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Fontes das obrigacoes

Para o prof Menezes Leitão deverá adaptar-se à sistematização


das fontes de obrigações

1 fontes das obrigações baseada no princípio da autonomia


privada.

a) Contrato art 405

b) Negócio unilateral art 457

Os negocios jurídicos costumam ser destinguidos em unilateral,


que são os possuem duas partes, e o contrato que possuem
duas partes, assim é designado por um negócio jurídico
bilateral. Pois o contrato é um negócio jurídico bilateral ,
através dos quais as partes por acordo, e no exercicio da sua
autonomia privada, estabelecem por si próprios comandos
juridicamente vinculantes, entre as quais se incluem as relações
jurídicas obrigacionais.

Entende-se por parte o titular de um d um interesse, o que


poderia implicar que duas ou mais pessoas constituiem-se uma
unica parte, quando tivessem interesses comuns.

O contrato consistiria num acordo vinculativo, assente sobre


duas ou mais declarações de vontade oferta ou proposta, de
um lado, aceitação do outro lado. Contraposta madeve
rfeitamente harmonizaveis entre si, que visam estabelecer uma
regulamentação unitária de interesse ou que nele exista a
manifestação de duas ou mais vontades, com conteúdos
diversos , prosseguindo distintos interesses e fins até opostos,
mas que se ajustem reciprocamente para resolução de um
resultado unitário. Mas a referência efeitos jurídicos estipulados
uma vez que a lei os faz depender da emissão de uma 2ª
declaração negocial contraposta mas concordando com a 1ª. Art
232 do cc.

Modalidades consensuais os.

Classificação dos contratos quanto à


forma
Conta do art 219 e seguintes e
compreende certas fases.
As formas de contratos pressupõe
o encontro de duas declarações de
vontade contraposta , sendo a 1ª
proposta e a 2ª aceitação.
A proposta deve ser completa em
conteúdo e forma. Isto quer dizer
que a proposta deve possuir os
elementos e os requisitos de
validade necessária para poder
entregar o contrato, tal como essa
proposta foi formada, sem mais
modificação, ser completa e
vinculativa, quer dizer feita com
intuito real de realizar um negócio.
Havendo falta de um dos
elementos essenciais específicos,
ou inobservância da forma legal, o
contrato não se completa. Art
220. Duração art 228.
Aceitação ela pode ser expressa
ou tácita . Ela deve conter um sim
claro e incondicional : exemplo se
o destinatário responde
declarando aceitar a proposta mas
introduz nela alguma alteração,
essa declaração não vale como
aceitação , mas sim
contraproposta, cabendo ao 1º
proponente aceitá-lo ou não art
231
No art 219 encontra-se consagrado
o princípio do consensualismo que
refere a validade. Desta forma o
princípio geral é o da
desnecessidade de qualquer forma
especial para a celebração do
contrato admitindo-se que as
declarações das partes podem ser
exteriorizadas por qualquer meio.
São esses motivos excepcionais,
art 220 conjugado com o art 11 cc.
Quanto a formação
Deve distinguir-se , quanto ao seu
modo de formação, entre
contratos reais quoad
contitutiinem e contratos
consensuais.
Os contratos reais quoad
constitutionem saõ aqueles que
para a sua celebração se exige a
tradição ou entrega da coisa (seu
objecto).
Os consensuais são aqueles em
que a entrega da coisa é
dispensada, dá-se por mero
consenso negocial. Art 219.
excepções 220, consequências é a
proibição da sua aplicação
analógica art 11.cc.
A exigência da tradição da coisa
para a constituição destes
contratos constuma ser
implicitamente referida atravda
descrição do tipo contratual e do
facto de no seu regima não se
prever a obrigação de entrega da
coisa( parceria pecuniária 1129,
comodata 1129, mútuo 1142
depósito 1185).
Noutras hipóteses o legislador
determina expressamente a
proibição de o contrato se
constituir sem a entrega da coisa é
o que acontesse no penhoro da
coisa (669 cc) na doação verbal de
coisa móveis (art 947 cc) e no
repor (art 417 c com.)
Tem vindo levantado na doutrian a
questão de saber se a exigência de
tradição da coisa para a
constituição de certos contratos
ainda desempenharia no dto
actual, alguma função útil.
Resposta positiva: Menez cordeiro,
e Carvalho Fernandes: embora
normalmente estes autores
excluirem a solução propugnada o
penhor da coisa, onde consideram
que a tradição da coisa
corresponde a uma situação de
publicidade constitutiva.
Resposta negativa - Pires de lima e
Antunes Varela
Para prof Menez leitão: a questão
da dispensa da tradição é
(consequente admissibilidade da
constituição do contrato como
consensual ) só se pode colocar
relativamente as situações em que
a referência a tradição aparece
apenas no tipo legal, já que
sempre a lei exige
imperativamente a tradição para a
constituição do contrato ( penhor
da coisa, doação verbal da coisa
móvel e no reporte) parece claro
que as partes não podem
dispensar. Assim, está-lhes
vedados constituir
consensualmente uma doação
verbal de coisa móvel , uma vez
que, não existindo tradição só
pode ser realizada por escritura
pública. Art 947 nº2. No caso do
reporte e do penhor nem a forma
escrita permite dispensar a
tradição, uma vez que a lei
determina que o contrato não se
pode constituir sem ela. ( art 669
do cc, e 477 com.)

