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Ato contínuo, Excelência, o Requerente solicitou ao banco algum documento que comprove
a negativaçã o afim de comprovar a impossibilidade de lhe concederem um cartã o de
crédito, haja vista que é cliente do banco a muito tempo e as referidas pendências lhe
causam constrangimentos diante dos atendentes e dos clientes. Entretanto, o atendente
informou que nã o poderia lhe dar nenhum documento do banco relativo ao débito junto as
Requeridas.
Diante disso, Excelência, o Requerente retornou ao banco mais uma vez e mostrou a
declaraçã o da pró pria Requerida de que nã o haviam débitos, na tentativa de conseguir o
crédito que necessita, entretanto, negaram o crédito almejado, informando ao Requerente
que este deveria buscar o cartório de protestos desta comarca, pois constava
também um título protestado em nome da Universidade X, Primeira Requerida,
momento este que o Requerente resolveu gravar o atendimento, pois precisava ter
algo que comprovasse toda essa angústia vivenciada (áudios anexados).
Ora, Excelência, além da Primeira Requerida afirmar que nã o existem débitos por parte do
Requerente no departamento financeiro da faculdade e o Requerente nunca ter celebrado
nenhuma contrataçã o com a Segunda Requerida, negativaram o autor no banco de
dados do Serasa e ainda protestaram o título no cartório, conforme afirma o atendente
bancá rio.
Dito isto, ressalta-se que, embora o Requerente tenha contratado apenas os serviços
educacionais da primeira Requerida e o registro indevido no SERASA seja a título de
cobrança de parcelas do curso de x, NUNCA HOUVE CONTRATAÇÃ O DOS SERVIÇOS
ESTUDANTIS DA SEGUNDA REQUERIDA.
Apesar disso, verifica-se na tela de registro de dívidas no Serasa, que a Segunda
Requerida é credora de um débito relativo a 3 dívidas de parcelas de um suposto
curso , no valor total de R$ (x reais e x centavos), vejamos: (colacionar se houver)
Lado outro, embora a Primeira Requerida afirme que não há débitos junto a mesma,
inclusive providenciando uma declaraçã o financeira ao Requerente (documento anexo),
verifica-se que 2 (dois) anos apó s o cancelamento do curso x, conta um débito no site do
aluno exatamente com as datas e valores exigidos pela Segunda Requerida, vejamos:
(colacionar se houver)
Ora Excelência, já nã o é normal a Segunda Requerida que nunca teve nenhuma relaçã o
contratual com o Requerente exigir supostos valores devidos à Primeira Requerida. Por
outro lado, como o Requerente apó s dois anos do encerramento de seus estudos,
financiados - ou seja, pagos pelo banco – e, sem renovaçã o da matrícula, tem exigido
valores que desconhece? Valores esses desconhecidos até mesmo pela Primeira Requerida,
conforme declaraçã o anexada:
Diante disso, necessita o Requerente, através deste juízo, da declaração de inexistência
de débitos, bem como a imediata retirada de seu nome do banco de dados do Serasa e
do cartório de protestos, pois, é incontroverso que os atos das Requeridas sã o abusivos e
contrá rios aos princípios informadores do Có digo de Defesa do Consumidor e de todo o
ordenamento jurídico, visto a exigência de pagamento de valores nunca contratados.
Ora, do que se trata a cobrança registrada no banco de dados do Serasa pela Segunda
Requerida, exatamente nos valores dos débitos que constam no portal do aluno no site da
Primeira Requerida? Frisa-se, não houve contratação dos serviços educacionais da
Segunda Requerida e, em relação ao curso x contratado à Primeira Requerida,
HOUVE PAGAMENTO DE TODOS OS CUSTOS E DESPESAS DO CURSO ATRAVÉS DO
FINANCIAMENTO ESTUDANTIL e ainda, foi devidamente realizado o cancelamento da
matrícula junto à Primeira Requerida de forma presencial em 2017, então de onde
surgiu um débito em 2019?
Vale lembrar que o ordenamento pá trio consagrou o princípio da força obrigató ria dos
contratos, a fim de garantir segurança jurídica nas relaçõ es entre os particulares. Na esteira
do art. 472 do Có digo Civil, o distrato deveria ter sido realizado da mesma forma do
contrato, presencialmente e por escrito e assim o Requerente o fez.
