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AO DOUTO JUÍZO DA __ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF


Ação de Busca e Apreensão
Processo nº. ...
Autor: ...
Réu: ...
NOME, nacionalidade, estado civil, profissã o, portador (a) da cédula de identidade RG nº.
00000000, inscrito (a) no CPF/MF sob o nº 000.000.000-00, residente e domiciliado (a) na
(endereço), endereço eletrô nico (e-mail), vem, respeitosamente, perante este Douto Juízo,
através de seu (a) advogado (a) signatá rio (a), nos autos açã o em epígrafe, movida por
NOME DO AUTOR DA AÇÃO, com fundamento nos artigos 335 e 343 ambos do CPC/15
c/c § 3º do art. 3º do DL 911/69, apresentar sua CONTESTAÇÃO C/C RECONVENÇÃO E
PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA PROVISÓRIA ANTECIPADA, pelas razõ es de fato e de
direito a seguir aduzidas.
PRELIMINARMENTE
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Conforme redaçã o do caput do artigo 98 do CPC/15: “A pessoa natural ou jurídica,
brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorá rios advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da
lei”.
O requerido é (profissã o), auferindo renda total mensal equivalente a R$ 0000,00 (valor
por extenso), nã o tendo condiçõ es de arcar com as custas processuais e honorá rios
advocatícios sem prejuízo do pró prio sustento e de sua família, razã o pela qual pleiteia
sejam concedidos os benefícios da Gratuidade de Justiça.
Para tanto, junta declaraçã o de hipossuficiência e comprovantes de renda, os quais
demonstram a inviabilidade de pagamentos das custas judiciais sem comprometer sua
subsistência, conforme redaçã o do artigo 99 do CPC/15.
Dessa forma, requer sejam concedidos os benefícios da Gratuidade de Justiça, com fulcro
nos artigos 98 e seguintes no Novo CPC.
DA REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Com fulcro no artigo 319, VII, do Có digo de Processo Civil, o réu informa que possui
interesse na realizaçã o prévia de audiência de conciliaçã o.
DA TEMPESTIVIDADE
Conforme consta em fl.00, a execuçã o da liminar ocorreu no dia 00/00/0000.
Dessa forma, à luz do preceito contido no § 3º, art. 3º, do Dec.-Lei nº. 911/69, apresenta-se
a defesa dentro do prazo previsto em lei, contado da medida liminar devidamente
cumprida.
I- DA SÍNTESE DOS FATOS
O autor alega haver celebrado com o réu contrato de financiamento n.º 00000000 (doc.
anexado aos autos em fls. 000), que tem como garantia, por meio de alienaçã o fiduciá ria,
nos termos do Decreto-Lei 911/69, o bem abaixo descrito:
Marca / Modelo: XXXX
Cor: XXXX - Ano / Modelo: XXXX
Placa: XXXX - Chassi: XXXX
O contrato se operou mediante o pagamento de 48 parcelas fixas no valor de R$ xxxx cada,
sendo a primeira vencida em xxxx e a ú ltima com vencimento em xxxx.
Diante do inadimplemento verificado, o Autor, com o intuito de tentar receber o débito em
atraso, constituiu o Ré(u) em mora (fl. xxx) e ajuizou a presente açã o de busca e apreensã o,
requerendo a concessã o de medida liminar de busca e apreensã o do bem acima
especificado, decorrente da dívida pendente atualizada no valor de R$ 15.011,23 (quinze
mil e onze reais e vinte e três centavos).
Este Douto Juízo concedeu a medida liminar de busca e apreensã o, todavia, o bem nã o foi
localizado.
Ocorre que a presente açã o de busca e apreensã o está amparada em contrato de
financiamento celebrado mediante fraude, tendo em vista que o réu desconhece o teor da
negociaçã o, além de que a assinatura aposta no contrato se trata de falsificaçã o grosseira,
tornando o título nulo de pleno direito, eis que nã o exprime a manifestaçã o de vontade do
réu em contratar com o autor, devendo, portanto, a presente açã o ser julgada extinta.
II – DO DIREITO
DA FRAUDE CONTRATUAL
A assinatura aposta no título executado se trata de falsificaçã o grosseira, tornando o título
nulo de pleno direito, eis que nã o exprime a manifestaçã o de vontade do réu em contratar
com o autor.
Apó s receber inú meras cobranças da instituiçã o financeira e ter seu nome negativado, o
embargante descobriu que seus dados foram utilizados para a aquisiçã o do veículo
automotor acima descrito, mediante financiamento, cuja assinatura aposta no contrato fora
falsificada.
Diante disso, registrou boletim de ocorrência junto ao ..º Batalhã o de Policia Militar de ...,
conforme segue em anexo.
[acrescentar fatos que considerar importante mencionar para conhecimento do juiz da
causa].
Se nã o bastasse, o autor efetuou o registro do nome do réu junto aos ó rgã os de proteçã o ao
crédito (SPC/SERASA), referente ao contrato acima especificado, no valor de R$ 26.539,70
(vinte e seis mil quinhentos e trinta e nove reais e setenta centavos), conforme
apontamento em anexo, além do ajuizamento da presente açã o de busca e apreensã o.
Conforme se verifica, é nitidamente visível a divergência da assinatura constante do
contrato com as assinaturas constantes na CNH, procuração e declaração de
hipossuficiência.
