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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA 1ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA DA

COMARCA DO MUNICÍPIO ALFA

Autos n. 0000000000

MARIA, nacionalidade, viúva, profissão, RG nº 00000, CPF nº 00000, residente e


domiciliado na Rua... (end. Completo), representada pelo seu Excipiente
(inventariante) José, nacionalidade, viúvo, profissão, RG nº 00000, CPF nº 00000,
residente e domiciliado na Rua... (end. Completo), vem, respeitosamente, perante
Vossa Excelência, por meio dos advogados abaixo firmados, apresentar EXCEÇÃO DE
PRÉ-EXECUTIVIDADE, em face de ESTADO BETA (EXEQUENTE), já qualificado
pelos motivos que passa expor:

I - DO CABIMENTO DA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

Conforme construção doutrinária e entendimento jurisprudencial, o instituto da


Exceção de Pré-Executividade, pode ser arguido por simples petição, desde que
desnecessária qualquer dilação probatória, ou seja, por prova documental inequívoca,
demonstrando a inviabilidade da Execução. Nesse sentido vejamos o elucidado por
José Manoel De Arruda Alvim Neto a respeito da exceção de pré-executividade, in
verbis:
Técnica pela qual o executado, no curso do próprio procedimento
executivo, e sem a necessidade de observância dos requisitos
necessários aos embargos do devedor ou da impugnação, suscita
alguma questão relativa à admissibilidade ou à validade dos atos
executivos, que poderia ser conhecida de ofício pelo juiz. Para
tanto, exige, a jurisprudência, que a questão a ser suscitada esteja
dentre aquelas que poderia ser conhecidas ex officio pelo juiz, e que,
ademais, não seja necessária dilação probatória para sua
solução. Caso contrário, ausente alguma dessas condições, não se
admite alegação da matéria pela via da exceção de pré-
executividade, cabendo, ao devedor, manejar embargos ou
impugnação” (Grifo nosso)

E são exatamente esses os requisitos atualmente exigidos pela jurisprudência do STJ


após a vigência do NCPC, conforme entendimento no AgRg no AREsp 835.917/SP e
AgInt no AREsp 621.011/MG.

Pelo que se vislumbra no caso em tela, a presente exceção de pré-executividade é o


remédio jurídico adequado para apontar as irregularidades, às quais viciam a
continuidade da marcha processual da presente execução, como se restará
demonstrado adiante.

II - BREVE SÍNTESE DOS FATOS

Primeiramente cumpre informar e esclarecer que a ora executada, veio à óbito na


data de 03/06/2021 no Hospital ..., ou seja, mais de 02 (dois) meses antecedentes
ao ajuizamento da Ação de Execução, ocorrida em 25/06/2021.

Em decorrência do falecimento do Executado, é que o Sr. José, parente da executada,


já qualificada, vem aos autos apresentar a Exceção de Pré-Executividade diante da
cobrança do Exequente referente a os IPVAS dos anos de 2015 á 2020.
Portanto neste momento, cumpre ainda ressaltar que conforme certidão de óbito
anexada, o executado não deixou nenhum bem ao inventariado; bem como informa,
que até a presente data, NÃO FOI ABERTO O INVENTÁRIO NEGATIVO.

III - DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DO EXECUTADO PARA FIGURAR NO POLO


PASSIVO.

Conforme já explanado, o Executado infelizmente veio à óbito em 03/06/2021 no


Hospital ..., ou seja, mais de 02 (dois) meses antecedentes ao ajuizamento da Ação
de Execução (certidão de óbito anexada).
À vista disto, resta claro que estamos diante do caso de nulidade absoluta do
processo, pois há vício processual ligado aos pressupostos processuais (relativos ao
juízo de admissibilidade da ação), no caso, a ilegitimidade do Executado falecido para
figurar no polo passivo da execução, nos termos do art. 17 do NCPC, de forma que
constatando o juiz, ao receber a inicial, a ausência legitimidade, indeferirá a petição
inicial, consoante art. 330, II, do NCPC.

Diante deste fato, resta claro que os pressupostos processuais não foram
devidamente preenchidos, sendo elas legitimidade e interesse, faltando à presente
ação de execução a legitimidade ad causam da parte Executada para responder os
termos da execução.

Assim, a presente ação não pode ser recebida, portanto, sendo inepta a Petição
Inicial, por faltar legitimidade passiva, um dos pressupostos processuais, como
nomeadas pela doutrina processualista.

