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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA 2ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE CAXIAS - ESTADO DO MARANHÃO.

PROC Nº 0802219-75.2021.8.10.0029

MARIA IRIS DE SOUSA ARAÚJO, qualificado nos autos do processo em


epígrafe, na alistada ação que move em desfavor de BANCO PAN S.A., igualmente
qualificado, por intermédio de sua advogada que esta subscreve, regularmente habilitada
no já incluso mandado de outorga, inconformado com a R. Sentença inserta, vem, em
tempo hábil e respeitosamente, a este respeitável juízo, interpor o RECURSO DE
APELAÇÃO, requerendo, na oportunidade, que o Recorrido seja intimado para,
querendo, oferecer as contrarrazões e, ato contínuo, sejam os autos, com as razões anexas,
remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão para os fins de
mister.

Outrossim, destaca-se a ausência de preparo recursal porquanto a parte


Autora/Recorrente faz jus ao direito da gratuidade judiciária, por ser pessoa pobre nos
termos da lei, uma vez que percebe renda mensal equivalente a mísera quantia de 01 (um)
salário mínimo.

Termos em que,

pede e espera deferimento.

Caxias (MA), 20 de abril de 2023.

IÊZA DA SILVA BEZERRA

OAB/MA – 21.592
RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO.

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO.

RECORRENTE: MARIA IRIS DE SOUSA ARAÚJO


RECORRIDO: BANCO PAN S.A
ORIGEM: 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAXIAS DO ESTADO DO
MARANHÃO.

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA CÂMARA,

EMÉRITOS DESEMBARGADORES,

Data máxima vênia, a respeitável sentença prolatada pelo M.M. Juiz de Direito, a
que julgou improcedente os pedidos ventilados na peça vestibulanda, jamais deve
prevalecer, merecendo, pois, reforma, por não está amparada nos princípios da razão e de
direito, assim como nos dispositivos legais que regulam a espécie.

Por estas razões, o recurso ora interposto é peça necessária, apelo potente que
enfrenta e se contrapõe aos fundamentos da decisão, que ao nosso sentir PECOU
GROSSEIRAMENTE.

Destarte, a sentença não pode permanecer, eis quena exordial e réplica, ficara
assinalado o peditório quanto à realização da perícia grafotécnica do suposto contrato
anexado pela instituição Recorrida, o que, indubitavelmente, desprezar ao juízo de piso
tamanha questão substancial para o esclarecimento da lide, devendo, notadamente, ser
nula, cassada e reformada tal decisão, com a posterior ordem de depósito em juízo da
versão original do suposto contrato para a realização da perícia grafotécnica requestada.

1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.

1.1. DA AUSÊNCIA JUSTIFICADA DO PREPARO. DA CONCESSÃO DA


ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.

De inicio, cabe destacar a ausência do preparo em razão da parte Apelante


perceber mensalmente a mísera quantia de 01 (um) salário mínimo dada pela previdência
social, logo, incontroversamente, é beneficiaria da assistência judiciária gratuita.

1.2. DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO.

A parte Recorrente teve ciência da r. sentença. Portanto, o prazo para a


interposição do recurso de apelação é de 15 (quinze) dias úteis, nos termos dos artigos
219, caput, c.c 1.009, e seguintes do Código de Processo Civil, logo, encontra-se
tempestiva. Posto isso, o presente recurso se encontra em tempo hábil e como tal
característica faz jus ao seu conhecimento, assim como merece total provimento, pelas
sucintas, porém inteligíveis razões que se passa a expor.

2. DA SÍNTESE PROCESSUAL DO NECESSÁRIO

Trata-se de ação declaratória de inexistência de relação contratual c.c repetição de


