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AO DOUTO JUÍZO DA __ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE/UF
Ação de Busca e Apreensão Processo nº. ... Autor: ... Réu: ... NOME, nacionalidade, estado civil, profissã o, portador (a) da cédula de identidade RG nº. 00000000, inscrito (a) no CPF/MF sob o nº 000.000.000-00, residente e domiciliado (a) na (endereço), endereço eletrô nico (e-mail), vem, respeitosamente, perante este Douto Juízo, através de seu (a) advogado (a) signatá rio (a), nos autos açã o em epígrafe, movida por NOME DO AUTOR DA AÇÃO, com fundamento nos artigos 335 e 343 ambos do CPC/15 c/c § 3º do art. 3º do DL 911/69, apresentar sua CONTESTAÇÃO C/C RECONVENÇÃO E PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA PROVISÓRIA ANTECIPADA, pelas razõ es de fato e de direito a seguir aduzidas. PRELIMINARMENTE DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA Conforme redaçã o do caput do artigo 98 do CPC/15: “A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorá rios advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei”. O requerido é (profissã o), auferindo renda total mensal equivalente a R$ 0000,00 (valor por extenso), nã o tendo condiçõ es de arcar com as custas processuais e honorá rios advocatícios sem prejuízo do pró prio sustento e de sua família, razã o pela qual pleiteia sejam concedidos os benefícios da Gratuidade de Justiça. Para tanto, junta declaraçã o de hipossuficiência e comprovantes de renda, os quais demonstram a inviabilidade de pagamentos das custas judiciais sem comprometer sua subsistência, conforme redaçã o do artigo 99 do CPC/15. Dessa forma, requer sejam concedidos os benefícios da Gratuidade de Justiça, com fulcro nos artigos 98 e seguintes no Novo CPC. DA REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO Com fulcro no artigo 319, VII, do Có digo de Processo Civil, o réu informa que possui interesse na realizaçã o prévia de audiência de conciliaçã o. DA TEMPESTIVIDADE Conforme consta em fl.00, a execuçã o da liminar ocorreu no dia 00/00/0000. Dessa forma, à luz do preceito contido no § 3º, art. 3º, do Dec.-Lei nº. 911/69, apresenta-se a defesa dentro do prazo previsto em lei, contado da medida liminar devidamente cumprida. I- DA SÍNTESE DOS FATOS O autor alega haver celebrado com o réu contrato de financiamento n.º 00000000 (doc. anexado aos autos em fls. 000), que tem como garantia, por meio de alienaçã o fiduciá ria, nos termos do Decreto-Lei 911/69, o bem abaixo descrito: Marca / Modelo: XXXX Cor: XXXX - Ano / Modelo: XXXX Placa: XXXX - Chassi: XXXX O contrato se operou mediante o pagamento de 48 parcelas fixas no valor de R$ xxxx cada, sendo a primeira vencida em xxxx e a ú ltima com vencimento em xxxx. Diante do inadimplemento verificado, o Autor, com o intuito de tentar receber o débito em atraso, constituiu o Ré(u) em mora (fl. xxx) e ajuizou a presente açã o de busca e apreensã o, requerendo a concessã o de medida liminar de busca e apreensã o do bem acima especificado, decorrente da dívida pendente atualizada no valor de R$ 15.011,23 (quinze mil e onze reais e vinte e três centavos). Este Douto Juízo concedeu a medida liminar de busca e apreensã o, todavia, o bem nã o foi localizado. Ocorre que a presente açã o de busca e apreensã o está amparada em contrato de financiamento celebrado mediante fraude, tendo em vista que o réu desconhece o teor da negociaçã o, além de que a assinatura aposta no contrato se trata de falsificaçã o grosseira, tornando o título nulo de pleno direito, eis que nã o exprime a manifestaçã o de vontade do réu em contratar com o autor, devendo, portanto, a presente açã o ser julgada extinta. II – DO DIREITO DA FRAUDE CONTRATUAL A assinatura aposta no título executado se trata de falsificaçã o grosseira, tornando o título nulo de pleno direito, eis que nã o exprime a manifestaçã o de vontade do réu em contratar com o autor. Apó s receber inú meras cobranças da instituiçã o financeira e ter seu nome negativado, o embargante descobriu que seus dados foram utilizados para a aquisiçã o do veículo automotor acima descrito, mediante financiamento, cuja assinatura aposta no contrato fora falsificada. Diante disso, registrou boletim de ocorrência junto ao ..º Batalhã o de Policia Militar de ..., conforme segue em anexo. [acrescentar fatos que considerar importante mencionar para conhecimento do juiz da causa]. Se nã o bastasse, o autor efetuou o registro do nome do réu junto aos ó rgã os de proteçã o ao crédito (SPC/SERASA), referente ao contrato acima especificado, no valor de R$ 26.539,70 (vinte e seis mil quinhentos e trinta e nove reais e setenta centavos), conforme apontamento em anexo, além do ajuizamento da presente açã o de busca e apreensã o. Conforme se verifica, é nitidamente visível a divergência da assinatura constante do contrato com as assinaturas constantes na CNH, procuração e declaração de hipossuficiência. Dessa forma, a presente açã o de busca e apreensã o proposta deve ser extinta, conforme será melhor analisado em sede de reconvençã o. III – DA RECONVENÇÃO Nos termos do art. 343 do CPC, na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Da mesma forma, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme do sentido de que cabe reconvençã o na açã o de busca e apreensã o. Vejamos: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. INOVAÇÃ O. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃ O. AÇÃ O DE BUSCA E APREENSÃ O. RECONVENÇÃ O. POSSIBILIDADE. 1. Nã o se admite a adiçã o de teses nã o expostas no recurso especial em sede agravo regimental, por importar em inadmissível inovaçã o recursal. 2. O ajuizamento de ação possessória não impede a análise da relação jurídica ou do contrato subjacente, possuindo o devedor, a faculdade de contestar a pretensão, na própria busca e apreensão, ou de reconvir ou ajuizar ação revisional. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no Ag 1168584/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 28/04/2015, DJe 05/05/2015) (Grifei) AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. FUNDAMENTOS INSUFICIENTES PARA REFORMAR A DECISÃ O AGRAVADA. VIOLAÇÃ O DO ARTIGO 42 DO CÓ DIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. AUSÊ NCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚ MULA 282 DO STF. RECONVENÇÃ O EM AÇÃ O DE BUSCA E APREENSÃ O. CABIMENTO. ALTERAÇÃ O DO QUANTUM INDENIZATÓ RIO. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO. 1. A agravante nã o trouxe argumentos novos capazes de infirmar os fundamentos que alicerçaram a decisã o agravada, razã o que enseja a negativa de provimento ao agravo regimental. 2. A alegada violaçã o do artigo 42 do Có digo de Defesa do Consumidor esbarra no ó bice intransponível da falta de prequestionamento, pois tal matéria nã o foi objeto de debate ou deliberaçã o pelo Tribunal de origem, nem foram opostos embargos de declaraçã o no intuito de suprir tal lacuna. À luz do enunciado sumular n.º 282/STF, é inadmissível o recurso especial que demande a apreciaçã o de matéria sobre a qual nã o tenha se pronunciado a Corte de origem. 3. Segundo a jurisprudência desta Corte Superior, cabe reconvenção em ação de busca e apreensão. Incidência da Sú mula 83/STJ, aplicá vel por ambas as alíneas autorizadoras. 4. A revisã o do quantum arbitrado nas instâ ncias ordiná rias, a título de reparaçã o pelos danos morais, somente se mostra possível se o valor fixado for irrisó rio ou abusivo, situaçõ es que nã o se verificaram na hipó tese dos autos. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no Ag 1330819/RO, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA TURMA, julgado em 26/04/2011, DJe 06/05/2011) (Grifei) DA INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Inegavelmente a relaçã o havida entre as partes é de consumo, ensejando, portanto, a aplicaçã o das normas consumeristas ao caso em tela. Isso porque, a requerida se enquadra no conceito de fornecedor de serviços, nos termos dos art. 3º do CDC, in verbis: Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pú blica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produçã o, montagem, criaçã o, construçã o, transformaçã o, importaçã o, exportaçã o, distribuiçã o ou comercializaçã o de produtos ou prestaçã o de serviços. Ademais, o CDC é aplicá vel à s instituiçõ es financeiras. É o que dispõ e a redaçã o da sú mula 297 do STJ: O Có digo de Defesa do Consumidor é aplicá vel à s instituiçõ es financeiras. Dessa forma, nã o há dú vidas quanto a incidência do Có digo de Defesa do Consumidor no caso em tela. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA Conforme preceitua o artigo 6º, VIII, da Lei 8078/90, ao consumidor será dada a facilitaçã o da defesa de seus direitos, inclusive a inversã o do ô nus da prova a seu favor, no processo cível, quando a critério do juiz, for verossímil a alegaçã o ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordiná rias de experiências. O referido diploma normativo garante ao consumidor o acesso aos ó rgã os do Judiciá rio, com vistas à prevençã o e/ou reparaçã o de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurados a proteçã o jurídica, administrativa e técnica aos necessitados. Nos termos da jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, quando o requerente alega a inexistência de débito que gera a negativação, por se tratar de prova de fato negativo, compete ao réu, pretenso credor, o ônus da prova acerca da existência do inadimplemento. RECURSO ESPECIAL - INCIDENTE DE FALSIDADE MANEJADO NO BOJO DE EXECUÇÃ O DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL - ALEGAÇÃ O DE INAUTENTICIDADE DE ASSINATURAS APOSTAS EM CONTRATO DE CONFISSÃ O DE DÍVIDA - DOCUMENTO COM FIRMA RECONHECIDA EM CARTÓ RIO - INSTÂ NCIAS ORDINÁ RIAS QUE JULGARAM IMPROCEDENTE O INCIDENTE DADA A NÃ O ELABORAÇÃ O DA PROVA PERICIAL GRAFOSCÓ PICA EM RAZÃ O