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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA FEDERAL DA 2ª VARA FEDERAL DA

SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ...

Autos n. 0000000000

(ESPOSA DO DE CUJUS), nacionalidade, viú va, profissã o, RG nº 00000, CPF nº 00000,


residente e domiciliado na Rua... (end. Completo), vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, por meio dos advogados abaixo firmados, apresentar EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE, em face de (EXEQUENTE), já qualificado pelos motivos que passa expor:
I - DO CABIMENTO DA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
Conforme construçã o doutriná ria e entendimento jurisprudencial, o instituto da Exceçã o de
Pré-Executividade, pode ser arguido por simples petiçã o, desde que desnecessá ria
qualquer dilaçã o probató ria, ou seja, por prova documental inequívoca, demonstrando a
inviabilidade da Execuçã o. Nesse sentido vejamos o elucidado por José Manoel De Arruda
Alvim Neto a respeito da exceçã o de pré-executividade, in verbis:
“Técnica pela qual o executado, no curso do próprio procedimento executivo, e sem a
necessidade de observância dos requisitos necessários aos embargos do devedor ou da
impugnação, suscita alguma questão relativa à admissibilidade ou à validade dos atos
executivos, que poderia ser conhecida de ofício pelo juiz. Para tanto, exige, a jurisprudência,
que a questão a ser suscitada esteja dentre aquelas que poderia ser conhecidas ex
officio pelo juiz, e que, ademais, não seja necessária dilação probatória para sua
solução. Caso contrário, ausente alguma dessas condições, não se admite alegação da
matéria pela via da exceção de pré-executividade, cabendo, ao devedor, manejar embargos ou
impugnação” [1] (Grifo nosso)
E sã o exatamente esses os requisitos atualmente exigidos pela jurisprudência do STJ apó s a
vigência do NCPC, conforme entendimento no AgRg no AREsp 835.917/SP e AgInt no
AREsp 621.011/MG.
Pelo que se vislumbra no caso em tela, a presente exceçã o de pré-executividade é o
remédio jurídico adequado, para apontar as irregularidades, à s quais viciam a continuidade
da marcha processual da presente execuçã o, como se restará demonstrado adiante.
II - BREVE SÍNTESE DOS FATOS
Primeiramente cumpre informar e esclarecer que o ora Executado,, veio á ó bito na data de
16/01/2017, no Hospital ..., ou seja, mais de 09 (nove) meses antecedentes ao ajuizamento
da Açã o de Execuçã o, ocorrida em 25/10/2017.
Em decorrência do falecimento do Executado, é que a Sra. ..., viúva do executado, já
qualificada, vem aos autos apresentar a Exceçã o de Pré-Executividade diante da cobrança
do Exequente referente Cédula de Crédito Bancá rio de crédito consignado com desconto
em folha de pagamento.
Portanto neste momento, cumpre ainda ressaltar que conforme certidã o de ó bito anexada,
o executado nã o deixou nenhum bem a inventariar; bem como informa, que até a presente
data, NÃ O FOI ABERTO O INVENTÁ RIO NEGATIVO.
III - DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DO EXECUTADO PARA FIGURAR NO POLO PASSIVO.
Conforme já explanado, o Executado infelizmente veio à ó bito em 16/01/2017, isto é, mais
de 09 (nove) meses antecedentes ao ajuizamento da Açã o de Execuçã o (certidã o de ó bito
anexada).
À vista disto, resta claro que estamos diante do caso de nulidade absoluta do processo, pois
há vício processual ligado aos pressupostos processuais (relativos ao juízo de
admissibilidade da açã o), no caso, a ilegitimidade do Executado falecido para figurar no
polo passivo da execuçã o, nos termos do art. 17 do NCPC, de forma que constatando o juiz,
ao receber a inicial, a ausência legitimidade, indeferirá a petiçã o inicial, consoante art. 330,
II, do NCPC.
Diante deste fato, resta claro que os pressupostos processuais nã o foram devidamente
preenchidos, sendo elas legitimidade e interesse, faltando à presente açã o de execuçã o a
legitimidade ad causam da parte Executada para responder os termos da execuçã o.
Assim, a presente açã o nã o pode ser recebida, portanto, sendo inepta a Petiçã o Inicial, por
faltar legitimidade passiva, um dos pressupostos processuais, como nomeadas pela
doutrina processualista.
Portanto fica configurada a ausência de pressuposto processual subjetivo vá lido, situaçã o
que impõ e a extinçã o do processo nos termos do art. 485, VI do CPC. Neste diapasã o segue
entendimento jurisprudencial do Tribunal Regional Federal da 3ª e 4ª Regiã o,
respectivamente:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FUNDADA EM TÍTULO EXECUTIVO
EXTRAJUDICIAL. FALECIMENTO DO RÉU ANTES DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO DA EXECUÇÃO.
SUBSTITUIÇÃO PELOS HERDEIROS. IMPOSSIBILIDADE. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD
CAUSAM DECLARADA DE OFÍCIO. SENTENÇA ANULADA. RECURSO DE APELAÇÃO
PREJUDICADO. 1. Considerando que, no tocante aos pressupostos processuais e condições da
ação, não se opera a preclusão, a questão relativa à legitimidade passiva ad causam dos
herdeiros do executado Luiz Frederico Pereira da Silva, deve ser analisada. 2. Os presentes
embargos são originários da execução lastreada em título executivo extrajudicial
(Contrato de Empréstimo Especial aos Aposentados), ajuizada em 28 de novembro de
2005 pela Caixa Econômica Federal-CEF em face de Luiz Frederico Pereira de Melo,
falecido em 31 de dezembro de 2003, conforme certidão de óbito de fl.24. 3. Não resta
dúvida que a ação de execução foi ajuizada contra pessoa falecida, a qual é destituída
da capacidade para estar em juízo e, portanto, para figurar no polo passivo da
demanda, pressuposto indispensável à existência da relação processual. 4. No caso,
descabe redirecionar a execução aos herdeiros do de cujus, na medida em que a
substituição processual prevista no artigo 43 do Código de Processo Civil, somente é
pertinente quando o falecimento da parte ocorrer no curso do processo. (precedentes
jurisprudenciais). 5. Ilegitimidade passiva ad causam dos herdeiros de Luiz Frederico
Pereira de Melo, declarada de ofício. 6. Extinção do embargos à execução sem
resolução de mérito, com fundamento nos incisos IV e VI do Código de Processo Civil. 7.
Condenação da CEF ao pagamento de honorários advocatícios fixados em R$ 2.000,00
(dois mil reais), nos termos do artigo 20,§ 4º do CPC. 8. Prejudicado o recurso de
apelação da parte embargante.
(TRF-3-AC: 0128711720074036105 SP 0012871-17.2007.4.03.6105, Relator:
DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO FONTES, Data de Julgamento 28/03/2016, QUINTA
TURMA, Data de Publicação: e-DJF3 Judicial1 DATA:01/04/2016). (Grifo nosso).

