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transação, compromisso
e pagamento indevido
Transação
Entende-se por transação as concessões mútuas, feitas pelos interessados, para ter-
minar ou prevenir o litígio (CC, art. 840). A transação, portanto, pode ser extintiva (quan-
do se busca terminar litígio já existente) ou preventiva (quando a intenção é a de prevenir
o litígio, não deixando que se instale).
A transação é negócio jurídico solene e por isso deve ser ajustada por escrito,
adotando a escritura pública nos casos em que a lei a exige para a obrigação transigida
(CC, art. 842), e além disso é indivisível (art. 848), ou seja, se uma de suas cláusulas for
nula, toda a transação o será, por não haver como separar apenas a parte válida.
Deve haver dúvida sobre a relação jurídica sobre a qual se transige, caso contrá-
rio não se tratará de transação, mas sim de renúncia. Assim, por exemplo, se já existe
decisão judicial passada em julgado, mas uma das partes não a conhece, a transação será
nula, pois já não havia mais dúvidas sobre a relação (CC, art. 850).
Do compromisso
Compromisso é a convenção judicial ou extrajudicial para submeter o litígio à
apreciação de árbitros, só podendo ser firmado entre pessoas que têm capacidade para
contratar (CC, art. 851). Só se admite o compromisso quanto a direitos patrimoniais
disponíveis (art. 852), não sendo possível quanto a questões de estado da pessoa, de
direitos pessoais de família, ou outras que não sejam de caráter estritamente patrimo-
nial.
Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz, bastando que tenha a confiança das par-
tes (Lei 9.307/96, art. 13). Logo, não se exige do árbitro curso superior, ou alguma
formação especializada, ou qualquer habilidade específica: basta que seja capaz e que as
partes confiem nele. E nada impede que as partes escolham vários árbitros, em vez de
se contentarem com apenas um.
Além disso, é abusiva, nas relações de consumo, a cláusula que estipule a arbitra-
gem compulsória (CDC, art. 51, VII).
A sentença arbitral, ou seja, o laudo proferido pelo árbitro, faz coisa julgada. Se
condenatória, servirá como título executivo (Lei 9.307, art. 31). As partes não podem
recorrer ao Judiciário para modificar a decisão do árbitro, só podendo buscar a via judi-
cial se for nula a sentença, como por exemplo na hipótese de o árbitro ser incapaz (Lei
9.307, art. 33).
Pagamento indevido
O pagamento será indevido quando a dívida não existia (por exemplo, já havia
sido paga por outra pessoa ou era nula), se o solvens não era o verdadeiro devedor ou se
o accipiens não era o verdadeiro credor. Também se terá pagamento indevido no caso de
ser recebida dívida condicional antes de cumprida a condição (CC, art. 876).
Mas veja-se que é daquele que pagou voluntariamente o ônus de provar que o fez
por erro, pois poderia estar efetivamente praticando uma liberalidade.
pleitear-lhe a devolução, mas também não deverá ficar com o accipiens, e por isso deverá
reverter em favor de estabelecimento de beneficência, a critério do juiz (CC, art. 883,
parágrafo único).
Em relação à autonomia da vontade, convém observar que ela não é absoluta, sen-
do limitada pelas normas de ordem pública e pela função social do contrato, ou seja,
pela indispensabilidade de que o contrato cumpra a finalidade social a que se destina e
que seja mantido o equilíbrio contratual. A autonomia da vontade fica muito clara na
autorização, expressa no CC, para que as partes possam celebrar contratos atípicos (CC,
art. 425).
Quanto à relatividade das convenções, veja-se que em princípio os efeitos dos con-
tratos dizem respeito apenas aos próprios contratantes, não afetando terceiros que se-
jam estranhos ao pacto.
No que se refere à obrigatoriedade das convenções (pacta sunt servanda), ela é limita-
da pela cláusula rebus sic stantibus (teoria da imprevisão), ou seja, em princípio as partes
contratantes devem cumprir o contrato como foi ajustado, mas se por fato supervenien-
te e imprevisto uma das prestações se tornar excessivamente onerosa, poderá ser pedida
a revisão ou mesmo a extinção do contrato.
sobre o preço (CC, art. 482), pouco importando se a coisa já foi entregue ou se
o preço já foi pago. O contrato real, por sua vez, só se aperfeiçoa com a efetiva
entrega da coisa, como ocorre no contrato de comodato (art. 579). Mas não se
deve confundir o contrato real com o contrato de efeitos reais, que não existe no
nosso direito: no nosso ordenamento, todo contrato gera efeitos apenas obri-
gacionais, e não reais, ou seja, o contrato por si só não transfere o domínio,
gerando apenas a obrigação de transferi-lo.
