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Trabalho de Contratos – Universidade Positivo - Santos Andrade.

Integrantes: Guilherme Pansonato. Maurício Ramos, Vinicius Trentim, Otávio Cajueiro,


João Marcelo S. Siqueira, Eduarda Prodossimo.

Respostas do Questionário:

1. Sobre a boa-fé objetiva

a) A boa-fé objetiva pode ser explicada como sendo a regra de comportamento


desenvolvida entre as partes, de modo a não haver dano ou lesão à outra parte por conta
de atitudes errôneas e de caráter fora dos padrões que deveriam ser seguidos. Em outras
palavras, diz respeito ao estabelecimento de um dever moral entre as partes contratantes,
agindo sempre com lealdade, informação, cooperação e transparência, afim de que seja
celebrado de forma pacífica e de proveito mútuo.
Para que seja possível tal feito, o comportamento ético-jurídico possui, basicamente, 3
funções principais, quais sejam: a função de integrar o negócio jurídico estabelecido,
conforme o Art. 422 do Código Civil; realizar o controle e colocar limites de exercício de
direito; e realizar a função interpretativa (no bom sentido) das cláusulas. Ainda, sabe-se
que a boa-fé objetiva deve ser exercida em todas as fases do contrato celebrado, seja na
fase pré-contratual, em sua execução e na conclusão do mesmo.

b) Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região TRT-1 - Recurso Ordinário: RO XXXXX-


97.2009.5.01.0521 RJ.

No caso em tela, houve a infração ao princípio do não enriquecimento sem causa, assunto
este que é tratado no Art. 884 do Código Civil, do qual diz que quem, sem justo motivo,
enriquecer gerando danos ou perdas à outra pessoa, será obrigado a restituir o que foi
indevidamente obtido. E no presente caso, houve tal dedução de valores pagos a mesmo
título para que não houvesse a continuação da afronta ao princípio supracitado, de forma
a não permitir que uma das partes leve vantagem indevida. O princípio do não
enriquecimento sem causa compõe um dos princípios norteadores dos contratos e acordos
realizados entre as partes, sendo que seu desrespeito acarreta em nulidades absolutas, e
danos concretos à parte lesionada por tal fato.

c) Foi realizada a explicação anterior de forma técnica, mas, nem todos possuem a
obrigação de compreender como são as linguagens e jargões específicos de uma parcela
da população. De tal modo, faz-se necessária a explicação do item anterior de modo a ser
compreendido por demais parcelas populacionais.
O caso da jurisprudência anexada anteriormente, trata da afronta ao princípio do não
enriquecimento sem causa, que pode ser entendido como a vantagem que um dos
contratantes convém a si, de maneira em que o outro contratante acabe sendo danificado,
ou tenha certos direitos negados. Não é certo que ocorra este fato no meio de um contrato,
e portanto, esta ocorrência faz com que o contrato não possa ser levado a diante, fazendo
com que o mesmo se encerre. E no caso colocado em tela, a dedução de valores pagos a
mesmo título foi dada para que nenhuma parte fosse lesada, de modo em que a quitação
dos valores exercesse o contrato até o final. Caso não fosse oportunizada a dedução,
haveria a finalização do contrato, pois o princípio (que é um ordenamento básico e que
norteia as outras leis deste assunto) foi rompido.

2. Apontar os princípios clássicos. Quais são e qual seu significado.

Resposta – Dos princípios contratuais, podem-se citar os clássicos: autonomia da vontade,


obrigatoriedade dos contratos, relatividade dos efeitos do contrato e, consensualismo.

Assim como é essencial citar os modernos: função social do contrato, boa-fé objetiva e,
equilíbrio econômico.

Do significado – Autonomia da vontade:

• A autonomia da vontade prevê que todo e qualquer indivíduo, sendo pessoa física
ou jurídica, liberdade de contratar escolhendo com quem, o conteúdo e o porque
gostaria de celebrar o contrato, de forma que há total liberdade para o fazê-lo,
fazendo-o conforme sua escolha e sem interferência do Estado. Ainda, válido
ressaltar os contratos atípicos, que

• Obrigatoriedade dos Contratos cita que, se a autonomia da vontade permite que


haja a escolha de contratar ou não, a obrigatoriedade dos contratos obriga as
partes a cumprir o acordado, assegurando, a irreversibilidade da palavra
empenhada, criando assim, segurança ao negócio jurídico. Pacta sunt servanda,
os contratos devem ser cumpridos e não podem ser alterados nem pelo juiz sem
ter a concordância de ambas as partes contraentes.

