Você está na página 1de 7

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

DIREITO CIVIL 3
Profª Évelyn Cintra Araújo
Nome: Pedro Henrique dos Santos Oliveira
Turma: JUR3103 / C03

Atividade Sala invertida

I – DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA

1 É válida a venda de ascendente a descendente? E qual é o prazo para


anulá-la?
R: Segundo o CC/02, em regra, é anulável toda venda de ascendente para o
descendente, salvo se caso os outros descendentes e o cônjuge do
ascendente consentirem para tal ato. O prazo para se efetuar essa anulação,
de acordo com diversos entendimentos e jurisprudências, é decadencial pelo
período de 2 (dois) anos. Tem como principal base o artigo 179 do CC/02,
tratando esse assunto de maneira mais específica.

2 Enumere as pessoas/situações referentes à falta de legitimidade para a


compra e venda.
R: estão listados no artigo 497 do CC/02 as situações que se enquadram e não
possuem legitimidade para a compra e venda, sendo elas:
I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens
confiados à sua guarda ou administração;

II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a


que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;

III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros


serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar
em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a
sua autoridade;

IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam


encarregados.
3 É possível a compra e venda entre pessoas casadas? Fundamente na
lei.
R: De acordo com o artigo 499 do CC/02, torna-se possível a compra e venda
entre pessoas casadas, desde que os bens envolvidos sejam de fora e
excluídos da comunhão. Caso o bem envolvido na compra e venda entre
cônjuges esteja incluído da comunhão de bens do casal, a venda será
considerada nula.

4 Na venda de coisas conjuntas, como fica a disciplina do defeito oculto


em uma delas? Explique e fundamente no CC.
R: Com base no artigo 503, expresso no CC/02, é deixado claro que se
encontrado algum defeito oculto em uma ou mais coisas vendidas
conjuntamente, este defeito encontrado de maneira parcial nos objetos não
implicará da revogação total da venda. Porém, segundo a doutrina, é
imprescindível que se analise a possibilidade de o defeito dessa coisa afetar os
outros bens envolvidos naquele conjunto.

5 Quanto às espécies de venda, explique o que é a compra e venda ad


mensuram e a compra e venda ad corpus.
R: Compra e venda ad mensuram: é aquela em que o preço pago tem relação
com a exata dimensão da área.
Ex.: Fixação do valor por m2, fixação do valor do alqueire

Compra e venda ad corpus: É aquela que o sujeito adquire a situação em que o


indivíduo adquire uma coisa certa e determinada, porém o preço pago por essa
coisa não possui relação com a dimensão da área; há a possibilidade de
existência de uma pequena diferença com o que foi inicialmente estipulado.
Ex.: Casa, apartamento

Obs.: Só se enquadram em situações de venda de bens IMÓVEIS

6 No caso de as dimensões do imóvel adquirido não corresponder às


noticiadas pelo vendedor, quando a venda foi ad mensuram, qual
providência deve ser tomada pelo comprador, e em qual prazo?
R: Nesse tipo de contrato, são cabíveis algumas ações:
Ex empto (Quando há área anexa à área faltante): O comprador, ao perceber
que faltou área em relação ao que foi previamente combinado e, nesse caso,
onde o vendedor tenha área anexa ao terreno discutido no contrato, pode
entrar com esse tipo de ação; onde o autor pede o complemento da área
faltante + perdas e danos.

Ações edilícias (Quando NÃO há área anexa à área faltante):


- Ação redibitória: para rescindir o contrato; ou
- Ação quanti minoris: para abater o preço do que falta à área discutida,
podendo cumular com perdas e danos

De acordo com o artigo 501 do CC/02, o prazo estipulado é decadencial de 1


ano, a contar do registro do título do imóvel.

7 O que é a venda a condômino, prevista no art. 504 do CC, e em qual tipo


de condomínio é aplicada? Havendo vários condôminos, qual é a ordem
de preferência?
R:  O condomínio é propriedade comum que se dá quando 2 (duas) ou mais
pessoas exercem, simultaneamente, o Direito de Propriedade sobre coisa
indivisível. Neste cenário, atribui-se a cada condômino uma parte ou uma
fração ideal da mesma coisa. O tipo de condomínio aplicado no artigo 504 é o
denominado condomínio pro indiviso. A ordem de preferência é de quem
realizou benfeitorias de maior valor ou, caso isso não se aplique, quem tem o
maior quinhão entre os envolvidos, ou aquele que depositar judicialmente o
preço (princípio da anterioridade), respectivamente nessa ordem.