EXECUÇÃO. DEVEDOR FALECIDO ANTES DA PROPOSITURA.


ILEGITIMIDADE. ESPÓLIO. HABILITAÇÃO.
- Depreende-se dos autos que o devedor faleceu bem antes da propositura da execução.
-Indiscutível que a legitimidade passiva para o feito seria do espólio representado pelo
inventariante. Como bem anotado na sentença, não se configura hipótese de aplicação
dos dispositivos de direito processual que versam sobre habilitação, uma vez que o
falecimento não ocorreu no decorrer do feito, mas sim anos antes da sua propositura.
(AC 200870140008094, MÁRCIO ANTÕNIO ROCHA, TRF 4- QUARTA TURMA, D.E.
09/12/2009.)(Grifo nosso).

Ora Excelência, conforme jurisprudência acima, resta claro que a pessoa falecida é
destituída de capacidade para estar em juízo, e, portanto, figurar no pó lo da açã o, sendo
que a capacidade é pressuposto indispensá vel à relaçã o processual.
Ainda, em maio de 2017 no julgamento da Apelação Cível nº 0000438-
57.2012.4.03.6120/SP, o Tribunal Regional da 3ª regiã o, em decisã o monocrá tica do
Desembargador Federal Hélio Nogueira, negou provimento ao recurso, fundamentando que
a decisã o de primeira instâ ncia seria mantida, pois a execução deveria ter sido ajuizada
contra o espólio.
Veja Excelência, trata-se de caso semelhante ao caso da presente açã o de execuçã o, dado
que julgou a apelaçã o interposta pela Caixa Econô mica Federal em execuçã o por quantia
certa, que extinguiu a demanda sem resoluçã o de mérito em razã o de inexistência do polo
passivo, à vista do falecimento do executado antes do ajuizamento da demanda.
Consoante os entendimentos trazidos à baila, entende-se, portanto, que a legitimidade
passiva do polo da presente açã o de execuçã o é o espó lio, herdeiros ou os sucessores, haja
vista o preconizado nos artigos 778, § 1º, II; 779, I e 796 todos do Có digo de Processo civil,
os quais seguem:

Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor à quem a lei confere título executivo.
§ 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente
originário:
(...)
II- o espólio, os herdeiros ou sucessores do credor, smepre que por morte deste, lhes for
transmitido o direito resultante do título executivo.
(..)

