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FACULDADE PORTO UNIÃO

GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

DIREITO DA CRIANÇA, JUVENTUDE E IDOSOS

SAMANTA DE CARVALHO SILVA

ACOLHENDO REALIDADES:
UMA ANÁLISE DOS ACOLHIDOS

CAMPOS DOS GOYTACAZES


2022
ACOLHENDO REALIDADES:
UMA ANÁLISE DOS ACOLHIDOS

Declaro que sou autora deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja
parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e
corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de
investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de violação aos
direitos autorais.

Resumo
A partir da Constituição Federal de 1998 e posteriormente com a elaboração
do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, as crianças e adolescentes
passaram a ser considerados como sujeitos de direitos em condição inerente de
desenvolvimento e prioridade total. Somado a isso, a partir da Política Nacional de
Assistência Social - PNAS (2004), a família passa a ser uma importante diretriz para
concepção e elaboração dos serviços, inclusive no atendimento a violação de
direitos. Assim, com os direitos assegurados por normas constitucionais e
infraconstitucionais, toda e qualquer forma de violência, exploração e/ou negligência
que configure maus-tratos a crianças e adolescentes é considerada como violação
de direitos. O Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e
Indivíduos - PAEFI compõe uma resposta institucional às violações de direitos.
Muito embora se tenha tido avanços no campo dos direitos, a situação de
vitimização de crianças e adolescentes ainda é recorrente no país. Nesse sentido, a
questão central da pesquisa é: o porquê de tantas crianças serem retiradas do seu
vínculo familiar.
Palavras-chave Acolhimento Institucional; Estatuto da Criança e do adolescente;
Direitos Sociais; Violação de direito.
INTRODUÇÃO

Registra-se na história brasileira que as crianças e adolescentes eram


afastadas automaticamente de seu âmbito familiar por questões de pobreza,
vulnerabilidade ou risco. Existindo o atendimento aos infantes ao serviço de
acolhimento desde o período colonial. Nesse período, o acolhimento se devia ou por
quesito de caridade ou por uma questão de investimento futuro, em que a criança
seria um empregado, sem grandes custos.
Logo em 1726, foi trazido para o Brasil pelos portugueses, um modelo de
assistência religiosa, de origem italiana, conhecido como “Roda dos expostos” ou
“Roda dos enjeitados”, que serviu como paradigma por 224 anos, que mesclava a
caridade e a filantropia e foi uma das principais instituições que teve como intuito à
proteção da infância abandonada no país, partindo desde o período colonial,
percorrendo a época do Império e ainda obtendo sustentação durante parte do
período da República, sendo extinta apenas no século XX, em 1950. Com a
chegada da República novos questionamentos sobre a infância deram nascimento a
um olhar mais humanista, contudo, somente a partir da década de 70, que ocorreu
um maior enfrentamento e posicionamento quanto às questões referentes à cultura
da infância, e foi a partir da organização de diversas associações, que teve a
promulgação do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) que teve o
reconhecimento como sujeito de direito.
Desse modo, o acolhimento institucional tem por sua finalidade acolher
crianças e adolescentes considerados vítimas de maus-tratos, abuso sexual e
negligência. É uma medida de proteção estabelecida pelo Estatuto da Criança e
do Adolescente – Lei nº 8.069/90. Onde estão decretadas as situações a que as
crianças e adolescentes não devem ser expostos de acordo com:

Art. 5º – Nenhuma criança ou adolescente será objeto de


qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
fundamentais. (BRASIL,1990)

O acolhimento institucional deve ser à última medida protetiva a ser


efetivada, sendo importante primeiro esgotar as tentativas de fortalecimento dos
vínculos familiares e comunitários. Observando que as ações de acolhimento
geralmente aparecem relacionadas à situação de pobreza na dimensão em que
inúmeras famílias não se condizem nos padrões hegemônicos de relações
familiares, e, assim, são tidas como incompetentes para conduzirem a educação de
seus filhos. Sobre essa questão, Rizzini (2006, p. 20) explicita:

O problema não é, em geral, entendido como violação de


direitos por parte do Estado, mas sim da própria família.
Consequentemente, tanto à família quanto a criança são
punidas. A criança é retirada de casa e a família percebida
(inclusive por ela mesma) como incapaz. (RIZZINI, 2006, p.20)

O Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) estabelece que a falta de


recursos materiais por si só não dará causa à extinção do poder familiar, conforme
prescreve
Art. 23 - A falta ou a carência de recursos materiais não
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do
poder familiar. Parágrafo único. Não existindo outro motivo que
por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o
adolescente será mantido em sua família de origem, a qual
deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de
auxílio. (BRASIL, 1990)

