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O Estabelecimento
Elementos do estabelecimento
É certo que alguns destes elementos- e muitos outros, com destaque para o
passivo e para os contratos que, por definição, impliquem uma prestação do comerciante
e logo, a esse nível, um passivo- só se transmitem plenamente com o consentimento do
terceiro cedido: art. 424º/1 e 595º CC. Essa necessidade não prejudica a especificidade-
que sempre é alguma, dos regimes acima apontados. Tão-pouco ela põe em crise os
aspetos funcionais ou o tipo social que representa a transmissão, em bloco, de todos os
elementos integrantes no estabelecimento.
Repare-se: não deixa de haver transmissão unitária pelo facto de, para a perfeita
transferência de algum dos elementos envolvidos, se exigir o consentimento de terceiros.
É o que vimos suceder com o passivo, com os contratos de prestações recíprocas e é o
que sucede com a própria firma. O trespasse do estabelecimento que tudo englobe
continua a fazer-se por um único negócio, com todas as facilidades que isso envolve.
ÂMBITOS DE ENTREGA.
Assim, para os contratos e ressalvas hipóteses previstas na lei, valem as regras dos
arts. 424 do CC – é necessário não apenas o acordo entre trespassante e trespassário,
mas também o consentimento do contraente cedido (art. 424/1).
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Deveres do trespassário
o O art. 1112º/4 CC, retomando o art. 16º RAU, atribui ao senhorio um direito de
preferência, na hipótese de trespasse por venda ou dação em cumprimento;
o O trespassante poderá ficar investido num dever de não concorrência em relação
ao trespassário.
Preferência do senhorio
A preferência do senhorio fora instituída por uma lei, vindo, mais tarde, a
desaparecer. O RAU restabeleceu-a e isso com 2 finalidades essenciais:
Resulta ainda daí que a preferência do senhorio só seja possível quando, ele
próprio, esteja em condições de, licitamente, adquirir o estabelecimento. Tratando-se de
uma farmácia, exige-se que o senhorio seja farmacêutico; estando em jogo um
estabelecimento para o exercício de profissão liberal, o senhorio deverá ter as
habilitações necessárias para prosseguir essa exploração. Além disso, não cabe
preferência no caso de integração, com o estabelecimento, de quota social: em princípio
não há aqui venda ou dação em pagamento, ficando, todavia, ressalvada a hipótese de
abuso de direito.
EX. um comerciante conhecido angaria larga clientela. Trespassa, depois, por bom
lucro, o seu estabelecimento e vai, de seguida, abrir um estabelecimento semelhante,
mesmo em frente. É evidente que a clientela, que já o conhece, irá segui-lo: o trespassário
adquire algo que, sem clientela, pouco ou nada vale.
→ Limite material – tem de existir uma similitude entre a atividade praticada nos
estabelecimentos;
→ Limite temporal – não se observar um prazo de consolidação do novo
estabelecimento (geralmente 2/3 anos);
→ Limite espacial – tem de existir uma proximidade geográfica entre os dois
estabelecimentos, que possa ser suscetível de atrair clientela do estabelecimento
trespassado.
Basta que se viole um destes limites para que seja violado o dever de não-
concorrência. Existindo uma violação do dever de não concorrência, poder-se-á intentar
um procedimento cautelar para a cessação do estabelecimento novo por concorrência
indevida e poderá dar lugar a indemnização, reconstruindo a situação que existiria se a
violação não tivesse sido consumada.
Note-se, por último, que a obrigação implícita de não concorrência pode ser
afastada por estipulação contratual (o sujeito dos interesses patrimoniais tutelados pela
obrigação é o trespassário, que deles pode dispor livremente):
O trespasse é um ato comercial objetivo, uma vez que é o que resulta de uma
interpretação atualista do art. 2º/1ª parte CCom, mesmo que não esteja expressamente
previsto no CCom (segundo MC).
NOTA: não há um verdadeiro trespasse se, uma loja, ainda que tenha um cartaz a
dizer “Trespassa-se”, estiver vazia, pois não se sabe o que é que se praticava nesse
estabelecimento.
A insolvência
Introdução