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PROJUDI - Processo: 0000001-12.2015.8.16.0107 - Ref. mov. 21.

1 - Assinado digitalmente por Acir Jose da Silva Junior


29/01/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE CONTESTAÇÃO. Arq: Contestação

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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EXCELENTISSIMO (a) SENHOR (a) DOUTOR (a) JUIZ (a) DE DIREITO DA VARA
CIVEL DA COMARCA DE MAMBORÊ ESTADO DO PARANA

PEDIDO DE REVOGAÇÃO DE LIMINAR DE BUSCA E APREENSÃO

Número Unificado: 0000001-12.2015.8.16.0107

VAGNER GASPAR, já qualificado nos autos de BUSCA E APREENSÃO EM


ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA, por intermédio de seu procurador judicial adiante
assinado, Acir José da Silva Junior, advogado inscrito na Ordem dos Advogados do
Brasil, Seção do Paraná, sob o nº 60.676 conforme procuração em anexo (Doc. 01),
com escritório profissional na Avenida João Paulino Vieira Filho nº 275, sala 11,
centro, na cidade de Maringá, Estado do Paraná, onde recebe intimações, vem, com
respeito e acatamento, à presença de Vossa Excelência, apresentar a sua defesa em
forma de:

CONTESTAÇÃO

Nos autos em referência, propostos por AYMORE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E


INVESTIMENTO S/A, qualificado, pelos fatos e fundamentos que se seguem:

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Av. João Paulino Vieira Filho, nº 275, Sala 11, Centro CEP 87020-015 - Maringá – PR  Tel.: 44 3029-3063 @: cajadvocacia@cajadvocacia.adv.br
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I) BREVE SÍNTESE DOS FATOS

A Requerente alega que firmou Contrato de Crédito Direto ao Consumidor –


CDC com o Requerido em 08/11/2013, de nº 20020955445, tendo contratado o
serviço da parte Reclamante para financiar o valor de R$ 14.000,00 (quatorze mil
reais), contudo, conforme demonstra o contrato anexo o valor do crédito apontado foi
substituído pelo valor de R$ 15.717,51 (quinze mil setecentos e dezessete reais e
cinquenta e um centavos). A divergência de absurdos 1.717,51 (mil setecentos e
dezessete reais e cinquenta e um centavos), resulta da cobrança de tarifas
indevidas do mesmo contrato. Ou seja, ABSURDOS 12,27% do crédito (que ainda
incorre juros compensatórios) foram inseridos de forma ABUSIVA. Golpeando a
normalidade contratual.
Foi então celebrado o contrato Contrato de Crédito Direto ao Consumidor –
CDC, de número 20020955445 (Doc. II), com a alienação fiduciária do bem ali
especificado em favor da requerente. O valor tomado foi parcelado em 48 parcelas de
R$ 528,03 ( quinhentos e vinte e oito reais e três centavos), com taxa de juros de
2,15% % ao mês e 38,37% ao ano. Sendo que linearmente a taxa de juros mensal
de 2,15% multiplicado por 12 meses, deveria somar a quantia de 25,80%, bem
menos que 38,37%, apenas nesse calculo já fica evidente a capitalização dos
juros.
Contudo, ocorre que a lisura da operação está sob suspeita, uma vez que foram
constatadas várias irregularidades no contrato celebrado. Todas abusivas e em
desfavor do consumidor, que diante de sua hipossuficiência técnica e material não
pode constatar tais defeitos no momento da contratação. Dessa forma, se faz
necessária essas alegações na CONTESTAÇÃO para garantir os direitos patrimoniais
da parte Ré, bem como dar regular cumprimento ao contrato.
Os alegados vícios do negócio efetuados referem-se à cobrança de juros do
contrato, que estão em desacordo com o que foi pactuado com o consumidor, uma vez
que a reclamada, no cálculo das prestações, utilizou-se da tabela Price, capitalizando

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os juros cobrados1. De forma que restou comprovada a prática de anatocismo (juros
sobre juros), que acaba onerando excessivamente o contrato, impossibilitando seu
cumprimento pelo contratante.
Em momento algum o Réu foi informado de que seu contrato seria objeto de
capitalização de juros no tocante a composição das parcelas, tampouco, de que a taxa
de juros ofertada e pactuada referia-se somente a primeira parcela, sendo que em
todas as outras haveria a cobrança de juros sobre juros. Ficando evidente que o
fornecedor não cumpriu com o seu dever contratual de prestar informação clara e
adequada sobre o produto ou serviço.
Infere-se, por fim, que existem as mesmas irregularidades no tocante a
cobrança de juros moratórios cumulados com correção monetária e comissão de
permanência quando da cobrança do consumidor inadimplente, por ser medida que
onera abusivamente o consumidor.
PARA CONCESSÃO DA LIMINAR A AUTORA DESTACOU QUE O RÉU DEIXOU
DE ADIMPLIR TRÊS PARCELAS, COM VENCIMENTOS EM 08/10/2014 À
08/12/2014, assim, com base na suposta mora do Réu, pleiteou a concessão de
liminar de busca e apreensão, inaudita altera pars.
Portanto, analisando o contrato por seus aspectos gerais, denota-se a
necessidade urgente de intervenção do Poder Judiciário para corrigir o erro causado
pelo banco.
Dessa forma Excelência, sob hipótese alguma há como prosperar os argumentos
do Banco, culminando com a total improcedência do presente feito, como adiante
passará a demonstrar o Requerido.

II) DAS PRELIMINARES

II.I) CARÊNCIA DA AÇÃO – AUSÊNCIA DE CONSTITUIÇÃO EM MORA

II.I.I) AUSÊNCIA DA MORA PELA NULIDADE DA NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL

1 “(...) A não correspondência entre o resultado da multiplicação da taxa mensal por doze (meses), e a
taxa anual contratadas, evidencia, independentemente de perícia, a capitalização mensal de juros (...)”
TJPR – 18º C. Cível – Apelação Cível nº 548711-2 – Rel. Des. Mário Helton Jorge, julgado em
04.02.2009.
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Compulsando os autos, verifica-se, que muito embora a parte Autora tenha
instruído o feito com a notificação do devedor, para fins de constituí-lo em mora, no
caso em tela, tal ato não tem validade.

É que, apesar de o financiamento ter sido realizado na cidade de BOA


ESPERANÇA, o credor fiduciário adotou o procedimento malicioso de notificar o
devedor por meio do CARTÓRIO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS DA CIDADE DE
JOAQUIM GOMES NO ESTADO DE ALAGOAS.
Cumpre ressaltar que o referido procedimento evidencia a flagrante
abusividade e/ou dificuldade em impor o devido conhecimento dos fatos e do
débito ao consumidor, que é parte hipossuficiente de relação jurídica de direito
material.
Ademais, tem-se como violada a questão do devido processo legal, pois a
notificação foi realizada irregularmente, já que esta foi postada pelo credor
fiduciário em outro Estado da Federação que não aquele em que reside o
financiado, DECORRENDO DAÍ A NÃO CONFIGURAÇÃO DA MORA CONTRATUAL.
Importante salientar o fato de que o Tabelião não pode praticar atos de seu ofício
fora do Município para o qual recebeu delegação, consoante o disposto no art. 9º da Lei
nº 8.935/2004, verbis: “Art. 9º O tabelião de notas não poderá praticar atos de seu
ofício fora do Município para o qual recebeu delegação”.
Todavia, apesar de o credor poder optar pelo Tabelião que melhor lhe assistir na
prestação do serviço, há que se regrar a atuação deste no âmbito da sua competência
territorial e funcional, sob pena da ineficácia do ato praticado fora do limite em que a
atuação do Tabelião encontra-se regida por Lei.
Esse é o caso dos autos, haja vista que o credor enviou a notificação através
de Tabelião situado em comarca diversa do domicílio do devedor, de modo que
não restou atendida a exigência contida no § 2º do art. 2º do Decreto-Lei nº
911/69.
Excelência, a comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do
veículo alienado fiduciariamente (Súmula Nº72 do STJ), todavia, não restou

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devidamente comprovada a constituição da parte Ré em mora, porquanto a notificação
extrajudicial juntada na inicial, foi encaminha Pelo distante Cartório de JOAQUIM
GOMES-ALAGOAS.
A constituição do devedor em mora pode ser comprovada com mera
apresentação da respectiva notificação extrajudicial recebida no endereço consignado
no contrato, contudo, desde que encaminhada por meio de Serviços de Registro de
Títulos e Documentos da mesma comarca. O que não ocorre no caso em tela,
porquanto o princípio da territorialidade aplica-se, também aos Oficiais de Títulos e
Documentos.
De tal forma, preceitua o art. 13º da Lei 6.015/1973 “dentro do prazo de vinte
dias da data da sua assinatura pelas partes, todos os atos enumerados nos arts. 128 e
129 serão registrados no domicílio das partes contratantes e, quando residam estas
em circunscrições territoriais diversas, far-se-á o registro em todas elas”. Ou seja, fica
claro da leitura do referido artigo que os cartórios devem obedecer ao princípio da
territorialidade, ou seja, ficam vinculados à observação dos limites territoriais fixados
sua atuação.
A matéria já foi objeto de análise por ocasião do julgamento de pedidos de
providência apresentados perante o Conselho Nacional de Justiça, sendo oportuno
destacar a ementa da decisão proferida no pedido de providência 1261/2010:

PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO SERVTL45 -


EXTRAJUDICIAIS REGISTRODE TITULOS E DOCUMENTOS - CRIAÇAO DE
CENTRAL DE ATENDIMENTO - SITIO ELETRONICO- NOTIFICAÇOES POSTAIS
PARA MUNICIPIOS DE OUTROS ESTADOS - ILEGALIDADE - ART.13o, LEI
6.015/73, LRP. I - A criação de central de atendimento e distribuição igualitária
dos títulos e documentos a serem registrados, mantido por associação civil não
encontra qualquer óbice legal. Pelo Contrário, pressupõe o exercício de
competência inerente à autonomia do ente federado para a organização de seu
serviço, espaço resguardado do controle do CNJ. I - Conquanto detenha o CNJ a
missão estratégica de definir balizas orientadoras do Poder Judiciário e
controlar, administrativa e financeiramente, a legalidade dos atos emanados de
seus órgãos e agentes rumo à superação de deficiências estruturais, não se pode
fazer substituir aos Tribunais (e Corregedorias de Justiça) em suas
competências constitucionais, a exemplo da formatação de regras de
organizaçãojudiciária (art. 96, II, "d", CF/88). III- O princípio da territorialidade é
vetor axiológico subjacente à sistemática adotada pela Lei 6.015/73, a ser
observado por todas asserventias, e não apenas pela de registro de imóveis e de
pessoas. A mens legis do art- 13o da Lei 6.015/73 é clara e visa garantir a
segurança e a eficácia dos atos jurídicos aos quais confere publicidade (art.1°,
Lei 6.o15/73)- IV- A não-incidência do princípio da territorialidade constitui

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exceção e deve vir expressamente mencionada pela legislação. V- Procedimento a
que se julga procedente.

É evidente que é vedada aos cartórios o registro de títulos e documentos e o


encaminhamento de notificações em comarca diversa onde encontra-se estabelecido.
Neste sentido julgamento recente do Tribunal de Justiça do Paraná dispôs:

AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSRUMENTO. NEGATIVA DE SEGUIMENTO.


AUSÊNCIA DE CERTIDÃO DE INTIMAÇÃO. TEMPESTIVIDADE AFERIDA POR
OUTROS DOCUMENTOS. DECLARAÇÃO DOS CORREIOS. FÉ PUBLICA.
CONHECIMENTO DE OFICIO. MATERIA DE ORDEM PUBLICA. NOTIFICAÇAO
EXTRAJUDICIAL EMITIDA POR CARTÓRIO LOCALIZADO EM COMARCA
DIVERSA DO DOMICILIO DO DEVEDOR. PRINCIPIO DA TERRITORIALIDADE.
AUSENCIA DE PRÉVIA CONSTITUIÇAO EM MORA. RECURSO NEGADO (...) 2. A
comprovação da regular constituição em mora do devedor, por se tratar de
questão de procedibilidade ou condições da ação de busca e apreensão e/ou
ação de reintegração de posse de veiculo cedido em arrendamento mercantil,
pode e deve ser conhecida de oficio pelo juiz (CPC, art. 267, VI, §3º c/c 301, X,
§4º0, sem que com isso se configure decisão ultra petita. (Súmulas 72 e
369/STJ). 3. Para comprovação da mora do devedor não se exige que a
correspondência (notificação) seja efetivamente entregue em suas mãos,
admitindo-se a entrega em seu endereço. Entretanto, a notificação do devedor,
efetivada mediante Títulos e Documentos, deve ser feita com a juntada do
respectivo “A.R”, assinado pelo recebedor, não se admitindo sua substituição por
declaração e/ou correspondência emitida pelos Correios, por não gozar de fé
pública (aplicação analógica da Lei de Protestos art. 14, § 1º). 4. A notificação
extrajudicial expedida por serventia de Títulos e Documentos de comarca diversa
do domicilio do devedor, ao tem validade por violar o principio da territorialidade
dos atos notariais que informa a norma dos arts. 130, da Lei de registros
Públicos (6.015/73) e arts. 8º e 9º da Lei nº 8.935/94, não sendo possível
reconhecer-se como comprovada a mora do devedor em tais circunstancias.
5.agravo interno à que se nega provimento.” (Agravo Interno n. 736.787-9/01,
17 C.Cív., Rel. Juiz Conv. Francisco Jorge, J. 26.01.2011, DJ 567).

O entendimento do Tribunal de Justiça do Paraná vem de encontro com as


decisões do Superior Tribunal de Justiça, conforme veremos a seguir:

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.


CONTRATO BANCÁRIO. COMPROVAÇÃO DA MORA. BUSCA E APREENSÃO.
NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL. REALIZADA POR CARTÓRIO DE TÍTULOS E
DOCUMENTOS LOCALIZADO EM COMARCA DIVERSA DA DO DOMICÍLIO DO
DEVEDOR. INVALIDADE.
1. Não é válida a entrega da notificação extrajudicial expedida por meio
de Cartório de Títulos e Documentos situado em comarca diversa da qual
o devedor tem domicílio. (AgRg no REsp 1190827/AM, Rel. Min. RAUL
ARAÚJO, QUARTA TURMA, DJe 21/03/2011 ).
2. Decisão agravada mantida pelos seus próprios fundamentos.
3. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (negrito nosso)

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Inclusive:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO - COMPROVAÇÃO DA


MORA – OBJETO DA DECISÃO DA DECISÃO AGRAVADA – NOTIFICAÇÃO
EXPEDIDA POR CARTÓRIO DE OUTRA COMARCA - IMPOSSIBILIDADE.
1 - Não é válida, para efeito de comprovação da mora do
devedor, nas ações de busca e apreensão fundadas no Decreto-Lei n.
911/69, a entrega de notificação expedida por Cartório de outra comarca.
2 - O agravante não trouxe qualquer elemento capaz de infirmar a decisão
agravada, que se mantém por seus próprios fundamentos.
3 - Agravo Regimental improvido. (negrito nosso)

O Superior Tribunal de Justiça entende no sentido de não validar notificação


enviada por cartório fora da comarca do devedor, vejamos novamente:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.170.928 - MG (2009/0238017-7) RELATOR :


MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO RECORRENTE : BV
FINANCEIRA S/A CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO ADVOGADO :
CAMILLA DE OLIVEIRA BUSATTI ALVES E OUTRO(S) RECORRIDO : PAULO
ROBERTO MARIANO ADVOGADO : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS
EMENTA RECURSO ESPECIAL. CONTRATO BANCÁRIO. COMPROVAÇÃO DA
MORA. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL. VALIDADE.
REALIZADA POR CARTÓRIO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS LOCALIZADO EM
COMARCA DIVERSA DA DO DOMICÍLIO DO DEVEDOR. INVALIDADE. 1. Não é
válida a entrega da notificação extrajudicial expedida por meio de Cartório de
Títulos e Documentos situado em comarca diversa da qual o devedor tem
domicílio. (AgRg no REsp 1190827/AM, Rel. Min. RAUL ARAÚJO, QUARTA
TURMA, DJe 21/03/2011 ). 2. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA
SEGUIMENTO.
DECISÃO Vistos etc. Trata-se de recurso especial interposto, com fundamento
na alínea "a" do permissivo constitucional, por BV Financeira S/A Crédito
Financiamento e investimento contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça
do Estado de Minas Gerais que, ao examinar agravo de instrumento manejado
pela ora recorrente manifestou-se nos seguintes termos:
"BUSCA E APREENSÃO - ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - NOTIFICAÇÃO - CARTÓRIO
DISTINTO DA COMARCA DO DEVEDOR - MORA COMPROVADA - EXTINÇÃO DO
PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. - Para o aperfeiçoamento da
constituição em mora, a notificação extrajudicial deve ser efetivada por intermédio
de tabelião competente para tanto, e ser encaminhada ao endereço ministrado
pela parte quando da assinatura. - 'O ato do tabelião praticado fora do âmbito de
sua delegação não tem validade, inoperante, assim, a constituição em mora'" (fl.
76).
Em suas razões, a instituição financeira sustentou violação ao artigo 2º, §2º do
Decreto Lei 911/69, sob o fundamento de que, ao revés do consignado no aresto
recorrido, a notificação ou protesto realizados por cartório de comarca diversa da
qual reside o devedor é perfeitamente admitido. Requer, assim, a reforma do
acórdão impugnado. É o relatório. Passo a decidir.
A irresignação não merece acolhida. Com efeito, nos termos do art. 2º, §2º, do
Decreto-lei 911/69, conquanto a comprovação da mora, na alienação fiduciária,
poder ser efetivada mediante notificação extrajudicial promovida por meio de
Cartório de Títulos e Documentos, este Tribunal Superior tem entendimento

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no sentido de não ser válida a notificação se for entregue por meio de
Cartório de Títulos e Documentos situado em comarca diversa da qual o
devedor tem domicílio, isso porque a Lei nº 8.935/1994, que dispõe sobre os
serviços notariais e de registro, prescreve em seu art. 9º que o "tabelião de notas
não poderá praticar atos de seu ofício fora do Município para o qual recebeu
delegação". Nesse sentido os seguintes julgados:
"AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DECISÃO AGRAVADA.
FUNDAMENTO INATACADO. SÚMULA 182/STJ. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. BUSCA
E APREENSÃO. NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL. CONSTITUIÇÃO DO DEVEDOR
EM MORA. CARTÓRIO LOCALIZADO EM COMARCA DIVERSA. INVALIDADE.
1. A ausência de impugnação específica aos fundamentos da decisão agravada
atrai a incidência do óbice previsto na Súmula 182 do Superior Tribunal de
Justiça. 2. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que, em caso de
alienação fiduciária, a mora deve ser comprovada por meio de notificação
extrajudicial realizada por intermédio do Cartório de Títulos e Documentos a ser
entregue no domicílio do devedor, sendo dispensada a notificação pessoal. 3. Não
é válida, todavia, a entrega da notificação extrajudicial expedida por
meio de Cartório de Títulos e Documentos situado em comarca diversa da
qual o devedor tem domicílio. 4. Agravo regimental a que se nega provimento" .
(AgRg no REsp 1190827/AM, Rel. Min. RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, DJe
21/03/2011 ) AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
DE BUSCA E APREENSÃO. NOTIFICAÇÃO. CARTÓRIO DE TÍTULOS E
DOCUMENTOS. COMARCA. 1.- "O ato do tabelião praticado fora do âmbito de sua
delegação não tem validade, inoperante, assim, a constituição em mora" (REsp
682.399/CE, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, DJ 24.9.2007).
2.- Agravo Regimental improvido. (AgRg no AREsp 7.377/MS, Rel. Ministro
SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/06/2011, DJe
22/06/2011)
Ante o exposto, nego seguimento ao recurso especial. Intimem-se. Brasília
(DF), 05 de setembro de 2011. MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO
Relator (sublinhado nosso)

Recentes decisões mantém o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRATO BANCÁRIO.


