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Contratos de Definição Características Regime Jurídico

Contrato pelo qual uma das parres se Oneroso: o agente tem direito a uma comissão, costuma ser estipulada Poderes de representação: em regra o agente apenas promove a formação dos contratos, deixando a sua
obriga a promover por conta de outra a expressamente. Nos casos da sua omissão a comissão é estipulada segundo celebração com o principal. Contudo tal não impede que o principal lhe confira poderes necessários para o
celebração de contratos, de modo os usos (tendo em conta o ramo do comércio e a praça onde a agência se representar, contudo por razões de certeza e de segurança a celebração de contratos, art.2º e a cobrança
autónomo e estável e mediante exerce), se os houver, ou a equidade. de créditos, art.3º só poderá ser realizada caso tal seja estipulado por escrito. O poder de cobrar créditos é
retribuição, podendo ser-lhe atribuída A comissão incide sobre os contratos que o agente angariou e concluídos presumido o agente tenha poderes de representação.
verta zona ou determinado círculo de durante a vigência do contrato, ou mesmo que depois, desde que o agente Atuação sem representação: nos termos do art.22º e art.268º do CC para que o negócio seja válido o
Agência clientes. prove que foi ele a negocia-los, art.16º. principal tem de o ratificar, sendo a ratificação tácita quando o principal tome conhecimento e em 5 dias
DL 178/86 não demonstre a sua oposição.
O regime português distancia-se do inglês, Autonomia do agente: como afastamento da ideia de um contrato de Aparente: se para o Homem médio houvesse razões ponderosas que suscitassem a confiança de terceiro
(Oriflame) criando por vezes equívocos nas suas trabalho. O principal pode dar instruções ao agente sem intervir na sua nos poderes de representação do agente, tendo o principal contribuído para tal, o negócio é eficaz.
relações, uma vez que o agente em autonomia. O agente atua no interesse do principal. Direito de Exclusividade: Pode ser acordado por escrito a concessão de um direito de exclusividade de
Principal Portugal não costuma ter poderes de atuação ao agente relativamente à mesma zona geográfica ou ao mesmo círculo de clientes, ficando o
Vs. representação, não vinculando Profissional: agência é uma atividade mercantil, exercida de forma principal impedido de colocar outro agente, art.4º.
Agente juridicamente o principal. profissional. O agente trabalha como empresário. Para além disso é uma Subagência: nos termos do art.5º e salvo convenção em contrário. Ao subagente são aplicáveis, com
atividade estável e contínua. adaptação claro, as normas do diploma aplicáveis ao agente.
Contrato informal. Convenção del credere: art.10º por convenção escrita, especificando as pessoas ou o contrato, o agente
pode ficar incumbido de garantir o cumprimento por parte de terceiros com quem agência os contratos em
nome do principal.
Cessação do contrato: as formas de cessação vêm expressas no art.24º.

Caracteriza-se pela intermediação entre o Carácter duradouro: é uma característica típica, mas não obrigatória. As A concessão não necessita de nenhuma forma especial, podendo até ser celebrado verbalmente ou até
concedente e o cliente por parte de um partes estipulam esse prazo, sendo que na sua ausência, pode haver denúncia mesmo resultar de condutas concludentes. O seu regime resulta antes de mais da interpretação e
comerciante, denominado de a qualquer tempo. É usual a estipulação de um pré-aviso, assim como integração da vontade das partes.
concessionário, que intervém na cadeira cláusulas de renovação automáticas. Distinção da agência: o concessionário aqui adquire a propriedade das mercadorias procedendo depois à
de distribuição de um modo típico – Exercício profissional: a concessão é exercida profissionalmente por um sua comercialização e venda. Ambos procedem à comercialização da mercadoria, com a distinção de que o
compra mercadorias e revende-as. comerciante e de modo empresarial. O concessionário investe o seu capital concessionário adquire a propriedade, ao invés que ao agente por vezes nem celebrar contratos pode.
Concessão O concessionário exerce esta atividade de na compra de mercadorias para as revender e obter lucro. Apesar de a título Distingue-se da compra e venda objetivamente comercial (art.463º do CCom) uma vez que a concessão
Comercial forma permanente e a título profissional. de promoção este ponto ser por vezes prescindido, a lucratividade é comercial pressupõe uma continuidade, com caráter permanente, enquanto que o artigo mencionado
imprescindível, sob pena de insolvência. Só mediante autorização expressa prevê um ato isolado.
(Automóveis) pode o concedente em questão comercializar num mesmo estabelecimento Encontra o seu regime no art.436º e ss do CCom, embora com a alteração/distinção mencionada
produtos de marcas concorrentes, dado estarmos perante um conflito de anteriormente, e naquilo que é estipulado pelas partes. Embora a sua larga disponibilidade para estipulação
Concedente interesses. das partes, a concessão tem como características:
Vs. Ligação à marca: apesar de ser frequente, os concessionários não estão É corrente a estipulação de práticas de cooperação entre o concedente e concessionário, por exemplo no
Concessionário limitados a uma marca. que respeita à assistência técnica e garantias, etc.
Territorialidade: tipicamente estas encontram-se limitadas a uma zona. Analogia com a agência: É frequente estender a aplicação do regime da agência ao da concessão de forma
Analogia com Contudo segundo PAIS DE VASCONCELOS, a não especificação da sua analógica. Esta aplicação analógica parte da construção do designado de contratos de distribuição, em que
Agência delimitação territorial não obsta à sua qualificação como concessão (apesar o contrato de agência constitui a figura matriz e o regime modelo.
de várias decisões dos tribunais no sentido oposto). Dentro dessa área o PAIS DE VASCONCELOS acaba por concluir que uma aplicação analógica é feita caso a caso dependendo das
concessionário não pode entrar em concorrência com outros das mesmas características da concessão alvo da questão.
marcas. A doutrina (APM) e a jurisprudência defendem a analogia como instrumento fundamental para acudir
Exclusivo: a exclusividade pode ser entendida de duas perspetivas: lacunas que surjam em concretos contratos de concessão.
a) O concessionário ser exclusivo na comercialização daquela marca Cessação da concessão: Havendo culpa da parte do concedente e de o indemnizar por todos os danos,
b) O concessionário apenas comercializar aquela marca contratual positiva, portanto.

