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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR.

JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA


DE xxxx – MINAS GERAIS

(Autor), (qualificação: nacionalidade, estado civil, profissão, identificação e


endereço), com endereço eletrô nico: xxx@hotmail.com, (nã o se esqueça do endereço
eletrô nico), neste ato representado por sua procuradora que esta subscreve, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência propor:
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO c/c INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS com pedido de concessão de medida liminar
Amparado nos artigos 186, 927 do Có digo Civil, art. 14, 17 do CDC, art. 273 do CPC, e
demais dispositivos aplicá veis a espécie, em face da requerida: xxxx, pessoa jurídica de
direito privado inscrita no CNPJ sob o nº xxx, situada na Rua xxx, nº x, bairro xxx, CEP xxx,
Cidade, Estado - Brasil, conforme fatos e fundamentos a seguir expostos:

I - DO REQUERIMENTO DOS BENEFÍCIOS DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA


Requer o autor os benefícios da gratuidade da Justiça, nos termos da Lei n. 1.060/50, do art.
5º, in caput e incisos XXXIV, LXXIV, LXXVI e LXXVII da Constituiçã o Federal, bem como do
artigo 98 e seguintes do Có digo de Processo Civil, por nã o dispor de condiçõ es de arcar com
as custas processuais.
Ressalte-se que o benefício da gratuidade da justiça é direito conferido a quem nã o tem
recursos financeiros de obter a prestaçã o jurisdicional do Estado, sem arcar com os ô nus
processuais correspondentes. Trata-se de mais uma manifestaçã o do princípio da isonomia
ou igualdade jurídica (CF, Art. 5º, caput), pelo qual, todos devem receber o mesmo
tratamento perante a lei, sem distinçã o de qualquer natureza.
Assim, requer a parte autora que Vossa Excelência defira o presente pedido de gratuidade
com base e fundamento nas normas legais acima elencadas, por ser questã o de direito e de
justiça.
II – DOS FATOS E FUNDAMENTOS
A priori, o Requerente realizou matrícula no curso de XXX na Universidade XXX, Primeira
Requerida, no ano X, logo depois migrou para o curso X, aderindo ao financiamento
estudantil do FIES até fevereiro de 2017, quando por motivos pessoais teve que “trancar a
matrícula” na referida instituição e solicitar o cancelamento do financiamento
estudantil.
Ocorre que, apó s o encerramento dos estudos, realizado de forma escrita e presencial, o
Requerente passou a receber insistentes cobranças do valor da mensalidade do curso
contratado, momento em que esclareceu por diversas vezes, que havia realizado o
cancelamento da matrícula e nã o havia débitos com a instituiçã o financeira.
Frisa-se: o Requerente não contratou mais nenhum dos serviços das Requeridas
após o encerramento dos estudos em 2017.
Diante disso, buscou o Requerente a instituiçã o de ensino pessoalmente, para verificar do
que se tratava a referida cobrança. Entretanto, segundo a Primeira Requerida, não existia
débitos junto ao departamento financeiro da Faculdade, sendo inclusive entregue uma
declaração financeira pela própria instituição de ensino onde consta que “NÃO HÁ
DÉBITOS EDUCACIONAIS junto ao departamento financeiro da faculdade”.

Todavia Excelência, quando o Requerente buscou seu banco X, para adquirir um


cartão de crédito, foi surpreendido com a informação de que não seria possível o
banco validar a solicitação devido a pendência que constava em nome do Requerente
relativo à mensalidade do curso X (número de parcela X, contrato x, no valor de R$x),
débito no valor total de R$X (X reais e X centavos).

Verifica-se que embora o débito seja relativo ao curso X, no registro de banco de


dados do Serasa, consta como credora a Segunda Requerida, X, o que muito
surpreende o Requerente, visto que nunca realizou nenhuma contratação dos
serviços da Segunda Requerida. Vejamos o financiamento contratado que reconhece
a Primeira Requerida como instituição ofertante do curso: (COLACIONAR IMAGEM SE
HOUVER)

Ato contínuo, Excelência, o Requerente solicitou ao banco algum documento que comprove
a negativaçã o afim de comprovar a impossibilidade de lhe concederem um cartã o de
crédito, haja vista que é cliente do banco a muito tempo e as referidas pendências lhe
causam constrangimentos diante dos atendentes e dos clientes. Entretanto, o atendente
informou que nã o poderia lhe dar nenhum documento do banco relativo ao débito junto as
Requeridas.
Diante disso, Excelência, o Requerente retornou ao banco mais uma vez e mostrou a
declaraçã o da pró pria Requerida de que nã o haviam débitos, na tentativa de conseguir o
crédito que necessita, entretanto, negaram o crédito almejado, informando ao Requerente
que este deveria buscar o cartório de protestos desta comarca, pois constava
também um título protestado em nome da Universidade X, Primeira Requerida,
momento este que o Requerente resolveu gravar o atendimento, pois precisava ter
algo que comprovasse toda essa angústia vivenciada (áudios anexados).

Destaca-se Excelência, que os áudios gravados pelo próprio Requerente dentro do


Banco é prova lícita juntada para demonstrar que de fato há negativação em seu
nome conforme consta no banco de dados dos bancos e, ainda, comprova a
impossibilidade do banco em fornecer créditos ao Requerente por causa destes
débitos. Frisa-se: a gravação era a única maneira de comprovar a negativa do banco
em atender o Requerente por causa dessas pendências e, conforme comprova o
próprio atendente do banco, não poderia ser entregue nenhum documento do banco.