Nos contrato como a parceria


pecuniária, mútuo , depósito e
comodata fará, sentido a exigência
imperativa da tradição, ou deve-se
antes considerar que este
elemento do tipo legal é
meramente natural e não
essencial? A questão só pode ser
resolvida perante a analise das
funções que a tradição
desempenha nestes contratos.
Quem entenda que ela hoje não
desempenha uma clara função util,
tenderá naturalmente a considerá-
la dispensável para efeitos da
constituição do contrato admitindo
a celebração desses contratos
como consensuais.
A exigência da tradição da coisa
tem uma função útil de não
permitir que a execução do
contrato ocorra numa fase posterio
à da declaração negocial, exigindo
que a execução do contrato se
manifeste precisamente nessa
declaração negocial.
Deste modo o prof Menez Leitão, e
nos defendemos a manutenção do
actual dto da categória dos
contratos quoad constitutionem,
recusando a possibilidade de estes
contratos se constituíram como
consensuais.
A exigência em certos casos, de
uma forma especial para a validade
da declaração negocial leva a
distinguir entre contratos formais e
os não formais.
São formais s que a declaração
negocial só pode ser exteriorizada
por uma determinada forma.
Não formais. Os que a declaração
negocial pode ser exteriorizada por
qualquer meio, incluindo a
oralidade. Ex: 2 contratos que
exigem a escritura pública;
contratos de alienação de imóveis
art 875- 947, mútuo, quando
superior a 250.000 euros art 1143.
Quanto aos efeitos
Podemos encontrar os contratos
obrigacionais e os reais
Esses contratos a sua eficácia
reconduz-se à produção de efeitos
de dtos e estes, sendo
necessariamente reportados a
pessoas dão origem a situação
jurídica. Essa eficácia juridica
clasdifica-se em eficácia jurídica
constitucional, transmissiva,
modificação ou extintiva,
consoante respectivamente, a
situações jurídicas se constitua
jurídica transite de uma para outra
esfera jurídica, se modifique ou se
extingue. A mais importante
classificação é a que distingue: Os
contratos consensuais reais, e
oobrigacionais, consoante a
situação jurídica em questão se
reconduz a um dto real sobre uma
coisa corpórea. Esse coloca um
problema particular, uma vez que
pode suceder que a sua eficácia
não seja imediata, o que sucede
sempre que estejam preenchidos,
no momento da celebração do
contrato, os requisitos necessários
para que o contrato dê origem a
uma situação jurídica de natureza
real.
Os contratos obrigacionais - a
situação jurídica dá origem a dto
de crédito, reconduz-se à criação
de dtos de crédito e obrigações ,
sendo a sua eficácia sobre a esfera
jurídica das partes imediatas.
A regra geral, porém é a de que a
transmissão dos dtos reias sobre
coisa determinada dâ-se por mero
efeito do contrato nos termos do
art 408. A constituição ou
transferência da coisa depende
unicamente da exigência do título
de aquisição, sendo assim o
contrato, enquanto o negocio
causal, suficiente para operar a
transmissão do dto real, o qual
ocorre apenas em virtude do
proprio contrato, não ficando
dependente de qualquer acto
posterior, como a tradição da coisa
ou o registo.
Os contratos sinalagmaticos e não
sinalagmaticos
Eles são denominados assim
consoante origem obrigações
recíprocas para ambas as partes
ainda , fiacando assim ambas
simultaneamente na posição de
credores e de devedores ou não.
Menez Cordeiro pretende ainda ser
possível autorizar desta a
classificação entre contratos
movinculantes e bivinculantes,
consoante uma das partes fique
vinculante ou a vinculação exista
em relação a ambas. Contudo, o
prof Menez leitão não crê que
exista base para esta distinção.
Os contratos sinalagmaticos
opõem-se assim aos não
sinalagmaticos . Estes podem ser
contratos unilaterais em, que uma
das partes assume uma obrigação (
doação obrigacional ou fiança ) ou
contratos bilaterais imperfeitos,
em que uma das partes assume
uma obrigação, e a outra realiza
uma prestação em circunstâncias
eventuais( mandato, depósito
gratuito).
Exemplo: de contrato
sinalagmatico é a compra e venda
face ao art 879 al) b e c) se pode
vislumbrar a existência de
obrigações para ambas as partes :
a obrigação de entrega da coisa
para o vendedor e a obrigação de
pagar o preço para o comprador. A
existência de obrigações recíprocas
para ambas as partes implica que o
surgimento de cada prestação
apreça ligado ao surgimento da
outra, que se apresenta assim
como sua contraprestação. O
surgimento deste nexo entre duas
prestações no momento da
celebração do contrato denomina-
se sinalagma genético.
Do surgimento deste nexo entre as
duas obrigações retira a lei como
consequência a imposição de uma
interdepência entre as duas
prestações, que se deve manter
dutante toda a vida do contrato,
estabelecendo-se por isso que uma
prestação não deve ser executada
sem a outra e que, se uma das
prestações se impossibilitar a outra
tbém se deve extinguir. Esta
situação é denominada por
sinalagma funcional e corporiza-se
em vários aspectos do regime dos
contratos sinalagmaticos. O 1º é o
de cada uma das partes recusar a
sua prestação enquanto a outra
não efectuar a que lhe cabe ou não
oferecer o cumprimento
simultáneo art 428, a 2ª é a de que
o contraente fiel pode resolver o
contrato se a outra parte incumprir
a sua obrigação n2 art 801; 3ª é a
de que a impossibilidade de uma
das prestações extingue o contrato
e determina a restituição da outra
n1 art 795.
No contrato sinalagmatico existe
um nexo final entre as duas
prestações do contrato, derivada
da estipulação comum de troca de
prestação, nexo esse que se
designa por sinalagma o que
constitui uma especifica estrutura
final imanente ao contrato.
Contratos oneroso e gratuito
Oneroso - diz-se quando implica
atribuições patrimonias para
ambas as partes art 874. Gratuito
quando implica atribuições
patrimonias para apenas uma delas
ex: 940. Certos contratos como o
mútuo, o mandato e o depósito
podem ser tantos onerosos como
gratuitos ( arts 1145 , 1158 e
1186). Esta classificação não se
confunde com a classificação
sinalagmatícos e os não, pois um
contrato pode ser oneroso e não
ser sinalagmatíco, como sucede
com o mútuo oneroso.
Efectivamente, os contrts quoad
constitutionem podem ser
oneroso, não sendo
sinalagmatícos, quando atribuição
patrímonial de uma das partes não
consiste na assunção de uma
obrigação mas antes coincide com
a celebração do contrato. Mas já
os contratos sinalagmatícos são
sempres onerosos, uma vez que ao
gerarem obrigações recíprocas
para ambas as partes, implica
sempre atribuições patrimonias
para ambas.
A qualidadd os contratos entre
oneroso e gratuito pode, porém
colocar problemas especificas no
caso de o contrato, instituir
relações triangulares. Ex: no caso
do contrato a favor de terceiro art
443. O proprietario que realiza a
prestação a terceiço não recebe
qualquer contrapartida deste, mas
pode vir a recebe-la do
promissário. Daqui resulta que a
onerosidade e gratuidade são
conceitos de relação, tendo por
base as atribuições patrimonias
realizadas e não os sujeitos do
contrato. Neste sentido, quando o
contrato institui uma relação
triangular pode ser
simultaneamente oneroso e
gratuito.
Os contratos gratuitos diferenciam-
se dos onerosos em termo de
regime pela maior proteção que
confere à parte que reliza a
atribuição patrimonial. Essa maior
proteção estabelece-se pelo facto
de a constituição do contrato
gratuito muitas vezes existir um
processo mais complexo do que a
correspondente constituição do
contrato oneroso. Ainda pelo facto
de estes contratos serem objecto
de um regime mais favóravel no q
respeita a responsabilidade por
perturbações da prestação.
Classificação dos contratos entre
cumutativos e aleatórios
Esta classificação é restrita aos
contratos onerosos uma vez que
toma sempre por base a
possibilidade de existencia de
atribuições patrimonias. O
contrato diz-se comutativo
quando, ambas atribuições
patrimonias se apresentem como
certas e diz-se aleatório quando,
pelo menos , uma das atribuições
patrimonias se apresente como
incerta, quer quanto à sua
existência, quer quanto ao seu
conteúdo.
Ex: os contratos aleatórios são os
jogo e aposta (1245), de renda
vitalícia (1238).
Classificação dos contratos nominados e inominados

Diz-se nominado quando a lei o recebe como categória


jurídica atráves de um nomen iuris e diz-se innominados
quando a lei o designa atraves de um nomen iuris, não o
reconheçendo assim nas suas categorias contratuiais.

Esta classificação não se confunde, entre os contratos


tipicos e atipicos . Diz-se tipico, quando o seu regime se
encontra previsto na lei, sendo atipico, quando tal não
sucede.

Os contratos nominados podem ser tipicos e atipicos. O


contrato inominado é sempre atipico. Assim a compra e
venda art 874 e a doação art 940 são contratos nominados
que são e tipicos, uma vez que além, de possuirem um
nome, tem estabelecido um regime jurídico na lei. Outros
contratos, como a hospedagem, são contratos nominados
e atipicos, pois a pesar da lei os reconheçer como
categorias jurídicas ( art 755 b) não estabelece qual é o seu
regime . Se as partes celebrarem um contrato que a lei
desconheça por completo, tratar-se-á de um contrato
inominado e atipico.

Atipicidade legal pode, porém, ocorrer relativamente a


certos contratos que a pesar, de não estarem regulados,
na lei são amplamente reconheçidos na prática jurídica,
levando que pela sua simples designação as partes
identifiquem um regime, que essa prática teria vindo a
impor. Fala-se nesses casos em tipicidade social, a qual
normalmente, acaba por desencadear um posterior
reconheçimento do contrato pelo legislador. É o que
sucede por ex: com os contratos de franchising. Nos
contratos socialmente tipicos poderá eventualmente
admitir-se a existência de verdadeiros tipos jurídicos,
sempre que a prática social reiterada, ligada a convicção
de obrigatoriedade , tenha feito surgido verdadeiras
normas de dto consuetudinário a estabelecer a regulação
desses contratos.
Contratos mistos

Denomina-se por contratos mistos aquele que reúne em si


regras de dois contratos total ou parcialmente tipicos,
assumindo-se dessa forma como um contrato atipico, por
não corresponder integralmente a nenhum tipo contratual
regulado por lei. Como, porém, a sua atipicidade resulta
da adopção de regras de dois ou mais contratos tipicos
põel-se um problema de conflito entre regimes aplicavéis,
o que justifica a autonomização do contrato misto.

É possível distinguir as seguintes categorias de contratos


misto:

Contratos multiplos ou combinados

Contratos de tipo duplo ou geminados

Contratos mistos strico sensu , cumulativo ou indirectos

Contratos não complementares

Os 1º são aqueles em que as partes estipulam que uma


delas deve realizar prestações correspondentes a dois
contratos tipicos distintos, enquanto a outra realiza uma
unica contraprestação comum. Ex: se alguém vender um
automovél a outrem e simultaneamente se comprometer
a conduzi-ló, contra uma unica contraprestação.

2º corresponde aqueles contratos em que uma partes se


encontra obrigada a uma prestação tipica de certo tipo
contratual, enquanto a contra parte se encontra obrigada
a uma contraprestação oriunda de outro tipo contratual.
Ex: alguém arrendar uma casa contra a obrigação da outra
parte serviços de limpeza do prédio.

3º aqui é usada uma estrutura própria de um tipo


contratual para preencher uma função tipica de outro tipo
contratual. Ex: alguém vender uma casa pelo preço de
1000 euros . A estrutura utilizada é tipica do contrato de
compra e venda , mais o preço é tão baixo ,
desempenhando o contrato proprio a função da adoação.
4º aque são adoptados os elementos essenciais de um
determinado contrato, mas aparecem acessóriamente
elementos de outro ou de outros contratos. Ex: a venda de
um automovel com a obrigação acessório de o vendedor
realizar a manutenção do veiculo.