COMPROVAÇÃO DA MORA. BUSCA E APREENSÃO. NOTIFICAÇÃO
EXTRAJUDICIAL. REALIZADA POR CARTÓRIO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS
LOCALIZADO EM COMARCA DIVERSA DA DO DOMICÍLIO DO DEVEDOR.
INVALIDADE.
1. Não é válida a entrega da notificação extrajudicial
expedida por meio de Cartório de Títulos e Documentos situado em
comarca diversada qual o devedor tem domicílio. (AgRg no REsp 1190827/AM,
Rel. Min. RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, DJe 21/03/2011).
2. Decisão agravada mantida pelos seus próprios
fundamentos.
3. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
(AgRg no Ag 1405716 / RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, TERCEIRA
TURMA, DJe 01/03/2012) Negrito nosso.

Veja Excelência que os bancos, braços fortes na maioria das relações,


aproveitam de medidas arbitrarias da forma como preferem, desde a cobrança de

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tarifas que sabidamente são indevidas, até negarem a apresentar documentações
pertinentes a relação contratual, aplicar taxas de juros acima do mercado entre outros
escândalos e agora operam a legislação dos cartórios da forma que entendem mais
convenientes.

II.I.II) AUSÊNCIA DA MORA - DECLARAÇÃO EXPEDIDA PELO


CORREIO/ASSESSORIA DE COBRANÇA

Não se pode considerar provada a mora quando o Autor não traz aos autos o AR,
mas tão somente declaração expedida pelo Correio/Assessoria de Cobrança, haja vista
que tal órgão não possui fé pública.
Neste sentido são os entendimentos do Egrégio Tribunal de Justiça do Paraná:
AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. BUSCA E APREENSÃO.
COMPROVAÇÃO DA MORA. NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL. AUSÊNCIA DE
AVISO DE RECEBIMENTO "AR". DECLARAÇÃO DOS CORREIOS. AUSÊNCIA DE
FÉ-PÚBLICA. MORA NÃO COMPROVADA. RECURSO NEGADO. 1. A Lei de
Protestos (Lei nº 9.492/1997), analogamente aplicada à carta notificatória, por
se tratar de hipótese correlata à constituição em mora na alienação fiduciária em
garantia de mútuo, prevê em seu artigo 14, § 1º, que, considera-se efetuada a
entrega, desde que o recebimento fique assegurado e comprovado através de
protocolo, aviso de recepção (AR) ou documento equivalente (art. 14 §1º),
situação que não ocorre quando não há nos autos nenhum "A.R." capaz de
comprovar a entrega, não se admitindo sua substituição por declaração e/ou
correspondência emitida por funcionários dos Correios, uma vez que não gozam
de fé pública. 2. Agravo interno à que se nega provimento. (TJPR, 17ª CCv,
Agravo n.º 764.599-0/01, Relator Des. Francisco Jorge, j. 11/05/2011).

AGRAVO INOMINADO APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO


DECISÃO EM MANIFESTO CONFRONTO COM O ENTENDIMENTO DOMINANTE
DA JURISPRUDÊNCIA ADOÇÃO DO ART. 557 DO CPC POSSIBILIDADE -
VÁLIDA CONSTITUIÇÃO EM MORA INOCORRÊNCIA NOTIFICAÇÃO
EXTRAJUDICIAL EMISSÃO E RECEBIMENTO NECESSIDADE DE
COMPROVAÇÃO JUNTADA DO AVISO DE RECEBIMENTO INOCORRÊNCIA
INFORMAÇÃO DOS CORREIOS FÉ-PÚBLICA AUSÊNCIA RECURSO NÃO

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PROVIDO (TJPR, 17ª CCv, Agravo 767.354-3/01, Relator Des. Fabain
Schweltzer, j. 11/05/2011).

A simples declaração emitida pelos Correios/Assessoria de Cobrança,


desacompanhada do recibo de entrega devidamente assinado pelo receptor, não
comprova a notificação da parte. Destarte, a notificação juntada nos autos pelo Autor
não constitui o Agravante em mora.

II.I.III) AUSÊNCIA DA MORA PELA ONEROSIDADE EXCESSIVA IMPOSTA PELO


CREDOR GERANDO A INEXECUÇÃO CONTRATUAL CULPOSA DO DEVEDOR

Por fim, é necessário esclarecer que não há mais dúvidas sobre a iminente
abusividade de instituições financeiras, que avançam sobre o patrimônio dos
consumidores sob a capa da liberdade contratual e do “pacta sunt servanda”.
Nos termos da Súmula 72 do Superior Tribunal Justiça: “A comprovação da
mora é imprescindível á busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente”.
Entendemos que quando há abusos e situações de irregularidades na hipótese
de atraso de pagamento com uma oneração excessiva, que se faz através de pesados
encargos, taxas e multas, além de uma exigência superior aos limites legais, tanto
normativos como éticos, a mora deixa de ser do devedor e passa a ser do credor.
Esse entendimento tem apoio do Acórdão da Ministra Nancy Andrighi conforme
decisão abaixo:

(...) I . Afasta a caracterização da mora:


(i) a constatação de que foram exigidos encargos abusivos na contratação,
durante o período da normalidade contratual. (...)
Porém, deve-se deixar claro que é o eventual abuso na exigência dos chamados
'encargos da normalidade' – notadamente nos juros remuneratórios e na
capitalização de juros – que deve ser levado em conta para tal análise, conforme
definido no precedente EDcl no AgRg no REsp 842.973/RS, 3ª Turma, Rel.
originário Min. Humberto Gomes de Barros, Rel. p/ Acórdão Min. Nancy
Andrighi, julgado em 21.08.2008. STJ, RESP 1061530/RS, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Recurso Repetitivo

Quando o adimplemento torna-se impossível por força da excessiva onerosidade


imposta, que exige da outra parte gasto absurdo, que o sacrifica inteiramente,

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sujeitando-se a perda material intolerável, não ocorre mora por parte do devedor. O
art. 955 do Código Civil nos traz o conceito legal da mora, a qual seria o
inadimplemento de obrigação de pagamento no prazo, tempo, forma e lugar
estipulado, tanto para o devedor como para o credor. A princípio poder-se-ia imaginar
que somente inadimplida a obrigação nos termos do mencionado artigo estaria
configurada a mora. Ledo engano. Isto não quer dizer que não devamos investigar a
incidência de culpa de mora.
Em alguns contratos não ocorre a mora face à ausência de culpa do mutuário
no eventual atraso nas prestações, posto que esta se dá ante a oneração excessiva do
contrato, com lucros absurdos e cobranças abusivas por parte da instituição credora,
fatos que fogem a possibilidade não somente do devedor, mas de qualquer outro
contratante.
Considere-se que as condições verificadas em certos contratos não podiam ser
antevistas quando da realização de tais pactos, eis que mascaradas através de
formulas ininteligíveis inclusive para quem seja um expert.
Por óbvio que em alguns contratos existe cobrança de juros extorsivos, ilegais e
embutidos em certas operações, cumulados com cobranças de correção monetária e
comissão de permanência, esta, com a devida vênia de entendimentos contrários, é
ilegal quando cobrada juntamente com a correção monetária.
Assim, é que em determinados casos, ao contrário de que seria de se esperar, a
mora é do próprio credor, e não do devedor ou mutuário.
Sem generalizar, mas a inadimplência observada hoje no Brasil é fruto da
excessiva valorização do lucro, que provoca um desequilíbrio nas relações de
crédito, tudo na ânsia de maiores ganhos.
A proteção contra a inadimplência é a principal justificativa para a cobrança de
juros altos pelos bancos, o que contribui para que o valor do spread bancário
brasileiro seja um dos maiores do mundo. Mesmo com a constante queda na Selic, os
cortes não são repassados para os clientes, e o medo do calote é citado em boletim da
FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) como uma das razões para que o
movimento não ocorra.

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No entanto, especialistas contrariam a instituição, e dizem que a relação é
inversa: os valores elevados acabam atraindo os maus pagadores, já que os clientes
que têm bons projetos procuram outras formas de se financiar, pois sabem que os
valores cobrados não são justos.
Ou seja, o Spread alto acaba atraindo os investidores arriscados e os
inadimplentes, deixando as instituições ainda mais vulneráveis ao calote.
Só quem já está "enforcado" (endividado) se dispõe a pagar esses valores, para
manter a rolagem de sua dívida. A relação entre a taxa de juros e os inadimplentes
não é novidade.
Os investidores que buscam a linha de financiamento dos bancos normalmente
estão apostando em negócios arriscados que, caso funcionem, são a única forma de
arcar com o valor exagerado dos juros. E esta é uma relação que já foi provada pela
economia diversas vezes. Provavelmente, os bancos tem consciência disto, mas não
querem reduzir os seus lucros, que são um dos maiores do mundo.
No presente caso concreto, está mais do que verossímil a existência de oneração
excessiva, o que caracteriza a mora como sendo do credor, nos exatos termos do art.
955 do Código Civil.
Reitere-se, que o art. 396 do CC, prevê expressamente que, “não havendo fato ou
omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora”. A inexecução culposa da
obrigação pelo devedor continua, portanto sendo requisito indispensável da mora
solvendi.
Portanto, não caracterizada a mora, diante das abusividades ocorrida no caso em tela,
como exposto a seguir, torna-se o Banco carecedor da ação de busca e apreensão
deflagrada, requerendo a revogação de eventual liminar de Busca e Apreensão já
expedida, ou que, seja impedida decisão de tal natureza, pois não existe mora
por parte do devedor, sendo na verdade a mora é do credor. Ainda, que seja
extinto o processo de Busca e Apreensão sem resolução de mérito, com fulcro no
art. 267, inciso VI do CPC, o que requer a Vossa Excelência a manter o Requerido na
posse direta do veículo.

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II.I.IV) DO NÃO BLOQUEIO RENAJUD – NECESSIDADE DO USO DO VEÍCULO
PARA TRABALHO DO RÉU

O bloqueio do veículo via Renajud, é uma decisão sem amparo legal e


desnecessária, tendo em vista que a anotação fiduciária constante no documento do
veículo junto ao Detran é suficiente para obstar uma venda sem anuência do Autor.
Como já exposto, o veículo em questão é utilizado no trabalho do Réu, é com ele
que o mesmo gera seu sustento. Ocorre que o bloqueio Renajud só acarreta prejuízos
ao Réu, o que já se configura um abuso por parte do Autor.
As recentes decisões do E. TJPR, são da desnecessidade do bloqueio via
Renajud, a saber:
AGRAVO INTERNO. Decisão monocrática que negou seguimento à agravo de
instrumento. Bloqueio de veículo objeto de ação de busca e apreensão através do
sistema renajud. Desnecessidade. Anotação da alienação fiduciária junto ao
documento do veículo suficiente para obstar sua venda sem anuência da
instituição financeira credora. Bloqueio junto ao Detran que transfere interesse
privado à ente público. Decisão mantida. Recurso não provido. (TJPR; Agr
0956491-8/01; São José dos Pinhais; Décima Oitava Câmara Cível; Rel. Juiz
Conv. Luis Espíndola; DJPR 13/09/2013; Pág. 566)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. EXPEDIÇÃO


DE OFÍCIO AO DETRAN PARA BLOQUEIO JUDICIAL DE VEÍCULO DADO EM
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA VIA RENAJUD. DESNECESSIDADE.
ANOTAÇÃO JÁ CONSTANTE NO DOCUMENTO DO VEÍCULO OBSTANDO A
TRANSFERÊNCIA DO VEÍCULO. DECISÃO MANTIDA. RECURSO NÃO
PROVIDO. O gravame decorrente da alienação fiduciária constante no registro
do veículo já constitui óbice à alienação do bem sem o consentimento da
instituição financeira, que detém a propriedade resolúvel do bem. (TJPR; Ag
Instr 1080120-2; Umuarama; Décima Oitava Câmara Cível; Rel. Des. Luis
Espíndola; DJPR 12/09/2013; Pág. 557)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ação de busca e apreensão. Bloqueio do veículo


por meio do sistema renajud. Desnecessidade. Bem alienado fiduciariamente já
possui óbice a transferência do veículo. Art. 4º, do Decreto-Lei nº 911/69.
Decisão mantida. Recurso conhecido e não provido. (TJPR; Ag Instr 1083098-7;

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Umuarama; Décima Oitava Câmara Cível; Rel. Des. Luis Espíndola; DJPR
12/09/2013; Pág. 558)

Diante do exposto, requer que o Réu se abstenha de realizar o bloqueio via


Renajud em qualquer uma de suas formas, tendo em vista a necessidade do uso do
veículo para o labor e a desnecessidade da medida.

II) DO MÉRITO

II.I) BREVE RELATO DO SPREAD NO BRASIL – O MAIOR SREAD BANCÁRIO DO


MUNDO

Spread bancário, em termos simplificados, é a diferença entre a taxa de juros


cobrada aos tomadores de crédito e a taxa de juros paga aos depositantes pelos
bancos2. Em outras palavras, é a diferença entre a remuneração que o banco paga ao
aplicador para captar um recurso e o quanto esse banco cobra para emprestar o
mesmo dinheiro. O cliente que deposita dinheiro no banco, em poupança ou outra
aplicação, está de fato fazendo um empréstimo ao banco. Portanto o banco remunera
os depósitos de clientes a uma certa taxa de juros (chamada taxa de juros de captação
ou simplesmente taxa de captação).3 Analogamente, quando o banco empresta
dinheiro a alguém, cobra uma taxa pelo empréstimo - uma taxa que será certamente
superior à taxa de captação. A diferença entre as duas taxas é o chamado spread
bancário. Segundo a definição do Banco Central do Brasil, spread é a diferença entre a
taxa de empréstimo e a média ponderada das taxas de captação de CDBs (certificados
de depósito bancário)4.

2Determinantes macroeconômicos do spread bancário no Brasil: teoria e evidência recente, por José
Luís da Costa Oreiro; Luiz Fernando de Paula; Guilherme Jonas Costa da Silva; Fábio Hideki Ono.
Economia Aplicada, vol. 10 n° 4 Ribeirão Preto, out-dez 2006, p. 624

3 Banco Central do Brasil. Glossário Taxas de juros de captação No Brasil utiliza-se como referência a
taxa de captação média dos certificados ou recibos de depósitos bancários (CDB/RDB) para aplicações
em torno de 30 dias; para aplicações de prazo superior a 30 dias, a usa-se a taxa referencial de
contratos de derivativos que expressa a expectativa para a taxa básica de juros a mais longo prazo.
4 Spread bancário no Brasil: suas determinantes e consequências, por Nalva Cristina Barbosa

Campello.
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No Brasil, o spread bancário é o mais alto do mundo, seguido por
Madagáscar, Paraguai, Peru e Quirguistão, e cerca de 1/3 do total do spread
bancário é simplesmente LUCRO. Apesar da queda da taxa de juros que ocorreu a
partir de meados de 1999, o spread bancário no Brasil ainda se manteve em
patamares elevadíssimos em termos internacionais, situando-se ao redor de 40% nos
anos 2000 - enquanto que, em 2000, era de aproximadamente 12% no México, 3% na
Argentina, 6% no Chile, 3% nos EUA e 3% na Zona do Euro. As elevadíssimas taxas
de juros dos empréstimos vigentes no país explicam, pelo menos em parte, a alta
rentabilidade dos grandes bancos varejistas. Alguns estudos têm procurado verificar
se o spread bancário elevado estaria relacionado à oligopolização no setor, sem chegar
a resultados conclusivos.
Recentemente, o atual ministro de Estado da Fazenda Guido Mantega, adotou
um tom mais duro ao cobrar aumento do crédito e redução das taxas de juros
cobradas pelos bancos privados do país. Segundo ele, as instituições financeiras
brasileiras estão entre as mais lucrativas do mundo e, por isso, têm margem para
reduzir as taxas de juros cobradas em suas linhas de crédito para a população.
Para estimular a redução dos juros bancários no país, o governo anunciou, em
abril de 2012, que os dois principais bancos públicos brasileiros, o Banco do Brasil e a
Caixa Econômica Federal, deverão reduzir as taxas de juros de suas principais linhas
de crédito. Segundo o Ministro, "a taxa de captação é de, no máximo, 9,75% ao
ano. [Os bancos] Estão captando a 9,75% e emprestando a 30%, 40%, 50% ou
80% ao ano, dependendo da linha de crédito. Essa situação não se justifica".5
Segundo o Relatório de Economia Bancária e Crédito do Banco Central do
Brasil, publicado em novembro de 2011, a parcela correspondente ao lucro bancário
passou, em média, de 29,94%, em 2009, para 32,73%, em 2010, sendo que, nos
bancos privados, essa parcela foi de 34,15% e, nos bancos públicos, 30,60%. Esse
aumento ocorreu apesar de a taxa de inadimplência (atrasos superiores a 90 dias), um
dos componentes do spread bancário, ter recuado de 5,53% (nível registrado em
dezembro de 2009) para 4,54% no fim de 2011. Desde 2004, foi a segunda mais alta

5
Bancos privados têm margem para reduzir juros, diz Mantega. G1, 12 de abril de 2012.
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participação do lucro dos bancos no spread bancário. A maior ocorreu em 2008
(34,69%, na média geral). Em 2011, o lucro dos bancos foi de R$ 55,2 bilhões.6
De fato, no primeiro semestre de 2010, os bancos já haviam superado (em
aproximadamente R$ 3,5 bilhões) o patamar de lucros em que se estavam no primeiro
semestre de 2008 - isto é, antes da crise financeira de 2008.7
Ou seja, os bancos no Brasil estão operando de forma que conseguem um
enriquecimento ilícito a custa do empobrecimento do consumidor. Uma das
formas de potencializar seus rendimentos é a formula matemática aplicada de
forma maliciosa nos contratos de financiamentos de veículos, causando a
capitalização de juros, que é ilegal e abusiva.
Para identificar a capitalização basta atentarmos ao fato de que no
presente contrato, segundo o banco o valor ajustado na clausula é de 2,15% de
juros ao mês, que multiplicado por 12 meses soma-se a quantia de 25,80%,
Contudo, o Custo Efetivo Anual de 38,37%.
Entretanto, desdobraremos agora todos os fatores que evidenciam o direito
do consumidor em rever contratos de financiamentos que deveriam ter a
aplicação de juros simples ao invés de compostos.