Ora, Excelência, além da Primeira Requerida afirmar que nã o existem débitos por parte do
Requerente no departamento financeiro da faculdade e o Requerente nunca ter celebrado
nenhuma contrataçã o com a Segunda Requerida, negativaram o autor no banco de
dados do Serasa e ainda protestaram o título no cartório, conforme afirma o atendente
bancá rio.
Dito isto, ressalta-se que, embora o Requerente tenha contratado apenas os serviços
educacionais da primeira Requerida e o registro indevido no SERASA seja a título de
cobrança de parcelas do curso de x, NUNCA HOUVE CONTRATAÇÃ O DOS SERVIÇOS
ESTUDANTIS DA SEGUNDA REQUERIDA.
Apesar disso, verifica-se na tela de registro de dívidas no Serasa, que a Segunda
Requerida é credora de um débito relativo a 3 dívidas de parcelas de um suposto
curso , no valor total de R$ (x reais e x centavos), vejamos: (colacionar se houver)
Lado outro, embora a Primeira Requerida afirme que não há débitos junto a mesma,
inclusive providenciando uma declaraçã o financeira ao Requerente (documento anexo),
verifica-se que 2 (dois) anos apó s o cancelamento do curso x, conta um débito no site do
aluno exatamente com as datas e valores exigidos pela Segunda Requerida, vejamos:
(colacionar se houver)
Ora Excelência, já nã o é normal a Segunda Requerida que nunca teve nenhuma relaçã o
contratual com o Requerente exigir supostos valores devidos à Primeira Requerida. Por
outro lado, como o Requerente apó s dois anos do encerramento de seus estudos,
financiados - ou seja, pagos pelo banco – e, sem renovaçã o da matrícula, tem exigido
valores que desconhece? Valores esses desconhecidos até mesmo pela Primeira Requerida,
conforme declaraçã o anexada:
Diante disso, necessita o Requerente, através deste juízo, da declaração de inexistência
de débitos, bem como a imediata retirada de seu nome do banco de dados do Serasa e
do cartório de protestos, pois, é incontroverso que os atos das Requeridas sã o abusivos e
contrá rios aos princípios informadores do Có digo de Defesa do Consumidor e de todo o
ordenamento jurídico, visto a exigência de pagamento de valores nunca contratados.
Ora, do que se trata a cobrança registrada no banco de dados do Serasa pela Segunda
Requerida, exatamente nos valores dos débitos que constam no portal do aluno no site da
Primeira Requerida? Frisa-se, não houve contratação dos serviços educacionais da
Segunda Requerida e, em relação ao curso x contratado à Primeira Requerida,
HOUVE PAGAMENTO DE TODOS OS CUSTOS E DESPESAS DO CURSO ATRAVÉS DO
FINANCIAMENTO ESTUDANTIL e ainda, foi devidamente realizado o cancelamento da
matrícula junto à Primeira Requerida de forma presencial em 2017, então de onde
surgiu um débito em 2019?
Vale lembrar que o ordenamento pá trio consagrou o princípio da força obrigató ria dos
contratos, a fim de garantir segurança jurídica nas relaçõ es entre os particulares. Na esteira
do art. 472 do Có digo Civil, o distrato deveria ter sido realizado da mesma forma do
contrato, presencialmente e por escrito e assim o Requerente o fez.
Verifica-se que o contrato firmado tem como Contratada a Primeira Requerida, somente ela
e a mesma nã o poderia alterar os moldes contratuais para incluir a Segunda Requerida, tã o
pouco transferir o ô nus de cobrança de qualquer valor devido a mesma.
Veja Excelência, conforme todos os registros semestrais juntados, o Requerente
arcou com todas obrigações educacionais e, ao final, encerrou a matrícula sem
débitos com a Primeira Requerida sem nenhuma outra contratação posterior:

Todavia, apesar de ter quitado todos os débitos conforme declaraçã o de ausência de


pendências, os débitos exigidos por ambas Requeridas sã o do ano de 2019, ou seja, se trata
de cobrança totalmente indevida, pois nã o houve contrataçã o dos mencionados serviços.
Diante disso, o Requerente vem se socorrer dos préstimos de Vossa Excelência, pois é
obrigado a conviver diariamente com esse transtorno criado pela atitude das Requeridas,
que de forma constrangedora, exigem valores nunca contratados, ignorando a informaçã o
que lhe foi passada todas as vezes, prejudicando-o frente aos bancos e negó cios celebrados,
com uma dívida que desconhece.
Apesar disso, o descaso das Requeridas frente a toda situação mencionada que, após
ter entregue a declaração de ausência de débitos, exige valores não contratados, o
que comprova a má administração das cobranças e exigências arbitrárias.
A conduta das requeridas feriu a boa-fé exigível no curso da relaçã o contratual e, em
consequência a violaçã o de deveres ínsitos ao contrato e os reflexos dela decorrentes
geraram, também, aborrecimento e desconforto ao autor, além de ser negativado seu nome,
o que lhe causou enorme constrangimento e prejuízos, visto que necessita da liberaçã o do
crédito do banco e nã o foi possível por causa desta pendência.
É que no â mbito da relaçã o jurídica decorrente da existência de contrato incide, como em
qualquer outra, o princípio geral da boa-fé, que vai redundar na necessá ria observâ ncia
dos deveres de proteçã o, informaçã o e lealdade. Tais deveres nã o foram observados na
espécie. Assim, caracterizada a abusividade e violaçã o ao Có digo do Consumidor, quando as
Requeridas passaram a exigir valores nã o avençados, partindo para cobranças vexató rias
que agridem a honra e moral do Requerente a partir do momento da negativaçã o indevida,
causando afliçõ es e angú stias diá rias.
Além disso, o Autor é empresário no ramo x e devido ao momento vivenciado de
dificuldades financeiras, necessitou dos préstimos de seu banco, momento em que
foi surpreendido com a referida e única dívida que consta em seu nome, o que lhe
causou sérios danos a ponto de ter que buscar ajuda no judiciário, contratar um
profissional que pudesse resolver essa situação, visto que não existe débitos com as
Requeridas e a negativação de seu nome está lhe causando prejuízos e vergonha.
Diante disso, visto as diversas vezes que o Requerente buscou esclarecer a inexigibilidade
do referido débito sem êxito, nã o houve outra maneira senã o a via judicial para que seja
declarada a inexigibilidade do referido débito, para que seja determinada a imediata
retirada de seu nome dos ó rgã os de proteçã o ao crédito, bem como realizada a justa
reparaçã o pelo dano moral sofrido.
III - DAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS
III. 1 - DA CONFIGURAÇÃO DE RELAÇÃO DE CONSUMO
In casu, há uma relaçã o consumerista lato sensu, conforme o art. 2º e 3º do Có digo de
Defesa do Consumidor.
Em regra, o ô nus da prova incumbe a quem alega o fato gerador do direito mencionado ou a
quem o nega fazendo nascer um fato modificativo, conforme disciplina o artigo 333, incisos
I e II do Có digo de Processo Civil, mas, o Có digo de Defesa do Consumidor, representando
uma atualizaçã o do direito vigente e procurando amenizar a diferença de forças existentes
entre polos processuais onde se tem num ponto, o consumidor, como figura vulnerá vel e
noutro, o fornecedor, como detentor dos meios de prova que sã o muitas vezes buscados
pelo primeiro, e à s quais este nã o possui acesso, adotou teoria moderna onde se admite a
inversã o do ô nus da prova justamente em face desta problemá tica.
Havendo uma relaçã o onde está caracterizada a vulnerabilidade entre as partes, como de
fato há , este deve ser agraciado com as normas atinentes na Lei no. 8.078/90,
principalmente no que tange aos direitos bá sicos do consumidor, a letra da Lei é clara.
Ressalte-se que se considera relaçã o de consumo a relaçã o jurídica havida entre fornecedor
(artigo 3º da LF 8.078-90), tendo por objeto produto ou serviço, onde nesta esfera cabe a
inversã o do ô nus da prova. É incontestá vel que a empresa Requerida é fornecedora de
serviços à autora que é consumidora desses serviços, caracterizando-se assim a relaçã o de
consumo, e a consequente aplicaçã o do Có digo de Defesa do Consumidor.
Este é categó rico ao classificar como fornecedor aquele que presta serviço de qualquer
natureza, ressalvando expressamente no § 2º do art. 3º, que serviço é qualquer atividade
fornecida no mercado de consumo, mediante remuneraçã o, inclusive as de natureza da
Requerida, vejamos:
CDC - Lei nº 8.078 de 11 de Setembro de 1990
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneraçã o, inclusive as de natureza bancá ria, financeira, de crédito e securitá ria, salvo
as decorrentes das relaçõ es de cará ter trabalhista.
O Có digo do Consumidor, reforçando, impõ e o dever de fornecer serviços adequados,
eficientes, seguros e contínuos. Veja Excelência, as empresas Requeridas não
cumpriram com os termos do contrato firmado, a partir do momento que passou a
exigir valores não acordados após o encerramento do curso x, desta forma, deverá
indenizar ao autor os prejuízos sofridos diante da negativação indevida.

