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Tribunal de Justiça de Pernambuco

PJe - Processo Judicial Eletrônico

05/06/2023

Número: 0000412-39.2023.8.17.2470
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 1ª Vara Cível da Comarca de Carpina
Última distribuição : 31/01/2023
Valor da causa: R$ 35.403,96
Assuntos: Abatimento proporcional do preço
Segredo de justiça? SIM
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MARIA JOSE DOS SANTOS (AUTOR) JANAINA DE CACIA DOS SANTOS LIMA (ADVOGADO(A))
HIPERCARD BANCO MULTIPLO S.A. (RÉU) ENY ANGE SOLEDADE BITTENCOURT DE ARAUJO
(ADVOGADO(A))
Documentos
Id. Data Documento Tipo
134827158 02/06/2023 APELAÇÃO Ações processuais\Documento de
16:11 Comprovação
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) DO 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA
DE CARPINA, ESTADO DE PERNAMBUCO.

Processo n.: 0000412-39.2023.8.17.2470

HIPERCARD BANCO MULTIPLO S/A, devidamente qualificado nos autos do processo em


epígrafe, contra si promovido por MARIA JOSE DOS SANTOS, igualmente qualificado,
inconformado com a sentença exarada, vem interpor

RECURSO DE APELAÇÃO em face de Sentença

emanada desse MM. Juízo, requerendo a V. Exa. Que, após adotadas as formalidades legais
de estilo, sejam os autos encaminhados à apreciação da E. Câmara Recursal.

Requer, outrossim, a juntada das guias comprobatórias da realização do preparo, bem


como que todas as intimações e/ou notificações sejam realizadas em nome da advogada
Eny Bittencourt, com inscrição em OAB/BA n.º 29.442, sob pena de nulidade dos atos
processuais.

Nesses termos,
Pede deferimento.

Carpina, Pernambuco.
Em 1 de junho de 2023.

Assinado eletronicamente por: ENY ANGE SOLEDADE BITTENCOURT DE ARAUJO - 02/06/2023 16:11:29 Num. 134827158 - Pág. 1
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Número do documento: 23060216112918200000131700045
RAZÕES DE APELANTE

APELANTE: HIPERCARD BANCO MULTIPLO S/A


APELADO: MARIA JOSE DOS SANTOS
PROCESSO N.: 0000412-39.2023.8.17.2470
JUÍZO DE ORIGEM: 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CARPINA, ESTADO DE PERNAMBUCO

Colenda Câmara,
Eminentes Julgadores,

A r. sentença proferida pelo MM. Juízo a quo fugiu do seu usual brilhantismo ao proferir
decisões, não se coadunando com o Ordenamento Jurídico Pátrio, razão pela qual deverá
ser integralmente reformada. Vejamos.

I – SÍNTESE PROCESSUAL

A parte autora, titular de cartão de crédito administrado pelo banco réu, ajuizou a
presente ação alegando que ser instituição bancária parcelou, sem a sua anuência, a fatura
do referido cartão.

Assim, interpôs a presente ação requerendo declaração de inexistência do débito, bem


como indenização a título de danos morais e materiais, este último em sua forma dobrada.

Em que pese o Banco ter demonstrado a inexistência de falha na prestação do serviço, bem
como a ausência de ato ilícito por si cometido, e a inexistência de danos morais, o
Magistrado de 1º Grau julgou a ação procedente, nos seguintes termos:

Ante o exposto, por tudo que até aqui analisei, JULGO PROCEDENTE EM
PARTE a pretensão concernente na inicial no sentido de:

a) DECLARAR INEXISTENTE os débitos e encargos oriundos dos


parcelamentos constantes nos anexos à peça inicial autoral, realizados no
dia 17/02, 23/03 25/07, 25/10 e 23/12, todos do ano de 2021, com relação
aos vencidos e vincendas, afastando em definitivo as cobranças.

b) ACOLHER o pedido de Reparação por Danos Morais, determinando que a


empresa ré pague à autora o valor de R$ 10.00,00 (dez mil reais), valor
este devidamente acrescido de correção monetária, conforme tabela da
ENCOGE, e de juros legais de 1.0% ao mês, ambos incidentes a partir da
data da citação;

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c) ACOLHER em parte o pedido de Repetição de Indébito, devendo a
autora, por meio de liquidação de sentença, comprovar de forma
detalhada os valores que efetivamente pagou e que eram oriundos de
encargos e financiamentos, estes sim devendo ser devolvidos em dobro, na
forma do art. 42, parágrafo único, do CDC;

CONDENO as partes proporcionalmente, na medida de sua sucumbência, ao


pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, os quais
estabeleço em 20% sobre o valor da condenação, ficando suspensa sua
exigibilidade em relação à parte autora em razão da gratuidade que lhe
fora concedida.