Dessa forma, a presente açã o de busca e apreensã o proposta deve ser extinta, conforme
será melhor analisado em sede de reconvençã o.
III – DA RECONVENÇÃO
Nos termos do art. 343 do CPC, na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para
manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
Da mesma forma, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme do sentido de
que cabe reconvençã o na açã o de busca e apreensã o. Vejamos:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. INOVAÇÃ O.
IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃ O. AÇÃ O DE BUSCA E APREENSÃ O. RECONVENÇÃ O.
POSSIBILIDADE.
1. Nã o se admite a adiçã o de teses nã o expostas no recurso especial em sede agravo
regimental, por importar em inadmissível inovaçã o recursal.
2. O ajuizamento de ação possessória não impede a análise da relação jurídica ou do
contrato subjacente, possuindo o devedor, a faculdade de contestar a pretensão, na
própria busca e apreensão, ou de reconvir ou ajuizar ação revisional.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no Ag 1168584/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA,
julgado em 28/04/2015, DJe 05/05/2015) (Grifei)
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. FUNDAMENTOS INSUFICIENTES
PARA REFORMAR A DECISÃ O AGRAVADA. VIOLAÇÃ O DO ARTIGO 42 DO CÓ DIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. AUSÊ NCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚ MULA 282 DO STF.
RECONVENÇÃ O EM AÇÃ O DE BUSCA E APREENSÃ O. CABIMENTO. ALTERAÇÃ O DO
QUANTUM INDENIZATÓ RIO. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO.
1. A agravante nã o trouxe argumentos novos capazes de infirmar os fundamentos que
alicerçaram a decisã o agravada, razã o que enseja a negativa de provimento ao agravo
regimental.
2. A alegada violaçã o do artigo 42 do Có digo de Defesa do Consumidor esbarra no ó bice
intransponível da falta de prequestionamento, pois tal matéria nã o foi objeto de debate ou
deliberaçã o pelo Tribunal de origem, nem foram opostos embargos de declaraçã o no
intuito de suprir tal lacuna. À luz do enunciado sumular n.º 282/STF, é inadmissível o
recurso especial que demande a apreciaçã o de matéria sobre a qual nã o tenha se
pronunciado a Corte de origem.
3. Segundo a jurisprudência desta Corte Superior, cabe reconvenção em ação de
busca e apreensão. Incidência da Sú mula 83/STJ, aplicá vel por ambas as alíneas
autorizadoras.
4. A revisã o do quantum arbitrado nas instâ ncias ordiná rias, a título de reparaçã o pelos
danos morais, somente se mostra possível se o valor fixado for irrisó rio ou abusivo,
situaçõ es que nã o se verificaram na hipó tese dos autos.
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no Ag 1330819/RO, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA TURMA, julgado em 26/04/2011, DJe 06/05/2011)
(Grifei)
DA INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Inegavelmente a relaçã o havida entre as partes é de consumo, ensejando, portanto, a
aplicaçã o das normas consumeristas ao caso em tela. Isso porque, a requerida se enquadra
no conceito de fornecedor de serviços, nos termos dos art. 3º do CDC, in verbis:
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pú blica ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produçã o, montagem, criaçã o, construçã o, transformaçã o, importaçã o, exportaçã o,
distribuiçã o ou comercializaçã o de produtos ou prestaçã o de serviços.
Ademais, o CDC é aplicá vel à s instituiçõ es financeiras. É o que dispõ e a redaçã o da sú mula
297 do STJ:
O Có digo de Defesa do Consumidor é aplicá vel à s instituiçõ es financeiras.
Dessa forma, nã o há dú vidas quanto a incidência do Có digo de Defesa do Consumidor no
caso em tela.
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Conforme preceitua o artigo 6º, VIII, da Lei 8078/90, ao consumidor será dada a
facilitaçã o da defesa de seus direitos, inclusive a inversã o do ô nus da prova a seu favor, no
processo cível, quando a critério do juiz, for verossímil a alegaçã o ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordiná rias de experiências.
O referido diploma normativo garante ao consumidor o acesso aos ó rgã os do Judiciá rio,
com vistas à prevençã o e/ou reparaçã o de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos, assegurados a proteçã o jurídica, administrativa e técnica aos
necessitados.
Nos termos da jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais,
quando o requerente alega a inexistência de débito que gera a negativação, por se
tratar de prova de fato negativo, compete ao réu, pretenso credor, o ônus da prova
acerca da existência do inadimplemento.
RECURSO ESPECIAL - INCIDENTE DE FALSIDADE MANEJADO NO BOJO DE EXECUÇÃ O DE
TÍTULO EXTRAJUDICIAL - ALEGAÇÃ O DE INAUTENTICIDADE DE ASSINATURAS APOSTAS
EM CONTRATO DE CONFISSÃ O DE DÍVIDA - DOCUMENTO COM FIRMA RECONHECIDA EM
CARTÓ RIO - INSTÂ NCIAS ORDINÁ RIAS QUE JULGARAM IMPROCEDENTE O INCIDENTE
DADA A NÃ O ELABORAÇÃ O DA PROVA PERICIAL GRAFOSCÓ PICA EM RAZÃ O DA
AUSÊ NCIA DO ADIANTAMENTO DA REMUNERAÇÃ O DO PERITO, O QUE ENSEJOU A
INVERSÃ O DO Ô NUS PROBATÓ RIO ENQUANTO REGRA DE JULGAMENTO - IRRESIGNAÇÃ O
DOS EXCIPIENTES Hipó tese: Controvérsia atinente a quem incumbe o ô nus da prova na
hipó tese de contestaçã o de assinatura cuja autenticidade fora reconhecida em cartó rio.