8 O que é a cláusula especial da retrovenda? O que fazer quando o


comprador não cumprir espontaneamente tal cláusula?
R: O contrato de retrovenda é aquele em que é facultado ao vendedor do
imóvel (em um prazo de 3 anos) o direito de arrependimento, em que ele pode
resgatar a coisa imóvel (e apenas imóvel) que foi alienada. Porém, com isso, o
vendedor terá de restituir o preço e reembolsar todas as despesas geradas
pelo comprador no tempo da avença (valores esses devidamente corrigidos).
Tudo isso de acordo com o artigo 505 do CC/02. Caso o comprador não
cumprir a cláusula quando deveria, de acordo com o artigo 506, o vendedor
poderá depositar a quantia em questão, sendo ela suficiente, judicialmente.

9 Discorra a respeito da transmissibilidade causa mortis da cláusula de


retrovenda.
R: De acordo com a legislação, mais especificamente no artigo 507 do CC/02,
a cláusula de retrovenda também poderá ser exercida, além do titular, pelos
herdeiros desse titular em relação ao adquirente da bem imóvel. O que gera
dicotomia entre as doutrinas é a possibilidade de transmissão inter vivos, onde
uns defendem que essa cessão entre vivos não é possível por ser um direito
personalíssimo do vendedor, e outros defendem que é possível essa
transmissão, inclusive por escritura pública.

10 O que é a venda a contento? E o que é a venda sujeita a prova?


R: De acordo com o artigo 509 do CC/02, a venda feita a contento é a cláusula
pactuada no contrato através da qual o comprador tem a prerrogativa de
devolver a coisa quando ela não o satisfizer, isto é, o comprador tem inteira
liberdade de não comprar a coisa se a mesma não o agradar, indo para um
lado mais subjetivo do comprador, que é o seu agrado ou não. De acordo com
o artigo 510, a venda sujeita a prova é aquela que é feita sob a condição
suspensiva de que a coisa, objeto do contrato, tenha as qualidades
asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina, sendo
essa venda suspensa caso não detenha tais qualidades. Ambas as
modalidades se norteiam por uma condição suspensiva.

11 O que é a cláusula especial de preempção ou direito de preferência?


Qual o prazo para o exercício de tal direito?
R:  O direito de preferência é uma cláusula especial própria dos contratos de
compra e venda que estipula o direito de o vendedor readquirir o bem caso o
comprador deseje vendê-lo (ter prioridade), no caso de alienação futura por
exemplo (art. 513 do CC/02). O prazo para efetivar tal cláusula, em regra, será
de 180 dias para bens móveis e de 2 (dois) anos para bens imóveis, sendo
esses prazos contados da data de realização da venda, sob risco de
caducidade.

12 Como o direito de preferência é exercido quando estipulado a favor de


dois ou mais indivíduos?
R: De acordo com o artigo 517 do CC/02, quando o direito de preferência for
estipulado em relação a dois ou mais indivíduos, ele só poderá ser exercido em
sua totalidade, ou seja, o direito de preferência só poderá ser exercido por
todos em conjunto (um direito indivisível). Caso um dos indivíduos envolvidos
não exerça a sua parcela no período estipulado, é acrescido à parte dos outros
envolvidos o que não foi exercido.

13 Em caso de violação da cláusula da preempção, qual a consequência


jurídica?
R: Caso a cláusula de preferência seja violada e descumprida, caberá
indenização por perdas e danos. Se o terceiro adquirente proceder com má-fé
e prejudicar o vendedor, responderá este solidariamente com o comprador.

14 O direito de preferência é transmissível?


R: O direito de preferência não é transmissível, ou seja, ele não passa da
pessoa do vendedor para outras pessoa como, por exemplo, para herdeiros. O
direito de preferência é um direito personalíssimo, e só existe pelo indivíduo
possuir a condição de vendedor.