Por fim, EXTINGO o presente processo nos termos do art. 487, inciso I, do
CPC.

Inconformado com a decisão do Juízo a quo, vem este apelante apresentar suas razões de
mérito, a fim de demonstrar que a decisão hostilizada merece ser reformada e, ato
contínuo, os pedidos formulados pelo apelado julgados improcedentes.

II – DO MÉRITO RECURSAL.
II.1 – DA INEXISTÊNCIA DE FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PELO BANCO RÉU. DA
REGULAR CONTRATAÇÃO DE PARCELAMENTO DA FATURA PELA AUTORA.

O douto magistrado a quo sustentou a concessão de danos morais e materiais para a


hipótese em tela, além da responsabilização do Banco Apelante sob a argumentação de
que houve falha na prestação do serviço posto que o parcelamento questionado teria se
dado de forma indevida.

Ocorre, porém, que o referido entendimento não merece prosperar, pois não houve
qualquer ato ilícito praticado pelo apelante, que só cumpriu com o quanto determinado na
Resolução nº 4.549/2017 do Banco Central a qual dispõe no seu art. 1º:

Art. 1º O saldo devedor da fatura de cartão de crédito e de demais


instrumentos de pagamento pós-pagos, quando não liquidado
integralmente no vencimento, somente pode ser objeto de
financiamento na modalidade de crédito rotativo até o
vencimento da fatura subsequente. [Grifos aditados]

Excelências, conforme dito por este demandado em sede de defesa, quando aprovada a
análise de crédito, o Réu disponibiliza o parcelamento do valor total da fatura mensal do
cartão de crédito, mediante o financiamento de seu saldo em prestações mensais e fixas

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(compostas pelo principal, encargos e tributos), cujo valor é conhecido no ato da
contratação. Foi o que ocorreu no presente caso.

Este serviço permite que o cliente, ante um imprevisto ou desequilíbrio financeiro


momentâneo, organize suas finanças, com a cobrança de taxa de juros inferior aquela
incidente no crédito rotativo, e valor de parcela mais adequado ao seu orçamento.

Trata-se de um financiamento, sujeito à disponibilidade e incidência de encargos, que


compreende somente o valor total da fatura no momento da contratação, não abarcando
outros lançamentos (como novas transações, parcelas a vencer, seguros, tarifas a vencer,
etc), os quais são cobrados normalmente nas faturas subsequentes à contratação.

O parcelamento de fatura pode ser contratado por meio dos canais de atendimento
disponibilizados pelo Réu (fatura, central de atendimento, internet, caixa eletrônico,
mobile etc), no período compreendido entre o fechamento da fatura e seu respectivo
vencimento. As parcelas são lançadas mensalmente nas faturas do cartão e, na medida em
que são adimplidas, o limite de crédito é recomposto.

Além de estarem expressamente previstas nas condições gerais do cartão de crédito,


entregues ao cliente no material de boas-vindas e disponibilizados no endereço eletrônico
do Réu, as regras do parcelamento da fatura também são reforçadas na própria fatura, que
ressalta os principais pontos de atenção a serem observados pelo cliente em relação à
utilização de seu cartão de crédito. Resta claro, assim, o cumprimento do dever de
transparência por parte do Réu, bem como o pleno acesso à informação pela parte
autora.

E nesse contexto destaca-se que, pelas novas regras dos cartões de crédito os clientes só
podem pagar o valor mínimo da fatura e usar o rotativo por um mês. No mês seguinte, são
obrigados a pagar a fatura total ou aderir ao parcelamento, ou seja, não podem continuar
pagando apenas o valor mínimo, conforme diz a Resolução nº 4.549/2017, do BACEN.

Assim, no caso dos clientes que não conseguem quitar o valor total após entrarem no
rotativo, os bancos são obrigados a parcelar o valor em uma linha de crédito diferente do
cartão, com juros mais baixos.

Importante salientar que o valor do parcelamento é visualmente destacado do valor de


pagamento mínimo e do total da fatura, com vistas à informação clara e transparente ao
cliente. Desta forma, soa curioso o fato da parte autora ter pago quantia que corresponde
justamente à adesão ao parcelamento, quando poderia ter optado por tantos outros
valores entre o pagamento mínimo e o total da fatura.

