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RESUMO III

I- CLASSIFICAÇÃO

1- Introdução

Toda classificação dependerá da visão metodológica de cada autor, portanto, serão


apresentados neste resumo um apanhado das classificações mais importantes.
A classificação é um recurso pedagógico que tem por finalidade:
 mostrar as peculiaridades dos Institutos em estudo na medida em que são agrupados
pelas suas similitudes.
 explicar a função individual do contrato no universo jurídico que se insere.

2- Classificação dos Contratos

2.1. Quanto aos efeitos

a) Unilaterais  Implica direito e obrigações para um só dos contraentes. Dever da avença


apenas para um. Via de mão única – Prestação pecuniária para uma das partes. Nessa
linha, quando o contrato estabelecer apenas uma “via de mão única”, com as partes em
posição estática de credor e devedor, pelo fato de se estabelecer uma prestação
pecuniária apenas para uma das partes, falar-se-á em contrato unilateral. Ex.: Doação
pura, depósito.
b) Bilateral ou Sinalagmático  Implica direito e obrigações para ambos os contraentes,
produção simultânea de prestações para todos os contraentes. A dependência recíproca
das obrigações (uma a causa de ser da outra), denomina-se sinalagma.
Importante:
 Apenas aos contratos bilaterais se aplica o “exceptio non adimpleti contractus”.
Art. 476 do código civil.
 Só nos contratos bilaterais (e comutativos) é aplicado o vício redibitório. Art. 441
do Código Civil.
c) Plurilaterais  são os contratos que contêm mais de duas partes. Na compra e venda,
mesmo que haja vários vendedores e compradores, agrupam-se ele em apenas dois
pólos: o ativo e o passivo. Se um imóvel é locado a um grupo de pessoas, a avença
continua sendo bilateral, porque todos os inquilinos encontram-se no mesmo grau. Nos
contratos plurilaterais (ou plúrimos), temos várias partes, como ocorre no contrato de
sociedade, em que cada sócio é uma parte. Assim também nos contratos de consórcio.
Uma características dos contratos plurilaterais é a rotatividade de seus menbros.
d) Onerosos  quando a um benefício recebido corresponder um sacrifício patrimonial.Ex.:
compra e venda.
Os contratos onerosos se subdividem em:
d.1) Comutativos  Quando as obrigações se equivalem, conhecendo os contraentes,
“ab initio”, as suas respectivas prestações. As partes podem antever as vantagens e os
sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não
envolvem nenhum risco. Ex.: Compra e venda, contrato individual de emprego, etc.
d.2) Aleatório  Obrigação de uma das partes somente puder ser exigida em função de
coisas ou fatos futuros, cujo risco da não-ocorrência for assumido pelo outro contraente.
Estes contratos caracterizam-se pela incerteza, para as duas partes, sobre as vantagens e
sacrifícios que deles podem advir. É que a perda ou lucro dependem de um fato futuro e
imprevisível. O vocábulo aleatório é originário do latim alea, que significa sorte, risco,
acaso. Art. 458/461 do Código Civil. Ex.: Contrato de Seguro, jogo e aposta.

e) Gratuito ou benéficos  Somente uma das partes auferirá benefício e a outra arcará
com toda a obrigação. Toda a carga contratual fica por conta de um dos contraentes; o
outro só pode auferir benefícios do negócio. Há uma liberalidade que está ínsita ao
contrato, com a redução do patrimônio de uma das partes, em benefício da outra, cujo
patrimônio se enriquece. Ex.: Doação pura.

2.2. Quanto à formação

f) Paritários  as partes estarem em iguais condições de negociação estabelecendo


livremente as cláusulas contratuais (Fase de Puntuação). São os contratos do tipo
tradicional, em que as partes discutem livremente as condições, porque se encontram
em pé de igualdade (para par).
g) Adesão  Um dos pactuantes predetermina (ou seja, impõe) as cláusulas do negócio
jurídico. São os contratos que não permitem a liberdade ventilada nos contratos
paritários, devido a preponderância da vontade de um dos contratantes, que elabora
todas as cláusulas. O outro adere ao modelo de contrato previamente confeccionado,
não podendo modificá-las: aceita-as ou rejeita-as, de forma pura e simples, e em bloco,
afastada qualquer alternativa de discussão. Segundo Orlando Gomes, são traços
característicos dos contratos de adesão: a) uniformidade: obter, do maior número de
contratantes, o mesmo conteúdo contratual; b) predeterminação unilateral: a fixação de
das cláusulas é feita anteriormente a qualquer discussão; c) rigidez: além de
uniformemente predeterminadas, não é possível discutir as cláusulas do contrato; d)
posição de vantagem (superioridade material) de uma das partes: embora a expressão
superioridade econômica seja a mais utilizada (até pela circunstância de ser a mais
comum), consideramos mais adequada a concepção de superioridade material, uma vez
que é em função de tal desigualdade fática que faz com que possa ditar as cláusulas aos
interessados.

