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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO

TRIBUNAL REGIONAL DO
PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA XX REGIÃO – YY.

Processo Originário.: 0001

EMPRESA TAL, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº XXX,
recebendo notificaçõ es na XXX , vem, mui respeitosamente a Vossa Excelência por
procurador judicial constituído (instrumento de mandato em anexo), interpor
MANDADO DE SEGURANÇA
(com pedido de liminar)
em face do Exmo. Juiz do Trabalho da xxª Vara do Trabalho de Recife-ES, Dr YYYYY,
autoridade coatora nos termos Lei nº 12.016/2009 e, do Sr. Fulanao de Tal, reclamante,
brasileiro, casado, motorista, com RG nº XXX e CPF nº XXX , residente na Rua XXX .
DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA:
O presente mandado de segurança reúne condições de processabilidade porque há
indicação e requerimento de citação do litisconsorte passivo necessário, bem como a juntada
em anexo dos atos impugnados que demonstram o respeito ao prazo decadencial a que alude
o artigo 23 da Lei nº 12.016/2009.
Em breve resumo o presente mandado é ajuizado em face ato de autoridade pú blica que em
decisã o proferido em 05/03/2020 (DOC 01), violou o direito líquido e certo da parte
ofendida, na RT n.: 0001, pois considerou vá lida a reclamató ria onde foi indicado como
endereço citató rio do PACIENTE (ora empresa reclamada) logradouro que JAMAIS
pertenceu e/ou tenha funcionado como endereço comercial da reclamada.
Conforme se verifica em rá pido manuseio na RT supra-apontada (DOC 02, 03, 04 e 05), tã o
logo foi proferida a sentença de revelia da reclamada, em sua primeira manifestação
posterior nos autos, o reclamante indica ao juízo o entã o verdadeiro endereço da
reclamada ora IMPETRANTE (DOC 06).
É importante ressaltar que ao tomar conhecimento da RT em curso, a IMPETRANTE nã o
podia propor Açã o Rescisó ria, pois o prazo decadencial já estava prescrito com o trâ nsito
em julgado da lide (vide DOC 07).
Dessa feita, nã o restou a IMPETRANTE senã o a interposiçã o de Exceçã o de Pré-
executividade, o qual curiosamente foi dado prazo para o reclamante se manifestasse e,
acreditem, NÃO HOUVE QUALQUER MANIFESTAÇÃO ou NEGATIVA DE FORNECIMENTO
IRREGULAR de endereço citatório inicial, o que data máxima vênia foi ignorado pelo
juízo de piso.
Assim, nã o restou alternativa a impetrante senã o buscar nesse d. Tribunal anulaçã o da
falha processual cometida na reclamató ria supra, sob pena de violaçã o de garantia
constitucional basilar (contraditório e ampla defesa).
Este é inclusive o entendimento pacificado dos Membros integrantes do Tribunal Pleno
do Tribunal Regional da XXX ª Região, in verbis:
MANDADO DE SEGURANÇA. EXCEÇÃ O DE PRÉ -EXECUTIVIDADE. APLICAÇÃ O NO
PROCESSO DO TRABALHO. Embora inexista dispositivo legal que preveja a exceçã o de pré-
executividade, tal modalidade de defesa encontra amparo na Constituiçã o Federal através
da disposiçã o do art. 5º, inciso LV. Para se submeter o devedor à coisa julgada material há
que se observar a supremacia da clá usula do devido processo legal, que está inserida no
elenco dos direitos e garantias individuais. Segurança parcialmente concedida.