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No caso em tela, a fatura do mês 02/2021, do cartão de crédito da autora, foi de R$
4.509,79. Apenas parte do pagamento foi efetuado: R4 4.348,00 – logo, valor inferior ao
total. O valor já estava no rotativo, de modo que o parcelamento se enquadra nas regras
da resolução do BC.

(EVIDÊNCIA – FATURA DE 01/2021)

(EVIDÊNCIA – FATURA DE 02/2021)

Excelências, conforme Resolução CMN 4.549, o saldo devedor do cartão de crédito


somente pode ser financiado pelo rotativo até o vencimento da fatura subsequente.

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RESOLUÇÃO Nº 4.549, DE 26 DE JANEIRO DE 2017 - Dispõe sobre o
financiamento do saldo devedor da fatura de cartão de crédito e de
demais instrumentos de pagamento pós-pagos.

Art. 1º O saldo devedor da fatura de cartão de crédito e de demais


instrumentos de pagamento pós-pagos, quando não liquidado
integralmente no vencimento, somente pode ser objeto de
financiamento na modalidade de crédito rotativo até o vencimento
da fatura subsequente.

Parágrafo único. O financiamento do saldo devedor por meio de


outras modalidades de crédito em condições mais vantajosas para o
cliente, inclusive no que diz respeito à cobrança de encargos
financeiros, pode ser concedido, a qualquer tempo, antes do
vencimento da fatura subsequente.

Isto significa que a parte autora tinha até o vencimento da fatura do mês de 17/02/2021
para pagar o valor integral de sua fatura, e, como não o fez, nem contatou a instituição
financeira ré para escolher formas e planos de pagamento de sua dívida, o pagamento
efetuado no valor de R$ 4.348,00, correspondeu a entrada do valor mínimo do
financiamento contratado.

Portanto, verifica-se que a instituição financeira tem, por obrigação legal, que financiar o
saldo devedor no caso de ele não ser pego integralmente no mês subsequente ao primeiro
financiamento. Essa dinâmica, inclusive, foi anteriormente comunicada à Autora da ação,
além de a informação estar disponível nos sítios eletrônicos do Banco.

(EVIDÊNCIA – COMUNICADO AOS CLIENTES DO BANCO, EM 03/2021)

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(EVIDÊNCIA- MODELO DE SMS RECEBIDO PELA AUTORA SOBRE A DINÂMICA DE FINANCIAMENTO)

E foi exatamente o que ocorreu no caso em comento, de modo que não há de se falar em
ilicitude por parte desse Apelante, quanto ao financiamento do referido cartão.

Ademais, em que pese a regularidade do financiamento, a parte autora entrou em contado


com o banco solicitando o cancelamento do serviço, de modo que as parcelas seriam
antecipadas. O pedido foi atendido e um estorno de R$ 327,27, relacionado às cobranças
foram realizadas. A imagem sistêmica do banco demonstra isso:

(EVIDÊNCIA – TELA SISTÊMICA DO BANCO)

Salienta-se que a antecipação das parcelas significa que todo o valor financiado, ou seja, o
valor que não foi adimplido em sua integralidade pela parte autora e que foi contratado o

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produto de financiamento de fatura, foi lançado de uma única vez na fatura da parte
autora. Tal antecipação e estorno dos valores pode ser visto na fatura do mês de
março/2023. Foi respeitado, nesse sentido, o desejo da parte autora.

III – DA INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS.

O Douto Magistrado de 1º Grau atribuiu danos morais no importe de R$ 10.000,00 (dez


reais). Contudo, da análise dos autos não há fundamento para atribuição de danos morais.

Com efeito, o dano moral, mais do que tal frágil alegação, se mensura mediante a
conjugação de diversos elementos, entre os quais, o grau de culpa, a gravidade, a
extensão e a repercussão da ofensa, bem como a intensidade do sofrimento acarretado a
vítima.

Dessa maneira, a compensação de danos morais demanda prova detalhada de sofrimento


intenso, causador de sequelas, eis que nesse plano não basta o fato em si do
acontecimento. É imprescindível a prova de sua repercussão, prejudicialmente moral.

Ainda assim, mesmo que não seja esse o entendimento da E. Câmara merece ainda, a
reforma da sentença, em face do pedido de indenização ser fundado em alegações
infundadas.

