princípio constitucional de que todos são iguais perante a lei. A nova filosofia é
de proteção e promoção e não mais de discriminação, embora na prática, suplantar esses
estigmas seja ainda uma tarefa árdua das instituições de defesa dos direitos humanos e da
sociedade como um todo.
Com a promulgação da Constituição (1988) e a conseqüente regulamentação dos
direitos através do ECA institui-se instâncias de controle e participação social nas três
esferas da administração, juntas formando um colegiado, quais sejam: Conselhos de Direitos
Paritários, formados por membros do Estado e da sociedade civil, e a criação no nível
municipal dos Conselhos Tutelares, formados por membros eletivos da sociedade local e
encarregados de zelar pelos direitos da criança e do adolescente. Esses conselhos são
subsidiados financeiramente por multas de impostos pessoas físicas e jurídicas, repassados
pelo Estado para essas instâncias com o precípuo objetivo de mantê-las nas suas atividades
específicas.
Os conselhos como mecanismos de participação e de legitimidade social iniciam-se no
Brasil, como fruto da organização e das lutas sociais. A mediação povo-poder por meio dos
conselhos como esferas públicas de exercício do poder no Brasil, surgem nas décadas de
1970-93 (PEREIRA, 2009).
Dentre os tipos básicos de conselhos criados ao longo desse período, destaca a autora,
alguns aparecem na cena política a partir da iniciativa popular ainda no contexto ditatorial, a
expressão torna-se inadequada para expressar a ação sistemática do Estado na inserção social dessa parcela da
população. A insipiência do sistema na condução de suas metas de ressocialização é expressa através dos
indicadores: 29% da clientela atendida reincidiam em atos infracionais no antigo regime de FEBEMs, embora
depois do ECA e da substituição para as fundações CASA e CDCs esse númerotenha caído para 3,21%
(PEREIRA, 2009).
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exemplo dos conselhos comunitários, e outros foram criados por exigências constitucionais e
legais, como os conselhos de políticas públicas e os de direitos.
Os conselhos são assim, instâncias de proposição e fiscalização na comunidade, tendo
esta o direito e o dever de utilizar os mecanismos de defesa e proteção de interesses difusos e
coletivos para casos de omissão e transgressão por parte de autoridades públicas.
Do Código de Menores ao ECA observou-se no Brasil uma mudança radical na visão
do ser criança e adolescente. Porém, as políticas de promoção desses segmentos no país
requerem no conjunto, medidas concretas e sólidas interfaces setoriais no sentido de dar vida
plena às letras da lei. Segundo Pereira (2009) este é um desafio posto a Estado e sociedade
que já se protela por duas décadas após da vigência do ECA.
A doutrina da proteção integral propõe mudanças de paradigmas no tratamento para
com crianças e adolescentes no Brasil. Estes, desde o ECA (1990) não são mais seres passivos
e sim sujeito de direito em condição peculiar de desenvolvimento. Desse reconhecimento tem-
se que as principais mudanças quanto ao tratamento ocorrem exatamente com o adolescente
em conflito com a lei, que será enfocado no próximo tópico.
A delinqüência é um termo jurídico em desuso, tendo em vista que o adolescente é
inimputável perante a lei. É o mesmo que dizer que antes de completar 18 anos ele não pode
ser julgado e penalizado da mesma forma e com as mesmas medidas que o adulto e sim
pautado no ECA (1990). Porem, uma vez praticada a infração, termo usada para substituir a
cultura da delinqüência, estão sujeitos a medidas sócio-educativas.
As medidas sócio-educativas podem ser compreendidas de acordo com Hutz (2002)
como atividades que são impostas pelas autoridades competentes aos adolescentes que
pratiquem qualquer ato que configure uma infração penal. Correspondem a advertências,
reparação do dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, regime de semi-
liberdade ou a perda da liberdade, ou seja, a internação em um estabelecimento tido como
educacional, por um período não superior a 45 dias corridos (ECA, 1990).
A advertência correspondente à mais branda das medidas sócio-educativas. Consiste
em admoestar verbalmente o adolescente perante seus pais, ou seus responsáveis. É um
aconselhamento também extensivo à família, núcleo em que mediante observação e avaliação
das condições de permanência dessa criança ou adolescente, o juiz aplica essa medida,
confiando na capacidade dos pais em prover, proteger e educar, por entender que em primeiro
lugar deve estar a família como principal referencia da educação e proteção integral (ECA,
1990).
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3 MATERIAL E MÉTODOS
5 CONCLUSÃO
5 REFERÊNCIAS
MARX, Karl. O capital: crítica de economia política. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988
(Os economistas).
SILVA, Moacyr Motta da. VERONESE, Josiane Rose Petry. A Tutela Jurisdicional dos
Direitos da Criança e do Adolescente. 1a. ed. São Paulo: LTR, 2005.