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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara das Execuçõ es Criminais de ....

Processo nº

XXX, devidamente qualificado nos autos, vem respeitosamente perante este d. Juízo, por
intermédio de seu advogado constituído, requerer seja concedido INDULTO de acordo com
o art. 2º, XIV e art. 10, § 2º, ambos do Decreto nº 11.846/23, pelas razõ es de fato e de
direito a seguir expostas.
1. Da preferência na tramitaçã o
Nos termos do art. 10, § 3º, do referido decreto presidencial, terá preferência sobre a
decisã o de qualquer outro incidente no curso da execuçã o penal.
Assim, requer a precedência do julgamento deste pedido.
2. Dos fatos
O requerente cumpre pena de 4 anos e 4 meses pelo processo n. XX, com incurso no artigo
155, § 4º, III do CP, o qual transitou em julgado para a acusaçã o em 04.10.2021.
3. Do Direito
O art. 2º, XIV, do Decreto Presidencial, autoriza a declaraçã o do indulto à s pessoas
condenadas a pena privativa de liberdade, que estejam em livramento condicional, cujas
penas remanescentes, em 25 de dezembro de 2023, nã o sejam superiores a oito anos, se
nã o reincidentes, desde que tenham cumprido um quarto da pena.
É o caso do requerente, uma vez que, sendo primá rio, sua pena remanescente a cumprir é
de 2 anos e já cumpriu mais de ¼ da pena até 25.12.2023, conforme cá lculo de fls. 112.
Também é possível constatar que sua condenaçã o como incurso no artigo 155, § 4º, III do
CP, nã o está entre as vedaçõ es previstas no art. 1º.
De outro lado, o requerente cumpre também o requisito subjetivo, demonstrado pelo bom
comportamento, pois a ú nica falta disciplinar cometida ocorreu há mais de doze meses e
atualmente está satisfazendo as exigências do livramento condicional, uma vez que nã o há
qualquer notícia de descumprimento das condiçõ es impostas.
Ainda, é importante lembrar que nã o pode o MM. Juízo exigir o preenchimento de
requisitos nã o previstos no Decreto, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade. É neste
sentido a jurisprudência do STJ, conforme ementa abaixo:
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. INDULTO. SALIENTADA PRÁ TICA DE
INFRAÇÃ O DISCIPLINAR. IMPEDIMENTO NÃO PREVISTO NO DECRETO PRESIDENCIAL.
FAVOR LEGAL MEDIANTE DECRETO DO PRESIDENTE DA REPÚ BLICA. DECISÃ O MANTIDA.
AGRAVO REGIMENTAL NÃ O PROVIDO. 1. É imperioso assinalar que, "'[a] jurisprudência
desta Corte é no sentido de que 'para a análise do pedido de indulto ou comutação de
pena, o Magistrado deve restringir-se ao exame do preenchimento dos requisitos
previstos no decreto presidencial, uma vez que os pressupostos para a concessão da
benesse são da competência privativa do Presidente da República' (HC HC
456.119/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, DJe 15/10/2018). (HC
468.737/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, Sexta Turma, Dje 10/04/2019)' (AgRg no HC
623.203/SC, Quinta Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe 01/03/2021)" (AgRg
no REsp n. 1.960.472/PR, relator Ministro Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do
TJDFT), Quinta Turma, DJe de 16/12/2021.) 2. Nã o há ó bice no texto do Decreto n.
11.302/2022 para que o apenado seja beneficiado, visto que, conforme oportunamente
apontado pelo Tribunal local, nã o há no diploma legal disposiçã o acerca da prá tica de falta
grave.3. Agravo regimental nã o provido. (STJ - AgRg no HC: 824862 RN 2023/0170515-0,
Relator: Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Data de Julgamento: 21/08/2023, T6 - SEXTA
TURMA, Data de Publicaçã o: DJe 28/08/2023). Destaquei.
HABEAS CORPUS. COMUTAÇÃ O DE PENA. DECRETO N. 6.294/07. FALTA DISCIPLINAR
GRAVE EM PERÍODO NÃO COMPREENDIDO PELA NORMA LEGAL. INTERRUPÇÃ O DO
PRAZO CONSIDERADO NA AFERIÇÃ O DO REQUISITO OBJETIVO. IMPOSSIBILIDADE.
MÉ RITO. INEXISTÊNCIA DE CONDUTA GRAVE NOS DOZE MESES ANTERIORES. FUGA
DO PACIENTE EM DATA PRETÉ RITA. NÃ O ASSIMILAÇÃ O DA TERAPÊ UTICA PRISIONAL
INDICADA PELA CORTE DE ORIGEM. CONDIÇÃO NÃO PREVISTA NO DECRETO.
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. A prá tica de infraçã o
grave nã o pode ser considerada como marco interruptivo para efeitos de concessã o da
comutaçã o de pena, em razã o da ausência de previsã o legal. Precedentes. 2. É vedada a
interpretação extensiva do artigo 127 da LEP em prejuízo do custodiado, sob pena de
se usurpar a competência do Presidente da República prevista no art. 84, XII, da CF.
3. No que toca ao mérito exigido ao benefício, cumpre observar que o Decreto 6.294/07
alude apenas à inexistência de falta de natureza grave nos ú ltimos doze meses de desconto
da pena, contados retroativamente à publicaçã o daquele diploma. 4. (...). 5. Ordem
concedida para restabelecer a decisã o singular que concedeu a comutaçã o de pena ao
paciente. (HC 141979/SP, Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 02/08/2010). Destaquei.
Logo, reitera-se, estã o presentes os requisitos legais.
Diante disso, resta evidente que todos os requisitos necessá rios à concessã o estã o
presentes, recomendando-se a declaraçã o de concessã o de indulto, nos moldes do
estabelecido no Decreto Presidencial.
4. Do Pedido
Ante o exposto, requer-se, apó s ouvido o representante do Ministério Pú blico, a
declaração de Indulto, concedido nos termos do art. 2º, XIV, do Decreto Presidencial nº
11.846/23, extinguindo-se a punibilidade do executado, nos termos do art. 107, II, do CP.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local, data.
Advogado
OAB

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