Art. 779. A execução pode ser promovida contra:


(...)
I- o espólio, os herdeiros ou sucessores do devedor.
(...)

Art. 796. O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas feita a partilha, cada herdeiro
responde por elas dentro das forças da herança e na proporção da parte que lhe coube.
Ora, o Có digo de Processo Civil é claro ao outorgar ao Espó lio a legitimidade para figurar
como parte em juízo, tanto como Autor ou Réu. A partir do falecimento a lei já lhe confere
autonomia e capacidade para titularizar as relaçõ es jurídicas do de cujus, especialmente as
que versam sobre direitos patrimoniais.
In casu, é patente a ilegitimidade ad causam, sendo rigor, a extinçã o do processo sem o
julgamento do mérito. Nesta perspectiva segue entendimentos do Tribunal Regional
Federal da 3ª e 4ª regiã o, respectivamente:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO – DÍVIDA ORIUNDA DE CONTRATO DE
EMPRÉSTIMO – EXECUTADA QUE FALECEU SEM DEIXAR BENS- SUBSTITUIÇÃO PREVISTA
NO ART. 43 DO CPC/1973 – DESCABIMENTO – ÓBITO DO AUTOR ANTERIOR AO
AJUIZAMENTO DA AÇÃO – CARÊNCIA DA AÇÃO – APELO DA CEF IMPROVIDO – SENTENÇA
MANTIDA, COM ACRÉSCIMO DE FUNDAMENTO. 1.O NCPC, conquanto se aplique
imediatamente aos processos em curso, não atinge as situações já consolidadas dentro do
processo (art. 14), em obediência ao princípio da não surpresa e ao princípio constitucional
do isolamento dos atos processuais. Assim, ainda que o recurso tivesse sido interposto após a
entrada em vigor do NCPC, o que não é o caso, por ter sido a sentença proferida sob a égide da
lei anterior, é a luz dessa lei que ela deverá ser reexaminada pelo Tribunal, ainda que para
reformá-la. 2. Consta, da certidão de óbito, acostada à fl. 47 do apenso, que a executada
faleceu sem deixar bens, nem testamento, de modo que cumpria à CEF, para promover, nos
autos da execução, a substituição prevista no artigo 43 do CPC/1973, demonstrar que a
falecida deixou bens, o que não ocorreu, como se vê dos autos da execução. Nestes embargos,
foi apresentada pela embargante certidão de fl 79, que atesta a inexistência de distribuição
de inventários, arrolamentos e testamento em nome da executada. E, instada a especificar as
provas que pretendia produzir (fl. 80), nada requereu a CEF, conforme manifestação acostada
à fl. 83. 3. Não resta dúvida que foi indevida a substituição realizada na forma prevista
no artigo 43 do CPC/1973, ainda mais considerando que está só se justificaria se o
óbito da devedora tivesse ocorrido no curso da execução, o que não é o caso. A execução
foi ajuizada em 17/09/2008 e o óbito ocorreu em 14/05/2007. A execução sequer
poderia ter sido ajuizada em face de pessoa já falecida, que é destituída de capacidade
para estar em juízo e que, portanto, não poderia figurar no polo passivo da demanda,
requisito necessário ao ajuizamento da ação. Precedente desta Egrégia Corte. (AC nº
012871-17.2007.4.03.6105/SP, 5ª Turma, Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL CECILIA
MELLO, Data de Julgamento: 20/09/2016. DÉCIMA PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: e-
DJF3 Judicial 1 DATA:28/09/2016). (Grifo nosso).

EMENTA: APELAÇÃO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDCIAL.


