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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 22a VARA CÍVEL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA

FEDERAL DE SÃO PAULO - SP

Processo n.º XXXXX-00.0000.0.00.0000

A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SEÇÃO DE SÃO PAULO, nos autos dos Embargos à
Execução, opostos por Nome, vem perante

V. Exa., apresentar suas CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO, requerendo sejam as mesmas


devidamente processadas.

Nestes termos, aguarda deferimento.

São Paulo, 14 de novembro de 2019.

Nome

00.000 OAB/UF

Nome

00.000 OAB/UF

CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO DE ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SEÇÃO

SÃO PAULO

E. TRIBUNAL

C. TURMA
I. BREVE SÍNTESE

1. Trata-se de Recurso de Apelação interposto por Nome

Cacao Neto em face da r. sentença que julgou improcedentes os Embargos à Execução.

2. Como se sabe, a Apelada ajuizou Ação de Execução em face

do Apelante, visando receber os valores inadimplidos referente as anuidades de 2011 a 2013,


bem como o acordo realizado em 2011.

3. Após ser devidamente citado, o Apelante opôs Embargos à

Execução alegando:

a) Preliminarmente a nulidade da sentença, uma vez que houve o cerceamento da sua defesa;
b) O reconhecimento da existência de coação no momento de assinatura do acordo;

c) A nulidade do acordo;

d) Prescrição das anuidades contidas no acordo; e

e) A litigância de má-fé da Embargada, por utilizar a frase "O executado é advogado,


regularmente inscrito nos quadros da ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, SEÇÃO DO
ESTADO DE SÃO PAULO e, (...)" na sua inicial.

4. Ato contínuo, foi proferida sentença pelo MM. Juízo de 1º


grau, o qual, de forma brilhante, julgou improcedente a demanda, nos seguintes termos

"(...)

Cuida-se de embargos à execução opostos por Antônio Cação Neto, fundados na ilegitimidade
da parte, na existência de coação, na ocorrência de prescrição de parte dos débitos que
integram a execução e na nulidade do acordo firmado para pagamento dos débitos em atraso.

Aduz, em síntese, que em 22/11/2012 foi excluído do quadro de advogados por decisão do
conselho da seccional da Embargada e, dessa forma, não poderia mais ser cobrado os valores
das anuidades não pagas, havendo expressa renúncia do direito de receber o crédito em
execução. Afirma, ainda, que houve coação por parte da requerida no momento da celebração
do acordo para pagamento do parcelamento da dívida e que, portanto, aqueles débitos
estariam prescritos. Com a inicial vieram documentos.

O feito foi distribuído à 8a Vara Federal de São Paulo, que reconheceu a prevenção com a
Execução 0015190-55.2016.403.6100 e, em vista disso, determinou a remessa dos autos a este
Juízo (ID. (00)00000-0000). A Embargada não apresentou manifestação.

O embargante requereu dilação probatória (ID. (00)00000-0000). Na decisão de ID. (00)00000-


0000, foi deferido o pedido de assistência judiciária gratuita e indeferido o pedido de produção
de prova testemunhal por se tratar de matéria exclusiva de direito.

Os autos vieram conclusos para sentença.

É o relatório. Decido.

A execução autuada sob o n.º 0015190-55.2016.403.6100 foi embasada em certidão de débito


emitida em 04/07/2016 e assinada pelo Diretor Tesoureiro da OAB/SP, referente as anuidades
de 2011, 2012, 2013 e ao acordo 41573/2011.
O artigo 46 da Lei 8.906/1994 atribui à certidão passada pela diretoria do Conselho
competente da OAB a natureza de título executivo permitindo, assim, sua execução.

Como a certidão foi emitida em julho de 2016 e a execução proposta nesse mesmo mês, não
se verifica o transcurso do prazo prescricional quinquenal previsto no inciso I do parágrafo 5º
do artigo 206, do Código Civil.

No que tange ao acordo celebrado, cujo termo consta no ID. nº (00)00000-0000dos presentes
embargos, observo que abrange as anuidades dos anos de 1998 a 2010.

De fato, quando o acordo foi firmado o prazo prescricional quinquenal já havia transcorrido
para a cobrança das anuidades referentes ao período de 2000 a 2006.

Ocorre que, muito embora o débito prescrito seja inexigível, ele não deixa de existir, tanto que
o pagamento espontaneamente efetuado reputa-se válido, sendo esta a razão da norma
contida no 882 do Código Civil:

Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação
judicialmente inexigível.