Conforme se vê no caso em tela a responsabilidade das Requeridas é objetiva, ou seja,


independe de culpa. Nesse diapasã o colacionamos a magistral liçã o do mestre Rui Stocco, in
Tratado de Responsabilidade Civil, 5ª ediçã o - Sã o Paulo - Editora Revista dos Tribunais,
2001, p. 500, vejamos:
“se o fornecedor - usada a expressão em seu caráter genérico e polissêmico - se propõe a
explorar atividade de risco, com prévio conhecimento da extensão desse risco; se o prestador
de serviços dedica-se à tarefa de proporcionar segurança em um mundo de crise, com
violência exacerbada da atividade criminosa, sempre voltada para os delitos patrimoniais, há
de responder pelos danos causados por defeitos verificados nessa prestação,
independentemente de culpa, pois a responsabilidade decorre do só fato objetivo do serviço e
não da conduta subjetiva do agente”.
Diante do exposto, estando evidente a relaçã o de consumo, as partes se fazem legítimas ao
dissídio, deve a presente demanda ser regida pelo Có digo de Defesa do Consumidor.
III. 2 - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Diante da hipossuficiência técnica do Requerente, a inversã o do ô nus da prova ante as
verossímeis alegaçõ es apresentadas, juntamente com as provas documentais acostada aos
autos, é medida que se impõ e, conforme previsto no artigo 6º, VIII, do Có digo de Defesa do
Consumidor:
Art. 6º Sã o direitos bá sicos do consumidor:
[...]
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando a critério do juiz, for verossímil a alegaçã o ou
quando for ele hipossuficiente, seguindo as regras ordiná rias de expectativas. (Destaques
acrescidos)
Posto isto, requer, desde já , a aplicaçã o da inversã o do ô nus da prova, visto serem
detentores de todo material probante, para que seja juntado aos autos as gravaçõ es das
ligaçõ es telefô nicas de cobranças ao autor, bem como todo acervo que Vossa Excelência
achar necessá rio referente aos serviços prestados, à Primeira Requerida, comprovante de
encerramento da matrícula do curso x na instituiçã o xxx. Em relaçã o à Segunda Requerida,
que seja apresentado aos autos, documentos que comprovem que de fato houve negó cio
jurídico firmado com o Requerente que justifique as cobranças e a negativaçã o no Serasa.

IV – DO DIREITO
IV.1 – DA INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E DA COBRANÇA INDEVIDA
Conforme o narrado, o Requerente contratou os serviços da Primeira Requerida nos
termos já informados, qual seja, a prestaçã o dos serviços educacionais no curso x, porém,
teve que paralisar os estudos contratados e, embora tenha cumprido com a parte que lhe
cabia na relaçã o indo presencialmente realizar o encerramento da matrícula, passou a
sofrer pela cobrança de um suposto valor curso x pela Segunda Requerida, sendo inclusive
negativado frente o Serasa, por cobranças de valores desconhecidos contratualmente, visto
que jamais firmou contrataçã o alguma com a Segunda Requerida.
No caso dos autos, o Requerente nã o deixou de cumprir com sua obrigaçã o enquanto
estudante, de forma que pudesse originar dívidas com a requerida, tendo em vista que
todos os negó cios jurídicos firmados com a ré foram cobridos pelo financiamento
estudantil - FIES e, diante do encerramento dos estudos pelo Requerente com a
Primeira Requerida, não há que se falar em débitos, sendo inclusive apresentado
uma declaração da própria faculdade informando que não havia nenhum débito
junto ao departamento financeiro da faculdade referente ao curso de x
(comprovante anexo).
Com efeito, a Segunda Requerida, ao cobrar serviços que nunca foram contratados pelo
Requerente, tinha o conhecimento de que nunca foi firmado nenhum negó cio jurídico entre
as partes e, independente da relaçã o que tenha com a Primeira Requerida, não existe
nenhum débito com a mesma.
Todavia, conforme comprova tela de registro de dívidas no Serasa, a Segunda Requerida
alega que existe um débito relativo a 3 dívidas de parcelas de um suposto curso de x, no
valor total de R$x (x reais e x centavos). Entretanto, Excelência, os atos da Segunda
Requerida sã o abusivos e contrá rios aos princípios informadores do Có digo de Defesa do
Consumidor e de todo o ordenamento jurídico, a partir do momento que passou a exigir do
Requerente o pagamento de valores nunca contratados.
Acontece Excelência, que de fato as Requeridas parecem ter um vínculo entre elas,
conforme consta nos sites sobre bolsas e estudos e ainda, verifica-se que a cobrança
em analise se trata exatamente do curso x firmado contrato com a Primeira
Requerida.

A vista disso, questiona-se ainda do que se trata a cobrança registrada no banco de dados
do Serasa, pois nã o houve contrataçã o dos serviços educacionais da Segunda Requerida e,
em relaçã o ao curso X contratado à Primeira Requerida, houve pagamento de todos os
custos e despesas do curso, bem como foi devidamente realizado o cancelamento da
matrícula junto à Primeira Requerida e o encerramento do financiamento estudantil junto
ao SisFIES - Sistema Informatizado do FIES.
Ora Excelência, não há débitos estudantis por parte do Requerente, uma vez que a
Primeira Requerida declara que não existe pendência junto ao departamento
financeiro, por sua vez, não houve contratação do curso X com nenhuma outra
instituição e, apesar disso, sofre o Requerente com a cobrança abusiva por parte das
Requeridas que, inclusive, houve registro no banco de dados do Serasa e no cartório
de protestos de títulos indevidamente, como demonstram as telas em anexo.

Ora, a lei é regra, no presente caso, da mesma forma, deve ser interpretada e aplicada
considerando a falha na informaçã o, caso em que a Requerida deveria ter mais cautela
em exigir valores não pactuados, muito menos ter registrado nos órgãos de proteção
ao crédito causando constrangimentos ao Requerente.

Na verdade Excelência, parece que por alguma informação equivocada a Segunda


Requerida, que se trata de pessoa jurídica totalmente distinta da relação contratual,
passou a exigir valores que não lhe são devidos, agindo frontalmente em contrário
ao que resta estabelecido em lei. Por sua vez a Primeira Requerida não respeitou o
fim da relação contratual e exige valores de forma arbitrária e ilegal. Vejamos o
entendimento deste Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais – TJMG
sobre o tema:

EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - PRESTAÇÃ O DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS - DÉ BITOS


GERADOS APÓ S O CANCELAMENTO DA MATRÍCULA - ANOTAÇÕ ES IRREGULARES - DANO
MORAL IN RE IPSA - QUANTUM INDENIZATÓ RIO - MANUTENÇÃ O - TERMO INICIAL DOS
JUROS DE MORA. - 1. Comprovada a irregularidade da inscrição restritiva de crédito,
impõe-se o pagamento de reparação a título de danos morais. A negativação
indevida, por si só, é suficiente para configurar o abalo moral, tratando-se de dano
moral in re ipsa. 2. Para o arbitramento da reparação pecuniária por danos morais, o
juiz deve considerar circunstâncias fáticas e repercussão do ato ilícito, condições
pessoais das partes, razoabilidade e proporcionalidade. 3. "No caso de indenização
por danos morais decorrentes de descumprimento de obrigação contratual, os juros
de mora são devidos a partir da citação." (TJMG - Apelaçã o Cível 1.0079.14.017535-
1/001, Relator (a): Des.(a) José Flá vio de Almeida , 12ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em
09/08/2017, publicaçã o da sumula em 17/08/2017) (Destaques acrescidos)