Verifica-se que o contrato firmado tem como Contratada a Primeira Requerida, somente ela
e a mesma nã o poderia alterar os moldes contratuais para incluir a Segunda Requerida, tã o
pouco transferir o ô nus de cobrança de qualquer valor devido a mesma.
Veja Excelência, conforme todos os registros semestrais juntados, o Requerente
arcou com todas obrigações educacionais e, ao final, encerrou a matrícula sem
débitos com a Primeira Requerida sem nenhuma outra contratação posterior:
IV – DO DIREITO
IV.1 – DA INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E DA COBRANÇA INDEVIDA
Conforme o narrado, o Requerente contratou os serviços da Primeira Requerida nos
termos já informados, qual seja, a prestaçã o dos serviços educacionais no curso x, porém,
teve que paralisar os estudos contratados e, embora tenha cumprido com a parte que lhe
cabia na relaçã o indo presencialmente realizar o encerramento da matrícula, passou a
sofrer pela cobrança de um suposto valor curso x pela Segunda Requerida, sendo inclusive
negativado frente o Serasa, por cobranças de valores desconhecidos contratualmente, visto
que jamais firmou contrataçã o alguma com a Segunda Requerida.
No caso dos autos, o Requerente nã o deixou de cumprir com sua obrigaçã o enquanto
estudante, de forma que pudesse originar dívidas com a requerida, tendo em vista que
todos os negó cios jurídicos firmados com a ré foram cobridos pelo financiamento
estudantil - FIES e, diante do encerramento dos estudos pelo Requerente com a
Primeira Requerida, não há que se falar em débitos, sendo inclusive apresentado
uma declaração da própria faculdade informando que não havia nenhum débito
junto ao departamento financeiro da faculdade referente ao curso de x
(comprovante anexo).
Com efeito, a Segunda Requerida, ao cobrar serviços que nunca foram contratados pelo
Requerente, tinha o conhecimento de que nunca foi firmado nenhum negó cio jurídico entre
as partes e, independente da relaçã o que tenha com a Primeira Requerida, não existe
nenhum débito com a mesma.
Todavia, conforme comprova tela de registro de dívidas no Serasa, a Segunda Requerida
alega que existe um débito relativo a 3 dívidas de parcelas de um suposto curso de x, no
valor total de R$x (x reais e x centavos). Entretanto, Excelência, os atos da Segunda
Requerida sã o abusivos e contrá rios aos princípios informadores do Có digo de Defesa do
Consumidor e de todo o ordenamento jurídico, a partir do momento que passou a exigir do
Requerente o pagamento de valores nunca contratados.
Acontece Excelência, que de fato as Requeridas parecem ter um vínculo entre elas,
conforme consta nos sites sobre bolsas e estudos e ainda, verifica-se que a cobrança
em analise se trata exatamente do curso x firmado contrato com a Primeira
Requerida.
A vista disso, questiona-se ainda do que se trata a cobrança registrada no banco de dados
do Serasa, pois nã o houve contrataçã o dos serviços educacionais da Segunda Requerida e,
em relaçã o ao curso X contratado à Primeira Requerida, houve pagamento de todos os
custos e despesas do curso, bem como foi devidamente realizado o cancelamento da
matrícula junto à Primeira Requerida e o encerramento do financiamento estudantil junto
ao SisFIES - Sistema Informatizado do FIES.
Ora Excelência, não há débitos estudantis por parte do Requerente, uma vez que a
Primeira Requerida declara que não existe pendência junto ao departamento
financeiro, por sua vez, não houve contratação do curso X com nenhuma outra
instituição e, apesar disso, sofre o Requerente com a cobrança abusiva por parte das
Requeridas que, inclusive, houve registro no banco de dados do Serasa e no cartório
de protestos de títulos indevidamente, como demonstram as telas em anexo.
Ora, a lei é regra, no presente caso, da mesma forma, deve ser interpretada e aplicada
considerando a falha na informaçã o, caso em que a Requerida deveria ter mais cautela
em exigir valores não pactuados, muito menos ter registrado nos órgãos de proteção
ao crédito causando constrangimentos ao Requerente.