Nos contratos mistos coloca-se com muita frequência a


questão da determinação pelo qual o regime que lhes deva
ser aplicado, uma vez que as partes, ao reunirem no
mesmo contrato regra de dois ou mais negocios total ou
parcilmente reguladas por lei, provocam sempre um
conflito de regimes legais potencialmente aplicavéis. A
doutrina tem apontado as seguintes soluções:

- a teoria da absorção ( Lotmar)

- da combinação( Rumelin e Hoeniger)

- analógia( Sereiber)

A 1ª vem defender que o conflito de regimes contratuais


suicitados pelos contratos mistos deve ser resolvido pela
opção a favor de um unico regime contratual, o qual
observaria as regulações respeitantes aos outros tipos
contratuais;

2ª vêm por outro lado, sustentar que o conflito entre os


regimes contratuais não deve ser resolvido pela opção a
favor de um deles, mas antes se deve realizar uma
aplicação combinada dos dois regimes;

3ª essa vem sustentar que o regimes dos conflitos


contratuais deve implicar a não aplicação de qualquer
deles, configurando-se por isso o contrato misto como um
contrato integralmente atipico, não regulado por qualquer
tipo contratual, mas apenas pela parte geral do dto das
obrigações.

Para o prof Menez Leitão, apenas a teoria da analogia


merece um afastamento liminar, efectivamente, defender
a exclusão simultánea da aplicação das regras dos dois
regimes implica desvirtuar a natureza do contrato misto.

A alternativa colocar-se à entre as teorias da obsorção e da


combinação. Destas soluções extraí-se um critério geral.
Assim, sempre que na economia do contrato misto, os
elementos pertencentes a um dos contratos assumirem
preponderância deve ser aplicado essencialmente o
regime desse contrato, o que corresponde a teoria da
absorção. Se, porém, não for possível estabelecer essa
prepoderância, a solução já deve ser ates a aplicação
simultania dos dois regimes, o que corresponde a teoria
da combinação. Face a este criterio parece
tendencialmente os contratos multiplos e combinados e os
contratos de tipo duplo ou geminado se regerão pela
teoria da combinação e os contratos comulativos ou
indirectos e os contratos complementeres pela teoria da
absorção.

O contrato promessa

Noção e regime aplicavél. Principio da equiparação.

De acordo com o n1 do art 410- é a convenção pelo qual


alguém ( uma parte ou duas) se obriga a celebrar novo .
Estamos perante a um contrato preliminar de outro
contrato que, por sua vez se designa de contrato
definitivo. Ambos n1 do 410,e tem as mesmas regaras . Ele
se caracteriza pelo seu objecto uma obrigação de
contratar( declaração negocial , a qual pode ser relactiva a
qualquer outro contrato). A celebração do contrato
promessa apresenta-se com muita frequência, na actual
vida economica.

Podemos assim qualificar o contrato promessa como um


contrato preliminar, que tem por objecto a celebração de
um outro contrato, constitui uma convenção autónoma
uma vez que se caracteriza por ter uma eficácia
meramente obrigacional, mesmo que o contrato definitivo
tenha eficácia real.
A pesar da autonómia entre os dois, a lei não deixou de
sujeitar, em principio o contrato promessa ao mesmo
regime do contrato definitivo n1 art 410. Que se denomina
pelo principio da equiparação. Efectua-se uma extensão do
regime do contrato definitivo ao contrato promessa,
sujeitando-se este , em principio ás mesmas regras que
vigoram para o contrato definitivo.

O principio da equiparação é objecto de duaa excepções:


as disposições relativas a forma;

As disposições que pela sua razão de ser não devam


considerar-se extensivas ao contrato promessa;

A 1ª excepção resulta que a forma do contrato promessa


não seja necessáriamente a mesma do contrato definitivo ,
o que peemite que ao contrato promessa seja atribuida
uma forma menos solene do que a que seria exigida do
contrato definitivo .

Quanto a 2ª excepção, ela implica o afastamento de todas


as disposições relativas ao contrato promessa, justificada
em função da configuração deste, e que não se
harmonizem com a natureza do contrato promessa.

Modidades de contrato promessa

Pode ser classificação em contrato promessa unilateral ou


bilateral, pois apenas uma das partes se vincula a
celebração do contrato futuro ou essa vinculação ocorra
para ambas as partes. Como por exeplo do contrato
bilateral, teriamos o caso de alguém prometer vender a
outrem determinado imovél por certo preço a outrem, e
esse outrem se comprometer a comprar-lho. Contratos
promessa unilaterais, teriamos o caso de alguém se
comprometer, da mesma forma, a vender o imovél por um
certo preço, mas a outra parte não se comprometer a
comprar-lho, ficando livre de o fazer ou não.

O contrato promessa unilateral pode ser remunerado, o


que sucede sempre que a outra parte assuma a obrigação
de pagar ao promitente determinada quantia como
contrapartida pelo facto de se manter durante certo
tempo vinculado à celebração de um contrato ( preço de
imobilização em qualquer caso), no contrato promessa, a
lei considera que o dto a celebração do contrato definitivo
apenas deva poder ser exercido dentro de um prazo
limitado, pelo que, sempre que as partes não o estipulem,
é possível ao promitente fixar à outra parte um prazo para
o exercício do dto, findo qual este caducará art 411.

Forma do contrato promessa

A forma do contrato promessa é precisamente um dos


campos não abrangido pelo principio da equiparação de
regime com o contrato definitivo n1 art 410.
Relativamente à forma, o contrato promessa segue, por
esse motivo, o regime geral que se baseia na liberdade de
forma art 219. Principio da consensualidade.

Há, no entanto uma importante excepção, referida no n2


do art 410, que nos refere que quando a lei exige um
documento, autentico ou particula, para o contrato
prometido é tbém exigido documento para o contrato
promessa, bastando, porém, um documento particular,
ainda que o contrato prometido exija um documento
autentico. Assim o contrato promessa de compra e venda
de um imovél, sujeita por lei a escritura pública (875) pode
realizar-se por simples documentos particular. A exigência
de forma escrita para o contrato promessa não é
naturalmente preenchida com a simples outorga de um
recibo de sinal.

Nos termos do art 410/2, o referido domumento tem que


ser assinado apenas pela parte que vincula a celebração do
contrato definitivo. Assim se o contrato promessa for
unilateral, só terá que ser assinado pelo promitente,
apenas se existindo a assinatura de ambos os contrato
promessa bilaterais.
Uma questao igualmente suscitado controvérsias desde a
entrada em vigor do cc tem sido a de averiguar se o
contrato promessa bilateral, que seja asdinado apenas por
um fos promitentes , pode ser valido como promessa
unilateral, permitindo a subdistencia da obrigacao por
parte de quem assinou o documento. A doutrina tem se
dividido sobre esta questao, podendo ser assinalado as
seguintes posições principais:

4.7.6. Eficácia real do contrato-promessa

O contrato-promessa tem, em regra eficácia, obrigacional,


é res inter alios act em relação a terceiros.

Mas a lei permite a sua eficácia real sendo referente a


bens imóveis ou móveis sujeitos a registo.

É precisamente o art. 413º CC que admite que as partes


possam atribuir eficácia real a sua promessa,

tanto de alienação como de oneração dos bens imóveis ou


móveis sujeitos a registo (automóveis,

barcos, aviões, comboios), mas para que essa promessa


tenha essa eficácia é preciso que conste da

escritura pública.

O incumprimento do contrato-promessa não afecta


terceiros, o promitente faltoso tem apenas que

indemnizar a parte ofendida, mas o negócio feito em


violação da promessa não é afectado, não é

ferido de qualquer invalidade ou ineficácia, produz a


plenitude dos seus efeitos tanto nas relações

entre o alienante e o adquirente dos bens (beneficiário da


oneração), como entre o promitetente o

promissário. É possível transmitir os dtos decorrentes


provenientes de um contrato promessa a terceiro, estes
são transmissíveis de acordo com o art 412 tanto nos
mortes cause assim como entre vivos.

Ainda assim, esta eficácia real é entre as partes, porque


para que o seja perante terceiros, há um outro

requisito legal: o registo dessa promessa.

Portanto, a promessa de alienação/oneração de imóveis


ou móveis sujeitos a registo gozará de

eficácia real, tanto entre as partes como perante terceiros,


se tiver sido feita em escritura pública e

tiver sido levada ao registo. Neste caso, a violação da


promessa está ferida de ineficácia ou invalidade

na relação entre o alienante e o adquirente.

Deste modo, não há eficácia real ou seja não pode haver


eficácia real da promessa em relação a bens

móveis não sujeitos a registo. Só com relação a bens que


têm um sistema de publicidade devidamente

montado, que permite assim proteger eficazmente


interesses de terceiros.

a) a teoria da transmissão automatica desse contrato em


promessa unilateral

A tese da nulidadd total do contrato

A tese da conversão

A tese da redução art 292

4.7.6. Eficácia real do contrato-promessa

O contrato-promessa tem, em regra eficácia, obrigacional,


é res inter alios act em relação a terceiros.
Mas a lei permite a sua eficácia real sendo referente a
bens imóveis ou móveis sujeitos a registo.

