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Apresentação
O Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente constitui-se na articulação e
integração das instâncias públicas governamentais e da Sociedade Civil, na aplicação de
instrumentos normativos e no funcionamento dos mecanismos de promoção, defesa e controle da
efetivação dos direitos humanos da criança e do adolescente, nos níveis federal, estadual, distrital e
municipal (CONANDA, 2006, p. 3). A estruturação do Sistema de Garantia de Direitos materializou-
se por meio de legislações como a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do
Adolescente, os quais oferecem um importante aparato legal para respaldar os direitos da
população.
Bons estudos.
Conforme o artigo n.º 18-B: "Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os
agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar
de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou
tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro
pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão
aplicadas de acordo com a gravidade do caso".
Imagine que você é assistente social de uma organização sem fins lucrativos que atende
adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas.
Como você, profissional dessa organização não governamental, pode contribuir para a resolução do
caso?
Infográfico
No que diz respeito aos direitos das crianças e adolescentes, é muito importante considerar e
mencionar a violência. Independentemente do tipo e da situação em que ela ocorre, crianças e
adolescentes devem ser protegidos. O Sistema de Garantia de Direitos de crianças e adolescentes
prevê atendimento especializado em casos de violência.
Leia o capítulo O Sistema de Garantia de Direitos, do livro Serviço Social no Poder Judiciário, base
teórica desta Unidade de Aprendizagem, e conheça os principais aspectos relacionados ao Sistema
de Garantia de Direitos, assunto essencial para a formação e atuação do assistente social.
Boa leitura.
SERVIÇO SOCIAL
NO PODER
JUDICIÁRIO
Introdução
A proteção destinada a crianças e adolescentes foi evoluindo ao longo
do tempo, paralelamente ao contexto histórico e político de cada época.
Em alguns períodos, crianças e adolescentes não eram considerados
sujeitos de direitos; em outros momentos, eram vistos como problemas,
especialmente as crianças pobres ou abandonadas. Hoje, considera-se
que crianças e adolescentes necessitam de uma atenção diferenciada,
considerando que são pessoas em condição peculiar de desenvolvimento.
Neste capítulo, você vai conhecer a evolução da proteção à criança e
ao adolescente no Brasil e a legislação existente, que compõe o Sistema
de Garantia de Direitos atual. Além disso, você vai se familiarizar com os
principais elementos que contribuem para a efetivação dos direitos das
crianças e dos adolescentes no País.
Constituição histórica
Para você compreender como o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e
do Adolescente se constituiu no Brasil, deve considerar o contexto colonial,
entre os anos 1500 e 1800. Nesse período, o Estado não intervinha no contexto
2 O Sistema de Garantia de Direitos
familiar e cabia aos pais decidir sobre a vida dos filhos, incluindo, entre outros
aspectos, definições a respeito de casamentos. Nessa fase, também havia forte
interferência da Igreja, que buscava regular a moral e os costumes, influen-
ciando a forma como as famílias se organizavam. Por muito tempo, as crianças
e os adolescentes viveram sem amparo legal para protegê-los. Foi apenas no
século XX que se começou a olhar para as crianças e os adolescentes, mediante
a Declaração de Genebra dos Direitos das Crianças (PRATES, 2011).
Autores como Lima, Poli e José (2017) destacam que a atenção dada
a crianças e adolescentes do ponto de vista da legislação se desenvolveu
ao longo de três períodos principais: entre os séculos XVI e XIX (1501 a
1900); na primeira metade do século XX (1901 a 1950); e de meados do
século XX em diante. Os autores pontuam algumas particularidades. Por
exemplo: durante os séculos XVI a XIX, os índices de mortalidade entre
crianças e adolescentes eram elevados. Esse era um dos motivos para que
não houvesse tanto apego afetivo, o que evitava o sofrimento decorrente da
perda. Situações dessa natureza eram registradas não apenas no Brasil, mas
também em outros países. A condição econômica era o fator principal que
diferenciava o tratamento oferecido a crianças e adolescentes. Os filhos de
camponeses e artesãos viviam a infância com menos oportunidades do que
os filhos advindos de famílias de classes sociais mais altas, que possuíam
acesso maior a tudo o que era necessário para a vida em sociedade (LIMA;
POLI; JOSÉ, 2017).