Assim, ao subscrever instrumento particular de confissão de dívida e forma de pagamento, o


embargante reconheceu o débito como válido, renunciado de forma tácita à prescrição, ao
praticar ato incompatível com o exercício desse direito. O embargante, advogado que é, tinha
plenas condições de discernir acerca do transcurso do prazo prescricional de parte de seus
débitos e tomar as medidas judiciais cabíveis (propositura de eventual ação declaratória)
objetivando o reconhecimento judicial da prescrição e a consequente inexigibilidade dos
débitos atingidos pela prescrição. Dessa forma, não merece acolhida a alegação de que foi
coagido a assinar o instrumento de transação, como forma de proceder a regularização dos
débitos.

Por outro lado, é preciso considerar que o exercício regular de um direito não caracteriza
coação.

O pagamento das anuidades ao respectivo Conselho é requisito e condição inerente ao


exercício profissional.
No caso da OAB, esta obrigação vem prevista no artigo 55 de seu Estatuto, cujo
descumprimento caracteriza infração disciplinar, nos termos do inciso XIII do artigo 34 da
mesma norma.

No tocante à alegação de que é parte ilegítima para figurar no polo passivo da Execução,
porquanto foi excluído do quadro de advogados por decisão do Conselho Seccional da
Requerida, verifico que o embargante só estará desobrigado ao pagamento das anuidades que
se referem aos anos que se seguirem ao momento que a referida decisão passou a produzir
efeitos. Veja-se que a intimação para apresentação da Carteira de Identidade Profissional só
ocorreu em abril de 2013 (ID. (00)00000-0000), tendo sido entregue em momento posterior
aquela data (ID. (00)00000-0000).

Neste contexto, o embargante exerceu por mais de dez anos a profissão de advogado sem
pagar as anuidades correspondentes, mostrando-se plenamente legítima a execução
promovida pela OAB para cobrança das anuidades até 2013. Não há nenhuma previsão no
ordenamento jurídico indicando eventual renúncia, nos termos do indicado pelo requerente
em sua petição.

Isto posto, JULGO IMPROCEDENTES OS PRESENTES EMBARGOS , extinguindo o feito com


resolução de mérito, nos termos do artigo 487, incisos I, do CPC.

Custas ex lege.

Honorários advocatícios devidos pelo embargante, os quais fixo em 10% sobre o valor
atualizado da causa, observados os benefícios da justiça gratuita deferidos no despacho de ID.
(00)00000-0000."

5. Diante disso, o Executado apresentou o presente Recurso

de Apelação, ora respondido.

6. Conforme restará demonstrado ao longo do presente


arrazoado, são infundadas as alegações do Apelante.

II. PRELIMINARMENTE - DA AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DA EMBARGADA, ORA

APELADA, PARA IMPUGNAR OS EMBARGOS

7. Antes de adentrar ao mérito, é importante destacar que de

fato a Embargada, ora Apelada não impugnou os Embargos à Execução propostos pelo
Embargante, ora Apelante.

8. Ocorre, que a inércia da Supte., ora Apelada, não se

deu por um simples descuido, mas sim pelo fato de que a mesma não foi devidamente
intimada do r. despacho que determinou a sua manifestação nesse sentido. Veja-se:

9. No entanto, uma vez que a r. sentença foi proferida de

forma completamente correta, a Embargada, ora Apelada, deixa de pleitear a nulidade de tal
decisão.

III. MÉRITO - A R. SENTENÇA RECORRIDA DEVE SER MANTIDA

 DA INEXISTÊNCIA DO CERCEAMENTO DE DEFESA - DESNECESSIDADE DE

REALIZÃO DE PROVA TESTEMUNHAL

10. Conforme muito bem fundamento na r. sentença de 1a


instância, as provas juntadas aos autos por ambas as partes são mais do que suficientes para
criar a convicção de qualquer juízo para o deslinde do feito, ou seja, tornando-se
desnecessário a realização da prova testemunhal.

11. Apenas para corroborar as alegações acima expostas, veja-

se legislação nesse sentido:

"Art. 442. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso.

Art. 443. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos: I - já provados por
documento ou confissão da parte;"

12. Ora, o Apelante juntou provas documentais suficientes de

suas alegações MOTIVO PELO QUAL NÃO SE FAZ NECESSÁRIO A REALIZAÇÃO DE PROVA
TESTEMUNHAL.