É precisamente o art. 413º CC que admite que as partes


possam atribuir eficácia real a sua promessa,

tanto de alienação como de oneração dos bens imóveis ou


móveis sujeitos a registo (automóveis,

barcos, aviões, comboios), mas para que essa promessa


tenha essa eficácia é preciso que conste da escritura
pública.

O incumprimento do contrato-promessa não afecta


terceiros, o promitente faltoso tem apenas que indemnizar
a parte ofendida, mas o negócio feito em violação da
promessa não é afectado, não é ferido de qualquer
invalidade ou ineficácia, produz a plenitude dos seus
efeitos tanto nas relações entre o alienante e o adquirente
dos bens (beneficiário da oneração), como entre o
promitetente o promissario. Entre o alienante e o
adquirente dos bens (beneficiário da oneração), como entr
promitetente e o promissário.

Ainda assim, esta eficácia real é entre as partes, porque


para que o seja perante terceiros, há um outro requisito
legal: o registo dessa promessa.

Portanto, a promessa de alienação/oneração de imóveis


ou móveis sujeitos a registo gozará de

eficácia real, tanto entre as partes como perante terceiros,


se tiver sido feita em escritura pública e

tiver sido levada ao registo. Neste caso, a violação da


promessa está ferida de ineficácia ou invalidade

na relação entre o alienante e o adquirente.

Deste modo, não há eficácia real ou seja não pode haver


eficácia real da promessa em relação a bens
móveis não sujeitos a registo. Só com relação a bens que
têm um sistema de publicidade devidamente

montado, que permite assim proteger eficazmente


interesses de terceiros.

4.7.7 Transmissibilidade dos direitos.

Os direitos e obrigações decorrentes de contrato-


promessa podem ser:

 Pessoais - promessa de mandato, promessa de


arrendamento, promessa de constituição de

locatário a outrem, promessa de usufruto. Estes não são


transmissíveis.

 Não pessoais ou patrimoniais - transmissíveis segundo


regras gerais de transmissão das

posições credor e devedor (577º e ss).

A lei reconhece ao contrato-promessa o carácter de intuíto


personae, pelo que não impede que morto

o respectivo sujeito, os herdeiros não sejam chamados à


assunção da sua posição na acção.

Portanto, nos termos do art. 412º CC, a posição contratual


advinda do contrato-promessa transmite-se

por acto entre vivos e mortis causa, em tudo o que não


diga respeito a direitos e deveres de natureza

estritamente pessoal.

A transmissibilidade mortis causa dos efeitos do contrato-


promessa têm a sua sede no Direito das

Sucessões, em que se diz (2024º CC) que a titularidade das


relações jurídicas patrimoniais de uma

pessoa falecida - no âmbito das quais cabe naturalmente a


relação proveniente da promessa (de
contratar), passa para a titularidade das pessoas chamadas
à sucessão.

Acrescenta ainda que não constituem objecto da sucessão


as relações jurídicas que devem extinguir-

se por morte do respectivo titular, em razão da sua


natureza ou por força da lei (direitos e obrigações

pessoais).

Portanto, os direitos e as obrigações resultantes do


contrato-promessa são, em tese geral,

transmissíveis, salvo nos casos em que forem


exclusivamente pessoais.

4.8. Sinal

O uso do contrato-promessa deve ser articulado com o do


sinal, que é uma cláusula acessória dos

contratos onerosos, mediante a qual uma dessas partes


entregou à outra, na hora da celebração, uma

coisa tangível que pode ter natureza diferente da


obrigação contraída ou a contrair.

A celebração do contrato-promessa é muitas vezes


acompanhada de um sinal destinado a penalizar o

contratante inadimpliente: o sinal (442º, nº 2 CC).

Pode haver tanto nos contratos definitivos como


preliminares, tanto nos de prestação de coisa como

no de prestação de facto.

Sinal tanto pode ter por objecto coisa coincidente com a


prestação debitória como não.

O sinal não se confunde com a antecipação de


cumprimento ou prestação antecipada de cumprimento.

4.9. Pacto de Preferência


O pacto de preferência é um negocio juridico unilateral,
não é um contratos,pois uma parte é que é vinculada a
preferir na escolha, e a outra parte não tem obrigação de
preferir. O reconhecidos pela lei moçambicana e tem o

seu regime jurídico nos arts. 414 a 423º CC. Em termos de


noção, o pacto de preferência é a convenção pela qual
uma pessoa assume a obrigação

de dar preferência a outrem na venda de certa coisa. Do


presente tecto pode se entender que o pacto

de preferência só se aplica na compra/venda, mas sabe-se


que por força do art. 423º é aplicável

também a outros contratos, como sejam o arrendamento,


o aluguer, a prestação de serviços.

Por exemplo, António prometeu dar preferência ao


Bernardo no arrendamento da sua fracção

imobiliária, se decidir arrendar.

4.9.1. Caracterização

O pacto de preferência caracteriza-se por ser:

 Unilateral – quer dizer que só uma parte se compromete;

 Condicional - dependente da condição suspensiva de o


promitente decidir a vender e a outra

parte querer.

 Não se confunde com o contrato-promessa, porque nele


não há vinculação à celebração de

contrato.

4.9.2 Tipos ou espécies

O pacto de preferência admite dois tipos ou espécies,


como sejam:
 A preferência pactícia - decorrente do pacto ou
convencional;

 A preferência legal – decorrente da lei. A preferência


legal prevalece sobre a pactícia. Ex: A e

B são co-proprietários de uma viatura. B dá preferência a C


na venda da sua parte, a essa

preferência sobrepõe-se a preferência legal (1409º CC).

4.9.2 Forma - 415º CC

O pacto de preferência obedece ao princípio da liberdade


de forma, mas se o contrato futuro exigir

documento autêntico ou particular, o pacto deve ser


reduzido a escrito. Na prática, tem sido reduzida

a escrito para efeitos de prova.

4.9.3 Eficácia - 421º CC

o pacto de preferência tem em regra eficácia obrigacional,


mas pode, por acordo das partes, gozar de eficácia real. A
lei admite que ao dto de preferencia seja atribuida eficácia
real, desde que respeitando a bens imovél e imovéis
sujeito a registo, as partes explicitamente o estipulam,
celebrem o pacto de preferencia por escritura pública ou
quando não seja exigida essa forma para o contrato
prometido, por documento particular ou assinatura do
obrigado referindo a entidade eminente , data e nr do seu
documento de identificação e procedam á respectiva
incrição no registo art 421 e 423. Conforme o art 403 a
eficácia real consiste, na medida em que no momento da
celebração do contrato, ele chegue no ou ao poder do
destinatário, apois a transmissão da coisa é que se verifica
a eficácia real.

eficácia real se cumulativamente:


a) respeitar a bens imóveis ou móveis sujeitos a registo.

b) Constar da escritura pública.

c) Estiver registada

A venda pelo preferente da coisa objecto da preferência

Caso o preferente queira vender o bem, ele deve


comunicar ao titular do direito de preferência desse

projecto de venda e as cláusulas do respectivo contratde .


A atribuição a eficácia real ao pacto de preferencia coloca
o problema do seu eventual conflito com os dtos legais de
preferencia. A lei vem esclarecer esta questão ,
determinando que o dto convencional de preferencia não
prevalece contra os dtos reais de preferencia ( art 422) o
que corresponde a sua solução lógica , uma vez que não
faria sentido as partes atraves de convenção tivessesm a
possíbilidade de afectar dtos legalmente atribuídos.

A obrigação de preferência

A lei regulamenta a obrigação de preferência nos termos


do art 416/418. Este regime é aplicavéis também em
relação aos dtos legais de preferência.

A venda pelo preferente da coisa objecto da preferência

Caso o preferente queira vender o bem, ele deve


comunicar ao titular do direito de preferência desse

projecto de venda e as cláusulas do respectivo


contrato.Recebida a comunicação, o titular tem o prazo de
8 dias para se pronunciar, pois, pode ter-lhe sido

dado mais largo ou menos largo. Caso não se pronuncie o


direito caduca. Pronunciando-se exerce o direito.
Iniciaremos analisando o artigo 416.º CC Dispõe que, ao
pretender vender a coisa objecto da preferência, deve o
preferível comunicar o preferente do projecto de venda e
das cláusulas e condições contratuais. Recebida a
comunicação, deve o titular da preferência exercer o seu
direito, sob pena de caducidade, no prazo de 8 dias ou
qualquer outro que se tenha convencionado. A regra
estabelecida em lei é questionada quanto a sua clareza pela
doutrina. São levantadas algumas dúvidas interpretativas,
dando azo a discussão doutrinária neste âmbito.

O primeiro questionamento feito pela doutrina refere-se à


notificação da preferência. Estabelece a lei que ‘o obrigado
deve comunicar ao titular do direito .

No pacto de preferência é possível a ou é transmissível para


outros dtos de acondo com o art 417. Do cc.