indébito e indenização por danos morais proposta pela parte Apelante em desfavor da
Apelada.
Na peça vestibular foram ventilados os peditórios para fins de declarar a
inexistência e/ou nulidade de eventual contrato, na qual a parte Recorrente não contratou
tampouco autorizou o empréstimo consignado, e via de consequência não usufruiu do
valor pegue emprestado por terceiro.
Outrossim, fora ventilado a suspensão dos descontos ilegais de sua conta
benefício, como também a restituição dos valores cobrados/recolhidos na forma dobrada
e, por fim a condenação em danos morais.
Em seguida, a instituição Recorrida fora citada e apresentou defesa anexando o
hipotético contrato, O QUE LEVOU A PARTE RECORRENTE REPISAR EM SEDE
DE RÉPLICA O PEDITÓRIO DA REALIZAÇÃO DE PERÍCIA GRAFOTÉCNICA,
uma vez que, como reportado, não fora contratado tampouco autorizado nenhuma
prestação de serviços para com tal instituição financeira.
A posteriori, desarrazoadamente, o juízo de piso proferiu sentença julgando
improcedente os pedidos formulados pela parte Autora ora Recorrente, SEM REALIZAR
A ESSENCIAL PERÍCIA GRAFOTÉCNICA INSTADA POR ESTE EM TODO O
BOJO PROCESSUAL, levando-se em consideração apenas o contrato coadunado pela
instituição financeira Recorrida, O QUE TORNA-SE NUM VERDADEIRO ABSURDO
PROCESSUAL.
Ora, data vênia, o consumidor Apelante impugnou a autenticidade da assinatura
constante no contrato incluso ao processo, ATÉ MESMO POR SER PESSOA IDOSA,
ANALFABETA E HIPOSSUFICIENTE, cabendo, pois, à própria instituição financeira
Recorrida comprovar e custear essa autenticidade através de perícia grafotécnica.
Pasmem, Ínclitos Desembargadores, a realização da Perícia Grafotécnica é
medida indispensável e de rigor, o que não comporta maiores esforços por este causídico,
até mesmo, porquanto, SE TRATA DE MATÉRIA JÁ PACIFICADA EM SEDE DE
IRDR PELO PRÓPRIO E. TRIBUNAL DO ESTADO DO MARANHÃO E DEMAIS
TRIBUNAIS DE JUSTIÇAS PÁTRIOS, o que nos traz a segurança jurídica de que a r.
sentença proferida pelo Digníssimo M.M Juiz de piso jamais deve prevalecer,
necessitando, pois ser reformada, anulada e até mesmo cassada por contrariar dispositivos
legais e de direito.

3. RAZÕES DA REFORMA E CASSAÇÃO DA R. SENTENÇA

Sem titubeios, sucinta é a fundamentação, contudo inteligíveis são as razões para


o provimento do presente recurso, atendemos. Como reportado alhures, O JUÍZO A QUO
PROFERIU INFUNDADA SENTENÇA DESPREZANDO A SUBSTANCIAL
PERÍCIA GRAFOTÉCNICA POR DIVERSAS VEZES REQUESTADA PELA PARTE
RECORRENTE, mesmo sendo impugnado a veracidade da assinatura do contrato
coadunado pela parte Recorrida.
Ora, em decorrência da negativa da parte consumidora/Apelante em ter assinado
o contrato objurgado, data máxima vênia, faz-se necessário à realização de Perícia
Grafotécnica para a comprovação de sua Autenticidade, pois muito embora o fato de a
instituição financeira Recorrida tivesse apresentado tal contrato supostamente assinado,
ESTE NÃO PODE SER O ÚNICO FUNDAMENTO A ENSEJAR A
IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO, ATÉ MESMO PELA CLARIVIDENTE DÚVIDA
QUANTO À VERACIDADE DA ASSINATURA, VEZ QUE SE TRATA DE PESSOA
IDOSA, ANALFABETA E VULNERÁVEL ECONOMICAMENTE.
Para tanto, vejamos o recente julgado acerca de idêntica matéria ao caso presente,
inclusive tornando-se INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS
REPETITIVAS – IRDR, onde se determina que incube a própria instituição financeira o
ônus de provar essa autenticidade, o que não fez, mas tão somente anexou o contrato
repudiado, in verbis:

INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS.