FALECIMENTO DO DEVEDOR. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO.
Deve ser extinta, sem julgamento do mérito, nos termos do art. 267, IV do CPC, a
execução de título extrajudicial ajuizada em face de executado já falecido, ante a
ausência de pressuposto processual subjetivo indispensável à existência da relação
processual.
(TRF4, AC 5014469-71.2011.404.7100, Quarta Turma, Relatora p/ Acórdão Vivian Josete
Pantaleão Caminha, D.E. 02/05/2013). (Grifo nosso).
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE TÍTULO
EXTRAJUDICIAL AJUIZADA CONTRA PESSOA JÁ FALECIDA.
EXTINÇÃO DO FEITO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. AUSÊNCIA DE UMA DAS CONDIÇÕES
DA AÇÃO.
1. Execução ajuizada sem que estivesse presente uma das condições da ação, qual seja,
a legitimidade de uma das partes executadas.
2. Impossibilidade de prosseguimento da demanda com a habilitação de herdeiros,
uma vez que a relação processual sequer se formou. 3. Extinção do feito sem
julgamento do mérito.
(TRF4, ag 5016990-12.2012.404.0000, Quarta Turma, Relator p/ Acórdão Loraci Flores de
Lima, D.E 129/12/2012). (Grifo Nosso).

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. CONTRATO BANCÁRIO.


ILEGITIMIDADE. EXTINÇÃO.
A ação de execução ajuizada contra devedor já falecido deve ser extinta por
ilegitimidade de parte (art. 568, II e 267, VI do CPC) descabida a substituição
processual tendo em vista a inexistente formação válida e regular do processo.
Prequestionamento quanto à legislação invocada estabelecendo pelas razões de decidir.
Apelação improvida.
(AC Nº 2003.71.0260.001380-6/rs, 3ª Turma, Rel. Juiz Federal Fernando Quadros da Silva,
DJU 29/11/2006).(Grifo nosso).
Assim diante do colacionado em epígrafe, as condiçõ es da açã o sã o matérias de ordem
eminentemente material que devem estar presentes ao tempo do ingresso com a demanda,
(o que nã o ocorreu no presente caso), para que nã o venha o feito a ser extinto
imediatamente pela via da sentença terminativa. Trata-se de investigaçã o preliminar do
julgador, sucedida apó s a verificaçã o da existência dos pressupostos de constituiçã o e
desenvolvimento vá lido e regular do processo.
Ademais, necessá rio mencionar que a capacidade de ser parte de uma relaçã o jurídico-
processual está intimamente ligada à ideia de personalidade civil que, consoante o disposto
nos artigos 2º e 6º do Có digo Civil, começa com o nascimento com vida e termina com a
morte. Portanto, o fato jurídico morte extingue a capacidade civil do indivíduo, retirando-
lhe a capacidade processual, ou seja, a possibilidade de ser parte em processo judicial.
Com efeito, a jurisprudência pacífica do Tribunal Regional Federal da 3ª Regiã o, reconhece
que o falecimento da parte antes do ajuizamento da açã o impede a regularizaçã o do polo
passivo mediante habilitaçã o do espó lio ou dos herdeiros e impõ e à extinçã o da execuçã o,
uma vez caracterizada a nulidade absoluta.
Portanto, diante do aparato legal ora exposto, requer-se desde já a extinçã o da Açã o de
execuçã o de título extrajudicial nos termos do art. 485, VI do CPC, haja vista a ilegitimidade
passiva do Executado para figurar no polo passivo, tento em vista seu falecimento antes de
ajuizada a açã o de execuçã o, sendo legitimado passivo o espó lio, conforme artigo 779,
inciso I do CPC.
IV - DA IMPOSSIBILIDADE DE HABILITAÇÃO DE HERDEIROS OU SUBSTITUIÇÃO
PROCESSUAL PELO ESPÓLIO

O instituto da habilitaçã o, disposto no Có digo de Processo Civil, é um procedimento