Do ponto de vista da lei, vale salientar que, o Có digo de Defesa do Consumidor nã o traz
oposiçã o alguma a realizaçã o de cobrança das dívidas pelas empresas credoras. O que se
pode punir e é isso que se busca na presente lide, é a maneira abusiva com que as
cobranças sã o realizadas. Em especial quando dívida não há.
O CDC busca evitar os excessos cometidos em tal ato. Em conformidade com o artigo 42,
“Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto à ridículo, nem será
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça”.
Insta salientar que o credor tem sim todo o direito de cobrar sua dívida, quando lhe é
devida. Porém, que se faça dentro dos limites da lei, é claro. Esses problemas causados
pela negligência das rés, decorrente da falta de assistência adequada no momento da
contrataçã o, em que DEVERIA ter esclarecido ao Requerente os valores a serem pagos.
Por sua vez, a responsabilidade civil visa reprimir o dano causado pelo agente em face do
indivíduo lesado material ou moralmente. Vê-se que a responsabilidade civil apresenta
duas espécies distintas, sendo a responsabilidade subjetiva e a responsabilidade objetiva.
A responsabilidade civil subjetiva emana do ato ilícito, além de trazer a necessidade de
caracterizar como requisitos fundamentais a culpa, o dano e o nexo causal entre este e
aquela. No caso em tela, é evidente a existência da responsabilidade objetiva, como sendo
aquela em que o dano deverá ser reparado independente de culpa, conforme os ditames do
pará grafo ú nico do artigo 927 do Có digo Civil:
Artigo 927. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
O Có digo de Defesa do Consumidor dispõ e ainda, por seu artigo 14, que a responsabilidade
do fornecedor de serviços é objetiva, prescindindo da demonstraçã o de culpa:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Diante do exposto, fica evidenciado o ato ilícito, a lesividade e a necessidade de
reparar o dano, que se dá independentemente da existência de culpa por parte das
Requeridas. Assim, a falta de justificativa pela Requerida para negativação do nome
do Requerente por cobranças indevidas e abusivas, deve ser identificada como dano
causado a outrem, sem contar a forma de realizar suas cobranças, na forma
preconizada no artigo 927, do Código Civil, a jurisprudência pátria há muito vem
reconhecendo de forma pacifica o dano moral em circunstância análoga a relatada
nos autos.
O dano moral, nada mais é que a violaçã o do direito à dignidade da pessoa. A ofensa à
intimidade, à honra, à vida privada, ao direito individual, dentre outros, constitui lesã o a
direito personalíssimo, autorizando, assim, a compensaçã o indenizató ria.
Conforme as liçõ es do mestre Orlando Gomes:
“Dano moral é, portanto, o constrangimento que alguém experimenta em consequência de
lesão em direito personalíssimo, ilicitamente produzida por outrem. Observe-se, porém, que
esse dano não é propriamente indenizável, visto como indenização significa eliminação do
prejuízo e das consequências, o que não é possível quando se trata de dano extrapatrimonial.
Prefere-se dizer que é compensável. Trata-se de compensação, e não de ressarcimento.
Entendida nestes termos a obrigação de quem o produziu, afasta-se a objeção de que o
dinheiro não pode ser equivalente da dor, porque se reconhece que, no caso, exerce outra
função dupla, a de expiação, em relação ao culpado, e a de satisfação, em relação à culpa”.
(GOMES, 1995, p. 271)
Importante ressaltar, que nã o existe no dano moral um objetivo de acréscimo patrimonial
para o ofendido, mas sim a finalidade de compensaçã o pelos males sofridos. Como
decorrência de tal realidade, pode-se citar a Sú mula 498 do Superior Tribunal de Justiça,
que determina a nã o incidência do imposto de renda sobre os valores recebidos em
indenizaçã o por dano moral, ou seja, segundo entendimento sumulado pelo STJ, a
indenizaçã o por dano moral nã o constituiria aumento patrimonial, e como consequência
nã o seria suscetível de tributaçã o.
Isto posto toma-se imperativa a apuraçã o dos danos morais em favor do Requerente,
devidamente arbitrados por esse Juízo e mensurados.