Contrato no qual o franquiador concede Oneroso: o franquiador tem de pagar uma renumeração composta por uma Este é um contrato que vive dominado pela autonomia privada, e por parte a resolução destes casos passa
ao franquiado, de forma cumulativa ou quantia fixa e outra variável (por norma), e que corresponde a uma por uma interpretação daquilo que as partes acordaram.
Franquia não: percentagem do volume bruto de vendas. Na base do que é habitual, apontam-se as obrigações do franquiador:
- A utilização de marcas, nomes ou Reduzidos riscos para o franquiado: O franquiado não tem de criar uma ∆ Facultar ao franquiado o uso de uma marca insígnia ou designação comercial na comercialização de
(McDonald’s) insígnias comerciais. marca ou produto, aproveitando a imagem, qualidade e notoriedade que serviço ou produtos por este adquirido ou fabricados e ainda as técnicas ou processos produtivos de que o
- A utilização de patentes, técnicas beneficia do franquiador. Beneficia ainda da sua experiência, fornecedores, franquiador teria exclusividade.
Franqueador empresariais ou processos de fabrico. clientes, produtos e serviços, podendo recorrer aos seus métodos de gestão ∆ Auxiliar o franquiado no lançamento e manutenção de certa atividade empresarial, munindo-o de
Vs. - Assistência, acompanhamento de e de comercialização. Aproveita o investimento do franquiador, podendo conhecimentos e produtos. Em relação aos seus direitos:
Franqueado terminados serviços. expandir o negócio geograficamente sem qualquer custo ou risco. ∆ Retribuição calculada;
- Mercadorias e outros bens, para Controlo do franquiador: O franquiador tem por norma controlo do contrato ∆ Poderes de fiscalização quando às especificações e qualidades dos produtos vendidos e de aprovação dos
Analogia com distribuição. de franquia podendo este ser mais ou menos dominante, até porque tudo o postos de venda;
Agência que o franquiado fizer mal tem repercussões negativas para o primeiro. ∆ Poderes no domínio da cessão da posição contratual e da renovação do contrato.
Podemos dividir a franquia em: Relativamente às obrigações do franquiado:
∆ Pagamento de retribuições ou de aquisição ao franquiador de certos produtos;
1) Distribuição de mercadorias (franquia A Não Concorrência: com recurso às leis da concorrência, são lícitas, em ∆ Lançamento e desenvolvimento da sua atividade dentro de certa circunscrição. ∆ Manutenção da
de distribuição) 2)Prestação de serviços geral, as cláusulas: qualidade do serviço ou produto.
(franquia de serviços) - Destinadas a evitar que o saber-fazer e a assistência passem para ∆ Sigilo relativamente aos conhecimentos que lhe são conferidos.
3)Fabrico de mercadorias (franquia de concorrentes; ∆ Comparticipação em despesas de publicidade. ∆ Cláusulas de não concorrência.
produção) - Lícitas as cláusulas que organizem o contrato e a fiscalização de modo a E aos seus direitos: ∆ Uso de insígnias ou nomes do franquiador.
preservar a identidade e reputação da marca; ∆ Utilização dos conhecimentos pelo franquiado facultado e de tudo o que seja necessário, desde receitas
Por norma estamos perante uma rede de - São restritivas da concorrência e, portanto, não permitidas as cláusulas que até software de computador e auxílio do franquiador;
franquia. Este contrato de distribuição impliquem repartições de mercados ou prefixações de preços, salvo art.81º/3 Cessação: aplica-se o regime da agência, contudo pela natureza das coisas esta nunca poderá ser retroativa.
pode ir além de fronteiras onde o T Roma. Esta é uma posição clara na jurisprudência, dependendo claro sempre da franquia do caso concreto. MC
franquiador pode constituir várias - Todas as restantes dependem de caso a caso, perante as leis da apresenta como regras injuntivas a cessação do contrato, as que fixam pré-avisos e a indemnização de
franquias diretas, sendo frequente concorrência, formular juízos de licitude. clientela.
constituir antes um franquiado principal Disposições práticas: respeitando a culpa in contrahendo, o franquiado deve ser informado das implicações
(master franchising), que irá subcontratar da sua adesão. A proteção do consumidor deve ser assegurada independentemente das cláusulas de
franquiados. franquia.

