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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL


DA COMARCA DE CAXIAS - ESTADO DO MARANHÃO.

PROC Nº 0802222-30.2021.8.10.0029

MARIA IRIS DE SOUSA ARAÚJO, qualificado nos autos do processo em


epígrafe, na alistada ação que move em desfavor de BANCO PAN S/A, igualmente
qualificado, por intermédio de sua advogada que esta subscreve, regularmente habilitada no
já incluso mandado de outorga, inconformado com a R. Sentença inserta, vem, em tempo
hábil e respeitosamente, a este respeitável juízo, interpor o RECURSO DE APELAÇÃO,
requerendo, na oportunidade, que o Recorrido seja intimado para, querendo, oferecer as
contrarrazões e, ato contínuo, sejam os autos, com as razões anexas, remetidos ao Egrégio
Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão para os fins de mister.
Outrossim, destaca-se a ausência de preparo recursal porquanto a parte
Autora/Recorrente faz jus ao direito da gratuidade judiciária, por ser pessoa pobre nos
termos da lei, uma vez que percebe renda mensal equivalente a mísera quantia de 01 (um)
salário mínimo.

Termos em que,
pede e espera deferimento.

Caxias (MA), 29 de junho de 2021.

IÊZA DA SILVA BEZERRA


OAB/MA 21.592

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RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO.

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO.

RECORRENTE: MARIA IRIS DE SOUSA ARAÚJO


RECORRIDO: BANCO PAN S/A,
ORIGEM: 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAXIAS DO ESTADO DO
MARANHÃO.

EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÂMARA,
EMÉRITOS DESEMBARGADORES,

Data máxima vênia, a respeitável sentença prolatada pelo M.M. Juiz de Direito, a que
julgou improcedente os pedidos ventilados na peça vestibulanda, jamais deve prevalecer,
merecendo, pois, reforma, por não está amparada nos princípios da razão e de direito, assim
como nos dispositivos legais que regulam a espécie.
Por estas razões, o recurso ora interposto é peça necessária, apelo potente que
enfrenta e se contrapõe aos fundamentos da decisão, que ao nosso sentir PECOU
GROSSEIRAMENTE.
Destarte, a sentença não pode permanecer, eis quena exordial e réplica, ficara
assinalado o peditório quanto à realização da perícia grafotécnica do suposto contrato
anexado pela instituição Recorrida, o que, indubitavelmente, desprezar ao juízo de piso
tamanha questão substancial para o esclarecimento da lide, devendo, notadamente, ser nula,
cassada e reformada tal decisão, com a posterior ordem de depósito em juízo da versão
original do suposto contrato para a realização da perícia grafotécnica requestada.

1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.

1.1. DA AUSÊNCIA JUSTIFICADA DO PREPARO. DA CONCESSÃO DA


ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.
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De início, cabe destacar a ausência do preparo em razão da parte Apelante perceber


mensalmente a mísera quantia de 01 (um) salário mínimo dada pela previdência social, logo,
incontroversamente, é beneficiaria da assistência judiciária gratuita.

1.2. DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO.

A parte Recorrente teve ciência da r. sentença. Portanto, o prazo para a interposição


do recurso de apelação é de 15 (quinze) dias úteis, nos termos dos artigos 219, caput, c.c
1.009, e seguintes do Código de Processo Civil, logo, encontra-se tempestiva. Posto isso, o
presente recurso se encontra em tempo hábil e como tal característica faz jus ao seu
conhecimento, assim como merece total provimento, pelas sucintas, porém inteligíveis
razões que se passa a expor.

2. DA SÍNTESE PROCESSUAL DO NECESSÁRIO

Trata-se de ação declaratória de inexistência de relação contratual c.c repetição de