Sendo estabelecido na Constituição Federal nos artigos 226 e 227 que a


“família é à base da sociedade” e que, compete a ela, juntamente com o Estado, a
sociedade em geral e as comunidades, “assegurar à criança e ao adolescente o
exercício de seus direitos fundamentais”, bem como o cumprimento do artigo 19 do
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, que “assevera a todas as crianças e
adolescentes o direito a convivência familiar e comunitária”.
Para Nascimento e Scheinvar (2010), é de extrema relevância que a
maioria das denúncias de violação de direitos registradas em Conselho
Tutelar, são concebidas por ocorrências de famílias pobres, o que
não significa que famílias mais privilegiadas não cometam violações, mas sim
que estas podem possuir recursos especializados no âmbito privado para
explicação e até mesmo resultado de seus conflitos, compondo a ideia de que não
há violência familiar e outras questões como dependência química, abuso sexual e
abandono nessa classe social.
Com isso, o ponto de partida foi através do estágio feito na graduação do ano
de 2019 na unidade de Acolhimento Renascer na cidade de Campos dos
Goytacazes, onde me deparei com questões que me intrigaram, e me questionava o
porquê de tantas crianças serem retiradas do seu vínculo familiar e são levadas ao
acolhimento institucional.
Os objetivos se dividem em duas partes, geral e específico. Este trabalho tem
o objetivo de resgatar a história da Implementação dos Direitos das crianças e
adolescentes, promovendo um estudo sobre o perfil socioeconômico e as principais
causas de retiradas de crianças do convívio, levadas para acolhimentos
institucionais.
 Contextualizar a história dos infantes;
 Resgatar sobre a implementação do ECA;
 Compreender o Direito à Convivência Familiar e Comunitária;
O presente trabalho tem como objetivo apresentar as principais causas de
retiradas de crianças dos pais e/ou responsáveis, sendo submetidas a acolhimentos
institucionais. Percorrendo a história da Infância e Juventude no Brasil traçada pela
doutrina do higienismo, no contexto da implementação do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA).
Ao analisar as práticas nas quais responsabilizam e principalmente culpam
famílias, em geral pobres, sendo considerados incapazes de criar seus filhos dentro
do modelo “padrão” no qual a burguesia instituiu. Buscar compreender os impactos
trazidos para a vida da criança e/ou adolescente e seus familiares.
No primeiro capítulo aborda-se a contextualização histórica da Infância no
Brasil traçada pela doutrina do higienismo compreendendo as normas e
adequações na sociedade, bem como a forma de estabelecer uma preservação da
ordem social, no contexto da implementação do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA). Analisar as práticas nas quais responsabilizam e principalmente
culpam famílias, em geral pobres, sendo considerados incapazes de criar seus
filhos dentro do modelo “padrão” no qual a burguesia instituiu. Busca apresentar
ainda neste capítulo, as mudanças ocorridas com a nova ordem legislativa referente
à criança e ao adolescente.
Pretende-se, deste modo responder as questões: O porquê de tantas crianças
serem retiradas do convívio familiar? Qual o perfil socioeconômico e motivo do
acolhimento dessas crianças levadas para acolhimentos institucionais?
1. A HISTÓRIA DA INFÂNCIA NO BRASIL E A NEGLIGÊNCIA

