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BETIM/MG.
I - RESUMO DO PROCESSO
Trata-se de ação indenizatória por danos morais e matérias, onde a Requerente após viajar
com a companhia aérea Requerida, com destino Cuiabá/MT à Belo Horizonte/MG, teve sua
bagagem extraviada, conforme se provou pelos documentos anexos no Id. (00)00000-
0000(Relatório Extravio de Bagagem).
Após diversos contatos com a Requerida na tentativa de solucionar o problema e ter seus
pertences devolvidos, em 09/01/2020 a mala fora encontrada e devolvida a Requerente,
entretanto, danificada, conforme se vê pelas fotos anexas no Id.111146790.
Apesar de formalizar a insatisfação pelo ocorrido por contato telefônico e e-mail encaminhado
a Requerida, não houve qualquer ressarcimento, o que ensejou a presente ação.
Diante disto, pugnou pela condenação da Requerida a indenização por danos materiais em
virtude das avarias na mala extraviada, bem como indenizar a Requerente pelos danos morais
sofridos.
Entretanto, apesar das meras alegações, não é o que se extrai da presente ação, ao contrário
do alegado, a Requerente tentou solucionar o conflito amistosamente, o que só não foi
possível pela intransigência da Requerida. Demais disto, destaca-se que o contato com a
Requerida para solução do conflito se deu por telefone e e-mail, conforme narrativa da
exordial, e, sequer fora impugnada pela Requerida, sendo portanto, matéria confessada e
incontroversa.
Por todo o exposto, não existem razões para uma nova tentativa de acordo pela plataforma
indicada, sendo imperativa a atuação da autoridade jurisdicional. Demais disto, totalmente
descabida a preliminar invocada pela Requerida.
Quanto a tal ponto, não merece maiores considerações, haja vista, que o pedido já fora
apreciado por esse Juízo, que na oportunidade, acertadamente não o acatou.
Logo, conclui-se que tais documentos são suficientes para apreciação do pedido de gratuidade
de justiça, benefício que inclusive já fora deferido e deve ser mantido, com fundamento nos
art. 5º, LXXIV da CRFB/88 consorciado com os artigos 98 e 99, § 3º do CPC/2015.
III- RÉPLICA À CONTESTAÇÃO
DO MÉRITO
Cumpre salientar inicialmente, que se aplica o Código de Defesa do Consumidor aos contratos
de prestação de serviços de transporte aéreo. Isto porque a responsabilidade civil das
companhias aéreas em decorrência da má prestação de serviços, após a entrada em vigor da
Lei nº 8.078/90, não é regulada pela Convenção de Varsóvia e suas posteriores modificações
(Convenção de Haia e Convenção de Montreal), ou pelo Código Brasileiro de Aeronáutica,
subordinando-se, portanto, ao Código Consumerista.
Asseverou ainda a Requerida, que a Requerente teve sua bagagem restituída dentro do prazo
legal, segundo sua interpretação a resolução 400 da ANAC. E mais, alega que a Requerente
recebeu sua bagagem e deu plena quitação para mais nada reclamar, não havendo que falar
em a responsabilidade civil.
Ora data Maxíma vênia , não há razão para tal despautério, registre-se que a relação havida
entre as partes é, sem dúvida de natureza consumerista, enquadrando- se as mesmas nos
conceitos de consumidor, (Requerente) e, fornecedor, (Requerida) respectivamente. Ademais,
receber a mala após extraviada e danificada não isenta a Requerida ou atenua sua
responsabilidade de ter que reparar os danos sofridos pela Requerente, face a má prestação
de serviços da Requerida, resultando em prejuízos materiais e morais. Assim, Impugna-se com
veemência.
Desta feita, aplica-se ao caso, as normas consumeristas além das normas de direito civil, sobre
a matéria, inclusive ratificadas pelo STF, vislumbrado no Recurso Especial (RE- nº 636331).
Ademais, sobre a responsabilidade do transportador, as normas gerais de transporte de
pessoas, são explicitadas e estabelecidas também no Código Civil, que dispõe o seguinte:
"Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas
bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da
responsabilidade." Grifei.
Ademais, cabe à Requerida assumir os riscos inerentes à atividade econômica que explora, não
sendo aceitável que repasse obstáculos no desempenho da sua atividade aos consumidores
hipossuficientes.