Como dito, o Có digo de Defesa do Consumidor determina que “É direito bá sico do


consumidor a efetiva prevençã o e reparaçã o de danos patrimoniais e morais” (art. 6º, VI,
CDC).
Por sua vez, o Có digo Civil de 2002 é cristalino quando dispõ e sobre a necessidade de
reparar os danos causados, conforme se observa no artigo 186, vejamos: “Aquele que, por
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Igualmente e de forma complementar, o art. 927, do mesmo có dex, reitera a previsã o do
dever de reparar, consubstanciado na responsabilidade civil objetiva, senã o vejamos: “Art.
927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.
É cediço, que o direito de resposta e de indenizaçã o moral, material ou à imagem é oriundo
da Carta Magna de 1988, em seu artigo 5º, V, ao dispor que “É assegurado o direito de
resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
imagem”.
Destarte, sob os â ngulos jurisdicional, legal e constitucional, nota-se que o ato ilícito
praticado pelas empresas Requeridas nos moldes de que fora apresentado inicialmente sã o
fatores gravíssimos e suficientes a ensejar o dever de indenizar, e que, embora
desnecessária a comprovação de culpa em situaçõ es desta índole, é certo que ela
constitui, ao menos, capacidade elementar de agravar as consequências do ato, fatos
presentes no presente pleito.
Sabe-se que o credor pode inscrever o nome do devedor inadimplente nos ó rgã os de
proteçã o ao crédito, visto que age no exercício regular de um direito (CC, art. 188, I).
Contudo, se a inscrição é indevida, como ocorreu in casu (visto a inexistência de débito), o
credor é responsabilizado civilmente, sujeito à reparaçã o dos prejuízos causados, inclusive
quanto ao dano moral.
Logo, qualquer resposta dada pela ré em relaçã o à referida cobrança indevida ou a
negativaçã o é intepretaçã o em sentido contrá rio ao que resta evidenciado em lei e por este
próprio tribunal e, portanto, viola frontalmente o Princípio da Interpretação mais
Favorável ao Consumidor, previsto no art. 47, do CDC: “Art. 47. As cláusulas contratuais
serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”.
Ora, in casu, não houve comunicação prévia ao Requerente de que haveria
negativação de seu nome pelos supostos débitos educacionais, sendo surpreendido
quando necessitou de um empréstimo em seu banco, momento em que passou por
enorme constrangimento, quando foi informado de que havia um débito de um curso
de X com a Universidade X e protesto em nome da Universidade X (conforme
cabalmente comprovado), motivo pelo qual não há que se falar em mero dissabor,
mas de total irresponsabilidade das Requeridas que, quando podiam e deviam ter
comunicado ao Requerente em relação ao débito, mantiveram-se inertes, não se
preocupando com os danos que seriam causados a partir da cobrança destes valores
que se quer foram contratados.
Ora Excelência, é razoá vel, pois, concluir que as inscriçõ es mencionadas sã o abusivas e
ilegítimas, gerando na vítima do evento evidentes constrangimentos. Imprescindível,
portanto, nã o apenas declarar a inexistência da suposta dívida objeto da negativaçã o do
nome, mas indenizar pelo sofrimento.
Logo, é inaceitá vel que essas instituiçõ es por nã o se revestirem dos cuidados necessá rios,
causem tamanho abalo moral e de crédito perante a sociedade, fazendo a vítima passar por
descumpridora dos seus deveres e submetendo-a à humilhaçã o da inclusã o do seu nome no
SERASA, SPC e Protestos, devido a dívidas que jamais contraiu.
Além disso Excelência, cumpre relembrar que o contrato é negó cio jurídico bilateral,
sinalagmá tico, ou seja, institui direitos e obrigaçõ es correlatas para ambas as partes,
regendo-se pelos princípios da autonomia da vontade e da força obrigató ria de suas
clá usulas, que é a pedra angular para a segurança do comércio jurídico.
Vejamos o entendimento sob a ó tica do ilustre mestre Orlando Gomes:
“O princípio da força obrigatória consubstancia-se na regra de que o contrato é lei entre as
partes. Celebrado que seja, com observância de todos os pressupostos e requisitos necessários
à sua validade, deve ser executado pelas partes como se suas cláusulas fossem preceitos legais
imperativos. O contrato obriga os contratantes, sejam quais forem as circunstâncias em que
tenha de ser cumprido. Estipulado, validamente, seu conteúdo, vale dizer definidos os direitos
e obrigações de cada parte, as respectivas cláusulas têm, para os contratantes, força
obrigatória.” (Contratos - 10ª Edição, pág. 38).
Diante disso, nã o pode uma das partes alterar unilateralmente as clá usulas contratuais,
tentando mudar o ajuste nã o autorizado, pois, os princípios da liberdade de contratar e da
força que vinculam os contratos, devem ser respeitados sob pena de violar-se o equilíbrio
contratual e desestabilizar-se o comércio jurídico, trazendo insegurança à s relaçõ es
contratuais. Deste modo, Excelência, nã o há que se falar que o Requerente contratou os
serviços da Segunda Requerida através do contrato firmado com a Primeira Requerida.
Frisa-se que o contrato firmado entre as partes está em perfeita consonâ ncia com o Có digo
de Defesa do Consumidor, pois suas clá usulas nã o estabelecem obrigaçõ es iníquas ou
abusivas que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, sendo que as
disposiçõ es ali versadas estã o compatíveis com a boa-fé e a equidade. Diante disso, após o
encerramento dos serviços educacionais contratados, não houve nenhum negócio
jurídico novo que pudesse dar azo as referidas cobranças ora discutidas.
No caso em tela, a atuaçã o das Requeridas foge aos padrõ es da boa-fé e equidade, na
medida em que pretende se beneficiar do Requerente, que apó s cumprir com sua parte da
obrigaçã o, exige cobranças fora dos moldes contratados, conduta essa nã o prevista no
instrumento contratual pactuado, tã o pouco protegida em lei.
Ora Excelência, é notoriamente sabido que o contrato é lei entre as partes e uma vez
celebrado deve prevalecer as clá usulas ali contidas, sob pena de jogar por terra toda a
teoria do pacta sunt servanda, e incorrer em uma insegurança jurídica para o Autor que, por
sua vez, cumpriu com os termos pactuados, dando fim ao contrato de forma correta, nos
moldes exigidos.
O respeitado Sílvio de Salvo Venosa sabiamente lecionou em sua 3ª ediçã o da obra “Teoria
Geral das Obrigaçõ es e Teoria Geral dos Contratos” sobre a força obrigató ria dos Contratos,
o que corrobora com os argumentos ora ventilados:
“Um contrato vá lido e eficaz deve ser cumprido pelas partes: pacta sunt servanda. O acordo
de vontades faz lei entre as partes.
Essa obrigatoriedade forma a base do direito contratual. O ordenamento deve conferir à
parte instrumentos judiciá rios para obrigar o contratante a cumprir o contrato ou a
indenizar pelas perdas e danos. Nã o tivesse o contrato força obrigató ria e estaria
estabelecido o caos”.
“Decorre desse princípio a intangibilidade do contrato. Ninguém pode alterar