2.3. Quanto ao momento de sua execução

Contratos de Execução:
h) Instantânea  Consumam num só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua
celebração. Relações jurídicas contratuais cujos efeitos são produzidos de uma só vez.
Ex.: Compra e venda a vista de bens móveis, em que o contrato se consuma com a
tradição da coisa.
i) Diferida  Projeção no tempo. Cumpridos em um só ato mas em momentos futuros.
Nesses contratos é aplicável a teoria da imprevisão, por dependeram de circunstâncias
futuras, o que, por óbvio, inexiste nos contratos de execução imediata. Ex.: Entrega, em
determinada data, do objeto alienado. Compra e venda de uma mercadoria com entrega
futura.
j) Trato sucessivo ou execução continuadas  É cumprido por meio de atos reiterados
(prestação de serviço e compra e venda à prazo), locação de imóveis. Tal duração pode
ser determinada ou indeterminada, na medida em que haja ou não previsão expressa de
termo final ou condição resolutiva a limitar a eficácia do contrato.

Atenção: 1) a resolução por onerosidade excessiva, prevista nos art. 478 e 480 do C.C.
somente é aplicável aos contratos de execução continuada, em que devem ser respeitados
os efeitos produzidos; 2) nos contratos de execução instantânea, a declaração de nulidade ou
a resolução por inadimplemento impõe a restituição do status quo ante (momento inicial

2.4. Quanto ao agente

k) Personalíssimos ou “Intuito Personae”  São os celebrados em atenção às qualidades


pessoais de um dos contraentes. O obrigado não pode fazer-se substituir por outrem,
pois essas qualidades (culturais, profissionais, artísticas etc.) tiveram influência decisiva
no consentimento do outro contraente.
l) Impessoais  Prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo obrigado ou por
terceiro. O importante é a execução. A pessoa do contratante é juridicamente
indiferente. Pouco importa quem execute a obrigação; o único objetivo é que a
prestação seja cumprida.

OBS: A distinção entre contratos intuito personae e impessoais reveste-se de grande


importância, em virtude das conseqüências práticas decorrentes da natureza
personalíssima dos negócios pertencentes à primeira categoria, que: a) são
intransmissíveis, não podendo ser executados por outrem; assim sendo, com o óbito do
devedor, extinguir-se-ão, pois os sucessores não poderão cumprir a prestação, que era
personalíssima; b) não podem ser cedidos, de modo que, se substituído o devedor, ter-
se-á a celebração de novo contrato; c) são anuláveis, havendo erro essencial sobre a
pessoa do contratante.

m) Individuais  As vontades são individualmente consideradas, ainda que envolva várias


pessoas. Se refere a uma estipulação entre pessoas determinadas, ainda que em numero
elevado, mas consideradas individualmente. Ex.: Compra e venda pode ser uma pessoa
contatar com outra ou várias pessoas.
n) Coletivos  Acordo de vontades entre duas pessoas jurídicas de direito privado,
representativas de categorias profissionais, sendo denominadas convenções coletivas.
Mas pode haver contrato coletivo no âmbito do Direito de Empresa, celebrado por
pessoas jurídicas representativas de determinadas indústrias ou sociedades empresárias,
destinado inibir a concorrência desleal, a incentivar a pesquisa, a desenvolver a
cooperação mútua etc.

2.5. Quanto ao modo porque existem

o) Principais  tem existência própria e não dependem de qualquer outro (compra e


venda, locação, etc.).
p) Acessórios  São os que tem sua existência subordinada à do contrato principal, pois
visam assegurar a sua execução. Ex.: a fiança é contrato acessório, estabelecido para
garantir a locação, que é contrato principal; logo, a fiança não poderá existir sem a
locação.
q) Derivados ou subcontratos  São os que tem por objetivo direitos estabelecidos em
outro contrato denominado básico ou principal. Ex.: Sublocação. Tem em comum com os
acessórios o fato de que ambos são dependentes de outro. Diferem, porém, pela
circunstância de o derivado participar da própria natureza do direito versado no
contrato-base. Nessa modalidade um dos contratantes transfere a terceiro, sem se
desvincular, a utilidade correspondente à sua posição contratual. O locatário, por
exemplo, transfere a terceiro os direitos que lhes assistem, mediante a sublocação.