Por conseguinte, seu pedido há de ser rejeitado, tanto pela inocorrência de danos efetivos
e indenizáveis, quanto pela insuficiente descrição da repercussão moralmente prejudicial
dos fatos sub judice.

Isto posto, na remota hipótese de ser considerado algum dano ocorrido a


Autora/Recorrida, que a sentença de mérito seja reformada no sentido de que seja
arbitrado em montante razoável, afastando a quantia de R$ 10.000,00, imposta ao Banco
Apelante, evitando-se assim, que a Recorrida se locuplete de forma indevida, evitando o
enriquecimento sem causa.

Por todo o exposto, a Recorrida não faz jus à postulada indenização a título de danos
morais, tendo em vista que não houve ato ilícito, e sim exercício regular de direito, na
forma do artigo188, I, do Código Civil.

III.1 – DO QUANTUM ARBITRADO NA CONDENAÇÃO.

Caso seja do entendimento desta Colenda Câmara a existência de danos morais


indenizáveis, passa este Apelante a discorrer sobre o valor arbitrado pelo juízo a quo.

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O montante fixado pelo juízo a quo traduz-se em pretensão a enriquecimento fácil e
indevido. De fato, conjugando os diversos elementos constantes dos autos, com
razoabilidade e moderação, atendendo, ainda, aos critérios eleitos pela doutrina e
jurisprudência pátria, evidentemente que não há proporção entre os eventos narrados e a
sentença arbitrada.

A princípio, a indenização, seja por dano material, seja por dano moral, não pode ter
qualquer ideal punitivo em face do Autor do ato, por diversas razões.

Primeiro porque, devido aos abusos cometidos por conta de indenizações que prejudicaram
a saúde financeira de muitas empresas, essa doutrina está sendo revista no próprio país de
origem.

Em segundo lugar, manter a indenização em tal valor acabaria por transfigurar o instituto
da indenização por dano moral em uma pena civil, e o ordenamento brasileiro proíbe a
aplicação de qualquer pena não prevista na lei (artigo 5º, XXXIX da Constituição Federal).

Em terceiro lugar, é princípio geral do direito processual civil aquele segundo o qual a
condenação da parte em processo judicial constitui, por si mesma, alerta e punição da
parte vencida, sinalizando para que não se repita a prática ilícita sob pena de nova
condenação, motivo pelo qual, ao arbitrar valor exagerado em condenação imposta ao réu,
o juízo estaria punindo-o duas vezes pelo mesmo fato, situação contrária ao ordenamento
jurídico.

Enfim, é um contrassenso que as indenizações por dano moral tenham caráter punitivo e as
indenizações por danos materiais tenham mero caráter reparador do dano experimentado.

O caráter pedagógico e repressor, se não for obtido pelos limites específicos da


compensação do dano, deverá ser alcançado através de outros meios legalmente previstos.

O Superior Tribunal de Justiça tem afastado os ressarcimentos vultosos, recomendando o


arbitramento com moderação, independentemente da intensidade da culpa ou do dano. de
fato, o STJ tem se mostrado cauteloso na fixação do valor do dano moral, não há
concessão de quantias expressivas.

A ausência de interesse, por parte da Recorrida, na solução do problema revela,


sobremaneira, a vontade implícita de enriquecer ilicitamente. Esse indevido
enriquecimento é vedado por nosso ordenamento de todas as maneiras possíveis.

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Dessa forma, coerência não há em beneficiar, com indenização tão volumosa, a parte do
processo que, em momento algum, mostrou-se de boa-fé.

Destarte, necessária se faz a redução do quantum estabelecido para patamares módicos. A


condenação, nesse sentido, há de ser suficiente para evitar condutas semelhantes no
futuro, porém sem violar a vedação ao locupletamento e, em especial, o princípio da
razoabilidade.

Assim, verifica-se, claramente, que o valor de R$ 10.000,00, arbitrado pelo juízo a quo a
título de indenização por danos morais não se coaduna com os fundamentos do
ordenamento jurídico devido à sua desproporcionalidade.

Isto posto, na remotíssima hipótese de ser considerado algum dano ocorrido à Recorrida,
que a sentença de 1º Grau seja reformada no sentido de que seja arbitrado em montante
razoável, afastando a quantia de R$ 10.000,00, evitando-se o enriquecimento sem causa.

III.2 - SUBSIDIARIAMENTE: DOS JUROS APLICADOS

A sentença proferida condenou o Banco Réu a pagar à Autora a quantia R$ 10.000,00, a


título de danos morais, porém, determinou em seu escopo a incidência dos juros de mora
“de 1% do mês desde a citação”.