II.II) DIREITO A REVISÃO DO CONTRATO

A incidência da lei consumerista no contrato de financiamento permite a revisão


do contrato e a consequente alteração ou exclusão das cláusulas abusivas, artigos 51
e 52, §1º, do Código de Defesa do Consumidor, de modo a restabelecer o equilíbrio
entre as partes em nome do princípio da isonomia material.
Não podendo se falar em aceitação da parcela por parte do consumidor, já
que este é RECONHECIDAMENTE VULNERÁVEL, conforme preceitua o art. 4º, I, do
CDC. Até porque não lhe é permitido discutir previamente o contrato - já que de
adesão - sendo assim não obriga o consumidor, conforme inteligência do Art. 46, do
CDC, in verbis:

6
Peso do lucro bancário no 'spread' sobe para 1/3 do total em 2010, diz BC. G1, 03 de novembro de 2011.
7
Bancos superam, pela 1ª vez, lucro registrado antes da crise, diz BC. G1, 11 de abril de 2011.
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Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os
consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento
prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de
modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.

É imperiosa a necessidade de revisão das cláusulas do contrato em lide, tendo


em vista as omissões praticadas, pela não informação da capitalização sem o
conhecimento do Réu. Temos aqui Excelência, a aplicação do tipo penal previsto no
CDC, em seu Art. 66, que caracteriza crime a omissão de informação relevante do
contrato ou de suas características.
Não podendo ser vedado ao Réu a possibilidade de rever o contrato, pois latentes
os abusos cometidos pela Autora, seja pelas razões até aqui mencionadas e mais
ainda pelas quais passamos a esclarecer.

II.III) DA BOA FÉ E EQUIDADE

O sistema estabelecido pelo Código de Defesa do Consumidor constituiu como


novo paradigma para as relações de consumo a boa fé objetiva e não mais o instituto
da autonomia da vontade, tão caro ao direito. Assim, a boa fé é revertida em
comportamento numa relação, esperando-se um dever de conduta a ser cumprido.
A boa fé é um standard de conduta que não depende de acordo de vontades, por
essa razão sendo chamada de boa fé lealdade e confiança. Baseia-se no bom pai de
família, num padrão geral do homem médio, de comportamento que dele se espera em
uma dada situação abstrata.
Assim, no momento em que foi celebrado o contrato entre as partes deveriam
reverter a boa fé em comportamento, traduzindo-se em lealdade o comportamento dos
contratantes. Desta forma, a Requerente agiu contrariamente a boa fé, uma vez que
não preenchendo os requisitos para que se tornasse exterior.

II.IV) PRINCÍPIO DA CONFIANÇA

O princípio da confiança, aliado ao da boa fé objetiva, mostra-se


importantíssimo para consolidar os pilares do sistema consumerista.
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Desta forma, adstrito a função social do contrato o princípio da confiança
demonstra-se como o garantidor da realização dos interesses dos contratantes, da
forma como esperavam no momento da celebração do contrato.
Suas expectativas deverão ser satisfeitas, alcançando os efeitos contratuais
previsto no momento de celebração do contrato.
Uma vez não configurada a conduta que se esperava por parte da Requerente,
pois efetuou cobranças indevidas, observando-se que na fase de execução do contrato
sua harmonia foi desfeita, possibilitando assim, a quebra do equilíbrio contratual.
Então os fins do contrato são aqueles que razoavelmente se esperavam. Conciliando a
vontade formativa do contrato, as expectativas dos contratantes, o serviço prestado e o
seu resultado.
Assim, deverá existir uma harmonia entre o fazer e o resultado, tornando-se, por
fim condições inseparáveis. Caso fique desvirtuada esta relação entre fazer e
resultado, estaremos diante de um fator de inexecução contratual. Não basta cumprir
o contrato, deverá ser cumprido da melhor forma possível, sendo necessária a
observação de deveres laterais, inerentes a uma fase que vai além da execução.
O § 2º do art. 20 do Código de Defesa do Consumidor ilustra bem isto:

§ 2º - São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que


razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas
regulamentares de prestabilidade.

Então, partindo da premissa que o Requerido depositou excessiva confiança no


banco, que não assegurou as expectativas da mesma, tendo em vista que capitalizou
juros de forma indevida, pois além de ser ilegal o anatocismo em cláusulas abusivas,
no caso em tela sequer foi contratado. Logo, a Requerente afronta o Princípio da
Confiança e se enriquece a custa de abusividade em relação ao consumidor.

II.V) DA EXISTÊNCIA DE UM CONTRATO DE ADESÃO

Contrato de Adesão é “(...) aquele cujas cláusulas tenham sido


estabelecidas pelo fornecedor, sem que o consumidor tenha influído em seu
conteúdo (...). A característica mais marcante do contrato de adesão, é que nele,

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inexiste o “iter” negocial, a fase de tratativas preliminares, que nas demais
modalidades de contrato, têm como objetivo estabelecer as vantagens e desvantagens,
em condições de igualdade, a serem traduzidas nas cláusulas contratuais; ao invés,
aqui, há sempre fórmulas rígidas, previamente elaboradas, de forma unilateral pelo
fornecedor (...)”. (Arruda Alvin e outros, in “Código do Consumidor Comentado”, pág
123). (negrito e grifo nosso).
A proteção do contratante deve tomar como causa a desvantagem manifesta
para haver uma harmonização dos interesses de seus participantes (art 4º, III, do
Código de Defesa do Consumidor) e não a qualidade dos contratantes tidos como
fornecedor e consumidor. Neste sentido a legislação consumerista sobre cláusulas
abusivas pode se revelar como o fruto de uma insuficiente reflexão sobre as
possibilidades oferecidas pelo direito comum em matéria de correção dos
desequilíbrios contratuais.
Esse desiquilíbrio provoca lesões patrimoniais de grande monta aos
consumidores, mormente nos contratos denominados de adesão, e tal violação
encontra resposta no Código de Defesa do Consumidor, como elemento regulador das
relações de consumo.
Veja-se que nas ações decorrentes de contrato de adesão, como são
considerados os contratos de financiamento, os valores das prestações são calculados
unilateralmente pelo credor, o que permite a revisão e repetição dos valores pagos
indevidamente sob pena de caracterizar enriquecimento ilícito, o que é vedado
em nosso ordenamento jurídico.
Constata-se, portanto, que existe entre os litigantes um contrato, e esse tipo de
Contrato de Cédula de Crédito Bancário de Veículos, firmadas entre as partes, é do
tipo “Contrato de Adesão”. Não houve, como de regra não há, neste tipo de negócio
jurídico, qualquer relação que permitisse a manifestação da vontade por parte do
consumidor, posto que suas cláusulas já se encontram previamente fixadas.
Destarte, forçosamente conclui-se que este tipo de contrato é realmente
protegido pelo direito consumerista, e que contém realmente texto com condições
(cláusulas) abusivas que desequilibram o negócio jurídico efetivado entre as partes. O
que permite a revisão e repetição dos valores pagos indevidamente sob pena de

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caracterizar enriquecimento ilícito, o que é vedado em nosso ordenamento
jurídico.
Depara-se no presente caso com um típico contrato de adesão, em que há uma
imposição de “acordo”, com clausulas estabelecidas por somente uma das partes, qual
seja, a Requerente, não há qualquer margem de negociação sobre os termos em
clausulas desse contrato, restando ao Requerido simplesmente aderir a vontade
exclusiva da instituição financeira.
Nessa esteira nosso Egrégio Tribunal de Justiça:

É possível a revisão de contratos bancários, a fim de se analisar as possíveis


ilegalidades raticadas pelo banco apelante, haja vista que a revisional não se
restringe exclusivamente aos casos de aplicação da teoria da imprevisão. 4. A
estipulação de parcelas em valores fixos, ainda que anteriormente à
formação do próprio contrato, não afasta a ilegalidade da contratação de
juros remuneratórios de forma capitalizada, que se encontra evidenciada no
contrato, até mesmo pela discrepância entre a taxa de juros mensal e
anual, devendo ser afastada por afrontar o sistema jurídico brasileiro,
vigente na época da contratação. 5. Ainda que possível a capitalização dos
juros nos contratos firmados posteriormente à edição da Medida Provisória n.
2170-36/2000, é de ser afastada tal prática quando inexiste expressa pactuação
no contrato celebrado entre as partes. (...)”TJ/PR, Apelação Cível 677374-6, 17ª
Câmara Cível, Rel. Des. Francisco Jorge, unânime, j. 10/11/2010

Tomando-se em consideração a grande maioria dos consumidores, que tem


como única alternativa para a aquisição de seu meio de trabalho, lazer e necessidades
familiares próprios a sujeição as instituições financeiras, as quais, por sua vez, em
numero limitadíssimo existentes, com seu poderio econômico e organizacional tem a
possibilidade de impor as regras para uma concessão de credito, fácil é constatar a
discrepância de condições em que se encontram as partes da atual demanda.
Porquanto todas as minúcias do contrato servem ao propósito de maximizar os lucros
da requerente, estabelecendo uma excessiva onerosidade ao consumidor, que precisa
do crédito.
Mister se faz a revisão das clausulas contratuais, com base na excessiva
onerosidade imposta a uma das partes e na função social do contrato, de modo a
restabelecer a equidade entre os pactuantes, essas duas figuras recentes no
ordenamento jurídico brasileiro possibilitam o ajuste do contrato.

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A autonomia da vontade atualmente não é absoluta devendo se submeter a
princípios e regras que regulam o direito, como se pode depreender no caso da função
social do contrato.
O Código Civil de 2002, em seu artigo 421 prevê a liberdade de contratar será
exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Em seguida o artigo 422
destaca que os contratantes são obrigados a guardar, na conclusão do contrato e
durante sua execução, os princípios da probidade e boa fé.
No contrato em tela é de fácil observação que a função social do contrato esta
sendo descumprida, pois com todas as taxas, encargos e juros cobrados, e com todas
as garantias ofertadas as instituições financeiras, o Réu – hipossuficiente perante os
bancos – não possuem qualquer força de negociação sendo-lhe imposto um contrato
adesivo em que são estabelecidas cláusulas de manifesta desvantagem.
Deste modo, deve o douto magistrado interpretar as cláusulas contratuais de
maneira mais benéfica ao consumidor.

II.VI) DO CABIMENTO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Na relação contratual ora discutida, fica clara a identificação da relação de


consumo. Haja vista que o Réu da demanda é pessoa física, que como destinatária
final, utiliza dos serviços oferecidos pela Autora, caso perfeitamente previsto pelo Art.
2º da Lei 8.078/90, o Código de Defesa do Consumidor.
Enquanto a Autora, na qualidade de fornecedora, é pessoa jurídica privada, que
desenvolve atividade de prestação de serviços, nos moldes do Art. 3º do Código de
Defesa do Consumidor.
Logo, o contrato celebrado entre partes deve ser assistido pelo Código de Defesa
do Consumidor, que estipula normas para serem impostas nas relações de consumo,
estabelece condições essenciais para sua consumação e assegura direitos básicos ao
consumidor, como a proteção contra cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento
de produtos e serviços.
No mesmo sentido, o STJ estabeleceu a Súmula 297, que diz o seguinte:

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Súmula 297 STJ – O código de Defesa do Consumidor é aplicável as instituições
financeiras.

Logo, conclui-se definitivamente que a presente demanda deve ser analisada a


luz do Código de Defesa do Consumidor.

II.VII) DA INVERSÃO DO ONUS DA PROVA

Interessante ressaltar Excelência, que deve ser observado o disposto no art. 6º,
VIII, do Código de Defesa do Consumidor, que sufraga o princípio da inversão do ônus
da prova. Preconiza o referido artigo que:

São direitos básicos do consumidor


(...)
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências.

É a pena de Arruda Alvim, a propósito, que se extrai a melhor solução para


situações como a versada aqui. Observem-se suas considerações:

Ocorrendo a hipótese de hipossuficiência do lesado, a análise da plausibilidade


da alegação do consumidor deve ser feito com menos rigor pelo magistrado, tendo-
se ademais sempre em vista que basta que esteja presente qualquer destes dois
requisitos para que seja lícita a inversão. 8

Como podemos perceber, a hipossuficiência está caracterizada, pois o Requerido


(consumidor) está inferiorizado, em termos econômicos, não podendo discutir em pé
de igualdade com o fornecedor.
Percebe-se a nítida barreira existente entre o Requerido e o Banco, aplicando-se
o Código de Defesa do Consumidor, na situação em foco, faz-se por obrigatória a
inversão do ônus probatório cabendo a Requerente demonstrar a legalidade do
desenvolvimento contratual, com os devidos encargos cobrados.

II.VIII) DA ADEQUAÇÃO DOS JUROS REMUNERATÓRIOS

8
Arruda Alvim, José Manoel de e outros. Código de Defesa do Consumidor Comentado, RT, 2ª ed., 1995, p.69.
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Em vista da conveniência da situação econômica infinitamente superior das
instituições bancárias, estas podem estipular as cláusulas conforme seu exclusivo
alvitre, através da imposição de seus contratos de adesão. Destarte, acabam por
estabelecer taxas de juros sobre juros capitalizados mensalmente, taxas de abertura
de credito, comissão de permanência, tarifa de emissão de boleto bancário e, ainda,
um patamar elevadíssimo de juros remuneratórios.
Assim, devem ser adequados os juros remuneratórios para que a equidade
contratual seja estabelecida.
Para tanto, a taxa de juros de média do mercado financeiro à época da
contratação deve ser adotada, adequando o contrato e sua taxa, de forma a manter
a equidade das partes, conforme o parecer técnico financeiro anexo.
Ademais, também é cabível essa adequação com base na TEORIA DA LESÃO,
consubstanciada no artigo 157, do Código Civil, pois como está estruturado o contrato
evidente a manifesta vantagem excessiva ao Banco em detrimento do patrimônio do
consumidor. Nessa esteira, Carlos Roberto Gonçalves entende que:

A lesão compõe-se de dois elementos: o objetivo consiste na manifesta


desproporção entre as prestações reciprocas, geradoras de lucro exagerado; e o
subjetivo, caracterizado pela “inexperiência” ou “premente necessidade do
lesado”. A desproporção das prestações estabelecidas no contrato pode ser
determinada a partir de uma tarifa previamente estabelecida na lei, ou ser um
conceito aberto, exigindo tão somente que as prestações sejam desproporcionais,
a ser definido no caso concreto, pelo juiz.

E continua o autor, em relação ao elemento subjetivo:

... a inexperiência deve ser relacionada ao contrato, consistindo na falta de


conhecimento técnicos ou habilidades relativos à natureza da transação.
Inexperiência, assim, não significa falta de cultura, pois até pessoas erudita e
inteligente às vezes celebra contrato sem perceber bem o seu alcance, por não
ser sua atividade comum. A lei refere-se, portanto, à natureza da transação
quanto à pessoa de outra parte.” (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil
Brasileiro: parte geral. Vol I. Saraiva: São Paulo, 2003, p. 401/403.

Ainda em relação ao instituto da lesão contratual, em Acórdão do Tribunal de


Justiça de São Paulo, sendo objeto de contrato de mútuo, segue o seguinte excerto:

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(...) JUROS REMUNERATÓRIOS - ADMISSÃO - RESTRIÇÃO À TAXA MÉDIA DE
MERCADO LIMITADO AO PACTUADO ENTRE AS PARTES - (...)Sendo as normas
de proteção e defesa do consumidor consideradas de ordem pública e de caráter
social, torna-se possível a revisão do contrato entabulado entre as partes no que
tange à incidência de encargos abusivos (súmula 297 do STJ).
Conforme entendimento pacífico desta Primeira Câmara de Direito
Comercial, é legal e amplamente admitida a cobrança de juros
remuneratórios acima do patamar constitucional de 12% ao ano, nos
contratos posteriores a tabela divulgada pelo Banco Central do Brasil, quer
seja, 30.12.1999. De outro vértice, nos pactos avençados anteriormente à
publicação da tabela que estabelece a taxa média de mercado, deverá
prevalecer a taxa de juros remuneratórios pactuada e, acaso não
contratada, o índice legal de 6% ao ano, a teor do disposto no art. 1.063, do
Código Civil de 1916, então vigente no período. (...).TJ - SC - 1ª Câmara de
Direito Comercial - Apelação Cível nº 2004.014698-1 - Rel. Des. Anselmo Cerello
- Data do Julgamento: 31.05.2007.

II.IX) DA POSSIBILIDADE DE LIMITAÇAO DOS JUROS EM FAVOR DA DEFESA DO


CONSUMIDOR FINAL

De outro vértice, recentes estudos demonstram a concentração da indústria


bancária em alguns conglomerados, seja nacionalmente, seja internacionalmente.
Questiona-se, também, se esse fenômeno acarretaria uma distorção no sistema
econômico capaz de justificar as altas taxas de juros. Não obstante se tratar de tema
controverso poder-se-ia afirmar que há um sistema de competição imperfeito, em que
pese não se vislumbrar a ocorrência de um cartel. Logo, a ausência de efetiva
concorrência no setor bancário induz à conclusão que as taxas praticadas pelo
mercado não podem ser consideradas “justas” para o consumidor final. A ausência de
intervenção estatal sob o fundamento de ocorrer a auto-regulamentação privada não
pode ter inteira aplicação.
A ausência de qualquer limitação significa estabelecer às instituições financeiras
praticamente um direito potestativo de livremente pactuar as taxas de juros que
entendem cabíveis. Assim, considerando a estrutura imperfeita do mercado bancário
brasileiro, tal liberdade revela-se ofensiva aos direitos consumeristas. É necessário,
portanto, instituir um limite. Neste sentido, o Ministro Cesar Asfor Rocha do STJ, em
REsp 213.825-RS, já decidiu que:

Desta forma, todas as vezes em que a contratação dos juros remuneratórios se


apresente excessivamente onerosa, em percentual caracterizadamente abusivo,
por extrapola dos padrões da conjuntura econômica pátria, à qual devemos estar
atentos, pode e deve ser aplicada a norma protetora do consumidor, com o fito
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de coibir-se intoleráveis abusos por parte das instituições financeiras. Assim, a
estipulação de aludido percentual não pode ser imposta de forma assim tão
desabrida, devendo se estabelece uma convivência harmônica entre a liberdade
conferida pela Lei nº 4.595/64 e a razoabilidade extraída pelo Código de Defesa
do Consumidor, para impedir a cobrança de taxas abusivas.