• Relatividade dos efeitos do contrato, tem como premissa que o contrato somente
produzirá efeitos em relação aos contratantes, ou seja, àqueles que manifestaram
sua vontade vinculando-se ao conteúdo do contrato, não afetando terceiros nem
seu patrimônio. As obrigações vinculam-se também aos sucessores das partes,
caso haja necessidade para tal.

• O consensualismo prevê que o contrato se aperfeiçoa conforme o acordo entre as


partes, desde que seja devidamente aceito pelos integrantes, de forma que
contratos realizados pelo consenso das partes, não são solenes, ou seja, as partes
podem celebrar o contrato pela forma que melhor acharem adequado.

3. A “exceptio nom adimpleti contractus”, ou, “exceção de contrato não cumprido”,


é um instituto previsto nos artigos 446 e 447 do CC/2002. Resumidamente, cita
que uma das partes pode deixar de cumprir o contrato, se a outra parte também
não cumprir sua devida parte estabelecida no contrato, trata-se de um meio de que
a parte possa se defender, caso haja alegações de descumprimento do contrato,
argumentando que deixou de cumpri-lo pelo fato da outra ainda também não ter
satisfeito a prestação correspondente.

4. Em que consiste a cláusula resolutiva tácita? Qual sua sistemática e fundamento


legal.

R: A cláusula resolutiva tácita é estipulada pela própria lei e é aplicável à situação em que
as partes não tenham acordado claramente sobre a pertinência de determinadas
obrigações, ficando para posterior análise do contrato, sendo assim dependendo de
interpelação do juiz. Artigo 474, in fine, do Código Civil). Por isso, a sentença judicial
tem natureza constitutiva negativa, pelo fato de ser desfeito a relação de obrigação e o
respectivo contrato.
5. Órgão julgador: Tribunal Pleno
Relator(a): Min. THEMISTOCLES CAVALCANTI
Redator(a) do acórdão: Min. THOMPSON FLORES
Julgamento: 16/04/1969
Publicação: 10/04/1970

Ementa
CONTRATO DE PROMESSA DE VENDA. IMÓVEL NÃO LOTEADO.
CLÁUSULA RESOLUTIVA EXPRESSA. MORA DO DEVEDOR: QUANDO
DISPENSA SUA NOTIFICAÇÃO. EXEGESE DOS ARTS. 960 DO CÓDIGO
CIVIL E 14 E 22 DO DECRETO-LEI N. 58/1937. PRECEDENTES. RECURSO
CONHECIDO, MAS NÃO PROVIDO. VOTO VENCIDO.
Indexação
COMPRA E VENDA, IMÓVEL NÃO LOTEADO CLÁUSULA RESOLUTIVA
EXPRESSA, CONSTITUIÇÃO EM MORA. DIREITO CIVIL COMPRA E
VENDA PROMESSA DE CLÁUSULA RESOLUTIVA EXPRESSA.

https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/sjur127955/false

6. Das diferenças entre boa-fé objetiva e subjetiva:


A boa-fé subjetiva: Diz respeito à ignorância da parte sobre a existência de um
vício de consentimento, onerosidade excessiva ou qualquer outra vantagem ou
desvantagem implícita no contrato ou na conduta da outra parte.

A boa-fé objetiva: É a regra de conduta das pessoas nas relações jurídicas,


principalmente obrigacionais, com o dever de manter uma conduta característica
de boa-fé, assegurando o cumprimento do contrato, sem que haja vantagem,
desvantagem, onerosidade excessivos ou qualquer vício para uma ou mais partes
durante a formulação e execução do contrato, assegurando o respeito, igualdade,
com base em valores éticos e morais da sociedade, assim como aos deveres
anexos, como lealdade, transparência e colaboração, a serem observados em todas
as fases do contrato.
7. Indicar os princípios contratuais contemporâneos. Quais são e qual seu
significado?