13. Ademais, a jurisprudência é pacifica nesse sentido. Veja-se:

ADMINISTRATIVO. ENSINO SUPERIOR. FIES. LEI 10.260/2001. PORTARIAS NORMATIVAS DO


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA POR INDEFERIMENTO DE PROVA
TESTEMUNHAL. DESCABIMENTO. NULIDADE AFASTADA. ACESSO AO FINANCIAMENTO
ESTUDANTIL. SISTEMA INFORMATIZADO. LIMITAÇÃO FINANCEIRA DA MANTENEDORA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS RECURSAIS. 1. Cinge-se a controvérsia ao ingresso de acadêmico
de Medicina da UNIG no Fundo de Financiamento Estudantil- FIES, que lhe teria sido
impossibilitado por falhas operacionais no sistema informatizado, inviabilizando a renovação
de sua matrícula pela ausência de recursos materiais, fato que teria ocasionado ao aluno forte
abalo emocional e situações constrangedoras, além de atrasar a conclusão de seu curso, de
forma a justificar a indenização por danos morais. 2. Agravo retido interposto sob a sistemática
do CPC/73. Descumprida a formalidade prevista no artigo 523, § 1º, o referido recurso não
deve ser conhecido.
3. Na disciplina do CPC/2015, caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, "determinar
as provas necessárias ao julgamento do mérito", indeferindo, em decisão fundamentada, as
diligências inúteis ou meramente protelatórias (artigo 370, caput e parágrafo único), o que se
aplica ao caso, pois para o deslinde da questão central nestes autos - o acesso do estudante ao
FIES, que teria sido impossibilitado por falhas do sistema informatizado -, desnecessária a
produção de prova testemunhal. 4. A Nota Técnica MEC/DTI 8/2015, tratando do
funcionamento do sistema informatizado no período de novas inscrições do FIES, rechaçou a
ocorrência de falhas no sistema que provocasse a impossibilidade de acesso, evidenciando que
o sistema operou conforme sua programação.

5. Consignou o STJ que "A negativa de produção de prova testemunhal e pericial não
caracteriza cerceamento de defesa porquanto o juiz é livre para apreciar as provas
apresentadas e para indeferir diligências que entenda inúteis ou meramente protelatórias.
Princípio do livre convencimento motivado" ( AgRg no AREsp 793.529 / SP, Rel. Min. JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, DJe 28/03/2016). 6. Nos termos da Lei nº
10.260/2001, o FIES é um programa do Ministério da Educação destinado à concessão de
financiamento a estudantes regularmente matriculados em cursos superiores não gratuitos e
com avaliação positiva nos processos conduzidos pelo Ministério da 1 Educação (artigo 1º). 7.
O contrato de financiamento estudantil nesse modelo prevê as condições em que se realizará
o empréstimo, com as cláusulas respeitando os limites da lei de regência, podendo solicitar o
financiamento os estudantes pré-selecionados no processo seletivo do FIES em cursos
presenciais de graduação não gratuitos com avaliação positiva no Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior (SINAES), oferecidos por instituições de ensino superior
participantes do programa, e que atendam às demais exigências estabelecidas nas normas do
FIES para essa finalidade. 8. A Portaria Normativa nº 1/2010 do Ministério da Educação
regulamenta a adesão das mantenedoras. Assim, existe um regramento a ser obedecido,
descabendo a ingerência do FNDE no processo decisório. 9. Na espécie, os elementos
acostados evidenciam que a situação da inscrição do demandante indica "em

preenchimento pelo aluno" para o curso de Medicina; portanto, inexistiu finalização dos
procedimentos para a contratação. 10. Como salientado pelo Juízo sentenciante, a verificação
do limite financeiro da mantenedora da Instituição de Ensino para contratação do
financiamento, assim como a reserva desses recursos aos estudantes, é realizada no ato da
inscrição no SisFIES pelos estudantes (Portaria Normativa nº 10/2010, do Ministério da
Educação). 11. Na hipótese, conclui-se que a impossibilidade de acesso ao sistema
informatizado do FIES ocorreu em razão do esgotamento do limite de financiamento reservado
à Instituição de Ensino do interesse do estudante, e não em virtude de lentidão do sistema
informatizado, sendo certo que a Nota Técnica MEC/DTI 8/2015 supracitada esclareceu esse
ponto, restando afastada inconsistência do sistema operacional, cujo bloqueio ocorre se
ausente recurso financeiro da Instituição de Ensino. 12. Em suma, caso o estudante consiga
inscrever-se no SisFIES, a Instituição de Ensino não pode lhe negar a concessão de
financiamento sob alegação de limite financeiro, já que essa verificação apenas ocorrerá
quando da conclusão da inscrição no SisFIES. Entretanto, se a mantenedora da Instituição de
Ensino tiver esgotado seu limite financeiro para contratação do financiamento, os estudantes
sequer conseguem concluir a inscrição no sistema informatizado, o que, nas circunstâncias,
amolda-se ao caso.