unilateralmente o conteú do do contrato, nem pode o juiz intervir nesse conteú do. Essa é a
regra geral. As atenuaçõ es legais que alteram em parte a substâ ncia desse princípio. A
noçã o decorre do fato de terem as partes contratado de livre e espontâ nea vontade e
submetido sua vontade à restriçã o do cumprimento contratual porque tal situaçã o foi
desejada.”
Nesse sentido, este Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais entende:
EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DE RESCISÃ O DE CONTRATO DE CONSÓ RCIO -
CONHECIMENTO PARCIAL DO SEGUNDO RECURSO - FALHA NA PRESTAÇÃ O DE SERVIÇOS
- AUSÊ NCIA DE COMPROVAÇÃ O - RESCISÃ O DO CONTRATO POR CULPA DO
CONSORCIADO DESISTENTE - RESTITUIÇÃ O DAS PARCELAS PAGAS E DOS LANCES
OFERTADOS - MOMENTO - RESP Nº 1.119.300/RS - ART. 543- C, DO CPC/1973 - ATÉ 30
DIAS APÓ S O ENCERRAMENTO DO GRUPO - DEDUÇÃ O DA TAXA DE ADMINISTRAÇÃ O E
DA CLÁ USULA PENAL, TAL COMO PREVISTAS NO CONTRATO - INCIDÊ NCIA DE CORREÇÃ O
MONETÁ RIA E JUROS DE MORA - SÚ MULA Nº 35 DO STJ - FUNDO DE RESERVA -
IMPOSSIBILIDADE DE RETENÇÃ O - CONTRATAÇÃ O DE SEGUROS - CARACTERIZAÇÃ O DE
VENDA CASADA - DANOS MORAIS NÃ O CONFIGURADOS.
- De uma aná lise detalhada nos autos, observa-se o autor/segundo apelante promoveu
verdadeira inovaçã o recursal ao insurgir-se contra a validade do negó cio jurídico, o que é
vedado pelo ordenamento jurídico, mostrando-se imperioso o conhecimento parcial do
recurso aviado.
- Ausente prova robusta da suposta falha na prestaçã o de serviços pela ré, deve ser mantida
a rescisã o do contrato de consó rcio, por culpa do consorciado desistente.
- O contrato, ainda que seja de adesão, é um acordo de vontades, regido pelos
princípios da boa-fé, da função social e do "pacta sunt servanda". Assim, ausente
qualquer vício, obriga as partes contratantes a seguir seus ditames.
[...] (TJMG - Apelaçã o Cível 1.0702.15.069652-5/001, Relator (a): Des.(a) Sérgio André da
Fonseca Xavier , 18ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em 28/05/2019, publicaçã o da sumula
em 31/05/2019) (Destaques acrescidos)
Assim sendo, as Requeridas têm plena e total consciência de suas obrigaçõ es e do valor
indevido que está sendo cobrado do Requerente e, alterar as condiçõ es preestabelecidas e
anuídas pelas partes no contrato inicial, é ilegal e abusivo, como pretende in casu.
Dito isto, vale ainda lembrar o art. 5º, inciso II, da Constituiçã o Federal, “ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senã o em virtude de lei”, é um comando
geral e abstrato, do qual concluímos que somente a lei poderá criar direitos, deveres e
vedaçõ es, ficando os indivíduos vinculados aos comandos legais, disciplinadores de suas
atividades.
Em outras palavras, podemos dizer que o princípio da legalidade é uma verdadeira garantia
constitucional e, através deste princípio, procura-se proteger os indivíduos contra os
arbítrios cometidos pelo Estado e até mesmo contra os arbítrios cometidos por outros
particulares. Assim, os indivíduos têm ampla liberdade para fazerem o que quiserem
desde que nã o seja um ato, um comportamento ou uma atividade proibida por lei.
Ao realizar o serviço para qual se prestou, a Requerida assumiu os riscos como contratada.
Esta responsabilidade se traduz simplesmente no fato concreto de dever a mesma prestar
um serviço à altura da dignidade do ser humano, o que não aconteceu no presente
caso, já que uma grande sequela emocional foi deixada, resultada do serviço
defeituoso oferecido por parte da Requerida. Esses fatos por si só evidenciam o defeito
na prestaçã o do serviço de maneira inquestioná vel.
Ato contínuo, além de ser um verdadeiro abuso por parte das Requeridas em realizar a
negativaçã o indevida em nome do autor, o Requerente sofre pelo descaso das mesmas que
se quer respeitaram a contrataçã o existente, pois apó s um negó cio jurídico firmado entre o
Requerente e a Primeira Requerida, mesmo apó s sendo finalizado e respeitadas as relaçõ es
contratuais, passaram a exigir valores em 2019, como se um novo contrato tivesse surgido,
valores exigidos de forma indevida.
Ademais, embora as Requeridas nã o tenham se preocupado em negativar o nome do
Requerente de forma indevida, se quer notificaram o mesmo do suposto débito, sendo
ainda entregue declaraçã o da pró pria instituiçã o requerida de que nã o existe nenhum
débito com a mesma (COMPROVANTE ANEXO).
Fato é que a requerida não deveria se quer exigir os valores a título serviços
educacionais do curso de XXX e, além da conduta indevida, ainda expõe a Requerente
à situação vexatória diária, quando, de forma abusiva e ilegal, incluiu o nome deste
nos órgãos de proteção ao crédito, causando-lhe enorme constrangimento e
dissabores.
Entende-se, portanto, que ocorreu o cumprimento das obrigaçõ es contratadas nos moldes
exigidos pela Requerida até o momento do encerramento dos estudos e até alí, nã o restou
nenhuma obrigaçã o que nã o foi cumprida, tanto que a Primeira Requerida deu a declaraçã o
de pendência ao Requerente e, diante disso, impor qualquer valor além do que foi
contratado é evidente ausência de boa-fé, assim no cumprimento do que resta definido por
este próprio Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, há de ser
responsabilizadas as Requeridas pelos danos causados, senã o vejamos:
EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - PRESTAÇÃ O DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS - DÉ BITOS
GERADOS APÓ S O CANCELAMENTO DA MATRÍCULA - ANOTAÇÕ ES IRREGULARES - DANO
MORAL IN RE IPSA - QUANTUM INDENIZATÓ RIO - MANUTENÇÃ O - TERMO INICIAL DOS
JUROS DE MORA. - 1. Comprovada a irregularidade da inscrição restritiva de crédito,
impõe-se o pagamento de reparação a título de danos morais. A negativação
indevida, por si só, é suficiente para configurar o abalo moral, tratando-se de dano
moral in re ipsa. 2. Para o arbitramento da reparação pecuniária por danos morais, o
juiz deve considerar circunstâncias fáticas e repercussão do ato ilícito, condições
pessoais das partes, razoabilidade e proporcionalidade. 3. "No caso de indenização
por danos morais decorrentes de descumprimento de obrigação contratual, os juros
de mora são devidos a partir da citação." (TJMG - Apelaçã o Cível 1.0079.14.017535-
1/001, Relator (a): Des.(a) José Flá vio de Almeida , 12ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em
09/08/2017, publicaçã o da sumula em 17/08/2017) (Destaques acrescidos)
Depreende-se que o Requerente foi vítima da negligência das Requeridas pela
prática de atos ilegais perpetrados, experimentou o desrespeito, aflição e
transtornos enquanto consumidor, fatos que por si só traduzem na clara obrigação
das Requeridas de indenizarem, a título de dano moral em razão da negativação
indevida que deve ser ao final declarada a inexigibilidade dos débitos e em pedido
de concessão de medida liminar determinada a imediata retirada do nome do
Requerente dos órgão de proteção ao crédito SPC, SERASA e Protestos.
IV. 2 – DO DEVER DE INDENIZAR