indébito e indenização por danos morais proposta pela parte Apelante em desfavor da
Apelada.
Na peça vestibular foram ventilados os peditórios para fins de declarar a inexistência
e/ou nulidade de eventual contrato, na qual a parte Recorrente não contratou tampouco
autorizou o empréstimo consignado, e via de consequência não usufruiu do valor pegue
emprestado por terceiro.
Outrossim, fora ventilado a suspensão dos descontos ilegais de sua conta benefício,
como também a restituição dos valores cobrados/recolhidos na forma dobrada e, por fim a
condenação em danos morais.
Em seguida, a instituição Recorrida fora citada e apresentou defesa anexando o
hipotético contrato, O QUE LEVOU A PARTE RECORRENTE REPISAR EM SEDE DE
RÉPLICA O PEDITÓRIO DA REALIZAÇÃO DE PERÍCIA GRAFOTÉCNICA, uma vez
que, como reportado, não fora contratado tampouco autorizado nenhuma prestação de
serviços para com tal instituição financeira.
A posteriori, desarrazoadamente, o juízo de piso proferiu sentença julgando
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improcedente os pedidos formulados pela parte Autora ora Recorrente, SEM REALIZAR A
ESSENCIAL PERÍCIA GRAFOTÉCNICA INSTADA POR ESTE EM TODO O BOJO
PROCESSUAL, levando-se em consideração apenas o contrato coadunado pela instituição
financeira Recorrida, O QUE TORNA-SE NUM VERDADEIRO ABSURDO
PROCESSUAL.
Ora, data vênia, o consumidor Apelante impugnou a autenticidade da assinatura
constante no contrato incluso ao processo, ATÉ MESMO POR SER PESSOA IDOSA,
ANALFABETA E HIPOSSUFICIENTE, cabendo, pois, à própria instituição financeira
Recorrida comprovar e custear essa autenticidade através de perícia grafotécnica.
Pasmem, Ínclitos Desembargadores, a realização da Perícia Grafotécnica é medida
indispensável e de rigor, o que não comporta maiores esforços por este causídico, até
mesmo, porquanto, SE TRATA DE MATÉRIA JÁ PACIFICADA EM SEDE DE IRDR
PELO PRÓPRIO E. TRIBUNAL DO ESTADO DO MARANHÃO E DEMAIS
TRIBUNAIS DE JUSTIÇAS PÁTRIOS, o que nos traz a segurança jurídica de que a r.
sentença proferida pelo Digníssimo M.M Juiz de piso jamais deve prevalecer, necessitando,
pois ser reformada, anulada e até mesmo cassada por contrariar dispositivos legais e de
direito.

3. RAZÕES DA REFORMA E CASSAÇÃO DA R. SENTENÇA

Sem titubeios, sucinta é a fundamentação, contudo inteligíveis são as razões para o


provimento do presente recurso, atendemos. Como reportado alhures, O JUÍZO A QUO
PROFERIU INFUNDADA SENTENÇA DESPREZANDO A SUBSTANCIAL PERÍCIA
GRAFOTÉCNICA POR DIVERSAS VEZES REQUESTADA PELA PARTE
RECORRENTE, mesmo sendo impugnado a veracidade da assinatura do contrato
coadunado pela parte Recorrida.
Ora, em decorrência da negativa da parte consumidora/Apelante em ter assinado o
contrato objurgado, data máxima vênia, faz-se necessário à realização de Perícia
Grafotécnica para a comprovação de sua Autenticidade, pois muito embora o fato de a
instituição financeira Recorrida tivesse apresentado tal contrato supostamente assinado,
ESTE NÃO PODE SER O ÚNICO FUNDAMENTO A ENSEJAR A IMPROCEDÊNCIA
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DA AÇÃO, ATÉ MESMO PELA CLARIVIDENTE DÚVIDA QUANTO À
VERACIDADE DA ASSINATURA, VEZ QUE SE TRATA DE PESSOA IDOSA,
ANALFABETA E VULNERÁVEL ECONOMICAMENTE.
Para tanto, vejamos o recente julgado acerca de idêntica matéria ao caso presente,
inclusive tornando-se INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS –
IRDR, onde se determina que incube a própria instituição financeira o ônus de provar essa
autenticidade, o que não fez, mas tão somente anexou o contrato repudiado, in verbis:

INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS.