PROCESSUAL CIVIL. CIVIL E CONSUMIDOR. QUESTÕES DE
DIREITO. EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS. APLICAÇÃO DO
CDC. VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR. PESSOAS
ANALFABETAS, IDOSAS E DE BAIXA RENDA. PENSIONISTAS
E APOSENTADOS. HIPERVULNERABILIDADE. ÔNUS DA
PROVA. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO. PLANILHA. EXTRATO
BANCÁRIO. PERÍCIA GRAFOTÉCNICA. PROCURAÇÃO
PÚBLICAOU ESCRITURA PÚBLICA. INEXISTÊNCIA DE
PREVISÃO LEGAL. FORMALISMO EXCESSIVAMENTE
ONEROSO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. EMPRÉSTIMOS
ROTATIVOS. REQUISITOS NECESSÁRIOS. DEVER DE
INFORMAÇÃO. FIXAÇÃO DE QUATRO TESES JURÍDICAS.
I - O IRDR tem como objetivo a fixação de teses jurídicas para evitar
julgamentos conflitantes entre ações individuais que contenham a
mesma controvérsia de direito, garantindo, assim, os princípios da
isonomia e segurança jurídica.
II - Segundo o enunciado da Súmula nº 297 do STJ: "O Código de
Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras".
III - É direito básico do consumidor a facilitação de sua defesa e, em
razão disso, a própria lei prevê casos de inversão do ônus da prova que
pode ser opejudicis (art. 6º, VIII, do CDC) ou ope legis (arts. 12, §3º, e
14, §3º, do CDC).
IV – A PRIMEIRA TESE RESTOU ASSIM FIXADA:
"INDEPENDENTEMENTE DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
- QUE DEVE SER DECRETADA APENAS NAS HIPÓTESES
AUTORIZADAS PELO ART. 6º VIII DO CDC, SEGUNDO
AVALIAÇÃO DO MAGISTRADO NO CASO CONCRETO -, CABE
À INSTITUIÇÃO FINANCEIRA/RÉ, ENQUANTO FATO
IMPEDITIVO E MODIFICATIVO DO DIREITO DO
CONSUMIDOR/AUTOR (CPC, ART. 373, II), O ÔNUS DE
PROVAR QUE HOUVE A CONTRATAÇÃO DO EMPRÉSTIMO
CONSIGNADO, MEDIANTE A JUNTADA DO CONTRATO OU
DE OUTRO DOCUMENTO CAPAZ DE REVELAR A
MANIFESTAÇÃO DE VONTADE DO CONSUMIDOR NO
SENTIDO DE FIRMAR O NEGÓCIO JURÍDICO,
PERMANECENDO COM O CONSUMIDOR/AUTOR, QUANDO
ALEGAR QUE NÃO RECEBEU O VALOR DO EMPRÉSTIMO, O
DEVER DE COLABORAR COM A JUSTIÇA (CPC, ART. 6º) E
FAZER A JUNTADA DO SEU EXTRATO BANCÁRIO, EMBORA
ESTE NÃO DEVA SER CONSIDERADO, PELO JUIZ, COMO
DOCUMENTO ESSENCIAL PARA A PROPOSITURA DA AÇÃO.
Nas hipóteses em que o consumidor/autor impugnar a autenticidade da
assinatura constante do contrato juntado ao processo, cabe à instituição
financeira/ré o ônus de provar essa autenticidade (CPC, art. 429 II), por
meio de perícia grafotécnica ou mediante os meios de prova legais ou
moralmente legítimos (CPC, art. 369)."(...) (CC, art. 170)".(TJMA,
INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDA REPETITIVA Nº
053983/2016, Rel. DES.JAIME FERREIRA DE ARAUJO, j.
12/09/18).

Na mesma banda, facilmente pode-se perceber que a Perícia Grafotécnica seguirá


protocolo para que alcance o seu objetivo, ou melhor, preceituar, O CONTRATO
PERICIADO DEVERÁ SER APRESENTADO PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
NA FORMA ORIGINAL, OBRIGANDO-A A DEPOSITÁ-LO EM SECRETARIA, DO
CONTRÁRIO NÃO SERÁ POSSÍVEL A SUA REALIZAÇÃO, conforme paira
entendimento jurisprudencial, a saber:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. RELAÇÃO DE CONSUMO.


CONTRATO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. DÍVIDA NÃO
RECONHECIDA. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE NÃO
APRESENTA CONTRATO ORIGINAL. IMPOSSIBILIDADE DE
REALIZAÇÃO DA PERÍCIA GRAFOTÉCNICA. DADOS DO
CONTRATO DESTOANTES COM OS DOCUMENTOS DA
APELANTE. FORTUITO INTERNO. APLICAÇÃO DA SÚMULA
Nº 94 TJRJ. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
DEVOLUÇÃO EM DOBRO. DANO MORAL CONFIGURADO. Réu
que não comprovou a licitude da contratação, deixando de apresentar
contrato original. Impossibilidade de realização da perícia. Dados do
contrato conflitantes com documentos da autora. Falha na prestação do
serviço, atraindo o dever de indenizar, em razão da responsabilidade
objetiva atrelada à teoria do risco do empreendimento. Devolução em
dobro dos valores comprovadamente descontados, na forma do art. 42,
parágrafo único, do CDC, uma vez que restou demonstrada a
negligência e descaso do apelado na contratação. Dano moral
indenizável, posto que o recorrido invadiu a fola de pagamento da
recorrente, efetivando descontos não autorizados em verba alimentar.
Valor de R$ 10.000,00 que se mostra proporcional e em consonância
com o que vem sendo fixado para casos congêneres. Recurso provido.
(Apl 00002257820168100026, Rel. Desembargador(a) MARÍLIA DE
CASTRO NEVES VIEIRA, VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO, julgado em
01/02/2018).

