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POSSE

Referências
FACHIN, Edson Luiz. A função social da posse
e da propriedade contemporânea: uma
perspectiva da usucapião imobiliária rural.
Porto Alegre: S.A Fabris, 1988.

GOMES, Orlando. Direitos Reais. 20ª ed. Rio


de Janeiro: Forense, 2010.
Referências
IHERING, Rudolf Von. Teoria simplificada da
posse. 2ª ed. Pinto de Aguiar (trad.). Bauru:
Edipro, 2002.

TORRES, Marcos Alcino de Azevedo. Posse e


propriedade. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2006. p. 295-317.
Referências
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de
direito civil: posse, propriedade, direitos reais
de fruição, garantia e aquisição.
Referências
ZAVASCKI, Teori Albino. A tutela da posse na
Constituição e no Novo Código Civil. Revista
Brasileira da Direito Constitucional, n. 5, p.
50-61, jan./jun. 2005
Considerações iniciais
Qual a relação com a coisa, é
proprietário? Alugou? Está
transportando por ordem de
alguém?
Atenção!

- Posse x propriedade
- Importância da distinção
- Detenção
Importância
prática
Efeitos da posse
a-) interditos possessórios
(manutenção, reintegração, interdito
proibitório)
b-) usucapião
c-) exercício do direito de retenção
Teorias
Possessórias
Teoria Subjetiva
corpus + animus
(Prevalência do
aspecto subjetivo)
Teoria Objetiva
Posse como corpus
(Exteriorização da
propriedade)
Teoria Objetiva
Noção de posse
associa-se a
utilização econômica
Teoria da
função social
Importância do uso
Posse no
Código Civil
Definição legal
CCB, art. 1.196.
“Considera-se possuidor todo
aquele que tem de fato o
exercício, pleno ou não, de
algum dos poderes inerentes à
propriedade”.
Projeto alteração do CCB ( 699/2011)
“Considera-se possuidor todo aquele
que tem o poder fático de ingerência
socioeconômica, absoluto ou relativo,
direto ou indireto, sobre determinado
bem da vida, que se manifesta através
do exercício inerente à propriedade ou
outro direito real suscetível de posse”
Enunciado 492 da CFJ (V Jornada de
Direito Civil – 2011)
A posse constitui direito autônomo em
relação à propriedade e deve
expressar o aproveitamento dos bens
para o alcance de interesses
existenciais, econômicos e sociais
merecedores de tutela
Detenção
Detenção em cada
uma das teorias...
Savigny - ausência de
animus

Ihering - definição legal


Hipóteses legais
1- Fâmulo da posse (CCB, art.
1198) - subordinação;
2- Atos de mera tolerância (CCB,
art. 1208)
“Art. 1.198. Considera-se detentor aquele
que, achando-se em relação de
dependência para com outro, conserva a
posse em nome deste e em cumprimento
de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a
comportar-se do modo como prescreve
este artigo, em relação ao bem e à outra
pessoa, presume-se detentor, até que
prove o contrário”.
Desdobramento
da posse
Desdobramento
da posse
Art. 1.197. “A posse direta, de pessoa
que tem a coisa em seu poder,
temporariamente, em virtude de direito
pessoal, ou real, não anula a indireta, de
quem aquela foi havida, podendo o
possuidor direto defender a sua posse
contra o indireto”.
Desdobramento da posse

- Posse direta: locatário, depositário,


usufrutário, comodatário
- Posse indireta
Questões
1. Posso ter um bem com mais de um
possuidor?
2. É possível duas ou mais pessoas
possuírem o mesmo bem, com mesmo
grau de possuidor?
3. É possível posse de mais de uma pessoa
com graus distintos?
Composse
- Noção: posse em comum da
mesma coisa (em mesmo grau).
- Exemplo: coerdeiros, os
condôminos.
- CCB, art. 1.199.
- Não confundir: posses paralelas
e composse
Exercícios
Atividade
Questões para
análise, a partir da
leitura dos arts. 1196
e seguintes do CCB
Exercício 1
Para investir no
promissor mercado de
Pet Shop de Chinchila,
Clodoaldo alugou
imóvel que pertence a
Dagmar e fez os
respectivos
investimentos para
caminhas, espaço de
banho, sala de
meditação animal.
Ocorre que no curso da relação
contratual Clodolado deparou-se
com a troca de chaves e pressão
de Dagmar, para saída do imóvel.

Preocupa-se em proteger o imóvel


no qual já fez investimentos.
Pergunta-se:
a-) É possível uma ação judicial
contra a locadora?
b-) Quem é o possuidor, o locador
ou locatário?
c-) A partir da resposta anterior,
explicar se o locatário poderá ou
não promover a reintegração de
posse?
Para pensar

Fim da locação pela venda do


imóvel.
Exercício 2
Raul é caseiro de uma chácara em
Campina Grande do Sul. Reside no
local desde 1995, juntamente com
esposa e filhos.
Questiona a respeito da
possibilidade de usucapir, se a ação
demora, se tá ganha e que
documentos deve trazer para tanto.
Exercício 2

É possível a usucapião pelo caseiro?


