Você está na página 1de 58

Estabelecimento Comercial

Noção
O exercício das operações incluídas no Direito
Comercial pressupõe a existência de uma
actividade (empresa) exercida por um sujeito
(empresário) que normalmente viabiliza o
exercício de tal actividade por meio de um
complexo de bens que denominamos por
Estabelecimento Comercial ou fundo do
comercio. 18/05/2020
Cont.

Nestes termos define-se o estabelecimento


Comercial como o conjunto de bens que o
empresário reúne para a exploração da sua
actividade económica, correspondendo este
conceito ao disposto no artigo 69° Ccom.
Nos termos deste artigo, “a lei comercial
protege o estabelecimento comercial como
uma unidade dos elementos constitutivos da
actividade comercial representados…
Cont…

Pelo capital e trabalho, valorizados pela


organização, a fim de que o empresário
comercial possa exercer, com eficiência, a
sua actividade”.
Esta noção, atenta a individualidade do
estabelecimento, consagra-o como uma
unidade com protecção jurídica
individualizada.
Cont.

O estabelecimento comercial há-de tratar-se de um


conjunto de bens ligados a um destino comum de
constituir um instrumento do exercício da
actividade empresarial. Tal destino destes bens que
compõe o estabelecimento permite-nos trata-lo de
uma forma unitária, destingindo por conseguinte os
bens unitários que o compõem.
Cont…

Refere-se ao estabelecimento Comercial como um


acervo patrimonial, como uma organização e
como empresa se esta fortida em seu sentido
objectivo.
O valor dos estabelecimento está na globalidade dos
seus bens associados à organização conferida pelo
seu proprietário. Os elementos não são
meramente reunidos, mas sim entre si
conjugados, inter-relacionados, hierarquizados,
segundo as suas especificas naturezas e funções..
Cont…

Especificas, por forma que do seu conjunto possa


emergir um resultado global: a actividade
mercantil visada.
Resulta daqui que se classifica como uma coisa
composta ou uma universalidade de facto,
permitindo deste modo o seu tratamento unitário e
eventual proibição da sua negociação singular a
menos que tal não resulte a retirada da sua
autonomia e finalidade.
Cont..
Regra geral, nos termos do n°2 do art. 206° do CC,
as coisas singulares que compõem a
universalidade de podem ser objecto de relações
jurídicas próprias. Tratando-se de estabelecimento
comercial que se associa ao exercício de uma
actividade que implica a assumpção diária e
permanente de direitos e obrigações, entendemos
que a negociação singular das coisas que a
compõem enquanto se pretender manter o
exercício da empresa,
Cont…

Só será possível se tal negociação singular não


comprometer a unidade e funcionalidade do
estabelecimento.
Situação diferente é a celebração do negocio sobre
o estabelecimento com promessa de transmissão
faseada de parte dos bens que o compõem. Neste
caso, é inadmissível tal procedimento.
Cont..
O mesmo acontece no caso de trespasse do
estabelecimento. Em principio, deve-se trespassar a
plenitude dos bens componentes do estabelecimento
para assegurar a continuidade do exercício da
empresa comercial pelo adquirente. No entanto, se a
autorização de certa coisa singular não compromete a
continuidade do exercício da empresa, poderá o
cedente fazê-lo com distinção do bem que pretende
retirar do estabelecimento.
Elementos do Estabelecimento Comercial

Constituem elementos do estabelecimento comercial os


bens corpóreos e incorpóreos.
Elementos corpóreos ou materiais: os bens que
integram o estabelecimento, sejam eles moveis ou
imoveis, entre os moveis podemos integrar o dinheiro
que é coisa fungível, e nos bens imoveis, destacam-se
as instalações onde funciona o estabelecimento
comercial.
Cont.

Cabem ainda as mercadorias para a venda, as


matérias primas, os produtos acabados, as
maquinas, os meios de transporte, etc;
Elementos incorpóreos ou imateriais
Elementos incorpóreos ou imateriais, apontam-se os
direitos emergentes dos contratos relativos ao
estabelecimento, contam-se ainda à prestação de
serviços, os direitos reias de gozo (o usufruto do
estabelecimento), integram ainda as obrigações do
empresário, relativos ao estabelecimento
(obrigações assumidas com os fornecedores) e
muito particularmente, os direitos de propriedade
industrial que recaem sobre as patentes, marcas,
nome e insígnias do estabelecimento.
O Aviamento