Portanto, fica configurada a ausência de pressuposto processual subjetivo válido,


situação que impõe a extinção do processo nos termos do art. 485, VI do CPC. Neste
diapasão, segue entendimento jurisprudencial do Tribunal Regional Federal da 3ª e
4ª Região, respectivamente:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FUNDADA EM TÍTULO


EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. FALECIMENTO DO RÉU ANTES DO
AJUIZAMENTO DA AÇÃO DA EXECUÇÃO. SUBSTITUIÇÃO PELOS
HERDEIROS. IMPOSSIBILIDADE. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD
CAUSAM DECLARADA DE OFÍCIO. SENTENÇA ANULADA. RECURSO
DE APELAÇÃO PREJUDICADO. 1. Considerando que, no tocante aos
pressupostos processuais e condições da ação, não se opera a
preclusão, a questão relativa à legitimidade passiva ad causam dos
herdeiros do executado Luiz Frederico Pereira da Silva, deve ser
analisada. 2. Os presentes embargos são originários da execução
lastreada em título executivo extrajudicial (Contrato de Empréstimo
Especial aos Aposentados), ajuizada em 28 de novembro de 2005
pela Caixa Econômica Federal-CEF em face de Luiz Frederico Pereira
de Melo, falecido em 31 de dezembro de 2003, conforme certidão de
óbito de fl.24. 3. Não resta dúvida que a ação de execução foi
ajuizada contra pessoa falecida, a qual é destituída da capacidade
para estar em juízo e, portanto, para figurar no polo passivo da
demanda, pressuposto indispensável à existência da relação
processual. 4. No caso, descabe redirecionar a execução aos
herdeiros do de cujus, na medida em que a substituição processual
prevista no artigo 43 do Código de Processo Civil, somente é
pertinente quando o falecimento da parte ocorrer no curso do
processo. (precedentes jurisprudenciais). 5. Ilegitimidade passiva ad
causam dos herdeiros de Luiz Frederico Pereira de Melo, declarada
de ofício. 6. Extinção dos embargos à execução sem resolução de
mérito, com fundamento nos incisos IV e VI do Código de Processo
Civil. 7. Condenação da CEF ao pagamento de honorários
advocatícios fixados em R$ 2.000,00 (dois mil reais), nos termos do
artigo 20,§ 4º do CPC. 8. Prejudicado o recurso de apelação da parte
embargante. (TRF-3-AC: 0128711720074036105 SP 0012871-
17.2007.4.03.6105, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO
FONTES, Data de Julgamento 28/03/2016, QUINTA TURMA, Data de
Publicação: e-DJF3 Judicial1 DATA:01/04/2016). (Grifo nosso).
EXECUÇÃO. DEVEDOR FALECIDO ANTES DA PROPOSITURA.
ILEGITIMIDADE. ESPÓLIO. HABILITAÇÃO.
- Depreende-se dos autos que o devedor faleceu bem antes da
propositura da execução.
-Indiscutível que a legitimidade passiva para o feito seria do espólio
representado pelo inventariante. Como bem anotado na sentença,
não se configura hipótese de aplicação dos dispositivos de direito
processual que versam sobre habilitação, uma vez que o falecimento
não ocorreu no decorrer do feito, mas sim anos antes da sua
propositura. (AC 200870140008094, MÁRCIO ANTÕNIO ROCHA, TRF
4- QUARTA TURMA, D.E. 09/12/2009.)(Grifo nosso).

Ora Excelência, conforme jurisprudência acima, resta claro que a pessoa falecida é
destituída de capacidade para estar em juízo, e, portanto, figurar no pólo da ação,
sendo que a capacidade é pressuposta indispensável à relação processual.
Ainda, em maio de 2017, no julgamento da Apelação Cível nº 0000438-
57.2012.4.03.6120/SP, o Tribunal Regional da 3ª região, em decisão monocrática do
Desembargador Federal Hélio Nogueira, negou provimento ao recurso,
fundamentando que a decisão de primeira instância seria mantida, pois a execução
deveria ter sido ajuizada contra o espólio.

Veja Excelência, trata-se de caso semelhante ao caso da presente ação de execução,


dado que julgou a apelação interposta pela Caixa Econômica Federal em execução
por quantia certa, que extinguiu a demanda sem resolução de mérito em razão de
inexistência do polo passivo, à vista do falecimento do executado antes do
ajuizamento da demanda.