1. Consoante preceitua o artigo 398, inciso II, do CPC/73, atual 429, inciso II, do
NCPC, tratando-se de contestação de assinatura ou impugnação da autenticidade, o
ônus da prova incumbe à parte que produziu o documento. Aplicando-se tal regra ao
caso concreto, verifica-se que, produzido o documento pelos exequentes, ora recorridos, e
negada a autenticidade da firma pelos insurgentes/executados, incumbe aos primeiros o
ô nus de provar a sua veracidade, pois é certo que a fé do documento particular cessa com a
contestaçã o do pretenso assinante consoante disposto no artigo 388 do CPC/73, atual
artigo 428 do NCPC, e, por isso, a eficá cia probató ria nã o se manifestará enquanto nã o for
comprovada a fidedignidade.
2. A Corte local, fundando a aná lise no suposto reconhecimento regular de firma como se
tivesse sido efetuado na presença do tabeliã o, considerou o documento autêntico dada a
presunçã o legal de veracidade, oportunidade na qual carreou aos impugnantes o dever
processual de comprovar os seguintes fatos negativos (prova diabó lica): i) nã o estariam na
presença do tabeliã o; ii) nã o tinham conhecimento acerca do teor do documento elaborado;
e, iii) as assinaturas apostas no instrumento nã o teriam sido grafadas pelo punho dos
pretensos assinantes.
3. Por força do disposto no artigo 14 do CPC/2015, em se tratando o ô nus da prova de
regramento processual incidente diretamente aos processos em curso, incide à espécie o
quanto previsto no artigo 411, inciso III, do NCPC, o qual considera autêntico o
documento quando "nã o houver impugnaçã o da parte contra quem foi produzido o
documento", a ensejar, nessa medida, a impossibilidade de presunçã o legal de
autenticidade do documento particular em comento, dada a efetiva impugnaçã o pelo meio
processual cabível e adequado (incidente de falsidade).
4. Incumbe ao apresentante do documento o ônus da prova da autenticidade da
assinatura, quando devidamente impugnada pela parte contrária, não tendo o
reconhecimento das rubricas o condão de transmudar tal obrigação, pois ainda que
reputado autêntico quando o tabelião confirmar a firma do signatário, existindo
impugnação da parte contra quem foi produzido tal documento cessa a presunção
legal de autenticidade.
5. As instâ ncias ordiná rias nã o procederam à inversã o ou distribuiçã o dinâ mica do ô nus
probató rio - enquanto regra de instruçã o - mas concluíram que os autores, ora insurgentes,
nã o se desincumbiram da faculdade de comprovar as suas pró prias alegaçõ es atinentes à
falsidade das rubricas lançadas no contrato de confissã o de dívida, ensejando verdadeira
inversã o probató ria como regra de julgamento, o que nã o se admite.
6. Certamente, no caso, as instâ ncias precedentes, fundadas na premissa de que os autores
nã o adiantaram a remuneraçã o do perito reputaram ausente a comprovaçã o da alegada
nã o fidedignidade das assinaturas, procedendo, desse modo à inversã o do ô nus probante
diante de confusã o atinente ao ô nus de arcar com as despesas periciais para a elaboraçã o
do laudo grafoscó pico.
7. Esta Corte Superior preleciona nã o ser possível confundir ô nus da prova com a obrigaçã o
de adiantamento dos honorá rios periciais para a sua realizaçã o. Precedentes.
8. Recurso especial provido para cassar o acó rdã o recorrido e a sentença, com a
determinaçã o de retorno dos autos à origem a fim de que seja reaberta a etapa de instruçã o
probató ria, ficando estabelecido competir à parte que produziu o documento cujas
assinaturas sã o reputadas falsas comprovar a sua fidedignidade, ainda que o adiantamento
das despesas dos honorá rios periciais seja carreado à parte autora nos termos dos artigos
19 e 33 do CPC/73, atuais artigos 82 e 95 do NCPC.
(REsp 1313866/MG, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em
15/06/2021, DJe 22/06/2021) (Grifo Nosso)
EMENTA: EMBARGOS À EXECUÇÃ O - CÉ DULA DE CRÉ DITO BANCÁ RIO - EMPRÉ STIMO
PARA AQUISIÇÃ O DE VEÍCULO - FORÇA EXECUTIVA - ASSINATURA DE DUAS
TESTEMUNHAS - DISPENSABILIDADE - ARGUIÇÃ O DE FALSIDADE DE ASSINATURA -
Ô NUS DA PROVA SOBRE A AUTENTICIDADE - ART. 429, II DO CPC - COMPROVAÇÃ O POR
QUEM PRODUZIU O DOCUMENTO - AUSÊ NCIA - INEXIGIBILIDADE DO TÍTULO - EXTINÇÃ O
DA EXECUÇÃ O.