Ocorre que, com a devida vênia, incorreu em omissão este Nobre Julgador ao deixar de
observar o conteúdo do artigo 405, do Código Civil, e mais recentemente a Súmula 362 do
STJ, editada em 15 de outubro de 2008, que preconizam, respectivamente, que “Contam-
se os juros de mora desde a citação inicial” e que “A correção monetária do valor da
indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento”. Este é o
entendimento pacificado da Jurisprudência pátria.

Em que pese haja dispositivo específico para os juros de mora e que a súmula 362 se refira
à correção monetária, as decisões mais recentes do Superior Tribunal de Justiça (STJ),
entendem que, além da correção monetária, também os juros de mora incidem a partir
da data da fixação do valor do dano.

Neste sentido, mais recentemente o Superior Tribunal de Justiça definiu entendimento que
determina que os juros de mora referentes à reparação de dano moral contam a partir
da sentença que determinou o valor da indenização.

A decisão que inaugurou este novo entendimento na Corte é da Quarta Turma do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), e se refere ao Resp nº 903.258/RS. A maioria dos ministros

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seguiu o voto da relatora, ministra Maria Isabel Gallotti. Ela considerou que, como a
indenização por dano moral só passa a ter expressão em dinheiro a partir da decisão
judicial que a arbitrou, “não há como incidirem, antes desta data, juros de mora sobre
a quantia que ainda não fora estabelecida em juízo”.

A ministra Gallotti esclareceu que, no caso de pagamento de indenização em dinheiro por


dano moral puro, “não há como considerar em mora o devedor, se ele não tinha como
satisfazer obrigação pecuniária não fixada por sentença judicial, arbitramento ou acordo
entre as partes”.

Ademais, os danos morais somente assumem expressão patrimonial com o arbitramento de


seu valor em dinheiro na sentença de mérito. O não pagamento desde a data do ilícito não
pode ser considerado omissão imputável ao devedor, para efeito de tê-lo em mora, pois,
ainda que fosse de sua vontade, não poderia o devedor satisfazer a obrigação pecuniária
correspondente ao dano moral ainda não traduzida em dinheiro.

Este é o entendimento já adotado no STJ, conforme acordão abaixo transcrito:

“CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


ATROPELAMENTO EM VIA FÉRREA. MORTE DE TRANSEUNTE. CONCORRÊNCIA
DE CULPAS DA VÍTIMA E DA EMPRESA FERROVIÁRIA. DANO MORAL. JUROS
DE MORA. TERMO INICIAL. DATA DO ARBITRAMENTO. 13º SALÁRIO. NÃO
COMPROVAÇÃO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE REMUNERADA PELA VÍTIMA.
IMPROCEDÊNCIA. PENSÃO DEVIDA AO FILHO DA VÍTIMA. LIMITE ETÁRIO. 1. A
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça reconhece a concorrência de
culpas da vítima de atropelamento em via férrea e da concessionária de
transporte ferroviário, porquanto cabe à empresa fiscalizar e impedir o
trânsito de pedestres nas suas vias. 2. Dano moral fixado em razão da
perda da genitora em valor condizente com a linha dos precedentes do
STJ. 3. Não comprovado o exercício de atividade remunerada pela vítima,
não procede o pedido de 13º salário. 4. Pensionamento devido até a idade
em que o filho menor da vítima completa 25 anos, conforme precedentes
do STJ. 5. A correção monetária deve incidir a partir da fixação de valor
definitivo para a indenização do dano moral. Enunciado 362 da Súmula do
STJ. 6. Os juros moratórios devem fluir, no caso de indenização por
dano moral, a partir da data do julgamento em que foi arbitrada a
indenização (REsp nº 903.258/RS, 4ª Turma, Rel. Min. Isabel Gallotti,
julgado em 21.06.2011). 7. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 494183 / SP 2002/0155865-3, Relator(a) Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI (1145), Órgão Julgador T4 - QUARTA TURMA, Data do
Julgamento 01/09/2011, Data da Publicação/Fonte DJe 09/09/2011) (Grifo
aditado)”

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Deste entendimento compartilha, também, a Relatora Maria Lúcia Coelho Matos, da 1ª
Turma Recursal do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Vejamos:

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. QUESTÕES CONTRATUAIS.