No Brasil as primeiras formas de assistência à criança abandonada,


justamente, as que duraram um período mais longo, foram transplantadas de
Portugal. A proteção à criança abandonada iniciou-se com a própria colonização.
(BARBOSA, 2014)
Desde 1550 os colonizadores tinham em seus projetos civilizatórios,
evangelizar as populações nativas por meio da conversão ao cristianismo, do
ensino das letras e da adoção de novos modos de comportamento. No entanto,
diante da hesitação dos nativos em se converter, a evangelização das crianças
tornou-se uma forma de oportunizar esse projeto, com o resultante afastamento das
crianças indígenas de sua cultura. Com o tempo, a convicção de que essa era uma
boa estratégia se fortaleceu, porque, além da fácil conversão, as crianças passaram
a rejeitar costumes dos pais e também a converter povos indígenas. Existindo
relatos que “Na documentação jesuítica quinhentista, há constantes referências ao
desejo de índios de entregarem seus filhos para que fossem ensinados pelos
padres” (BITTENCOURT e FERRO, 2018)
Segundo Venâncio (1999), a história do Brasil, desde a época da
colonização, foi marcada pelo envolvimento de entidades religiosas no mecanismo
de proteção à infância e juventude. A caridade em relação aos infantis enjeitados
era uma conduta cristã bem recebida pela comunidade civil e religiosa, já que
beneficiava a difusão da fé. A cultura jurídica daquela época não tinha uma
determinação clara sobre até qual idade os chamados enjeitados deveriam ser
vistos legalmente, e tendo inexistência de punições para os pais e as mães que
cometessem o abandono de seus filhos.
Quando os pais ou parentes não assumiam a responsabilidade por um filho,
essa obrigação recaía sobre a câmara municipal, que devia encontrar os meios para
criar a criança sem família. Entretanto, as municipalidades brasileiras relutaram
contra essa difícil, porém, importante função. Quase sempre, havia omissão,
negligência, falta de interesse ou de assistência às crianças expostas. (BARBOSA,
2014)
De acordo com Rizzini & Pilotti (2009), as crianças nascidas fora do
casamento não eram reconhecidos dentro do pensamento cristão da época e por
isso, o abandono era constante. Outra explicação a propiciar o abandono era a
pobreza: famílias deixavam os infantes em igrejas ou casas na concepção de um
futuro melhor para elas. Nesse contexto, as primeiras instituições de proteção à
infância abandonada só surgiram no século XVIII e, até a Independência do Brasil,
limitaram-se a, apenas, três cidades: Salvador, Rio de Janeiro e Recife. Foram
elas: a Roda dos Expostos implantada na Santa Casa de Misericórdia no Brasil, ou
Casa dos Expostos, sistema já existente na Europa, desde a época medieval.
A defesa da Roda de Expostos foi, verdadeiramente, de ser um modo de
eficácia para vetar o infanticídio e o aborto. Elaborada na Europa Medieval, a Roda
dos Expostos destinava-se ao cuidado de bebês que, em boa parte, face ao
patriarcalismo da sociedade, eram forçados a serem deixados por suas próprias
mães que eram solteiras e/ou que tiveram filhos considerados bastardos. A forma
encontrada para garantir o anonimato da população que abandonavam os bebês e,
também, para evitar a desproteção foi então a Roda dos Expostos que, num certo
sentido, refletia a postura de submissão das mulheres àquele período. Ela cabia
para favorecer a honra das famílias, cujas filhas tinham engravidado fora do
casamento. (RIZZINI & PILOTTI, 2009)
O crescimento do fenômeno do abandono de crianças constituiu grandes
dilemas para as administrações dos hospitais, sem contar dos impasses financeiros
para a preservação das instituições e das crianças. Um dos grandes dilemas foi a
respeito do leite ou do aleitamento de tantos bebês, existindo necessidade de amas
de leite. A partir da chegada do bebê, já eram encaminhados para uma ama de leite
e, em alguns casos, a Santa Casa custeava um pequeno valor. Essas amas de leite
eram, quase em sua totalidade, mulheres residentes das cidades, solteira e pobres.
Algumas eram casadas ou até mesmo escravas e, em sua maioria, após pegarem o
pagamento, devolviam os bebês para as santas Casas. (BARBOSA, 2014)
Segundo Barbosa (2014) esse impasse foi resolvido com alternativas como
amamentação artificial e a utilização de leite de animais. A estratégia de amas de
leite tornou-se arcaico e elas acabaram sendo dispensadas. Isso foi um dos motivos
que ocasionou à extinção das Rodas dos Expostos, e acabaram por desaparecer
definitivamente, no fim do século XIX. A última Roda dos Expostos foi desativada,