13. A despeito de o FIES destinar-se a facilitar o acesso de alunos ao ensino superior, o fato é
que, no caso vertente, o estudante sequer conseguiu inscrever-se no programa em virtude do
esgotamento do limite financeiro da Instituição de Ensino, restando infrutífero seu apelo
quanto ao ponto. 14. Julgado do TRF4R (AC XXXXX- 73.2015.404.7202, Rel. Desembargador
Federal CANDIDO ALFREDO SILVA LEAL JUNIOR, QUARTA TURMA, j. 30/11/2016). 15. Nos
termos do artigo 37, § 6º, da CRFB/88, a responsabilidade da Administração por danos que
seus agentes causem a terceiros é objetiva, sendo necessária à sua configuração a inequívoca
comprovação de ação ou omissão indevida do poder público, o dano causado ao indivíduo e o
liame entre esse e o prejuízo dele decorrente, surgindo, assim, o dever de indenizar da
Administração (STJ, AgRg no AgRg no REsp 1.364.430 / DF, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA,
PRIMEIRA TURMA, DJe 21/03/2014). 16. A justificativa apontada pelo demandante para o
suposto dano é a impossibilidade de ingresso no FIES por falhas no

sistema operacional - o que restou afastado -, do qual decorreria a interrupção nos estudos
universitários. Inexistindo nos autos elementos aptos a infirmar o 2 entendimento esposado
pelo Juízo sentenciante, de forma a demonstrar a ação/omissão indevida do poder público da
qual decorreria o suposto dano, descabe a indenização requerida. 17. Vencido o demandante
em seu apelo, cabe-lhe suportar o ônus dos honorários advocatícios recursais, porquanto a
sentença foi publicada na vigência do CPC/2015. 18. No caso concreto, considerando-se o
entendimento do STJ no AgInt nos EDcl no REsp 1.357.561 / MG (Rel. Min. MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, DJe 19/04/2017), os honorários advocatícios devem ser
majorados para 12% (artigos 85, § 11, do CPC/2015, e 12 da Lei nº 1.060/50). 19. Agravo retido
não conhecido. Apelação conhecida e desprovida.

(TRF-2 - AC: XXXXX20154025120 RJ 0015605- 32.2015.4.02.5120, Relator: JOSÉ ANTONIO


NEIVA, Data de Julgamento: 21/06/2017, 7a TURMA ESPECIALIZADA)

APELAÇÃO - AÇÃO DECLARATÓRIA ANULATÓRIA CUMULADA COM DANOS MATERIAIS E


MORAIS - INDEFERIMENTO DE CREDENCIAMENTO DE ATIVIDADE NÁUTICA - SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA QUE DEVE SER MANTIDA (ART. 252, REGIMENTO INTERNO DESTE TRIBUNAL)
Afastamento da preliminar de cerceamento de defesa por indeferimento da prova
testemunhal, ante a documentação anexada ser suficiente ao deslinde da controvérsia -
Ausência de ilegalidade do descredenciamento feito outrora, por falta de cumprimento das
exigências impostas - Inexistência, outrossim, de afronta aos princípios de impessoalidade e
publicidade - Legalidade do ato administrativo que veda por si só a condenação em danos
morais e materiais - Sentença mantida e recurso não provido.