Indeminização de Clientela Pressupostos Cálculo Exercício pelo agente e extinção Garantias


- O agente tem que pela sua atividade durante 1) É fixada em termos quantitativos Nos termos do art.33º-4 o agente tem um ano Retenção: O art.35º vem prever um direito de
o contrato de agência, tem de ter angariado 2) Mas não pode exceder o valor anual para comunicar que pretende receber a retenção sobre os objetos e valores que detém
novos clientes ou aumentado substancialmente a. Calculado pela média anual indemnização, devendo a ação ser proposta no em virtude do contrato, pelos créditos
o volume de negócios b. Renumerações do agente nos ano subsequente. Se o principal não liquidar a resultantes da sua atividade, também aplicável
- O aumento substancial do volume de negócios últimos 5 anos indemnização pode o agente instaurar a à clientela, segundo ML.
Agência com a clientela já existente correspondente ação judicial. Compensação: o agente pode invoca-la
- O principal venha a beneficiar Estamos perante uma caducidade. relativamente às quantias a dever ao principal,
consideravelmente, após a cessação, da art.847º.
atuação desenvolvida pelo agente
- O agente deixa de receber qualquer
contribuição pelos contratos negociados ou
concluídos, com os clientes do ponto 1.

A posição maioritária vai no sentido da sua aceitação. O que muda são os pressupostos dessa extensão:
MC: generaliza a atribuição a todos os concessionários comerciais;
PM: tem de ser estabelecida caso a caso a sua extensão, para que se perceba se naquela situação em particular existem ou não similitudes entre a posição daquele específico concessionário e a de um
agente.
ML: ✓ Denúncia: há analogia, desde que se verifique a obrigação de transmissão do círculo de clientes ao concedente, adquirindo este benefício pela transmissão.
✓ Quando não há essa obrigação não haveria analogia.
✓ Para além disso o professor limita as situações em que exista uma especial força atrativa da marca do concedente, uma vez que nestas situações a atração dos clientes dá-se pela marca e não
Concessão Comercial pela atividade do concessionário, que embora não exclua a indemnização, esta será ponderada no cálculo da mesma.
PPV: nos contratos de concessão é necessário analisar o caso concreto, verificando a existência de aspetos concretos que justifiquem a aplicação da indemnização de clientela.
✓ BP: da extinção do contrato resulta uma relação de liquidação, que resulta para o equilíbrio da relação, que o agente beneficie do valor económico da clientela que criou e entregou ao principal
✓ Verificando-se os pressupostos do art.33º, não sendo a extinção do contrato imputável ao cessionário ou se este não se este não tiver cedido a sua posição contratual por acordo com o
concedente, poderá aplicar-se o regime da indemnização.

Menezes Leitão: não há analogia


- Falta o pressuposto geral de indemnização – os clientes angariados pelo franquiado que viessem a ser angariados pelo franqueador não são na verdade clientes dele, mas antes clientes de todo o
sistema da franquia, que nele permanecem após a extinção do contrato;
- O franquiador também normalmente não entra em contacto com os clientes, pelo que não vê benefícios que ele poderia obter;
- Também não existe uma perda de renumeração relativa a estes clientes, uma vez sofrida pelo franquiado, uma vez que ele explora diretamente o seu negócio tendo antes que pagar ao franqueador
uma licença.
Franquia
Pedro Pais de Vasconcelos: para o professor a extensão da agência à franquia terá os mesmos fundamentos que a extensão à concessão, sendo, contudo, a sua analogia mais rara uma vez que no
contrato de franquia é normal ser o franquiador o beneficiado pela clientela, pelo menos potencial. Apenas em certos casos de distribuição de produtos, em que o franquiado é obrigado a adquirir
produtos ao franquiador e que pode conquistar para ele uma clientela própria, e aí sim, pode haver então uma aplicação analógica.

Menezes Cordeiro: são aplicáveis na base da analogia e na medida em que ela exista, consoante o caso concreto. O professor reconhece a dificuldade da sua aplicabilidade. Defende ainda que quando
o contrato seja ilicitamente interrompido pelo franqueador, todos os danos ilícitos devem ser indemnizados

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