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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 2º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

DA COMARCA DE SÃO JOÃO DE MERITI - RJ.

PROCESSO Nº. 0812303-40.2023.8.19.0054

DENISE APARECIDA CAVALEIRO BANDEIRA, já devidamente qualificada nos autos do


processo em epígrafe, por sua advogada in fine assinado, vem mui respeitosamente a presença de V. Exa.,
inconformada com a sentença proferida nas fls., vem interpor o presente RECURSO Inominado, conforme
razões que seguem em anexo, requerendo assim, após as formalidades legais, sua remessa para a Egrégia
Turma do Conselho Recursal.

Requer desde já o recebimento do presente recurso e sua retratação.


Assim não sendo, requer seja remetida à Turma Recursal competente.

Nestes termos,
Pede deferimento.

São João de Meriti, 03 de dezembro de 2023.

Andréia Cavalcanti Dias.


OAB/RJ – 211.820

RECORRENTE: DENISE APARECIDA CAVALEIRO BANDEIRA

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RECORRIDA: Telemar Norte Leste S/A e outras
PROCESSO Nº.: 0812303-40.2023.8.19.0054
2º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SÃO JOÃO DE MERITI - RJ.

PRELIMINARMENTE

DA JUSTIÇA GRATUITA

O Recorrente requer lhe sejam concedidos os benefícios da gratuidade de justiça, vez que não possui
condições de arcar com as custas processuais sem o prejuízo do próprio sustento e de sua família, conforme
documentação em anexo.

DOS FATOS DA DECISÃO RECORRIDA

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte recorrente, eis que a sentença recorrida oscila
entre a nulidade e o desacerto no julgamento da causa, nos seguintes termos:

Da ação movida, obteve-se a seguinte sentença:

(...) Isto posto, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS, na forma do art. 487, I do CPC,
extinguindo o processo com resolução do mérito.

A Recorrente ingressou em juízo, visando a reparação do ato ilícito do qual foi vítima das empresas
Recorridas, por todo constrangimento, sofrimento, desgaste e desapontamento causados única e
exclusivamente por elas, por todo o desrespeito e evidente falha na prestação dos serviços perante o
consumidor.

Trata-se de ação de Rito Especial, na qual narrou que em 2021 a autora foi surpreendida com e-mail
de cobrança no valor de R$ 177,57 (cento e setenta e sete reais e cinquenta e sete centavos) pela empresa 2º ré.
Ao tentar obter informações sobre a origem de tais valores, a autora verificou que se tratava de uma
dívida já paga.

Esclareceu que que no início de 2019 a 1ª Ré propôs um acordo no valor de R$ 187,19 (cento e oitenta
e sete reais e dezenove centavos) para a quitação total da dívida,

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Como se não bastasse a cobrança indevida a autora foi inscrita indevidamente em cadastro de
inadimplentes.

Assim, a atitude das empresas Recorridas, indubitavelmente, feriu as normas e princípios de proteção
ao consumidor, razão pela qual devem ser condenadas a indenizar a Recorrente a título de danos morais em
patamar elevado.

LAMENTAVELMENTE, NO TOCANTE A NÃO CONCESSÃO DOS DANOS MORAIS,


EQUIVOCOU-SE O I. JULGADOR AO NAVEGAR CONTRA OS MARES PELOS QUAIS NAVEGAM
AS DOUTRINAS E AS RECENTES JURISPRUDÊNCIAS PÁTRIAS.

Em que pesem os argumentos expendidos pelo Ilustre Magistrado a quo na r. sentença proferida, esta
não merece prosperar.

A fundamentação na qual se pautou a d. sentença guerreada é absolutamente contrária ao


entendimento manso e pacífico na doutrina e na jurisprudência. Com todo o respeito à sentença, ao sentir do
Recorrente, a mesma foi proferida em contrariedade ao princípio da sua boa-fé nas alegações, bem como da
responsabilidade objetiva das empresas Recorridas.

Importante ressaltar que a proposta de acordo enviada para a autora foi no ano de 2019, referente aos
débitos de 2018, ou seja, todos os débitos de 2018 estavam relacionados nesta proposta.

NO ENTANTO, O JUIZO A QUO, ENTENDEU EQUIVOCADAMENTE, O ACORDO ACIMA,


CONFORME SE DENOTA EM SENTENÇA!!!