Um dos dados alarmantes decorre da decomposição desse spread. Percentual


relevante é atribuído aos custos administrativos e à inadimplência:

indicando a importância do componente institucional e microeconômica em sua


formação, estimativas mais recentes continuam mostrando em sua formação,
estimativas mais recentes continuam mostrando que grande parte desse
diferencial entre as taxas de captação e aplicação é explicada pela inadimplência
(34% em 2004) e pelos custos administrativos (21,6%). 9

Todavia, as tarifas bancárias que deveriam amortizar os custos administrativos


não se incluem nesse percentual. De igual modo, a inadimplência é apenas aquela
estimada, e não a efetivamente constatada.
Ressalte-se que o Brasil desponta no ranking de spreads bancários, mesmo em
face de outros países da America Latina. Nesse sentido: “Um extenso estudo do Banco
de Compensações Internacionais (BIS) sobre sistemas bancários em países emergentes
divulgado ontem afirma que o Brasil “talvez seja o caso mais extremo de spreads altos,
cobrados sobre os empréstimos, em torno de 40%.”
Os spreads resultam da diferença entre custos da captação do dinheiro pelos
bancos e as taxas cobradas na concessão de empréstimos aos clientes. O segundo
maior spread constatado pelo BIS – que se baseou em números do Fundo Monetário
Internacional (FMI) do fim de 2004 – é o dos bancos do Peru, em torno de 10%.
Em contraste, os estudos do BIS, conhecido como o banco central dos bancos
centrais, mostra que há uma serie de países emergentes, como Argentina, Chile,
China, Coréia do Sul e Malásia, onde os spreads são inferiores a 5%, e comparáveis
aos cobrados nos países ricos.10
Dadas essas razões, não se vislumbrar adequadas aquelas decisões ao conferir
uma liberdade excessiva às instituições financeiras. O que se deve questionar é qual o
limite razoável em face do consumidor final, considerando todos os fatores, já
expostos.
9
In Relatório de Economia Bancária e Crédito. Bacen, 2005, p. 09
10
Brenda Marques Pena. Brasil é campeão em spreads bancários. 08 de August de 2006.
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II.X) DA CAPITALIZAÇÃO

No tocante à capitalização dos juros, é cediço em nosso ordenamento jurídico


que por regra geral é proibida, de modo imperativo, contar-se juros sobre juros (art.4º
da Lei da Usura), tendo o Excelso Pretório pátrio de muito já pacificado o
entendimento, nesse sentido, como se vê do enunciado da Súmula, 121, que
estabelece: É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente
convencionada, posicionamento este que não fora de maneira alguma revogado pelo
art. 591 do novo Código Civil.
O que se extrai do presente contrato firmado entre as partes é a utilização da
Tabela PRICE, que por sua vez capitaliza juros em sua essência. Pois o referido
sistema de cálculo conhecido como “Sistema Francês de Amortização – Tabela Price”,
utiliza-se em sua fórmula o valor do financiamento, a taxa de juros elevada
exponencialmente em função da variável tempo do financiamento, ou seja, contempla
a cobrança de juros capitalizados, utilizando-se a seguinte fórmula:

Prestação = C i Kt
Kt-1
Onde ‘C’ é o valor financiado;
‘ i ‘ a taxa de juros pactuada;
‘ k ‘ a taxa de juros +1; e
‘ t ‘ o tempo do financiamento.

Desta forma, o que se verifica no caso em tela é o cálculo dos juros no início do
período somado ao capital financiado e divido pelo número de períodos, chega-se à
prestação inicial do financiamento, onde permanecerá fixa até o final dos períodos.
A análise do cálculo dos juros pela Tabela PRICE, resulta em juros calculados
no início do financiamento e distribuído ao longo do prazo pactuado, perfazendo o seu
cálculo mensal somente para apurar a parcela de amortização.
O regime de capitalização composta incorpora ao capital não somente os juros
referentes a cada período, mas também os juros sobre juros acumulados até o
momento anterior.

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No contrato em questão em momento algum expõe que a taxa será
capitalizada. Observe Excelência que ao fazermos a simples matemática da
multiplicação da taxa de 2,15% ao mês, teremos a taxa de 25,80% ao ano e
jamais a absurda taxa de 38,37%, taxa esta capitalizada a qual consta no
contrato, frise-se novamente, não pactuada.
Evidencia-se assim o total ferimento de princípios contratuais como o da boa fé
objetiva e o da função social do contrato.

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO - LIMITAÇÃO DE


JUROS REMUNERATÓRIOS - INADMISSIBILIDADE - CAPITALIZAÇÃO DE
JUROS - TAXA DE JUROS ANUAL MAIOR QUE DOZE VEZES A TAXA DE
JUROS MENSAL - VEDAÇÃO - DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA -
EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO - INVERSÃO DOS
ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. 1. A não correspondência entre as taxas de juros
mensal e anual, por ser esta maior que doze vezes aquela, evidencia
capitalização de juros. 2. "A descaracterização da mora ocorre pela
cobrança de encargos indevidos, como, no caso concreto a capitalização
mensal dos juros, entendimento amparado pela jurisprudência pacífica na
2ª Seção do STJ" (Ag no REsp 988718/RS). 3. Recurso de apelação conhecido e
provido. (TJPR -18ª C.Cível - AC 0572149-1 - Foro Central da Região
Metropolitana de Curitiba - Rel.: Des. Ruy Muggiati - Unanime - J. 27.05.2009
in www.tj.pr.gov.br acesso em 07 de julho de 2009)

Portanto Excelência, a omissão da taxa de juros aplicadas no contrato,


restou demonstrada na espécie pela divergência entre a taxa mensal (2,15%) e a
anual (38,37%), o que contribui para elevar o financiamento em detrimento do
consumidor, restando, portanto comprovada a capitalização no contrato sub judice.

II.XI) DA NÃO PACTUAÇÃO DA CAPITALIZAÇÃO

Quanto à falta de pacto expresso do anatocismo, é evidente que por se tratar de


contrato de adesão, e tendo em vista que a cláusula que versa sobre a capitalização de
juros retira direito do consumidor, esta deve ser redigida nos moldes do artigo 54, §4º
do CDC. Para tanto, devem estas cláusulas ser claras e de fácil entendimento ao
consumidor.
Ocorre, entretanto, que no caso em tela, simplesmente não consta no contrato
celebrado, que a forma de cálculo seria por meio de juros capitalizados, levando o Réu
a erro, o que evidencia a má fé da Autora.
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PROJUDI - Processo: 0000001-12.2015.8.16.0107 - Ref. mov. 21.1 - Assinado digitalmente por Acir Jose da Silva Junior
29/01/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE CONTESTAÇÃO. Arq: Contestação

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Vejamos o entendimento jurisprudencial do STJ em relação a ausência da
pactuação expressa:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE


JUROS. AUSÊNCIA DE PACTUAÇÃO EXPRESSA. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS
05 E 07 DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. Nos termos da MP
2.170/01, é admissível a capitalização mensal de juros quando expressamente
pactuada, o que não ocorre nos autos. 2. Não é suficiente que a capitalização
mensal de juros tenha sido pactuada, sendo imprescindível que tenha sido
de forma expressa, clara, de modo a garantir que o contratante tenha a
plena ciência dos encargos acordados; no caso, apenas as taxas de juros
mensal simples e anual estão, em tese, expressas no contrato, mas não a
capitalizada. 3. Revisão do conjunto probatório e de cláusulas contratuais
inadmissíveis no âmbito do recurso especial (Súmulas n. 5 e 7 do STJ). 4.
Agravo regimental improvido. STJ, Quarta Turma, AgRg no Resp. 895424/RS,
Rel. Min. HálioQuaglia Barbosa, j. 7/8/2007, DJ 20/8/2007.

Na mesma corrente, a decisão abaixo reforça a necessidade da expressa


pactuação, o que não ocorre no presente contrato:

AGRAVO REGIMENTAL - CAPITALIZAÇÃO ANUAL DOS JUROS - AUSÊNCIA DE


PACTUAÇÃO - INCIDÊNCIA - INADMISSIBILIDADE - RECURSO IMPROVIDO. I -
Não prospera a argumentação aduzida no presente recurso, pois, ainda que
exista previsão legal acerca da capitalização anual dos juros, o que não se
nega, é certo que sua incidência depende de estipulação contratual clara e
precisa, porquanto, por gerar ônus à parte, não é auto-aplicável. II - Recurso
improvido. STJ, AgRg nos Edcl no Resp 1057172/RS, Rel. Min. Massami Uyeda,
Terceira Turma, julgado em 16/9/2008, Dje 30/09/2008.

O fato é que nos contratos onde não é dada ao consumidor a oportunidade de


conhecer os seus termos e alcances de modo claro e ostensivo, este contrato não
obriga o consumidor aos termos ali contidos, por atendimento ao disposto no artigo
46, CDC, que dispõe:

Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os


consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio
de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a
dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.

Excelência, não é possível nem mesmo justificar a ilegalidade apontada por meio
da MP 2170-36/2001 (a qual abordaremos sua inconstitucionalidade a seguir), visto
que a capitalização estaria condicionada a sua expressa convenção, o que NÃO
OCORREU no contrato aqui guerreado.

INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE. APELAÇÃO CÍVEL.RELATORIA.


ARGUIÇÃO EX OFFICIO. ORGÃO FRACIONÁRIO DA 10.ª VARA CÍVEL. MEDIDA
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PROVISÓRIA N.º 2087-30/01. EDITADA PARA PERMITIR CAPITALIZAÇÃO DE
JUROS NOS CONTRATOS DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS COM
RIODICIDADE INFERIOR A UM ANO. ACÓRDÃO DE ACOLHIMENTO.
CONTROLE INCIDENTAL OU DIFUSO. CORTE ESPECIAL. JULGAMENTO
COMPLEXO POR DOIS ÓRGÃOS JURISDICIONAIS. MEDIDA PROVISÓRIA.
REQUISITOS. URGÊNCIA E ELEVÂNCIA. INOCORRÊNCIAS. APRESSAMENTO
E INTERESSE PÚBLICO RELEVANTE NÃO CONFIGURADOS. ACOLHIMENTO
DO INCIDENTE (MAIORIA) PARA DECLARAR, EM TESE, A
INCONSTITUCIONALIDADE DO ATO PRESIDENCIAL PARA O CASO
CONCRETO, SEM EFICÁCIA ERGA OMNES. TA/PR, Corte Especial, Incidente
de declaração inconstitucionalidade 264940-7/01, j. 10/6/2005

Em relação ao caso concreto, o consumidor não teve respeitada a proteção


contratual que lhe garante o Código de Defesa do Consumidor, portanto, não deve ser
obrigado aos termos de uma cláusula que se quer existe, já que esta estaria servindo
tão somente aos interesses da instituição financeira em detrimento do parco
patrimônio do consumidor.

II.XII) DA INCONSTITUCIONALIDADE DA MP 2170/36

Ainda Excelência, que entenda ter sido contrata a ilegal cláusula que permita o
anatocismo, há que se falar da inconstitucionalidade da medida provisória por vezes
reeditada sob os números 1963-17, 2087-30 e 2170-36, esta última que vem sendo
contestada no STF, via AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE, incidente
registrado naquela egrégia corte sob o nº 2.316-1/DF.
A questionada MP não poderia tratar acerca do sistema financeiro nacional,
uma vez que a Constituição Federal em seu artigo 192 é taxativa ao determinar que
somente a Lei Complementar possui este poder.
Nestes termos o TJ/PR já se posicionou no seguinte sentido:

INCIDENTE DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - MEDIDA


PROVISÓRIA - PRESSUPOSTOS FORMAIS - URGÊNCIA E RELEVÂNCIA - VÍCIO
MATERIAL - MATÉRIA RESERVADA A LEI COMPLEMENTAR. 1. São
pressupostos formais das medidas provisórias a urgência e a relevância da
matéria. Há de estar configurada a situação que legitime a edição da medida
provisória, em que a demora na produção da norma possa acarretar dano de
difícil ou impossível reparação para o interesse público, notadamente o
periculum in mora decorrente no atraso na cogitação da prestação legislativa. 2.
Os vícios materiais referem-se ao próprio conteúdo do ato, originando-se de um
conflito com regras estabelecidas na Constituição, inclusive com a aferição do
desvio do poder. 3. É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria
reservada a lei complementar. 4. A Súmula Vinculante sob nº 07 da Corte

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Suprema, reproduzindo o teor da Súmula nº 648, proclama que "a norma do §
3º do art. 192 da Constituição, revogada pela Emenda Constitucional 40/2003,
que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicabilidade
condicionada à edição de lei complementar. TJ/PR, Órgão Especial, incidente
arguição inconstitucionalidade 579047-0/01, julgamento 5/2/2010

Igualmente, a regulamentação de determinada matéria, por meio de Medida


Provisória, deveria reunir os requisitos necessários para confecção da mesma, qual
seja, a urgência e relevância, exigidas no artigo 62 da Carta Magna. É de rigor
registrar, ainda, que a edição de MPs não pode versar sobre matéria que deveria ser
regida por lei complementar, conforme destaca o artigo 62, inciso III da CF/88.
Os requisitos de “urgência e relevância”, mencionados, não se encontravam
maduros na época da edição da infeliz MP, pois o sistema financeiro brasileiro jamais
contemplou a hipótese de capitalização de juros, o que se verifica desde a edição do
Código Comercial de 1850, a Lei de Usura de 1933 e a Súmula 121 do STF, sendo,
então irracional se dizer que a matéria era urgente e relevante.
O controle de constitucionalidade sobre leis e atos administrativos, quando
arguidos por exceção, como se sabe, compete a todos os juízes, em qualquer grau de
jurisdição, vez que exercem função de auxiliares do egrégio STF, nesta função.
Temos ainda, que a Medida Provisória, nasceu invalida, uma vez que versa sobre
matéria taxativamente reservada a Lei Complementar, sendo ainda inconstitucional
por não atender aos requisitos do artigo 62, caput e inciso III, bem como estar em
descompasso com as premissas do artigo 192, todos da Constituição Federal de 1988.
Sendo inconstitucional a lei que permitiu a capitalização de juros, a cobrança de
tais juros conforme vem se materializando nos contratos em exame torna-se
manifestamente ilegal, devendo ser expurgados os juros compostos para dar lugar aos
juros simples, que na verdade são aqueles realmente informados ao consumidor no
ato da contratação.

II.XIII) DA INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI 10.931/04

A lei 10.931/04 que regula vários assuntos, entre eles a Cédula de Crédito
Bancária, possui o mesmo vício de legalidade das Medidas Provisórias apontadas
anteriormente, pois confeccionada em afronta ao caput do artigo 192 da CF/88. Não
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pode lei ordinária regular assunto reservado a Lei Complementar, sob pena de vício de
espécie normativa, sobretudo por conta da diferença de quórum para aprovação da Lei
Complementar, que se dá por maioria absoluta, enquanto que para a Lei Ordinária
basta a maioria simples, o que se justifica pela maior importância do tema reservado à
LC.
Não bastasse isto, a Lei 10.931/04 afronta diretamente a Lei Complementar
95/98, que regula a elaboração, redação, alteração e a consolidação das leis em geral.
Dispõe referida a LC 95/98 que:

Art. 1º A elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis obedecerão


ao disposto nesta Lei Complementar.
Art. 7º O primeiro artigo do texto indicará o objeto da lei e o respectivo âmbito de
aplicação, observados os seguintes princípios:
I – excetuadas as codificações, cada lei tratará de um único objeto.

A Lei Ordinária 10.931/04, que não se trata de código, reúne no mesmo texto
legal, vários assuntos distintos, impossibilitando ao cidadão o conhecimento da Lei, o
que gera sua ineficácia não só perante o sistema jurídico, mas também, e
principalmente, perante a sociedade, que é a destinatária final da norma.
A disposição do artigo 1º da Lei 10.931/04 está em total desacordo com o
estipulado no caput do artigo 7º da LC 95/98, pois não trata da matéria relativa a
Cédula de Crédito Bancária, senão vejamos:

Art. 1º Fica instituído o regime especial de tributação aplicável às incorporações


imobiliárias, em caráter opcional e irretratável enquanto perdurarem direitos de
crédito ou obrigações do incorporador junto aos adquirentes dos imóveis que
compõem a incorporação.

Do exposto, é fácil perceber que a Lei 10.931/04 é inaplicável no que tange aos
demais assuntos que não estejam citados no caput do seu artigo 1º, entre eles as
disposições que versam sobre a Cédula de Crédito Bancária.
Nessa corrente o TJ/SP já se posicionou no seguinte sentido:

EMBARGOS DO DEVEDOR - EXECUÇÃO DE CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO


- Inexistência de título executivo - Cobrança abusiva caracterizada - Relação de
consumo - Incidência das regras do CDC Capitalização dos juros afastada,
inclusive pela ilegal aplicação da MP 2.170-36/2001 e Lei 10.931/2004,
posto que ambas não têm validade constitucional, pois padecem de grave
vício de origem capaz de rechaçá-las do ordenamento jurídico - Após o

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vencimento da dívida, incidem apenas correção monetária pelos índices oficiais,
juros de mora legais e multa contratual no limite máximo de 2% - Embargos do
devedor acolhidos -Execução extinta - Apelo provido TJ/SP, 23º Câmara de
Direito Privado, RelRizzato Nunes, Apelação 7281994600, j. 1/7/2009

Deste modo, seja por inconstitucionalidade, invocada neste ato, pelo controle
difuso, via defesa, de constitucionalidade das normas, ou seja, com fundamento na
afronta á LC 95/98, a Lei 10.931/04 deve ser afastada do caso sub judice.
Além do que, Excelência, a própria lei 10.931/04, exige a pactuação expressa da
capitalização, que sequer houve no contrato em tela, desta forma não se admite então
a aplicação do anatocismo.

II.XIV) DA APLICAÇÃO DA SUMULA 121 DO STF

Nota-se, portanto que a capitalização mensal de juros não pode ser mantida,
porque ilegal, uma vez que inexiste previsão legislativa válida que autorize tal prática
no contrato em referência. Além do que, se quer há a previsão contratual do
anatocismo.
Isto posto, diante da reflexão apontada nos tópicos anteriores, ainda temos de
observar a incidência ao caso da súmula 121 do STF, que prescreve:

Súmula 121: É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente


convencionada.