Aviamento, capacidade do estabelecimento


comercial de produzir lucros ao empresário
comercial. O aviamento determina-se tendo em
conta os factores objectivos e subejctivos.
Cont..
O aviamento deve ser entendido como o sobre valor
em relação a soma dos valores dos bens singulares
que integram o estabelecimento e resumem a
capacidade do estabelecimento por meio dos
nexos organizativos entre bens singulares de
oferecer prestações de empresa e de atrair a
clientela. O aviamento é a aptidão de uma
empresa para produzir lucros decorrentes da
qualidade e da melhor perfeição da sua
organização.
Cont.
O aviamento não pode ser tratado de modo separado,
não podendo por isso ser considerado objecto de
direito na medida em que não há como conhecer a
transferência apenas do aviamento. Contudo, o
computo do valor do estabelecimento integra o
aviamento a luz do art. 72°, n.° 1 do Ccom. Assim, o
valor do estabelecimento é determinado pelos bens
moveis e imoveis aos quais se acresce o aviamento.
Como é que se determina o aviamento?

É com base no volume das vendas da data do


apuramento do seu valor subtraído o valor dos
bens moveis e imoveis existentes na contabilidade
do empresário. Isto é, se o valor total dos bens
móveis e imóveis é de oitenta e o volume das
vendas na data do apuramento é de cem, significa
que o aviamento corresponde a vinte.
Cont.
Não se pode assumir o aviamento como bem
jurídico e consequentemente não podemos inclui-
lo no estabelecimento como elemento, por isso o
aviamento é uma qualidade.
A maioria da doutrina considera o aviamento como
não sendo um bem propriedade do empresário
mas apenas o valor económico do conjunto,
embora não tenha existência autónoma e
independente em relação ao estabelecimento é o
aviamento que propicia a clientela, isto é, quanto
maior o numero de clientes, maior é o aviamento.
Cont.
O aviamento resulta de factores obejctivos e
subjectivos. Aos objectivos corresponde tudo aquilo
que dá ao estabelecimento comercial o conforto
(imoveis, mercadorias, ar condicionado, escadas
rolantes etc).
Aos factores subjectivos, correspondem as habilidades
que o pessoal e o empresário comercial oferece ao
estabelecimento comercial. O tratamento adequado à
cliente, isto é, o fino trato do empresário e dos seus
colaboradores. Estes factores criam potencialidade e
aptidão lucrativa do estabelecimento.
Por fim, o aviamento distingue-se do bom nome,
reputação, que consubstancia a capacidade de cada
empresa anguariar lucros no mercado.
A Clientela
A clientela é o conjunto de pessoas que tem para
com a empresa relações continuas de aquisição de
bens e serviços ou que potencialmente possam
justificar a expectativa de nela irem adquirir
produtos ou mercadorias. É usada como índice de
aferição do aviamento.
A clientela é uma situação de facto, fruto da melhor
organização do estabelecimento e do melhor
exercício da actividade, por essa razão não há
duvidas que esta não pode ser um elemento de
estabelecimento comercial.
Cont…

Embora a clientela se defina como o conjunto de


pessoas que com ela mantém relações continuas
ed aquisição de bens e serviços, não se pode falar
de um direito do empresário comercial que recaia
sobre a clientela. A liberdade de aquisição de bens
e serviços que caracterizam o mercado
concorrencial justifica que tal posição não seja
aceite e nem encontre eco na lei.
Cont..

Não obstante ser incorrecto falar em direito à clientela é


verdade que há uma proteção jurídica à mesma
constante das acções contra concorrência desleal. No
entanto, tal proteção não torna a clientela objecto do
direito do empresário, na medida em que o que se
protege na verdade são elementos patrimoniais da
empresa, aos quais está ligada a clientela, resultado
dai uma proteção indirecta.
Natureza Jurídica do Estabelecimento Comercial
Não se pode confundir com a natureza da empresa,
porque o estabelecimento comercial não é uma
actividade e nem se confunde com o empresário
porque não se trata de um ente personalizado.
O estabelecimento comercial é uma universalidade de
facto correspondem a coisa singulares simples ou
compostas, agrupadas pela vontade do seu dono
tendo destino comum onde se enquadra
naturalmente o estabelecimento comercial na
medida em que se trata de um conjunto comum o
exercício da empresa comercial.
Cont…

Resulta da disposição e do código comercial, que o


estabelecimento comercial é uma unidade distinta
da pluralidade dos elementos que a compõem,
referimo-nos, aos elementos corpóreos, ou
incorpóreos, matérias e imateriais.
Cont..