Consoante os entendimentos trazidos à baila, entende-se, portanto, que a


legitimidade passiva do polo da presente ação de execução é o espólio, herdeiros ou
os sucessores, haja vista o preconizado nos artigos 778, § 1º, II; 779, I e 796 todos
do Código de Processo civil, os quais seguem:

Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor à quem a lei


confere título executivo.
§ 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em
sucessão ao exequente originário:
(...)
II- O espólio, os herdeiros ou sucessores do credor, sempre que por
morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título
executivo.
(..)
Art. 779. A execução pode ser promovida contra:
(...)
I- O espólio, os herdeiros ou sucessores do devedor.
(...)
Art. 796. O espólio responde pelas dívidas do falecido, mas feita a
partilha, cada herdeiro responde por elas dentro das forças da
herança e na proporção da parte que lhe coube.
Ora, o Código de Processo Civil é claro ao outorgar ao Espólio a
legitimidade para figurar como parte em juízo, tanto como Autor ou
Réu. A partir do falecimento a lei já lhe confere autonomia e
capacidade para titularizar as relações jurídicas do de cujus,
especialmente as que versam sobre direitos patrimoniais.
In casu, é patente a ilegitimidade ad causam, sendo rigor, a extinção
do processo sem o julgamento do mérito. Nesta perspectiva segue
entendimentos do Tribunal Regional Federal da 3ª e 4ª região,
respectivamente:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO – DÍVIDA ORIUNDA
DE CONTRATO DE EMPRÉSTIMO – EXECUTADA QUE FALECEU SEM
DEIXAR BENS- SUBSTITUIÇÃO PREVISTA NO ART. 43 DO CPC/1973
– DESCABIMENTO – ÓBITO DO AUTOR ANTERIOR AO AJUIZAMENTO
DA AÇÃO – CARÊNCIA DA AÇÃO – APELO DA CEF IMPROVIDO –
SENTENÇA MANTIDA, COM ACRÉSCIMO DE FUNDAMENTO.
1.O NCPC, conquanto se aplique imediatamente aos processos em
curso, não atinge as situações já consolidadas dentro do processo
(art. 14), em obediência ao princípio da não surpresa e ao princípio
constitucional do isolamento dos atos processuais. Assim, ainda que
o recurso tivesse sido interposto após a entrada em vigor do NCPC,
o que não é o caso, por ter sido a sentença proferida sob a égide da
lei anterior, é a luz dessa lei que ela deverá ser reexaminada pelo
Tribunal, ainda que para reformá-la. 2. Consta, da certidão de óbito,
acostada à fl. 47 do apenso, que a executada faleceu sem deixar
bens, nem testamento, de modo que cumpria à CEF, para promover,
nos autos da execução, a substituição prevista no artigo 43 do
CPC/1973, demonstrar que a falecida deixou bens, o que não
ocorreu, como se vê dos autos da execução. Nestes embargos, foi
apresentada pela embargante certidão de fl 79, que atesta a
inexistência de distribuição de inventários, arrolamentos e
testamento em nome da executada. E, instada a especificar as
provas que pretendia produzir (fl. 80), nada requereu a CEF,
conforme manifestação acostada à fl. 83. 3. Não resta dúvida que
foi indevida a substituição realizada na forma prevista no artigo 43
do CPC/1973, ainda mais considerando que está só se justificaria se
o óbito da devedora tivesse ocorrido no curso da execução, o que
não é o caso. A execução foi ajuizada em 17/09/2008 e o óbito
ocorreu em 14/05/2007. A execução sequer poderia ter sido ajuizada
em face de pessoa já falecida, que é destituída de capacidade para
estar em juízo e que, portanto, não poderia figurar no polo passivo
da demanda, requisito necessário ao ajuizamento da ação.
Precedente desta Egrégia Corte. (AC nº 012871-
17.2007.4.03.6105/SP, 5ª Turma, Relator: DESEMBARGADORA
FEDERAL CECILIA MELLO, Data de Julgamento: 20/09/2016.
DÉCIMA PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: e-DJF3 Judicial 1
DATA:28/09/2016). (Grifo nosso).
EMENTA: APELAÇÃO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDCIAL.
FALECIMENTO DO DEVEDOR. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM
JULGAMENTO DO MÉRITO.
Deve ser extinta, sem julgamento do mérito, nos termos do art. 267,
IV do CPC, a execução de título extrajudicial ajuizada em face de
executado já falecido, ante a ausência de pressuposto processual
subjetivo indispensável à existência da relação processual.
(TRF4, AC 5014469-71.2011.404.7100, Quarta Turma, Relatora p/
Acórdão Vivian Josete Pantaleão Caminha, D.E. 02/05/2013). (Grifo
nosso).
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL.
EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL AJUIZADA CONTRA PESSOA
JÁ FALECIDA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO.
AUSÊNCIA DE UMA DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO.
1. Execução ajuizada sem que estivesse presente uma das condições
da ação, qual seja, a legitimidade de uma das partes executadas.
2. Impossibilidade de prosseguimento da demanda com a habilitação
de herdeiros, uma vez que a relação processual sequer se formou.
3. Extinção do feito sem julgamento do mérito.
(TRF4, ag 5016990-12.2012.404.0000, Quarta Turma, Relator p/
Acórdão Loraci Flores de Lima, D.E 129/12/2012). (Grifo Nosso).
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. CONTRATO BANCÁRIO.
ILEGITIMIDADE. EXTINÇÃO.
A ação de execução ajuizada contra devedor já falecido deve ser
extinta por ilegitimidade de parte (art. 568, II e 267, VI do CPC)
descabida a substituição processual tendo em vista a inexistente
formação válida e regular do processo.
Prequestionamento quanto à legislação invocada estabelecendo
pelas razões de decidir. Apelação improvida. (AC Nº
2003.71.0260.001380-6/rs, 3ª Turma, Rel. Juiz Federal Fernando
Quadros da Silva, DJU 29/11/2006).(Grifo nosso).