15 O que é a cláusula especial da venda com reserva de domínio?


Qualquer
bem pode ser objeto desta venda? O que ocorre se o comprador se tornar
inadimplente?
R: É uma cláusula que em que garante ao vendedor o domínio da coisa móvel,
ou seja, o direito de exercício da propriedade dessa coisa e a sua posse, até
que o comprador faça o pagamento do preço de forma integral (daqui se deduz
que o pagamento aqui é feito em parcelas, ou seja, de execução diferida);
enquanto esse pagamento não ocorrer, a aquisição do domínio e a transmissão
de propriedade pelo comprador estarão suspensas (sob condição suspensiva).
De acordo com as doutrinas, nem todo bem poderá ser objeto desta venda,
descrevendo que as coisas devem ser móveis e infungíveis. Caso o comprador
se torne inadimplente, o vendedor possui duas opções expressas
especificamente no artigo 526 do CC/02, sendo elas: I- Promover a competente
ação de cobrança das parcelas vencidas e vincendas e o mais que for devido
ao vendedor (ação de cobrança) OU II- Recuperar a posse da coisa vendida.

16 Qual ou quais são as diferenças entre a venda com reserva de domínio


e a alienação fiduciária em garantia?
R: As diferenças são pequenas, porém consideráveis. A Venda de Reserva de
domínio é apenas para bens móveis e é feita entre vendedor e comprador
(condição suspensiva: suspenção dos efeitos do ato jurídico durante o período
de tempo em que determinado evento não ocorre). A Alienação
Fiduciária serve tanto para bens móveis quanto imóveis e há a figura do
vendedor, comprador e a do financiador (condição resolutiva: o pagamento da
dívida consolida a propriedade para o comprador).

17 O que é a cláusula especial da venda sobre documentos? Onde e


quando o pagamento deve ser efetuado?
R: De acordo com o artigo 529 do CC/02, esse tipo de cláusula se caracteriza
pela entrega do documento que corresponde a propriedade, substituindo o
procedimento de tradição da coisa. Diz o artigo 530 que, em regra, esse
procedimento deve ocorrer na data e no lugar da entrega dos documentos,
salvo estipulação em contrário.

II – DA TROCA OU PERMUTA

18 Conceitue o contrato de troca ou permuta e, em seguida, aponte as


regras específicas a ele aplicáveis quanto à responsabilidade pelas
despesas e quanto à possibilidade de anulabilidade dele.
R: O contrato de troca ou permuta consiste no negócio feito entre as partes, a
qual ambas ficam obrigadas a dar coisa em troca de outra, porém é um
requisito que essa troca não envolva dinheiro. Em relação às despesas do
contrato de troca e permuta (artigo 553, I do CC/02), ficarão divididas
igualmente entre as partes, salvo estipulação em contrário que altere essa
competência de cada parte. Uma das possibilidades de anulação desse
negócio seria a existência de onerosidade excessiva para uma das partes, o
que poderia justificar uma resolução do negócio. Uma outra possibilidade seria
a de que é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e
descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do
alienante.

III – DO CONTRATO ESTIMATÓRIO

19 O que é o contrato estimatório, quais são as suas figuras e qual é a


sua natureza jurídica?
R: É um tipo de contrato no qual a pessoa (consignante) entrega um bem para
que um terceiro a venda (consignatário) dentro de um determinado prazo e
entregue à dona da coisa, o consignante, o valor combinado entre as partes.
Caso a venda não seja efetivada, o bem deve ser restituído. De acordo com
Maria Helena Diniz, é uma obrigação facultativa, pois o consignatário não é
obrigado a vender a coisa. Para Paulo Lobo, é uma obrigação a venda desse
bem pelo consignatário, porém caso não consiga vender, o bem deverá ser
restituído (obrigação facultativa).

20 O consignante (dono da coisa) pode vendê-la na constância do


contrato estimatório? Explique essa situação.
R: Não poderá o consignante vender o bem móvel, por conta própria, no
contrato estimatório antes de ele ser restituído para o consignante de volta ou,
ao menos, ser comunicado que o bem será restituído (artigo 537 do CC/02).
Seria uma má-fé que logo após construir um contrato estimatório para que um
terceiro venda a coisa, o seu dono queira vender por conta própria antes de ser
restituído (pois foi previamente combinado).

Você também pode gostar