Subsecção III

Gestão de negócios

Sobre esta fonte das Obrigações, verifique no Código Civil:

a) Os requisitos e as modalidades;

b) As relações entre o gestor e o dono do negócio;

c) As relações entre o gestor e terceiros;

d) As relações entre o dono do negócio e terceiros;

Sobre a mesma figura, vide, na literatura jurídica, os


aspectos gerais e a natureza jurídica da figura.

1. Generalidades

A noção legal de gestão de negócios consta do art. 464º.


Alguém sem autorização actua no âmbito da

esfera jurídica de outra pessoa.

Assim, estando uma pessoa (dono do negócio, dominus


negotii) impossibilitada de gerir o seu

património ou de praticar certo acto que respeita à sua


esfera jurídica, i.e, não podendo zelar pelos

seus interesses, um terceiro (gestor), em princípio de


modo desinteressado, imiscui-se na esfera
jurídica do impossibilitado, tomando as medidas
necessárias, sem ter sido autorizado.

Por exemplo, cuidar da casa que está a ameaçar ruir; pagar


o imposto ou outra divida que se vence em

certa data; vender a colheita agrícola no melhor momento.

A impossibilidade de o dominus actuar (absentia domuni)


parece ser um pressuposto de aplicação da

figura da gestão de negócios, apesar de o art. 464º não se


pronunciar a esse respeito; a questão é,

porém, debatida. 2. Requisitos e modalidades

1) Alguém assume a direcção de negócio alheio

Negócio em sentido amplo, podem ser actos jurídicos ou


materiais. Negócio alheio no sentido de

interesses alheios.

A alienidade pode ser objectiva – quando o gestor actua


sobre bens que pertencem ao dominus – ou

subjectiva – quando os actos de gestor, aos olhos de um


terceiro, diriam respeito apenas ao gestor,

mas é sua intenção fazer os seus efeitos repercutirem-se


na esfera do dominus (p. ex., se o gestor

adquire um bem com vista a transmiti-lo ao dono do


negocio).

2) Sem autorização

Não pode existir uma norma que lhe permita, imponha ou


proíba esta específica actuação na esfera

alheia. Noutra perspectiva, não pode vigorar já entre o


gestor e dominus um contrato ou outra relação

jurídica que enquadre a actuação do gestor. Na verdade,


se já vigorasse entre gestor e dominus um
conjunto de regras jurídicas aplicáveis àqueles actos, o
instituto da gestão de negócios seria supérfluo,

entraria mesmo em conflito com essas regras.

O gestor não pode estar habilitado a actuar: por contrato


(p. ex., mandato); por negócio unilateral (v.

g., procuração); ou por força da lei (p. ex., representação


legal).

Importa contrapor quatro figuras: representação,


procuração, mandato e gestão de negócios.

Representação voluntaria235 e representação legal,


relacionada com incapacidades do representado236.

O representante actua em nome do representado e o acto


produz efeitos imediatamente na esfera

jurídica deste.

A procuração é o acto pelo qual se atribuem,


voluntariamente, poderes de representação237.

O contrato de mandato, regulado nos arts. 1157º e ss.,


apresenta similitudes com a gestão de

negócios. O mandatário obriga-se a praticar actos jurídicos


por conta do mandante (não actos

materiais). Sendo o mandato com representação238, ao


mandatário foram conferidos poderes de

representação para a prática dos referidos actos jurídicos


por conta do mandante. No caso do mandato

sem representação239, o mandatário age em nome


próprio por conta do mandante, devendo transferir-

lhe os direitos adquiridos. Apesar de o mandato respeitar


apenas à prática de actos jurídicos, deve notar-se que, em
princípio, as regras desse tipo contratual valem também
para a multiplicidade de
contratos de prestação de serviços atípicos, por força da
remissão constante do art. 1156º.

Nestas três figuras há um título que habilita alguém a agir


na esfera jurídica de outrem. Na gestão de

negócios falta esse título, a autorização.

3) O gestor deve agir no interesse e por conta do dono do


negócio

O gestor não pode ter sido impedido pelo dono do negócio


de agir, pois se o dominus não quer a

acção, será ilícita a gestão de negócios; não se pode


recorrer à gestão de negócios contra a vontade do

dono do negócio.

O gestor não é obrigado a agir, mas se o fizer tem de ser


no interesse do dominus. As regras da gestão

de negócios aplicam-se directamente na eventualidade de


o gestor, além de agir objectivamente no

interesse do dominus, também ter a intenção e


consciência de que o faz. Nos casos de gestão de

negócio alheio julgado próprio, o art. 472º determina,


contudo, que se apliquem as regras da gestão de

negócios se o dominus aprovar a gestão. Nos casos de


gestão de negócios imprópria, ou seja, quando

alguém gerir bens alheios visando apenas o seu próprio


interesse, parece que art. 472º será aplicável

analogicamente.

A actuação no interesse do dominus negotii implica que,


objectivamente, no momento em que o

gestor inicia a actividade, a sua actuação deva ser vista


como útil para o dono (p. ex., reparar a casa
que ameaça ruir). Sendo a actuação, de início, inútil ou
nociva não há gestão de negócios (requisito

do utiliter coeptum); mas nada impede que da gestão de


negócios venham a resultar prejuízos para o

dominus. Esses prejuízos podem, todavia, vir a ter efeitos


em sede de responsabilidade civil240 e de

remuneração241 do gestor.

A gestão de negócios pode ser desenvolvida também no


interesse do gestor, desde que o interesse

deste não seja exclusivo (gestão conexa). Assim, a gestão


pode ser exercida no interesse exclusivo do

dominus negotii (gestão simples) ou, cumulativamente, no


interesse deste e do gestor (gestão conexa);

pelo contraio, não há gestão de negócios – mas sim gestão


imprópria – se o interesse for exclusivo do

gestor. Sublinhe-se, contudo, que a determinação das


obrigações do dominus perante o gestor242, e

vice-versa, é mais difícil e discutível nos casos de gestão


conexa.

É preciso frisar que, quando se discute se há ou deve haver


uma actuação no interesse do dominus, só

se tem em conta a actividade de gestão em si mesma


considerada. Por exemplo, a intenção prevalecer gestor
pode ser exclusivamente receber uma remuneração243,
mas isto não impede que os seus actos,

em si mesmos, visem exclusivamente, para efeitos do art.


464º, o interesse do dominus. Note-se o

paralelo com a situação do mandato: um advogado, v.g.,


pode agir apenas com a motivação de ganhar
dinheiro, mas os seus actos de advocacia devem visar
sempre e só o interesse do mandante (o cliente),

sob pena de haver violação do contrato.

A gestão é exercida por conta do dominus, tal como no


mandato, porque os seus efeitos, ainda que

mediatamente, se destinam à esfera jurídica do dono.

Como modalidades de gestão de negócios pode indicar-se:

 Gestão de negócios mediante a prática de actos


materiais versus realização de actos jurídicos;

 Gestão de negócios simples versus conexa (a que se


aludiu anteriormente);

 Gestão de negócios representativa versus não


representativa244.

Esta última contraposição é uma classificação que respeita


só à gestão de negócios mediante a prática

de actos jurídicos. Sendo a gestão representativa, o gestor


actua em nome do dominus; negoceia com

terceiros em nome do dono do negócio. Actuar em nome


de outrem significa praticar actos jurídicos

declarando que os seus efeitos não se repercutem na


esfera jurídica do declarante, mas sim na de outra

pessoa. A esta declaração chama-se contemplatio domini.


Por exemplo, celebrar um contrato em

nome de outrem significa que, no momento da celebração,


se declara que a parte nesse contrato não é

o declarante, mas outra pessoa. No caso de gestão não


representativa, o gestor actua em nome próprio

nos negócios que celebra com terceiros. Na dúvida, para


qualificar a gestão como representativa ou
não representativa importa atender às regras de
interpretação das declarações negociais245, em

particular as declarações negociais emitidas pelo gestor na


negociação com o terceiro.

3. Regime

a) Relações entre gestor e dono do negócio

Os deveres do gestor encontram-se enumerados no art.


465º.

Alínea a):

Deve agir no interesse do dominus negotii e de acordo


com a vontade real ou presumida deste. O

gestor só pode agir em benefício e não em prejuízo do


dono., respeitando a vontade, real ou

presumida, deste. Havendo contradição entre o interesse e


a vontade do dominus o gestor deve abster-

se de intervir. Nalguns casos, todavia, a abstenção de agir


pode não ser viável (p. ex., porque causaria

grave dano ao dominus). Nessas situações, parece que a


vontade do dono do negócio deve prevalecer e sobre o seu
interesse, já que o direito privado é essencialmente uma
ordem de liberdade. Para usar

uma «máxima» pouco rigorosa, mas sugestiva: cada um é


quem melhor avalia os seus interesses. Há

argumentos constitucionais em favor desta preferência


pela vontade.