Apontar o fundamento teórico?
Explicitar o embasamento legal.
Relação de dependência
CCB, Art. 1.198. “Considera-se detentor aquele
que, achando-se em relação de dependência
para com outro, conserva a posse em nome
deste e em cumprimento de ordens ou
instruções suas”.
Parágrafo único. Aquele que começou a
comportar-se do modo como prescreve este
artigo, em relação ao bem e à outra pessoa,
presume-se detentor, até que prove o
contrário.
Efeito prático...
REsp 588714 / CE
-Limitação de medidas do locador em
face do locatário inadimplente

Referência:
STJ. REsp 588714 / CE. Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima. 5ª. Turma. DJ: 29/05/2006
RECURSO ESPECIAL. CIVIL.
LOCAÇÃO. AÇÃO DE DESPEJO
AJUIZADA POSTERIORMENTE AO
ABANDONO DO IMÓVEL PELA
LOCATÁRIA. POSSIBILIDADE.
OBJETIVO: EXTINÇÃO DA RELAÇÃO
JURÍDICA. RECURSO ESPECIAL
CONHECIDO E IMPROVIDO.
1. Celebrado o contrato de locação,
opera-se o fenômeno do desdobramento
da posse, pela qual o locador mantém
para si a posse indireta sobre o imóvel,
transferindo ao locatário a posse direta,
assim permanecendo até o fim da
relação locatícia.
2. Enquanto válido o contrato de locação,
o locatário tem o direito de uso, gozo e
fruição do imóvel, como decorrência de
sua posse direta. Nessa condição, pode o
locatário, sem comprometimento de seu
direito, dar ao imóvel a destinação que
melhor lhe aprouver, não proibida por lei
ou pelo contrato, podendo, inclusive, se
assim for sua vontade, mantê-lo vazio e
fechado.
3. As ações de despejo têm natureza
pessoal, objetivando a extinção do
contrato de locação, em razão do fim de
seu prazo de vigência, por falta de
interesse do locador em manter o
vínculo porque o locatário inadimpliu
qualquer de suas obrigações ou ainda
porque é de seu nteresse a retomada do
imóvel, por uma das causas previstas em
lei.
4. Hipótese em que, não existindo nos autos
prova de que o contrato de locação foi
rescindido, deve prevalecer a presunção de
sua validade, sendo vedado à locadora
retomar a posse do imóvel por sua livre e
espontânea vontade, ainda que a locatária
estivesse inadimplente no cumprimento de
suas obrigações, sob pena de exercer a
autotutela. O remédio jurídico, em tal caso,
nos termos do art. 5º da Lei 8.245/91, é o
ajuizamento da necessária ação de despejo.
Informativo nº 0412
19 a 23 de outubro de 2009.
Os recorrentes celebraram compromisso de
compra e venda de imóvel que ainda estava
financiado e hipotecado. Pagaram, então, o ágio e
se comprometeram a continuar a quitar as
prestações restantes. Contudo, havia cláusula, no
pacto, que permitia aos promitentes vendedores
continuar residindo no imóvel por mais dois anos.
Sucede que, após a celebração do compromisso e
antes que fosse levado ao registro, a recorrida
obteve a constrição do imóvel mediante penhora
em processo de execução referente à locação
afiançada pelos promitentes vendedores. Nesse
contexto, é necessário definir se os promitentes
compradores podem manejar embargos de
terceiro, nos termos da Súm. n. 84-STJ.
Anote-se que o Tribunal a quo reconheceu haver
posse indireta dos recorrentes, o que faz pressupor
uma transmissão ficta da posse mediante uma
espécie de constituto possessório, o que não pode
ser afastado sem reexame de prova ou cláusulas
contratuais (Súmulas ns. 5 e 7 do STJ).
conclui-se admissível a oposição dos embargos de
terceiros sob alegação de posse indireta referente a
compromisso de compra e venda sem registro.
Mostra-se inadequado acolher uma interpretação
mais restritiva do texto da citada súmula com o fim
de resguardar-se de eventual má-fé, visto que ela
pode ser adequadamente combatida pelo Poder
Judiciário. Precedentes citados: REsp 573-SP, DJ
6/8/1990; REsp 421.996-SP, DJ 24/2/2003; REsp
68.097-SP, DJ 11/9/2000, e REsp 64.746-RJ, DJ
27/11/1995. REsp 908.137-RS, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 20/10/2009.
CC, Art. 1.267. A propriedade das coisas não
se transfere pelos negócios jurídicos antes da
tradição.
Parágrafo único. Subentende-se a tradição
quando o transmitente continua a possuir
pelo constituto possessório; quando cede ao
adquirente o direito à restituição da coisa,
que se encontra em poder de terceiro; ou
quando o adquirente já está na posse da
coisa, por ocasião do negócio jurídico.

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