A cédula de crédito bancá rio, independentemente da assinatura de duas testemunhas, é
título executivo extrajudicial, e representa dívida em dinheiro, certa, líquida e exigível,
podendo ser representada pela soma nela indicada, saldo devedor demonstrado em
planilha de cá lculo ou nos extratos da conta-corrente. Todavia, arguida a falsidade da
assinatura lançada pelo devedor no título, e não comprovando aquele que produziu
referido documento a sua autenticidade, segundo ônus probatório que lhe é imposto
pelo art. 429, II do CPC, a execução deve ser extinta ante a inexigibilidade do título.
(TJMG - Apelaçã o Cível 1.0005.16.000832-1/001, Relator (a): Des.(a) Saldanha da Fonseca ,
12ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em 26/08/2020, publicaçã o da sumula em 01/09/2020)
(Grifo Nosso)
Neste sentido, ante a hipossuficiência técnica do reconvinte em relaçã o à ré, pessoa jurídica
de grande porte, faz jus ao deferimento do pedido de inversã o do ô nus da prova,
compelindo o demandado a arcar com os honorários periciais da perícia
grafotécnica necessária à resolução da lide, a fim de provar a veracidade da
assinatura do contrato firmado.
DA INEXISTÊNCIA DO DÉBITO
Sabe-se que o credor pode inscrever o nome do devedor inadimplente nos ó rgã os de
proteçã o ao crédito, visto que age no exercício regular de um direito ( CC, art. 188, I).
Contudo, se a inscriçã o é indevida (v.g., inexistência de dívida ou débito quitado), o credor é
responsabilizado civilmente, sujeito à reparaçã o dos prejuízos causados, inclusive quanto
ao dano moral.
Com efeito, o autor impô s ao réu cobrança de valores indevidos (visto que foi vítima de
fraude na constituição de alienação fiduciária) e, como se nã o bastasse, inscreveu os
dados do mesmo nos ó rgã os de proteçã o ao crédito.
Considerando o disposto no artigo 6º, VI e VII, do Có digo de Defesa do Consumidor, o
consumidor nã o pode ser cobrado por débito inexistente.
A inscriçã o da negativaçã o, cujo débito é inexistente, é indevida e deve ser cancelada. A
simples negativação ou manutenção indevida enseja dano moral e direito à
indenização, independentemente de qualquer outra prova, visto que, neste caso, é
presumida a ofensa à honra e ao bom nome do cidadão. É o que dispõ e o artigo 14 do
CDC:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparaçã o dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestaçã o dos
serviços, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçã o e
riscos.
Destarte, outra soluçã o nã o se vislumbra senã o declarar inexistente a dívida e
consequentemente a relaçã o contratual havida entre as partes, bem como responsabilizar a
Instituiçã o Financeira pelos danos causados.
DA FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS E DO DEVER DE INDENIZAR
A sú mula nº 479 do Superior Tribunal de Justiça possui a seguinte redaçã o: "As
instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito
interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações
bancárias".
A jurisprudência do STJ entende que a ocorrência de fraudes ou delitos contra o sistema
bancá rio, dos quais resultam danos a terceiros ou a correntistas, insere-se na categoria
doutriná ria de fortuito interno, porquanto fazem parte do pró prio risco do
empreendimento, in verbis:
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉ RSIA. JULGAMENTO PELA
SISTEMÁ TICA DO ART. 543-C DO CPC. RESPONSABILIDADE CIVIL.
INSTITUIÇÕ ES BANCÁ RIAS. DANOS CAUSADOS POR FRAUDES E DELITOS PRATICADOS
POR TERCEIROS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FORTUITO INTERNO. RISCO DO
EMPREENDIMENTO.
1. Para efeitos do art. 543-C do CPC: As instituições bancárias respondem
objetivamente pelos danos causados por fraudes ou delitos praticados por terceiros
- como, por exemplo, abertura de conta-corrente ou recebimento de empréstimos
mediante fraude ou utilização de documentos falsos -, porquanto tal
responsabilidade decorre do risco do empreendimento, caracterizando-se como
fortuito interno.
2. Recurso especial provido.
(REsp 1197929/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃ O, SEGUNDA SEÇÃ O, julgado em
24/08/2011, DJe 12/09/2011)
O art. 14, § 3º, do Có digo de Defesa do Consumidor, somente afasta a responsabilidade do
fornecedor por fato do serviço quando a culpa do consumidor ou de terceiro for exclusiva,
vejamos:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparaçã o dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestaçã o dos
serviços, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçã o e
riscos.
[...]
§ 3º O fornecedor de serviços só nã o será responsabilizado quando provar:
[...]
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
O fato de terceiro ter praticado fraude, utilizando dados do réu para contratar, nã o tem o
condã o de eximir o autor/reconvindo de sua responsabilidade. Isso porque, o demandante,
diante da atividade de risco desenvolvida, responde pelas disfunçõ es de sua atividade,
absorvendo os danos decorrentes, que nã o podem ser repassados ao consumidor.
Nas palavras do Sr. Min. LUIS FELIPE SALOMÃ O, relator no REsp nº 1.197.929 – PR:
[...] 3. Situaçã o que merece exame específico, por outro lado, ocorre em relaçã o aos nã o
correntistas. Com efeito, no que concerne à queles que sofrem os danos reflexos de serviços
bancá rios falhos, como o terceiro que tem seu nome utilizado para abertura de conta-
corrente ou retirada de cartã o de crédito, e em razã o disso é negativado em ó rgã os de
proteçã o ao crédito, nã o há propriamente uma relaçã o contratual estabelecida entre eles e
o banco.