especial de jurisdiçã o contenciosa elencado nos artigos compreendidos entre o 687 ao 692.
Trata-se de uma forma estabelecida pela lei para que haja continuidade à relaçã o
processual que foi impedida de ter seu deslinde por conta de um acontecimento natural,
qual seja, a morte de uma das partes, nã o deixando um processo findar.
Ocorre que se quer houve a formaçã o regular do processo, haja vista nã o preenchida um
dos pressupostos processuais subjetivo vá lido, no caso, legitimidade de parte, portanto,
sendo inviá vel a habilitaçã o de herdeiros ou substituiçã o processual pelo espó lio ou
sucessores.
Assim, nã o há o que se falar em continuidade da relaçã o processual, visto que esta nem
chegou a existir ou a se formar. Ademais, fica inviá vel se falar em habilitaçã o, dado que a
parte Executada, veio a falecer antes mesmo do ajuizamento da presente execuçã o.
Veja Excelência, o Executado nã o veio ao ó bito no curso do processo para ser o caso de
habilitaçã o de herdeiros ou espó lio, devendo ser julgado extinto o processo sem resoluçã o
do mérito diante da ilegitimidade passiva ad causam.
Neste sentido segue entendimento do Tribunal Regional Federal da 2ª e 4ª regiã o,
respectivamente:
EXECUÇÃO FISCAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. ÓBITO DO
EXECUTADO ANTERIOR À PROPOSITURA DA AÇÃO. 1.Configurada a existência de vício
insanável, qual seja, o falecimento do réu anteriormente ao ajuizamento da ação, o
processo deve ser extinto sem resolução de mérito. 2. De acordo com o art. 284 do CPC, a
determinação de emenda da petição inicial somente pode ser oportunizada para
corrigir vícios em relação ao preenchimento de seus requisitos, o que não se confunde
com a presente hipótese. 3. Consoante entendimento constante no verbete nº 392 da Súmula
do STJ de que “a Fazenda Pública pode substituir certidão de dívida ativa (CDA) até a
prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal,
vedada a modificação do sujeito passivo da execução”, descabida a alteração do pólo
passivo do feito com o respectivo redirecionamento da presente ação, não havendo que
se falar em citação do espólio. 4. Apelação desprovida. (TRF- 2- AC: 200851030026875 RJ,
Relator: Desembargadora Federal EDNA CARVALHO KLEEMANN, Data de julgamento:
05/11/2017, SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: 13/11/2014.). (Grifo
nosso)

EXECUÇÃO. DEVEDOR FALECIDO ANTES DA PROPOSITURA.


ILEGITIMIDADE. ESPÓLIO. HABILITAÇÃO.
- Depreende-se dos autos que o devedor faleceu bem antes da propositura da execução.
-Indiscutível que a legitimidade passiva para o feito seria do espólio representado pelo
inventariante. Como bem anotado na sentença, não se configura hipótese de aplicação
dos dispositivos de direito processual que versam sobre habilitação, uma vez que o
falecimento não ocorreu no decorrer do feito, mas sim anos antes da sua propositura.
(AC 200870140008094, MÁRCIO ANTÕNIO ROCHA, TRF 4- QUARTA TURMA, D.E.
09/12/2009.)(Grifo nosso).
Vislumbra-se que as jurisprudências pacíficas dos TRF’s, reconhecem que o
falecimento da parte antes do ajuizamento da ação, se torna fato impeditivo para a
regularização do polo passivo por meio da habilitação do espólio ou dos herdeiros, O
QUE É MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA, GERANDO NULIDADE ABSOLUTA, e por fim
gerando a extinçã o do processo sem a resoluçã o do mérito, este é o entendimento da
jurisprudência do Egrégio Tribunal Regional Federal da 3ª Regiã o, in verbis:
PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃ O FUNDADA EM TÍTULO EXTRAJUDICIAL PROPOSTA CONTRA
DEVEDOR JÁ FALECIDO. CAPACIDADE DA PARTE. LEGITIMIDADE. ALTERAÇÃ O DO POLO
PASSIVO DA EXECUÇÃ O PARA CONSTAR O ESPÓ LIO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1.
Apelação da parte exequente buscando a reforma da sentença que extinguiu o
processo sem julgamento do mérito, em razão do falecimento do executado antes da
propositura da ação. 2. Em tais casos, quando sequer houve regularização da relação
processual, descabe a possibilidade de redirecionamento da execução para o espólio.
Precedentes. 3. Apelação não provida.
(TRF-3 AP: 0016930220094036100 SP, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL COTRIM
GUIMARÃ ES, Dta de Julgamento: 24/10/2017, SEGUNDA TURMA, Dta de Publicaçã o: e-
DJF3 Judicial1 DATA: 06/11/2017). (Grifo nosso).
PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃ O FISCAL PROPOSTA CONTRA DEVEDOR JÁ FALECIDO.
CARÊ NCIA DE AÇÃ O. ILEGITIMIDADE PASSIVA. ALTERAÇÃ O DO POLO PASSIVO DA
EXECUÇÃ O PARA CONSTAR O ESPÓ LIO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. Apelação
contra sentença que extinguiu o processo, sem julgamento do mérito, em razão do
falecimento do executado antes da propositura da ação. 2.Precedentes afastando a
possibilidade de redirecionamento para o espóllio. (REsp 1.410.253; AgRg no AREsp
1.345.801; REsp 1.222.561; AgRg no AREsp 555.204; AGARESP 524.349; AgRg no
AREsp 373.438; AgRg NO AREsp 324.015). 3. Apelação a que se nega provimento.
(AC 00109589420064036182, DESEMBARGADORA FEDERAL MARLI FERREIRA, TRF3-
QUARTA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA: 18/05/2017). (Grifo nosso).
Desta feita, a morte do Executado ocorrida anteriormente à propositura da açã o é fato
jurídico relevante para se declarar a extinçã o do processo judicial, eis que a relaçã o
processual jamais se formou, sendo, portanto inaplicá vel ao caso o instituto da Habilitaçã o
prevista no Có digo de Processo Civil, já que tal instituto trata de sucessã o em razã o do
falecimento de qualquer parte no curso do processo, ou seja, de quem já integre qualquer
dos pó los da relaçã o processual, o que nã o é o caso dos autos, onde o falecimento do
executado precedeu o ajuizamento da demanda.
V - DA FIXAÇÃ O DOS HONORÁ RIOS DE SUCUMBÊ NCIA
Diante dos fatos e do direito ora demonstrados, se torna rigor a extinçã o da açã o de
execuçã o nos termos do artigo 485, VI do CPC.
Portanto, com a extinçã o do feito, acolhida a exceçã o de pré-executividade se torna devido
que a parte Exequente seja condenada ao o pagamento dos honorá rios advocatícios,
conforme entendimento trazido pelo artigo 85, §§ 1º e 2º do CPC, in verbs:
Art. 85. A sentença condenará o vencido à pagar honorários ao advogado do vencedor.

