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EXMO. SR. DR.

JUIZ DO TRABALHO DA 3ª VARA DO TRABALHO DE XXXXX

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
PROCESSO Nº: xxxx
EMBARGANTE: xxxx
EMBARGADO: xxxx

xxxxxx, amplamente qualificada nos autos do processo em epígrafe, vem,


respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, através de seu advogado in fine assinado,
opor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma no artigo 897-A da CLT, o que faz com
arrimo nos substratos fático-jurídicos doravante colacionados.

DO ENDEREÇO PARA AS PRÓXIMAS NOTIFICAÇÕES E INTIMAÇÕES.

Para fins dos artigos 234, 236, §1º, 238 e 241, todos do Código de Processo
Civil, em sua aplicação subsidiária ao Processo do Trabalho, requer que doravante todas
as comunicações dos atos processuais sejam feitas EXCLUSIVAMENTE em atenção ao
advogado Dr. xxxx, regularmente inscrito na OAB/CE sob o nº. xxxx, devendo as eventuais
intimações serem enviadas para o endereço profissional, qual seja, Rua xxxx, n°. xxx, sob
pena de nulidade, nos precisos termos da Súmula nº. 427, do TST e do art. 272, §5º, do CPC.

DA TEMPESTIVIDADE

A reclamada foi intimada, via postal com Aviso de Recebimento - AR, para
ciência da sentença de ID 353056a, no dia 17/10/2023 (terça-feira). Assim, a contar do
recebimento da comunicação, o quinquídio legal para oposição de embargos de declaração
teve início em xxxx (quarta-feira), findando em xxx (terça-feira), restando, portanto,
comprovada a tempestividade da presente medida.

DO CABIMENTO DO APELO
Os embargos declaratórios não consubstanciam crítica ao ofício judicante,
mas serve-lhe ao aprimoramento. Ao apreciá-los, deve o magistrado fazê-lo com espírito de
compreensão, atentando para o fato dos embargos consolidarem verdadeira contribuição da
parte em prol do devido processo legal.

A embargante possui o direito à entrega da prestação jurisdicional de forma


clara e precisa, mormente quando as próprias normas jurisprudenciais assim exigem como
requisito de admissibilidade recursal, de acordo com o que estabelece o artigo 897-A, da CLT,
senão vejamos:

Art. 897-A. Caberão embargos de declaração da sentença ou do


acórdão, no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na
primeira audiência ou sessão subsequente a sua apresentação,
registrado na certidão, admitido efeito modificativo da decisão, nos
casos de omissão e contradição no julgado e manifesto equívoco no
exame dos pressupostos extrínsecos do recurso. (Grifo nosso).

§ 1º. Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a


requerimento de qualquer das partes.

§ 2º. Eventual efeito modificativo dos embargos de declaração somente


poderá ocorrer em virtude da correção de vício na decisão embargada
e desde que ouvida a parte contrária, no prazo de 5 (cinco) dias.

Como bem se vê, resta inquestionável o cabimento e admissibilidade dos


embargos de declaração. Ademais, o artigo 1.022 do CPC, aplicado de forma supletiva e
subsidiariamente na Justiça Trabalhista, nos aclara quanto à aplicação dos embargos de
declaração:

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão


judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se
pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.

Desta forma, restará claro o cabimento dos presentes embargos de


declaração, eis que merece retificação a decisão embargada nos pontos que serão ventilados,
para que a prestação jurisdicional seja entregue de forma completa, consoante razões que
adiante serão expostas.

DOS EFEITOS INFRINGENTES


Concede-se aos presentes embargos efeitos infringentes, conforme
previsão do art. 1.023, do CPC, uma vez que, ao se buscar o esclarecimento de omissão,
obscuridade e contradições apontadas inferindo diretamente em matéria de ordem pública,
portanto, é possível que o teor da decisão embargada seja alterado substancialmente.

Art. 1.023. [...] § 2º O juiz intimará o embargado para, querendo,


manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos,
caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão
embargada.

Pelo exposto, deverá ser dada vistas a parte contrária para, querendo,
apresentar, no prazo legal, impugnação, o que desde já se requer.