PROCESSUAL CIVIL. CIVIL E CONSUMIDOR. QUESTÕES DE
DIREITO. EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS. APLICAÇÃO DO CDC.
VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR. PESSOAS
ANALFABETAS, IDOSAS E DE BAIXA RENDA. PENSIONISTAS E
APOSENTADOS. HIPERVULNERABILIDADE. ÔNUS DA PROVA.
CONTRATO DE EMPRÉSTIMO. PLANILHA. EXTRATO BANCÁRIO.
PERÍCIA GRAFOTÉCNICA. PROCURAÇÃO PÚBLICAOU
ESCRITURA PÚBLICA. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
FORMALISMO EXCESSIVAMENTE ONEROSO. REPETIÇÃO DE
INDÉBITO. EMPRÉSTIMOS ROTATIVOS. REQUISITOS
NECESSÁRIOS. DEVER DE INFORMAÇÃO. FIXAÇÃO DE QUATRO
TESES JURÍDICAS.
I - O IRDR tem como objetivo a fixação de teses jurídicas para evitar
julgamentos conflitantes entre ações individuais que contenham a mesma
controvérsia de direito, garantindo, assim, os princípios da isonomia e
segurança jurídica.
II - Segundo o enunciado da Súmula nº 297 do STJ: "O Código de Defesa
do Consumidor é aplicável às instituições financeiras".
III - É direito básico do consumidor a facilitação de sua defesa e, em razão
disso, a própria lei prevê casos de inversão do ônus da prova que pode ser
opejudicis (art. 6º, VIII, do CDC) ou ope legis (arts. 12, §3º, e 14, §3º, do
CDC).
IV – A PRIMEIRA TESE RESTOU ASSIM FIXADA:
"INDEPENDENTEMENTE DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA -
QUE DEVE SER DECRETADA APENAS NAS HIPÓTESES
AUTORIZADAS PELO ART. 6º VIII DO CDC, SEGUNDO
AVALIAÇÃO DO MAGISTRADO NO CASO CONCRETO -, CABE À
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA/RÉ, ENQUANTO FATO IMPEDITIVO E
MODIFICATIVO DO DIREITO DO CONSUMIDOR/AUTOR (CPC,
ART. 373, II), O ÔNUS DE PROVAR QUE HOUVE A
CONTRATAÇÃO DO EMPRÉSTIMO CONSIGNADO, MEDIANTE A
JUNTADA DO CONTRATO OU DE OUTRO DOCUMENTO CAPAZ
DE REVELAR A MANIFESTAÇÃO DE VONTADE DO
CONSUMIDOR NO SENTIDO DE FIRMAR O NEGÓCIO JURÍDICO,
PERMANECENDO COM O CONSUMIDOR/AUTOR, QUANDO
ALEGAR QUE NÃO RECEBEU O VALOR DO EMPRÉSTIMO, O
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DEVER DE COLABORAR COM A JUSTIÇA (CPC, ART. 6º) E FAZER
A JUNTADA DO SEU EXTRATO BANCÁRIO, EMBORA ESTE NÃO
DEVA SER CONSIDERADO, PELO JUIZ, COMO DOCUMENTO
ESSENCIAL PARA A PROPOSITURA DA AÇÃO. Nas hipóteses em
que o consumidor/autor impugnar a autenticidade da assinatura constante
do contrato juntado ao processo, cabe à instituição financeira/ré o ônus de
provar essa autenticidade (CPC, art. 429 II), por meio de perícia
grafotécnica ou mediante os meios de prova legais ou moralmente
legítimos (CPC, art. 369)."(...) (CC, art. 170)".(TJMA, INCIDENTE DE
RESOLUÇÃO DE DEMANDA REPETITIVA Nº 053983/2016, Rel.
DES.JAIME FERREIRA DE ARAUJO, j. 12/09/18).

Na mesma banda, facilmente pode-se perceber que a Perícia Grafotécnica seguirá


protocolo para que alcance o seu objetivo, ou melhor, preceituar, O CONTRATO
PERICIADO DEVERÁ SER APRESENTADO PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA NA
FORMA ORIGINAL, OBRIGANDO-A A DEPOSITÁ-LO EM SECRETARIA, DO
CONTRÁRIO NÃO SERÁ POSSÍVEL A SUA REALIZAÇÃO, conforme paira
entendimento jurisprudencial, a saber:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. RELAÇÃO DE CONSUMO.