Inexistindo critérios objetivos traçados em lei para chegar-se diretamente ao valor da
indenizaçã o, e porque é mesmo da essência do dano moral nã o possuir medida material ou
física correspondente, o nosso ordenamento pá trio adotou o arbitramento como melhor
forma de liquidaçã o do valor indenizató rio.
A regra está contida no artigo 944 do Có digo Civil: "A indenização mede-se pela extensão do
dano." A moderna noçã o de indenizaçã o por danos morais, quanto aos seus objetivos
imediatos e reflexos, respectivamente, funda-se no binô mio 'Valor de desestímulo e valor
compensató rio".
O valor de desestímulo deve se atrelar sobremaneira a intimidar o reclamado a evitar a
prá tica de novos atos neste mesmo sentido, ou ainda, a prestar os esclarecimentos e
atendimentos primordiais aos seus clientes caso ocorra fatos aná logos.
Por seu turno, o valor compensató rio deve pautar-se pelo fato de compensar os danos
sofridos no â mago íntimo por parte do reclamante.
Isto posto, para evitar maiores erros por parte da Requerida, inclusive na sua má intençã o e
evitar novamente que cometa abusos, imperioso se faz em fixar o montante referente à
indenizaçã o por danos morais no valor equivalente a R$ XX (X mil reais), do qual deverá ser
corrigidos monetariamente pelo INPC, mais juros morató rios de um por cento desde a data
do evento danoso (CC, art. 398), somente assim irá respeitar os ditames consumerista.
A jurisprudência deste Egrégio Tribunal de Justiça reconhece a existência de dano moral
nesses casos:
EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - DECLARATÓ RIA DE INEXISTÊ NCIA DE DÉ BITO C/C
INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS - PÓ S-GRADUAÇÃ O - CANCELAMENTO MATRÍCULA -
PROVA DO REQUERIMENTO - NEGATIVAÇÃ O POR DÉ BITOS POSTERIORES - ILEGALIDADE
- MINORAÇÃ O DO VALOR ARBITRADO - IMPOSSIBILIDADE - VALOR ARBITRADO DENTRO
DOS PARÂ METROS LEGAIS. Restando demonstrado o requerimento por parte do aluno
de cancelamento de sua matrícula, feito diretamente ao representante da instituição,
mostra-se ilegal a negativação realizada com base em débitos posteriores a tal ato. A
fixação do quantum indenizatório deve ser capaz de compensar o Autor pelos
gravames sofridos, não pode ensejar o enriquecimento ilícito deste, devendo ser,
ainda, apta a desestimular a reiteração na conduta ilícita praticada. (TJMG - Apelaçã o
Cível 1.0106.15.005300-2/001, Relator (a): Des.(a) Mô nica Libâ nio , 15ª CÂ MARA CÍVEL,
julgamento em 27/10/2016, publicaçã o da sumula em 07/11/2016) (Destaques
acrescidos)
EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE INEXISTÊ NCIA DE DÉ BITO C/C
INDENIZAÇÃ O POR DANO MORAL - INSCRIÇÃ O DO NOME DA PARTE NOS CADASTROS
RESTRITIVOS DE CRÉ DITO - CANCELAMENTO DA MATRÍCULA EM CURSO SUPERIOR -
COBRANÇA POSTERIOR DE MENSALIDADES - IMPOSSIBILIDADE - ATO ILÍCITO
CONFIGURADO - DANOS MORAIS - OCORRÊ NCIA - COMPROVAÇÃ O - DESNECESSIDADE -
PRESUNÇÃ O - TERMO INICIAL DE INCIDÊ NCIA DOS JUROS DE MORA - DATA DA CITAÇÃ O -
RELAÇÃ O JURÍDICA DE NATUREZA CONTRATUAL - ALTERAÇÃ O NA SENTENÇA QUE SE
IMPÕ E.
Restando incontroverso nos autos que o autor promoveu o regular cancelamento da
matrícula no curso superior oferecido pela requerida, e que, à época, quitou todas as
despesas decorrentes do referido cancelamento, indevida a cobrança de
mensalidades posteriores e irregular inclusão do nome do postulante nos cadastros
restritivos de crédito, equiparando-se, tal medida, ao ato ilícito autorizador do dever
de indenizar.