RAZÕES DE MÉRITO

DAS OMISSÕES E CONTRARIEDADE


NULIDADE DA CITAÇÃO EDITALÍCIA. AUSÊNCIA DE ESGOTAMENTO
DE OUTROS MEIOS DE LOCALIZAÇÃO DA RECLAMADA.
INOBSERVÂNCIA DE DILIGÊNCIA EM ENDEREÇO CONSTANTE NOS
AUTOS.

A reclamada somente teve conhecimento da presente reclamação


trabalhista ao receber, em 17/10/2023, a intimação da sentença de ID 353056a, por via postal
com Aviso de Recebimento – AR, conforme se extrai da correspondência de ID fb9caea.
De acordo com o julgado, a reclamada teria sido devidamente notificada para
comparecer à audiência designada, mas deixou de fazê-lo e não apresentou defesa, sendo-
lhe, pois, aplicada a revelia com a pena de confissão quanto à matéria de fato.

Sucede Excelência, que, ao compulsar os autos, não se verifica da


documentação acostada, a regularidade da citação da ré para comparecer às
audiências designadas, seja para a sessão de 10/02/23, seja para sessão de 03/04/23, o
que torna o presente processo nulo ipso iuri, pois, a relação processual em que se apoia
está contaminada de vício atinente à própria existência do processo. Explica-se!

Ora, embora conste no bojo do processo o AR de notificação/citação de ID


1268699, da simples análise do documento, pode-se verificar que a devolutiva ao remetente,
se deu com a informação de que o destinatário “Mudou-se”.

No entanto, este MM Juízo, data maxima venia, omitiu-se quanto à


informação constante no Aviso de Recebimento, comprometendo, inclusive, a assertiva
constante no julgado de que a reclamada teria sido “regularmente notificada”, pois
contrariamente à documentação colacionada, não se verifica a regularidade da comunicação
suscitada no decisum.

Não bastasse ter sido essa a ÚNICA tentativa de citação em endereço


atribuído à reclamada pela contraparte, o reclamante ainda argumentou não dispor de
endereço diverso, levando o juiz sentenciante a deferir, de imediato, o seu pedido de citação
editalícia, sem que tenha havido qualquer esforço para explorar meios outros de localização
da reclamada.
Assim, contrariando não apenas a recomendação legal, que considera a
citação por edital como medida excepcionalíssima, o insigne Magistrado, ainda silenciou
quanto ao endereço constante na CTPS digital (ID 29bfd80), no qual poderia a reclamada ser
facilmente encontrada, haja vista ser este o endereço da Matriz da empresa, onde, inclusive,
recebeu, tardiamente, a comunicação da sua condenação, conforme AR de ID fb9caea.

Ainda que assim não o fosse, em qualquer sítio de pesquisa na internet, a


exemplo do Google, a mera consulta pela razão social da reclamada, possibilitaria a
localização da Matriz e de inúmeras outras filiais, senão vejamos:
-

Assim, não há como conceber o acolhimento do pleito autoral para citação


da reclamada por edital, sem que tenha havido diligências mínimas, inclusive, de ferramentas
à disposição do Judiciário, para localização da ré.

Nesse cenário, é certo afirmar que este D. Juízo, data maxima venia, antes
de deferir o requesto para citação editalícia, não se acautelou quanto à necessidade do
esgotamento de meios outros de localização da reclamada, sendo omisso quanto à premissa
fática e legalmente exigidas.

Tem-se assim que a reclamada não exerceu o seu direito de defesa,


porquanto não fora regularmente citada para fazê-lo, impondo-se o acolhimento da nulidade
de citação ora arguida, não havendo que se falar em regularidade da comunicação.

Nesse contexto, a teor do disposto no §1º do art. 841 da CLT, extraímos a


excepcionalidade da citação por edital, que foi inobservado pelo juízo, impondo-se o
reconhecimento da nulidade da comunicação, conforme despendido nas linhas antecedentes.
Outrossim, o art. 239 do CPC, aplicado subsidiariamente ao processo
trabalhista, prevê que “Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou
do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de
improcedência liminar do pedido”, pelo que a realização de citação válida é elemento de
formação da relação processual, ou seja, é condição necessária à triangulação do
processo.