Do ponto de vista da lei, vale salientar que, o Có digo de Defesa do Consumidor nã o traz
oposiçã o alguma a realizaçã o de cobrança das dívidas pelas empresas credoras. O que se
pode punir e é isso que se busca na presente lide, é a maneira abusiva com que as
cobranças sã o realizadas. Em especial quando dívida não há.
O CDC busca evitar os excessos cometidos em tal ato. Em conformidade com o artigo 42,
“Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto à ridículo, nem será
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça”.

Insta salientar que o credor tem sim todo o direito de cobrar sua dívida, quando lhe é
devida. Porém, que se faça dentro dos limites da lei, é claro. Esses problemas causados
pela negligência das rés, decorrente da falta de assistência adequada no momento da
contrataçã o, em que DEVERIA ter esclarecido ao Requerente os valores a serem pagos.
Por sua vez, a responsabilidade civil visa reprimir o dano causado pelo agente em face do
indivíduo lesado material ou moralmente. Vê-se que a responsabilidade civil apresenta
duas espécies distintas, sendo a responsabilidade subjetiva e a responsabilidade objetiva.
A responsabilidade civil subjetiva emana do ato ilícito, além de trazer a necessidade de
caracterizar como requisitos fundamentais a culpa, o dano e o nexo causal entre este e
aquela. No caso em tela, é evidente a existência da responsabilidade objetiva, como sendo
aquela em que o dano deverá ser reparado independente de culpa, conforme os ditames do
pará grafo ú nico do artigo 927 do Có digo Civil:
Artigo 927. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
O Có digo de Defesa do Consumidor dispõ e ainda, por seu artigo 14, que a responsabilidade
do fornecedor de serviços é objetiva, prescindindo da demonstraçã o de culpa:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Diante do exposto, fica evidenciado o ato ilícito, a lesividade e a necessidade de
reparar o dano, que se dá independentemente da existência de culpa por parte das
Requeridas. Assim, a falta de justificativa pela Requerida para negativação do nome
do Requerente por cobranças indevidas e abusivas, deve ser identificada como dano
causado a outrem, sem contar a forma de realizar suas cobranças, na forma
preconizada no artigo 927, do Código Civil, a jurisprudência pátria há muito vem
reconhecendo de forma pacifica o dano moral em circunstância análoga a relatada
nos autos.
O dano moral, nada mais é que a violaçã o do direito à dignidade da pessoa. A ofensa à
intimidade, à honra, à vida privada, ao direito individual, dentre outros, constitui lesã o a
direito personalíssimo, autorizando, assim, a compensaçã o indenizató ria.
Conforme as liçõ es do mestre Orlando Gomes:
“Dano moral é, portanto, o constrangimento que alguém experimenta em consequência de
lesão em direito personalíssimo, ilicitamente produzida por outrem. Observe-se, porém, que
esse dano não é propriamente indenizável, visto como indenização significa eliminação do
prejuízo e das consequências, o que não é possível quando se trata de dano extrapatrimonial.
Prefere-se dizer que é compensável. Trata-se de compensação, e não de ressarcimento.
Entendida nestes termos a obrigação de quem o produziu, afasta-se a objeção de que o
dinheiro não pode ser equivalente da dor, porque se reconhece que, no caso, exerce outra
função dupla, a de expiação, em relação ao culpado, e a de satisfação, em relação à culpa”.
(GOMES, 1995, p. 271)
Importante ressaltar, que nã o existe no dano moral um objetivo de acréscimo patrimonial
para o ofendido, mas sim a finalidade de compensaçã o pelos males sofridos. Como
decorrência de tal realidade, pode-se citar a Sú mula 498 do Superior Tribunal de Justiça,
que determina a nã o incidência do imposto de renda sobre os valores recebidos em
indenizaçã o por dano moral, ou seja, segundo entendimento sumulado pelo STJ, a
indenizaçã o por dano moral nã o constituiria aumento patrimonial, e como consequência
nã o seria suscetível de tributaçã o.
Isto posto toma-se imperativa a apuraçã o dos danos morais em favor do Requerente,
devidamente arbitrados por esse Juízo e mensurados.
Inexistindo critérios objetivos traçados em lei para chegar-se diretamente ao valor da
indenizaçã o, e porque é mesmo da essência do dano moral nã o possuir medida material ou
física correspondente, o nosso ordenamento pá trio adotou o arbitramento como melhor
forma de liquidaçã o do valor indenizató rio.
A regra está contida no artigo 944 do Có digo Civil: "A indenização mede-se pela extensão do
dano." A moderna noçã o de indenizaçã o por danos morais, quanto aos seus objetivos
imediatos e reflexos, respectivamente, funda-se no binô mio 'Valor de desestímulo e valor
compensató rio".
O valor de desestímulo deve se atrelar sobremaneira a intimidar o reclamado a evitar a
prá tica de novos atos neste mesmo sentido, ou ainda, a prestar os esclarecimentos e
atendimentos primordiais aos seus clientes caso ocorra fatos aná logos.
Por seu turno, o valor compensató rio deve pautar-se pelo fato de compensar os danos
sofridos no â mago íntimo por parte do reclamante.
Isto posto, para evitar maiores erros por parte da Requerida, inclusive na sua má intençã o e
evitar novamente que cometa abusos, imperioso se faz em fixar o montante referente à
indenizaçã o por danos morais no valor equivalente a R$ XX (X mil reais), do qual deverá ser
corrigidos monetariamente pelo INPC, mais juros morató rios de um por cento desde a data
do evento danoso (CC, art. 398), somente assim irá respeitar os ditames consumerista.
A jurisprudência deste Egrégio Tribunal de Justiça reconhece a existência de dano moral
nesses casos:
EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - DECLARATÓ RIA DE INEXISTÊ NCIA DE DÉ BITO C/C
INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS - PÓ S-GRADUAÇÃ O - CANCELAMENTO MATRÍCULA -
PROVA DO REQUERIMENTO - NEGATIVAÇÃ O POR DÉ BITOS POSTERIORES - ILEGALIDADE
- MINORAÇÃ O DO VALOR ARBITRADO - IMPOSSIBILIDADE - VALOR ARBITRADO DENTRO
DOS PARÂ METROS LEGAIS. Restando demonstrado o requerimento por parte do aluno
de cancelamento de sua matrícula, feito diretamente ao representante da instituição,
mostra-se ilegal a negativação realizada com base em débitos posteriores a tal ato. A
fixação do quantum indenizatório deve ser capaz de compensar o Autor pelos
gravames sofridos, não pode ensejar o enriquecimento ilícito deste, devendo ser,
ainda, apta a desestimular a reiteração na conduta ilícita praticada. (TJMG - Apelaçã o
Cível 1.0106.15.005300-2/001, Relator (a): Des.(a) Mô nica Libâ nio , 15ª CÂ MARA CÍVEL,
julgamento em 27/10/2016, publicaçã o da sumula em 07/11/2016) (Destaques
acrescidos)
EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE INEXISTÊ NCIA DE DÉ BITO C/C
INDENIZAÇÃ O POR DANO MORAL - INSCRIÇÃ O DO NOME DA PARTE NOS CADASTROS
RESTRITIVOS DE CRÉ DITO - CANCELAMENTO DA MATRÍCULA EM CURSO SUPERIOR -
COBRANÇA POSTERIOR DE MENSALIDADES - IMPOSSIBILIDADE - ATO ILÍCITO
CONFIGURADO - DANOS MORAIS - OCORRÊ NCIA - COMPROVAÇÃ O - DESNECESSIDADE -
PRESUNÇÃ O - TERMO INICIAL DE INCIDÊ NCIA DOS JUROS DE MORA - DATA DA CITAÇÃ O -
RELAÇÃ O JURÍDICA DE NATUREZA CONTRATUAL - ALTERAÇÃ O NA SENTENÇA QUE SE
IMPÕ E.
Restando incontroverso nos autos que o autor promoveu o regular cancelamento da
matrícula no curso superior oferecido pela requerida, e que, à época, quitou todas as
despesas decorrentes do referido cancelamento, indevida a cobrança de
mensalidades posteriores e irregular inclusão do nome do postulante nos cadastros
restritivos de crédito, equiparando-se, tal medida, ao ato ilícito autorizador do dever
de indenizar.
Na hipótese de negativação indevida do nome da parte, desnecessária a
comprovação objetiva do dano moral, haja vista que este se presume.
O valor da indenização deve ser fixado de acordo com a natureza e extensão do dano
extrapatrimonial, pautando-se sempre pela razoabilidade e proporcionalidade, não
podendo jamais configurar uma premiação ou se mostrar insuficiente a ponto de não
concretizar a reparação civil, nem trazer enriquecimento ilícito para o ofendido.
Sobre o valor da indenização por danos morais devem incidir correção monetária a
partir da publicação da decisão que a fixou e juros de mora de 1% ao mês, desde a
citação, sendo de notar que eventual alteração no termo a quo de incidência dos
juros de mora ou da correção monetária não configura reformatio in pejus ou
julgamento ultra petita, haja vista que se trata de matéria de ordem pública. (TJMG -
Apelaçã o Cível 1.0024.12.026569-9/001, Relator (a): Des.(a) Luciano Pinto , 17ª CÂ MARA
CÍVEL, julgamento em 09/10/2014, publicaçã o da sumula em 21/10/2014) (Destaques
acrescidos)
EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O - INCLUSÃ O INDEVIDA DO NOME
DA PARTE AUTORA EM CADASTRO DE NEGATIVAÇÃ O AO CRÉ DITO - DÉ BITO ORIGINADO
APÓ S O TRANCAMENTO DE MATRÍCULA - DANOS MORAIS - CONFIGURAÇÃ O - QUANTUM
INDENIZATÓ RIO - REDUÇÃ O - IMPOSSIBILIDADE. É indevida a negativação do nome do