em 1949, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Por causa disso, muitas
crianças acabavam ficando nas ruas, vivendo de esmolas, ou até mesmo se
prostituindo, uma vez que a santa Casa de misericórdia não conseguia dar
continuidade aos cuidados.
O período entre 1850 e 1900 foi marcado por mudanças no país. A Lei do
Ventre Livre, que tornava livres os filhos de escravos nascidos a partir de
1861, foi o primeiro passo para o fim da escravidão, decretado em 1888, por
pressão de países agora interessados em aumentar o mercado consumidor.
Também são desse período a separação entre Igreja e Estado, o avanço
na legislação pró-infância com a instituição do estatuto legal de adoção, a
construção dos direitos da criança e as reformas do ensino.
Além disso, nesse período iniciou-se o processo de industrialização que, assim
como a escravidão, marcou profundamente a história.
Ocorrendo a segunda fase da assistência à infância abandonada caracteriza-
se como filantropia e recobre o período do final do século XIX até os anos de 1960.
As transformações sociais operadas no Brasil foram profundas, no que diz respeito
às políticas públicas sociais voltadas para a infância desvalida (BARBOSA, 2014).
Em 1885, emergiu um projeto de política pública em favor dos menores
abandonados, inspirado na nova mentalidade filantrópico científica. Esse projeto
resultou na criação de asilos de educandos que incluíam a instrução elementar, a
formação cívica e a capacitação profissional das crianças desvalidas. (BARBOSA,
2014).
Uma categoria formada por higienistas, em sua maioria médicos, apreensivos
com o alto índice de mortalidade infantil, apresentou propostas de intervenção
desde os espaços públicos até os espaços privados e institucionalizados. Nesse rol,
incluíam-se aqueles responsáveis pelo acolhimento de crianças (COSTA, 1979).
Nesse sentido, vale a observação de que a medicina higienista acabou por
consolidar um modelo de higienização e de saneamento pautado nos padrões das
classes abastadas e, quaisquer elementos que, por ventura, não se enquadrassem
nesses parâmetros, seriam considerados desviantes. (FOUCAULT, 2005)
Desse modo, também os pais que supostamente não tivessem capacidade
de cuidar de seus filhos, de acordo com os padrões estabelecidos pela medicina
higienista, ficavam sujeitos à intervenção. Isto é, no final do século XIX, trata-se um
tempo que, inicialmente, fora marcado pela distinção entre filantropia e caridade,
porém que com o passar dos anos, afinaram os seus discursos e superaram os
conflitos, visto que “ambas tinham o mesmo objetivo: a preservação da ordem
social”.
Outro estágio da assistência à infância venha a ser reconhecido como o
Estado de Bem-estar ou Estado Protetor. Este momento, nas últimas décadas do
século XX, teve como propósito assumir a assistência social da criança “desviante”
e desvalida. (FOUCAULT, 2005)
Segundo Rizzini (1997), no século XX, as circunstâncias sociais produziram
muitas crianças abandonadas e, com isso, a compreensão de infância obteve uma
dimensão social. Tal transição refletiu uma visão diferenciada desta fase da vida,
que passou de ser assunto de interesse predominante no âmbito privado da igreja e
da família, ao transforma-se um assunto de cunho político-social, de competência
burocrática do Estado.
Desta forma, foi sugerido aos grandes orfanatos, que se diferenciavam das
casas correcionais, as quais passariam a receber aquelas crianças que vadiavam
pelas ruas sobrevivendo de pequenos atos infracionais. Essas casas correcionais
eram regidas por um severo regime prisional. Era o momento em que o Estado
passou a se responsabilizar pela beneficência com o intuito de corrigir os menores
delinquentes exercendo o que chamavam de papel paternal e protetor. Os asilos de
educandos foram criados no início do século XX nas principais cidades brasileiras e
eram orientados pelos princípios que regiam a República: a disciplina, a higiene, a
educação para o trabalho e a noção de dever cívico. (RIZZINI, 2004)
Em 1924 foi criado o Juizado Privativo dos Menores abandonados e
delinquentes e em 12 de outubro de 1927 foi promulgado o primeiro Código
de Menores, que extinguiu oficialmente a roda dos expostos, embora ela
tenha funcionado até os anos 50. Esse código reforçava a classificação dos
menores em abandonados e delinquentes e delegava ao juiz de menores,
entre outras coisas, o poder de destituição do pátrio poder em casos de abandono e
maus-tratos por parte dos pais. Também facultava ao juiz de menores a decisão
sobre a reclusão dos maiores de 16 anos e menores de 18 anos em prisões de
adultos. (BITTENCOURT e FERRO, 2018)