CONTRATO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. DÍVIDA NÃO
RECONHECIDA. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE NÃO
APRESENTA CONTRATO ORIGINAL. IMPOSSIBILIDADE DE
REALIZAÇÃO DA PERÍCIA GRAFOTÉCNICA. DADOS DO
CONTRATO DESTOANTES COM OS DOCUMENTOS DA
APELANTE. FORTUITO INTERNO. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 94
TJRJ. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DEVOLUÇÃO EM
DOBRO. DANO MORAL CONFIGURADO. Réu que não comprovou a
licitude da contratação, deixando de apresentar contrato original.
Impossibilidade de realização da perícia. Dados do contrato conflitantes
com documentos da autora. Falha na prestação do serviço, atraindo o dever
de indenizar, em razão da responsabilidade objetiva atrelada à teoria do
risco do empreendimento. Devolução em dobro dos valores
comprovadamente descontados, na forma do art. 42, parágrafo único, do
CDC, uma vez que restou demonstrada a negligência e descaso do apelado
na contratação. Dano moral indenizável, posto que o recorrido invadiu a
fola de pagamento da recorrente, efetivando descontos não autorizados em
verba alimentar. Valor de R$ 10.000,00 que se mostra proporcional e em
consonância com o que vem sendo fixado para casos congêneres. Recurso
provido. (Apl 00002257820168100026, Rel. Desembargador(a) MARÍLIA
DE CASTRO NEVES VIEIRA, VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO, julgado em
01/02/2018).

EMENTA: AGRAVO DE INSTUMENTO-AÇÃO DE DECLARAÇÃO


DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITOALEGAÇÃO DE FALSIDADE DE

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ASSINATURA A ROGO(DIGITAL) – PERÍCIA
GRAFOTÉCNICAIMPRESCINDIBILIDADE-DOCUMENTOS
ORIGONALÔNUS DA PROVA-EXIBIÇÃO DO DOCUMENTO-
ÔNUS DA PARTE QUE PRODUZIU O DOCUMENTO-RECURSO
PROVIDO. A cópia reprográfica prejudica a correta feitura da perícia
grafotécnica, sendo necessária a exibição do documento original para
produção de referida prova sem qualquer mácula a prejudicar o julgado.
Em caso de contestação de assinatura em documento particular, o ônus da
prova cabe a parte de produziu o documento. (AI 58917/2013, DESA.
MARIA HELENA GARGAGLIONE PÓVOAS, SEGUNDA CÂMARA
CÍVEL –TJ/MT, Julgado em 18/09/2013).

Sendo assim, conforme restou demonstrado pelas remansosas jurisprudências acima


colacionadas, o contrato original deverá ser apresentado para realização da Perícia
Grafotécnica, cabendo a Recorrida o ônus da prova, caso contrário, deverá o suposto
contrato ser considerado nulo e incapaz de produzir efeitos jurídicos válidos.
Destarte, o juízo a quo não pode menosprezar a perícia em destaque, ainda mais,
repisa-se, quando o consumidor impugnar a veracidade de sua assinatura constante no
contrato, assim como rejeitar tal prestação de serviço, devendo, necessariamente, ser
ANULADA E CASSADA A DECISÃO RECORRIDA, e em corolário, fazendo-se realizar
a perícia em espécie e, a partir daí seja proferida nova decisão.