Embora seja antiga, a súmula visa a proteção contratual e patrimonial das


partes, evitando o enriquecimento ilícito da parte que ser aproveita da outra por meio
de cobrança de juros capitalizados.
Neste sentido, o TJ/RJ entendeu o seguinte:

Ação de revisão de cláusulas de contratos bancários com pedido cumulado de


repetição do indébito. Prática de anatocismo demonstrada no laudo pericial
contábil. Embora não se aplique às instituições financeiras a limitação dos juros
no patamar de 12% ao ano, conforme entendimento consolidado na
jurisprudência pátria, a cobrança de juros capitalizados é vedada nos da
Súmula n.º 121, que não exclui as instituições financeiras de sua incidência. A
constitucionalidade da Medida Provisória nº 2.170-36, de 23/08/01 encontra-se
em discussão no STF, através da ADIn nº. 2.316-DF, já havendo sido proferidos
dois votos no sentido da suspensão de sua eficácia. Decisão proferida pelo
colendo Órgão Especial deste Tribunal de Justiça, na Argüição de
Inconstitucionalidade nº. 2003.017.00010, que concluiu, por unanimidade, pela
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inconstitucionalidade do artigo 5º, da referida Medida Provisória. Cabimento da
devolução, em dobro, do indébito, na forma do Parágrafo único do art. 42 do
CDC. Desprovimento do recurso da ré e provimento parcial do apelo da autora.”
TJRJ – Apelação Cível 2007.001.48218. Rel. Des. Denise Levy Tredler.
j.15/01/2007

A prática do anatocismo demonstra-se abusiva por parte das instituições


financeiras, permitindo-se apenas a sua capitalização anual, impondo-se ao
consumidor uma prestação excessivamente onerosa. Sendo que no caso em tela não
há previsão contratual da capitalização, e tal como observamos não há também
previsão legal. De tal modo que, os juros devem ser considerados, portanto, conforme
o que dispõe a SUMULA 121 DO STF.
Mesmo que eventualmente convencionada a capitalização de juros mensal, tal
prática continua abusiva, pois o consumidor sequer sabe o que é capitalização. A
instituição financeira impõe através de cláusulas subsidiarias e na maioria das vezes
sequer fornece cópia do contrato no ato da celebração desse, impondo ao consumidor
apenas a obrigação de ASSINAR E PAGAR!
Veja Excelência, que o Tribunal de Justiça, através da 17ª Câmara Cível em
julgamento recente, admite em processo que não havia a pactuação da capitalização,
mas funda o entendimento na Sumula 121 do STF, vedando a capitalização em
qualquer circunstancia, pactuada ou não! Firmando que só é permitida a capitalização
se expressamente autorizadas por lei especial, como nos casos das cédulas de crédito
rural, o que não é o caso da presente demanda. Nesse caso vejamos:

DECISÃO MONOCRÁTICA. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REVISÃO DE


CONTRATO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS.
AUSÊNCIA DE PACTUAÇÃO. COBRANÇA ILEGAL. REPETIÇÃO DE INDÉBITO.
QUE SE IMPÕE. READEQUAÇÃO DA SUCUMBÊNCIA. SENTENÇA
REFORMADA NESTE TÓPICO. RECURSO PROVIDO. ARTIGO 557, § 1º-A, DO
CPC. VISTOS e examinado estes autos de Apelação Cível nº 889.284-2, de Ponta
Grossa - 1ª Vara Cível, em que é apelante Neri Cordeiro e apelado Banco
Panamericano S/A. I - Trata-se de apelação cível interposta contra a sentença
proferida nos autos de Ação de Revisão de Contrato movida por Neri Cordeiro em
face de Banco Panamericano S/A, por meio da qual o douto magistrado singular
julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na inicial, para: a)
declarar a nulidade da cobrança da tarifa de abertura de crédito (TAC) e tarifa de
serviços de terceiros; b) determinar ao réu que exclua das parcelas vincendas do
financiamento, bem como a devolução destes valores ao autor acrescidos de
correção monetária calculada pela média do INPC e de IGP-DI, a contar a partir
de cada desembolso, e juros de mora de 1% ao mês a partir da citação. Diante
da sucumbência recíproca, condenou cada parte a arcar com 50% das custas
processuais, deixando de arbitrar honorários advocatícios, que se compensam,

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na forma do artigo 21, do CPC. (fls.70/79) Inconformado, o autor interpôs o
presente recurso alegando, em suma, que: a) é vedada a capitalização de juros,
pelo Decreto 22.636/33 e pela súmula 121 do STF; b) a ré deverá arcar com a
integralidade das custas processuais e honorários advocatícios. Por fim, pugna
pelo provimento do recurso, para o fim de reformar a sentença. (fls.81/94) O
recurso foi recebido em seu duplo efeito. (fl.96) Apesar de ser devidamente
intimada a instituição financeira pelo diário eletrônico em 13.09.2011,
protocolou suas contrarrazões somente em 01.11.2011 (fl. 99). Portanto,
intempestiva. É o relatório. Decido. II A sistemática processual vigente
estabelece que o Relator poderá dar provimento a recurso quando a decisão
estiver em confronto com a jurisprudência de Tribunal Superior, ou mesmo
negar seguimento ao mesmo, quando este for manifestamente inadmissível,
improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou Jurisprudência
dominante de Tribunal Superior, independentemente de manifestação de órgão
colegiado (art. 557, caput, e § 1º-A do CPC). É o que ocorre no caso dos autos.
Da capitalização de juros. Neste tópico, sustenta a parte autora que a
capitalização é vedada pelo Decreto Lei nº 22.626/33 e pela súmula 121, do
STF, devendo ser excluída do contrato. Razão lhe assiste. Compulsando os
autos, verifica-se que no contrato juntado aos autos às fls. 65/66 não há
qualquer cláusula prevendo expressamente que os juros seriam cobrados de
forma capitalizada, o que torna imperioso que se reconheça como ilegal tal
prática. No presente caso, a capitalização de juros deve ser afastada, por
ausência de previsão legal autorizando a sua cobrança. Mister salientar que, em
razão do disposto no artigo 4° do Decreto n° 22.626/33, conhecido como Lei da
Usura, a capitalização de juros é proibida mesmo às instituições financeiras e
ainda que expressamente pactuada. Esse entendimento restou pacificado
com a edição da Súmula n° 121, do Supremo Tribunal Federal: "É vedada a
capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada". Somente
é admissível a capitalização de juros se expressamente autorizada em leis
especiais, como as que regulam as cédulas de crédito rural, comercial e
industrial, na forma do disposto na Súmula n° 93 do Superior Tribunal de
Justiça: "A legislação sobre cédulas de crédito rural, comercial e industrial
admite o pacto de capitalização de juros". Porém, esta não é a hipótese dos
autos, que versa sobre revisão de contrato de alienação fiduciária. A propósito:
"Civil e processual. Contratos de abertura de crédito rotativo. Ações revisional e
de cobrança. Conexão. Prequestionamento. Ausência. Matéria de fato. Reexame.
Impossibilidade. Juros remuneratórios. Limitação (12% a.a). Lei de usura
(decreto n. 22.626/33). Não incidência. Aplicação da lei n. 4.595/64.
Disciplinamento legislativo posterior. Súmula n. 596/STF. Inexistência de
onerosidade excessiva. Capitalização mensal dos juros. Vedação. Lei de usura
(decreto n. 22.626/33). Súmula n. 121-STF. Comissão de permanência.
Legitimidade. Período da inadimplência. Limite. (...) III. Nos contratos firmados
por instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, ainda que
expressamente pactuada, é vedada a capitalização mensal dos juros, somente
admitida nos casos previstos em lei, hipótese diversa dos autos. Incidência do
art. 4º do Decreto n. 22.626/33 e da Súmula n. 121-STF". (...) - (STJ, 4ª Turma,
Recurso Especial n° 627.511 /GO, Relator Ministro Aldir Passarinho Junior,
julgamento em 13.12.2005, DJU 06.03.2006, p. 393) AGRAVO REGIMENTAL.
RECURSO ESPECIAL. CONTRATO BANCÁRIO. MÚTUO. ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. AÇÃO REVISIONAL. DISPOSIÇÕES DE OFÍCIO.
VEDAÇÃO. SÚMULA 381 DO STJ. CLÁUSULAS CONTRATUAIS.
CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS. AUSÊNCIA DE EXPRESSA PACTUAÇÃO.
ABUSIVIDADE CARACTERIZADA. MORA AFASTADA. (..) 2. Somente é cabível a
capitalização dos juros em periodicidade mensal para os contratos celebrados a
partir de 31 de março de 2000, data da primitiva publicação da MP 2.170-
36/2001, desde que expressamente pactuada. 4. AGRAVO REGIMENTAL

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29/01/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE CONTESTAÇÃO. Arq: Contestação

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PARCIALMENTE PROVIDO. (AgRg no REsp 919189 / RS - Ministro PAULO DE
TARSO SANSEVERINO - TERCEIRA TURMA julg. 22/02/2011) AGRAVO
REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO REVISIONAL -
CONTRATO BANCÁRIO - CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS E COMISSÃO
DE PERMANÊNCIA - AUSÊNCIA DE PACTUAÇÃO EXPRESSA -
IMPOSSIBILIDADE DE INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS E
REEXAME DE PROVAS - INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 5 E 7 DESTA CORTE
RECURSO IMPROVIDO. (AgRg no Ag 1405899 / RS - Ministro MASSAMI UYEDA
- TERCEIRA TURMA - Julgamento 15/03/2012) Nesse sentido: APELAÇÃO
CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO.
CAPITALIZAÇÃO MENSAL. AUSÊNCIA DE PACTUAÇÃO EXPRESSA. COMISSÃO
DE PERMANÊNCIA. QUESTÃO REPETITIVA. RESP 1.058.114/RS. REPETIÇÃO
DO INDÉBITO. RESP 1.058.114/RS. INSCRIÇÃO EM CADASTROS
RESTRITIVOS DE CRÉDITO. MANUTENÇÃO DE POSSE. AUSÊNCIA DE
DEPÓSITO JUDICIAL. MORA NÃO AFASTADA. APELAÇÃO PARCIALMENTE
ACOLHIDA. (AP. 835.637-2 Relator Francisco Jorge, 17ª Ccv. julgamento em
28.03.2012) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA.
CAPITALIZAÇÃO MENSAL DOS JUROS. AFASTAMENTO. AUSÊNCIA DE
EXPRESSA PACTUAÇÃO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. FORMA SIMPLES.
MANTIDA. SENTENÇA INALTERADA. RECURSO NÃO PROVIDO. (AP. 854.081-2
Relator Vicente Del PreteMisurelli, 17ª Ccv. julgamento em 28.03.2012) Ora, o
simples fato de a medida provisória 1963-17/2000 autorizar a capitalização
mensal e a jurisprudência admitir a capitalização anual, não torna esta prática
compulsória. Contudo, deve haver expressa previsão contratual nesse sentido, o
que não ocorre no caso em tela. Com efeito, é direito básico do consumidor "a
informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e
preço, bem como sobre os riscos que apresentem" (CDC, art. 6º, III). No caso,
inexiste cláusula contratual prevendo a cobrança de juros remuneratórios
capitalizados. Ademais, a prática do chamado anatocismo é vedada no nosso
ordenamento pátrio, e deve ser expurgada do contrato, devendo os juros
serem aplicados na forma simples. Portanto, impõe-se a reforma da
sentença neste tópico, devendo a instituição financeira
restituir/compensar de forma simples os valores indevidamente cobrados a
título de capitalização. Do ônus de sucumbência. Por fim, tendo em vista que a
parte requerente foi vitoriosa nos pedidos de maior relevância econômica, quais
sejam, a capitalização de juros, a cobrança da TAC, e tarifa de serviços de
terceiros, a instituição financeira, efetivamente deverá arcar integralmente com
as custas processuais e honorários advocatícios os quais fixo em R$ 500,00, nos
termos do artigo 20, § 4º, do CPC. III - Em face do exposto, com fundamento no
§ 1º-A, do artigo 557, do Código de Processo Civil, dou provimento ao recurso da
autora para excluir a capitalização de juros do contrato, e readequar a
sucumbência. IV Intime-se. V Oportunamente, baixem. Curitiba, 12 de abril de
2012. JOSÉ CARLOS DALACQUA Relator. Processo: 889284-2 Fonte: DJ: 847
Data Publicação: 20/04/2012 Órgão Julgador: 17ª Câmara Cível Data
Julgamento: 18/04/2012. (negrito nosso).

Observe Excelência que o julgamento entende cabalmente que a prática do


chamado anatocismo é vedada no ordenamento jurídico pátrio e deve ser expurgada.
Diante de todas as condições absurdas que a Autora compeliu o Réu, que foi
prejudicado injustamente por conta das ilicitudes realizadas no contrato. Também
perante o fumus boni iuris e o periculum in mora cabalmente apontados na presente
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exordial, resta Vossa Excelência concluir que a presente demanda merece ser
totalmente deferida, inclusive, concedendo liminarmente a expedição de ofícios aos
órgãos de proteção ao crédito para baixa de eventual negativação ou impedir que a
Autora o faça; e conceda também liminarmente a manutenção de posse do veículo nas
mãos do Réu, autorizando desde já os depósitos em juízo dos valores incontroversos.

II.XV) DA ILEGALIDADE DA COBRANÇA/FINANCIAMENTO DE TARIFAS INDEVIDAS

A Autora conforme contrato apresentado nos autos cobrou indevidamente de


Tarifas Indevidas o valor de R$ 1717,51 (mil setecentos e dezessete reais e cinquenta e
um centavos). Valores estes, que foram financiados junto ao valor obtido como crédito
SEM A PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO RÉU.
Com relação à cobrança DE TARIFAS INDEVIDAS, a saber: Seguros, IOF,
Registro de Contrato, Tarifa de Avaliação, Tarifa de Cadastro, tem-se que tais
cobranças são abusivas.
A pactuação das referidas tarifas não lhes retira seu caráter potestativo, uma
vez que os custos administrativos das referidas operações não podem ser transferidos
à parte hipossuficiente na relação contratual, por serem inerentes à própria atividade
da instituição financeira, e não se relacionarem propriamente com a concessão do
crédito, mas correspondem às despesas administrativas da instituição financeira para
a concessão do financiamento e obtenção de garantias, devendo desta forma ficarem
ao seu encargo.
Diante destes fatos, é patente a vedação expressa no artigo 51, inciso VI, c/c no
art. 52, §2, do Código de Defesa do Consumidor, em razão de sua incompatibilidade
com os princípios da boa fé e da equidade, os quais devem nortear os contratos.
In casu, mostra-se claro as obrigações consideradas abusivas
impostas ao consumidor, inicialmente no que se refere as tarifas cobradas, uma vez
que os custos da operação financeira com a abertura do crédito devem ser assumidos
pela instituição que está fazendo o financiamento. Essas abusividades das taxas ora
em análise se justificam pelo fato de não se destinarem a um serviço prestado ao
cliente, pois a instituição financeira age em função exclusiva do seu interesse, o único

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serviço que presta é a si própria, desse modo não podem essas taxas serem
repassadas a promovente.
Atualmente o direito das obrigações e contratos valoriza a boa fé objetiva, a
função social, o equilíbrio contratual, a confiança e a probidade, conforme artigos 4º,
III do Código de Defesa do Consumidor.

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o


atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade,
saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da
sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de
consumo, atendidos os seguintes princípios:
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e
compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de
desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos
quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre
com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e
fornecedores;” (grifo nosso)

A forma com que a Ré transfere o Autor as tarifas das quais deveriam por ela
serem suportadas, oneram demasiadamente o Autor, fatores que desequilibram a
relação contratual.
O Código de Defesa do Consumidor busca disciplinar situações como a em
questão, objetivado o restabelecimento do equilíbrio entre as partes. Destaca-se do
referido texto legal:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais
coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou
impostas no fornecimento de produtos e serviços;

No caso em tela, é notório o desequilíbrio entre as partes, visto a prática desleal


e abusiva da Ré em transferir despesas de sua atividade para o Autor.
Sobre o pacto ora firmado, trata-se contrato de adesão, não permitindo o Autor
discutir e modificar eventual cláusula que discordasse. A doutrina e a jurisprudência
são firmes ao atribuírem aos negócios celebrados entre o Autor e Ré o caráter de
contrato de adesão por excelência.

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E, por se tratar de contrato de cunho adesivo, com a inserção unilateral de
cláusulas ilegais e abusivas, temos que de inicio a Ré já feriu o princípio da
comutatividade, isto porque não existe equivalência entre as prestações assumidas.
Essa modalidade de contrato obviamente subtrai a uma das partes
contratantes, o aderente, praticamente toda e qualquer manifestação da livre
autonomia na vontade de contratar, constrangendo à realização de negócio jurídico
sem maiores questionamentos.
Sobre estes abusos, a TURMA RECURSAL DO PARANÁ, julgou:

RECURSO INOMINADO. FINANCIAMENTO. COBRANÇA DE TARIFAS DE


ABERTURA DE CRÉDITO E SERVIÇOS DE TERCEIROS. APLICAÇÃO DO
CDC. IMPOSSIBILIDADE DE TRANSFERIR AO CONSUMIDOR CUSTOS
ADMINISTRATIVOS DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. MATÉRIA
PACÍFICA - APLICAÇÃO DO ENUNCIADO 2.3 DA TRU/PR. DEVOLUÇÃO EM
DOBRO DEVIDA. NEGADO SEGUIMENTO.1. A Turma Recursal dos Juizados
Especiais do Paraná já consolidou o entendimento segundo o qual “É abusiva a
cobrança de custos administrativos inerentes à atividade da instituição
financeira, comportando a repetição em dobro do valor pago a tal título”
(Enunciado 2.3). 2. Abaixo, seguem ementas dos precedentes deste Colegiado,
demonstrando que se trata de recurso repetitivo de matéria já decidida pela
TRU/PR:RECURSO INOMINADO - AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO -
COBRANÇA DE TAXA DE ABERTURA DE CRÉDITO (TAC) - SERVIÇO
CONDICIONADO AO PAGAMENTO DE TAXAS - DESCABIMENTO - CUSTOS
OPERACIONAIS - DEVER DO BANCO E NÃO DO CONSUMIDOR - ATIVIDADE
INERENTE A PRÓPRIA ATIVIDADE DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA -
ABUSIVIDADE - CLÁUSULA NULA - DEVOLUÇÃO DEVIDA - PRECEDENTES
DESTA TRU. (RI 2010.0006479-0 - Rel. CRISTIANE SANTOS LEITE).RECURSO
INOMINADO. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE COBRANÇA INDEVIDA.
RESTITUIÇÃO DE VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE. RELAÇÃO DE
CONSUMO. TAXA DE ABERTURA DE CRÉDITO (TAC). TAXA DE EMISSÃO DE
CARNÊ (TEC). SERVIÇO CONDICIONADO AO PAGAMENTO DE TAXAS.
DESCABIMENTO. CUSTOS OPERACIONAIS. DEVER DO BANCO E NÃO DO
CONSUMIDOR. ATIVIDADE INERENTE A PRÓPRIA ATIVIDADE DA
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. ABUSIVIDADE. CLÁUSULA NULA. DEVOLUÇÃO
DEVIDA. ENUNCIADO 2.3 DESTA TRU. SENTENÇA MANTIDA. (RI
2010.0005926-0 - Rel. ANA PAULA KALED A. ROTUNNO). CÍVEL. RECURSO
INOMINADO. COBRANÇA. TARIFA DE EMISSÃO DE CARNÊ (TEC). TARIFA DE
ABERTURA DE CRÉDITO (TAC). QUITAÇÃO ANTECIPADA DE
FINANCIAMENTO. CUSTO ADMINISTRATIVO TRANSFERIDO AO
CONSUMIDOR. ABUSIVIDADE. SENTENÇA CONFIRMADA PELOS PRÓPRIOS
FUNDAMENTOS. (RI 2009.0008653-0/0 - Rel. Helder Luís Henrique Taguchi).3.
Os custos administrativos do financiamento bancário, não podem ser
transferidos ao consumidor, porquanto sejam inerentes à própria atividade
da instituição financeira, e não guardam propriamente relação com a outorga
do crédito. Como reiteradamente decidido a pretensão deduzida no recurso
inominado é improcedente, e confronta a jurisprudência dominante do Superior
Tribunal de Justiça, bem como os enunciados desta Turma Recursal. Nestes
termos, com fundamento no artigo 557, caput, do Código de Processo Civil,
aplicável ao sistema dos Juizados Especiais (Enunciado n.º 13.17 - TRU/PR),