(TJ-SP - AC: XXXXX20168260118 SP 1000249- 12.2016.8.26.0118, Relator: Bandeira Lins, Data


de Julgamento: 03/10/2019, 8a Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 03/10/2019)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REGRESSIVA DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS AJUIZADA POR
SEGURADORA CONTRA

CELESC. SEGURADO QUE TEVE BENS ELETRÔNICOS DANIFICADOS EM VIRTUDE DE SUPOSTO


DISTÚRBIO ELÉTRICO. SENTENÇA QUE JULGOU IMPROCEDENTE O PEDIDO CONDENATÓRIO.
RECURSO DA AUTORA. PRELIMINAR. ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA PELO
INDEFERIMENTO DA PROVA TESTEMUNHAL E DOCUMENTAL. PRETENSÃO DISPENSÁVEL, NA
HIPÓTESE. PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO DO JUIZ. PROVAS
DOCUMENTAIS SUFICIENTES À FORMAÇÃO DO CONVENCIMENTO. PROEMIAL AFASTADA .
Demandada prestadora de serviço público. Responsabilidade civil objetiva caracterizada.
Necessidade, todavia, de comprovação pela parte autora do nexo de causalidade entre o dano
e suposto ato ilícito praticado pela concessionária. Laudo técnico apresentado pela apelante
que aponta a mera possibilidade de descarga elétrica (raio) como motivo do estrago dos
aparelhos. Não comprovação da oscilação energética sustentada pela seguradora apelante.
Sentença mantida. Recurso desprovido.

(TJ-SC - AC: XXXXX20188240019 Concórdia XXXXX- 96.2018.8.24.0019, Relator: Osmar Nunes


Júnior, Data de Julgamento: 03/10/2019, Sétima Câmara de Direito Civil)

14. Dessa forma, portanto, não há que se falar em cerceamento

de defesa, uma vez que os documentos juntados pelo Apelante e pela Apelada já são
suficientes para a elucidação do caso e, consequentemente, indeferimento do pleito do
mesmo, vez que não lhe assiste razão.

 DA LEGITIMIDADE DO APELANTE PARA FIGURAR COMO PARTE PASSIVA NA

EXECUÇÃO
15. Aduz o Apelante que não é parte legitima para figurar no

polo passivo da Execução por ter sido excluído dos quadros de advogados desta entidade.

16. No entanto, a exclusão do mesmo só se deu em 10 de abril

de 2013.

Veja-se:

17. Inclusive, nessa mesma data foi enviado ao Apelante uma

intimação para que o mesmo procedesse com a devolução da Carteira de Identidade


Profissional, conforme se verifica do documento juntado pelo próprio Apelante.

18. Sendo assim, conforme muito bem fundamentado na r.

sentença, o Apelante é sim parte legitima para figurar no polo passivo do processo de
Execução:

"No tocante à alegação de que é parte ilegítima para figurar no polo passivo da Execução,
porquanto foi excluído do quadro de advogados por decisão do Conselho Seccional da
Requerida, verifico que o embargante só estará desobrigado ao pagamento das anuidades que
se referem aos anos que se seguirem ao momento que a referida decisão passou a produzir
efeitos. Veja-se que a intimação para apresentação da Carteira de Identidade Profissional só
ocorreu em abril de 2013 (ID. (00)00000-0000), tendo sido entregue em momento posterior
aquela data (ID. (00)00000-0000).

Neste contexto, o embargante exerceu por mais de dez anos a profissão de advogado sem
pagar as anuidades correspondentes, mostrando-se plenamente legítima a execução
promovida pela OAB para cobrança das anuidades até 2013. Não há nenhuma previsão no
ordenamento jurídico indicando eventual renúncia, nos termos do indicado pelo requerente
em sua petição."

19. Desse modo, portanto, todas as anuidades executadas pela

Apelante são devidas na sua integralidade, inclusive a anuidade referente ao ano de 2013 -
quando o advogado fora excluído dos quadros da OAB.

20. Isto porque, as contribuições da OAB possuem

caráter anual, portanto não é possível o pagamento proporcional das anuidades aos
dias/meses que o Apelante permaneceu inscrito nos quadros de advogados da referida
instituição.

 DA AUSÊNCIA DE PRESCRIÇÃO E DE COAÇAO NO INSTRUMENTO DE CONFISSÃO

DE DÍVIDA REALIZADO PELO APELANTE

21. O Apelado requer a anulação do Instrumento de Confissão

de Dívida e Acordo realizado em 2011, através do qual se comprometeu a realizar o


pagamento do débito em 60 (parcelas) parcelas, alegando que foi coagido a realizar o aludido
acordo e pagar dívida já prescrita.