DOS FATOS
Em resumo, o reclamante indicou na fase inicial do processo, endereço diverso da
reclamada (vide DOC 02, 03, 04 e 05), e, tão logo foi proferida a sentença de revelia, em
sua primeira manifestaçã o nos autos, exatamente na fase do cumprimento de sentença,
indicou o então verdadeiro endereço da reclamada ora IMPETRANTE (DOC 06 “fls 10”
da RT”).
É mister frisar ainda que o reclamante sempre teve ciência do real logradouro da sede
da ré, o que aliá s é flagrante na própria documentação acostada por este, em sua
petição inicial (vide DOC 03, fls 10 da RT), onde consta no contrato social da reclamada o
endereço da sede da empresa reclamada ora IMPETRANTE.
Nestes termos, de acordo com os artigos 5º LV da CF e 280 e 282, ambos CPC, haverá
nulidade quando os atos inquinados resultarem manifesto prejuízo à s partes litigantes.
Ora, no presente caso, está caracterizado o manifesto prejuízo causado à reclamada pelo
equívoco no endereçamento postal da notificaçã o expedida por essa Justiça especializada.
CF: Art. 5º, LV. aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;
CPC: Art. 280. As citações e as intimações serão nulas quando feitas sem observância
das prescrições legais.
CPC: Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e
ordenará as providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados.
Nesse mesmo sentido, a doutrina dominante também tem a seguinte posiçã o: “A citaçã o
vá lida é essencial para que o processo possa se desenvolver regularmente, conforme o
disposto no có digo de ritos. A importância da citação válida é tanta que alguns autores
chegam a considerá-la pressuposto processual de validade”. (CÂMARA, Alexandre
Freitas. Liçõ es de Direito Processual Civil. 18ª Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016, vol. 1.
Pá g. 271).
Como dito, a impetrante ao ter conhecimento dos autos, já restava prejudicada o seu direito
de ingressar com uma Açã o Rescisó ria, pois a RT já havia transitado em julgado (vide DOC
07), nã o restando outra alternativa senã o a EXCEÇÃ O DE PRÉ -EXECUTIVIDADE para
suscitar a nulidade de citaçã o.
Ressaltamos novamente que, curiosamente, apó s ser dado prazo para o reclamante se
manifestar, acreditem, NÃO HOUVE QUALQUER MANIFESTAÇÃO ou NEGATIVA DE
FORNECIMENTO IRREGULAR de endereço citatório inicial, o que data máxima vênia foi
ignorado pelo juízo de piso.
Douto desembargador é notó rio que a citaçã o é ato processual pelo qual se chama a juízo o
réu ou o interessado a fim de se defender. Para a validade do processo, é indispensável
à citaçã o inicial do réu. Ademais, a nã o observâ ncia desse mandamento é violar a garantia
fundamental tecida na Art. 5º, LV, da CF c/c Art. 239 do CPC.
Nesse sentido, inclusive, colacionamos o entendimento pacificado deste Tribunal Regional
(TRT 6ª Região), da colenda Corte (TST), e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), quanto
ao tema correspondente:

CITAÇÃO INVÁLIDA. VIOLAÇÃ O AO ART. 841, DA CLT E AO ART. 5º, LV DA CF/88. ERRO
DE FATO. CABIMENTO - A notificaçã o com fins citató rios não foi entregue no endereço
correto da empresa, tendo sido remetida para endereço incorreto, a despeito de, ao
tempo da propositura da reclamaçã o, seu novo endereço estar atualizado junto à Junta
Comercial. Erro de fato consubstanciado na admissão da citação inválida, como se
regular fosse. Violaçã o ao art. 841, da CLT e ao art. 5º, LV, CF/88. Corte rescisório
admitido. (Processo: AR - 0000604-75.2017.5.06.0000, Redator: Fabio Andre de Farias
data de julgamento: 23/01/2018, Tribunal Pleno, Data da assinatura: 26/01/2018).
PROCESSO Nº TST-RR-107400-09.2006.5.02.0026. A C Ó R D Ã O. 7ª Turma. CMB/brq
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃ O PUBLICADA
ANTES DA VIGÊ NCIA DA LEI Nº 13.015/2014. EXECUÇÃO. DECLARAÇÃO DE NULIDADE
DE CITAÇÃO NO PROCESSO DE CONHECIMENTO. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.
OFENSA À COISA JULGADA. INEXISTÊNCIA. Agravo de instrumento a que se dá
provimento para determinar o processamento do recurso de revista, para melhor exame de
possível violaçã o do artigo 5º, XXXVI, da Constituiçã o Federal. Na hipótese, a reclamada,
mediante simples petição, suscitou a nulidade do processo de conhecimento por
vício na citação. O Magistrado de primeira instâ ncia, ao examinar o pedido, reconheceu
que, por estar o feito já na fase de execuçã o, deveria a executada apresentar medida
compatível com o momento processual, a fim de solicitar o que entender de direito -
procedimento então adotado pela ré com o oferecimento da exceção de pré-
executividade. Quando do julgamento da referida medida, o Juízo de execuçã o reconheceu
ser impossível tratar da matéria alegada por meio da exceçã o de pré-executividade, pois
incumbia à parte, tã o logo tenha tomado ciência do processo, utilizar-se de medida judicial
cabível, o que nã o foi realizado por ela na primeira oportunidade, uma vez que apresentou,
apenas, simples petiçã o nos autos. Posteriormente, o Tribunal Regional, no exame do
agravo de petiçã o interposto pela reclamada da decisã o que rejeitou a aludida exceçã o, e,
ainda, reconhecendo a natureza do vício que acometia o processo, declarou a existência de
nulidade absoluta, ante a falta de citaçã o vá lida no processo de conhecimento, e
determinou a renovaçã o da notificaçã o. Nesse contexto, ao analisar a primeira decisã o
proferida pelo Juiz de origem em sede de execuçã o, verifica-se que nã o houve apreciaçã o
terminativa ou definitiva da matéria em debate, qual seja, a nulidade de citaçã o no processo
de conhecimento. Logo, evidenciado o cará ter eminentemente interlocutó rio do decisum,
do qual, sequer, cabia recurso, nã o se há de falar em trâ nsito em julgado e consequente
ofensa à coisa julgada (qualidade especial das sentenças) perpetrada pelo acó rdã o
recorrido em seu detrimento. Cabe aqui destacar, a título de esclarecimento, que, por
versar sobre questão de ordem pública – que admite o manejo da exceção de pré-
executividade – nã o há como se constatar a alegada preclusã o, pois a nulidade de citaçã o,
face À gravidade que lhe acompanha, caracteriza-se como vício transrescisório, que
permite a desconstituiçã o da sentença mesmo apó s o decurso do prazo previsto para o
ajuizamento da açã o rescisó ria. Ou seja, nem mesmo o trânsito em julgado da sentença
de mérito é capaz de convalidar o defeito de citação.
RECURSO ESPECIAL. CITAÇÃO. TEORIA DA APARÊNCIA. INAPLICABILIDADE NO CASO
CONCRETO. NULIDADE RECONHECIDA. VÍCIO TRANSRESCISÓRIO. PREJUÍZO
EVIDENTE. 1. Cuida-se de açã o renovató ria de locaçã o julgada antecipadamente, tendo em
vista o reconhecimento da revelia da ré. 2. Interposiçã o de recurso de apelaçã o suscitando
preliminar de nulidade do processo por vício de citaçã o. 3. Cinge-se a controvérsia a definir
se é vá lida a citaçã o de pessoa jurídica efetivada em endereço diverso de sua sede ou filial e
recebida por pessoa estranha aos seus quadros sociais ou de funcioná rios. 4. A
jurisprudência desta Corte, abrandando a regra legal prevista no artigo 223, pará grafo
ú nico, segunda parte, do Có digo de Processo Civil, com base na teoria da aparência,
considera vá lida a citaçã o quando, encaminhada ao endereço da pessoa jurídica, é recebida
por quem se apresenta como representante legal da empresa, sem ressalvas quanto à
inexistência de poderes de representaçã o em juízo. 5. Inaplicabilidade da teoria da
aparência no caso concreto em que a comunicaçã o foi encaminhada a endereço
desatualizado e no qual há muito nã o mais funcionava a pessoa jurídica e recebida por
quem nã o mantinha relaçã o com a ré, nem de subordinaçã o nem de representaçã o. 6. O
vício de nulidade de citação é o defeito processual de maior gravidade em nosso
sistema processual civil, tanto que erigido à categoria de vício transrescisório,
podendo ser reconhecido a qualquer tempo, inclusive após o escoamento do prazo
para o remédio extremo da ação rescisória, mediante simples alegação da parte
interessada. 7. Os deveres de informaçã o, boa-fé, probidade, lealdade e cooperaçã o,
exigíveis das partes na execuçã o dos contratos, nã o têm a força de expungir o princípio
constitucional do devido processo legal. 8. Por aplicaçã o do princípio da pas de nullité sans
grief, mesmo os vícios mais graves nã o se proclamam se ausente prejuízo à s partes. 9. No
caso, o prejuízo é evidente diante do prosseguimento do processo sem a apresentaçã o de
defesa, seguido de julgamento antecipado da lide, a despeito da alegaçã o de que
indispensá vel a produçã o de prova pericial para estabelecer o valor real do aluguel mensal
referente ao imó vel. 10. Recurso especial provido.” (STJ - REsp: 1449208 RJ
2014/0087478-5, Relator: Ministro MOURA RIBEIRO, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 27/11/2014)
(destaquei).
Nã o restam dú vidas quanto à “equivocada indicaçã o” de endereço citató rio pelo reclamante
na fase inicial do feito, tornando, assim, nulo a citação e, por conseguinte à revelia
aplicada.
Assim é certa, data máxima vênia, que a sentença de confissã o e revelia encontra-se
viciada por nulidade absoluta de citação, pois na reclamató ria supramencionada a
reclamada nã o recebeu a citaçã o para comparecer à audiência inicial e apresentar
contestaçã o.