R: - Função social do contrato: Este princípio constitui a inovação do Código Civil de


2002 e está consagrado no art. 421 que se discorre: “A liberdade do contrato será exercida
razoavelmente dentro da função social do contrato”. O artigo em questão refere-se à regra
de ordem pública, segundo a qual o contrato se destina a atingir fins sociais que não os
individuais. Negociar, portanto, ser funcionalizado e subordinado a interesses coletivos
ou sociais.

- Princípio da boa-fé: O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma


correta, não apenas durante a execução do contrato, mas também durante as tratativas.
Está previsto no art. 422 do Código Civil: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim
na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”.

- Princípio do equilíbrio contratual: Este princípio encontra-se presente no Código Civil


de 2002, e tem como fundamentos “a lesão e a revisão ou resolução do contrato por
excessiva onerosidade superveniente. Em ambos os casos, desempenha papel de limite à
rigidez do princípio da força obrigatória do contrato”

- Princípio da onerosidade excessiva: A onerosidade excessiva é um estado contratual que


ocorre quando uma situação fática se altera devido a um evento especial e imprevisível,
que se reflete diretamente no devido serviço, tornando o devedor indevidamente oneroso
enquanto a contraparte obtém um benefício exagerado.

Por fim, é preciso enfatizar que essa teoria é diferente da imprevisibilidade porque está
se baseia na imprevisibilidade, enquanto a primeira se baseia na desproporção.

8. Os princípios contratuais contemporâneos extinguiram os princípios clássicos?

R: Não extinguiram, tanto os princípios clássicos quanto aos contemporâneos são os mais
importantes e utilizados para o direito brasileiro atual que vivenciamos, os princípios
clássicos se constituem por: autonomia da vontade, obrigatoriedade dos contratos,
relatividade dos efeitos do contrato e, consensualismo; E os princípios modernos são
constituídos por: função social do contrato, boa-fé objetiva e, equilíbrio econômico. Entre
ambos são utilizados pelo direito brasileiro sem nenhuma exclusão.

9. A partir dos enunciados, para o direito, à função social, serve como forma para
resguardar os interesses de pessoa humana.
10. De acordo com o art. 187 do Código Civil, o ato cometido pela pessoa de direito,
não poderá ultrapassar os limites impostos pelo seu fim econômico/social da boa-
fé ou pelos bons costumes.

11. Acerca da função social do contrato o Ministro Edson Fachin dispôs do seguinte
trecho:

“Novos tempos traduzem outro modo de apreender


tradicionais institutos jurídicos. Não se trata de aniquilar a
autonomia privada, mas sim de superar o ciclo histórico do
individualismo exacerbado, substituindo-o pela
coexistencialidade. Quem contrata não mais contrata
apenas com quem contrata, eis aí o móvel que sinaliza, sob
uma ética contratual contemporânea, para a solidariedade
social”.

A função social do contrato se limita ao sentido orientador da liberdade de


contratar, onde o considera o pilar e espelho da sociedade brasileira contemporânea.

Entende-se que a sociedade está sempre em evolução, seja tecnológica, seja em


novos hábitos, meios de comunicação, consumo e entre outros. Desta forma é comum que
nasçam novos meios de obrigações e deveres, como por exemplo as operações com
moedas digitais, denominadas criptomoedas, ao surgirem foram realizadas novas
vinculações ao direito em prol de regularizar a nova operação oriunda do avanço
tecnológico. Sendo assim, Fachin em sua fala dispõe de que probidade e boa-fé são
princípios obrigatórios nas propostas e negociações preliminares, em ambos as etapas de
um instrumento, sendo no momento em que é firmado, em sua execução e após a
conclusão, exclusivamente, formal dos pactos.
Ainda no sentido de que a equalização entre justiça e segurança jurídica resulta
em compreensão do cenário jurídico. O maior desafio é traduzi-lo para enfrentar o cenário
futuro que não deve se restringir a velha escola por assim se dizer.

12. Do art. 5º do CPC brasileiro extrai-se o princípio da boa-fé processual, onde


“Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de
acordo com a boa-fé”.

Constituído como um dos pilares do direito, a boa-fé objetiva é um princípio segundo o


qual as partes devem agir com valores éticos e morais da sociedade, em decorrência deste
estende-se também a lealdade, transparência e colaboração.

Há duas faces da boa-fé, sendo: boa-fé objetiva e boa-fé subjetiva.

Boa-fé objetiva: prevista no Código Civil de 2002, vem no sentido de maior relevância
do princípio da boa-fé, pois esta direciona a conduta das partes, principalmente nas
relações negociais e contratuais.