INEXISTÊNCIA. PONTOS ABORDADOS E VENCIDOS NO JULGADO. FIXAÇÃO DO
TERMO INICIAL DA CORREÇÃO MONETÁRIA E DOS JUROS NA
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. DATA DO ARBITRAMENTO. MATÉRIA DE
ORDEM PÚBLICA. SÚMULA 362 DO STJ. EMBARGOS PARCIALMENTE
ACOLHIDOS. CUIDA-SE DE DECLARATÓRIOS EM QUE SE AFIRMOU OMISSA A
DECISÃO POR NÃO CONSIDERAR PONTOS ACERCA DA NÃO CONTRATAÇÃO DE
DETERMINADAS GARANTIAS NO SEGURO. A MATÉRIA FOI DEVIDAMENTE
ABORDADA E DECIDIDA, INCLUSIVE COM ALUSÃO À INOVAÇÃO RECURSAL.
RECONHECIDA A OBRIGAÇÃO E AFASTADA A REDUÇÃO PRETENDIDA.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COMPORTA CORREÇÃO A PARTIR DO
ARBITRAMENTO, OPORTUNIDADE EM QUE O VALOR APRESENTA
EXIGIBILIDADE E LIQUIDEZ. MATÉRIA PASSÍVEL DE RECONHECIMENTO EX
OFICCIO. SÚMULA 362 DO STJ. EMBARGOS PARCIALMENTE ACOLHIDOS
PARA FAZER CONSTAR DO ACÓRDÃO A DATA DO ARBITRAMENTO COMO
TERMO INICIAL PARA A CORREÇÃO MONETÁRIA E OS JUROS INCIDENTES
SOBRE A INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. (Embargos de Declaração.
Processo n.º: 58438-7/2009, Órgão Julgador: Segunda Câmara Cível TJ/BA,
Relator: Maria do Socorro Barreto Santiago, Data do Julgamento:
20/10/2009)(Grifo aditado)” “RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO. EVENTO COMEMORATIVO DO DIA DOS NAMORADOS
AMPLAMENTE DIVULGADO NA MÍDIA. ESTRUTURA INCOMPATIVEL COM O
NÚMERO DE INGRESSOS COMERCIALIZADOS, FRUSTANDO AS LEGITIMAS
EXPECTATIVAS DOS CONSUMIDORES ADQUIRENTES E CAUSANDO-LHES
DIVERSOS TRANSTORNOS. DANOS MATERIAIS E MORAIS CONFIGURADOS.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ENTRE EMPRESAS QUE SE ASSOCIARAM PARA
A CONSECUÇÃO DO EVENTO. ACOLHIMENTO DA PRELIMINAR DE
ILEGITIMIDADE DO SEGUNDO ACIONADO, NA QUALIDADE DE PESSOA FISICA
SÓCIA DA EMPRESA ORGANIZADORA DO EVENTO, IGUALMENTE DEMANDADA.
SENTENÇA PARCIALMENTE REFEROMADA PARA EXCLUIR DA LIDE O SEGUNDO
APELANTE E FIXAR COMO TERMO INICIAL DA INCIDÊNCIA DOS JUROS
MORATÓRIOS E DA CORREÇÃO MONETÁRIA A DATA DO ARBITRAMENTO DO
VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. RECURSO DO PRIMEIRO
APELANTE IMPROVIDO. RECURSO DO SEGUNDO APELANTE PROVIDO.
RECURSO DO TERCEIRO APELANTE PARCIALMENTE PROVIDO (Recurso
Inominado, Processo n.º 032.2009.045.403-7, órgão Julgador: Primeira
Turma Recursal dos Juizados Especiais BA, Relator: Maria Lucia Coelho
Matos) (Grifo aditado)”

Nesse sentido cumpre destacar a decisão prolatada no julgamento do processo n.º


0027465-78.2017.8.17.8201, cujo dispositivo abaixo transcreve-se:

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Número do documento: 23060216112918200000131700045
“Condeno solidariamente o BANCO ITAU CONSIGNADO S.A. e RALPH ERISON
PEREIRA MENDONÇA - ME ao pagamento de uma indenização por dano
moral no valor de R$ 3.798,44 (três mil setecentos e novena e oito reais e
quarenta e quatro centavos), com atualização pela tabela do ENCOGE,
mais juros de 1% (um por cento), ao mês, a partir deste julgamento
conforme a Súmula 362 do STJ.”

Desta forma, com a devida vênia, restou omisso este Nobre Julgador quando fixou a data
da incidência dos juros de mora desde a citação, deixando de observar o conteúdo da
Súmula 362 e o atual entendimento do STJ.