4. DA AUSÊNCIA DE ASSINATURA DE TESTEMUNHAS NO CONTRATO

QUARTA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL Nº 0803937-


78.2019.8.10.0029 – CAXIAS Apelante : Banco Itau Consignado S/A
Advogado : Giovanny Michael Vieira Navarro (OAB/MA 9.320-A)
Apelada : Maria das Dores da Conceicao Pessoa Advogado : Luan
Dourado Santos (OAB/MA 15.443) Relator : Desembargador Marcelo
Carvalho Silva No aludido contrato nº 557338290 apresentado pelo Banco
Réu (Id. 39607431), na página 02, destinado para a assinatura de 02 (duas)
testemunhas, não constam também as assinaturas para dar validade ao
contrato. O art. 104 do Código Civil estabelece os requisitos para a
validade do negócio jurídico: I – agente capaz; II – objeto lícito, possível,
determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não defesa em lei”.
Diploma Civil normativo prevê ainda: Art. 166. É nulo o negócio jurídico
quando: (…) IV – não revestir a forma prescrita em lei; V – for preterida
alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; (…)
Por analogia, o art. 221, V, § 1º da Lei nº 6.015/73 (Lei dos Registros
Públicos) exige algumas formalidades legais quando envolver negócios
celebrados por pessoas analfabetas ou quando qualquer das partes não
souber ler, nem escrever. Veja-se: Art. 221. Somente são admitidos a
registro: (…) V – contratos ou termos administrativos, assinados com a
União, Estados, Municípios ou o Distrito Federal, no âmbito de programas
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de regularização fundiária e de programas habitacionais de interesse social,
dispensado o reconhecimento de firma; § 1.º Serão registrados os contratos
e termos mencionados no inciso V do caput assinados a rogo com a
impressão dactiloscópica do beneficiário, quando este for analfabeto ou
não puder assinar, acompanhados da assinatura de 2 (duas) testemunhas.
(…) (Grifei) Embora o analfabeto ou semi-analfabeto seja plenamente
capaz na ordem civil, para a prática de determinados atos, o contratante
está sujeito a obedecer a certas formalidades que, de algum modo,
restringem sua capacidade negocial. É sabido que o Código Civil prevê que
nos contratos de prestação de serviço, quando qualquer das partes não
souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e
subscrito por 02 (duas) testemunhas (art. 595, CC), todavia, no caso em
apreço envolve um contrato de empréstimo bancário concedido a uma
pessoa semianalfabeta, onde exige um maior rigor formalidade para a
celebração do negócio. No entanto a parte requerida apresentou o contrato
sem as assinaturas das 02 (duas) testemunhas, demonstrando assim
ausência de um dos requisitos para que o contrato tenha validade. Na
espécie, considerando que no contrato bancário nº 557338290 celebrado
não tenha a subscrito ainda por 02 (duas) testemunhas no caso de
analfabeto ou aquele que não consiga entender o contrato, a meu ver, este
procedimento não se mostra revestido das formalidades legais, não sendo
admitido, e, portanto, conclui-se que o instrumento é inválido para os fins a
que se destina, sendo assim nulo o negócio e também seus efeitos.

Portanto, não havendo comprovação que, de fato, foi o Autor quem contratou o
empréstimo consignado, deve o Requerido reparar o prejuízo material suportado pelo Autor,
restituindo todo o valor indevidamente descontado de sua aposentadoria. Neste caso,
considerando a nulidade do contrato, indevidos são todos os descontos efetuados no
benefício previdenciário do autor.
Destarte, o autor tem direito à restituição de todas as parcelas descontadas do seu
benefício previdenciário, com correção monetária desde a data de cada desconto (Súmula
43, STJ) e juros de 1% (um por cento) ao mês a incidir a partir da citação do réu (art. 405 do
Código Civil).

5. DOS REQUERIMENTOS.

Ante o exposto, a parte Recorrente roga a Vossas Excelências que se dignem em


conhecer o presente recurso de Apelação, eis que é tempestivo e é justificada a ausência do
preparo, assim como presentes as demais condições e pressupostos de admissibilidade e lhe
deem provimento a todos os requerimentos formulados na petição inicial, observando-se,
máxime:
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5.1.A REFORMA DA SENTENÇA RECORRIDA, NO SENTIDO DE SUA
CASSAÇÃO E/OU ANULAÇÃO, tornando-a inválida para todos os fins legais e de direito,
FAZENDO-SE REALIZAR A COGITADA PERÍCIA GRAFOTÉCNICA, PARA FINS DE
AUTENTICIDADE DA ASSINATURA CONSTANTE NO CONTRATO OBJETO, A
SER CUSTEADA PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA RECORRIDA, e a partir daí,
pugna-se pela regular tramitação do feito e, seja proferida nova decisão.

5.2. Outrossim, REQUER SEJA DETERMINADO QUE A RECORRIDA DEPOSITE


EM JUÍZO A VERSÃO ORIGINAL DO CONTRATO;

5.3. E ainda, A CONDENAÇÃO DA RECORRIDA EM ÔNUS DE


SUCUMBÊNCIA E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS a serem arbitrados na porcentagem
que melhor entender este e. Tribunal, o que desde logo fica requerido.

Termos em que,
pede e espera deferimento.

Caxias – MA, 29 de junho de 2021

IÊZA DA SILVA BEZERRA


OAB/MA 21.592

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