OBS: 1. a nulidade da obrigação principal acarretará a das acessórias, porém a destas não
implica a da principal. Art. 184 do C.C. 2. A prescrição da pretensão relativa à obrigação
principal induzirá à alusiva às acessórias, mas a recíproca não é verdadeira; assim, a
prescrição da pretensão a direitos acessórios não atinge a do direito principal (RT, 476:155).

2.6. Quanto à forma

Forma específica para a validade da estipulação contratual.

r) Não Solene  A forma livre é a regra em nosso país. Basta o consentimento para sua
formação. Podem ser celebrados por qualquer forma, inclusive a verbal. Ex.: locação,
comodato
s) Solene  Forma especial ou uma solenidade na sua celebração. “ad solemnitatem”. A lei
prescreve, para sua celebração, forma especial que lhes dará existência, de tal sorte que,
se o negócio for levado a efeito sem a observância da forma legal, não terá validade. Ex.:
escritura pública na alienação de imóvel, testamento, etc. (Vide arts. 108 e 1245 do C.
C.).

t) Consensuais  Concretizados com a simples declaração de vontade. Se aperfeiçoam


com o consentimento, isto é, com o acordo de vontades, independente da entrega da
coisa e da observância de determinada forma. Todos os não-solenes. Ex.: Compra e
venda de bens móveis, quando pura. Art. 482 do código civil.

u) Reais  São aqueles que apenas se ultimam com a entrega da coisa, feita por um
contraente e outro. O simples concurso de duas ou mais vontades não tem o condão de
estabelecer o vínculo contratual, que só se forma com a tradição efetiva do objeto do ato
negocial, por se requisito essencial à sua constituição. Exigem, para aperfeiçoar, além do
consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto. Ex.: Depósito, comodato,
mútuo.

2.7. Quanto ao objeto

v) Preliminares  Ou “pactum de contrahendo”, pré-contrato, é o que tem por objeto a


celebração de um contrato definitivo. Tem, portanto, um único objeto. Exceção no nosso
ordenamento jurídico. Art. 462 à 466 do Código Civil., Promessa de compra e venda.
w) Definitivo  Tem objetos diversos, de acordo com a natureza de cada um. Ex.: Compra e
venda  as prestações que constituem o seu objeto, são a entrega da coisa e o
pagamento do preço.

2.8. Quanto à designação

x) Contratos nominados ou típicos  Tem designação própria. Recebem do ordenamento


jurídico uma regulamentação. Possuem, portanto, uma denominação legal e própria,
estando previstos e regulados por norma jurídica, formando espécies definidas. Estão
previstos no Código Civil e em leis especiais. Ex.: Doações, compra e venda, locação.
Vale ressaltar que a locação de garagem ou a de estacionamento, por exemplo,
excepcionalmente, apesar de contrato nominado (lei n º 8245/91, art. 1º Parágrafo
único), é atípica, por não haver previsão legal mínima, visto não estar regulamentada em
lei. É contrato nominado, por ter nomem júris, é atípico por não possuir regulamentação
normativa.

y) Inominados ou atípicos  Não tem designação própria. Resultam de um acordo de


vontades, não tendo porém, as suas características e requisitos definidos e
regulamentados em lei. Afastam-se dos modelos legais, pois não são disciplinados ou
regulados expressamente pelo Código Civil ou por lei extravagante, porém são
permitidos juridicamente, desde que não contrariem a lei e os bons costumes, ante o
princípio da autonomia da vontade. Art. 425 do Código Civil. Ex.: Contrato sobre
exploração de lavoura de café, cessão de clientela, locação de carro forte.

z) Contrato com pessoa a declarar  Inovação do NCC Art. 467. “No momento da
conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa
que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.” Trata-se de
avença comum nos compromissos de compra e venda de imóveis, nos quais o
compromissário comprador reserva-se a opção de receber a escritura definitiva ou
indicar terceiro para nela figurar como adquirente (cláusula “pro amico eligendo”).
Utilizado para evitar despesas com nova alienação, nos casos de bens adquiridos com o
propósito de revenda, com a simples intermediação do que figura como adquirente

Referências Bibliográficas

DINIS, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume III: teoria das obrigações
contratuais e extracontratuais. 25. ed. reformulada. São Paulo: Saraiva, 2009.

GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil, volume IV: contratos, tomo 1: teoria
geral / Pablo Stolze Gagliano, Rodolfo Panplona Filho. 5 .ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva,
2009.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume III: contratos e atos
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MATIELLO, Fabrício Zamprogna, Curso de direito civil, volume III: dos contratos e dos atos
unilaterais. São Paulo: LTR, 2008.

VENOZA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos
contratos. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008. (Coleção direito civil; v.2).

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