Assim, a correção do dispositivo sentencial é importante para que seja dada segurança
jurídica ao processo em questão.

IV - DA INEXISTÊNCIA DE DANO MATERIAL.


DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO PARA REPETIÇÃO DO INDÉBITO

O magistrado de primeiro grau ao proferir o comando sentencial em voga determinou a


devolução simples e em dobro dos valores dos valores cobrados à autora.

Entretanto, insta salientar diante de tudo o que foi exposto, que o Apelante agiu
licitamente e pautou-se pelo estrito cumprimento de dever legal, escusativa que, no
direito civil, equivale ao regular exercício de direito reconhecido, conhecida
excludente da responsabilidade indenizatória.

Ademais, não houve qualquer comprovação de que tais cobranças tenham prejudicado seu
sustento, tampouco causado desequilíbrio em sua vida financeira.

Verifica-se, portanto, que o intuito da parte recorrida é enriquecer-se às custas do


Judiciário, pois, não colacionou nos autos qualquer comprovação de prejuízos de ordem
material em decorrência dos descontos ocorridos, razão pela qual não cumpriu com seu
dever de provar os fatos constitutivos de seu direito, conforme preconiza o NCPC no art.
373, Inciso I, in verbis: “Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato
constitutivo de seu direito”.

Ademais disso, no caso em tela, além de não haver qualquer conduta que enseje dano
material indenizável pelo apelante, nem houve qualquer demonstração dos alegados danos
pela recorrida.

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Assim, merece provimento o presente recurso por essa E. Câmara, em face do pedido de
indenização por danos materiais por ser fundado em alegações genéricas sem a cabal
demonstração nos autos de que o mesmo efetivamente ocorreu.

Por todo exposto, não há que se falar em indenização por dano material, muito menos em
devolução em dobro.

É cediço que os danos não podem ser resumidos a meras alegações, não podendo ser
hipotéticos.

Não há justificativa para condenação em dano material em sua forma dobrada, face a
ausência de conduta ilícita. Insta destacar o que vaticina a disposição legal que trata do
instituto da repetição do indébito, in casu, o parágrafo único do artigo 42 do CDC:

“Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à


repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso,
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável.” (grifo aditado).

A repetição postulada pressupõe o pagamento em excesso, o que não se coaduna à


hipótese dos autos.

Ora, é incompreensível que se fale em devolução em dobro sem que tenha havido
pagamento em excesso. Neste passo, resta completamente afastada a aplicação do
dispositivo legal suscitado, não devendo tal pleito ser acolhido por este M.M. Juízo, sob
risco de enriquecimento ilícito da parte demandante.

É necessário frisar também que em momento algum a autora comprovou a má-fé da parte
acionada/recorrida, motivo pelo qual não caberia a aplicação da súmula 159 do STF.

É descabido, ainda, o entendimento de que a simples culpa “strictu sensu” justificaria a


aplicação da pena. O STF, em voto proferido pelo Min. Carlos Madeira no julgamento do RE
101.956-5, corrobora deste entendimento, como se vê a seguir: “(...) Tal entendimento
discrepa da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que exige “prova inconcussa e
irrefragável de dolo.”

Em seguida, discorre ainda o Eminente Ministro acerca da súmula 159: “Este preceito
sumular, a contrário sensu, exige, como necessário para a configuração da
responsabilidade prevista no artigo 1531, o elemento subjetivo representado pela má-fé.”

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Como se vê do constante nos autos, a parte Apelada em nenhum momento provou a má-fé
por parte do Banco acionado, furtando-se de provar as suas alegações, numa completa
falta de fundamentação fática dos seus pedidos.

Portanto, absolutamente desprovida de fundamento a sentença que condenou o apelante à


devolução em dobros dos valores supostamente descontados indevidamente.

Dessa forma, requer-se a reforma da sentença proferida pelo magistrado de primeiro grau,
afastando-se a condenação em danos materiais e a repetição do indébito, para julgar
improcedente a demanda.

IV.1 – SUBSIDIARIAMENTE: DOS JUROS E DA CORREÇÃO MONETÁRIA.

Restou fixado na Sentença ora impugnada o pagamento de danos materiais em sua forma
dobrada, contudo, o Magistrado foi omisso quanto aos parâmetros de juros de mora e
correção monetária.