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nega-se seguimento ao recurso inominado, condenando-se a recorrente ao
pagamento das custas processuais, e honorários advocatícios os quais fixo em
15% sobre o valor da condenação, levando-se em conta a relativa complexidade
da causa e o local da prestação dos serviços. Intimem-se. Curitiba, 09 de
setembro de 2010. Leo Henrique Furtado Araújo Juiz Relator. (RI nº.
2010.0010674-4 – Recorrente: Bv Financeira S/A)

A abusividade na cobrança de Tarifas compreende-se abusivas ainda que


expressamente pactuadas, tudo porque conforme exposto acima o art. 51, inciso IV do
CDC é claro em classificar como nulas as cláusulas dos contratos de fornecimento de
produtos e serviços que, estabelecendo obrigações iníquas ou abusivas, coloquem o
consumidor em exagerada desvantagem, ou mesmo sejam incompatíveis com a boa-fé
ou a equidade.
A pactuação das referidas tarifas não lhes retira seu caráter potestativo, uma
vez que os custos administrativos das referidas operações não podem ser
transferidos à parte hipossuficiente na relação contratual, por serem inerentes à
própria atividade da instituição financeira, e não se relacionarem propriamente
com a concessão do crédito, mas correspondem às despesas administrativas da
instituição financeira para a concessão do financiamento e obtenção de garantias,
devendo desta forma ficarem ao seu encargo.
Nesse sentido, a Jurisprudência da Turma Recursal Única dos Juizados
Especiais do Estado do Paraná é pacífica no sentido de que é indevida a cobrança
da tarifa de abertura de crédito (TAC). Vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL - CONTRATO PARA


FINANCIAMENTO DE VEÍCULOS - I. RELAÇÃO DE CONSUMO - INCIDÊNCIA
DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - SÚMULA 297/STJ -
POSSIBILIDADE DE REVISÃO - ART. 6º, V, DO CDC - RELATIVIZAÇÃO DO
PACTA SUNT SERVANDA - II. COBRANÇA DE TARIFA DE EMISSÃO DE
CARNÊ (TAC) - ENCARGO QUE REPRESENTA A TRANSFERÊNCIA DE
CUSTOS ADMINISTRATIVOS INERENTES A ATIVIDADE DA INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA PARA O CONSUMIDOR - DESPESA QUE NÃO PODE SER
TRANSFERIDA À PARTE VULNERÁVEL DA RELAÇÃO - OBSERVÂNCIA DO
PRINCÍPIO DA EQÜIDADE - III. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA - TAXA NÃO
PACTUADA - IMPOSSIBILIDADE DE DECLARAÇÃO DE NULIDADE QUANDO
INEXISTENTE PREVISÃO CONTRATUAL DAQUELE ENCARGO - IV.
RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO - MANUTENÇÃO DOS
ÔNUS SUCUMBENCIAIS. CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR6ºVCDC(8174932 PR 817493-2 (Acórdão), Relator: Fabian
Schweitzer, Data de Julgamento: 15/02/2012, 17ª Câmara Cível)

E ainda,
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RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO. COBRANÇA DE
TARIFA PARA EMISSÃO DE BOLETO DE COBRANÇA E TAXA DE ABERTURA
DE CRÉDITO - ILEGALIDADE. CUSTOS OPERACIONAIS INERENTES A
PRÓPRIA ATIVIDADE DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - CLÁUSULA PREVISTA
EM CONTRATO ABUSIVA. COBRANÇA INDEVIDA - RESTITUIÇÃO DEVIDA.
Recurso conhecido e parcialmente provido. DECISÃO : Diante do exposto,
decidem os Juízes integrantes da Turma Recursal Única dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Estado do Paraná, por unanimidade de votos,
conhecer dos recursos e dar parcial provimento ao recurso do reclamado.
(TRU/PR, Recurso Inominado nº 2010.0010381-0/0, oriundo do 1º Juizado Especial
Cível da Comarca de Ponta Grossa. - Juiz Relator: Leo Henrique Furtado Araújo -
Julgamento: 31/03/2011 - Número do Acórdão: 20100010381-0).

Por fim,

SÚMULA DO JULGAMENTO (ART. 46 – LEI Nº 9.099/95) RECURSO


INOMINADO. CONTRATO DE LEASING. COBRANÇA DE TARIFA DE
ABERTURA DE CRÉDITO (TAC) E DE TARIFA DE EMISSÃO DE CARNÊ
(TEC). ILEGALIDADE. CLÁUSULA CONTRATUAL INÍQUA E ABUSIVA (ART.
51, IV, CDC). NULIDADE. RESTITUIÇÃO EM DOBRO. MATÉRIA JÁ
DECIDIDA PELA TRU/PR. RECURSO REPETITIVO. SENTENÇA MANTIDA
POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. (TRU/PR, Recurso 2009.0007143-0 - Recurso Inominado - Ação
Originária 2008.51446 - Comarca de Origem: Maringá - 3º JEC - Juiz Relator:
Horacio Ribas Teixeira - Data do Julgamento: 07/08/2009 - Acórdão 43548).

Constata-se, portanto, que existe entre os litigantes um contrato, e esse tipo de


Contrato de Cédula de Crédito Bancário de Veículos, firmadas entre as partes, é do
tipo “Contrato de Adesão”. Não há, neste tipo de negócio jurídico, qualquer relação que
permitisse a manifestação da vontade por parte do consumidor, posto que suas
cláusulas já se encontrem previamente fixadas.
Diante de tantas abusividades, ao Autor não restou alternativa a não ser agora
discutir judicialmente, buscando a restituição dos valores cobrados sob a capa DE
Seguros, IOF, Registro de Contrato, Tarifa de Avaliação, Tarifa de Cadastro.
Destarte o apresentando fatalmente conclui-se que, a cobrança de tais encargos
se dissocia totalmente do sistema de defesa do consumidor, pois iníqua, não trazendo
qualquer benefício ao consumidor, se tratando, na verdade, de uma tentativa das
instituições financeiras de repassar seus custos operacionais, que já devem estar – e
estão – embutidos na taxa de juros cobrada, do consumidor. Logo, mesmo que
expressamente pactuadas, ferem as disposições do Código de Defesa do Consumidor.
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Portanto, as cláusulas atinentes as ilegalidades apontadas acima, devem ser
declaradas nulas, porque de conteúdo claramente abusivas, e que devem ser
devolvidas.

III.XV.I) DA RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO – DA MÁ FÉ – DA RESTITUIÇÃO EM


DOBRO

Ressaltamos que o Código de Defesa do Consumidor adotou o principio da


equivalência como instrumento hábil para corrigir os desequilíbrios consumados em
vantagens manifestamente excessivas, buscando a harmonização do justo equilíbrio
contratual nas relações de consumo – no art. 4, inciso III do Código de Defesa do
Consumidor, observamos que a legislação e a jurisprudência são majoritárias,
pacificando o entendimento de que cláusulas abusivas tornam as cobranças de tarifas
ilegais.
Assim, configura-se como iníquo o regulamento negocial que impõe aos
consumidores a obrigação de ressarcir as despesas feitas pela contratada com o
objetivo de diminuir os riscos de sua atividade profissional.
A abusividade acima descrita da Ré torna as cláusulas NULAS DE PLENO
DIREITO, exatamente nas condições previstas pelo Art. 51, IV:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé
ou a equidade;

Se tais cobranças são nulas, não existem no contrato ora em lide. Se não existem,
foram integradas no momento da contratação sem conhecimento e aval do Autor, o
que caracteriza taxativamente a MÁ FÉ da Ré. Sendo MÁ FÉ Excelência, a luz do Art.
42, parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor, deve ser o valor repetido em
dobro, conforme vejamos:

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a


ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.

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Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso,
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável.

Importante ressaltar, que a recente jurisprudência do Tribunal de Justiça do


Estado do Paraná, em lides análogas a presente, condena as instituições financeiras à
restituir em dobro os valores por elas cobrados de forma abusiva, conforme ementa
colacionada:

RECURSO DE AGRAVO DE DECISÃO MONOCRÁTICA. DECISÃO


MONOCRÁTICA. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO COM PEDIDO DE NULIDADE DE
CLÁUSULAS CONTRATUAIS. CONTRATO DE FINANCIAMENTO PARA
AQUISIÇÃO DE VEÍCULO. REVISÃO CONTRATUAL SOB À LUZ DO CÓDIGO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR. RELATIVIZAÇÃO DA PACTA SUNT SERVANDA.
CAPITALIZAÇÃO DE JUROS PELA TABELA PRICE. AUSÊNCIA DE PREVISÃO
CONTRATUAL. VEDAÇÃO LEGAL. COBRANÇA DE TAXA DE ABERTURA DE
CRÉDITO (TAC). ILEGALIDADE. RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS
INDEVIDAMENTE EM DOBRO. INCIDÊNCIA DO ART. 42, PARÁGRAFO
ÚNICO DO CDC. RECURSO DE AGRAVO DE DECISÃO MONOCRÁTICA CÍVEL
CONHECIDO E NÃO PROVIDO.CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR42PARÁGRAFO ÚNICOCDC (805645501 PR 805645-5/01
(Acórdão), Relator: José Sebastiao Fagundes Cunha, Data de Julgamento:
07/03/2012, 18ª Câmara Cível)

Nesse contexto, a referida condenação é fundamentada sob o argumento de que


sendo o caso em apreço regido Código de Defesa do Consumidor, mister a
aplicação de seu art. 42 que ordena o pagamento em dobro de valor cobrado
indevidamente, salvo prova pelo credor de erro justificável, e este só ocorre
quando não houver dolo ou culpa. Pois bem, o corpo jurídico que elabora as minutas
dos contratos bancários possui conhecimento dos termos legais, consequentemente a
ré possui pleno conhecimento das irregularidades perpetrada em face dos
consumidores, em tese, leigos em assuntos bancários. Deste modo, inequívoca a
existência de culpa e por consequência, o dever de restituir em dobro os valores
cobrados de forma indevida.
Ainda que Vossa Excelência conclua que a Ré estava cumprindo cláusula que,
bem ou mal, foi anuída pelo Autor, não há que se falar em engano justificável. Visto
que, tais ações de repetição de indébito em virtude de tarifas de serviços prestados as
instituições financeiras e NÃO ao consumidor, por causa da ignorância e insistência
do banco esse tipo de ação tem inundado, imergido, amarrotado o judiciário.
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Av. João Paulino Vieira Filho, nº 275, Sala 11, Centro CEP 87020-015 - Maringá – PR  Tel.: 44 3029-3063 @: cajadvocacia@cajadvocacia.adv.br
PROJUDI - Processo: 0000001-12.2015.8.16.0107 - Ref. mov. 21.1 - Assinado digitalmente por Acir Jose da Silva Junior
29/01/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE CONTESTAÇÃO. Arq: Contestação

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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Sobre a ilegalidade das cobranças de tarifas abusivas, claramente é de
conhecimentos das instituições financeiras que há tempos têm sido condenadas em
ações idênticas, tornando impossível eventual alegação da Ré que justificadamente se
enganou ao incluir no contrato tais cláusulas abusivas.
A continuidade das instituições financeiras em ignorar as sentenças
rotineiramente publicadas nesse sentido, continuará emperrando o judiciário e
onerando excessivamente milhões de consumidores, principalmente aqueles, em sua
maioria, que se quer tem conhecimentos das abusividades que tem sido vitimas.
Por tudo isso Vossa Excelência, é devido o Autor não só a restituição, mas a
restituição em DOBRO e com a devida correção monetária e juros legais.

III.XV.II) DA INCORPORAÇÃO INDEVIDA DAS TARIFAS NO FINANCIAMENTO

Aqui cumpre um esclarecimento a Vossa Excelência, tudo com o fito de evitar a


má interpretação do pedido do Autor, quanto da prolação da sentença, o que poderia
lhe ocasionar prejuízos quando da liquidação da sentença.
Conforme já esposado, foi cobrado do Autor o total de R$ 1.717,51 (mil
setecentos e dezessete reais e cinquenta e um centavos), a título de tarifas abusivas
cobradas indevidamente.
Num primeiro instante, Vossa Excelência poderia entender que o procedimento
correto a ser adotado na prolação da sentença seria determinar a devolução destas
tarifas (R$ 1717,51), determinando a incidência da atualização monetária sobre tal
valor, desde a data do contrato, 08/11/2013, e juros de mora desde a data da citação
da empresa requerida. Este simples entendimento ocasionaria prejuízos o Autor.
Ocorre, que a instituição financeira ora Ré inseriu as tarifas indevidamente na
forma de financiamento, assim, o valor real onerado foi de R$ 2.770,40 0. Vejamos
decisões clarividentes da Turma Recursal Única do Paraná a respeito das tarifas
indevidas na forma de financiamento:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE COBRANÇA


INDEVIDA. RESTITUIÇÃO DE VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE. RELAÇÃO
DE CONSUMO. TAXA DE ABERTURA DE CRÉDITO (TAC). TAXA DE EMISSÃO DE
BOLETO (TEC) SERVIÇOS DE TERCEIROS. ABUSIVIDADE. CLÁUSULA NULA.

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DEVOLUÇÃO DEVIDA NA FORMA SIMPLES, ENUNCIADO 2.3 CANCELADO.
JUROS REMUNERATÓRIOS SOBRE TARIFA DE ABERTURA DE CRÉDITO
REPUTADAS INDEVIDAS RESTAM TAMBÉM INDEVIDOS. 1. DECISÃO : Diante
do exposto, resolve esta Turma Recursal, por unanimidade de votos, conhecer do
recurso e, no mérito, dar parcial provimento, nos exatos termos do voto. (TJPR -
TURMA RECURSAL ÚNICA - 20100012003-4 - Cascavel - Rel.: ANA PAULA
KALED ACCIOLY RODRIGUES - - J. 31.03.2011)

Ainda,

RECURSO INOMINADO. REPETIÇÃO DE INDEBITO. TAC E TEC. JUROS


CONTRATUAIS INCIDENTES EM CONTRATO DE FINANCIAMENTO POR
PARCELAS FIXAS. INEXISTÊNCIA DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS EM
CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE JUROS PRÉ-FIXADOS, QUE SÃO
CALCULADOS NO INÍCIO E DILUÍDOS AO LONGO DO PRAZO. TAXA DE
ABERTURA DE CRÉDITO E TAXCA DE EMISSÃO DE BOLETO. DEVOLUÇÃO
DE FORMA SIMPLES. SENTENÇA QUE CONDENOU A DEVOLUÇÃO DAS
TAXAS DE FORMA DOBRADA. AUSENCIA DE RECURSO DA PARTE
REQUERIDA. IMPOSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃO. PEDIDO DO AUTOR
PARA QUE SEJA INCLUIDO NA DEVOLUÇÃO DAS TAXAS ABUSIVAMENTE
COBRADAS, OS JUROS CONTRATUAIS DECORRENTES DA COBRANÇA
DILUÍDA DA TAC ETEC. PROCEDÊNCIA. 1. DECISÃO: Diante do exposto,
resolve esta 1° Turma Recursal, por maioria de votos, conhecer do recurso e, no
mérito, dar-lhe parcial provimento, nos exatos termos do voto.
(TJPR - TURMA RECURSAL ÚNICA - 20100011503-5 - Foz do Iguaçu - Rel.: ANA
PAULA KALED ACCIOLY RODRIGUES - J. 26.05.2011).

Por fim, a instituição financeira, de forma maliciosa não ofertou ao Autor a


possibilidade de recolher o valor a título de IOF no ato da contratação, violando direito
básico de informação previsto no Art. 6, III do Código de Defesa do Consumidor.
A inobservância do dispositivo acima enriquece a Ré, vez que são cobrados juros
compensatórios, ainda de forma capitalizada, e onera o Autor que poderia ter a
alternativa de recolher avista o imposto devido, caracterizando prática abusiva,
prevista no art. 39, IV do Código de Defesa do Consumidor. Portanto, é direito do
Autor a restituição do valor de juros integrado ao contrato celebrado.
Por tudo, passa a ser direito do Autor, enquanto consumidor, a restituição dos
valores cobrados indevidamente pela Ré. Agora, tal pagamento deve ser em dobro,
acrescido de correção monetária e juros legais incidente no contrato, conforme
estabelece o art. 42, parágrafo primeiro do CDC, e a atual jurisprudência. Vejamos a
exposição dos valores cobrados na planilha abaixo:

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Valor Valor das Diferença de
Taxa de
Prazo Embutido Taxas Com Juros
Taxas Indevidas R$ Juros
(meses) em Cada Juros Embutido nos
Mensal
Parcela Compostos Pagamentos
IOF 277,78 48 2,15% 9,33 448,07 170,29
Seguros 593,84 48 2,15% 19,96 957,88 364,04
Tarifa de Avaliação 275,00 48 2,15% 9,24 443,58 168,58
Registro de Contrato 74,89 48 2,15% 2,52 120,80 45,91
Tarifa de Cadastro 496,00 48 2,15% 16,67 800,07 304,07
Totais 1.717,51 - - 57,72 2.770,40 1.052,89

Assim sendo, o Autor tem o direito de restituir o valor de R$ 2.770,40 0, a título


das tarifas abusivas, valor este que atualizado monetariamente pelo INPC (Índice
Nacional de Preços e Serviços), até 31/12/2014, soma a quantia de R$ 2.961,78 (dois
mil novecentos e sessenta e um reais e setenta e oito centavos).
Considerando os desdobramentos do item 4 dessa exordial, requer seja o valor a
ser repetido de forma DOBRADA, totalizando o montante de R$ 5.923,56 (cinco mil
novecentos e vinte e três reais e cinquenta e seis centavos). = R$ 2.961,78 x 2, já
atualizado até 31/12/2014.
Veja Vossa Excelência, que os valores pleiteados referem-se tão somente aos
valores pagos a título de tarifas indevidas, injustamente integrada ao contrato, ainda
sob forma de financiamento, causando enriquecimento ilícito a Ré e a excessiva
onerosidade do Autor, devendo serem integralmente restituídas a parte Autora.