DA AUSÊ NCIA DO ADIANTAMENTO DA REMUNERAÇÃ O DO PERITO, O QUE ENSEJOU A INVERSÃ O DO Ô NUS PROBATÓ RIO ENQUANTO REGRA DE JULGAMENTO - IRRESIGNAÇÃ O DOS EXCIPIENTES Hipó tese: Controvérsia atinente a quem incumbe o ô nus da prova na hipó tese de contestaçã o de assinatura cuja autenticidade fora reconhecida em cartó rio. 1. Consoante preceitua o artigo 398, inciso II, do CPC/73, atual 429, inciso II, do NCPC, tratando-se de contestação de assinatura ou impugnação da autenticidade, o ônus da prova incumbe à parte que produziu o documento. Aplicando-se tal regra ao caso concreto, verifica-se que, produzido o documento pelos exequentes, ora recorridos, e negada a autenticidade da firma pelos insurgentes/executados, incumbe aos primeiros o ô nus de provar a sua veracidade, pois é certo que a fé do documento particular cessa com a contestaçã o do pretenso assinante consoante disposto no artigo 388 do CPC/73, atual artigo 428 do NCPC, e, por isso, a eficá cia probató ria nã o se manifestará enquanto nã o for comprovada a fidedignidade. 2. A Corte local, fundando a aná lise no suposto reconhecimento regular de firma como se tivesse sido efetuado na presença do tabeliã o, considerou o documento autêntico dada a presunçã o legal de veracidade, oportunidade na qual carreou aos impugnantes o dever processual de comprovar os seguintes fatos negativos (prova diabó lica): i) nã o estariam na presença do tabeliã o; ii) nã o tinham conhecimento acerca do teor do documento elaborado; e, iii) as assinaturas apostas no instrumento nã o teriam sido grafadas pelo punho dos pretensos assinantes. 3. Por força do disposto no artigo 14 do CPC/2015, em se tratando o ô nus da prova de regramento processual incidente diretamente aos processos em curso, incide à espécie o quanto previsto no artigo 411, inciso III, do NCPC, o qual considera autêntico o documento quando "nã o houver impugnaçã o da parte contra quem foi produzido o documento", a ensejar, nessa medida, a impossibilidade de presunçã o legal de autenticidade do documento particular em comento, dada a efetiva impugnaçã o pelo meio processual cabível e adequado (incidente de falsidade). 4. Incumbe ao apresentante do documento o ônus da prova da autenticidade da assinatura, quando devidamente impugnada pela parte contrária, não tendo o reconhecimento das rubricas o condão de transmudar tal obrigação, pois ainda que reputado autêntico quando o tabelião confirmar a firma do signatário, existindo impugnação da parte contra quem foi produzido tal documento cessa a presunção legal de autenticidade. 5. As instâ ncias ordiná rias nã o procederam à inversã o ou distribuiçã o dinâ mica do ô nus probató rio - enquanto regra de instruçã o - mas concluíram que os autores, ora insurgentes, nã o se desincumbiram da faculdade de comprovar as suas pró prias alegaçõ es atinentes à falsidade das rubricas lançadas no contrato de confissã o de dívida, ensejando verdadeira inversã o probató ria como regra de julgamento, o que nã o se admite. 6. Certamente, no caso, as instâ ncias precedentes, fundadas na premissa de que os autores nã o adiantaram a remuneraçã o do perito reputaram ausente a comprovaçã o da alegada nã o fidedignidade das assinaturas, procedendo, desse modo à inversã o do ô nus probante diante de confusã o atinente ao ô nus de arcar com as despesas periciais para a elaboraçã o do laudo grafoscó pico. 7. Esta Corte Superior preleciona nã o ser possível confundir ô nus da prova com a obrigaçã o de adiantamento dos honorá rios periciais para a sua realizaçã o. Precedentes. 8. Recurso especial provido para cassar o acó rdã o recorrido e a sentença, com a determinaçã o de retorno dos autos à origem a fim de que seja reaberta a etapa de instruçã o probató ria, ficando estabelecido competir à parte que produziu o documento cujas assinaturas sã o reputadas falsas comprovar a sua fidedignidade, ainda que o adiantamento das despesas dos honorá rios periciais seja carreado à parte autora nos termos dos artigos 19 e 33 do CPC/73, atuais artigos 82 e 95 do NCPC. (REsp 1313866/MG, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 15/06/2021, DJe 22/06/2021) (Grifo Nosso) EMENTA: EMBARGOS À EXECUÇÃ O - CÉ DULA DE CRÉ DITO BANCÁ RIO - EMPRÉ STIMO PARA AQUISIÇÃ O DE VEÍCULO - FORÇA EXECUTIVA - ASSINATURA DE DUAS TESTEMUNHAS - DISPENSABILIDADE - ARGUIÇÃ O DE FALSIDADE DE ASSINATURA - Ô NUS DA PROVA SOBRE A AUTENTICIDADE - ART. 429, II DO CPC - COMPROVAÇÃ O POR QUEM PRODUZIU O DOCUMENTO - AUSÊ NCIA - INEXIGIBILIDADE DO TÍTULO - EXTINÇÃ O DA EXECUÇÃ O. A cédula de crédito bancá rio, independentemente da assinatura de duas testemunhas, é título executivo extrajudicial, e representa dívida em dinheiro, certa, líquida e exigível, podendo ser representada pela soma nela indicada, saldo devedor demonstrado em planilha de cá lculo ou nos extratos da conta-corrente. Todavia, arguida a falsidade da assinatura lançada pelo devedor no título, e não comprovando aquele que produziu referido documento a sua autenticidade, segundo ônus probatório que lhe é imposto pelo art. 429, II do CPC, a execução deve ser extinta ante a inexigibilidade do título. (TJMG - Apelaçã o Cível 1.0005.16.000832-1/001, Relator (a): Des.