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Autos n. 0000000000
Ora Excelência, conforme jurisprudência acima, resta claro que a pessoa falecida é
destituída de capacidade para estar em juízo, e, portanto, figurar no pó lo da açã o, sendo
que a capacidade é pressuposto indispensá vel à relaçã o processual.
Ainda, em maio de 2017 no julgamento da Apelação Cível nº 0000438-
57.2012.4.03.6120/SP, o Tribunal Regional da 3ª regiã o, em decisã o monocrá tica do
Desembargador Federal Hélio Nogueira, negou provimento ao recurso, fundamentando que
a decisã o de primeira instâ ncia seria mantida, pois a execução deveria ter sido ajuizada
contra o espólio.
Veja Excelência, trata-se de caso semelhante ao caso da presente açã o de execuçã o, dado
que julgou a apelaçã o interposta pela Caixa Econô mica Federal em execuçã o por quantia
certa, que extinguiu a demanda sem resoluçã o de mérito em razã o de inexistência do polo
passivo, à vista do falecimento do executado antes do ajuizamento da demanda.
Consoante os entendimentos trazidos à baila, entende-se, portanto, que a legitimidade
passiva do polo da presente açã o de execuçã o é o espó lio, herdeiros ou os sucessores, haja
vista o preconizado nos artigos 778, § 1º, II; 779, I e 796 todos do Có digo de Processo civil,
os quais seguem:
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor à quem a lei confere título executivo.
§ 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente
originário:
(...)
II- o espólio, os herdeiros ou sucessores do credor, smepre que por morte deste, lhes for
transmitido o direito resultante do título executivo.
(..)
Art. 796. O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas feita a partilha, cada herdeiro
responde por elas dentro das forças da herança e na proporção da parte que lhe coube.
Ora, o Có digo de Processo Civil é claro ao outorgar ao Espó lio a legitimidade para figurar
como parte em juízo, tanto como Autor ou Réu. A partir do falecimento a lei já lhe confere
autonomia e capacidade para titularizar as relaçõ es jurídicas do de cujus, especialmente as
que versam sobre direitos patrimoniais.
In casu, é patente a ilegitimidade ad causam, sendo rigor, a extinçã o do processo sem o
julgamento do mérito. Nesta perspectiva segue entendimentos do Tribunal Regional
Federal da 3ª e 4ª regiã o, respectivamente:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO – DÍVIDA ORIUNDA DE CONTRATO DE
EMPRÉSTIMO – EXECUTADA QUE FALECEU SEM DEIXAR BENS- SUBSTITUIÇÃO PREVISTA
NO ART. 43 DO CPC/1973 – DESCABIMENTO – ÓBITO DO AUTOR ANTERIOR AO
AJUIZAMENTO DA AÇÃO – CARÊNCIA DA AÇÃO – APELO DA CEF IMPROVIDO – SENTENÇA
MANTIDA, COM ACRÉSCIMO DE FUNDAMENTO. 1.O NCPC, conquanto se aplique
imediatamente aos processos em curso, não atinge as situações já consolidadas dentro do
processo (art. 14), em obediência ao princípio da não surpresa e ao princípio constitucional
do isolamento dos atos processuais. Assim, ainda que o recurso tivesse sido interposto após a
entrada em vigor do NCPC, o que não é o caso, por ter sido a sentença proferida sob a égide da
lei anterior, é a luz dessa lei que ela deverá ser reexaminada pelo Tribunal, ainda que para
reformá-la. 2. Consta, da certidão de óbito, acostada à fl. 47 do apenso, que a executada
faleceu sem deixar bens, nem testamento, de modo que cumpria à CEF, para promover, nos
autos da execução, a substituição prevista no artigo 43 do CPC/1973, demonstrar que a
falecida deixou bens, o que não ocorreu, como se vê dos autos da execução. Nestes embargos,
foi apresentada pela embargante certidão de fl 79, que atesta a inexistência de distribuição
de inventários, arrolamentos e testamento em nome da executada. E, instada a especificar as
provas que pretendia produzir (fl. 80), nada requereu a CEF, conforme manifestação acostada
à fl. 83. 3. Não resta dúvida que foi indevida a substituição realizada na forma prevista
no artigo 43 do CPC/1973, ainda mais considerando que está só se justificaria se o
óbito da devedora tivesse ocorrido no curso da execução, o que não é o caso. A execução
foi ajuizada em 17/09/2008 e o óbito ocorreu em 14/05/2007. A execução sequer
poderia ter sido ajuizada em face de pessoa já falecida, que é destituída de capacidade
para estar em juízo e que, portanto, não poderia figurar no polo passivo da demanda,
requisito necessário ao ajuizamento da ação. Precedente desta Egrégia Corte. (AC nº
012871-17.2007.4.03.6105/SP, 5ª Turma, Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL CECILIA
MELLO, Data de Julgamento: 20/09/2016. DÉCIMA PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: e-
DJF3 Judicial 1 DATA:28/09/2016). (Grifo nosso).
§ 2º. Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de 20% (vinte por cento)
sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-
lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:
(...)
Portanto diante do exposto, é devido honorá rios advocatícios, sendo que se tratando de
execuçã o em sede de exceçã o de pré-executividade, o Superior Tribunal de Justiça
entendeu ser devido a “fixação de honorários de sucumbência quando a exceção de pré-
executividade for acolhida para extinguir total ou parcialmente a execução, em homenagem
aos princípios da causalidade e da sucumbência” (STJ, REsp 1.646.557/SP).
Por esta razã o, e ainda aliada ao fato de que a presente provocaçã o (exceçã o de pré-
executividade) possui a natureza jurídica de uma defesa substancial, nos mesmos moldes
dos embargos à execuçã o, com um cará ter constitutivo negativo que induz a configuraçã o
da sucumbência, é o que torna imperiosa a condenaçã o da Exequente em honorá rios
advocatícios. Neste sentido segue entendimento do STJ:
O acó rdã o acima colacionado nada mais do que consagra a aplicaçã o do princípio da
causalidade, ou seja, aquele quer deu causa a processo judicial e nele sucumbir deve arcar
com o ô nus da sucumbência. Por conseguinte, desde já se requer a fixaçã o do honorá rio de
sucumbência.
PELO EXPOSTO,
Pede e requer à Vossa Excelência:
A) Seja recebida e processada a presente Exceçã o de Pré-Executividade, bem como os
documentos que acompanham como meio de prova, haja vista preencher os requisitos para
sua admissibilidade, sendo ao final julgada PROCEDENTE;
B) Que a presente Açã o de Execuçã o de Título Extrajudicial seja julgada IMPROCEDENTE,
sendo extinta a açã o sem resoluçã o do mérito, nos termos do art. 485, VI do CPC;
C) Seja condenado o Exequente ao pagamento dos honorá rios de sucumbência;
D) Seja concedido o benefício da justiça gratuita; e
E) Por fim, requer que todas as publicaçõ es, intimaçõ es e notificaçõ es sejam realizadas
exclusivamente em nome da advogada ...., sob pena de nulidade.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local, Data.
ADVOGADO
OAB
[1] ALVIM NETO, José Manoel de Arruda. Novo contencioso cível no CPC/2015, Sã o Paulo:
RT, 2016, p. 427.