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ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL – ANPP – Matéria estudada em 09/09/21

Introduzido pela Lei 13.964/19, vigência no dia 23 de janeiro de 2020.


Justiça Penal Negociada/Consensual
Lei 9.099/95 (artigos 74, 76 e 89) existe uma “barganha” entre o MP e o acusado.
Colaboração premiada – Lei 12.850/13
O ANPP foi previsto na resolução do CNMP. É possível que o promotor negocie com o réu.

A natureza jurídica do ANPP é um negócio jurídico, entabulado entre o MP e o réu. Sob pena de nulidade o
Juiz não participa das negociações. O Juiz, em audiência designada, homologa ou não o ANPP (verifica a
legalidade), ouvido o réu para certificar-se da voluntariedade do réu em aceitar. O juiz não pode fazer ajustes
na proposta. Conforme artigo – do CPP
O ANPP seria um direito subjetivo do investigado? Não. Quem decide se faz o acordo ou não é o MP e não o
investigado.
Não existe direito líquido e certo a compelir o MP à celebração do acordo de delação premiada, diante das
características desse tipo de acordo e considerando a necessidade de distanciamento que o Estado-Juiz deve
manter durante o cenário investigado e a fase de negociação entre as partes do cenário investigativo. O acordo
de colaboração premiada, além de meio de obtenção de prova, constitui-se em um negócio jurídico processual
personalíssimo, cuja conveniência e oportunidade estão submetidos à discricionariedade regrada do MP e não
se submetem ao escrutínio do Estado-juiz. Em outras palavras, trata-se de ato voluntário, insuscetível de
imposição judicial. STF. 2ª Turma. MS 35693 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 28/05/2019 (Info
942).

REQUISITOS PARA CONCESSÃO DA ANPP


1- Não ser caso de arquivamento;
2- Confissão do suspeito, que será circunstanciada e formal. Assina um documento e confessa o que fez;
3- O crime com pena mínima inferior a 4 anos, observadas as causas de redução e aumento de pena;
4- O crime não seja praticado com violência ou grave ameaça;
5- Não seja crime de violência doméstica (questão de gênero);
6- Não seja o agente reincidente; (estudar reincidência)
7- Não seja cabível a transação;
8- O agente não possua antecedentes que denotem conduta criminosa habitual;
9- Não ter sido beneficiado nos últimos 5 anos com ANPP, transação penal ou sursis processual;

NÃO APLICAÇÃO DO ANPP


1- Se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei;
2- Se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual ,
reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
3- Ter o sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de
não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e
4- Nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por
razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.

CONDIÇÕES PARA IMPLEMENTAÇÃO – Essas condições poderão ser alternativas ou cumulativas


1- Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
2- Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo MP como instrumentos, produto ou proveito do
crime
3- Prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada
ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do
CP.
4- Pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do artigo 45 do CP, a entidade pública ou de
interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger
bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesionados pelo delito; ou
5- Cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo MP, desde que proporcional e compatível
com a infração penal imputada; O MP pode inovar nas condições.

FORMALIZAÇÃO DO ANPP
Por escrito e firmado entre o MP, o investigado e seu defensor.

DEVOLUÇÃO DO ANPP AO MP
Entendendo o Juiz que é inadequado, insuficiente ou abusivo, devolve ao MP para reformulação da proposta.
Para isso o investigado e seu defensor devem concordar. ATO BILATERAL

HOMOLOGADO O ANPP
Após a homologação pelo Juiz, este encaminha ao MP para que ele seja executado junto a Vara de Execução
Penal.

RECUSA DE HOMOLOGAÇÃO PELO JUIZ


Motivos: Não estão atendidos os requisitos legais OU após devolução ao MP não houve adequação necessária
Neste caso devolverá ao MP para complementação da investigação e oferecimento da denúncia.
Entendo o MP que a legalidade e voluntariedade estão presentes e os requisitos alcançados, se o Juiz
não homologa, caberá RESE!
Art. 581 do CPP. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no
art. 28-A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
INTIMAÇÃO DA VÍTIMA
A vítima será intimada em dois momentos:
1- da homologação do acordo de não persecução penal, e
2- de seu descumprimento
MP – Art. 89 da Lei 9.099/95
Quando há descumprimento das condições impostas, o MP fica desobrigado a oferecer SUSPENSÃO CONDICIONAL
DO PROCESSO após o oferecimento de denúncia, utilizando-se como justificativa o não cumprimento.
Cumprido o ANPP é extinta a punibilidade do agente, mas não pode obter o mesmo benefício de ANPP, Sursis ou
transação penal por 5 anos.
Observações:
Não corre a prescrição no período do cumprimento do ANPP, artigo 116 do CP

Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da
existência do crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando
inadmissíveis; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). NOVIDADE!
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

SERIA POSSÍVEL A APLICAÇÃO DO ANPP DOS CRIMES ANTERIORES A 23/01/20? Sim, enquanto a denúncia não
for recebida. Se já tiver sido recebida a denúncia, não é mais possível.

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