Por ser uma unidade composta por vários elementos,


o art. 69° do Ccom, oferece proteção ao
estabelecimento comercial como unidade, os
elementos são representados pelo, capital e
trabalho, estabelecendo o art. 71° do Ccom, a
possibilidade de o seu titular dispor do
estabelecimento através de negocio jurídico como o
trespasse, a locação e o usufruto.
Negócios Jurídicos em Torno do
Estabelecimento Comercial

Na medida em que o estabelecimento corresponde a


uma unidade jurídica, pode ser obejcto de
propriedade, de posse, de usucapião, de usufruto,
de penhor de acções de reivindicação e
possessórias.
Cont.

Para efeitos deste estudo e porque interessam-nos


apenas os negócios jurídicos que recaem sobre o
estabelecimento e não todos os direitos que recaem
sobre ele, estudaremos a seguir o trespasse, a
locação e o usufruto mencionados nas alíneas a),
b) e c) do n.° 1 do ar. 71° do C.com,
Trespasse
Consiste na alienação do estabelecimento, é um
negocio de transferência definitiva e entre vivos
do estabelecimento. Exclui-se aqui, os casos de
transmissão mortis causa.
Tratando-se o estabelecimento comercial de uma
universalidade de facto, é certo que ele pode ser
alienado como um todo, como uma coisa
colectiva, essa alienação assume forma de
trespasse, e nesta negociação transfere-se o
conjunto de bens e os seus nexos organizativos e
por isso também o aviamento.
Cont…

É por força disso que o n.° 2 do art. 72° do C.com


inclui o aviamento da determinação do valor do
estabelecimento, e ressalta desde já que a
cogitação da venda do estabelecimento deve
compreender o conjunto de bens necessários para
o exercício da actividade. Não constitui apenas a
transferência das quotas ou acções de uma
sociedade.
Cont…
Estas se transferem sem a mudança da
direcção da actividade e por conseguinte a
própria alteração do titular do
estabelecimento que continuara a ser a
mesma pessoa jurídica. No trespasse, há
mudança efectiva do seu titular.
Esta alienação poderá influenciar directamente
interesses de terceiros, sobretudo dos
credores e devedores do empresário
alienante ou trespassante.
Forma de Trespasse
O instrumento que tenha como objecto a negociação
do estabelecimento comercial deve ser
formalizado por escrito. Integrando um bem
imóvel, deve ser feito por escritura pública sob
pena de nulidade do negocio nos termos do n.° 2
do art. 73° do C.com.
O trespasse do estabelecimento não pressupõe
necessariamente a transmissão do local onde está
instalado, podendo suceder que o titular de um
estabelecimento sendo dono do local transmita…
Cont…

Transmita o estabelecimento sem o local, ou que


não sendo dono do local transmita o
estabelecimento sem o local, ou que não sendo
dono deste, transmita o estabelecimento sem o
direito de arrendamento do local, o que é
essencial para haver trespasse é que se transmita o
estabelecimento como uma universalidade, isto é,
como uma unidade económica detentora de uma
individualidade própria distinta dos elementos
que a integram.
Cont..
É possível e licita a exclusão no trespasse da
transmição de um ou mais elementos que a
integram desde que fique salvaguardada a sua
autonomia e funcionalidade, donde resulta que,
não haverá trespasse quando a transmição não seja
acompanhada da transferência em conjunto das
instalações, utensílios, mercadorias e outros
elementos que integram o estabelecimento, não
sendo forçoso que a negociação do
estabelecimento abranja todos os elementos que a
compõem bastando que sejam transmitidos…
Cont…
Os elementos que asseguram o funcionamento do
estabelecimento ou que pelo menos formam o seu
mínimo.
Não haverá trespasse quando transmitido o gozo do
prédio passe a exercer-se nele outro ramo de
comercio, isto é, lhe seja dado outro destino.
Em caso de trespasse de estabelecimento comercial
ou industrial instalado em prédio arrendado, o
trespassante arrendatário pode ceder a sua posição
de arrendatário ao trespassário, sem necessidade
de autorização do senhorio.
Cont…