consumidor nos órgãos de proteção ao crédito em razão de suposto débito originado
após o pedido de cancelamento de matrícula. É presumido o dano moral em casos de
inscrição indevida do nome da parte autora nos cadastros de negativação ao crédito,
por inegável abalo ao nome, direito da personalidade. Não é possível a redução do
quantum indenizatório arbitrado na sentença a título de indenização por danos
morais, se tal valor revela-se irrisório. (TJMG - Apelaçã o Cível 1.0000.18.131196-0/001,
Relator (a): Des.(a) Luciano Pinto , 17ª CÂ MARA CÍVEL, julgamento em 24/01/0019,
publicaçã o da sumula em 25/01/2019) (Destaques acrescidos)
Destaca-se ainda o entendimento dos tribunais pá trios em relaçã o a negativaçã o indevida:
AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉ BITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃ O
POR DANOS MORAIS – Autor que nega ter celebrado contrato com o banco réu – Inscrição
indevida do nome do autor nos órgãos de proteção ao crédito – Débito inexigível e
dano moral configurado, que não se limitou a um mero aborrecimento – Valor da
indenizaçã o fixado em 10 salá rios mínimos, que se apresenta abaixo do devido – Valor
majorado para R$ 15.000,00, que se mostra adequado à espécie – Majoraçã o da verba
honorá ria para 20% sobre o valor da condenaçã o, nos termos do art. 20, § 3º, CPC/1973
(art. 85, § 2º, CPC/2015)– RECURSO PROVIDO.” (Apelaçã o nº 0025194-69.2013.8.26.0576;
Relator: Sérgio Shimura; Comarca: Sã o José do Rio Preto; Ó rgã o julgador: 23ª Câ mara de
Direito Privado; Data do julgamento: 13/07/2016) (Destaques acrescidos)
Vale lembrar que a Constituiçã o Federal de 1988, em seu art. 5º, consagra a tutela do
direito à indenizaçã o por dano material ou moral decorrente da violaçã o de direitos
fundamentais, tais como a honra e a imagem das pessoas: " Art. 5º inciso X - São invioláveis a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; (...) ".
A previsã o normativa para a reparaçã o por danos, inclusive de ordem moral, está também
elencada no artigo 927 do Có digo Civil, como dito, estabelecendo a obrigaçã o em indenizar
a quem causar dano a outrem, mediante ato ilícito. Cumpre ressaltar que o ato ilícito está
disciplinado no artigo 186 do Có digo Civil, in verbis: “Art. 186 - Aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito. ”
Ante o exposto, tem-se como caracterizados os requisitos necessá rios configuradores do
dano moral indenizá vel, quais sejam: o ato ilícito das rés que consiste na negativaçã o
indevida, exigindo pagamento de valores nã o contratados apó s o encerramento dos
estudos na instituiçã o financeira onde consta que nã o existem débitos, os contratempos
advindos de tal situaçã o vexató ria que consiste no dano efetivo; e por fim, o nexo de
causalidade, posto que tais constrangimentos decorreram diretamente da negativaçã o
abusiva e indevida por parte das Requeridas.
Requer-se, pois, sejam as demandadas condenadas solidariamente à indenizaçã o por danos
morais em R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
V - DA CONCEÇÃO DA LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE
O requerente deseja ver cessado o constrangimento junto aos bancos e demais credores
pela negativaçã o indevida e, por conseguinte, necessita a imediata retirada de seu nome do
cadastro de inadimplentes do banco de dados do SERASA e dos protestos cartorá rios,
conforme comprovado. Para a concessã o da liminar pleiteada, os dois requisitos bá sicos
estã o presentes.
Por probabilidade do direito (fumus boni iuris - fumaça do bom direito), entende-se pela
probabilidade da existência do direito, o que resta evidenciado na presente peça vestibular.
Já o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, torna-se inevitá vel a
comparaçã o com o periculum in mora – perigo da demora, podendo ser traduzido como a
probabilidade de diminuição e ou impossibilidade de gozo do direito pretendido com
a demora ocasionada pela marcha processual.
A probabilidade do direito já delineada resta comprovada nas razõ es de direito expostas e
dos suplementos jurisprudenciais colacionados, que demonstram a ilegalidade por parte
das Requeridas em exigir valor indevido, negativando de forma indevida o Requerente nos
ó rgã o de proteçã o ao crédito, sendo que, o mesmo necessita de vias judiciais para ter seu
direito constitucional resguardado.
i) DO FUMUS BONI IURIS - Meritíssimo Juiz, como outrora explanado, inexiste justa causa
para a negativaçã o em comento, pois conforme explanado nestes autos, existe declaraçã o
expressa da Primeira Requerida de que não existe nenhum débito com a mesma, sendo
inclusive juntado tela do portal do aluno onde consta: “Identificamos que você não possui
débitos referentes ao ano de 2019!”. Sendo assim, a negativaçã o do nome do requerente nos
ó rgã os de proteçã o ao crédito (Serasa e protestos comprovados), é indevida, pois não há
débito aberto com as Requeridas e houve cancelamento do contrato estudantil de
forma presencial e formal, tornando o ato das Requeridas abusivos e ilegais, nos
moldes dos artigos 6º, VI do CDC e 186, 187 e 927 do Código Civil.
ii) DO PERICULUM IN MORA - O periculum in mora consiste nos prejuízos advindos da
demora na resoluçã o da questã o, pois o nome do Autor está incluído nos ó rgã os de
proteçã o ao crédito mesmo com declaraçã o expressa com inexistência de débito junto à
contratada, cabendo ressaltar, que estes prejuízos podem ser irrepará veis, visto que o
requerente nã o pode ter o seu nome negativado nos ó rgã os de proteçã o ao crédito de
forma indevida. A delonga aumenta ainda mais o constrangimento que vem sofrendo
em decorrência da injusta cobrança, repercutindo tal fato, em sua vida social,
profissional e familiar. Ademais, sempre que fizer alguma tentativa de crédito, com a
restrição, fica impedido de contrair empréstimos ou realizar financiamentos, sem
falar na dificuldade que assola sua vida empresarial, pois necessita com urgência dos
benefícios bancários e não pode aguardar até o final do processo para a retirada de
seu nome dos órgãos de proteção ao crédito.
A despeito de tudo isso, conforme se verifica nos documentos juntados, nã o existe nenhum
valor a ser pago, visto que o contrato estudantil era cobrido pelo financiamento estudantil
(FIES), ou seja, todos os valores advindos do curso xxx eram pagos pelo banco, nã o há que
se falar, portanto, em débitos oriundos ao curso de xxx, sendo inclusive declarado a
inexistência de débito pela pró pria contratada, Primeira Requerida.
Vejamos nos termos do contrato junto ao banco responsável pelo financiamento
estudantil, que o percentual do financiamento era em 100% (cem por cento) dos
valores e foi efetivado desde o início do curso contratado até o dia do encerramento,
ou seja, de x de x de 2013 até o encerramento em x de x de 2017. Deste modo, resta
comprovado que os valores advindos da contratação do curso de X estavam
devidamente pagos através do financiamento estudantil, vejamos:
Há verossimilhança nos fatos alegados e a “boa-fé” do Requerente que buscou dirimir as
desavenças de forma administrativa indo pessoalmente à instituiçã o financeira para
verificar do que se tratava o débito desconhecido e, a pró pria contratada afirmou que nã o
havia nenhum valor devido relativo ao curso contratado.
Ressalte-se, o art. 300 do CPC, que preconiza o pedido de Tutela Antecipató ria, como segue:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado ú til do processo.
§ 1o Para a concessã o da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir cauçã o real
ou fidejussó ria idô nea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo
a cauçã o ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente nã o puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou apó s justificaçã o prévia.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada nã o será concedida quando houver perigo
de irreversibilidade dos efeitos da decisã o.
Diante de tudo o que acima se expô s, cumpre que seja concedida, inaudita altera parte, em
cará ter de urgência, CONCESSÃ O DE MEDIDA LIMINAR a título de antecipaçã o da tutela,
para determinar que os RÉ US sejam compelidos a imediata retirada do nome do autor
dos órgãos de proteção ao crédito, sob pena de aplicação de multa diária, a ser
arbitrada por Vosso juízo.
VI – DOS PEDIDOS
EX POSITIS, requer a autora que Vossa Excelência adote as cautelas legais de estilo, se digne
em:
1. Conceder-lhe os benefícios da justiça gratuita, assegurados pela Constituiçã o Federal,
artigo 5º, LXXIV e artigo 98 e seguintes do Có digo de Processo Civil de 2015;
2. A concessão liminar da tutela provisória de urgência, para determinar a IMEDIATA
RETIRADA DO NOME DO DOS ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO SPC/SERASA e
PROTESTOS. Por conseguinte, devem os réus serem intimados da referida concessão
para cumpri-la em caráter de urgência, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito)
horas – a contar da intimação, sob pena de aplicação de multa diária, a ser arbitrada
por Vosso juízo.