DO DIREITO
Quanto à obrigatoriedade de citaçã o vá lida, a doutrina tem entendimento uníssono, de que,
é possível, arguir irregularidades que viciam de modo inequívoco a pretensã o em tela.
In casu, acertada doutrina assevera, in verbis:
"Parece-nos que, embora a lei só preveja a via dos embargos como forma de o devedor
deduzir as suas defesas (art. 741 e 745, CPC), em nossa sistemá tica processual é
perfeitamente viá vel o reconhecimento ou o oferecimento de defesas antes da realizaçã o da
penhora. Na esteira desse raciocínio, para fins didá ticos, podemos classificar as matérias
que podem e devem ser conhecidas de ofício pelo juiz, isto é, matérias de ordem
pública (pressupostos processuais e condições de ação); tais defesas sã o arguíveis por
meio de objeçã o de pré-executividade; matérias que devem ser objeto de alegaçã o da parte,
sendo, porém, desnecessá ria qualquer dilaçã o probató ria para sua demonstraçã o; podem
ser veiculadas pela chamada exceçã o de pré-executividade; Na prá tica forense, contudo, o
nome mais corrente que se dá a qualquer tipo de defesa do executado, antes da segurança
do juízo, é o de exceçã o de pré-executividade” [1].
Nesse mesmo sentido têm sido o entendimento majoritá rio dos nossos tribunais quando
houver vício na citação inicial e, sua conseguinte nulidade absoluta:
PROCESSO nº 0021090-59.2014.5.04.0221 (AP) - AGRAVANTE: ROSEMERE FARIAS
RODRIGUES - AGRAVADO: ALZIRA WEEK - RELATOR: ANA ROSA PEREIRA ZAGO SAGRILO
– EMENTA: AGRAVO DE PETIÇÃ O. VÍCIO DE CITAÇÃO. NULIDADE DO FEITO. A falta de
citação constitui vício insanável, transrescisório, podendo ser alegado em qualquer
tempo e grau de jurisdição, até mesmo após o trânsito em julgado da ação, pois
prejudica o direito de defesa da parte que tem ajuizada contra si uma demanda sem
que dela tenha ciência para se defender. No caso, independente do momento em que
suscitado o vício da citaçã o, assim como ainda que a carta de notificaçã o tenha sido
entregue à filha da reclamada, o fato é que o presente feito processou-se sem que a
reclamada tenha tido ciência da sua existência, o que impossibilitou a sua defesa. Por
conseguinte, eivado de vício o presente feito, correta a sentença de origem que reconheceu
a nulidade da citaçã o e declarou a nulidade do feito desde a inicial. Negado provimento ao
Agravo de Petiçã o. ACÓ RDÃ O Vistos, relatados e discutidos os autos. ACORDAM os
Magistrados integrantes da Seçã o Especializada em Execuçã o do Tribunal Regional do
Trabalho da 4ª Região: por unanimidade, negar provimento ao Agravo de Petiçã o da
exequente. Intime-se. Porto Alegre, 23 de maio de 2017.
Dessa forma, douto desembargador, a citaçã o na Justiça do Trabalho nã o pode ser
presumidamente validada quando houver controvertida citaçã o, pois:
(1) O reclamante tinha conhecimento do real endereço da reclamada, conforme
documentaçã o acostada pelo pró prio em sua exordial (DOC 03 - có pia do Contrato Social
da ré em fls. 11);
(2) Ad argumentandum tantum, é mister frisar que o endereço maliciosamente indicado na
inicial (DOC 02) foi domicílio de um dos quotistas da pessoa jurídica ora reclamada até
2004 (vide DOC 08 - certidão de ônus do imóvel em anexo), ou seja, quando a RT foi
ajuizada em 2011, já havia mais de 07 anos que este imó vel não pertencia mais ao
quotista supra, nã o obstante frisar que este só cio nã o tinha poderes para receber citaçã o
em nome da ré conforme registrado no contrato social (frise-se juntado pelo pró prio
reclamante).
Dessa forma, não há que se falar em coisa julgada na sentença proferida em processo
em que não se formou a relação jurídica apta ao seu desenvolvimento. É que nessa
hipó tese estamos diante de uma sentença juridicamente inexistente, que nunca adquire a
autoridade da coisa julgada.
Ademais, no caso concreto e por força do disposto na súmula nº. 16 do TST, é afastado a
presunçã o de “citaçã o vá lida”, quando houver prova em sentido contrá rio (DOC 08).
Em suma, no caso em tela, o reclamante interpô s reclamatória trabalhista usando como
endereço citató rio da empresa-reclamada logradouro que JAMAIS pertenceu e/ou tenha
funcionado como endereço comercial da ré.
Os documentos citados, portanto, comprovam que o endereço para a qual enviada à
notificação inicial nunca foi o endereço do local da prestação de serviços, tampouco o
endereço comercial/sede da reclamada, o que torna a citaçã o inexistente.
Portanto, havendo - como resta demonstrado - ausência de um dos pressupostos
processuais ou condiçõ es de açã o, o presente Mandado de Segurança é cabível.
Para conceituar um instituto necessá rio analisar a formulaçã o doutriná ria acerca do tema,
assim, para Helly Lopes Meireles mandado de segurança é o:
“meio constitucional posto à disposiçã o de toda pessoa física ou jurídica, ó rgã o com
capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, para a proteçã o de direito
individual ou coletivo, líquido e certo, nã o amparado por habeas corpus ou habeas data,
lesado ou ameaçado de lesã o, por ato de autoridade, seja de que categoria for sejam
quaisquer as funçõ es que exerça.”
Para Carlos Henrique Bezerra Leite o:
“mandado de segurança é, portanto, uma garantia, um remédio de natureza
constitucional, exteriorizado por meio de uma açã o especial, posta à disposiçã o de
qualquer pessoa (física ou jurídica, de direito pú blico ou privado) ou de ente
despersonalizado com capacidade processual, cujo escopo repousa na proteção de
direito individual ou coletivo, próprio ou de terceiro, líquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, contra ato de autoridade pública ou de agente de
pessoa jurídica de direito privado no exercício delegado de atribuições do poder
público.”
O impetrante vem sofrendo violação de direito líquido e certo, quais sejam, os
direitos assegurados constitucionalmente do contraditório e ampla defesa (art. 5º,
inciso LV, Constituiçã o Federal).
Desta feita, é evidente que o reclamante “equivocou-se” ao fornecer como endereço
da peticionante endereço “errôneo”, embora, estranhamente, quando foi conveniente
tenha indicado o endereço fidedigno na execuçã o!
Diante do exposto, requer seja declara a nulidade de todos os atos praticados no presente
processo, pois ocasionou manifesto prejuízo à reclamada-IMPETRADA.