Esta é uma norma expressiva da tutela ou defesa da


circulação negocial do estabelecimento e
simultaneamente da manutenção deste dada a
importância do prédio, a necessidade de autorização
do senhorio seria o regime geral e este conduziria
muitas vezes quando este fosse negada a quebra da
referida natureza do negocio.
Nos termos da alínea b) do art. 1118° CC não há
trespasse quando a transmissão da posição de
arrendatário não seja acompanhada da transferência
em conjunto das instalações, utensílios, mercadorias
Cont…
E outros elementos que integram o estabelecimento.
Fazendo uma interpretação à letra da lei desta alínea
concluir-se-ia que o trespasse de um
estabelecimento exige a transferência de todos os
seus elementos, bastando a falta de um deles para
não falar-se de trespasse, e inexistindo o trespasse,
a cessão da posição de arrendatário seria ilícita
sem a autorização dos senhorio, o que conduziria
à resolução do contrato de arrendamento.
Cont…
Para que a alínea b) do art. 1118° do CC não tenha
aplicação não é suficiente que o senhorio prove
não ter sido transferido um ou mais componentes
do estabelecimento, terá de provar que sem estes
elementos aquele concreto estabelecimento não
subsiste, que o mesmo não poderia ter sido
negociado por simulação de trespasse e
dissimulando a cessão da posição de arrendatário.
Cont…
A alínea a) do art. 1118° do CC oferece uma
posição no sentido de que não há trespasse
quando transferido o gozo do prédio, passe a
exercer-se outro ramo de comercio, ou quando de
um modo geral lhe seja dado outro destino.
Deste modo, considera-se não haver trespasse
quando no momento do negocio havia a intenção
de dar outro destino ao prédio, isto é, o
cessionário da posição de arrendatário tinha em
vista com ou sem o consentimento do cedente,
não a continuação do mesmo estabelecimento,
Cont…

Mas sim, a constituição no mesmo prédio de um


estabelecimento novo com um eventual
aproveitamento dos bens daquele, ou ainda a
aplicação de um imóvel a fins não comerciais. A
intenção de mudança de destino pode revelar-se
das declarações negociais do trespasse, ou em
declarações do cessionário e ainda o mais
provável revelado pelos factos posteriores.
Cont
Constatado isto, o senhorio pode resolver o contrato
de arrendamento com base na inexistência do
trespasse e da ausência do seu consentimento para
a cessão da posição de arrendatário, provando que
a mudança do destino do prédio revela que o
adquirente eventual do estabelecimento não quis
propriamente o estabelecimento mas sim a
posição de arrendatário.
Locação do estabelecimento Comercial
É o contrato pelo qual o titular do estabelecimento
proporciona a outrem temporariamente e mediante
retribuição o gozo do estabelecimento.
O cedente ou locador prescinde temporariamente do
exercício da actvidade comercial passando esta a ser
exercida pelo locatário ou cessionário. Este não é um
contrato de arrendamento, embora implique a
transmissão temporária e onerosa da fruição do
imóvel para o cessionário.
Cont…
Deste modo, a cessão de exploração não é sujeita às
regras de arrendamento, mormente aquelas que
limitam a liberdade contratual como por exemplo
as regras relativas a prorrogação, renovação
automática e obrigatória do contrato que não
encontram aqui aplicação.
Na verdade, o obejcto da cessão da exploração não é
o imóvel em si mas sim o estabelecimento como
um bem unitário correspondendo a globalidade
dos elementos que o integram e o exercício de
uma dada actividade mercantil,
Cont…

Assim será, no entanto, caso se verifiquem duas


situações cumulativas:
 Que se mantenha a sua identidade na transmissão do
cedente para o cessionário ou seja, que sejam
transferidos todos os elementos essenciais que
permitam a autonomia a funcionalidade do
estabelecimento;
 Que o cessionário continue a exercer nela a mesma
actividade;
Cont…

Tem sido bastante discutido na doutrina e


jurisprudência se haverá necessidade da previa
autorização do senhorio do prédio onde estiver
localizado o estabelecimento para que não ocorra
a resolução do contrato de arrendamento previsto
no art. 1118° do CC.
Cont…

Alguma doutrina entende que é necessária a


autorizacao previa do senhorio, porque o art.
1118° n° 1 do CC apenas refere-se ao trespasse, e
esta norma é excepcional em relação ao principio
geral consagrado no art. 1038° e) do CC e por isso
não é susceptivel de aplicação analógica.
Cont…
Para outros autores aquela posição é inconsistente,
porque a razão de ser da dispensa da lei da
autorização do senhorio no caso de trespasse que é
a proteção da subsistência da empresa comercial
de modo a não ser posta em risco pela mudança de
titular é também verificável na locação, pois neste
caso o dono do estabelecimento não se demite
definitivamente apenas o loca ao locatário.
Cont…

Tal identidade de fundamento justifica que na


locação se aplique uma solução idêntica à
estabelecida para o trespasse, integrando-se assim
uma lacuna da lei existente no n.º1 do art. 1118°
do CC através do recurso da aplicação analógica.