Ainda que de acordo com o interesse e a vontade do dono,


a gestão não pode ser contrária à lei, aos

bons costumes ou à ordem pública.

Alínea b):
Da gestão de negócios emergem direitos e deveres para os
interessados (gestor e dominus) e, por isso,

é uma forma de constituir obrigações. Mas como não


pressupõe autorização nem conhecimento do

dono, iniciada a gestão o gestor deve avisar o dominus


logo que possível de que assumiu a gestão.

Alíneas c), d) e e):

Recorrendo à analogia com regime estabelecido para o


mandatário246, sobre o gestor impedem

deveres relativos à intervenção na esfera jurídica alheia.

Há liberdade por parte do gestor de assumir a gestão de


negócio alheio, mas iniciada a gestão o gestor

deve prossegui-la, sendo responsável pela injustificada


interrupção247. Quando, porem, a gestão

inclua uma multiplicidade de actos cujos valor e utilidade


não dependam uns dos outros (p. ex., a

gestão de uma empresa), sobretudo quando a gestão se


prefigure de duração indefinida, o gestor não

pode ficar «eternamente» vinculado. Nesses casos, o


gestor poderá interromper a gestão, fazendo

cessar a situação jurídica que não pode perdurar


indefinidamente. Necessário será que essa

interrupção não torne inúteis os actos já praticados nem


seja feita em condições em que um outro

possível gestor de negócios tenha ficado impedido de agir.

O gestor também é responsável pela sua actuação culposa


no decurso da gestão248. A

responsabilidade pressupõe culpa do gestor, em particular


pelo facto de ter agido em
desconformidade com o interesse ou a vontade (real ou
presumida) do dominus negotii. Também

haverá responsabilidade por actuação culposa no exercício


da gestão, em termos idênticos aos do

mandatário (p. ex., em caso de falta ou deficiente


prestação de contas).

O art. 466º, nº 2, recorrendo a uma presunção iuris et de


iure, considera culposa a actuação do gestor

em desconformidade com o interesse ou a vontade, real


ou presumível, do dono do negócio.

A responsabilidade é obrigacional, na medida em que


advêm da violação de deveres específicos,

aplicando-se, por isso, as regras especiais constantes dos


arts. 798º e ss., nomeadamente no que

respeita à presunção e determinação da culpa (não se


justificando a diferença entre a gestão altrunegócios
profissional). Porem, sendo vários os gestores a
responsabilidade é solidária249, à imagem do que

ocorre em sede de responsabilidade aquiliana250. Em


suma, estar-se-á perante uma situação de

responsabilidade obrigacional, a que – na ausência de


previsões concretas251 – se aplicam as regras

gerais dos arts. 798º e ss.

Esta tomada de posição é, contudo, controversa.


Argumenta-se em sentido contrário que, quando,

como é frequente, os danos causados pelo gestor não


respeitem ao facto de o interesse do dominus na

gestão não ter sido cabalmente satisfeito, mas sim à lesão


de direitos absolutos (como a propriedade
ou a integridade física do dono) preexistentes à gestão, a
situação encontrar-se-ia especialmente

próxima da da responsabilidade delitual. Alguns autores


sustentam que o regime aplicável nestes

casos não seria contratual252, nem o regime


contratual253, mas antes um regime intermédio,
composto

por regras de cada um dos anteriores, de acordo com a


ratio dessas mesmas regras.

Por via de regra, atendendo à pressuposta intenção


altruísta do gestor, este não tem direito a receber

qualquer remuneração254. Como excepção a esta regra


pode indicar-se o caso em que a gestão

corresponde ao exercício da actividade profissional do


gestor (p. ex., intermediário financeiro que

actua no mercado, sem autorização, em beneficio de um


potencial cliente; empresa de reboques que

retira um automóvel acidentado da faixa de rodagem).

O dominus negotii tem como direitos os deveres do gestor


constantes do art. 465º e, alem disso, tem

direito a ser indemnizado pelo gestor nos termos


prescritos no art. 466º, se tiver sofrido danos devidos

a culpa do gestor.

Num plano diverso, cabe-lhe o direito de aprovar a


gestão255 e de ratificar os actos praticados pelo

gestor em gestão representativa256.

É essencial não confundir as figuras da aprovação e da


ratificação. A aprovação é um acto jurídico
próprio da gestão de negócios257, dirigido ao gestor,
relativo aos actos do gestor enquanto tais e com

efeitos nas obrigações entre gestor e dominus. A


ratificação não é uma figura própria da gestão de

negócios, mas sim da representação sem poderes. Só


surgem em sede de gestão de negócios se a

gestão de negócios também tiver tido (ou incluído) actos


de representação sem poderes (gestão

representativa). A ratificação dirige-se a terceiros, refere-


se a actos jurídicos (em regra, negócios jurídicos, maxime,
contratos) celebrados em nome do representado (dominus
negotii) e tem por

conteúdo a determinação de que os efeitos estipulados


nesses negócios jurídicos se produzam na

esfera jurídica do dominus. Numa fórmula sintética,


embora algo incompleta, podemos dizer que a

aprovação visa e se reflecte nas relações internas (entre


gestor e dominus), enquanto a ratificação visa

e se reflecte nas relações externas (entre o representado,


que no caso é o dominus e a contraparte no

negocio).

A aprovação da gestão implica:

 renúncia à indemnização;

 aceitação das obrigações próprias da gestão258:

 obrigação de reembolsar o gestor das despesas


indispensáveis por ele realizadas;

 obrigação de reembolsar o gestor dos prejuízos sofridos


por causa da gestão;

 obrigação de remunerar o gestor profissional.


Em caso de não aprovação da gestão importa distinguir:

 se a gestão foi regular, ou seja, exercida em


conformidade com o interesse e a vontade real ou

presumida do dominus negotii, as consequências são as da


aprovação259. Estas obrigações do

dominus resultantes da gestão regular (e que, portanto,


não dependem de aprovação) têm a

maior importância na compreensão da figura da gestão de


negócios. Se não fossem estas duas

obrigações, o instituto da gestão de negócios perderia em


certa medida a sua justificação, pois

outros institutos civis gerais (como a responsabilidade civil,


o enriquecimento sem causa, a

autonomia privada e a cláusula geral da boa fé)


conseguiriam resolver a maior parte dos

problemas aqui surgidos;

 se a gestão foi irregular:

 o gestor deve indemnizar o dono do negocio se tiver


havido danos resultantes de actuação

culposa;

 o dominus deve pagar ao gestor segundo as regras do


enriquecimento sem causa260.

É concebível, ainda assim, uma gestão regular em que o


gestor cause danos por actuação negligente

(tratar-se-á, nos casos mais comuns, de «danos laterais»),


situação em que ficará obrigado a

indemnizar.

Nada obsta a que a aprovação da gestão seja parcial, ou


seja que o dominus negotti só aprove parte da
actuação do gestor, ou aprove sem renunciar à
indemnização por danos sofridos. Se em consequência das
regras anteriores, gestor e dominus negotii estiverem
reciprocamente

obrigados a pagar uma quantia pecuniária, qualquer deles


pode invocar a compensação261.

A ratificação da gestão só pode ocorrer em caso de gestão


representativa. O dominus negotii assume

na sua esfera jurídica os efeitos do acto praticado pelo


gestor. À ratificação aplica-se o art. 268º262. A

forma da ratificação é a do acto jurídico praticado pelo


gestor (p. ex., escritura publica se se tratar da

venda de um imóvel). A ratificação tem eficácia


retroactiva, determinando que o acto, desde sempre,

tenha produzido efeitos na esfera jurídica do dominus


negotii. Se o dominus não ratificar, o acto

jurídico não produz quaisquer efeitos na sua esfera jurídica


(como, aliás, também não os produz

relativamente ao gestor; vd. infra). O terceiro que ajusta


um negócio com o gestor em gestão

representativa, até à ratificação, pode revogar ou rejeitar o


acto, excepto se sabia que o gestor não

tinha poderes e, ainda assim, contratou.

Na gestão não representativa não tem lugar a ratificação,


cabendo ao dominus, se aprovar a gestão ou

se ela tiver sido exercida em conformidade com o seu


interesse e vontade, exigir que o gestor lhe

transfira os direitos adquiridos em execução da gestão, em


moldes similares aos estabelecidos no
mandato sem representação263. De qualquer modo, como
já se indicou, o gestor deve transferir para o

dominus negotii os direitos e as obrigações emergentes


dos negócios celebrados. São aqui aplicáveis,

nos termos da remissão expressa do art. 471º, os arts.


1180º a 1184º.

b) Relações entre gestor e terceiros

Terceiros são aqueles que ajustaram negócios jurídicos


com o gestor e importa distinguir se a gestão

era representativa ou não representativa.