3. Requer, desde já , a aplicaçã o da inversão do ônus da prova, para que seja juntado aos
autos as gravações das ligações telefônicas das cobranças, o pedido de cancelamento
realizado de forma presencial pelo Requerente, bem como todo acervo referente ao
narrado em que Vossa Excelência achar pertinente, visto serem as detentoras de todo
material probante.
4. Determinar a citaçã o da Requerida, na pessoa do seu representante legal no endereço
anteriormente indicado, a fim de que a mesma, querendo, apresente defesa, no prazo
assinalado em lei.
4. Julgar totalmente procedente o pedido formulado para:
I - DECLARAR A INEXIGIBILIDADE DO DÉBITO à título de “curso de x” (número de
parcela x, contrato x, no valor de R$x), devendo as rés se absterem de efetuar novas
cobranças ou negativar o nome da parte autora por conta do débito mencionado, sob
pena de multa desde já arbitrada no dobro do valor que vier a ser cobrado ou inscrito.
II - Condenar a promovida ao pagamento de indenização por danos morais no valor de
R$ x,00 (x mil reais), observando-se o cará ter pedagó gico-punitivo da indenizaçã o;
5. Condenar as Requeridas ao pagamento das custas e dos honorá rios advocatícios de
sucumbência, em eventual improvimento de recurso por ele interposto, estes ú ltimos, no
valor de 20% do valor da causa, em conformidade com o art. 85 do CPC;
Protesta pela produçã o de todos os meios de prova admitidos em direito, notadamente a
documental, testemunhal e pericial;
Dá -se à causa o valor de R$ x.000,00 (x mil reais).
Nestes termos;
Pede deferimento.
Cidade, dia, mês e ano.
ADVOGADO
OAB/MG X

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