■■ Paritários e de adesão: paritários são os contratos cujas cláusulas são elabora-
das por ambos os contratantes, que em situação de igualdade as discutem até
chegarem em um ponto que a ambos atenda. Os contratos de adesão, por sua
vez, são aqueles cujas cláusulas são elaboradas por apenas um dos contratan-
tes, sendo que ao outro cabe apenas aderir ao contrato ou não contratar, não
lhe sendo permitida a discussão das cláusulas.
Entre presentes, a proposta deve ser aceita na hora (ou dentro do prazo dado
pelo que a fez), senão libera o proponente. Mas veja-se que presente é aquele que pode
responder de imediato, o que inclui a resposta por telefone ou por meio de comunicação
semelhante (CC, art. 428, I).
Entre ausentes, por sua vez, a proposta deixa de ser obrigatória se não for
expedida no prazo a aceitação ou se junto com ela ou antes dela chegar a retratação do
proponente (CC, art. 428).
A oferta ao público será considerada como proposta, desde que contenha todos os
elementos do contrato (CC, art. 429), mas pode ser revogada pela mesma via por meio
da qual foi divulgada, se foi ressalvada essa faculdade pelo próprio proponente.
Sobre a aceitação, o aspecto mais importante a ser ressaltado é que ela deve im-
plicar uma adesão integral à proposta, pois se contiver alguma restrição, condição ou
modificação, na verdade não se tratará de aceitação, mas sim de uma nova proposta
(CC, art. 431).
Como já pudemos perceber acima, nosso Código adotou, como regra, a teoria
da agnição, subteoria da expedição (ou seja, o contrato entre ausentes se aperfeiçoa no
momento em que a aceitação é expedida), mas permite às partes elegerem a subteoria da
recepção (CC, art. 434), e nesse caso o aperfeiçoamento só ocorrerá quando a aceitação
for recebida pelo proponente.
Quanto ao lugar da formação do contrato, considera-se como tal o local onde foi
feita a proposta (CC, art. 435).
Da mesma forma, o promitente por nada responderá se o terceiro for o seu pró-
prio cônjuge, de cuja anuência depende a validade do ato praticado e se a indenização
puder recair sobre seus bens (CC, art. 439, parágrafo único).
Vícios redibitórios
São os vícios ou defeitos ocultos, já existentes no momento da tradição da coisa
adquirida em virtude de contrato comutativo ou de doação onerosa, e que tornam essa
coisa imprópria ao uso normal a que se destina ou lhe diminuem o valor.
O adquirente poderá enjeitar a coisa que contém o vício, pois o alienante tem o
dever de garantia da coisa alienada, de modo a que sempre seja mantido o equilíbrio das
prestações recíprocas. Logo, em se tratando do dever de manter o equilíbrio, a respon-
sabilidade do alienante não depende de sua boa ou má-fé, ou seja, não depende de se
perquirir se ele (o alienante) sabia ou não da existência do vício.
No entanto, há diferenças de ordem prática. Se não sabia, apenas terá que devol-
ver o valor pago pela outra parte e mais as despesas do contrato. Se sabia da existência
do vício, ou seja, se estava de má-fé, além do valor e das despesas, ainda terá que arcar
com o pagamento de perdas e danos (CC, art. 443).
O adquirente dispõe das chamadas ações edilícias: ação redibitória, cuja finalidade
é desfazer (redibir) o contrato, e ação estimatória (quanti minoris), cuja finalidade não é o
desfazimento do contrato, mas apenas a obtenção de abatimento no preço que foi pago.
A opção entre uma ou outra das ações é do adquirente, como se vê no artigo 442 do CC.
Para que se caracterize o vício como redibitório, ele deve existir ao tempo da
tradição, sendo irrelevante, para que se concretize a responsabilidade do alienante, que
a coisa venha a perecer quando já estava em poder do adquirente (CC, art. 444).