III.XVI) DO AFASTAMENTO DA MORA

É evidente a abusividade contida nas cláusulas do contrato sub judice. E neste


caso a mora deve ser atribuída a Requerente, que não proporcionou ao Requerido a
possibilidade de quitar seu débito dentro de patamares legais.
O saldo devedor tornou-se impagável por força da excessividade de cláusulas
potestativas, fixadas unilateralmente pela Requerente, sem que o Requerido tivesse
condições de questioná-las.
Havendo ilegalidades e invalidades no pacto negocial, não pode ser considerado
o Requerido em mora.

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Com efeito, não há de se confundir inexecução de obrigação com mora,
porquanto a primeira pode resultar de inequívoco direito do “devedor” em reter o
pagamento até ver expurgadas da obrigação a ser solvida as ilegalidades que carrega.
Com efeito, uma vez caracterizadas as práticas ilegais que resultaram no
indevido aumento da dívida os valores exigidos pela requerente não são devidos (ao
menos, na sua inteireza). A COBRANÇA DE ENCARGOS INDEVIDOS
DESCARACTERIZA A MORADEBITORIS.
Da norma legal, extrai-se que a mora não decorre, exclusivamente, do não
pagamento, porquanto a obrigação do devedor é a de pagar o devido. Se o credor está
a exigir o que não é devido, por óbvio, não surge para o devedor o dever jurídico de
pagar.
Segundo o escólio de CARVALHO SANTOS, a mora pressupõe o retardamento
injusto, imputável ao devedor, sendo certo que:

Ainda mais: é essencial que o devedor saiba o que deve, o quanto deve, a quem
deve fazer a prestação. Desses requisitos resultam estas conseqüências
geralmente aceitas: a) quem é protegido por uma exceção não entra em mora até
que haja decisão sobre o que alega ...

Ora, ao excluir-se do contrato em tela as ilegalidades e abusividades, reduzir-se-


á substancialmente o valor do débito, tornando-se evidente que a Requerente está a
cobrar mais do que deve o Requerido, sendo ilegal debitar ou entender em mora
quando o mesmo estava coberto pela exceção de não saber o quanto deve e, como
acima explicitado, '... quem é protegido por uma exceção não entra em mora até que
haja decisão sobre o que alega'.

Segundo o Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. MÚTUO COM


ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. MEDIDA PROVISÓRIA N. 2.170-36/2001.
PREQUESTIONAMENTOAUSÊNCIA. SÚMULAS N. 284 E 356-STF. CAPITALIZAÇÃO
MENSAL DOS JUROS. VEDAÇÃO. SÚMULAN. 121-STF. DESCARACTERIZAÇÃO
DA MORA. TEMAS PACIFICADOS. RECURSO MANIFESTAMENTEIMPROCEDENTE.
MULTA, ART. 557, §2°, DO CPC. (...) III. A cobrança de acréscimos indevidos
importa na descaracterização da mora, de forma a tornar inadmissível a
busca e apreensão do bem (2ª Seção, EREspn. 163.884/RS, rel. p/ acórdão
Min. Ruy Rosado de Aguiar, por maioria, DJU de 24.09.01) (AgRg no
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REsp718372 / RS; AgRg no REsp 2005/0010548-6, rel. Min. Aldir Passarinho
Junior (1110), 4ª Turma, j. 05.04.05,DJ 30.05.05, p. 394).

Descaracteriza-se assim a mora debendi, visto que os valores cobrados não


correspondem ao efetivamente devido. E por via de consequência, devem ser
ressarcidos ou compensados os encargos moratórios eventualmente pagos, já que não
devidos (art. 396 do Código Civil e art. 42, parágrafo único, do Código de Defesa do
Consumidor).
Analisando o contrato em tela, verifica-se que a parcela deveria ser desde o
início o valor de R$ 389,96 (trezentos e oitenta e nove reais e noventa e seis centavos)
e não os R$ 528,03 ( quinhentos e vinte e oito reais e três centavos) que são
resultantes da COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZAÇÃO + COBRANÇA INDEVIDA DE
TARIFAS. Isto ainda antes do contrato resultar em “mora”. Com tantas cobranças
indevidas, fatalmente procedeu em “inadimplência” por parte do Réu “inadimplido” o
contrato, a Autora continuou com as arbitrariedades, conforme será demonstrada no
próximo tópico o Autor cumulou comissão de permanência com multa de atraso, o que
é ilegal! Ainda cobrou honorários de cobrança durante o período de negociação que
pressentiu o ajuizamento da Ação de Busca e Apreensão, valor sabidamente indevido o
que inviabilizou ainda mais qualquer composição extrajudicial que evitariam o
presente litígio.
Por isso e por direito Excelência, a mora é da Autora, que durante todo o período
se enriqueceu as custas da ignorância do Réu, inviabilizando o pagamento no
vencimento e durante o período de “Mora”, e ainda inviabilizando qualquer alternativa
de acordo extrajudicial para evitar mais uma demanda. Logo, é cediço que se admita
que a mora não se deve por culpa do Requerido e sim da Requerente que
impossibilitou qualquer tipo de pagamento, afastando a mora do Réu.

III.XVII) DA IMPOSSIBILIDADE DA CUMULAÇÃO DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA


COM DEMAIS ENCARGOS MORATÓRIOS

No contrato bancário em tela, observamos claramente no item 16 do contrato a


cobrança cumulativa de multa de 2% e comissão de permanecia no elevado valor de

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12% ao mês. Ainda há que se destacar Excelência, que por inúmeras vezes a Ré
tentou acordo extrajudicial, contudo, além de cobrar cumulativamente a multa e
comissão de permanência elevada de 12%, a assessoria jurídica (mesmo antes de
distribuir a presente demanda), cobrava honorários de cobrança de 20% sobre o valor
das parcelas com juros e multa! Inviabilizando qualquer tentativa de acordo,
resultando na nesta ação! Se não ocorresse a capitalização de juros e a cobrança
indevida de tarifas, conforme laudo técnico pericial, a parcela seria reduzida de R$
528,03 ( quinhentos e vinte e oito reais e três centavos), para 389,96 (trezentos e
oitenta e nove reais e noventa e seis centavos), uma diferença de R$ 138,07 (cento e
trinta e oito reais e sete centavos), jamais haveria a falta de condição de pagamento
por parte da Ré, porque o valor da parcela seria muito menor! E em eventual atraso se
não houvesse a cobrança ilegal de comissão de permanência cumulada com multa e a
não aplicação de honorários de cobrança, fatalmente haveria acordo.
Logo, o entendimento predominante é o que a cobrança de comissão de
permanência por si só não é considerada ilegal, porém, quando cumulada com
quaisquer outros encargos moratórios se torna irregular, devendo prevalecer a
penalidade que seja mais benéfica ao consumidor (art. 47, CDC).
Desse modo, ao cobrar comissão de permanência, está sendo cobrado a taxa de
risco em duplicidade, ou seja, aquela cobrada já no início da operação, que vem
embutida na taxa cobrada e a taxa remuneratória cobrada após o vencimento da
operação e valores a este título, não podem prosperar junto a execução, posto que
ilegais e nulos, onerando ainda mais o contrato em discussão.
Visto que a comissão de permanência desempenha função, a um só tempo, de
juros remuneratórios, de correção monetária, embutindo-se índices que permitem a
remuneração do capital mutuado e a atualização do valor da compra da moeda, os
juros moratórios por sua vez remuneram o credor pelo descumprimento da obrigação
e coibindo o devedor a não incidir ou permanecer em mora, majorando a cada dia o
valor do débito, e de multa contratual, pois é calculada pelo BACEN incidindo as taxas
de mercado do dia do pagamento e considerando-se o índice de inadimplência dos
devedores, destarte, funcionando também como uma cláusula penal moratória,
prefixando-se as perdas e danos.

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O colendo Superior Tribunal de Justiça, por sua vez, tem se pronunciado no
seguinte sentido:
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRATOS
BANCÁRIOS.
- É admitida a incidência da comissão de permanência desde que pactuada e
não cumulada com juros remuneratórios, juros moratórios, correção monetária
e⁄ou multa contratual.
- Reconhecida a abusividade dos encargos exigidos no período de normalidade
contratual, descarateriza-se a mora.
- Afastada a mora, o consumidor deve permanecer na posse do bem dado em
garantia.
- A abstenção da inscrição⁄manutenção em cadastro de inadimplentes, requerida
em antecipação de tutela e⁄ou medida cautelar, somente será deferida se,
cumulativamente: a) a ação for fundada em questionamento integral ou parcial
do débito; b) houver demonstração de que a cobrança indevida se funda na
aparência do bom direito e em jurisprudência consolidada do STF ou STJ; c)
houver depósito da parcela incontroversa ou for prestada a caução fixada
conforme o prudente arbítrio do Juiz. Agravo parcialmente provido. (AgRG no
Resp. nº 1.092.428-RS(2008/0191747-5), Rel. Min. Nancy Andrigui, Terceira
Turma, Dje 10/04/12).

Com base nesses argumentos e na reiterada jurisprudência, e tendo em vista a


manifesta onerosidade imposta pela a instituição financeira a Ré, espera-se que seja
acolhida a tese da Requerida para a exclusão da comissão de permanência.

III.XVIII) DA ONEROSIDADE EXCESSIVA DECORRENTE DO DESIQUILIBRIO DO


CONTRATO

Do desiquilíbrio contratual advém a onerosidade excessiva a uma das partes que


compõe a relação contratual. Isso ocorre quando uma das partes sofre enriquecimento
exacerbado, enquanto que a outra sofre empobrecimento excessivo.
Com efeito, no decorrer do vencimento do contrato, o Requerido vem sofrendo
relevante e extorsiva diminuição de sua capacidade de tramitar na ordem comercial e
familiar. O laudo técnico pericial realizado demonstra a desarmonia do referido
contrato e comprova claramente o banco obtendo do consumidor vantagem
manifestamente excessiva o que é definitivamente vedado pelo art. 39, V do Código de
Defesa do consumidor.
Excelência, permitir que esse tipo de operação maliciosa de capitalizar juros
enriquecendo sem causa a instituição financeira e onerando excessivamente o Réu, no

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caso em tela, que se quer foi contratado, é tolerar uma violência ao consumidor
hipossuficiente e tornar insuportável o cumprimento do contrato.
Conclusivamente, o amplo desiquilíbrio contratual objetivamente demonstrado,
causa necessidade de revisão contratual, com a intenção de repor as partes
contratantes em igualdade.

VI) DA PURGAÇÃO DA MORA

Subsidiariamente, caso o entendimento de Vossa Excelência não seja o acima


explanado, requer autorização para a purgação da mora do pagamento da
integralidade da dívida pendente.
Assim, designa-se a pagar a dívida pendente no valor total do débito. Como
determina a jurisprudência e o artigo 3º, § 2º, do DL 911/69, que a expressão
integralidade da dívida pendente contempla somente as prestações vencidas até o
momento da purgação da mora.
APELAÇÃO CÍVEL. Ação de busca e apreensão. Julgamento de improcedência
diante da purga da mora. Cerceamento de defesa inocorrente. Feito maduro para
ser sentenciado. Decisão que contemplou todas as alegações trazidas pelo autor.
Purgação da mora. Expressão integralidade de dívida pendente prevista no artigo
3º, § 2º da Lei de regência que deve ser entendida como as prestações vencidas
com os acréscimos legais. Purgação da mora que contempla o
reconhecimento da procedência do pedido. Recurso conhecido e
desprovido. (TJPR; ApCiv 1053384-9; Curitiba; Décima Oitava Câmara Cível;
Rel. Juiz Conv. Marco Antonio Antoniassi; DJPR 05/11/2013; Pág. 524)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. RESTITUIÇÃO


DO BEM AO DEVEDOR, MEDIANTE A QUITAÇÃO DAS PRESTAÇÕES
VENCIDAS. POSSIBILIDADE.
EXPRESSÃO INTEGRALIDADE DA DÍVIDA PENDENTE QUE CONTEMPLA
SOMENTE AS PRESTAÇÕES VENCIDAS ATÉ O
MOMENTO DA PURGAÇÃO DA MORA, ACRESCIDAS DOS ENCARGOS
MORATÓRIOS, DAS CUSTAS E DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
PRECEDENTES. DECISÃO REFORMADA. RECURSO PROVIDO. A
expressão integralidade da dívida pendente, estampada no artigo 3º, § 2º, do DL
911/69, deve ser interpretada como a integralidade da dívida pendente até o
efetivo pagamento, contemplando, portanto, apenas as prestações vencidas,
devidamente acrescidas dos encargos moratórios contratados, custas
processuais e honorários advocatícios, excluindo-se as vincendas, porquanto
abusiva a disposição que prevê o vencimento antecipado do contrato, por
vulneração ao disposto no art. 54, §2º, do cdc. (TJPR; Ag Instr 1115562-1; Pato
Branco; Décima Oitava Câmara Cível; Rel. Des. Luis Espíndola; DJPR
28/01/2014; Pág. 264)

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PROJUDI - Processo: 0000001-12.2015.8.16.0107 - Ref. mov. 21.1 - Assinado digitalmente por Acir Jose da Silva Junior
29/01/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE CONTESTAÇÃO. Arq: Contestação

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AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ação de busca e apreensão. Admissão pelo
juízo da purgação da mora. Expressão integralidade de dívida pendenteprevista
no artigo 3º, § 2º da Lei de regência que deve ser entendida como as prestações
vencidas com os acréscimos legais no momento do depósito. Precedentes desta
18ª cc/tjpr. Recurso conhecido e desprovido. (TJPR; AgInstr 1105433-2;
Maringá; Décima Oitava Câmara Cível; Rel. Juiz Conv. Marco Antonio
Antoniassi; DJPR 25/11/2013; Pág. 333)

Requerendo imediatamente, portanto, autorização para depósito judicial


deste valor, e expedição mandado de reintegração do bem ao Réu, caso o bem esteja
apreendido.
A jurisprudência do Eg. Tribunal de Justiça, de fato admite a
possibilidade do devedor purgar a mora, mesmo após a reintegração de posse do bem
ao credor. Vejamos:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. PURGAÇÃO DA
MORA ADMITIDA E PAGAMENTO EFETUADO. RECONHECIMENTO DA
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO INCOMPATÍVEL COM PEDIDO DE EXPURGO DE
ENCARGOS INDEVIDOS. PEDIDO DE DEVOLUÇÃO DO BEM AO CREDOR E
RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO A TÍTULO DE VRG QUE TAMBÉM FOGE AO
ÂMBITO DESTA AÇÃO. CORREÇÃO DE OFÍCIO DO FUNDAMENTO DE
EXTINÇÃO DO PROCESSO – RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJ/PR –
Apelação Cível nº1069659-8 – 18ª CC – Relator: Marco Antonio Antoniassi –
Julgamento: 14/08/2013). Grifei.

AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. CONTRATO DE ARRENDAMENTO


MERCANTIL. PURGAÇÃO DA MORA. POSSIBILIDADE. ORDEM DE
DEVOLUÇÃO DO BEM ARRENDADO. COMPANHIA DE ARRENDAMENTO QUE
INFORMA A VENDA EXTRAJUDICIAL DO BEM ARRENDADO. PROCESSO
EXTINTO, COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO – ART. 269, II DO CPC. CONVERSÃO
DA OBRIGAÇÃO DE DEVOLVER O BEM EM INDENIZAÇÃO PELO SEU VALOR
DE MERCADO. IMPOSSIBILIDADE. EVENTUAL PREJUÍZO DO ARRENDATÁRIO
DEVE SER APURADO EM AÇÃO PRÓPRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Nos
contratos de arrendamento mercantil é admissível a purgação da mora (aí
incluídas as parcelas contratuais vencidas, acrescidas dos consectários
decorrentes ao atraso, além das custas e honorários de advogado), dentro dos
quinze dias concedidos ao devedor para exercitar a sua defesa, desde que
acompanhada do depósito respectivo. 2. Quando o devedor purga a mora o
processo deve ser extinto com fundamento no art. 269, II do CPC e pelo princípio
da causalidade o réu deve arcar com o pagamento das custas e dos honorários
advocatícios. 3. Na ação de reintegração de posse é impertinente condenar a
companhia de arrendamento ressarcir o arrendatário pela impossibilidade de
dar continuidade ao contrato após a purgação da mora. Não obstante a ausência
de pedido e os limites da ação de reintegração de posse, eventual indenização
deve ser postulada em ação própria, oportunidade em que o arrendatário poderá
comprovar os efetivos prejuízos sofridos com a impossibilidade da arrendante
dar continuidade ao contrato de arrendamento. (TJ/PR – Apelação Cível nº
990.452-9 - 17ª CC –Relator: Des. Lauri Caetano da Silva – Julgamento:
22/05/2013). Grifei.

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. PURGA DA MORA.


POSSIBILIDADE. VALOR QUE DEVE SER COMPOSTO PELAS PARCELAS
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VENCIDAS DEVIDAMENTE CORRIGIDAS, CUSTAS PROCESSUAIS, E
DEPÓSITO EFETUADO EM VALORES ALEATÓRIOS, HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. OPORTUNAMENTE IMPUGNADO. NECESSIDADE DE
APURAÇÃO DO SALDO DEVEDOR PELO JUÍZO ‘A QUO’, INCLUSIVE PORQUE
OMISSO QUALQUER REFERÊNCIA AOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
SENTENÇA ANULADA, DE OFÍCIO, PARA QUE OS VALORES DEVIDOS SEJAM
APURADOS POR CONTADOR JUDICIAL. RECURSO PREJUDICADO. A purgação
da mora é admitida em ação de reintegração de posse, cujo depósito deve
contemplar as parcelas vencidas, acrescidas dos encargos moratórios,
honorários advocatícios custas e despesas processuais. Não havendo indícios de
que os valores depositados englobaram tais verbas, especialmente porque
omissa a fixação dos honorários advocatícios, deve o feito retornar à origem para
que o débito seja apurado pela Contadoria Judicial. (TJ/PR – Apelação Cível nº
934.763-5 – 18ª CC – Relator: Des. Luis Espíndola – Julgamento: 14/08/2013).
Grifei.