Gestão representativa:

 Os actos celebrados não produzem efeitos na esfera


jurídica do gestor, pois não foram

celebrados em seu nome;

 Verificando-se os respectivos pressupostos, o gestor


pode responder por culpa in

contrahendo264; o caso mais frequente é, porem, o de


responsabilidade do falsus procurator.

Gestão não representativa:

 Como o gestor actua em nome próprio, adquire os


direitos e assume as obrigações emergentes

do acto; é ele o titular dos direitos e obrigações, até ao


momento em que se dê uma eventual

transmissão dessas para o dominus. a

c) Relações entre dono do negócio e terceiros

É pressuposto que o gestor tenha celebrado negócios


jurídicos com terceiros.
Ratificado o negocio realizado em gestão representativa
este tem-se por celebrado, desde iniciuo,

entre o dominus e o terceiro.

Não tendo o negócio sido ratificado, é ineficaz em relação


ao dono.

Sendo a gestão aprovada ou exercida em conformidade,


cabe distinguir:

 Na gestão não representativa, transferem-se os direitos e


as obrigações para o dominus negotii,

que assume a posição de parte perante o terceiro.


Sublinhe-se, porem, que esta transmissão

não é automática; pelo contrário, depende de um acto


transmissivo265. A validade e eficácia

desse acto dependem da aplicação de regras gerais


respeitantes à transmissão de situações

jurídicas por negócio jurídico. Quanto à assunção da


posição de parte perante o terceiro, pode

relevar a distinção entre contratos de execução


instantânea e duradoura.

 se a aprovação respeita a forma exigida, pode ter


implícita a ratificação;

 caso contrario, a falta de ratificação implica a ineficácia


do negocio jurídico em relação ao

dominus;

 o negocio é ineficaz em relação ao dominus se este o não


ratificar;

 o terceiro, até à ratificação, pode revogar ou rejeitar o


acto excepto se sabia que o gestor

não tinha poderes e, ainda assim, contratou.


A eventualidade de a ratificação estar implícita na
aprovação não é necessária nem se afigura

frequente, dadas as diferenças entre as figuras. De


qualquer modo, a existência de uma ratificação

implícita na aprovação terá de ser determinada segundo as


regras gerais da interpretação dos actos

jurídicos266.

4. Natureza jurídica

Tradicionalmente, a gestão de negócios, sobretudo tendo


em vista os efeitos do art. 468º, era

entendida como uma forma de protecção acrescida de


uma pessoa, o gestor, que teria agido de modo

altruísta. É a configuração da gestão de negócios como


«recompensa do altruísmo». Esta tese ainda

pode ser lida em obras recentes. Contudo, é pouco


compatível com a estatuição do dever de

remunerar, quando o gestor é profissional, e com a própria


figura da gestão conexa (em que o gestor

age também no seu interesse). A relevância de inúmeros


aspectos objectivos, como o de que a actividade do gestor
seja desenvolvida no interesse do dominus, também retira
peso à consideração de

uma eventual motivação (predominantemente) altruísta.

Alguns autores fundam o regime da gestão de negócios


apenas em considerações político-legislativas

de utilidade. Os arts. 468º e ss. protegeriam o gestor como


forma de incentivo destas actuações, que

quase por definição, são socialmente úteis. Este raciocínio


diminui, neste âmbito, a relevância de
princípios jurídicos, em homenagem a uma ponderação
funcional (utilitarista), actualmente muito

desenvolvida nos estudos da chamada análise económica


do direito.

Supomos que a compensação da figura da gestão de


negócios não pode deixar de acentuar os

paralelismos, acima indicados, entre o seu regime jurídico


e o do contrato de mandato, bem como as

remissões de um a outro. Dado o disposto no art. 1156º,


há também analogia com outros contratos de

prestação de serviço. Contudo, a gestão de negócios, por


definição, não assenta em nenhum contrato

ou negócio jurídico unilateral. Pode, no entanto, observar-


se que, na maioria dos casos de gestão de

negócios, se o dominus e o gestor tivessem podido


comunicar um com o outro e o dominus não

pudesse agir por si, teria certamente sido celebrado um


contrato de prestação de serviço (com o gestor

ou com outra pessoa). Isto de acordo com um padrão de


normalidade. Na verdade, a gestão tem de

corresponder ao interesse (a à vontade) do dominus,


sendo certo também que interesse e vontade

tendem a coincidir. Ora, se o dominus quereria a actuação


do gestor, ele contraria essa actuação. Visto

isso, é razoável que se apliquem as regras que vigorariam


em caso de um contrato ter sido celebrado.

Aliás, a figura do «consentimento presumido»267, que


prevê casos que são de gestão de negócios

(ainda que não surjam os seus problemas específicos), é


manifestamente análoga à figura do
consentimento efectivo268. Assim sendo, sugere-se que o
instituto da gestão de negócios decorre de

um juízo analógico com um hipotético contrato.


Evidentemente, a lei teve de fazer algumas

adaptações, dado que as partes não tiveram oportunidade


de estipular o conteúdo e a medida da sua

vinculação. Esta analogia pode presidir à solução de alguns


dos problemas mais difíceis da gestão de

negócios. Nesses casos difíceis, devemos muitas vezes


(embora nem sempre) pensar: se as partes

tivessem celebrado um contrato de prestação de serviços,


qual o regime aplicável?

Na teoria clássica das fontes das obrigações, a gestão de


negócios era enquadrada na figura dos

quase-contratos (ao lado dos contratos, delitos e quase-


delitos). Esta construção é hoje tida por pouco

esclarecedora e pouco profunda, sem prejuízo da


proximidade atrás indicada entre a gestão de

negócios e um contrato.

A gestão de negócios assenta numa actividade de base


voluntaria, com consequências ditadas pela lei,

que, nalguns aspectos, podem ser controladas pela


vontade dos interessados. A vontade está, portanto,

claramente condicionada pelas consequências legais.


Enquanto fonte das obrigações, a gestão de

negócios é um acto jurídico simples. Enquanto instituto, é


uma figura autónoma, ao lado,

designadamente, do negócio jurídico, da responsabilidade


civil e do enriquecimento sem causa.
Gestão de negócios

1. Conceito

Nos termos do art. 464º do CC, há gestão de negócios,


quando alguém assume a direcção ou seja,

cuida de um assunto de outrem no interesse ou proveito e


por conta do titular do direito (ou do

possuidor), sem deste ter obtido a prévia autorização (não


necessariamente em nome – art. 471º)269.

Portanto, são seus requisitos: i) assunção da direcção de


“negócio” alheio; ii) actuação no interesse e

por conta do dono de negócio; iii) falta de autorização do


dono e iv) efeitos.

Da actividade de gestão resultam direitos e obrigações


tanto para o dono como para o gestor,

conforme consta do art. 465º e ss do CC.

Designadamente, o gestor deve: – avisar e informar o dono


– não interromper a gestão – actuar em

conformidade com o interesse e vontade real ou


presumida do dono – prestar, a final, os bens detidos

e as contas.

Se o dono aprovar a gestão, deve pagar ao gestor as suas


indispensáveis despesas e indemniza-lo dos

prejuízos (dano emergente e lucro cessante). Com a


aprovação renuncia ao direito de indemnização

pelos danos devidos a culpa do gestor (art. 470º).

Se o dono não aprovar, os seus deveres são função da


prova que o gestor faça da regularidade da sua

actuação (art. 468º).


a) O dono aprecia a gestão podendo aprová-la ou não. Não
aprovando … Aprovando-a …

b) Note-se, a aprovação consiste no reconhecimento de


todos os actos (materiais e jurídicos). A

ratificação concerne apenas aos negócios jurídicos


praticados em nome do dono.

2. Procedimento

 O gestor vai praticando os actos de gestão.

 Logo que puder comunicar-se com o dono do negócio,


avisa-o da assunção da gestão.

 Logo que se encontrar com ele presta contas, terminada


ou ainda em evolução essa gestão.

3. Disciplina jurídica

...

4. Direito Comparado

...

5. Efeitos e utilidade prática

...

Subsecção IV

Enriquecimento sem causa

1. Evolução histórica

O instituto de enriquecimento sem causa surge no quadro


do comércio jurídico, o que significa que

decorre das relações jurídicas que as pessoas estabelecem


no processo de troca de bens e serviços

para a satisfação das suas necessidades.


O instituto de enriquecimento sem causa tem como seu
fundamento o princípio do Direito Natural

segundo o qual ninguém deve beneficiar com prejuízo e


ofensa de outrem.

A sua génese encontra-se no Direito Romano, mas os


sistemas jurídicos deste derivados não o

consagraram logo na sua primeira codificação: foi omitido


na codificação civil francesa de 1804 e

também o foi na codificação civil italiana de … e na


codificação civil portuguesa de 1876 e só veio a

ser pela primeira vez consagrado no Código Civil alemão de


1896 – BGB – e no Código Civil

português de 1966. Entretanto, antes desta consagração, o


instituto era reconhecido e tinha um

desenvolvimento jurisprudencial a propósito de vários


casos dispersos noutros institutos270.