Boa-fé subjetiva: prevista no Código Civil de 1916, relaciona-se com a intenção do sujeito
de direito.

13. O caso em questão é de um sujeito que homologa contrato de locação de duas


vagas de garagem para abrigar apenas um carro diante de uma empresa de
estacionamento.

O autor ingressou com uma ação de danos morais em virtude de rescisão unilateral
ao ser barrado de adentrar as localidades do estacionamento.

Diante do fato, o julgador decorre de que o objetivo firmado entre as partes,


locação de duas vagas de garagem com o objetivo de estacionar um único automóvel é
nulo de pleno direito, tendo em vista a ofensa diante dos princípios da boa-fé objetiva, da
solidariedade e da função social do contrato.

Por fim, entendemos corretamente aplicada a decisão tendo em vista a ofensa aos
princípios ofendidos e com base em que os princípios da força obrigatória dos contratos
e da autonomia da vontade encontram-se mitigados nos dias atuais para atender a função
social.

Assim, considerando-se o crescente aumento de automóveis circulando nas ruas,


a procura de garagens também segue nesse sentido, isto é, em virtude do aumento de
buscas por vagas de garagens ao automóvel da parte ocupar duas dessas vagas abrigando
somente um único automóvel vai em contrário dos anseios da coletividade e da função
social do contrato que tem escopo de proteger a dignidade humana em sua esfera
individual ou coletiva.

Jurisprudência: 20090110181209APC, Rel. Des. J. J. COSTA CARVALHO. TJDF.

O caso em questão é de que a parte ingressou com ação de busca e apreensão em


bem oriundo de alienação fiduciária onde a parte devedora invoca, por meio de apelação,
os princípios da dignidade humana e função social do contrato com objetivo de tornar
nulas algumas cláusulas contratuais.

A decisão foi desacolhida com base em que a financiada antes firmar o contrato
tinha conhecimento, inclusivo o valor exato de todas as parcelas que lhe incumbia pagar,
sem correções, não podendo destarte, após pagar algumas parcelas ajustadas, queixar-se
de ofensa à dignidade da pessoa humana, quando o contrato está restrito a sua execução.

Não há contraposição entre a função social do contrato e o princípio pacta sunt


servanda. O elemento informador da função social do contrato não impede que os
contratantes por livre vontade pactuem.

A decisão ao ponto de vista foi correta, tendo em vista que o CC/2022 prevê que
a liberdade de pactuação e a obrigatoriedade de cumprimento do disposto em contrato
não podem infringir o direito e muito menos os interesses coletivos. Assim, diante da
ausência de vontade de lesar o preceito da socialidade e operatividade, onde há a
combinação do individual com o social de forma que se complementem, atribuindo
validade e eficácia ao contrato.

TJSP, Ap 0016162-96.2009.8.26.0344/Marília, 28.ª Câm. de Direito Privado, j.


04.09.2012, rel. Des. Julio Vidal.
14. O art. 427, do Código Civil de 2002, dispõe:

“Art. 427 – A proposta de contrato obriga o proponente, se


o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do
negócio, ou das circunstâncias do caso”.

O sentido normativo conduz ao entendimento de que a proposta e aceitação


vinculam o sujeito que a expressa, nos exatos termos da expressão manifestada.

A proposta, independentemente de seu valor, poderá ser comprovada diante de


meios probatórios aceitos pelo Direito, e sua retirada resulta em obrigação de pagamento
de perdas e danos desde que passada a fase negocial.

A retirada da proposta será válida quando disposta expressamente nesta cláusula


de retirada a qualquer momento.

A aceitação é a manifestação da vontade que une os contratantes, criando o


vínculo jurídico. A partir de que expressamente manifestada a vontade, ocorre a formação
do contrato.

Ainda, o Código Civil prevê de que a aceitação não poderá sofrer alterações pois,
realizada passará a configurar uma nova proposta.

A partir de que configurada uma nova contraproposta, o proponente que realizou


a primeira proposta não terá mais obrigação de efetiva-la, sendo assim, atribui de forma
exemplificativa a “inversão das obrigações” no sentido de que aquele que realizou a
contraproposta tem a obrigação de cumpri-la desde que a parte manifeste o seu aceite.

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