Nã o obstante, a responsabilidade da instituiçã o financeira continua a ser objetiva. Aplica-se
o disposto no art. 17 do Có digo Consumerista, o qual equipara a consumidor todas as
vítimas dos eventos reconhecidos como "fatos do serviço", verbis:
Art. 17. Para os efeitos desta Seçã o, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do
evento.
É nesse sentido o magistério de Clá udia Lima Marques:
A responsabilidade das entidades bancá rias, quanto aos deveres bá sicos contratuais de
cuidado e segurança, é pacífica, em especial a segurança das retiradas, assinaturas
falsificadas e segurança dos cofres. Já em caso de falha externa e total do serviço bancá rio,
com abertura de conta fantasma com o CPF da "vítima-consumidor" e inscriçã o no Serasa
(dano moral), usou-se a responsabilidade objetiva da relaçã o de consumo (aqui totalmente
involuntá ria), pois aplicá vel o art. 17 do CDC para transforma este terceiro em
consumidor e responsabilizar o banco por todos os danos (materiais e extrapatrimoniais)
por ele sofridos. Os assaltos em bancos e a descoberta das senhas em caixas eletrô nicos
também podem ser considerados acidentes de consumo e regulados ex vi art. 14 do CDC.
(MARQUES, Clá udia Lima. Comentá rios do Có digo de Defesa do Consumidor. 3 ed. Sã o
Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 424)
4. Com efeito, por qualquer â ngulo que se analise a questã o, tratando-se de consumidor
direto ou por equiparação, a responsabilidade da instituição financeira por fraudes
praticadas por terceiros, das quais resultam danos aos consumidores, é objetiva e
somente pode ser afastada pelas excludentes previstas no CDC, como, por exemplo,
"culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros".
As instituiçõ es bancá rias, em situaçõ es como a abertura de conta-corrente por falsá rios,
clonagem de cartã o de crédito, roubo de cofre de segurança ou violaçã o de sistema de
computador por crackers, no mais das vezes, aduzem a excludente da culpa exclusiva de
terceiros, sobretudo quando as fraudes praticadas sã o reconhecidamente sofisticadas.
Ocorre que a culpa exclusiva de terceiros apta a elidir a responsabilidade objetiva do
fornecedor é espécie do gênero fortuito externo, assim entendido aquele fato que
não guarda relação de causalidade com a atividade do fornecedor, absolutamente
estranho ao produto ou serviço (CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de
responsabilidade civil. 9 ed. Sã o Paulo: Atlas, 2010, p. 185).
É a "causa estranha" a que faz alusã o o art. 1.382 do Có digo Civil Francês (Apud. DIAS, José
de Aguiar. Da responsabilidade civil. 11 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 926).
É o fato que, por ser inevitá vel e irresistível, gera uma impossibilidade absoluta de nã o
ocorrência do dano, ou o que, segundo Caio Má rio da Silva Pereira, "aconteceu de tal modo
que as suas consequências danosas nã o puderam ser evitadas pelo agente, e destarte
ocorreram necessariamente. Por tal razã o, excluem-se como excludentes de
responsabilidade os fatos que foram iniciados ou agravados pelo agente"
(Responsabilidade civil. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 305).
[...]
Na mesma linha vem entendendo a jurisprudência desta Corte, dando conta de que a
ocorrência de fraudes ou delitos contra o sistema bancário, dos quais resultam
danos a terceiros ou a correntistas, insere-se na categoria doutrinária de fortuito
interno, porquanto fazem parte do próprio risco do empreendimento e, por isso
mesmo, previsíveis e, no mais das vezes, evitáveis.
[...]
Em casos como o dos autos, o serviço bancá rio é evidentemente defeituoso, porquanto é
aberta conta-corrente em nome de quem verdadeiramente nã o requereu o serviço (art. 39,
inciso III, do CDC) e, em razã o disso, teve o nome negativado. Tal fato do serviço nã o se
altera a depender da sofisticaçã o da fraude, se utilizados documentos falsificados ou
verdadeiros, uma vez que o vício e o dano se fazem presentes em qualquer hipó tese.
6. Portanto, para efeitos do que prevê o art. 543-C do CPC, encaminho a seguinte tese:
As instituições bancárias respondem objetivamente pelos danos causados por
fraudes ou delitos praticados por terceiros - como, por exemplo, abertura de conta-
corrente ou recebimento de empréstimos mediante fraude ou utilização de
documentos falsos -, porquanto tal responsabilidade decorre do risco do
empreendimento, caracterizando-se como fortuito interno.
[...]
Do exposto, existindo a falha na prestaçã o dos serviços, é imperioso o dever de indenizar.
DOS DANOS MORAIS
A moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo dos mais diversos diplomas legais a
devida proteçã o, inclusive, estando amparada pelo art. 5º, inciso V, da Carta Magna de
1988:
Art. 5º (omissis):
[...]
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenizaçã o por
dano material, moral ou à imagem;
Outrossim, o art. 186 e art. 927 do Có digo Civil de 2002 assim estabelecem:
Art. 186. Aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará -lo.
Finalmente, o Có digo de Defesa do Consumidor, no seu art. 6º também protege a
integridade moral dos consumidores:
Art. 6º - Sã o direitos bá sicos do consumidor:
(...)