No Direito moçambicano, o instituto ingressou através da


recepção automática do Código Civil

português de 1966, no qual o mesmo encontra-se previsto


como uma das fontes das obrigações.

2. Designações

No plano legislativo e mesmo doutrinário, nos diferentes


sistemas jurídicos romanísticos, o instituto

assume várias designações, quais sejam, por exemplo, as


de enriquecimento sem causa,

enriquecimento injusto, enriquecimento indevido,


enriquecimento ilícito e ... locupletamento à custa

alheia.
No nosso desenho legislativo, o instituto está consagrado e
regulado com a designação de

enriquecimento sem causa, no art. 473º do CC e no plano


doutrinário são usadas todas as outras

designações, como sucede no Direito português, cujo


Código Civil herdamos.

3. Disciplina jurídica

Em Moçambique, o instituto do enriquecimento sem causa


consta do art. 473º e ss do CC, o que

significa que tem o seu tratamento ou regime jurídico nos


arts. 473º a 482º CC, configurando-se como

uma das fontes autónomas das obrigações, à semelhança


de contratos, de negócios unilaterais, da

gestão de negócios e da responsabilidade civil.

4. Requisitos de enriquecimento

i) enriquecimento de alguém; ii) a custa doutrém; iii) sem


causa justificativa.

Cumpre explicar.

A expressão “enriquecimento de alguém” traduz a ideia de


ingresso na esfera jurídica de uma certa

pessoa, de uma vantagem patrimonial proveniente da


esfera jurídica doutrem. Esse ingresso consiste

na transmissão de um direito ao enquecido, no


aproveitamento de um bem do emprobrecido, na

constituição de um direito ou na extinção de uma


obrigação.

O aludido enriquecimento pode ser directo ou indirecto,


sendo qualificado como directo quando se
obtem a vantagem de forma imediata e em conexão com o
empobrecimento de outrem sem que haja

intromissão do património de terceiro e indirecto quando


a vantagem é obtida mediata ou

indirectamente por via da intromissão de um terceiro e do


seu património.

A expressão “à custa alheia” ou doutrem traduz a ideia de


ser o enriquecimento decorrente de bens

alheios, de património doutrem em resultado do nexo de


causalidade entre esse enriquecimento de

alguém e o empobrecimento doutrem.

A expressão “sem causa justificativa” traduz a ideia da


existência de mais normas jurídicas que

justifiquem a atribuição271. Assim, se existe uma regra


que permite a atribuição, não há

enriquecimento272, se existe um contrato que permite a


reversão, não há enriquecimento sem causa273.

5. Modalidades ou tipos ou espécies

A lei prevê o instituto de enriquecimento sem causa em


termos globais mas a doutrina desdobra-o em

modalidades ou espécies, conforme ocorre na vida prática.


Assim, existem: i) enriquecimento por

prestação; ii) enriquecimento por intervenção; iii)


enriquecimento por despesas doutrém e iv)

enriquecimento com património intermédio.

Cumpre explicar.

Verifica-se o enriquecimento por prestação quando uma pessoa recebe uma prestação a que
não tem
direito porque não existe uma obrigação de que decorra esse direito: já não existe o
fundamento que

servia de base para essa prestação ou nunca chegou a ocorrer o facto a que se destinava a
prestação.

Diferentemente, o enriquecimento por intervenção verifica-se quando uma pessoa faz um

aproveitamento de coisa alheia sem que tenha justificação, como por exemplo o que sucede
quando A

ocupa a casa de B para fazer loja ou habitação sem autorização ou quando C publica a foto de D
sem

autorização deste. Não há aqui uma diminuição patrimonial do dono da casa ou da foto mas há

benefícios do enriquecido, quem age aqui é o enriquecido.

O enriquecimento por despesas doutrem é o chamado enriquecimento forçado. Consiste no


facto de ...

São casos previstos nos arts. 1214º, n.ºs 2 e 3, 1341º e 1342º do CC.

Por exemplo, um empreiteiro acordou com alguém a construção de uma casa rés-do-chão,
entretanto

por engano fez também o 1º andar; ou o caso em que A repara a cozinha e o teto da casa do B,

quando o acordo foi apenas para reparar a cozinha.

O enriquecimento com património intermédio consiste em haver um terceiro património que


produz

enriquecimento sem o empobrecimento de nenhum outro, mas ele próprio não enriquece nem

empobrece. É o caso de ...

6. Casos em que se aplica

Qualquer instituto jurídico aplica-se a determinados casos da vida. Assim, acontece com o

enriquecimento sem causa. Ele aplica-se a casos em que há valores indevidamente recebidos,

recepção de valores relativos a uma causa que deixou de existir, houve recepção de valores na
base de

um efeito que não se verificou.

O que fôr indevidamente recebido – Por exemplo, a entrega num restaurante, de 2000mt para
pagar

as despesas de um jantar convicto de que é isso quando são 1000mts e quem recebeu não dá
troco.

O que foi recebido em virtude de uma causa que deixou de existir – Por exemplo a
indemnização

paga ao dono de uma viatura roubada, por uma companhia de seguros, sendo depois
encontrada e

devolvida ao dono.

O que foi recebido com base num efeito que não se verifica – Por exemplo o caso em que o
PNUD

entregou um subsídio a um investigador para ir fazer pesquisas na Alemanha e este país vem a
negar-

lhe o visto.

7. Casos duvidoso.

Existem casos em que a doutrina qualifica como dúvidas. Ei-los: i) o Fiador paga a dívida do

afiançado julgando que este não cumprira – art. 645º CC; ii) depois de cessar o contrato de

arrendamento, o arrendatário continua a ocupar o local – art. 1045º; iii) António reablita um
imóvel

julgando ser de Bernardo quando é propriedade de Carlos – art. 1336º; iv) Bernardo recebe
uma

garrafa de vinho destinada a Carlos e bebe o vinho e v) José usa a viatura de corridas de
António sem

o consentimento e ganha a corrida e o prémio.

8. Natureza jurídica subsidiária


O problema da natureza jurídica de um instituto carece de ser explicado. O que é natureza
jurídica?

Aplicação imediata ou subsidiária? Ou ainda sui generis? Segundo o art. 474º este instituto é de

aplicação subsidiária ou seja, do último recurso.

Se a lei faculta ao empobrecido outros meios para fazer valer os seus direitos, não pode usar
este

instituto. Assim, se ele pode exigir indemnização por responsabilidade civil não pode a exigir a
título

de enriquecimento sem causa.

9. Consequências do enriquecimento indevido

Verificado o enriquecimento sem causa, a consequência é o dever do enriquecido de restituir


ou

repetir o que foi indevidamente prestado sem que seja obrigação natural – art. 6761º, n.º 1 CC,
o que

foi indevidamente recebido, em espécie – art.479º CC e se não for possível em valor


correspondente à

data – 480, als. a) e b) CC.

São exemplos do que foi indevidamente prestado e indevidamente recebido: i) a prestação


feita a

terceiro, sem que seja liberatória274; ii) a prestação feita antes da data de vencimento275; iii) a

prestação paga por erro276; iv) a prestação alheia paga277.

10. Prescrição

Como opera a repetição ou restituição? Através da interpelação extra-judicial e/ou judicial do

empobrecido ou seu representante ao enriquecido, o que deve ser feito dentro de um


determinado

prazo, que é de 3 anos desde o conhecimento, pelo credor ou empobrecido, do direito que lhe
assiste278. Não o exercendo no decurso deste prazo, o direito prescreve nos termos gerais do
Direito.

Portanto, o direito à restituição não pode ser exercido eternamente pelo seu titular, há um
limite.

11. Remissões de outros institutos.

Para além dos casos em que ele surge autonomamente, o instituto de enriquecimento sem
causa

aplica-se por remissão de outros institutos, como sucede na gestão de negócios279, na


impugnação

pauliana280, na impossibilidade de cumprimento de prestação281, na posse282, na


acessão283 e na

herança284.

Há também instituições que o tomam em conta sem remissão e remissões de Direito Público
paralícitos.

Responsabilidade Civil

Sobre esta fonte das Obrigações, vide na doutrina e na lei:

a) As características gerais;

b) A responsabilidade subjectiva e a responsabilidade objectiva;

c) A responsabilidade obrigacional e a responsabilidade extra-obrigacional;

d) A responsabilidade por factos ilícitos e a responsabilidade pelo risco;

e) A natureza jurídica da responsabilidade civil.

3.5. Responsabilidade Civil

3.5.1. Responsabilidade obrigacional e extra-obrigacional (ou, contratual e extracontratual)

3.5.2. Responsabilidade civil extra-obrigacional por factos ilícitos

3.5.3. Responsabilidade civil extra-obrigacional pelo risco (e objectiva)


3.5.4. Responsabilidade civil extra-obrigacional por factos lícitos

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