Na verdade, não é exacto que o n.°1 do art. 1118°


do CC seja uma norma excepcional, sendo assim
Cont..
Sendo assim uma norma do direito especial na
medida em que é materialmente uma norma do
direito comercial, pois se insere na regulação de
um acto de comercio nominado e objectivo, por
isso susceptivel de aplicação analógica.
Importa anotar que a eficácia para com o senhorio
para a cedência temporária da posição de
arrendatário inerente na cessão depende sempre
de esta ter sido tempestivamente comunicada no
prazo previsto no art. 1038° do CC.
Regime Jurídico do Contrato de Locação e Usufruto

Nos termos do art. 78° do C.com, a administração


do usufrutuário e do locatário deve cingir-se na
preservação da unidade dos elementos
constitutivos do estabelecimento comercial, com
vista a manter a sua eficiência de organização. De
igual modo o usufrutuário e o locatário obrigam-
se a zelar o estabelecimento,
Conti…
Assumindo responsabilidades próprias equiparáveis
aos do administrador de bens de terceiros,
devendo igualmente assegurar a guarda dos bens
e por isso incorrendo em caso de indevida
alienação as mesmas responsabilidades que
recaem sobre o depositário infiel.
Com vista a proteger a clientela a para evitar a
concorrência desleal o legislador consagrou os
art. 74° e 75° do C.com.
Cont…
O art. 74° do C.com estabeleceu o prazo de cinco
anos (5), se não resultar o contrario pelas partes e
o art. 75° assegura o direito a renovação
compulsória da locação mas que não ultrapasse
mais de uma renovação.
A defesa da transferência global e unitária do
estabelecimento pode ser vista a luz do art. 1118°,
n.°1 do CC, que permite a transferência entre
vivos, do arrendatário se fizer sem dependência da
autorização do senhorio, que dá lugar também,…
Conti…

A renovação do contrato sobre o edifício ou imóvel


onde está situado o estabelecimento comercial.
Um aspecto importante a discutir na transmissão do
estabelecimento comercial, tem a ver com a
transmissibilidade ou não das situações jurídicas
existentes. Por exemplo, os contratos de trabalho
celebrados, os contratos de fornecimento de energia,
ou os contratos com os fornecedores.
Cont…

É assente na doutrina que esta matéria cabe na


autonomia da vontade das partes podendo ocorrer
a transmissão desde que eles acordem que assim
seja. A unidade de existência e funcionalidade
pode muito bem sustentar a transmissibilidade
destas situações com vista a assegurar a
continuidade da actividade pelo aquirente.
Cont…

Nos termos do art. 77° do C.com, 1. salvo melhor


estipulação em contrario expressa em contrato, o
adquirente, o usufrutuário e o locatário do
estabelecimento comercial respondem, na
qualidade de sucessor, pelas obrigações do seu
titular assumidas em período anterior à
celebração do negocio.
Cont…

Art. 77°, n.°2 do C.com: “Mesmo quando prevista no


contrato a cláusula de exoneração de
responsabilidade, constatada a existência de acto
fraudulento ou simulado na negociação, o
adquirente, o usufrutuário e o locatário do
estabelecimento comercial continuam a responder,
perante terceiros de boa fé, devendo ser priorizado a
realidade dos factos sobre a aparência contratual”.
Cont…
O legislador deu primazia a materialidade
subjacente em prejuízo das meras formalidades
legais que estão por detrás da contratação. Quis
com isso, não deixar “deveres sem titular” em
consequência da atitude fraudulenta ou simulada
dos contratantes.
Relativamente aos contratos de trabalho, a Lei do
Trabalho, Lei n° 23/2007 de 1 de Agosto,
estabelece a possibilidade de o trabalhador
transitar para o novo empregador em caso de
mudança de titularidade sobre a empresa ou
estabelecimento.
Cont…

Porém, reserva-se ao trabalhador o direito à rescisão


do contrato com justa causa em caso de mudança
da titularidade quando se verifiquem os casos que
a própria Lei faz menção no art. 76°. Também
preservam-se todos os direitos e obrigações do
trabalhador. Significa em termos gerais que, em
caso de mudança da titularidade da empresa,
Cont…

O adquirente passa a ocupar a posição contratual que,


nos contratos de trabalho e instrumentos de
regulamentação colectiva de trabalho existentes à
data da transmissão do estabelecimento, cabia ao
transmitente. Assume, assim, o adquirente, por forca
da lei, a qualidade de empregador e os direitos e
obrigações emergentes dos contratos (individuais e
colectivos). Trata-se de uma norma geral e
imperativa.
FIM
JUNIOR, Valdo Fazzio. Manual de Direito
Comercial, 17ª edição, Editora Atlas Lda,
2016, São Paulo.
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito
Comercial, 23ª edição, editora Saraiva, 2011,
São Paulo.
JUNIOR, Manuel Guilherme. Manual de Direito
Comercial Moçambicano, Vol. I, Escolar
Editora, 2013, Maputo.

Você também pode gostar