VI – a efetiva prevençã o e reparaçã o de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos
e difusos;
Ocorre que o dano moral, como sabido, deriva de uma dor íntima, uma comoçã o interna,
um constrangimento gerado naquele que o sofreu e que repercutiria de igual forma em
uma outra pessoa nas mesmas circunstâ ncias. Esse é o caso em tela, onde o demandante
está submetido a uma situaçã o de estresse constante, indignaçã o e constrangimento, se
sujeitando à situaçã o humilhante e vexató ria de ter seu nome indevidamente inscrito nos
ó rgã os de proteçã o ao crédito.
A inclusã o do nome da vítima em cadastro negativo de crédito por débito inexistente
caracteriza-se como abuso de direito e agir ilegal da ré.
Vale ressaltar que a inscriçã o indevida em cadastro restritivo gera dano moral in re ipsa,
sendo desnecessá rio prová -lo, bastando, para constituir o dano moral, a violaçã o de um
direito, independentemente do sentimento negativo consequente, o qual terá relevâ ncia
apenas para a quantificaçã o do dano.
Este é o entendimento do STJ:
EMENTA: Consumidor. Recurso especial. Açã o de compensaçã o por danos morais. Inscriçã o
indevida em cadastro de inadimplentes. Dano moral reconhecido. Permanência da
inscriçã o indevida por curto período. Circunstâ ncia que deve ser levada em consideraçã o
na fixaçã o do valor da compensaçã o, mas que nã o possui o condã o de afastá -la. - A
jurisprudência do STJ é uníssona no sentido de que a inscrição indevida em cadastro
restritivo gera dano moral in re ipsa, sendo despicienda, pois, a prova de sua
ocorrência. Dessa forma, ainda que a ilegalidade tenha permanecido por um prazo
exíguo, por menor que seja tal lapso temporal esta circunstância não será capaz de
afastar o direito do consumidor a uma justa compensação pelos danos morais
sofridos. - O curto lapso de permanência da inscriçã o indevida em cadastro restritivo,
apesar de nã o afastar o reconhecimento dos danos morais suportados, deve ser levado em
consideraçã o na fixaçã o do valor da reparaçã o. Recurso especial provido para julgar
procedente o pedido de compensaçã o por danos morais formulado pela recorrente. (REsp
994253 / RS - Relator (a) Ministra NANCY ANDRIGHI - Data do Julgamento: 15/05/2008)
(Grifo nosso)
Nesse sentido, é o entendimento do Tribunal de Justiça de Minas Gerais:
EMENTA: APELAÇÃ O - CONTRATO DE ALIENAÇÃ O FIDUCIÁ RIA- ASSINATURA
EVIDENTEMENTE FALSA- PEDIDO DE DECLARAÇÃ O DE INEXISTÊ NCIA DO DÉ BITO -
Ô NUS DA PROVA- DANO MORAL CONFIGURADO-QUANTUM- PROPORCIONALIDADE. Se o
contrato foi firmado por pessoa diversa do autor, já que a assinatura é
evidentemente falsa, está configurada a negligência do réu, já que este não cumpriu
o dever de conferir os documentos quando da contratação. Além do mais, o autor é
um consumidor por equiparação nos termos do art. 17 do CDC, já que o mesmo foi
vítima de um evento, qual seja celebração de um contrato falso. Assim sendo, o ônus
de provar a autenticidade da assinatura é do réu, ante a inversão do ônus da prova. A
negligência na contratação ocasionou a negativação indevida do nome do autor.
Como a inscrição em listas de restrição de crédito foi indevida, deve ser reparado o
dano moral, bem como deve ser declarado inexistente o débito. A mera negativação é
hábil de gerar a reparação por danos morais, uma vez que macula o bom nome e a
credibilidade da parte. O valor da indenizaçã o deve ser arbitrado com proporcionalidade,
tendo em vista a extensã o do dano e as condiçõ es econô micas do violador do dever de
cuidado. Embora o valor arbitrado seja ínfimo, como nã o houve recurso o autor, o valor da
condenaçã o deve ser mantido. (TJMG - Apelaçã o Cível 1.0394.10.001487-4/001, Relator
(a): Des.(a) Tibú rcio Marques , 15ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em 13/12/2011,
publicaçã o da sumula em 20/01/2012)
EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DE OBRIGAÇÃ O DE FAZER C/C INDENIZAÇÃ O POR
DANOS MORAIS E MATERIAIS - CONTRATO DE ALIENAÇÃ O FIDUCIÁ RIA FIRMADO POR
TERCEIRA PESSOA - Ô NUS DA PROVA - ART. 373, II, DO CPC - MANUTENÇÃ O DO NOME
DA AUTORA NOS DOCUMENTOS DO VEÍCULO - COBRANÇA DE DÉ BITOS TRIBUTÁ RIOS -
DANOS MORAIS E MATERIAIS - CONFIGURAÇÃ O. Uma vez que a parte autora nega a
contratação, incumbe à parte ré comprovar a existência e a validade da relação
jurídica, nos termos do artigo 373, inciso II, do CPC. Evidenciado que o contrato de
alienação fiduciária foi celebrado mediante fraude, há de ser imputada à instituição
financeira a responsabilidade pelos eventuais danos causados ao consumidor
vitimado, assim como a obrigação de providenciar a transferência da propriedade do
veículo. Ao arbitrar o quantum devido a título de danos morais, deve o Julgador se atentar
para o cará ter dú plice da indenizaçã o (punitivo e compensató rio), bem como à s
circunstâ ncias do caso concreto, sem perder de vista os princípios da proporcionalidade, da
razoabilidade e da vedaçã o ao enriquecimento sem causa. (TJMG - Apelaçã o Cível
1.0000.18.090393-2/001, Relator (a): Des.(a) Mô nica Libâ nio , 11ª CÂ MARA CÍVEL,
julgamento em 24/10/2018, publicaçã o da sumula em 25/10/2018)
Dessa forma, constata-se que o autor faz jus ao recebimento de indenizaçã o por danos
morais.