A fase que começa em 1901 consolida o início da atenção estatal em relação
a crianças e adolescentes, que se tornam sujeitos da tutela do Estado, mas
ainda não portadores de direitos. Isso decorre do “[...] fato de a menoridade
naquela época ser considerada um status do indivíduo (semelhante ao estado
civil), prevalecendo o aspecto de ‘imperfeição’ destes indivíduos em fase de
desenvolvimento, e, atrelada a esta ‘imperfeição’, [havia] a necessidade de
proteção e cuidado [...]” (LIMA; POLI; JOSÉ, 2017, p. 318).
O primeiro Código de Menores do Brasil data de 1927 e também é conhecido
como Código de Menores de Mello Mattos. Ele versava sobre a assistência,
a proteção e a vigilância de menores de 18 anos de idade que estavam em
condição considerada irregular e também daqueles que tinham entre 18 e 21
anos, conforme situação expressa em lei. Considerava-se que estavam em
situação irregular aqueles sujeitos: privados de condições essenciais à sua
subsistência, como saúde e instrução obrigatória; vítimas de maus tratos ou
castigos imoderados impostos pelos pais ou responsáveis; em perigo moral ou
privados de assistência legal devido à falta de um dos pais ou responsáveis. A
situação era considerada irregular ainda para aqueles que possuíam desvio de
O Sistema de Garantia de Direitos 3
Para aprender mais sobre o tema deste capítulo, confira o filme O Contador de Histórias
(2009), de Luiz Villaça. Ele retrata a vida de um garoto levado pela mãe para viver
na antiga Febem (atual Fundação Casa) pois ela acreditava que essa era a melhor
possibilidade para o filho até ele concluir os seus estudos.
O mesmo documento afirma que o Sistema deve “[...] articular-se com todos
os sistemas nacionais de operacionalização de políticas públicas, especialmente
nas áreas da saúde, educação, assistência social, trabalho, segurança pública,
planejamento, orçamentária, relações exteriores e promoção da igualdade e
valorização da diversidade [...]” (BRASIL, 2006, p. 1). A normativa propõe ainda
que os órgãos públicos que compõem esse sistema atuem de forma integrada, em
rede, a partir de eixos preestabelecidos: defesa dos direitos humanos, promoção
dos direitos humanos e controle da efetivação dos direitos humanos. Entretanto,
as instituições podem exercer suas funções em mais de um eixo (BRASIL, 2006).
O Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente se efetiva
por meio das legislações que lhe dão base. Estas, por sua vez, se estruturam a
partir da Constituição Federal de 1988, que inaugurou uma nova perspectiva
de atenção a essa população. Juntamente ao ECA, esse aparato legal tem como
finalidade garantir a proteção integral e dar prioridade tanto ao atendimento
quanto à formulação de políticas públicas para crianças e adolescentes. No
seu art. 227, a Constituição Federal estabelece:
Art 3º. Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas
as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação
familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência,
condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica,
ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie
as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem (BRASIL, 1990,
documento on-line).
A seguir, na Dica do Professor, saiba um pouco mais sobre os principais aspectos da Resolução n.º
113, de abril de 2006.
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Exercícios
E) Quando o Estado interveio na educação dos menores para assegurar a integridade da nação.
2) Em 1927, foi aprovada a primeira legislação voltada ao atendimento das crianças: o Código
de Menores.
A) Prestar proteção integral à criança e ao adolescente em qualquer situação, bem como para
indivíduos entre 18 e 21 anos, conforme situação expressa em lei.
B) Coibir fortemente atos violentos praticados por menores e indivíduos entre 18 e 21 anos,
conforme situação expressa em lei.
E) Definir a palavra menor perante a Legislação e também definir métodos de repressão a atos
infracionais praticados por adolescentes.
B) Ao Código de Menores.
5) Os jovens também são foco de políticas públicas específicas, conforme a Lei n.o 12.852, de
agosto de 2013.
B) Ao Estatuto do Adolescente.
C) Ao Estatuto da Juventude.
A seguir, no Na Prática, veja um exemplo de atuação do Serviço Social que, dada a complexidade da
situação, requer atendimento em vários espaços e complexidades.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
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