EMENTA: AGRAVO DE INSTUMENTO-AÇÃO DE


DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOALEGAÇÃO DE
FALSIDADE DE ASSINATURA A ROGO(DIGITAL) – PERÍCIA
GRAFOTÉCNICAIMPRESCINDIBILIDADE-DOCUMENTOS
ORIGONALÔNUS DA PROVA-EXIBIÇÃO DO DOCUMENTO-
ÔNUS DA PARTE QUE PRODUZIU O DOCUMENTO-
RECURSO PROVIDO. A cópia reprográfica prejudica a correta
feitura da perícia grafotécnica, sendo necessária a exibição do
documento original para produção de referida prova sem qualquer
mácula a prejudicar o julgado. Em caso de contestação de assinatura em
documento particular, o ônus da prova cabe a parte de produziu o
documento. (AI 58917/2013, DESA. MARIA HELENA
GARGAGLIONE PÓVOAS, SEGUNDA CÂMARA CÍVEL –TJ/MT,
Julgado em 18/09/2013).

Sendo assim, conforme restou demonstrado pelas remansosas jurisprudências


acima colacionadas, o contrato original deverá ser apresentado para realização da Perícia
Grafotécnica, cabendo a Recorrida o ônus da prova, caso contrário, deverá o suposto
contrato ser considerado nulo e incapaz de produzir efeitos jurídicos
válidos.
Destarte, o juízo a quo não pode menosprezar a perícia em destaque, ainda mais,
repisa-se, quando o consumidor impugnar a veracidade de sua assinatura constante no
contrato, assim como rejeitar tal prestação de serviço, devendo, necessariamente, ser
ANULADA E CASSADA A DECISÃO RECORRIDA, e em corolário, fazendo-se
realizar a perícia em espécie e, a partir daí seja proferida nova decisão.

3.1. DA AUSÊNCIA DE COMPROVANTE DE TRANSFERÊNCIA PARA


CONTA DA PARTE AUTORA

Desta feita, sucinta é a fundamentação, contudo inteligíveis são as razões para o


provimento do presente recurso, atendemos. Como reportado alhures, O JUÍZO A
QUO PROFERIU INFUNDADA SENTENÇA DESPREZANDO A AUSÊNCIA
DE COMPROVANTE DE TRANSFERÊNCIA (TED/DOC) PARA CONTA DO
AUTOR, documento este que não fora juntado em sede de Contestação pelo
Requerido.
Ocorre que, a contratação do suposto empréstimo fora totalmente ilegal, haja vista
não existir nos autos, comprovante de transferência (TED/DOC) em nome do autor.
Desta feita, o juízo a quo não pode menosprezar a ausência do comprovante de
transferência em destaque, devendo, necessariamente, ser ANULADA E CASSADA
A DECISÃO RECORRIDA, e em corolário, a partir daí seja proferida nova decisão.