§ 1º. São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença,


provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos,
cumulativamente.(Grifo nosso).

§ 2º. Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de 20% (vinte por cento)
sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-
lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:
(...)
Portanto diante do exposto, é devido honorá rios advocatícios, sendo que se tratando de
execuçã o em sede de exceçã o de pré-executividade, o Superior Tribunal de Justiça
entendeu ser devido a “fixação de honorários de sucumbência quando a exceção de pré-
executividade for acolhida para extinguir total ou parcialmente a execução, em homenagem
aos princípios da causalidade e da sucumbência” (STJ, REsp 1.646.557/SP).
Por esta razã o, e ainda aliada ao fato de que a presente provocaçã o (exceçã o de pré-
executividade) possui a natureza jurídica de uma defesa substancial, nos mesmos moldes
dos embargos à execuçã o, com um cará ter constitutivo negativo que induz a configuraçã o
da sucumbência, é o que torna imperiosa a condenaçã o da Exequente em honorá rios
advocatícios. Neste sentido segue entendimento do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS. CONDENAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1 - Decretada a extinção da execução, em
virtude de acolhimento de exceção de pré-executividade, são devidos honorários
advocatícios. 2 - Recurso conhecido e provido para que o Tribunal de origem fixe o quantum
que entender condizente com a causa (STJ - REsp: 411321 PR 2002/0012454-5, Relator:
Ministro FERNANDO GONÇALVES, Data de Julgamento: 16/05/2002, T6 - SEXTA TURMA,
Data de Publicação: DJ 10.06.2002 p. 285). (Grifo nosso).

O acó rdã o acima colacionado nada mais do que consagra a aplicaçã o do princípio da
causalidade, ou seja, aquele quer deu causa a processo judicial e nele sucumbir deve arcar
com o ô nus da sucumbência. Por conseguinte, desde já se requer a fixaçã o do honorá rio de
sucumbência.
PELO EXPOSTO,
Pede e requer à Vossa Excelência:
A) Seja recebida e processada a presente Exceçã o de Pré-Executividade, bem como os
documentos que acompanham como meio de prova, haja vista preencher os requisitos para
sua admissibilidade, sendo ao final julgada PROCEDENTE;
B) Que a presente Açã o de Execuçã o de Título Extrajudicial seja julgada IMPROCEDENTE,
sendo extinta a açã o sem resoluçã o do mérito, nos termos do art. 485, VI do CPC;
C) Seja condenado o Exequente ao pagamento dos honorá rios de sucumbência;
D) Seja concedido o benefício da justiça gratuita; e
E) Por fim, requer que todas as publicaçõ es, intimaçõ es e notificaçõ es sejam realizadas
exclusivamente em nome da advogada ...., sob pena de nulidade.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local, Data.
ADVOGADO
OAB

[1] ALVIM NETO, José Manoel de Arruda. Novo contencioso cível no CPC/2015, Sã o Paulo:
RT, 2016, p. 427.

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