Assim diante do colacionado em epígrafe, as condições da ação são matérias de


ordem eminentemente material que devem estar presentes ao tempo do ingresso
com a demanda, (o que não ocorreu no presente caso), para que não venha o feito a
ser extinto imediatamente pela via da sentença terminativa. Trata-se de investigação
preliminar do julgador, sucedida após a verificação da existência dos pressupostos
de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo.

Ademais, necessário mencionar que a capacidade de ser parte de uma relação


jurídico-processual está intimamente ligada à ideia de personalidade civil que,
consoante o disposto nos artigos 2º e 6º do Código Civil, começa com o nascimento
com vida e termina com a morte. Portanto, o fato jurídico morte extingue a
capacidade civil do indivíduo, retirando-lhe a capacidade processual, ou seja, a
possibilidade de ser parte em processo judicial.

Com efeito, a jurisprudência pacífica do Tribunal Regional Federal da 3ª Região,


reconhece que o falecimento da parte antes do ajuizamento da ação impede a
regularização do polo passivo mediante habilitação do espólio ou dos herdeiros e
impõe à extinção da execução, uma vez caracterizada a nulidade absoluta.

Portanto, diante do aparato legal ora exposto, requer-se desde já a extinção da Ação
de execução de título extrajudicial nos termos do art. 485, VI do CPC, haja vista a
ilegitimidade passiva do Executado para figurar no polo passivo, tento em vista seu
falecimento antes de ajuizada a ação de execução, sendo legitimado passivo o
espólio, conforme artigo 779, inciso I do CPC.

IV - DA IMPOSSIBILIDADE DE HABILITAÇÃO DE HERDEIROS OU


SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL PELO ESPÓLIO

O instituto da habilitação, disposto no Código de Processo Civil, é um procedimento


especial de jurisdição contenciosa elencado nos artigos compreendidos entre o 687
ao 692. Trata-se de uma forma estabelecida pela lei para que haja continuidade à
relação processual que foi impedida de ter seu deslinde por conta de um
acontecimento natural, qual seja, a morte de uma das partes, não deixando um
processo findar.
Ocorre que sequer houve a formação regular do processo, haja vista não preenchida
um dos pressupostos processuais subjetivo válido, no caso, legitimidade de parte,
portanto, sendo inviável a habilitação de herdeiros ou substituição processual pelo
espólio ou sucessores.

Assim, não há o que se falar em continuidade da relação processual, visto que esta
nem chegou a existir ou a se formar. Ademais, fica inviável se falar em habilitação,
dado que a parte Executada, veio a falecer antes mesmo do ajuizamento da presente
execução.