1.1. Legislação infanto-juvenil


Após leituras em biografias históricas sobre a assistência à infância dos
séculos XIX e XX, Rizzini (2004) revela que as crianças nascidas em situação de
pobreza e/ou em famílias com dificuldades de criarem seus filhos tinham um destino
quase certo quando buscavam apoio do Estado, de serem encaminhadas para
instituições como se fossem órfãs ou abandonadas.
Segundo Bittencourt e Ferro (2018) no período de Vargas, à infância ganhou
nova força no Brasil. Onde trouxe vários momentos importantes, como a
Constituição em 1937, a política trabalhista com a Consolidação das Leis do
Trabalho-CLT, o Código Penal e o Código de Processo Penal. Com a Constituição
de 1937, foi proibido o trabalho de menores de 14 anos sem permissão da Justiça e,
com isso, veio à preocupação com esses “menores” e a criação, por decreto, de
vários órgãos por todo o País voltado para atendê-los.
A preocupação com a criança, em particular com a mortalidade infantil, o
menor abandonado e a delinquência infantil, aparecem nos primeiros anos do
governo Vargas. Em 1933, Vargas convocou uma grande Conferência Nacional de
Proteção à Infância, que contou com a participação de delegados de todos os
Estados, além de representantes de instituições privadas. Os debates realizados
durante a conferência contribuíram para a criação, em 1934, da Diretoria de
Proteção à Maternidade e à Infância, que estendia pela primeira vez a todo o país a
atuação do governo federal nessa área. A partir de 1937, essa preocupação parece
ter se intensificado quando o presidente da República incluiu no texto da
Constituição de 10 de novembro de 1937, destacada como um marco nessa
questão, “uma série de preceitos atribuindo ao Estado o dever taxativo de rodear a
infância e a juventude de cuidados e garantias especiais”. (BITTENCOURT e
FERRO, 2018)
Ainda nas mãos do Estado, a assistência das crianças/adolescentes a partir
de 1941 fica ao encargo do Serviço de Assistência ao Menor (SAM), o que
representou um forte estreitamento das relações entre público e privado,
constituindo um clientelismo marcado por corrupções.
O atendimento institucional sofreu mudanças totalmente significativas na
história recente. Tendo em vista, que as crianças e/ou adolescentes viraram motivo
de Segurança Nacional e as Forças Armadas assumem a questão da assistência à
infância em 1964. Competia ao governo militar a intervenção e normalização da
sociedade e, para tanto, haveria a necessidade de “velar para que a massa
crescente de menores abandonados não viesse a transformar-se em presa fácil de
consumismo e das drogas, associados no empreendimento de desmoralização e
submissão nacional”. Frente a isso, foi estabelecida à Fundação Nacional do Bem-
Estar do Menor (FUNABEM) criada por Lei nº 4.513/1964 e a Política Nacional do
Bem-Estar do Menor (PNBEM). Tais instâncias mantiveram e aprimoraram o
modelo carcerário e repressivo do início da década passada, entrando em crise
somente quando os militares cederam lugar aos primeiros governos democráticos.
Podemos dizer que, em termos concretos, a demanda persistiu e possivelmente
aumentou dadas as condições de pobreza de grande parte da população. No
entanto, não foram criadas alternativas que efetivamente evitassem a separação de
crianças de suas famílias e comunidades.
De acordo com Bittencourt e Ferro (2018) o Estado remetia à família toda a
culpa pela situação da criança abandonada ou delinquente. Ele não se via como
responsável pela condição de pobreza da criança e de sua família. Esse paradigma
subsidiou a criação da Comissão Nacional do Ato Internacional da Criança, em
1978, que foi base da Doutrina do Menor em Situação Irregular no Brasil ou do
Código do Menor de 1979 (Lei nº 6.697/1979), como é mais conhecida, ainda no
período militar.
Isto ocorreu pelo fato de que nos anos que se seguiram à ditadura militar, na
década de 1980, tenham surgido propostas importantes de mudança em
consonância com o movimento internacional de garantia dos direitos da crianças,
por parte dos movimentos sociais, a promulgação da Constituição Federal em 5 de
outubro de 1988 trouxe para o cenário brasileiro a Doutrina de Proteção Integral e
representou o avanço normativo para a população infanto-juvenil no Brasil e o
grande marco nacional no novo olhar para a infância e adolescência. Mais
especificamente no artigo 227, a absoluta prioridade para esses sujeitos de pouca
idade sim, mas não menores, protegendo-os de qualquer forma de abuso. (RIZZINI,
2009)
Estabelecido na Constituição Federal Art. 227 que:

Art. 227 - É dever da família, da sociedade e do Estado


assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
(BRASIL, 1988)