4. DA AUSÊNCIA DE ASSINATURA DE TESTEMUNHAS NO CONTRATO

QUARTA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL Nº 0803937-


78.2019.8.10.0029 – CAXIAS Apelante : Banco Itau Consignado
S/A Advogado : Giovanny Michael Vieira Navarro (OAB/MA 9.320-
A) Apelada : Maria das Dores da Conceicao Pessoa Advogado : Luan
Dourado Santos (OAB/MA 15.443) Relator : Desembargador Marcelo
Carvalho Silva No aludido contrato nº 557338290 apresentado pelo
Banco Réu (Id. 39607431), na página 02, destinado para a assinatura de
02 (duas) testemunhas, não constam também as assinaturas para dar
validade ao contrato. O art. 104 do Código Civil estabelece os requisitos
para a validade do negócio jurídico: I – agente capaz; II – objeto lícito,
possível, determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não
defesa em lei”. Diploma Civil normativo prevê ainda: Art. 166. É nulo
o negócio jurídico quando: (…) IV – não revestir a forma prescrita em
lei; V – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial
para a sua validade; (…)
Por analogia, o art. 221, V, § 1º da Lei nº 6.015/73 (Lei dos Registros
Públicos) exige algumas formalidades legais quando envolver negócios
celebrados por pessoas analfabetas ou quando qualquer das partes não
souber ler, nem escrever. Veja-se: Art. 221. Somente são admitidos a
registro: (…) V – contratos ou termos administrativos, assinados com a
União, Estados, Municípios ou o Distrito Federal, no âmbito de
programas de regularização fundiária e de programas habitacionais de
interesse social, dispensado o reconhecimento de firma; § 1.º Serão
registrados os contratos e termos mencionados no inciso V do caput
assinados a rogo com a impressão dactiloscópica do beneficiário,
quando este for analfabeto ou não puder assinar, acompanhados da
assinatura de 2 (duas) testemunhas. (…) (Grifei) Embora o analfabeto
ou semi-analfabeto seja plenamente capaz na ordem civil, para a prática
de determinados atos, o contratante está sujeito a obedecer a certas
formalidades que, de algum modo, restringem sua capacidade negocial.
É sabido que o Código Civil prevê que nos contratos de prestação de
serviço, quando qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o
instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por 02 (duas)
testemunhas (art. 595, CC), todavia, no caso em apreço envolve um
contrato de empréstimo bancário concedido a uma pessoa
semianalfabeta, onde exige um maior rigor formalidade para a
celebração do negócio. No entanto a parte requerida apresentou o
contrato sem as assinaturas das 02 (duas) testemunhas, demonstrando
assim ausência de um dos requisitos para que o contrato tenha validade.
Na espécie, considerando que no contrato bancário nº 557338290
celebrado não tenha a subscrito ainda por 02 (duas) testemunhas no caso
de analfabeto ou aquele que não consiga entender o contrato, a meu ver,
este procedimento não se mostra revestido das formalidades legais, não
sendo admitido, e, portanto, conclui-se que o instrumento é inválido
para os fins a que se destina, sendo assim nulo o negócio e também seus
efeitos.

Portanto, não havendo comprovação que, de fato, foi o Autor quem contratou o
empréstimo consignado, deve o Requerido reparar o prejuízo material suportado pelo
Autor, restituindo todo o valor indevidamente descontado de sua aposentadoria. Neste
caso, considerando a nulidade do contrato, indevidos são todos os descontos efetuados no
benefício previdenciário do autor.
Destarte, o autor tem direito à restituição de todas as parcelas descontadas do seu
benefício previdenciário, com correção monetária desde a data de cada desconto (Súmula
43, STJ) e juros de 1% (um por cento) ao mês a incidir a partir da citação do réu (art. 405
do Código Civil).

5. DOS REQUERIMENTOS.

Ante o exposto, a parte Recorrente roga a Vossas Excelências que se dignem em


conhecer o presente recurso de Apelação, eis que é tempestivo e é justificada a ausência
do preparo, assim como presentes as demais condições e pressupostos de admissibilidade
e lhe deem provimento a todos os requerimentos formulados na petição inicial,
observando-se, máxime:
5.1.A REFORMA DA SENTENÇA RECORRIDA, NO SENTIDO DE SUA
CASSAÇÃO E/OU ANULAÇÃO, tornando-a inválida para todos os fins legais e de
direito, FAZENDO-SE REALIZAR A COGITADA PERÍCIA GRAFOTÉCNICA,
PARA FINS DE AUTENTICIDADE DA ASSINATURA CONSTANTE NO
CONTRATO OBJETO, A SER CUSTEADA PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
RECORRIDA, e a partir daí, pugna-se pela regular tramitação do feito e, seja proferida
nova decisão.

5.2.Outrossim, REQUER SEJA DETERMINADO QUE A RECORRIDA


DEPOSITE EM JUÍZO A VERSÃO ORIGINAL DO CONTRATO;

5.3. E ainda, A CONDENAÇÃO DA RECORRIDA EM ÔNUS DE


SUCUMBÊNCIA E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS a serem arbitrados na
porcentagem que melhor entender este e. Tribunal, o que desde logo fica requerido.

Termos em que,
pede e espera deferimento.

Caxias – MA, 20 de abril de 2023

IÊZA DA SILVA BEZERRA


OAB/MA 21.592

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