DO “QUANTUM” INDENIZATÓRIO
No que concerne ao quantum indenizató rio, forma-se o entendimento jurisprudencial,
mormente em sede de dano moral, no sentido de que a indenizaçã o pecuniá ria nã o tem
apenas cunho de reparaçã o do prejuízo, mas também cará ter punitivo ou sancionató rio,
pedagó gico, preventivo e repressor: a indenizaçã o nã o apenas repara o dano, repondo o
patrimô nio abalado, mas também atua como forma educativa ou pedagó gica para o ofensor
e a sociedade e intimidativa para evitar perdas e danos futuros.
APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE INEXISTÊ NCIA DE DÉ BITO C/C
INDENIZAÇÃ O - INSCRIÇÃ O DE NOME EM Ó RGÃ O DE RESTRIÇÃ O AO CRÉ DITO - DANO
MORAL - QUANTUM INDENIZATÓ RIO
- Restando provada inclusão indevida do nome da parte autora nos cadastros de
restrição ao crédito, configura-se o dano moral, que, no caso, é in re ipsa.
- A indenização por danos morais deve ser arbitrada com fundamento nos princípios
da proporcionalidade e razoabilidade, levando-se em conta que sua finalidade é
compensar o sofrimento impingido à vítima e desestimular o ofensor a perpetrar a
mesma conduta. (TJMG - Apelaçã o Cível 1.0000.18.067935-9/001, Relator (a): Des.(a)
Alexandre Santiago , 11ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em 22/08/0018, publicaçã o da
sumula em 22/08/2018)
Portanto, diante do cará ter disciplinar e desestimulador da indenizaçã o, do poderio
econô mico da promovente, das circunstâ ncias do evento e da gravidade do dano causado
ao réu, mostra-se justo e razoá vel a fixaçã o do quantum indenizató rio no valor de R$
18.180,00 (dezoito mil e cento e oitenta reais), equivalente a 15 (quinze) vezes o salá rio
mínimo vigente.
DA TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE DO VEÍCULO
No caso dos autos, é evidente que o contrato de Alienaçã o Fiduciá ria foi celebrado
mediante fraude, portanto, há de ser imputada à Instituiçã o Financeira a responsabilidade
de providenciar a transferência da propriedade do veículo.
Neste sentido:
EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE INEXISTÊ NCIA DE DÉ BITO C/C
INDENIZAÇÃ O POR DANO MORAL E MATERIAL - NEGATIVAÇÃ O INDEVIDA E
INEXIGIBILIDADE DA DÍVIDA - AUSÊ NCIA DE RECURSO DAS PARTES EM RELAÇÃ O A
ESSES TÓ PICOS - TEMAS INCONTROVERSOS - DANOS EMERGENTES E LUCROS
CESSANTES - PREJUÍZOS NÃ O COMPROVADOS - VALOR DA INDENIZAÇÃ O MORAL -
CRITÉ RIOS DE ARBITRAMENTO - ELEVAÇÃ O DO "QUANTUM" - CABIMENTO -
TRANSFERÊ NCIA DO VEÍCULO OBJETO DE CONTRATO FRAUDULENTO -
RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃ O FINANCEIRA.
(...) - Evidenciado que o contrato de Alienação Fiduciária foi celebrado mediante
fraude, há de ser imputada à Instituição Financeira a responsabilidade de
providenciar a transferência da propriedade do veículo. (TJMG - Apelaçã o Cível
1.0344.08.044985-5/001, Relator (a): Des.(a) Roberto Vasconcellos , 17ª CÂ MARA CÍVEL,
julgamento em 21/02/2019, publicaçã o da sumula em 08/03/2019)
EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O ANULATÓ RIA - VEÍCULO OBJETO DE ALIENAÇÃ O
FIDUCIÁ RIA - FRAUDE - PEDIDO DE CANCELAMENTO DE REGISTRO E ANULAÇÃ O DE
DÉ BITOS - INSTITUIÇÃ O FINANCEIRA - LEGITIMIDADE ATIVA - INTERESSE DE AGIR -
VERIFICADOS - SENTENÇA ANULADA.
1 - A instituição financeira que detém propriedade fiduciária de veículo tem
legitimidade ativa e interesse de agir para requerer judicialmente o cancelamento
do registro e a anulação dos débitos relativos ao automotor no caso de constatação
de fraude na constituição da alienação fiduciária, uma vez que também é
responsável pelas obrigações relativas ao bem.