Dois anos mais tarde, sob um novo paradigma jurídico, político e


administrativo, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990) vem reafirmar
essa defesa, considerando o atendimento a esses sujeitos como parte integrante
das políticas sociais. Com o ECA surgem o Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente (CONANDA), os Conselhos Municipais de Direito
(CMDCA) e os Conselhos Tutelares (CT), e com esses a necessidade de revisão de
princípios relativos às políticas de assistência. Onde o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECRIAD) (Lei Federal nº 8.069) aponta para a ruptura com o modelo
assistencialista anterior, marcado pela dicotomização de classes, em que uma é
tratada sob a ideia de prevenção, enquanto a outra classe se encontra enquadrada
nos padrões hegemônicos.
O ECRIAD tem como base a doutrina da proteção integral, destinada a
quaisquer sujeitos entre zero e 18 anos, que tenham seus direitos violados, isto
quer dizer que, pela primeira vez, a criança e o adolescente são vistos como
sujeitos de direitos. (RIZZINI, 2009)
De acordo com Rizzini (2004), hoje vivemos uma espécie de retórica que
guarda relação com o passado, quando se repetia que as crianças só deveriam ser
institucionalizadas como um último recurso. Não se fala mais de internação de
menores abandonados e delinquentes, mas sim do abrigamento de crianças e
adolescentes em situação de risco, também em último caso, respeitando seus
direitos de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente em seus Art. 19 e
92, onde no capítulo III do Art.19 afirma que,

É direito de toda criança ou adolescente ser criado e educado


no seio da sua família, e excepcionalmente, em família
substituta, assegurada à convivência familiar e comunitária [...]
(ECA, Art.19)

É importante reiterar que o fenômeno não se apresenta como nos séculos


anteriores, mas que suas raízes são facilmente identificáveis no passado, sobretudo
no que se refere à mentalidade e à renitência de certas práticas.
Efetivamente, para evitar que as crianças desamparadas se rebelem para o
mundo do crime, criam-se abrigos em que vão ser inseridas não só as crianças
abandonadas, mas também aquelas que sofrem negligência, maus-tratos, abuso
sexual, entre outros, cometidos em geral por pessoas de suas famílias.