Nobres Julgadores, importa considerar as decisões quase que unânimes no sentido de que,
em se tratando de responsabilidade contratual, a teor do conteúdo da Súmula 362 e o
atual entendimento do STJ, a correção monetária do dano material é aplicada a partir
do arbitramento.

Essa é a conclusão que se extrai da decisão a seguir:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL. OMISSÃO. JUROS DE


MORA INCIDENTES A PARTIR DA CITAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA A
PARTIR DO ARBITRAMENTO. DANOS MATERIAIS. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. OMISSÃO SANADA. EMBARGOS ACOLHIDOS.
1. Merecem ser acolhidos os embargos de declaração no presente caso,
porquanto há omissão no julgado em relação à incidência dos juros de
mora e correção monetária.
2. A teor da súmula nº 156 do TJ-PE e art. 405 do Código Civil, o termo
inicial para a incidência dos juros moratórios em se tratando de
responsabilidade contratual é a partir da citação.
3. No tocante a correção monetária consoante a Súmula nº 362 do STJ,
esta deve incidir a partir da fixação do quantum indenizatório no
1ºgrau.
4. Embargos de declaração acolhidos. (Classe Embargos de Declaração na
Apelação (0466771-4) 0078177-44.2011.8.17.0001, Órgão Julgador : 3ª
Câmara Cível, Relator : Des. Bartolomeu Bueno)

Verifica-se, portanto, a necessidade de modificação da decisão, pois eivada de omissão,


devendo seu conteúdo decisório ser alterado, a fim de que seja arbitrado o termo inicial
da correção monetária sobre os danos materiais a partir do arbitramento em primeira
instância.

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Acaso assim não entenda este MM. Juízo ad quem, requer que a correção monetária e
juros de mora sejam aplicados a partir da data da citação, uma vez que é a partir desta
que se operou a controvérsia a partir do fato questionado na presente demanda, sob pena
de incentivo à desídia e locupletamento ilícito da parte autora, ora Apelada.

Outrossim, no tocante aos juros de mora incidentes sobre o valor a ser restituído a título
de danos materiais, deve-se observar os termos do art. 405 do Código Civil, que
preconiza que “Contam-se os juros de mora desde a citação inicial”.

Assim, a correção do comando sentencial é importante para que seja dada segurança
jurídica ao processo em questão.

V – CONCLUSÃO
Ante o exposto, requer:

a) Seja o presente Recurso recebido nos efeitos devolutivo e suspensivo, para evitar lesão
grave e de difícil reparação ao Apelante, em razão da quantia arbitrada pelo Juízo a quo a
título de condenação, bem como das relevantes razões acima expendidas;

b) Seja o presente Recurso conhecido e provido totalmente, devendo ser reformada a r.


sentença de 1º Grau, ante a licitude da conduta deste Apelante e da inexistência de danos
morais, para que seja julgada IMPROCEDENTE a presente ação, dada a legalidade dos atos
realizados pelo banco;

c) Caso não seja totalmente acolhido o presente Recurso, apenas em atenção ao Princípio
da Eventualidade, que seja modificada a sentença para redução do valor da indenização
por danos morais arbitrado pelo MM. Juízo a quo; bem como que se afaste a condenação
por danos materiais em sua forma dobrada, ante ausência de má-fé do banco;

d) Caso não seja totalmente acolhido o presente Recurso, apenas em atenção ao Princípio
da Eventualidade, que seja modificada a Sentença para sanar a omissão apontada no
dispositivo sentencial, devendo constar expressamente a incidência dos juros de mora da
data do arbitramento dos danos morais, para evitar o enriquecimento sem causa da parte
ora Recorrida; bem como incidência dos juros de mora dos danos materiais a partir da
citação, consoante art. 405, do CC/02; e também a correção monetária a partir do
arbitramento, consoante atual entendimento do STJ; ou subsidiariamente, a partir da data
da citação, consoante intelecção analógica do art. 405, do CC/02, tudo para evitar o
enriquecimento sem causa da parte ora Recorrida.

e) Seja a parte Recorrida condenada em custas e honorários advocatícios no importe de


20% do valor da causa, por ser medida de direito.

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Requer, ainda, requer que todas as intimações e publicações de ciência dos atos e termos
do processo sejam feitas exclusivamente em nome da advogada Eny Bittencourt, com
inscrição principal em OAB/BA n.º 29.442; e inscrição suplementar em OAB/PE n.º
49.081, sob pena de nulidade dos atos processuais.

Nesses termos,
Pede deferimento.

Carpina, Pernambuco.
Em 1 de junho de 2023.

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