2 - Eventual ausência de indeferimento administrativo nã o obsta o ajuizamento de açã o
para fazer valer o direito do autor e nem aponta para ausência de interesse de agir, a teor
do art. 5º, inciso XXXV, CR/88. (TJMG - Apelaçã o Cível 1.0000.18.137878-7/001, Relator
(a): Des.(a) Jair Varã o , 3ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em 21/02/2019, publicaçã o da
sumula em 26/02/2019)
Dessa forma, pugna seja o autor/reconvindo condenado a realizar a transferência da
propriedade do veículo ..., placa: ..., Chassi: ...
DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA
Dispõ e o art. 300 do CPC/15:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado ú til do processo.
§ 1o Para a concessã o da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir cauçã o real
ou fidejussó ria idô nea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo
a cauçã o ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente nã o puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou apó s justificaçã o prévia.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada nã o será concedida quando houver perigo
de irreversibilidade dos efeitos da decisã o.
A probabilidade do direito a ser provisoriamente satisfeito é a plausibilidade de existência
desse direito, ou seja, é necessá ria a verossimilhança fá tica, com a constataçã o de que há
um considerá vel grau de plausibilidade em torno da narrativa dos fatos trazida pelo autor,
isto é, o fumus boni iuris (ou a fumaça do bom direito).
A tutela provisó ria de urgência pressupõ e, também, a existência de elementos que
evidenciem o perigo que a demora no oferecimento da prestaçã o jurisdicional (periculum in
mora) representa para a efetividade e a eficaz realizaçã o do direito.
Cumulativamente com o preenchimento desses pressupostos, exige-se que os efeitos da
tutela provisó ria antecipada sejam reversíveis, que seja possível retornar-se ao status quo
ante caso constate, no curso do processo, que deve ser alterada ou revogada.
No presente caso, o réu/reconvinte preenche todos os requisitos para a concessão da
tutela. Os documentos que seguem em anexo dão credibilidade e robustez às suas
alegações, que apresenta de forma clara a probabilidade do direito invocado, já que
colaciona aos autos o Registro de Ocorrência Policial e o apontamento junto ao
serviço de proteção ao crédito.
Além disso, o provimento postulado nã o é irreversível, visto que, caso improcedente o
pedido, é possível promover novamente a inscriçã o do nome do réu nos ó rgã os de proteçã o
ao crédito.
Dessa forma, requer o demandado/reconvinte a concessã o da tutela de urgência
antecipada, para exclusão imediata de seus dados junto aos órgãos de proteção ao
crédito, bem como seja expedido ofício ao ..º Cartório de Protesto de Títulos da
cidade de ... para suspensão do protesto da referida dívida, sob pena de multa diá ria, a
ser arbitrada por Vossa Excelência.
IV – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se:
1. a concessã o da TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA, inaudita altera
parte, determinando que o autor/reconvindo seja compelido a retirar
imediatamente o nome do réu/reconvinte dos Órgãos de Proteção ao Crédito,
sob pena de multa diá ria a ser arbitrada por este douto juízo, bem a suspensão do
referido protesto;
2. O deferimento da Gratuidade da Justiça, nos termos do artigo 98 e seguintes do
CPC/15;
3. a intimaçã o do autor, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta, no prazo
de 15 (quinze) dias;
4. a revogaçã o da liminar de busca e apreensã o e a improcedência da presente açã o;
5. a procedência dos pedidos formulados em reconvençã o para:
a) a declaração de inexistência do débito lançado indevidamente no SPC/SERASA, no
importe de R$ 26.539,70 (vinte e seis mil quinhentos e trinta e nove reais e setenta
centavos), anulando-se o contrato fraudulento havido entre as partes;
b) a confirmaçã o da antecipaçã o da tutela, determinando a exclusã o definitiva dos dados do
réu/reconvinte junto aos ó rgã os de proteçã o ao crédito e/ou cancelamento do protesto;
c) seja o autor/reconvindo condenado a proceder com a transferência da propriedade do
veículo ..., ano/fabricaçã o: ..., ano/modelo ..., cor: ..., placa: ..., Chassi: ...; e
d) a condenaçã o do autor/reconvindo ao pagamento de indenizaçã o por danos morais, no
valor sugerido de R$ 18.180,00 (dezoito mil e cento e oitenta reais), equivalente a 15
vezes o salá rio mínimo vigente;
 6. a inversã o do ô nus da prova, com fundamento no art. 6º, VIII, do CDC;
 7. a condenaçã o do autor ao pagamento das custas processuais e honorá rios
advocatícios, nos termos do artigo 85 do CPC/15;
 8. Em tempo, requer que todas as publicaçõ es e intimaçõ es sejam feitas em nome do (a)
advogado (a) (NOME), inscrito (a) na OAB/XX sob o nº. 000.000, com escritó rio
profissional situado na (endereço), para o qual deverã o ser dirigidas todas as publicaçõ es e
intimaçõ es, sob pena de nulidade;
 9. Por fim, informa que possui interesse na designaçã o de audiência de conciliaçã o.
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em Direito,
especialmente documental, que ora se junta e se declara autêntica, nos termos do
inciso IV do art. 425 do CPC/15, sem prejuízo das demais que se fizerem necessá rias,
inclusive perícia grafotécnica.
Dá -se à reconvençã o o valor de R$ ... [soma-se o valor pedido a título de danos morais mais
o valor do débito negativado/protestado].
Nesses termos,
pede deferimento.
Cidade/UF, 25 de janeiro de 2022.
Advogado (a)
OAB

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