1.2. A negligência e a institucionalização de crianças

Percebe-se que, ao longo da história, houve mudanças significativas, no


entanto, para Berberian (2015) a discussão da negligência ainda é menor ao ser
comparada a outros tipos de violência. Onde estudos relatam reflexão uma vez que
é preciso observar até que momento um comportamento é negligente ou está
fortemente associado à pobreza das condições de vida.
Segundo Berberian (2015), a negligência não é um fenômeno recente e que
se configura como um dos determinantes traços de violência contra crianças e
adolescentes. A compreensão de que se trata de um fenômeno complexo, onde a
negligência não pode ser interpretada apenas no contexto restrito dos costumes
internos das famílias, pois estas sofrem o impacto de fatores sociais, políticos,
econômicos e jurídicos que criam obstáculos para prover os cuidados necessários
aos filhos.
Existindo famílias que vivem e convivem em condições-limite de vida e
sobrevivência, muitas vezes perpassadas pelo uso/abuso de drogas,
desemprego/subemprego, exposição às diversas manifestações de violência,
fragilidade dos vínculos familiares, entre outros desdobramentos da questão social,
frequentemente são questionadas pela sociedade acerca da capacidade protetiva
em relação a suas crianças e adolescentes, ocupando então um lugar de completa
responsabilização pela oferta de cuidados e serviços a esses sujeitos, sem trazer
para o debate a fundamental presença do Estado como provedor de um sistema de
garantia de direitos. (BERBERIAN, 2015)
O conceito negligência vem sendo muito utilizado como sinônimo para
pobreza. A palavra negligência, originada do latim negligentia (desprezar, descon-
siderar), de acordo com a definição do dicionário, tem o significado de falta de
diligência; descuido, desleixo; incúria, preguiça; desatenção, menosprezo.
(BERBERIAN, 2015)
Para uma melhor compreensão de uma determinada situação em que há
suspeita de negligência, precisasse avaliar o grau de desproteção e o contexto em
que se encontram crianças e adolescentes. Verificar se a desproteção, em seu
contexto como falta de proteção, que pode ser decorrência de uma situação
intencional, ou não, dos responsáveis legais.
Nessa perspectiva podem ocorrer situações de desproteção de crianças e
adolescentes mesmo sem o consentimento ou a intenção dos responsáveis legais,
e existindo diversas situações de privação e violações de direitos vividas por muitas
famílias que não detêm os recursos mínimos para suprir suas necessidades mais
elementares. (BERBERIAN, 2015)
A garantia de direitos para crianças e adolescentes requisita um investimento
bruto em políticas públicas multisetoriais e interdisciplinares que respondam
devidamente e satisfatoriamente as carências e demandas da população.
O acolhimento institucional de crianças e adolescentes, tanto no trabalho
técnico, como no acolhimento à população atendida. No presente, esse campo
presta assistência, oferecendo não só acolhida, mas proteção, cuidado,
desenvolvimento, socialização e garantia da convivência familiar e comunitária.
Existem diferentes tipos de instituições que abrigam crianças e adolescentes
no Brasil. Instituições essas, que em geral atendem crianças e adolescentes cujas
famílias não têm condições de mantê-las, inclusive por falta de recursos financeiros.
Crianças e adolescentes órfãos ou em situação de abandono familiar,
são aqueles que não têm mais nenhum vínculo com suas famílias de origem,
tendo sido abandonados pelos pais. Inclui-se neste grupo também crianças
órfãs, que não possuem outros parentes que possam se responsabilizar por seus
cuidados. Estas eram o público-alvo dos antigos orfanatos, extintos – ao menos na
lei – com a implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente, embora
saibamos que estes também acolhiam crianças que tinham parentes, e que lá
permaneciam porque suas famílias não tinham condições para criá-las, condições
essas financeiras.
De acordo com Rizzini (2009), crianças e adolescentes em situação de
pobreza também é um relato frequente, onde a documentação sobre os internatos
dos séculos XIX e XX mostra que crianças eram internadas pelo simples fato de
serem pobres. Os orfanatos acolhiam, com frequência, crianças que tinham até
ambos os pais, por intervenção do Juiz de Menores, quando entendia que suas
famílias não tinham condições morais de educá-las. A internação se dava, muitas
vezes, por intermédio de políticos e pessoas de influência na sociedade, como, por
exemplo, patrões que não desejavam que suas empregadas mantivessem os filhos
em suas casas. Na atualidade, como no passado, famílias recorrem ao Juizado e às
instituições na tentativa de internar os filhos, alegando não terem condições de
mantê-los, seja por questões financeiras ou por dificuldade em discipliná-los.
Com isso, Rizzini (2004) explica que o atendimento de crianças em
instituições deve ser posto como parte de um encadeamento de serviços que pode
ser oferecida a crianças e adolescentes em um contexto especial. Não podendo ser
um dispositivo fim, mas um artifício a ser utilizado quando necessário. Esta é uma
sugestão regulada a com os princípios deliberados pela Convenção das Nações
Unidas pelos Direitos da Criança e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Conforme esta orientação, quando o suporte fora da família é inevitável, medidas
precisam ser feitas para garantir que seja o mais apropriado possível às
necessidades da criança ou do adolescente, tendo em consideração à opinião e
seus desejos.
A partir do contexto, as principais causas da institucionalização ela se
constitui uma alternativa às famílias pobres, que veem nas instituições a chance de
que seus filhos se alimentem, estejam seguros e tenham acesso à educação.
Portanto, a situação de pobreza continua levando a institucionalização de crianças
que não precisariam ser afastadas de suas famílias e comunidades. (RIZZINI, 2004)
Dentro dessa compreensão, observa-se que a carência de políticas públicas
efetivas para essas famílias, retorna ao ponto de negligência, é possível notar que a
fala da pobreza se apresenta pela marca da “desestruturação” 1, onde a família
pobre adquire um novo renome: “Família negligente”, já que a expressão de
pobreza não mais é permitida legalmente, podendo verificar no cotidiano dessas
crianças e adolescentes, a culpabilização das famílias. (PEREIRA e TUMA, 2013)
Segundo Pereira e Tuma, a ausência de moradia, ausência de subsídios de
sobrevivência, cria uma família negligente. Assim fica evidente essa “caça” as
famílias pobres e a impossibilidade de criar seus filhos, ora se essa família não
possui trabalho, tem seu filho acolhido por falta de recursos materiais, se trabalha
não pode contar com um sistema público que garanta a permanência de seu filho

1
Ato ou efeito de destruir a estrutura ou a sustentação de algo; desorganização (a desestruturação
familiar é o reflexo da situação social).
em ambiente seguro e assim perde-se também o direito de exercer sua maternidade
ou paternidade.
Ao nos deparamos com o acolhimento devido a essa arbitrariedade, fere por
completo o que está previsto no art.86 e 87.

Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do


adolescente farse-á através de um conjunto articulado de
ações governamentais e não governamentais, da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios.
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
I - políticas sociais básicas;
II - políticas e programas de assistência social, em caráter
supletivo, para aqueles que deles necessitem;
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e
psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos,
exploração, abuso, crueldade e opressão;
IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável,
crianças e adolescentes desaparecidos;
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos
da criança e do adolescente.
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o
período de afastamento do convívio familiar e a garantir o
efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e
adolescentes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