E no mesmo sentido, é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:


(...) A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que "é admissível a
purgação da mora em contratos de arrendamento mercantil, sendo
imprescindível a notificação prévia do arrendatário, com a especificação dos
valores devidos para se configurar a sua constituição em mora. (REsp
228.625/SP, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em
16/12/2003, DJ 16/02/2004, p. 241). (STJ – AREsp 352670 – 3ª Turma -
Relator: Min. Sidnei Beneti – Julgamento: 16/08/2013).
Diante do exposto, requer autorização para a purgação da mora do pagamento
da integralidade da dívida pendente.

VII) DO CABIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA

A lei nº 10.444, de 07 de maio de 2002, que recebeu o encargo de contribuir


para a segunda fase da reforma do Código de Processo Civil, instituiu o parágrafo 7º,
no artigo 273, criando a possibilidade da antecipação dos efeitos da tutela pretendida
para o pedido intrinsecamente cautelar:

§ 7º se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providencia de natureza


cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a
medida cautelar em caráter incidental no processo ajuizado.

O deferimento da cautela almejada, portanto, depende da demonstração do


fumus boni iuris e do periculum in mora, que, irrefutavelmente, estão presentes e serão
demonstrados abaixo.

IV.I) DO FUMUS BONI IURIS E DO PERICULUN IN MORA

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Acerca do fumus boni iuris, analisando o contrato ajustado entre as
partes, fora pactuado 48 (quarenta e oito parcelas), com juros mensais de 2,15%, com
Custo Efetivo Total Anual – CET (taxa capitalizada), de 38,37%. Desta forma, nota-se
claramente a existência e a prática de capitalização, porque, linearmente, ou seja, 12 x
2,15%, o percentual anual seria de 25,80% e não 38,37%, gerando um plus
decorrente de anatocismo de absurdos 12,57% (Anuais!!!), no final do contrato
(48 meses) serão 50,28% de juros ilegais, de puro anatocismo!
Cabalmente existe a cobrança de juros capitalizados, resultando 32,76% dos
juros cobrado, gerando um verdadeiro CRIME retornando insuportável qualquer
relação nesses parâmetros! Anexo segue o contrato e o parecer técnico contábil
pericial que instruem os valores apontados acima. (documento III).
Tal arbitrariedade por parte da Autora, sequer fora contratado pela Ré,
demonstrando tamanho abuso e má fé da instituição financeira diante da
hipossuficiência do consumidor. Comprovando cabalmente a ilegalidade da
capitalização, que é ilegal na forma contratada e torna-se extremamente absurda
quando sequer foi pactuada.
Convém Excelência, para evidenciar o fumus boni iuris, destacar a boa fé do
Requerido em honrar seus compromissos, que pretende pagar, mas no valor legal das
parcelas, ou seja, por mais que houvesse a cobrança de juros capitalizados que
oneravam excessivamente o Réu, esse não quer deixar de arcar com sua obrigação,
ainda que a disposição deste incoerente valor lhe custasse comprometer inúmeras
outras obrigações para seu sustento e de sua família.
Verifica-se, portanto, que a Autora, agiu completamente de má fé, lesionando
bruscamente e provocando diretamente um empobrecimento do Réu, quando da
prática da cobrança de juros sobre juros (anatocismo).
Oportunamente, o fumus boni iuris se verifica por conta das ilegalidades
apresentados no referido contrato, cujo efeito imediato é o crescimento geométrico do
saldo devedor do Requerido, sufocando suas atividades e comprometendo seus
resultados comerciais, em virtude de termos abusivos.

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Fica evidente que no questionado contrato existem cláusulas abusivas que
caracterizam anatocismo e oneram excessivamente o Réu, tornando insustentável
continuar pagando o valor pretensamente contratados e exigidos pela instituição
financeira.
Contudo, conforme apontado na inicial, o Réu compromete-se a efetuar de plano
os depósitos tidos como incontroversos para que possa ter a posse do bem mantida em
suas mãos enquanto se resolve a lide.
O periculum in mora consiste no risco de uma decisão tardia, vez que esta
pode causar danos irreparáveis ao Réu, fundamentando-se, portanto no receio da
existência de um dano jurídico, referindo-se ao interesse processual presente na
busca permanente da obtenção de uma real garantia quanto à própria efetividade da
solução final a ser ditada por este Juízo. No caso em tela, evidencia-se a possibilidade
de danos quanto à inscrição do nome do Requerido nos serviço de proteção ao crédito,
bem como quanto à necessidade da manutenção da posse do bem, já que ambos são
essências a manutenção de sua atividade profissional e sua condição de cidadão, os
quais serão discorridos a seguir.
Busca-se com a presente defesa o expurgo das ilegalidades contratuais que
foram impostas ao Requerido. E não seria justa a inclusão do nome do consumidor
nos cadastros de serviço de proteção ao crédito, pois se estaria infringindo ao
demandante, uma penalidade elevada que sequer deu causa, visto que busca apenas
ajustar o contrato a legalidade, inclusive, se dispondo a depositar em juízo o valor
incontroverso, a fim de afastar a mora e manter a posse do veículo enquanto tramita a
presente ação.
Cumpre esclarecer e sublinhar que não afronta direito do credor, liminar que
obsta a inscrição do nome do devedor em cadastro de banco de dados de
inadimplentes, bem como a ordem impeditiva de que o credor comunique a terceiros
registro de inadimplência em seus cadastros internos, durante o trâmite de processos
que tenham como objeto a discussão de existência de débito e seu montante.
É imperiosa a necessidade de vedação a essa inclusão do devedor nos cadastros
de serviços de proteção ao crédito e a manutenção de posse do veículo alienado,
mormente em vista da verossimilhança das presentes alegações, bem como o risco

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iminente de dano. E cumpre enfatizar que o pedido de depósito demonstra a intenção
do devedor de adimplir o contrato, só que agora ajustado aos termos da lei.
Importantíssimo ressaltar Excelência, que o Réu É PESSOA FÍSICA, E QUE
NECESSITA DO NOME SEM RESTRIÇÕES PARA EFETIVAÇÃO DE SUA
ATIVIDADE E PARA OPERAR COMERCIALMENTE, INCLUSIVE PARA QUE TENHA
CRÉDITO EM EVENTUAL EMERGÊNCIA, POIS O RÉU É PAI, EXTREMAMENTE
TRABALHADOR, TEM FILHO MENOR E NÃO PODE FICAR SEM O RECURSO DO
CRÉDITO ETC. CONTINGENTE NEGATIVAÇÃO PODE LHE CUSTAR SÉRIOS
PROBLEMAS FINANCEIROS. LOGO, COMPROMETENDO INCLUSIVE A SAÚDE
FINANCEIRA DORÉU E FILHO. POR TUDO ISSO E POR DIREITO NECESSITA TER
GARANTIDO A POSSE DO BEM ALIENADO ENQUANTO TRAMITAR A AÇÃO,
INCLUSIVE SEM O NOME CADASTRADO NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO
CRÉDITO. RESULTADO LÓGICO DO AFASTAMENTO DA MORA.
Vale enfatizar igualmente Excelência privar o Réu da posse do bem é de
extrema injustiça e não há razão de isso ocorrer, servindo apenas como forma de
coerção de pagamento, pois o Requerido deseja fazer o depósito dos valores
incontroversos o quanto antes for possível. Para tanto, faz-se necessário
deferimento liminar, para que se possam efetuar os depósitos, e que sirva como
escudo protetório – fornecendo uma segurança jurídica – o Requerido
consumidor contra eventual odiosa busca e apreensão, enquanto em dia com
seus depósitos, até ulterior manifestação judicial ou final julgamento desta ação.
O Réu se esforçou ao máximo para cumprir o contrato e manter sua atividade
sem riscos de obter restrições do crédito em seu nome e a apreensão do veículo,
contudo, na forma que o banco exige o cumprimento do contrato torna-se
insustentável o adimplemento do pactuado.
Analisando o parecer técnico pericial fica evidente o tamanho monstruoso do
abuso realizado pela instituição financeira. O que será mais bem desdobrado quando
destacarmos a absurda capitalização de juros que sequer foi pactuada no contrato.
Veja, Preclaro Julgador, a reversibilidade da manutenção de posse, pois o
deferimento desta medida não prejudicará a instituição financeira, braço forte desta
relação, pois, concedendo a manutenção do nome do consumidor sem restrições, o

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veículo será mantido em posse do Réu e se mais tarde o processo concluir que não
apresenta razão a este, revogar a decisão será perfeitamente possível e não
apresentará prejuízos irreversíveis a Autora da demanda. Ainda, estará consignado em
juízo o valor incontroverso, na medida em que seja autorizado judicialmente os
depósitos, podendo o banco mais tarde exigir a diferença.
Ora, afirmado verifica-se verdadeiro uma vez que mesmo sendo valores abusivos
e não contratados, já cumpriu 10 das 48 parcelas, que representa 20,83% do
pactuado, e ainda pagou como entrada o valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais).
Tais fatos que demonstram à ausência de riscos a instituição financeira de não
receber o valor emprestado. Contudo, agora, dentro da legalidade e expurgando as
abusividades.
Desta forma, diante da formação de um juízo verossímil quanto à abusividade
da aplicação de juros, bem como em relação à prática da capitalização mensal de juros
e a fácil reversibilidade, verifica-se o preenchimento dos requisitos necessários para a
concessão da antecipação de tutela pleiteada.
Além do mais, é evidente a boa fé do Réu e a necessidade de ter agora a
concessão da tutela antecipada proibindo a negativação do nome e a manutenção de
posse do veículo alienado.
Entendemos que quando há abusos e situações de irregularidades na hipótese
de atraso de pagamento com uma oneração excessiva, através de pesados encargos,
taxas e multas, além de uma exigência superior aos limites legais, assim
consideramos tanto normativos como éticos, a mora deixa de ser do devedor e passa a
ser do credor.
A proteção contra a inadimplência é a principal justificativa para a cobrança de
juros altos pelos bancos, o que contribui para que o valor do spread bancário
brasileiro seja um dos maiores do mundo. Mesmo com a constante queda na Selic, os
cortes não são repassados para os clientes, e o medo do calote é citado em boletim da
Febraban (Federação Brasileira de Bancos) como uma das razões para que o
movimento não ocorra.
No entanto, especialistas contrariam a instituição, e dizem que a relação é
inversa: os valores elevados acabam atraindo os maus pagadores, já que os clientes

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que têm bons projetos procuram outras formas de se financiar, pois sabem que os
valores cobrados não são justos.
Ou seja, o Spread alto acaba atraindo os investidores arriscados e os
inadimplentes, deixando as instituições ainda mais vulneráveis ao calote.
Só quem já está "enforcado" (endividado) se dispõe a pagar esses valores, para
manter a rolagem de sua dívida. A relação entre a taxa de juros e os inadimplentes
não é novidade.
Os investidores que buscam a linha de financiamento dos bancos normalmente
estão apostando em negócios arriscados que, caso funcionem, são a única forma de
arcar com o valor exagerado dos juros. E esta é uma relação que já foi provada pela
economia diversas vezes. Provavelmente, os bancos tem consciência disto, mas não
querem reduzir os seus lucros, que são um dos maiores do mundo.
No presente caso concreto, está mais do que verossímil a existência de oneração
excessiva, o que caracteriza a mora como sendo do credor, nos exatos termos do art.
955 do Código Civil.
Por todas estas razões é que deseja consignar em pagamento todas as
prestações obrigacionais, na quantia apontada no parecer técnico pericial, qual
seja a quantia de R$ 389,96 (trezentos e oitenta e nove reais e noventa e seis
centavos), até que se manifeste a extinção do vinculo obrigacional entre as
partes.
Sendo assim, resta flagrante a descaracterização da mora, o que justifica, então,
a concessão da liminar para impedir a restrição do nome do Réu e a manutenção de
posse do bem, impedindo que seja apreendido enquanto tramitar a presenta ação de
revisão de juros.
Por todo o exposto o Réu requer desde já a Vossa Excelência que SEJA
LIMINARMENTE E INALDITA ALTERA PARS EXPEDIDO O OFÍCIO AOS
CADASTROS DE INADIMPLENTES (SERASA, SPC, SISBACEN (SCR), PROTESTOS
ETC) PARA QUE EXCLUA DOS SEUS REGISTROS O NOME DO RÉU, EM VIRTUDE
DE EVENTUAL INCLUSAO SOLICITADA PELO BANCO, DA MESMA FORMA QUE
IMPEÇA INCLUSÃO DE SEU NOME, BEM COMO, DETERMINE A CONSIGNAÇAO

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DAS PARCELAS INCONTROVERSAS E A MANUTENÇAO DO BEM NA POSSE DO
REQUERIDO, ATÉ O PRONUNCIAMENTO FINAL DESTA DEMANDA.

V) DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

EM FACE DO EXPOSTO, requer:

I) Que seja acolhida as preliminares arguidas, determinando a extinção


do feito nos moldes do art. 267, VI, do Código de Processo Civil;

II) O recolhimento de eventual mandado de busca e apreensão expedido


até que seja julgada eventual impugnação a contestação;

III) Requer autorização para a purgação da mora do pagamento da


integralidade da dívida pendente.

IV) Caso a preliminar de mérito não seja acolhida, requer a DECLARAÇÃO


DE NULIDADE das cláusulas contratuais que referem as Seguros, IOF, Registro de
Contrato, Tarifa de Avaliação, Tarifa de Cadastro, utilizadas/cobradas no contrato de
financiamento, tudo em virtude de sua flagrante nulidade segundo as regras e
princípios certos no Código de Defesa do Consumidor destacados na defesa e julgue
procedente o pedido de restituição de tarifas INDEVIDAS no valor de R$
5.923,56 (cinco mil novecentos e vinte e três reais e cinquenta e seis centavos),
que sabidamente foram cobradas de forma abusiva e por fim, COMPENSE o valor
das Tarifas a serem restituídas nas quatro parcelas mais atrasadas, quais sejam
as prestações com vencimento entre 08/10/2014 a 08/12/2014, que depois de
afastada a capitalização e a cobrança de tarifas totalizam R$ 1.169,88 (mil cento
e sessenta e nove reais e oitenta e oito centavos). E que a diferença positiva de
R$ 4.753,68 (quatro mil setecentos e cinquenta e três reais e sessenta e oito
centavos), seja compensado nas parcelas vincendas.

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V) Caso o pedido de compensação não seja acolhido, julgar a demanda
TOTALMENTE IMPROCEDENTE, para o fim de revogar a liminar já expedida, visto que
conforme exposto acima, contrato esta eivado de inúmeras irregularidades, como juros
abusivos, tarifas indevidas, capitalização entre outros;

Autorizar, o DEPÓSITO inaldita altera pars do VALOR INCONTROVERSO


DAS PRESTAÇÕES, conforme razões expostas e laudo técnico incluso, no prazo do
art. 893, I, do Código De Processo Civil, no valor de R$ 389,96 (trezentos e oitenta
e nove reais e noventa e seis centavos); para o fim de que o Réu seja mantido na
posse e utilização do veículo alienado ao contrato e Determinar que a Autora
ABSTENHA-SE DE MANTER INSCRITO O NOME DO RÉU NOS CADASTROS DE
INADIMPLENTES, determinando às entidades provedoras ou mantedoras de bancos
de dados ou cadastros de créditos e consumo, como SPC, o SERASA, SISBACEN (SCR)
e similares, para que se abstenham de inscrever ou registrar quaisquer restrições
de caráter comercial/creditício com relação ao que aqui se discute e, havendo já
o referido registro, que sejam excluídos ou suspensos até o julgamento final
desta lide.

I) A inversão do ônus da prova e a produção de todas as provas em direito


admitidas;

II) Ao final, a total improcedência da ação, e ainda para:

a) DECLARAR NULA CLAÚSULA VERSA SOBRE A CAPITALIZAÇÃO, por


estar em confronto e desacordo com CDC, seja pela inconstitucionalidade da Medida
Provisória 2170-36, ou ainda pela inconstitucionalidade da Lei 10.931/04, desta
forma que seja acolhida a Súmula 121, do STF;
b) DECRETAR a nulidade absoluta da cobrança Seguros, IOF, Registro de
Contrato, Tarifa de Avaliação, Tarifa de Cadastro, todas com o reflexo de juros
compensatórios apresentados na defesa, inclusive correção monetária, mesmo o IOF
que só é pedido o reflexo de juros compensatórios; conforme laudo técnico pericial,

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Av. João Paulino Vieira Filho, nº 275, Sala 11, Centro CEP 87020-015 - Maringá – PR  Tel.: 44 3029-3063 @: cajadvocacia@cajadvocacia.adv.br
PROJUDI - Processo: 0000001-12.2015.8.16.0107 - Ref. mov. 21.1 - Assinado digitalmente por Acir Jose da Silva Junior
29/01/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE CONTESTAÇÃO. Arq: Contestação

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJVWV AKZ32 UJCW2 8D9QU


expurgando do valor das parcelas ou condenando a Autora a devolver os valores ao
réu;
c) Revisar o contrato, determinando a limitação dos juros a 2,15%,
expurgando a capitalização de juros, a decretação da aplicação dos juros
remuneratórios a ser aplicada de forma simples, conforme cálculos trazidos pelo Réu e
elaborados por profissional habilitado, bem como o afastamento da comissão de
permanência cumulada com outros encargos de mora;
d) DECRETAR, a nulidade da cobrança de juros moratórios acima de 12%
a.a em decorrência de estarem sendo praticados fora da taxa média de mercado em
desacordo com o CMN e BACEN;
e) O reconhecimento da relação de consumo existente entre a Autora e o
Réu, conforme artigo 6º, inciso VII do CDC;
f) Declarar o afastamento da mora ante os abusos da normalidade;
g) A concessão do BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA,
por não estar o Requerido em condições de arcar com as custas do processo nem
honorários advocatícios, sem prejuízo próprio e de sua família;
h) Determinar ao banco-autor pague as despesas com eventual perícia, caso
venha a ser efetuada, ou então que arque com os ônus de sua não realização, caso
opte por não pagar os honorários do perito judicial, presumindo-se verdadeira
alegação de ocorrência de anatocismo (matéria de fato) no contrato sub judice;
i) Requer que se digne Vossa Excelência, em ACOLHER O EXCESSO DE
COBRANÇA, e em consequência, a improcedência da demanda, consoante argumentos
aduzidos nesta peça, bem como aplique ao Banco uma multa de 50% do valor do
contrato financiado atualizado (art. 3º § 6º do Decreto-lei nº 911/69), sem prejuízo das
perdas e danos postuladas em via própria;
j) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos,
especialmente documental e pericial, se necessários, bem como todo e qualquer outro
meio, que se fizerem necessários para o deslinde do feito;
III) A condenação do Autor ao pagamento de custas processuais e de
honorários de sucumbência, observado, quanto ao último, os critérios elencados no
artigo 20, § 3º do CPC;

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Nestes termos,
pede deferimento.

Maringá, sexta-feira, 29 de janeiro de 2015.

ACIR JOSÉ DA SILVA JUNIOR


OAB/PR 60.676

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