Na hipótese de negativação indevida do nome da parte, desnecessária a
comprovação objetiva do dano moral, haja vista que este se presume.
O valor da indenização deve ser fixado de acordo com a natureza e extensão do dano
extrapatrimonial, pautando-se sempre pela razoabilidade e proporcionalidade, não
podendo jamais configurar uma premiação ou se mostrar insuficiente a ponto de não
concretizar a reparação civil, nem trazer enriquecimento ilícito para o ofendido.
Sobre o valor da indenização por danos morais devem incidir correção monetária a
partir da publicação da decisão que a fixou e juros de mora de 1% ao mês, desde a
citação, sendo de notar que eventual alteração no termo a quo de incidência dos
juros de mora ou da correção monetária não configura reformatio in pejus ou
julgamento ultra petita, haja vista que se trata de matéria de ordem pública. (TJMG -
Apelaçã o Cível 1.0024.12.026569-9/001, Relator (a): Des.(a) Luciano Pinto , 17ª CÂ MARA
CÍVEL, julgamento em 09/10/2014, publicaçã o da sumula em 21/10/2014) (Destaques
acrescidos)
EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O - INCLUSÃ O INDEVIDA DO NOME
DA PARTE AUTORA EM CADASTRO DE NEGATIVAÇÃ O AO CRÉ DITO - DÉ BITO ORIGINADO
APÓ S O TRANCAMENTO DE MATRÍCULA - DANOS MORAIS - CONFIGURAÇÃ O - QUANTUM
INDENIZATÓ RIO - REDUÇÃ O - IMPOSSIBILIDADE. É indevida a negativação do nome do
consumidor nos órgãos de proteção ao crédito em razão de suposto débito originado
após o pedido de cancelamento de matrícula. É presumido o dano moral em casos de
inscrição indevida do nome da parte autora nos cadastros de negativação ao crédito,
por inegável abalo ao nome, direito da personalidade. Não é possível a redução do
quantum indenizatório arbitrado na sentença a título de indenização por danos
morais, se tal valor revela-se irrisório. (TJMG - Apelaçã o Cível 1.0000.18.131196-0/001,
Relator (a): Des.(a) Luciano Pinto , 17ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em 24/01/0019,
publicaçã o da sumula em 25/01/2019) (Destaques acrescidos)
Destaca-se ainda o entendimento dos tribunais pá trios em relaçã o a negativaçã o indevida:
AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉ BITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃ O
POR DANOS MORAIS – Autor que nega ter celebrado contrato com o banco réu – Inscrição
indevida do nome do autor nos órgãos de proteção ao crédito – Débito inexigível e
dano moral configurado, que não se limitou a um mero aborrecimento – Valor da
indenizaçã o fixado em 10 salá rios mínimos, que se apresenta abaixo do devido – Valor
majorado para R$ 15.000,00, que se mostra adequado à espécie – Majoraçã o da verba
honorá ria para 20% sobre o valor da condenaçã o, nos termos do art. 20, § 3º, CPC/1973
(art. 85, § 2º, CPC/2015)– RECURSO PROVIDO.” (Apelaçã o nº 0025194-69.2013.8.26.0576;
Relator: Sérgio Shimura; Comarca: Sã o José do Rio Preto; Ó rgã o julgador: 23ª Câ mara de
Direito Privado; Data do julgamento: 13/07/2016) (Destaques acrescidos)
Vale lembrar que a Constituiçã o Federal de 1988, em seu art. 5º, consagra a tutela do
direito à indenizaçã o por dano material ou moral decorrente da violaçã o de direitos
fundamentais, tais como a honra e a imagem das pessoas: " Art. 5º inciso X - São invioláveis a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; (...) ".