Conclusão:
Apó s o exposto, n. desembargador, entendendo ter demonstrado, com a devida venia, a
ocorrência de ilegalidade no despacho perpetrado pelo D. Juízo da 13ª Vara do Trabalho de
Recife-PE nos autos de origem, a impetrante roga:
a) Seja recebido e autuado o presente Mandado de Segurança, processando-o na forma
da lei;
b) Seja concedida liminar para dar efeito suspensivo à segurança, para suspender as
decisõ es que: (1) reconheceu a citaçã o inicial da empresa reclamada, ora IMPETRANTE; e
(2) manteve, em sede de pleito incidental, a invá lida citaçã o e, manteve a indevida revelia
sobre a IMPETRANTE;
c) Ao final do rito processual, seja o Mandado de Segurança provido em definitivo,
determinando ao juízo da XXª Vara do Trabalho a nulidade de citaçã o e, por conseguinte da
sentença, com nova REMARCAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO, INSTRUÇÃO E
JULGAMENTO, nos moldes do artigo 334 do CPC c/c artigo Art. 5º, LV, da CF e sú mula 16
do TST, além é claro do entendimento pacificado do TRT da XXª regiã o e do TST (em
acó rdã o com matéria semelhante);
d) Ao final seja condenada ao pagamento das custas processuais e honorá rios advocatícios
de sucumbência.
e) Sejam as custas recolhidas ao final, inclusive as despesas processuais (§ 1º, art. 789, da
CLT).
Dá ao Mandado de Segurança o valor de causa de R$ 1.000,00 (hum mil reais), meramente
para fins de alçada.
Neste termos pede provimento ao MS.
Local e data
Advogado

[1] (Problemas de Processo Judicial; 2º volume; Coordenador Valdir de Oliveira Rocha;


texto de Manoel Á lvares, p. 194; Ed. Dialética, 2014; Sã o Paulo)

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