Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
[...] não apenas por meio dos embargos o devedor pode atacar a
execução forçada. Quando se trata de acusar a falta de condições
da ação de execução, ou a ausência de algum pressuposto
processual, a argüição pode ser dada por meio de simples
petição nos próprios autos de processo executivo
[...] embora não haja previsão legal, e tendo o juiz tolerado, por
lapso, a falta de algum dos pressupostos, e possível o devedor
requerer o seu exame desobrigado do aforamento dos embargos,
ou antes mesmo de sofrer a penhora.1
Consiste esta, como é sabido e ressabido, na capacidade que o título tem de autorizar
por si próprio o conhecimento dos elementos da obrigação (certeza) e do quantum debeatur
(liquidez). Quando for necessário perquirir fora do título, não se pode falar de executividade.
“CF/88
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”
Aduz JOSÉ NILO DE CASTRO (na citada obra, pág.40), “já se disse alhures e não
dispiciendo repetir: se o processo administrativo retira conhecimento das razões de decidir,
incontornavelmente está retirando a possibilidade de acesso ao contencioso do judiciário, e,
por via oblíqua, ter-se-á hipótese de o próprio Estado impedir o exercício de direito que ele
garante.”
Assim, Excelência, depreende-se que a emissão da CDA por parte do exeqüente sem
que oportunizasse a ampla defesa e o contraditório, representa verdadeiro atentado, desde sua
fase mais primária, aos ditames constitucionais da AMPLA DEFESA, do CONTRADITÓRIO
e do DEVIDO PROCESSO LEGAL, tornando nulo todos os seus atos, desde a origem,
contaminando todo o processo de forma insanável, via se conseqüência tornando nulo o
resultado dele, qual seja a Certidão de Divida Ativa-CDA.
Processo
REsp 853767 / RS ; RECURSO ESPECIAL 2006/0129961-9
Relator(a)
MIN. TEORI ALBINO ZAVASCKI (1124)
Órgão Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA
Data do Julgamento
22/08/2006
Data da Publicação/Fonte
DJ 11.09.2006 p. 240
Ementa
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. CDA QUE ENGLOBA NUM ÚNICO
VALOR A COBRANÇA DE MAIS DE UM EXERCÍCIO. NULIDADE. PRESCRIÇÃO. DECRETAÇÃO
DE OFÍCIO. DIREITO PATRIMONIAL. POSSIBILIDADE, A PARTIR DA LEI 11.051/2004.
1. É nula a CDA que engloba num único valor a cobrança de mais de um exercício: Precedentes: REsp
733.432/RS, 1ª Turma, Min. José Delgado, DJ de 08.08.2005; REsp 819678/RS, 2ª Turma, Min. João Otávio
Noronha, DJ de 08.05.2006.
2. A jurisprudência do STJ sempre foi no sentido de que "o reconhecimento da prescrição nos processos
executivos fiscais, por envolver direito patrimonial, não pode ser feita de ofício pelo juiz, ante a vedação
prevista no art. 219, § 5º, do Código de Processo Civil" (RESP 655.174/PE, 2ª Turma, Rel. Min. Castro
Meira, DJ de 09.05.2005).
3. Ocorre que o atual parágrafo 4º do art. 40 da LEF (Lei 6.830/80), acrescentado pela Lei 11.051, de
30.12.2004 (art. 6º), viabiliza a decretação da prescrição intercorrente por iniciativa judicial, com a única
condição de ser previamente ouvida a Fazenda Pública, permitindo-lhe argüir eventuais causas suspensivas ou
interruptivas do prazo prescricional. Tratando-se de norma de natureza processual, tem aplicação imediata,
alcançando inclusive os processos em curso, cabendo ao juiz da execução decidir a respeito da sua incidência,
por analogia, à hipótese dos autos.
4. Recurso especial a que se dá parcial provimento.
Acórdão
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Primeira Turma do
Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso especial, nos termos do voto
do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Denise Arruda, José Delgado, Francisco Falcão e Luiz Fux votaram
com o Sr. Ministro Relator.
Processo
REsp 849091 / RS ; RECURSO ESPECIAL 2006/0129293-8
Relator(a)
MIN. ELIANA CALMON (1114)
Órgão Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA
Data do Julgamento
22/08/2006
Data da Publicação/Fonte
DJ 01.09.2006 p. 257
Ementa
TRIBUTÁRIO – EXECUÇÃO FISCAL – IPTU – PRESCRIÇÃO – DECRETAÇÃO DE OFÍCIO –
IMPOSSIBILIDADE – NULIDADE DA CDA – AUSÊNCIA DE DISCRIMINAÇÃO DOS VALORES
POR EXERCÍCIO – FUNDAMENTO SUFICIENTE PARA MANTER O JULGADO.
1. Está pacificado no âmbito da Primeira Seção o entendimento de que, em sede de execução fiscal, a
prescrição não pode ser decretada de ofício até o advento da Lei 11280/2006.
2. A CDA é título formal, cujos elementos devem estar bem delineados para não impedir a defesa do
executado.
3. Hipótese em que a CDA deixou de discriminar os valores do IPTU cobrado por exercício, o que
prejudica a defesa do executado, que se vê tolhido de questionar as importâncias e a forma de cálculo.
4. Embora a prescrição não possa ser decretada de ofício, permanece intacto o fundamento adotado pelo
Tribunal de origem quanto à nulidade da CDA, suficiente por si só para manter o julgado.
5. Recurso especial improvido.
Acórdão
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da
Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso,
nos termos do voto da Sra. Ministra-Relatora." Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Castro Meira e
Humberto Martins votaram com a Sra. Ministra Relatora.
No mesmo passo vem decidindo o 2.º Tribunal de Alçada Cível do Estado de São
Paulo, vazado nos seguintes termos:
Digno de ênfase, não só pela sua primazia como pela profundidade como enfrentaram
o cerebrino ponto, o v. aresto seguinte:
Processo
REsp 838399 / SP ; RECURSO ESPECIAL 2006/0076191-0
Relator(a)
MIN. ELIANA CALMON (1114)
Órgão Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA
Data do Julgamento
17/08/2006
Data da Publicação/Fonte
DJ 04.09.2006 p. 254
Ementa
PROCESSO CIVIL – EXECUÇÃO FISCAL – MATÉRIA DE DEFESA: PRÉ-EXECUTIVIDADE –
CABIMENTO – IMPOSSIBILIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA.
1. Doutrinariamente, entende-se que só por embargos é possível defender-se o executado, admitindo-se,
entretanto, a exceção de pré-executividade.
2. Consiste a pré-executividade na possibilidade de, sem embargos ou penhora, argüir-se na execução,
por mera petição, as matérias de ordem pública, as nulidades absolutas e a prescrição.
3. A tolerância doutrinária, em se tratando de execução fiscal, esbarra na necessidade de se fazer prova de
direito líquido e certo.
4. Recurso especial improvido.
Acórdão
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da
Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso,
nos termos do voto da Sra. Ministra-Relatora." Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Castro Meira e
Humberto Martins
votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Como sustentado, o Exeqüente sem título, ou com título ilíquido, inexigível ou incerto
protagoniza preterição de formalidade essencial, já que a certidão de dívida ativa tributária é
nula porque formalizada por procedimento eivado de vício insanável desde a sua origem,
contaminando o título em sua integralidade, devendo ser considerada como inexistente. Desta
forma, a via jurisdicional utilizada, a via executiva, é inadequada para os fins pretendidos pela
exeqüente, devendo-se desta forma extinguir-se o processo por ausência de suas condições de
ação.
Advogado