(a) Saldanha da Fonseca , 12ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em 26/08/2020, publicaçã o da sumula em 01/09/2020) (Grifo Nosso) Neste sentido, ante a hipossuficiência técnica do reconvinte em relaçã o à ré, pessoa jurídica de grande porte, faz jus ao deferimento do pedido de inversã o do ô nus da prova, compelindo o demandado a arcar com os honorários periciais da perícia grafotécnica necessária à resolução da lide, a fim de provar a veracidade da assinatura do contrato firmado. DA INEXISTÊNCIA DO DÉBITO Sabe-se que o credor pode inscrever o nome do devedor inadimplente nos ó rgã os de proteçã o ao crédito, visto que age no exercício regular de um direito ( CC, art. 188, I). Contudo, se a inscriçã o é indevida (v.g., inexistência de dívida ou débito quitado), o credor é responsabilizado civilmente, sujeito à reparaçã o dos prejuízos causados, inclusive quanto ao dano moral. Com efeito, o autor impô s ao réu cobrança de valores indevidos (visto que foi vítima de fraude na constituição de alienação fiduciária) e, como se nã o bastasse, inscreveu os dados do mesmo nos ó rgã os de proteçã o ao crédito. Considerando o disposto no artigo 6º, VI e VII, do Có digo de Defesa do Consumidor, o consumidor nã o pode ser cobrado por débito inexistente. A inscriçã o da negativaçã o, cujo débito é inexistente, é indevida e deve ser cancelada. A simples negativação ou manutenção indevida enseja dano moral e direito à indenização, independentemente de qualquer outra prova, visto que, neste caso, é presumida a ofensa à honra e ao bom nome do cidadão. É o que dispõ e o artigo 14 do CDC: Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparaçã o dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestaçã o dos serviços, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçã o e riscos. Destarte, outra soluçã o nã o se vislumbra senã o declarar inexistente a dívida e consequentemente a relaçã o contratual havida entre as partes, bem como responsabilizar a Instituiçã o Financeira pelos danos causados. DA FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS E DO DEVER DE INDENIZAR A sú mula nº 479 do Superior Tribunal de Justiça possui a seguinte redaçã o: "As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias". A jurisprudência do STJ entende que a ocorrência de fraudes ou delitos contra o sistema bancá rio, dos quais resultam danos a terceiros ou a correntistas, insere-se na categoria doutriná ria de fortuito interno, porquanto fazem parte do pró prio risco do empreendimento, in verbis: RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉ RSIA. JULGAMENTO PELA SISTEMÁ TICA DO ART. 543-C DO CPC. RESPONSABILIDADE CIVIL. INSTITUIÇÕ ES BANCÁ RIAS. DANOS CAUSADOS POR FRAUDES E DELITOS PRATICADOS POR TERCEIROS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FORTUITO INTERNO. RISCO DO EMPREENDIMENTO. 1. Para efeitos do art. 543-C do CPC: As instituições bancárias respondem objetivamente pelos danos causados por fraudes ou delitos praticados por terceiros - como, por exemplo, abertura de conta-corrente ou recebimento de empréstimos mediante fraude ou utilização de documentos falsos -, porquanto tal responsabilidade decorre do risco do empreendimento, caracterizando-se como fortuito interno. 2. Recurso especial provido. (REsp 1197929/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃ O, SEGUNDA SEÇÃ O, julgado em 24/08/2011, DJe 12/09/2011) O art. 14, § 3º, do Có digo de Defesa do Consumidor, somente afasta a responsabilidade do fornecedor por fato do serviço quando a culpa do consumidor ou de terceiro for exclusiva, vejamos: Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparaçã o dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestaçã o dos serviços, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçã o e riscos. [...] § 3º O fornecedor de serviços só nã o será responsabilizado quando provar: [...] II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. O fato de terceiro ter praticado fraude, utilizando dados do réu para contratar, nã o tem o condã o de eximir o autor/reconvindo de sua responsabilidade. Isso porque, o demandante, diante da atividade de risco desenvolvida, responde pelas disfunçõ es de sua atividade, absorvendo os danos decorrentes, que nã o podem ser repassados ao consumidor. Nas palavras do Sr. Min. LUIS FELIPE SALOMÃ O, relator no REsp nº 1.197.929 – PR: [...] 