Assim, quando o acordo foi realizado com a OI, este se deu no ano de 2019, onde a mesma alegou
restar tão somente aquele débito do acordo, inexistindo quaisquer outros débitos ou pendências, vez que
inclusive a linha da Autora já estava cancelada.

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O Recorrente, sendo consumidor vulnerável (art. 4º, inciso I do CDC), SE VIU OBRIGADO A
BUSCAR A DESGASTANTE VIA JUDICIAL PARA OBTER A SOLUÇÃO DO CONFLITO GERADO
PELA INCONTROVERSA ABUSIVIDADE DA EMPRESA RECORRIDA, e ademais, foi premido pelo
descaso e pela negligência desta, não se podendo aqui, portanto, acolher-se a tese de que não houve prova dos
danos morais alegados, sustentada pelas empresas Recorridas, que nada mais pretendem que se eximir da
responsabilidade objetiva estatuída pelo CODECON.

Em que pese a cultura jurídica do digno juiz prolator da sentença de primeira instância, o Recorrente
não pode se conformar com os termos da decisão. Com a devida venia, o processo acoimado de um VÍCIO
INSANÁVEL, trata-se de falha processual que, SEGUNDO A LEI ADJETIVA E A UNÂNIME
JURISPRUDÊNCIA DE NOSSOS TRIBUNAIS, compromete todo o andamento do feito, e torna-se nula a
sentença proferida, conforme explicitado abaixo:

INICIALMENTE INFORMA A V. EXAS. QUE AS RECORRIDAS EM NENHUM MOMENTO,


NEGARAM A OCORRÊNCIA DO ACORDO OU AINDA DA NEGATIVAÇÃO, SENDO, PORTANTO, A
QUESTÃO A SER ANALISADA EXCLUSIVAMENTE DE DIREITO.

DESTA FORMA, AS RECORRIDAS ASSUMIRAM FLAGRANTEMENTE AS SUAS FALHAS E


A ABUSIVIDADE NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS, DEVENDO SER PENALIZADA COM RIGOR
POR TAL CONDUTA INDEVIDA, DATA MAXIMA VENIA.

Frise-se que este fato não contestado pelas Recorridas torna-se um fato INCONTROVERSO, ou seja,
ele não sofreu contestação (controvérsia) – não se discutiu sobre ele, todos o aceitaram. E os fatos
incontroversos não precisam ser provados (não há necessidade de movimentação de prova no que diz respeito
a fatos que não foram controvertidos, ou seja, não sofreram impugnação).

Ademais, a hipótese refere-se a uma relação de consumo, regulada pelo CDC, DEVENDO O ÔNUS
DA PROVA SER INVERTIDO A FAVOR DO RECORRENTE, quer por ser parte hipossuficiente nesta
relação, quer por ser verossímil as suas alegações.

A questão deve ser analisada à luz da “Teoria da Asserção”, no qual as condições da ação são
apreciadas em tese, considerada a relação jurídica afirmada pelo Recorrente, independentemente da
comprovação dos fatos que a fundamentam. O órgão judicial tem de raciocinar como se admitisse, por

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hipótese, e em caráter provisório, a veracidade da narrativa, deixando para ocasião própria (o juízo de mérito)
a respectiva apuração, ante os elementos de convicção ministrados pela atividade instrutória.

Todavia, ressalte-se que a respectiva reparação moral deve ser arbitrada mediante estimativa prudente,
que leve em conta a razoabilidade e proporcionalidade de modo a satisfazer a dor da vítima e, de impor ao
ofensor UMA SANÇÃO QUE LHE DESESTIMULE E INIBA A PRÁTICA DE ATOS LESIVOS À
PERSONALIDADE DE OUTREM.

CONCLUSÃO
Diante do exposto, requer-se:
a) A aplicação dos benefícios da assistência judiciária gratuita ao Recorrente;

b) A reforma da sentença, para fins de condenar as Rés nos danos morais, conforme requerido em sede
de sentença;

c) Inverter o ônus da prova em favor do recorrente, nos termos do art. 6º, inciso VIII do Código de
Defesa do Consumidor pelos fatos anteriormente postos neste recurso;

Nestes termos,
Pede deferimento.

São João de Meriti, 03 de dezembro de 2023.

Andréia Cavalcanti Dias.


OAB/RJ – 211.820

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