Inobstante, resta claro que a reclamada teve o seu direito ao contraditório e


a ampla defesa (art. 5º, inciso LV da CF) prejudicados, devendo ser declarada a nulidade
processual desde a expedição citatória primeira, haja vista a ausência da
triangularização processual, determinando-se a designação de nova audiência
inaugural/UNA, quando será oportunizada a empresa a apresentação de defesa e
documentos no caso em tela e produção de demais provas, não havendo o que se falar
em revelia e confissão ficta desta reclamada.

Destaque-se, ao fim, que esta embargante cumpre o que positivado no


artigo 795 celetário, porquanto, ainda que nem mesmo realmente notificada no processo, tão
logo tenha tomado ciência da nulidade passou a argui-la através de seus patronos ora
signatários.

Rememoremos, ao mais, trata-se de matéria de ordem pública, não sujeita,


pois, à preclusão. Neste sentido é bem definido pela mais alta corte trabalhista, conforme bem
exemplificado pelo ementário abaixo:

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA


INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 - EXECUÇÃO-
NULIDADE DA CITAÇÃO- EMBARGOS À EXECUÇÃO - VÍCIO
TRANSRESCISÓRIO Vislumbrada violação ao art. 5º, LIV e LV, da
Constituição, dá-se provimento ao Agravo de Instrumento para melhor
exame do recurso denegado. II - RECURSO DE REVISTA
INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 - EXECUÇÃO-
NULIDADE DA CITAÇÃO- EMBARGOS À EXECUÇÃO - VÍCIO
TRANSRESCISÓRIO A Corte Regional concluiu pela preclusão para
arguir a nulidade da citação, por se tratar de matéria atinente à fase de
conhecimento. Não obstante, a ausência de citação inicial é matéria
de ordem pública, de maneira que não há falar em preclusão.
Trata-se de vício processual transrescisório, que pode ser
examinado, em tese, em embargos à execução, considerada a
ciência da decisão condenatória nessa oportunidade, MULTA -
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS O Recurso está
desfundamentado, na forma do artigo 896, § 2º, da CLT e da Súmula
nº 266 do TST. Recurso de Revista parcialmente conhecido e provido.
(TST - RR: 25542920125180011, Relator: Maria Cristina Irigoyen
Peduzzi, Data de Julgamento: 08/02/2017, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 10/02/2017). (Destaques nossos).
Ante o exposto, a reclamada requer que os presentes embargos de
declaração sejam julgados procedentes para sanar as omissões, contradições e
violações evidenciadas, tendo em vista a flagrante existência de vício da citação, ao
passo que requer sejam elididos os efeitos da revelia com a consequente declaração
da nulidade do processo desde a notificação/intimação inicial e, por consequência, seja
designada nova audiência inaugural/UNA, na qual deverá ser oportunizada a
apresentação de defesa, documentos e produção de demais provas, sob pena de
violação aos artigos legais e constitucionais citados nesta peça.

REQUERIMENTO

Pelos motivos acima, evidente, portanto, que o decisum exarado contém


necessidade de aperfeiçoamentos, motivo pelo qual se espera que este juízo se pronuncie
expressamente quanto ao que foi apontado nesta peça processual, completando assim a
prestação jurisdicional.

Ante o exposto, requer a reclamada ora embargante se digne Vossa


Excelência de conhecer dos presentes embargos, na forma do art. 897-A, da CLT, para, no
mérito, dar-lhes PROVIMENTO, nos termos da fundamentação supra, ao passo que
requer i) sejam anulados todos os atos praticados desde a irregular notificação da
audiência inaugural/Una; ii) seja designada nova data de audiência e reaberto o prazo
para a empresa Reclamada apresentar sua contestação e provas que entender cabíveis
ao exercício pleno do seu direito de defesa e contraditório, sob pena de violação aos
artigos legais e constitucionais citados nesta peça.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Fortaleza/CE para Salvador/BA, 23 outubro de 2023.

Advogada/OAB/CE

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