3. Situaçã o que merece exame específico, por outro lado, ocorre em relaçã o aos nã o correntistas. Com efeito, no que concerne à queles que sofrem os danos reflexos de serviços bancá rios falhos, como o terceiro que tem seu nome utilizado para abertura de conta- corrente ou retirada de cartã o de crédito, e em razã o disso é negativado em ó rgã os de proteçã o ao crédito, nã o há propriamente uma relaçã o contratual estabelecida entre eles e o banco. Nã o obstante, a responsabilidade da instituiçã o financeira continua a ser objetiva. Aplica-se o disposto no art. 17 do Có digo Consumerista, o qual equipara a consumidor todas as vítimas dos eventos reconhecidos como "fatos do serviço", verbis: Art. 17. Para os efeitos desta Seçã o, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. É nesse sentido o magistério de Clá udia Lima Marques: A responsabilidade das entidades bancá rias, quanto aos deveres bá sicos contratuais de cuidado e segurança, é pacífica, em especial a segurança das retiradas, assinaturas falsificadas e segurança dos cofres. Já em caso de falha externa e total do serviço bancá rio, com abertura de conta fantasma com o CPF da "vítima-consumidor" e inscriçã o no Serasa (dano moral), usou-se a responsabilidade objetiva da relaçã o de consumo (aqui totalmente involuntá ria), pois aplicá vel o art. 17 do CDC para transforma este terceiro em consumidor e responsabilizar o banco por todos os danos (materiais e extrapatrimoniais) por ele sofridos. Os assaltos em bancos e a descoberta das senhas em caixas eletrô nicos também podem ser considerados acidentes de consumo e regulados ex vi art. 14 do CDC. (MARQUES, Clá udia Lima. Comentá rios do Có digo de Defesa do Consumidor. 3 ed. Sã o Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 424) 4. Com efeito, por qualquer â ngulo que se analise a questã o, tratando-se de consumidor direto ou por equiparação, a responsabilidade da instituição financeira por fraudes praticadas por terceiros, das quais resultam danos aos consumidores, é objetiva e somente pode ser afastada pelas excludentes previstas no CDC, como, por exemplo, "culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros". As instituiçõ es bancá rias, em situaçõ es como a abertura de conta-corrente por falsá rios, clonagem de cartã o de crédito, roubo de cofre de segurança ou violaçã o de sistema de computador por crackers, no mais das vezes, aduzem a excludente da culpa exclusiva de terceiros, sobretudo quando as fraudes praticadas sã o reconhecidamente sofisticadas. Ocorre que a culpa exclusiva de terceiros apta a elidir a responsabilidade objetiva do fornecedor é espécie do gênero fortuito externo, assim entendido aquele fato que não guarda relação de causalidade com a atividade do fornecedor, absolutamente estranho ao produto ou serviço (CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 9 ed. Sã o Paulo: Atlas, 2010, p. 185). É a "causa estranha" a que faz alusã o o art. 1.382 do Có digo Civil Francês (Apud. DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 11 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 926). É o fato que, por ser inevitá vel e irresistível, gera uma impossibilidade absoluta de nã o ocorrência do dano, ou o que, segundo Caio Má rio da Silva Pereira, "aconteceu de tal modo que as suas consequências danosas nã o puderam ser evitadas pelo agente, e destarte ocorreram necessariamente. Por tal razã o, excluem-se como excludentes de responsabilidade os fatos que foram iniciados ou agravados pelo agente" (Responsabilidade civil. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 305). [...] Na mesma linha vem entendendo a jurisprudência desta Corte, dando conta de que a ocorrência de fraudes ou delitos contra o sistema bancário, dos quais resultam danos a terceiros ou a correntistas, insere-se na categoria doutrinária de fortuito interno, porquanto fazem parte do próprio risco do empreendimento e, por isso mesmo, previsíveis e, no mais das vezes, evitáveis. [...] Em casos como o dos autos, o serviço bancá rio é evidentemente defeituoso, porquanto é aberta conta-corrente em nome de quem verdadeiramente nã o requereu o serviço (art. 39, inciso III, do CDC) e, em razã o disso, teve o nome negativado. Tal fato do serviço nã o se altera a depender da sofisticaçã o da fraude, se utilizados documentos falsificados ou verdadeiros, uma vez que o vício e o dano se fazem presentes em qualquer hipó tese. 6. Portanto, para efeitos do que prevê o art. 543-C do CPC, encaminho a seguinte tese: As instituições bancárias respondem objetivamente pelos danos causados por fraudes ou delitos praticados por terceiros - como, por exemplo, abertura de conta- corrente ou recebimento de empréstimos mediante fraude ou utilização de documentos falsos -, porquanto tal responsabilidade decorre do risco do empreendimento, caracterizando-se como fortuito interno. [...] Do exposto, existindo a falha na prestaçã o dos serviços, é imperioso o dever de indenizar. DOS DANOS MORAIS A moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo dos mais diversos diplomas legais a devida proteçã o, inclusive, estando amparada pelo art. 5º, inciso V, da Carta Magna de 1988: Art. 5º (omissis): [...] V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenizaçã o por dano material, moral ou à imagem; Outrossim, o art. 186 e art. 927 do Có digo Civil de 2002 assim estabelecem: Art. 186. Aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará -lo. Finalmente, o Có digo de Defesa do Consumidor, no seu art. 6º também protege a integridade moral dos consumidores: Art. 6º - Sã o direitos bá sicos do consumidor: (...) VI – a efetiva prevençã o e reparaçã o de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; Ocorre que o dano moral, como sabido, deriva de uma dor íntima, uma comoçã o interna, um constrangimento gerado naquele que o sofreu e que repercutiria de igual forma em uma outra pessoa nas mesmas circunstâ ncias. Esse é o caso em tela, onde o demandante está submetido a uma situaçã o de estresse constante, indignaçã o e constrangimento, se sujeitando à situaçã o humilhante e vexató ria de ter seu nome indevidamente inscrito nos ó rgã os de proteçã o ao crédito. A inclusã o do nome da vítima em cadastro negativo de crédito por débito inexistente caracteriza-se como abuso de direito e agir ilegal da ré. Vale ressaltar que a inscriçã o indevida em cadastro restritivo gera dano moral in re ipsa, sendo desnecessá rio prová -lo, bastando, para constituir o dano moral, a violaçã o de um direito, independentemente do sentimento negativo consequente, o qual terá relevâ ncia apenas para a quantificaçã o do dano. Este é o entendimento do STJ: EMENTA: Consumidor. Recurso especial. Açã o de compensaçã o por danos morais. Inscriçã o indevida em cadastro de inadimplentes. Dano moral reconhecido. Permanência da inscriçã o indevida por curto período. Circunstâ ncia que deve ser levada em consideraçã o na fixaçã o do valor da compensaçã o, mas que nã o possui o condã o de afastá -la. - A jurisprudência do STJ é uníssona no sentido de que a inscrição indevida em cadastro restritivo gera dano moral in re ipsa, sendo despicienda, pois, a prova de sua ocorrência. Dessa forma, ainda que a ilegalidade tenha permanecido por um prazo exíguo, por menor que seja tal lapso temporal esta circunstância não será capaz de afastar o direito do consumidor a uma justa compensação pelos danos morais sofridos. - O curto lapso de permanência da inscriçã o indevida em cadastro restritivo, apesar de nã o afastar o reconhecimento dos danos morais suportados, deve ser levado em consideraçã o na fixaçã o do valor da reparaçã o. Recurso especial provido para julgar procedente o pedido de compensaçã o por danos morais formulado pela recorrente. (REsp 994253 / RS - Relator (a) Ministra NANCY ANDRIGHI - Data do Julgamento: 15/05/2008) (Grifo nosso) Nesse sentido, é o entendimento do Tribunal de Justiça de Minas Gerais: EMENTA: APELAÇÃ O - CONTRATO DE ALIENAÇÃ O FIDUCIÁ RIA- ASSINATURA EVIDENTEMENTE FALSA- PEDIDO DE DECLARAÇÃ O DE INEXISTÊ NCIA DO DÉ BITO - Ô NUS DA PROVA- DANO MORAL CONFIGURADO-QUANTUM- PROPORCIONALIDADE. Se o contrato foi firmado por pessoa diversa do autor, já que a assinatura é evidentemente falsa, está configurada a negligência do réu, já que este não cumpriu o dever de conferir os documentos quando da contratação. Além do mais, o autor é um consumidor por equiparação nos termos do art. 17 do CDC, já que o mesmo foi vítima de um evento, qual seja celebração de um contrato falso. Assim sendo, o ônus de provar a autenticidade da assinatura é do réu, ante a inversão do ônus da prova. A negligência na contratação ocasionou a negativação indevida do nome do autor. Como a inscrição em listas de restrição de crédito foi indevida, deve ser reparado o dano moral, bem como deve ser declarado inexistente o débito. A mera negativação é hábil de gerar a reparação por danos morais, uma vez que macula o bom nome e a credibilidade da parte. O valor da indenizaçã o deve ser arbitrado com proporcionalidade, tendo em vista a extensã o do dano e as condiçõ es econô micas do violador do dever de cuidado. Embora o valor arbitrado seja ínfimo, como nã o houve recurso o autor, o valor da condenaçã o deve ser mantido. (TJMG - Apelaçã o Cível 1.0394.10.001487-4/001, Relator (a): Des.(a) Tibú rcio Marques , 15ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em 13/12/2011, publicaçã o da sumula em 20/01/2012) EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DE OBRIGAÇÃ O DE FAZER C/C INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS E MATERIAIS - CONTRATO DE ALIENAÇÃ O FIDUCIÁ RIA FIRMADO POR TERCEIRA PESSOA - Ô NUS DA PROVA - ART. 373, II, DO CPC - MANUTENÇÃ O DO NOME DA AUTORA NOS DOCUMENTOS DO VEÍCULO - COBRANÇA DE DÉ BITOS TRIBUTÁ RIOS - DANOS MORAIS E MATERIAIS - CONFIGURAÇÃ O. Uma vez que a parte autora nega a contratação, incumbe à parte ré comprovar a existência e a validade da relação jurídica, nos termos do artigo 373, inciso II, do CPC. Evidenciado que o contrato de alienação fiduciária foi celebrado mediante fraude, há de ser imputada à instituição financeira a responsabilidade pelos eventuais danos causados ao consumidor vitimado, assim como a obrigação de providenciar a transferência da propriedade do veículo. Ao arbitrar o quantum devido a título de danos morais, deve o Julgador se atentar para o cará ter dú plice da indenizaçã o (punitivo e compensató rio), bem como à s circunstâ ncias do caso concreto, sem perder de vista os princípios da proporcionalidade, da razoabilidade e da vedaçã o ao enriquecimento sem causa. (TJMG - Apelaçã o Cível 1.0000.18.090393-2/001, Relator (a): Des.