22. Em primeiro lugar, é obrigação do inscrito realizar o

pagamento das contribuições da Entidade e, se o advogado permanecer inerte ao pagamento


das anuidades estará cometendo infração disciplinar, conforme previsto no artigo 34 do EOAB.

Veja-se.
"Art. 34. Constitui infração disciplinar:

XXIII - deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB, depois de
regularmente notificado a fazê-lo ;"

23. Ou seja, foi o caso do Apelante que deixou de contribuir com

as anuidades desde o ano de 1998, quando em 1999 novou a sua dívida realizando um
parcelamento do débito, onde não efetuou o pagamento de nenhuma parcela.

24. Assim, o Apelante efetuou NOVO parcelamento, até chegar

no que é objeto da presente demanda, realizado em 2011, do qual o mesmo pretende de


forma totalmente descabida alegar a prescrição das anuidades contidas no aludido acordo.

Veja-se:

25. Inclusive, diferentemente do alegado pelo Apelante,

o mesmo realizou o pagamento de duas parcelas do acordo realizado em 2011, confira- se:

26. Ora Exa., causa estranheza o fato do Apelante, ter sido

supostamente coagido a realizar um acordo e mesmo assim pagar duas parcelas do


mesmo???!!!

27. Outrossim, a prescrição é a perda da pretensão do titular de


um direito, que por sua inércia, não o exerceu em determinado tempo, no entanto, a Apelada
como credora não poderia mais utilizar do seu direito de cobrar alguns débitos, no entanto, a
dívida nunca deixou de existir, podendo o devedor pagar o que era por si devido, utilizando de
seu direito de renunciar a prescrição - o que ocorreu no caso em exame , conforme previsto no
artigo 191 do Código Civil:

"Art. 191 : A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem
prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se
presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição."

28. Ademais, como elucidado de forma brilhante na r. sentença

ora recorrida, o Apelado é Advogado e tinha plena e total condição de entender que ao
realizar o acordo, estava reconhecendo o débito como válido, e consequente renunciado, de
forma tácita, à prescrição.

29. Assim, o que de fato ocorreu, foi a efetivação de um acordo

de forma espontânea pelo Apelante.

30. Não é crível que um advogado realizaria um acordo de forma

consciente sem concordar com os termos do mesmo, até porque, caso o Apelante não
concordasse com os termos do Instrumento de Confissão de Dívida, obviamente teria discutido
judicialmente, conforme bem exposto pelo magistrado em sua r. sentença.

31. Ademais, causa estranheza o fato de tal acordo ter sido

realizado em outubro de 2011 e o Apelante ter contestado somente após a citação da Ação de
Execução...

32. Dessa forma, portanto, resta claro que com a realização do


acordo, além de renunciar a prescrição dos débitos, houve, também, automaticamente a
NOVAÇÃO DA DÍVIDA , previsto no Código Civil.

Veja-se.

"Art. 360: Dá-se a novação:

I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;

(...)"

33. Tanto é assim, que o MM. Juiz de 1a instância,

acertadamente, reconheceu que "O embargante, advogado que é, tinha plenas condições de
discernir acerca do transcurso do prazo prescricional de parte de seus débitos e tomar as
medidas judiciais cabíveis (propositura de eventual ação declaratória) objetivando o
reconhecimento judicial da prescrição e a consequente inexigibilidade dos débitos atingidos
pela prescrição. Dessa forma, não merece acolhida a alegação de que foi coagido a assinar o
instrumento de transação, como forma de proceder a regularização dos débitos."

34. Desse modo, resta claro que em momento algum o Apelante

foi coagido a realizar o acordo, bem como o fato de que o mesmo preferiu efetuar naquele
momento o parcelamento do débito, ao invés de impugnar os valores.

IV. DA CONCLUSÃO

35. Diante do exposto, requer seja desprovido o presente

recurso e, consequentemente, mantido os termos da r. sentença de primeira instância, uma


vez que:
a) Não houve cerceamento de defesa;

b) O Apelado é parte legitima para figurar o polo passivo da Execução;

c) Não houve coação no momento da realização do acordo de 2011; e

d) Não há que se falar em prescrição das anuidades contidas no aludido acordo;

36. Por fim, requer que todas as publicações e intimações sejam

remetidas em nome da subscritora Dra. Nome, 00.000 OAB/UF.

Termos em que, pede deferimento. São Paulo, 14 de novembro de 2019.

Nome

00.000 OAB/UF Nome

00.000 OAB/UF

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