A previsã o normativa para a reparaçã o por danos, inclusive de ordem moral, está também
elencada no artigo 927 do Có digo Civil, como dito, estabelecendo a obrigaçã o em indenizar
a quem causar dano a outrem, mediante ato ilícito. Cumpre ressaltar que o ato ilícito está
disciplinado no artigo 186 do Có digo Civil, in verbis: “Art. 186 - Aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito. ”
Ante o exposto, tem-se como caracterizados os requisitos necessá rios configuradores do
dano moral indenizá vel, quais sejam: o ato ilícito das rés que consiste na negativaçã o
indevida, exigindo pagamento de valores nã o contratados apó s o encerramento dos
estudos na instituiçã o financeira onde consta que nã o existem débitos, os contratempos
advindos de tal situaçã o vexató ria que consiste no dano efetivo; e por fim, o nexo de
causalidade, posto que tais constrangimentos decorreram diretamente da negativaçã o
abusiva e indevida por parte das Requeridas.
Requer-se, pois, sejam as demandadas condenadas solidariamente à indenizaçã o por danos
morais em R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
V - DA CONCEÇÃO DA LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE
O requerente deseja ver cessado o constrangimento junto aos bancos e demais credores
pela negativaçã o indevida e, por conseguinte, necessita a imediata retirada de seu nome do
cadastro de inadimplentes do banco de dados do SERASA e dos protestos cartorá rios,
conforme comprovado. Para a concessã o da liminar pleiteada, os dois requisitos bá sicos
estã o presentes.
Por probabilidade do direito (fumus boni iuris - fumaça do bom direito), entende-se pela
probabilidade da existência do direito, o que resta evidenciado na presente peça vestibular.
Já o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, torna-se inevitá vel a
comparaçã o com o periculum in mora – perigo da demora, podendo ser traduzido como a
probabilidade de diminuição e ou impossibilidade de gozo do direito pretendido com
a demora ocasionada pela marcha processual.
A probabilidade do direito já delineada resta comprovada nas razõ es de direito expostas e
dos suplementos jurisprudenciais colacionados, que demonstram a ilegalidade por parte
das Requeridas em exigir valor indevido, negativando de forma indevida o Requerente nos
ó rgã o de proteçã o ao crédito, sendo que, o mesmo necessita de vias judiciais para ter seu
direito constitucional resguardado.
i) DO FUMUS BONI IURIS - Meritíssimo Juiz, como outrora explanado, inexiste justa causa
para a negativaçã o em comento, pois conforme explanado nestes autos, existe declaraçã o
expressa da Primeira Requerida de que não existe nenhum débito com a mesma, sendo
inclusive juntado tela do portal do aluno onde consta: “Identificamos que você não possui
débitos referentes ao ano de 2019!”. Sendo assim, a negativaçã o do nome do requerente nos
ó rgã os de proteçã o ao crédito (Serasa e protestos comprovados), é indevida, pois não há
débito aberto com as Requeridas e houve cancelamento do contrato estudantil de
forma presencial e formal, tornando o ato das Requeridas abusivos e ilegais, nos
moldes dos artigos 6º, VI do CDC e 186, 187 e 927 do Código Civil.
ii) DO PERICULUM IN MORA - O periculum in mora consiste nos prejuízos advindos da
demora na resoluçã o da questã o, pois o nome do Autor está incluído nos ó rgã os de
proteçã o ao crédito mesmo com declaraçã o expressa com inexistência de débito junto à
contratada, cabendo ressaltar, que estes prejuízos podem ser irrepará veis, visto que o
requerente nã o pode ter o seu nome negativado nos ó rgã os de proteçã o ao crédito de
forma indevida. A delonga aumenta ainda mais o constrangimento que vem sofrendo
em decorrência da injusta cobrança, repercutindo tal fato, em sua vida social,
profissional e familiar. Ademais, sempre que fizer alguma tentativa de crédito, com a
restrição, fica impedido de contrair empréstimos ou realizar financiamentos, sem
falar na dificuldade que assola sua vida empresarial, pois necessita com urgência dos
benefícios bancários e não pode aguardar até o final do processo para a retirada de
seu nome dos órgãos de proteção ao crédito.
A despeito de tudo isso, conforme se verifica nos documentos juntados, nã o existe nenhum
valor a ser pago, visto que o contrato estudantil era cobrido pelo financiamento estudantil
(FIES), ou seja, todos os valores advindos do curso xxx eram pagos pelo banco, nã o há que
se falar, portanto, em débitos oriundos ao curso de xxx, sendo inclusive declarado a
inexistência de débito pela pró pria contratada, Primeira Requerida.