(a) Mô nica Libâ nio , 11ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em 24/10/2018, publicaçã o da sumula em 25/10/2018) Dessa forma, constata-se que o autor faz jus ao recebimento de indenizaçã o por danos morais. DO “QUANTUM” INDENIZATÓRIO No que concerne ao quantum indenizató rio, forma-se o entendimento jurisprudencial, mormente em sede de dano moral, no sentido de que a indenizaçã o pecuniá ria nã o tem apenas cunho de reparaçã o do prejuízo, mas também cará ter punitivo ou sancionató rio, pedagó gico, preventivo e repressor: a indenizaçã o nã o apenas repara o dano, repondo o patrimô nio abalado, mas também atua como forma educativa ou pedagó gica para o ofensor e a sociedade e intimidativa para evitar perdas e danos futuros. APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE INEXISTÊ NCIA DE DÉ BITO C/C INDENIZAÇÃ O - INSCRIÇÃ O DE NOME EM Ó RGÃ O DE RESTRIÇÃ O AO CRÉ DITO - DANO MORAL - QUANTUM INDENIZATÓ RIO - Restando provada inclusão indevida do nome da parte autora nos cadastros de restrição ao crédito, configura-se o dano moral, que, no caso, é in re ipsa. - A indenização por danos morais deve ser arbitrada com fundamento nos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, levando-se em conta que sua finalidade é compensar o sofrimento impingido à vítima e desestimular o ofensor a perpetrar a mesma conduta. (TJMG - Apelaçã o Cível 1.0000.18.067935-9/001, Relator (a): Des.(a) Alexandre Santiago , 11ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em 22/08/0018, publicaçã o da sumula em 22/08/2018) Portanto, diante do cará ter disciplinar e desestimulador da indenizaçã o, do poderio econô mico da promovente, das circunstâ ncias do evento e da gravidade do dano causado ao réu, mostra-se justo e razoá vel a fixaçã o do quantum indenizató rio no valor de R$ 18.180,00 (dezoito mil e cento e oitenta reais), equivalente a 15 (quinze) vezes o salá rio mínimo vigente. DA TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE DO VEÍCULO No caso dos autos, é evidente que o contrato de Alienaçã o Fiduciá ria foi celebrado mediante fraude, portanto, há de ser imputada à Instituiçã o Financeira a responsabilidade de providenciar a transferência da propriedade do veículo. Neste sentido: EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE INEXISTÊ NCIA DE DÉ BITO C/C INDENIZAÇÃ O POR DANO MORAL E MATERIAL - NEGATIVAÇÃ O INDEVIDA E INEXIGIBILIDADE DA DÍVIDA - AUSÊ NCIA DE RECURSO DAS PARTES EM RELAÇÃ O A ESSES TÓ PICOS - TEMAS INCONTROVERSOS - DANOS EMERGENTES E LUCROS CESSANTES - PREJUÍZOS NÃ O COMPROVADOS - VALOR DA INDENIZAÇÃ O MORAL - CRITÉ RIOS DE ARBITRAMENTO - ELEVAÇÃ O DO "QUANTUM" - CABIMENTO - TRANSFERÊ NCIA DO VEÍCULO OBJETO DE CONTRATO FRAUDULENTO - RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃ O FINANCEIRA. (...) - Evidenciado que o contrato de Alienação Fiduciária foi celebrado mediante fraude, há de ser imputada à Instituição Financeira a responsabilidade de providenciar a transferência da propriedade do veículo. (TJMG - Apelaçã o Cível 1.0344.08.044985-5/001, Relator (a): Des.(a) Roberto Vasconcellos , 17ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em 21/02/2019, publicaçã o da sumula em 08/03/2019) EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O ANULATÓ RIA - VEÍCULO OBJETO DE ALIENAÇÃ O FIDUCIÁ RIA - FRAUDE - PEDIDO DE CANCELAMENTO DE REGISTRO E ANULAÇÃ O DE DÉ BITOS - INSTITUIÇÃ O FINANCEIRA - LEGITIMIDADE ATIVA - INTERESSE DE AGIR - VERIFICADOS - SENTENÇA ANULADA. 1 - A instituição financeira que detém propriedade fiduciária de veículo tem legitimidade ativa e interesse de agir para requerer judicialmente o cancelamento do registro e a anulação dos débitos relativos ao automotor no caso de constatação de fraude na constituição da alienação fiduciária, uma vez que também é responsável pelas obrigações relativas ao bem. 2 - Eventual ausência de indeferimento administrativo nã o obsta o ajuizamento de açã o para fazer valer o direito do autor e nem aponta para ausência de interesse de agir, a teor do art. 5º, inciso XXXV, CR/88. (TJMG - Apelaçã o Cível 1.0000.18.137878-7/001, Relator (a): Des.