Vejamos que a falha na prestação dos serviços da Requerida foi consumada, sendo confirmada
pelos documentos anexos no Id. (00)00000-0000(Relatório de extravio de bagagem) e pelas
fotos anexas no Id.((00)00000-0000), assim, fica cristalino a ocorrência do dano moral e dano
material, restando por tanto, totalmente impugnada.
Com efeito, mostram-se críveis as alegações da Requerente, já que comprovou por meio dos
documentos acostados, o defeito na prestação dos serviços, os danos gerados e o nexo de
causalidade. Assim, resta patente o dever de indenizar por parte da empresa Requerida, pelos
danos materiais e morais suportados pela Requerente, diante da incontroversa retenção de
sua bagagem. Configurou-se, desta forma, o ato ilícito (falha na prestação do serviço), que
enseja a reparação dos danos.
O que se infere é que as partes firmaram um contrato com obrigação de resultado. Entretanto,
este contrato não foi cumprido a contento, na medida em que ocorreu o extravio de sua
bagagem, de modo que o resultado esperado pelos passageiros não foi alcançado, tal como
contratado.
A conduta do fornecedor que extravia bagagem, deixando o consumidor sem seus pertences
durante o período da viagem é ilícita, trazendo transtornos e angústia que ultrapassam o mero
dissabor, razão pela qual gera o dever de indenizar a vítima pelo prejuízo moral sofrido.
Além disso, é indiscutível que em função desse extravio de mala, sem seus pertences, o
consumidor vê-se compelido a gastar valores imprevistos para suprir necessidades mínimas de
vestimenta e higiene, além de desperdiçar tempo de lazer para adquirir tais produtos.
DIREITO CIVIL. PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO
MATERIAL E MORAL. CARACTERIZADOS. EXTRAVIO TEMPORÁRIO DE BAGAGEM. VIAGEM
INTERNACIONAL. FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. SENTENÇA MANTIDA.
cujo evento apontado como violador fere direitos personalíssimos, independente de prejuízo
material.
de volta.
Já em relação aos danos materiais - Avarias na mala recuperada, a defesa da companhia aérea
baseia-se em assertivas que em nada se assemelham ao caso dos autos, destacando que a
Requerente ao retirar a mala da esteira deveria ter procurado um colaborador da empresa a
fim de gerar um Relatório de Irregularidade de Bagagem (RIB).
Entretanto, excelência, o caso dos autos trata-se de extravio provisório de bagagem, sendo
que a Requerente quando do desembarque constatou que sua bagagem não se encontrava na
esteira para retirada, tendo a mala lhe sido devolvida dias depois em sua casa, e somente
nesse momento constatou as avarias nesta.
Tão logo percebera, fez contato com a Requerida comunicando os fatos, porém, sem solução.
Demais disto, as fotos anexas demonstram claramente a existência do dano material, que deve
ser indenizado.
Como é cediço, o dever de reparação da Requerida decorre da própria lei. Pela pertinência,
vale reiterar a transcrição do artigo 734 do Código Civil : "o transportador responde pelos
danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, sendo nula qualquer cláusula
excludente da responsabilidade".
Cabe esclarecer que a falha na prestação de serviços cometida pela Requerida ocorreu em um
voo doméstico, motivo pelo qual não há que se cogitar a aplicação da Convenção de Varsóvia e
seus limites reparatórios.
Pois bem, a lei processual prescreve que o ônus da prova incumbe ao Autor quanto ao fato
constitutivo de seu direito, sob pena de não satisfação de sua pretensão.
Neste sentido:
Feitas tais considerações, e reportando-se à análise dos autos, denota- se que o vínculo
jurídico estabelecido entre os litigantes revela relação de consumo. A Requerente, por sua vez,
preenche os requisitos legais suficientes para autorizar a inversão do ônus da prova, diante de
sua hipossuficiência técnica e financeira em relação à empresa aérea.
IV- CONCLUSÃO
Isto posto, tem-se por impugnada a Contestação apresentada em todos os seus termos,
requerendo, desde já, seja afastada a questão preliminar suscitada e, no mérito, ratificando os
argumentos explanados na inicial, pugnando pela total procedência da ação nos termos dos
pedidos da exordial.
Nome Nome