Vejamos nos termos do contrato junto ao banco responsável pelo financiamento
estudantil, que o percentual do financiamento era em 100% (cem por cento) dos
valores e foi efetivado desde o início do curso contratado até o dia do encerramento,
ou seja, de x de x de 2013 até o encerramento em x de x de 2017. Deste modo, resta
comprovado que os valores advindos da contratação do curso de X estavam
devidamente pagos através do financiamento estudantil, vejamos:
Há verossimilhança nos fatos alegados e a “boa-fé” do Requerente que buscou dirimir as
desavenças de forma administrativa indo pessoalmente à instituiçã o financeira para
verificar do que se tratava o débito desconhecido e, a pró pria contratada afirmou que nã o
havia nenhum valor devido relativo ao curso contratado.
Ressalte-se, o art. 300 do CPC, que preconiza o pedido de Tutela Antecipató ria, como segue:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado ú til do processo.
§ 1o Para a concessã o da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir cauçã o real
ou fidejussó ria idô nea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo
a cauçã o ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente nã o puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou apó s justificaçã o prévia.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada nã o será concedida quando houver perigo
de irreversibilidade dos efeitos da decisã o.
Diante de tudo o que acima se expô s, cumpre que seja concedida, inaudita altera parte, em
cará ter de urgência, CONCESSÃ O DE MEDIDA LIMINAR a título de antecipaçã o da tutela,
para determinar que os RÉ US sejam compelidos a imediata retirada do nome do autor
dos órgãos de proteção ao crédito, sob pena de aplicação de multa diária, a ser
arbitrada por Vosso juízo.
VI – DOS PEDIDOS
EX POSITIS, requer a autora que Vossa Excelência adote as cautelas legais de estilo, se digne
em:
1. Conceder-lhe os benefícios da justiça gratuita, assegurados pela Constituiçã o Federal,
artigo 5º, LXXIV e artigo 98 e seguintes do Có digo de Processo Civil de 2015;
2. A concessão liminar da tutela provisória de urgência, para determinar a IMEDIATA
RETIRADA DO NOME DO DOS ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO SPC/SERASA e
PROTESTOS. Por conseguinte, devem os réus serem intimados da referida concessão
para cumpri-la em caráter de urgência, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito)
horas – a contar da intimação, sob pena de aplicação de multa diária, a ser arbitrada
por Vosso juízo.
3. Requer, desde já , a aplicaçã o da inversão do ônus da prova, para que seja juntado aos
autos as gravações das ligações telefônicas das cobranças, o pedido de cancelamento
realizado de forma presencial pelo Requerente, bem como todo acervo referente ao
narrado em que Vossa Excelência achar pertinente, visto serem as detentoras de todo
material probante.
4. Determinar a citaçã o da Requerida, na pessoa do seu representante legal no endereço
anteriormente indicado, a fim de que a mesma, querendo, apresente defesa, no prazo
assinalado em lei.
4. Julgar totalmente procedente o pedido formulado para:
I - DECLARAR A INEXIGIBILIDADE DO DÉBITO à título de “curso de x” (número de
parcela x, contrato x, no valor de R$x), devendo as rés se absterem de efetuar novas
cobranças ou negativar o nome da parte autora por conta do débito mencionado, sob
pena de multa desde já arbitrada no dobro do valor que vier a ser cobrado ou inscrito.
II - Condenar a promovida ao pagamento de indenização por danos morais no valor de
R$ x,00 (x mil reais), observando-se o cará ter pedagó gico-punitivo da indenizaçã o;
5. Condenar as Requeridas ao pagamento das custas e dos honorá rios advocatícios de
sucumbência, em eventual improvimento de recurso por ele interposto, estes ú ltimos, no
valor de 20% do valor da causa, em conformidade com o art. 85 do CPC;
Protesta pela produçã o de todos os meios de prova admitidos em direito, notadamente a
documental, testemunhal e pericial;
Dá -se à causa o valor de R$ x.000,00 (x mil reais).
Nestes termos;
Pede deferimento.
Cidade, dia, mês e ano.
ADVOGADO
OAB/MG X