Pois uma vez que são rompidos os laços, mesmo ocorrendo à tentativa de
reaproximação e/ou fortalecimento da família, passa a não ser mais como antes,
tanto para os pais, quanto aos infantes.
Mediante estas informações, demonstrasse que a prática desde a
colonização ainda se perpetua, até os dias atuais. Sendo assim, já destacado no
capítulo anterior, onde a política de assistência à infância e adolescência deve
primeiramente atender os direitos básicos de crianças e adolescentes, como,
moradia digna, alimentação e educação de qualidade, entre outros, pois questões
como essas influenciam diretamente na construção social. A partir do momento em
que os direitos básicos forem efetivamente assegurados, dificilmente se chegará ao
ponto dos encaminhamentos aos programas de proteção social o que não elimina a
construção de mecanismos que componham o Sistema de Garantia de Direitos de
Crianças e Adolescentes (SGD), que tem como competência:

Art. 2º [...] promover, defender e controlar a efetivação dos


direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais, coletivos
e difusos, em sua integralidade, em favor de todas as crianças
e adolescentes, de modo que sejam reconhecidos e
respeitados como sujeitos de direitos e pessoas em condições
peculiares (de acordo com o ECA) de desenvolvimento;
colocando-os a salvo de ameaças e violações a quaisquer de
seus direitos, além de garantir a apuração e reparação dessas
ameaças e violações (BRASIL, 2006).

O SGD se baseia em três eixos estratégicos, sendo eles a promoção de


direitos, proteção e defesa e o controle social. Isto é, a efetivação universal dos
direitos de crianças e adolescentes só é possível com a articulação entre os
instrumentos e os espaços públicos que correspondem aos programas
assistenciais e políticas públicas.

2. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso, planejamos analisar o


motivo no qual as crianças e adolescentes são levados a acolhimento institucionais,
e retirados do convívio familiar. Para alcançar os objetivos, foi necessário um
mergulho teórico-conceitual sobre a história da infância e, sobretudo, buscando
compreender os direitos de criança e adolescente, para entender de fato a real
causa de retiradas do convívio familiar.
A partir disso, com o intuito de responder ao problema de pesquisa,
compreendesse que é praticada desde a Colonização — sendo considerada como
uma prática cultural que se perpetuou durante muito tempo — e se manifesta até
hoje, por meio da negligência.
Foi somente com a promulgação da Constituição de 1988 e com o Estatuto da
Criança e do Adolescente, em 1990, que crianças e adolescentes foram
considerados como sujeitos de direitos em condição característica de
desenvolvimento, com garantia de prioridade na formulação e realização de políticas
públicas. Apesar de, o marco histórico apresentam avanços na garantia, proteção e
defesa dos direitos de crianças e adolescentes, são muitos os registros de
denúncias na violação desses direitos, principalmente nos casos de negligência.
A família, nesse momento, tornou-se a possuir o papel central na proteção e
garantia dos direitos de crianças e adolescentes, sobretudo a partir do ECA e da
PNAS, (BRASIL, 2005) e do Plano Nacional de Promoção, Proteção, Defesa e
Garantia do direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e
Comunitária (BRASIL, 2006), com contribuição da sociedade. Na inexistência de um
e outro, o comprometimento é do Estado. Porém a realidade é cruel e contraditória.
O Estado, que teria que permitir à família a garantia desses direitos, colabora para a
revitimização das violações sofridas por diversas crianças e adolescentes.
A história da infância no Brasil mostra que as políticas públicas voltadas para
esta área sempre priorizaram a institucionalização em detrimento de políticas de
reconstrução dos vínculos familiares. A visão predominante sempre foi a da
incapacidade das famílias empobrecidas de cuidar e de proteger seus próprios
infantes.
Dessa forma, quando se discute a respeito de crianças que foram
institucionalizadas, e tem como realidade o nível de pobreza extremamente elevado,
é necessário analisar as condições de vida dos indivíduos, colocá-los como vítimas
de um Estado que não garante a aplicação dos direitos fundamentais.
Sendo assim a utilização do acolhimento institucional não deve ser o primeiro
recurso de acesso as famílias, crianças e/ou adolescentes, onde é totalmente
contrário ao que legitima no Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja, é
fundamental a busca de outras formas de atendimento e políticas públicas efetivas
para que não se separem pais e filhos, uma vez que o acolhimento oferece a
proteção de crianças e adolescentes e não a punição aos infantes e seus familiares.
Por fim, é de grande importância um trabalho articulado entre diferentes
políticas públicas, mas, para isso, é necessário que cumpra com suas atribuições e
assegurem com eficiência, eficácia e efetividade aos serviços ofertados não só em
caso de violação de direitos de crianças e adolescentes, porém em todo âmbito,
para que assim o ECA consiga ser colocado efetivamente em prática.
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