Veja Excelência, o Executado não veio ao óbito no curso do processo para ser o caso
de habilitação de herdeiros ou espólio, devendo ser julgado extinto o processo sem
resolução do mérito diante da ilegitimidade passiva ad causam.

Neste sentido segue entendimento do Tribunal Regional Federal da 2ª e 4ª região,


respectivamente:

EXECUÇÃO FISCAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO


MÉRITO. ÓBITO DO EXECUTADO ANTERIOR À PROPOSITURA DA
AÇÃO. 1.Configurada a existência de vício insanável, qual seja, o
falecimento do réu anteriormente ao ajuizamento da ação, o
processo deve ser extinto sem resolução de mérito. 2. De acordo
com o art. 284 do CPC, a determinação de emenda da petição inicial
somente pode ser oportunizada para corrigir vícios em relação ao
preenchimento de seus requisitos, o que não se confunde com a
presente hipótese. 3. Consoante entendimento constante no verbete
nº 392 da Súmula do STJ de que “a Fazenda Pública pode substituir
certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de
embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal,
vedada a modificação do sujeito passivo da execução”, descabida a
alteração do pólo passivo do feito com o respectivo redirecionamento
da presente ação, não havendo que se falar em citação do espólio.
4. Apelação desprovida. (TRF- 2- AC: 200851030026875 RJ,
Relator: Desembargadora Federal EDNA CARVALHO KLEEMANN,
Data de julgamento: 05/11/2017, SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA,
Data de Publicação: 13/11/2014.). (Grifo nosso)

EXECUÇÃO. DEVEDOR FALECIDO ANTES DA PROPOSITURA.

ILEGITIMIDADE. ESPÓLIO. HABILITAÇÃO.

- Depreende-se dos autos que o devedor faleceu bem antes da


propositura da execução.
-Indiscutível que a legitimidade passiva para o feito seria do espólio
representado pelo inventariante. Como bem anotado na sentença,
não se configura hipótese de aplicação dos dispositivos de direito
processual que versam sobre habilitação, uma vez que o falecimento
não ocorreu no decorrer do feito, mas sim anos antes da sua
propositura. (AC 200870140008094, MÁRCIO ANTÕNIO ROCHA,
TRF 4- QUARTA TURMA, D.E. 09/12/2009.)(Grifo nosso).

Vislumbra-se que as jurisprudências pacíficas dos TRF’s, reconhecem que o


falecimento da parte antes do ajuizamento da ação, se torna fato impeditivo para a
regularização do polo passivo por meio da habilitação do espólio ou dos herdeiros, O
QUE É MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA, GERANDO NULIDADE ABSOLUTA, e por fim
gerando a extinção do processo sem a resolução do mérito, este é o entendimento
da jurisprudência do Egrégio Tribunal Regional Federal da 3ª Região, in verbis:

PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO FUNDADA EM TÍTULO EXTRAJUDICIAL


PROPOSTA CONTRA DEVEDOR JÁ FALECIDO. CAPACIDADE DA
PARTE. LEGITIMIDADE. ALTERAÇÃO DO POLO PASSIVO DA
EXECUÇÃO PARA CONSTAR O ESPÓLIO. IMPOSSIBILIDADE.
PRECEDENTES. 1. Apelação da parte exequente buscando a reforma
da sentença que extinguiu o processo sem julgamento do mérito,
em razão do falecimento do executado antes da propositura da ação.
2. Em tais casos, quando sequer houve regularização da relação
processual, descabe a possibilidade de redirecionamento da
execução para o espólio. Precedentes. 3. Apelação não provida.

(TRF-3 AP: 0016930220094036100 SP, Relator: DESEMBARGADOR


FEDERAL COTRIM GUIMARÃES, Dta de Julgamento: 24/10/2017,
SEGUNDA TURMA, Dta de Publicação: e-DJF3 Judicial1 DATA:
06/11/2017). (Grifo nosso).

PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL PROPOSTA CONTRA DEVEDOR


JÁ FALECIDO. CARÊNCIA DE AÇÃO. ILEGITIMIDADE PASSIVA.
ALTERAÇÃO DO POLO PASSIVO DA EXECUÇÃO PARA CONSTAR O
ESPÓLIO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. Apelação contra
sentença que extinguiu o processo, sem julgamento do mérito, em
razão do falecimento do executado antes da propositura da ação.
2.Precedentes afastando a possibilidade de redirecionamento para o
espóllio. (REsp 1.410.253; AgRg no AREsp 1.345.801; Resp
1.222.561; AgRg no AREsp 555.204; AGARESP 524.349; AgRg no
AREsp 373.438; AgRg NO AREsp 324.015). 3. Apelação a que se
nega provimento. (AC 00109589420064036182,
DESEMBARGADORA FEDERAL MARLI FERREIRA, TRF3- QUARTA
TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA: 18/05/2017). (Grifo nosso).
Desta feita, a morte do Executado ocorrida anteriormente à propositura da ação é
fato jurídico relevante para se declarar a extinção do processo judicial, eis que a
relação processual jamais se formou, sendo, portanto inaplicável ao caso o instituto
da Habilitação prevista no Código de Processo Civil, já que tal instituto trata de
sucessão em razão do falecimento de qualquer parte no curso do processo, ou seja,
de quem já integre qualquer dos pólos da relação processual, o que não é o caso dos
autos, onde o falecimento do executado precedeu o ajuizamento da demanda.

V- DA FIXAÇÃO DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA

Diante dos fatos e do direito ora demonstrados, se torna rigor a extinção da ação de
execução nos termos do artigo 485, VI do CPC.

Portanto, com a extinção do feito, acolhida a exceção de pré-executividade se torna


devido que a parte Exequente seja condenada ao pagamento dos honorários
advocatícios, conforme entendimento trazido pelo artigo 85, §§ 1ºe 2º do CPC, in
verbs:

Art. 85. A sentença condenará o vencido à pagar honorários ao


advogado do vencedor.
§ 1º. São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no
cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução,
resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente.
(Grifo nosso).
§ 2º. Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo
de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor
atualizado da causa, atendidos:
(...)
Portanto diante do exposto, é devido honorários advocatícios, sendo
que se tratando de execução em sede de exceção de pré-
executividade, o Superior Tribunal de Justiça entendeu ser devido a
“fixação de honorários de sucumbência quando a exceção de pré-
executividade for acolhida para extinguir total ou parcialmente a
execução, em homenagem aos princípios da causalidade e da
sucumbência” (STJ, REsp 1.646.557/SP).
Por esta razão, e ainda aliada ao fato de que a presente provocação
(exceção de pré-executividade) possui a natureza jurídica de uma
defesa substancial, nos mesmos moldes dos embargos à execução,
com um caráter constitutivo negativo que induz a configuração da
sucumbência, é o que torna imperiosa a condenação da Exequente
em honorários advocatícios. Neste sentido segue entendimento do
STJ: PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CONDENAÇÃO.
POSSIBILIDADE. 1 - Decretada a extinção da execução, em virtude
de acolhimento de exceção de pré-executividade, são devidos
honorários advocatícios. 2 - Recurso conhecido e provido para que o
Tribunal de origem fixe o quantum que entender condizente com a
causa (STJ - REsp: 411321 PR 2002/0012454-5, Relator: Ministro
FERNANDO GONÇALVES, Data de Julgamento: 16/05/2002, T6 -
SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJ 10.06.2002 p. 285). (Grifo
nosso).

O acórdão acima colacionado nada mais do que consagra a aplicação do princípio da


causalidade, ou seja, aquele quer deu causa a processo judicial e nele sucumbir deve
arcar com o ônus da sucumbência. Por conseguinte, desde já se requer a fixação do
honorário de sucumbência.

PELO EXPOSTO,

Pede e requer à Vossa Excelência:


A) Seja recebida e processada a presente Exceção de Pré-Executividade, bem como
os documentos que acompanham como meio de prova, haja vista preencher os
requisitos para sua admissibilidade, sendo ao final julgada PROCEDENTE;
B) Que a presente Ação de Execução de Título Extrajudicial seja julgada
IMPROCEDENTE, sendo extinta a ação sem resolução do mérito, nos termos do
art. 485, VI do CPC;
C) Seja condenado o Exequente ao pagamento dos honorários de sucumbência;
D) Seja concedido o benefício da justiça gratuita; e
E) Por fim, requer que todas as publicações, intimações e notificações sejam
realizadas exclusivamente em nome da advogada ...., sob pena de nulidade.

Nestes termos,
Pede-se o deferimento.
Local, Data.
ADVOGADO
OAB

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