(a) Jair Varã o , 3ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em 21/02/2019, publicaçã o da sumula em 26/02/2019) Dessa forma, pugna seja o autor/reconvindo condenado a realizar a transferência da propriedade do veículo ..., placa: ..., Chassi: ... DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA Dispõ e o art. 300 do CPC/15: Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado ú til do processo. § 1o Para a concessã o da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir cauçã o real ou fidejussó ria idô nea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a cauçã o ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente nã o puder oferecê-la. § 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou apó s justificaçã o prévia. § 3o A tutela de urgência de natureza antecipada nã o será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisã o. A probabilidade do direito a ser provisoriamente satisfeito é a plausibilidade de existência desse direito, ou seja, é necessá ria a verossimilhança fá tica, com a constataçã o de que há um considerá vel grau de plausibilidade em torno da narrativa dos fatos trazida pelo autor, isto é, o fumus boni iuris (ou a fumaça do bom direito). A tutela provisó ria de urgência pressupõ e, também, a existência de elementos que evidenciem o perigo que a demora no oferecimento da prestaçã o jurisdicional (periculum in mora) representa para a efetividade e a eficaz realizaçã o do direito. Cumulativamente com o preenchimento desses pressupostos, exige-se que os efeitos da tutela provisó ria antecipada sejam reversíveis, que seja possível retornar-se ao status quo ante caso constate, no curso do processo, que deve ser alterada ou revogada. No presente caso, o réu/reconvinte preenche todos os requisitos para a concessão da tutela. Os documentos que seguem em anexo dão credibilidade e robustez às suas alegações, que apresenta de forma clara a probabilidade do direito invocado, já que colaciona aos autos o Registro de Ocorrência Policial e o apontamento junto ao serviço de proteção ao crédito. Além disso, o provimento postulado nã o é irreversível, visto que, caso improcedente o pedido, é possível promover novamente a inscriçã o do nome do réu nos ó rgã os de proteçã o ao crédito. Dessa forma, requer o demandado/reconvinte a concessã o da tutela de urgência antecipada, para exclusão imediata de seus dados junto aos órgãos de proteção ao crédito, bem como seja expedido ofício ao ..º Cartório de Protesto de Títulos da cidade de ... para suspensão do protesto da referida dívida, sob pena de multa diá ria, a ser arbitrada por Vossa Excelência. IV – DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer-se: 1. a concessã o da TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA, inaudita altera parte, determinando que o autor/reconvindo seja compelido a retirar imediatamente o nome do réu/reconvinte dos Órgãos de Proteção ao Crédito, sob pena de multa diá ria a ser arbitrada por este douto juízo, bem a suspensão do referido protesto; 2. O deferimento da Gratuidade da Justiça, nos termos do artigo 98 e seguintes do CPC/15; 3. a intimaçã o do autor, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta, no prazo de 15 (quinze) dias; 4. a revogaçã o da liminar de busca e apreensã o e a improcedência da presente açã o; 5. a procedência dos pedidos formulados em reconvençã o para: a) a declaração de inexistência do débito lançado indevidamente no SPC/SERASA, no importe de R$ 26.539,70 (vinte e seis mil quinhentos e trinta e nove reais e setenta centavos), anulando-se o contrato fraudulento havido entre as partes; b) a confirmaçã o da antecipaçã o da tutela, determinando a exclusã o definitiva dos dados do réu/reconvinte junto aos ó rgã os de proteçã o ao crédito e/ou cancelamento do protesto; c) seja o autor/reconvindo condenado a proceder com a transferência da propriedade do veículo ..., ano/fabricaçã o: ..., ano/modelo ..., cor: ..., placa: ..., Chassi: ...; e d) a condenaçã o do autor/reconvindo ao pagamento de indenizaçã o por danos morais, no valor sugerido de R$ 18.180,00 (dezoito mil e cento e oitenta reais), equivalente a 15 vezes o salá rio mínimo vigente; 6. a inversã o do ô nus da prova, com fundamento no art. 6º, VIII, do CDC; 7. a condenaçã o do autor ao pagamento das custas processuais e honorá rios advocatícios, nos termos do artigo 85 do CPC/15; 8. Em tempo, requer que todas as publicaçõ es e intimaçõ es sejam feitas em nome do (a) advogado (a) (NOME), inscrito (a) na OAB/XX sob o nº. 000.000, com escritó rio profissional situado na (endereço), para o qual deverã o ser dirigidas todas as publicaçõ es e intimaçõ es, sob pena de nulidade; 9. Por fim, informa que possui interesse na designaçã o de audiência de conciliaçã o. Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em Direito, especialmente documental, que ora se junta e se declara autêntica, nos termos do inciso IV do art. 425 do CPC/15, sem prejuízo das demais que se fizerem necessá rias, inclusive perícia grafotécnica. Dá -se à reconvençã o o valor de R$ ... [soma-se o valor pedido a título de danos morais mais o valor do débito negativado/protestado]. Nesses termos, pede deferimento. Cidade/UF, 25 de janeiro de 2022. Advogado (a) OAB